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Universidade de São PauloFaculdade de Filosofia, Letras e Ciências HumanasDepartamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa
Comparatismo hoje: As literaturas e Culturas de Língua Portuguesa
XVI Encontro de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa
Caderno de Resumos
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOReitor: Prof. Dr. Marco Antonio ZagoVice-Reitor: Prof. Dr. Vahan Agopyan
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANASDiretor: Prof. Dr. Sérgio França Adorno de Abreu
Vice-Diretor: Prof. Dr. João Roberto Gomes de Faria
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULASChefe: Profa. Dra. Marli Quadros Leite
Vice-Chefe: Prof. Dr. Paulo Martins
PROGRAMA DE ESTUDOS COMPARADOS DE LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Coordenadora: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e SilvaVice-Coordenador: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
CENTRO DE ESTUDOS DAS LITERATURAS E CULTURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Diretora: Profa. Dra. Fabiana Buitor CarelliVice-Diretora: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
Equipe técnicaGiovanna Usai
Marinês Mendes
COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTOProfa. Dra. Aparecida de Fátima BuenoProf. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos
Prof. Dr. Paulo Motta OliveiraEdson Salviano Nery (Representante Discente)
Organização das mesasJosé Carvalho Vanzelli
Penélope Eiko Aragaki Salles
Diagramação e revisãoEdimara Lisboa
Edson Salviano NeryGiuliano Lellis Ito Santos
Marinês Mendes
Agosto 2016
Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 – 05508-900 Cidade Universitária, São Paulo-SP / Brasil
O Encontro de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa é o mais importante evento da área, e já se encontra na sua décima sexta edição. Este ano, optamos por centrar a atenção nas variadas atividades desenvolvidas pelos pesquisadores e discentes vinculados ao programa, sem esquecer que elas são fruto de um trabalho que se iniciou em 1994. Nas mesas plenárias teremos ainda a participação de colegas da Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT), entidade com que mantemos uma parceria interinstitucional e de apoio desde 1999.
De 23 a 25 de agosto, buscaremos apresentar os projetos, grupos de estudos, núcleos de pesquisa, publicações e outras atividades do programa. As sessões de comunicações, em que mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos apresentam seus trabalhos, complementarão o evento, que certamente permitirá que conheçamos melhor o trabalho desenvolvido, e possamos ter uma ideia mais global de uma atividade intensa e plural.
Comissão OrganizadoraXVI EECLLP
Apresentação
Sumário
Programação.......................................................................................................................................................................................13
Sessões de comunicação.......................................................................................................................................................15
Resumos dos docentes da UNEMAT..........................................................................................................................23
Resumos do corpo discente...............................................................................................................................................27
Ordo Amoris – (des)caminhos pelos labirintos de ErosAdriane Figueira Batista (Mestrado/USP)............................................................................................................27
O Brasil menor de idade – infância e adolescência em Graciliano Ramos e João AntônioAdriano Guilherme de Almeida (Doutorado/USP).......................................................................................27
O Atlas de Gonçalo M. Tavares entre Deleuze e Simondon: ConsideraçõesAlessandro Carvalho Sales (Pós-Doutorado/USP; Docente/UNIRIO).........................................28
“Pã”-Américas de Áfricas utópicas: Ossanha, Curupira e o canto rapper do Afro-SampaAline Aparecida dos Santos (Mestrado/USP)..................................................................................................28
Intertextos literários e históricos nas obras de Ruy Duarte de CarvalhoAndrea Cristina Muraro (Pós-Doutorado/USP; Docente/UNILAB-CE).....................................29
João Vêncio: seus amores – Como um sexopata diz “eu te amo”Andrea Maria Carvalho Moraes (Mestrado/USP)...........................................................................................29
O romantismo presente na peça Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco GuarnieriAnna Carolina Botelho Takeda (Doutorado/USP)........................................................................................30
Romances contemporâneos – Uma leitura histórica: Bricolagens narrativas em Leite derramado e Terra SonâmbulaAri Silva Mascarenhas de Campos (Doutorado/USP)................................................................................31
“Para que o romance não morra”: como ler quando não há literatura?Arnaldo Delgado Sobrinho (Doutorado/USP)...................................................................................................31
Representações do escravo em narrativas de Joaquim Manuel de Macedo e Eduardo TavaresBárbara Fernandes Ferreira (Mestrado/USP).....................................................................................................32
Percursos da literatura marginal-periférica e a emergência da questão de gêneroBianca Mafra Gonçalves (Iniciação Científica/USP)....................................................................................32
Entre memórias: a lembrança como ponte (im)possívelBruna Del Valle de Nóbrega (Mestrado/USP)....................................................................................................33
Imagens do trauma em Joaquim Pedro de AndradeCarla Moreira Kinzo (Doutorado/USP)....................................................................................................................33
Questões de classe e tradição em A emparedada da Rua Nova, de Carneiro VilelaCarolina Silva Mercês (Mestrado/USP)....................................................................................................................34
Três personagens (uma santa e dois indianos) nos entre-lugares de O outro pé da sereia, de Mia CoutoClaudia Esperanza Durán Triana (Doutorado/USP)......................................................................................34
Literaturas africanas e afro-brasileiras nas UniversidadesClaudia Rocha da Silva (Doutorado/USP)...........................................................................................................35
Belas, Recatadas e do Lar: as insubordinadas mulheres da Via Crucis do Corpo, de Clarice LispectorClaudiana Gois dos Santos (Mestrado/USP)....................................................................................................35
Mudança de palco na literatura de Lygia Bojunga: recursos teatrais & problemas sociais (in)visíveisCristiane Figueiredo Florêncio (Mestrado/USP)...........................................................................................36
Caminhos do insólito em Boaventura CardosoCristiane Santana Silva (Doutorado/USP)............................................................................................................36
Protagonistas e coadjuvantes: a amizade (quase) perfeita em “O Senhor dos Anéis”Cristina Casagrande de Figueiredo Semmelmann (Mestrado/USP)...........................................37
As mulheres nos textos de imprensa de Eça de QueirósDaiane Cristina Pereira (Doutorado/USP).............................................................................................................37
Grimm, Dahl e Majidí: A representação da cumplicidade na infânciaDayse Oliveira Barbosa (Mestrado/USP)..............................................................................................................38
Lei 11.645/08: literaturas e ensinoDenise Cenci (Mestrado/USP)........................................................................................................................................38
Literaturas de Goa e Macau em língua portuguesa: tal coisa existe?Duarte Nuno Drumond Braga (Pós-Doutorado/USP)...............................................................................39
Literatura para crianças e jovens: papéis sociais e novas expressõesEcila Lira de Lima Mabelini (Doutorado/USP)...................................................................................................39
Lúcio Cardoso e Manoel de Oliveira: artistas da dissidênciaEdimara Lisboa (Doutorado/USP)..............................................................................................................................40
A construção poética do imaginário infantil em Cora Coralina e Manoel de Barros: percepções culturais, identitárias e educacionais nas obras O prato azul-pombinho e Menino do matoEdison de Abreu Rodrigues (Doutorado/USP)..............................................................................................40
As manifestações do Silêncio no Imaginário ContemporâneoEdna Alencar da Silva Rivera (Doutorado/USP)..............................................................................................41
Pedro Casaldáliga e Agostinho Neto: na poesia contra o poder, os versos que ferem e fazem florescerEdson Flávio Santos (Doutorado/UNEMAT)....................................................................................................42
O enigma dos detetives: perfis masculinos da narrativa detetivescaEdson Salviano Nery Pereira (Mestrado/USP)..................................................................................................42
O modelo do provérbio e “a causa africana” em João AlbasiniElídio Miguel Fernando Nhamona (Doutorado/USP)..................................................................................43
Do texto à imagem – caminhos da obra de João Guimarães Rosa pelo sertãoElizabeth Ziani (Doutorado/USP)................................................................................................................................43
João Paulo Borges Coelho: literatura do incômodoEmiliano Augusto Moreira de Lima (Doutorado/USP).............................................................................44
A ascensão social como objeto de disputa em “Amigos”, de Luiz RuffatoEmily Cristina dos Ouros (Mestrado/USP).........................................................................................................44
Angola e Brasil – encontros na música popular urbanaEstefânia Francis Lopes (Mestrado/USP)............................................................................................................44
Um “passeio” pelo imaginário de AndersenEuclides Lins de Oliveira Neto (Doutorado/USP).......................................................................................45
Espaço e isolamento em Mãe, materno marEverton Fernando Micheletti (Doutorado/USP)............................................................................................45
Temporalidade e Finitude: o Lobo na ficção de João Guimarães Rosa e José Roberto ToreroFabiana Corrêa Prando (Mestrado/USP)...............................................................................................................46
Infância e Literatura: (re)visitando algumas formas de representaçãoFabio Eduardo Muraca (Mestrado/USP)................................................................................................................47
Notas comparativas sobre a formação: América Latina e África PortuguesaFábio Salem Daie (Doutorado/USP)..........................................................................................................................47
O romance negro de autoria feminina no Brasil: notas sobre Um defeito de corFernanda Rodrigues de Miranda (Doutorado/USP).....................................................................................48
Apresentação de autores afro-brasileiros e de africanos por meio de livros didáticosFlavia Cristina Bandeca Biazetto (Doutorado/USP)...................................................................................48
Arte, Cores e Transformações: 7 Cartas e 2 Sonhos de Tomie Ohtake e Lygia Bojunga até o Meu Amigo PintorFlávia Maria Reis de Macedo (Mestrado/USP).................................................................................................49
A construção da identidade portuguesaFlávia Roveri (Iniciação Científica/USP)................................................................................................................49
O Egito sob domínio europeu: um olhar queirosianoGiuliano Lellis Ito Santos (Pós-Doutorado/USP)..........................................................................................50
Mulheres (negras) escritoras: histórias que se cruzamIaná Souza Pereira (Doutorado/USP)........................................................................................................................51
Teoria política e representação literáriaJacqueline Kaczorowski (Mestrado/USP)............................................................................................................51
Entre o visível e o invisível: a narrativa fantástica e a formação do leitor literário contemporâneoJoana Marques Ribeiro (Doutorado/USP).............................................................................................................51
Narrativa da espera no romance angolano contemporâneo, a propósito da escrita ao serviço da nação: uma leitura necessáriaJoaquim João Martinho (Mestrado/USP)...............................................................................................................52
O Romantismo goês: a obra do contista Júlio GonçalvesJosé Antonio Pires de Oliveira Filho (Doutorado/USP)...........................................................................53
As dimensões do orientalismo anterianoJosé Carvalho Vanzelli (Doutorado/USP).............................................................................................................53
O processo de construção identitária em uma abordagem materialista histórica da obra Hibisco roxo de Chimamanda Ngozi AdichieJuliana Sant´Ana Campos (Doutorado/USP)......................................................................................................54
Rui Knopfli: uma leitura de A Ilha de PrósperoKelly Mendes Lima (Doutorado/USP).....................................................................................................................55
Relações literárias entre Brasil e Goa no século XIX: o caso de Francisco João da CostaKouassi Loukou Maurice (Doutorado/USP)......................................................................................................55
Experiências Históricas e Literatura em Moçambique: Suleiman Cassamo e Ungulani Ba Ka KhosaLaiz Colosovski Lopes (Mestrado/USP)..............................................................................................................55
Narrativas de esgotamento nas escritas africanas de autoria femininaLarissa da Silva Lisboa Souza (Doutorado/USP)..........................................................................................56
Moçambique em perspectiva através de As Visitas do Dr. Valdez e As Duas Sombras do Rio, de João Paulo Borges CoelhoLaurinda Aparecida Maiorquim Gomes da Silva (Mestrado/USP)..................................................57
As vozes narrativas em antes de nascer o mundo: o diálogo entre Moçambique e PortugalLéia da Silva Gomes Torres (Doutorado/UNEMAT).......................................................................................57
Recriações históricas em Herculano e Scott: A figura heroica do monarcaLeonardo de Atayde Pereira (Doutorado/USP).............................................................................................58
Cecília Meireles de Ou isto ou aquilo e Liev Tolstói de Contos da Nova Cartilha: aproximações em literatura e educaçãoLívia Galeote (Mestrado/USP)........................................................................................................................................59
Representações do negro: a poética de José Craveirinha em diálogo com o lusotropicalismoLuana Soares de Souza (Doutorado/UNEMAT)..................................................................................................59
As masculinidades nas instituições em PrincesaLuciana Miranda Marchini Ulgheri (Doutorado/USP).................................................................................60
Masculinidade de Jaime BundaLuiz Carlos Loureiro de Lima Junior (Mestrado/USP)...............................................................................60
Literatura colonial, trabalho e dominação: considerações sobre Brancos e Negros, de Guilhermina Azeredo (1956)Luiz Fernando de França (Doutorado/USP; Docente/UFO-PA)...................................................60
A solidão do Astronauta: a representação cultural nas HQsMárcia de Souza Ravaglio (Mestrado/USP)........................................................................................................61
A desconstrução da propaganda salazarista em O ano da morte de Ricardo Reis Márcio Aurélio Recchia (Mestrado/USP)...............................................................................................................62
Autonomia literária: um caminho que desvenda a cultura brasileiraMaria da Conceição José de Sousa (Mestrado/UNEMAT)..........................................................................62
Vinil verde e Os lobos dentro das paredes: o medo e as ausências entre telas e páginasMaria de Lourdes Guimarães (Doutorado/USP).............................................................................................63
A narrativa das secas- uma comparação entre os romances Vidas Secas, Os Flagelados do Vento Leste e FamintosMaria Luzia Carvalho de Barros Paraense (Doutorado/USP)...............................................................63
No cárcere com José Craveirinha e Frei CanecaMaria Nilda de Carvalho Mota (Doutorado/USP)............................................................................................64
Formação continuada para o ensino das africanidadesMaria Paula de Jesus Correa (Mestrado/USP)...................................................................................................64
O cinema africano de Língua Portuguesa e os critérios de sua historiografiaMarina Oliveira Felix de Mello Chaves (Mestrado/USP)..........................................................................65
O primeiro amor e a cantadeira: a modernidade como estratégia discursiva em Ana Miranda e Mia CoutoMarluci Cristina da Silva Demozzi (Doutorado/UNEMAT)..................................................................65
Graciliano Ramos: os dilemas da consolidação de um capitalismo dependenteMiguel Makoto Cavalcanti Yoshida (Doutorado/USP)............................................................................66
Representação e representatividade: o lugar da literatura na equação do racismoNara Lasevicius Carreira (Mestrado/USP)............................................................................................................67
A feição social do narrador em Predadores, de PepetelaOsvaldo Sebastião da Silva (Doutorado/USP)...............................................................................................67
O deslocamento e a orfandade nas obras Livro, de José Luis Peixoto, Os Malaquias, de Andrea Del Fuego e Central do Brasil, de Walter SallesPaula Fábrio (Doutorado/USP).......................................................................................................................................68
Um estudo sobre a violência contra a mulher a partir da ótica do agressor em o remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãePenélope Eiko Aragaki Salles (Mestrado/USP)................................................................................................68
A poesia cabo-verdiana: Corsino Fortes, Arménio Vieira e Filinto ElísioRaquel Aparecida Dal Cortivo (Doutorado/USP)..........................................................................................69
Amargos e proibidos frutos – o despontar de um empoderamento na poesia de Paula TavaresRegina Margaret Pereira (Doutorado/USP).........................................................................................................69
Sociedade e política no teatro de Ariano Suassuna: Auto da compadecida, Farsa da boa preguiça, O santo e a porca e A pena e a leiReila Márcia Borges Rodrigues (Mestrado/UNEMAT)...............................................................................70
A Força da Ilustração em Minsk, conto de Graciliano Ramos Transformado em Livro para CriançaRicardo de Medeiros Ramos Filho (Doutorado/USP)................................................................................71
Poesia em Moçambique: negação determinada do presente?Rodrigo de Oliveira Antonio (Mestrado/USP).................................................................................................71
Literatura Infantil e Educação no início do Século XXRogério Bernardo da Silva (Doutorado/USP)...................................................................................................72
Contradições sob a perspectiva de Nós, os do Makulusu, de Luandino VieiraRosana Baú Rabello (Doutorado/USP).....................................................................................................................72
A poesia de mulheres em tempo de libertação nacionalRoseleine Vitor Bonini(Mestrado/USP)...................................................................................................................73
Outros sais na beira mar de Filinto Elísio: um labiríntico mosaico de ficção poéticaRute Maria Chaves Pires (Doutorado/USP; Docente/UEMA).............................................................73
Entre a espera e a jornada: As representações do feminino na literaturainfantil brasileira como metáfora socialSamira dos Santos Ramos (Mestrado/USP).......................................................................................................73
O retrato do colonialismo português em Ninguém matou SuhuraSilvaneide da Silva Costa (Mestrado/USP).........................................................................................................74
Na fronteira das crises: narrativas e representações do homem cabo-verdianoSinei Ferreira Sales (Doutorado/USP).....................................................................................................................75
Chinua Achebe e Castro Soromenho: compromisso político e consciência histórica em perspectivas literáriasStela Saes (Mestrado/USP)...............................................................................................................................................75
A rede literária de Timor-LesteSuillan Miguez Gonzalez (Doutorado/USP)........................................................................................................76
Literatura, Narrativas (jornalísticas) e MedicinaSuzie Marra (Doutorado/USP).........................................................................................................................................77
Um olhar sobre Maria Luísa, de Lúcia Miguel Pereira Tatiane Reghini Mattos (Doutorado/USP)..........................................................................................................77
Do Estado Totalitário à Literatura: Sociedade e Política em Fazenda Modelo, de Chico Buarque e Animal Farm, de George Orwell Thainá Aparecida Ramos de Oliveira (Doutorado/UNEMAT)...........................................................77
Desabrigo-Mundo: Narrativa no Século XXITiago da Cunha Fernandes (Doutorado/USP).................................................................................................78
Apontamentos sobre a crônica moçambicana: Nelson Saúte e Hélder Muteia cronistasUbiratã Souza (Doutorado/USP)..................................................................................................................................78
Facetas: A imagem do Masculino em Maria Velho da Costa, Nelson Rodrigues e Tennessee WilliamsVanessa Rodrigues Thiago (Mestrado/USP)....................................................................................................79
Um Homem e seu Carnaval: notas sobre o motivo do Carnaval na lírica modernista brasileiraVictor Palomo (Doutorado/USP)................................................................................................................................79
O favor em A Mão do Finado e O Filho do Pescador: prefigurações do favor em Portugal e no BrasilYara Vieira de Souza (Mestrado/USP)...................................................................................................................80
13Programação
23/08 Terça-feira
14h00 Abertura: Profa. Dra. Rejane Vecchia (sala 102)
14h30-16h00 Mesa-redonda I (sala 102)Coordenação: Profa. Dra. Fátima Bueno
Revendo a trajetória conjunta USP/UNEMAT Profa. Dra. Elza Miné (USP)Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior (USP)
Acervo de Ricardo Ramos: uma abordagem crítica ao rés-do-chãoProf. Dr. Aroldo José Abreu Pinto (UNEMAT)
Exilados políticos e representações da diáspora portuguesa no Brasil: o caso de Maria ArcherProfa. Dra. Elisabeth Battista (UNEMAT)
16h00-17h45 – Sessões de comunicações
17h45-18h00 – Coffee-break
18h00-19h30 – Apresentação de projetos, grupos e núcleos de pesquisas/Publicações I (sala 102)Coordenação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Maria Paula de Jesus Correa – ECLLP/ Crioula
Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha – Grupo de Pesquisa em Produções Literárias e Culturais para Crianças e Jovens / Literartes
Profa. Dra. Fátima Bueno – O salazarismo e seus estertores: diálogos entre literatura e cinema
Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior – Graciliano Ramos: pontes literárias, socioculturais e com outras artes
Profa. Dra. Damares Barbosa e Prof. Dr. Emerson Inácio – Timor Leste: Literatura, Cultura e Sociedade
24/08 Quarta-feira
14h00-14h45 Mesa-redonda II (sala 102)Coordenação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Política e Comparatismo: Licenciatura e ExtensãoProfa. Dra. Rosangela SarteschiProfa. Dra. Vima Lia Martin
14h45-16h00 – Mesa-redonda III (sala 102)Coordenação: Profa. Dra. Simone Caputo Gomes (USP, Academia Cabo-verdiana de Letras, Cátedra Eugénio Tavares/UNICV)
14Aspectos do trágico nos contos de José de Mesquita Prof. Dr. Dante Gatto (UNEMAT)
História e Mito nos Teatros Português e São-Tomense: Luzes e sombras da ditadura nas peças teatrais Os degraus (Augusto Sobral) e a Berlinização ou Partilha de África (Aíto de Jesus Bonfim)Prof. Dr. Agnaldo Rodrigues da Silva (UNEMAT)
Cabo Verde: 40 anos de pesquisaProfa. Dra. Simone Caputo Gomes (USP)
16h00-17h45 – Sessões de comunicações
17h45-18h00 – Coffee-break
18h00-19h30 – Apresentação de projetos e grupos de pesquisas/Publicações II (sala 102)Coordenação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Giovanna Usai – CELP/Via Atlântica
Prof. Dr. Carlos Eduardo Pompílio (FMUSP) e Profa. Dra. Fabiana Carelli – Grupo de Estudos em Narrativa e Medicina – GENAM
Prof. Dr. Helder Garmes – Pensando Goa: Uma peculiar biblioteca de língua portuguesa (Projeto Temático/FAPESP) e Grupo de Estudos Eça de Queirós: uma leitura cronológica de sua obra
Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos – Núcleo Portátil – Núcleo de Literatura, Teoria e Vídeo
Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira – Em torno do século XIX: Camilo Castelo Branco e outros esquecidos
25/08 quinta-feira
14h00-15h30 – Mesa-redonda IV (sala 102)Coordenação: Profa. Dra. Rita Chaves
Do meu Corpo o canto: o corpo e a sua escritura nas Literaturas Brasileira e PortuguesaProf. Dr. Emerson Inácio (USP)
Romance de retornados: o Império Colonial Português revisitadoProfa. Dra. Tania Macêdo (USP)
Ossos e cinzas: operações constituintes de NgungunhaneProfa. Dra. Vera Maquêa (UNEMAT)
15h30-17h30 – Sessões de comunicações
17h30-17h45 – Coffee-break
17h45-18h15 – Encerramento: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior (sala 102)
18h30-19h30 – Auto da Barca do Inferno, de Gil VicenteMontagem do Grupo Dragão 7, direção de Creuza Borges
15Sessões de comunicação
Terça-feira (23 de agosto)
Mesa 1: Literatura moçambicana 1 (sala 103)Coordenação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
O primeiro amor e a cantadeira: a modernidade como estratégia discursiva em Ana Mirando e Mia CoutoMarluci Cristina da Silva DemozziOrientação: Profa. Dra. Vera Maquêa
Romances contemporâneos – Uma leitura histórica: bricolagens narrativas em Leite Derramado e Terra SonâmbulaAri Silva Mascarenhas de CamposOrientação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
Três personagens (uma santa e dois indianos) nos entre-lugares de O outro pé da sereia, de Mia CoutoClaudia Esperanza Durán TrianaOrientação: Profa. Dra. Nádia Battella Gotlib
As vozes narrativas em Antes de Nascer o Mundo: o diálogo entre Moçambique e PortugalLéia da Silva Gomes TorresOrientação: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
Mesa 2: Literatura moçambicana 2 (sala 104)Coordenação: Profa. Dra. Vera Maquêa
Rui Knopfli: uma leitura de A Ilha de PrósperoKelly Mendes LimaOrientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
O retrato do colonialismo português em Ninguém matou SuhuraSilvaneide da Silva CostaOrientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Apontamentos sobre a crônica moçambicana: Nelson Saúte e Hélder Muteia cronistasUbiratã Roberto Bueno de SouzaOrientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
O modelo do provérbio e “a causa africana” em João AlbasiniElídio Miguel Fernando NhamonaOrientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Mesa 3: Literatura Portuguesa (sala 235)Coordenação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
O Atlas de Gonçalo M. Tavares entre Deleuze e Simondon: ConsideraçõesAlessandro Carvalho SalesSupervisão: Prof. Dr. Mauricio Salles Vasconcelos
A construção da identidade portuguesaFlávia Magalhães RoveriOrientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
A desconstrução da propaganda salazarista em O ano da morte de Ricardo ReisMárcio Aurélio RecchiaOrientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
Mesa 4: Representações de gênero 1 (sala 106)Coordenação: Profa. Dra. Elisabeth Battista
16Facetas: a imagem do masculino em Maria Velho da Costa, Nelson Rodrigues e Tennessee WilliamsVanessa Rodrigues ThiagoOrientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Um estudo sobre a violência contra a mulher a partir da ótica do agressor em o remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãePenélope Eiko Aragaki SallesOrientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
O enigma dos detetives: perfis masculinos da narrativa detetivescaEdson Salviano Nery PereiraOrientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Belas, recatadas e do lar: as insubordinadas mulheres da Via Crucis do Corpo, de Clarice LispectorClaudiana Gois dos SantosOrientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
Mesa 5: Literatura e Imaginário (sala 131)Coordenação: Prof. Dr. Ricardo Iannace
As manifestações do Silêncio no Imaginário ContemporâneoEdna Alencar da Silva RiveraOrientadora: Maria Zilda da Cunha
Infância e Literatura: (re)visitando algumas formas de representaçãoFabio Eduardo MuracaOrientação: Profa. Dra. Maria dos Prazeres Santos Mendes
Um “passeio” pelo imaginário de AndersenEuclides Lins de Oliveira NetoOrientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Mudança de palco na literatura de Lygia Bojunga: recursos teatrais & problemas sociais (in)visíveisCristiane Figueiredo FlorêncioOrientação: Profa. Dra. Maria dos Prazeres Santos Mendes
Mesa 6: Literaturas asiáticas de língua portuguesa: Goa, Macau e Timor-Leste (sala 132)Coordenação: Dr. Duarte Nuno Drumond Braga
Literaturas de Goa e Macau em língua portuguesa: tal coisa existe?Duarte Nuno Drumond BragaSupervisão: Prof. Dr. Hélder Garmes
O Romantismo goês. A obra do contista Júlio Gonçalves.José Antonio Pires de Oliveira FilhoOrientação: Prof. Dr. Hélder Garmes
Relações literárias entre Goa e Brasil no século XIX: o caso de Francisco João da CostaKouassi Loukou MauriceOrientação: Hélder Garmes
A rede literária de Timor-LesteSuillan Miguez GonzalezOrientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
Mesa 7: Literatura em diálogos com outras formas do saber (sala 133)Coordenação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
“Para que o romance não morra”: como ler quando não há literatura?Arnaldo Delgado SobrinhoOrientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
17Desabrigo-Mundo: Narrativa no Século XXITiago da Cunha FernandesOrientação: Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos
Literatura, Narrativa (jornalística) e MedicinaSuzie MarraOrientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Mesa 8: Diálogos com Graciliano Ramos (sala 164)Coordenação: Prof. Dr. Thiago Mio Sala
O Brasil menor de idade – infância e adolescência em Graciliano Ramos e João AntônioAdriano Guilherme de AlmeidaOrientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
A Força da Ilustração em Minsk, conto de Graciliano Ramos Transformado em Livro para CriançaRicardo de Medeiros Ramos FilhoOrientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Narrativas da seca: Uma comparação entre os romances Vidas Secas, Os flagelados do Vento Leste e FamintosMaria Luzia Carvalho de Barros ParaenseOrientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Graciliano Ramos: os dilemas da consolidação de um capitalismo dependenteMiguel Makoto Cavalcanti YoshidaOrientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Quarta-feira (24 de agosto)
Mesa 9: Literatura moçambicana 3 (sala 103)Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo Rodrigues da Silva
Entre memórias: a lembrança como ponte (im)possívelBruna Del Valle de NóbregaOrientação: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
João Paulo Borges Coelho: literatura do incômodoEmiliano Augusto Moreira de LimaOrientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Experiências históricas e literatura em Moçambique: Suleiman Cassamo e Ungulani Ba Ka KhosaLaiz Colosovski LopesOrientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Moçambique em perspectiva através de As Visitas do Dr. Valdez e As Duas Sombras do Rio, de João Paulo Borges CoelhoLaurinda Aparecida Maiorquim Gomes da SilvaOrientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Poesia em Moçambique: negação determinada do presente?Rodrigo de Oliveira AntonioOrientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Mesa 10: Diálogos Brasil e África (104)Coordenação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
“Pã”-Américas de Áfricas utópicas: Ossanha, Curupira e o canto rapper do Afro SampaAline Aparecida dos SantosOrientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
18Angola e Brasil – encontros na música popular urbanaEstefânia de Francis LopesOrientação: Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo
Representações do Negro: a poética de José Craveirinha em diálogo com o lusotropicalismoLuana Soares de SouzaOrientação: Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo
No cárcere com José Craveirinha e Frei CanecaMaria Nilda de Carvalho MotaOrientação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
Mesa 11: Diálogos com outras literaturas africanas (sala 106)Coordenação: Profa. Dra. Avani Souza Silva
O processo de construção identitária em uma abordagem materialista histórica da obra Hibisco Roxo de Chimamanda Ngozi Adichie Juliana Sant´Ana CamposOrientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia Rocha e Silva
Compromisso político e perspectivas literárias: Chinua Achebe e Castro SoromenhoStela SaesOrientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia Rocha e Silva
A poesia cabo-verdiana: Corsino Fortes, Arménio Vieira e Filinto ElísioRaquel Aparecida Dal CortivoOrientação: Profa. Dra. Simone Caputo Gomes
Outros sais na beira mar de Filinto Elísio: um labiríntico mosaico de ficção poéticaRute Maria Chaves PiresOrientação: Profa. Dra. Simone Caputo Gomes
Mesa 12: Literatura Angolana 1 (sala 131)Coordenação: Profa. Dra. Débora Leite David
Intertextos literários e históricos nas obras de Ruy Duarte de CarvalhoAndrea Cristina MuraroSupervisão: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
Amargos e proibidos frutos – o despontar de um empoderamento na poesia de Paula TavaresRegina Margaret PereiraOrientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Pedro Casaldáliga e Agostinho Neto: na poesia contra o poder, os versos que ferem e fazem florescerEdson Flávio SantosOrientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Teoria política e representação literáriaJacqueline KaczorowskiOrientação: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
Mesa 13: Literatura Oitocentista 1 (sala 132)Coordenação: Prof. Dr. Hélder Garmes
Representações do escravo em narrativas de Joaquim Manuel de Macedo e Eduardo TavaresBárbara Fernandes FerreiraOrientação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Questões de classe, forma e tradição em A emparedada da Rua Nova, de Carneiro VilelaCarolina Silva MercêsOrientação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
19Representação e representatividade: o lugar da literatura na equação do racismoNara Lasevicius CarreiraOrientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
A Mão do Finado e O Filho do Pescador: prefigurações do favor em Portugal e no BrasilYara Fruteiro Vieira de SouzaOrientação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Mesa 14: Literatura africanas de língua portuguesa: diálogos com educação e ensino (sala 133)Coordenação: Profa. Dra. Maria Auxiliadora Fontana Baseio
Literaturas africanas e afro-brasileiras nas universidadesClaudia Rocha da SilvaOrientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Lei 11.645/08: literaturas e ensinoDenise CenciOrientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Apresentação de autores afro-brasileiros e de africanos por meio de livros didáticosFlavia Cristina Bandeca BiazettoOrientação: Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin
Formação continuada para o ensino das africanidadesMaria Paula de Jesus CorreaOrientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Mesa 15: Literatura e cinema 1 (sala 164)Coordenação: Profa. Dra. Sandra Trabucco Valenzuela
Vinil Verde e os lobos dentro das paredes: o medo e as ausências entre telas e páginasMaria de Lourdes GuimarãesOrientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Entre o visível e o invisível: a narrativa fantástica e a formação do leitor literário contemporâneoJoana Marques RibeiroOrientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Grimm, Dahl e Majidí: a representação da cumplicidade na infânciaDayse Oliveira BarbosaOrientação: Prof. Dr. Ricardo Iannace
Os amigos em O Senhor dos Anéis – adaptaçõesCristina Casagrande de Figueiredo SemmelmannOrientação: Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha
Mesa 16: Literatura infanto-juvenil (sala 235)Coordenação: Profa. Dra. Lígia Regina Máximo Cavalari Menna
Literatura para crianças e jovens: papéis sociais e novas expressõesEcila Lira de Lima MabeliniOrientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
Cecília Meireles de Ou isto ou aquilo e Liev Tolstói de Contos da Nova Cartilha: aproximações em literatura e educaçãoLívia GaleoteOrientação: Prof. Dr. Ricardo Iannace
Literatura Infantil e Educação no início do Século XXRogério Bernardo da SilvaOrientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
20Entre a espera e a jornada: As representações do feminino na literatura infantil brasileira como metáfora socialSamira dos Santos RamosOrientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
Quinta-feira (25 de agosto)
Mesa 17: Literatura Angolana 2 (103)Coordenação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
João Vêncio: seus amores – Como um sexopata diz “eu te amo”Andrea Maria Carvalho MoraesOrientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Notas comparativas sobre a “formação”: América Latina e África portuguesaFábio Salem DaieOrientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Narrativa da espera no romance angolano contemporâneoJoaquim João MartinhoOrientação: Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo
Contradições sob a perspectiva de Nós, os do Makulusu, de Luandino VieiraRosana Baú RabelloOrientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Mesa 18: Literatura e cinema 2 (sala 104)Coordenação: Prof. Dr. Alessandro Carvalho Sales
O romantismo presente no filme Eles não usam black-tie, de Leon HirszmanAnna Carolina Botelho TakedaOrientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Imagens do trauma em Joaquim Pedro de AndradeCarla Moreira KinzoOrientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Lúcio Cardoso e Manoel de Oliveira: artistas da dissidênciaEdimara LisboaOrientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
O deslocamento e a orfandade nas obras Livro, de José Luis Peixoto, Os Malaquias, de Andrea Del Fuego e Central do Brasil, de Walter SallesPaula FábrioOrientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
O cinema africano de Língua Portuguesa e os critérios de sua historiografiaMarina Oliveira Felix de Mello ChavesOrientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Mesa 19: Literatura angolana 3 (sala 106)Coordenação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Literatura colonial, trabalho e dominação: considerações sobre Brancos e negros, de Guilhermina de Azeredo (1956)Luiz Fernando de FrançaOrientação: Profa. Dra. Tania Celestino de Macêdo
A feição social do narrador em Predadores, de PepetelaOsvaldo Sebastião da SilvaOrientação: Profa. Dra. Tania Celestino de Macêdo
21Caminhos do insólito em Boaventura CardosoCristiane Santana SilvaOrientação: Profa. Dra. Tania Celestino de Macêdo
Espaço e isolamento em Mãe, Materno MarEverton Fernando MichelettiOrientação: Profa. Dra. Tania Celestino de Macêdo
Mesa 20: Literatura brasileira 1 (sala 131)Coordenação: Prof. Dr. Aroldo José Abreu Pinto
Sociedade e Política no teatro de Ariano Suassuna: Auto da Compadecida, Farsa da Boa Preguiça, O Santo e a Porca e A Pena e a Lei Reila Márcia Borges RodriguesOrientação: Prof. Dr. Agnaldo Rodrigues da Silva
Lúcia Miguel: uma narradora na década de 1930Tatiane Reghini de MattosOrientação: Profa. Dra. Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Um Homem e seu CarnavalVictor Roberto da Cruz PalomoOrientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
Autonomia literária: um caminho que desvenda a cultura brasileiraMaria da Conceição José de SousaOrientação: Prof. Dr. Dante Gatto
Mesa 21: Literatura brasileira 2 (sala 132)Coordenação: Prof. Dr. Dante Gatto
A ascensão social como objeto de disputa em “Amigos”, de Luiz RuffatoEmily Cristina dos OurosOrientação: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi
Temporalidade e finitude: o lobo na ficção de João Guimarães Rosa e José Roberto ToreroFabiana Corrêa PrandoOrientação: Profa. Dra. Fabiana Buitor Carelli
Do Estado Totalitário à Literatura: Sociedade e Política em Fazenda Modelo, de Chico Buarque e Animal Farm, de George OrwellThainá Aparecida Ramos de OliveiraOrientação: Prof. Dr. Agnaldo Rodrigues da Silva
A construção poética do imaginário infantil em Cora Coralina e Manoel de Barros: percepções culturais, identitárias e educacionais nas obras O prato azul-pombinho e Menino do matoEdison de Abreu RodriguesOrientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
Mesa 22: Diálogos entre a literatura e as artes visuais (sala 133)Coordenação: Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos
Do texto à imagem – caminhos da obra de João Guimarães Rosa pelo sertãoElizabeth Maria ZianiOrientação: Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior
Arte, Cores e Transformações: 7 Cartas e 2 Sonhos de Tomie Ohtake e Lygia Bojunga até o Meu Amigo PintorFlavia Maria Reis de MacedoOrientação: Profa. Dra. Maria dos Prazeres dos Santos Mendes
A solidão do Astronauta: a representação cultural nas HQsMarcia de Souza RavaglioOrientação: Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho
22Mesa 23: Literatura Oitocentista 2 (164)Coordenação: Dra. Carla Carvalho Alves
As mulheres nos textos de imprensa de Eça de QueirósDaiane Cristina PereiraOrientação: Prof. Dr. Hélder Garmes
O Egito sob domínio europeu: um olhar queirosianoGiuliano Lellis Ito SantosSupervisão: Prof. Dr. Hélder Garmes
As dimensões do orientalismo anterianoJosé Carvalho VanzelliOrientação: Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno
Recriações históricas em Herculano e Scott: A figura heroica do monarcaLeonardo de Atayde PereiraOrientação: Prof. Dr. Paulo Motta Oliveira
Mesa 24: Representações de gênero 2 (sala 235)Coordenação: Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo
As masculinidades nas instituições em PrincesaLuciana Miranda Marchini UlgheriOrientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Ordo Amoris – (des)caminhos pelos labirintos de ErosAdriane Figueira BatistaOrientação: Prof. Dr. Mauricio Salles de Vasconcelos
Na fronteira das crises: narrativas e representações do homem cabo-verdianoSinei Ferreira SalesOrientação: Profa. Dra. Simone Caputo Gomes
Questão da Masculinidade em Jaime BundaLuiz Carlos Loureiro de Lima JuniorOrientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Mesa 25: Literatura de autoria feminina e africanidades (sala 237)Coordenação: Profa. Dra. Rita de Cássia Natal Chaves
Percursos da Literatura marginal-periférica e a emergência da questão de gêneroBianca Mafra GonçalvesOrientação: Prof. Dr. Emerson da Cruz Inácio
O romance negro de autoria feminina no BrasilFernanda Rodrigues de Miranda Orientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Marcas da atopia: Reverberações niilistas nas escritas de autoria feminina na ÁfricaLarissa da Silva Lisboa SouzaOrientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
A poesia de mulheres em tempo de libertação nacional: Noémia de SouzaRoseleine Vitor BoniniOrientação: Prof. Dr. Mário César Lugarinho
Mulheres (negras) escritoras: histórias que se cruzamIaná Souza PereiraOrientação: Prof. Dr. José Moura Gonçalves Filho/ Profa. Dra. Rejane Vecchia Rocha e Silva
23Resumos dos docentes da UNEMAT
ACERVO DE RICARDO RAMOS: UMA ABORDAGEM CRÍTICA AO RÉS-DO-CHÃO
Aroldo Jose Abreu Pinto (Docente/UNEMAT)
e-mail: aroldoabreu@uol.com.br
O intuito dessas reflexões é, primeiramente, o de esquadrinhar e resgatar para, em seguida, assimilar e, finalmente, traçar um caminho para a compreensão de alguns atos ou representações intelectuais agudas e intuitivas do escritor Ricardo de Madeiros Ramos (1929-1992) sobre a sua produção ficcional, a partir de alguns de seus depoimentos deixados em periódicos na década de 1950, para, no momento oportuno, problematizar essas questões buscando verificar até que ponto o autor determina ou está determinado por essas concepções. Palavras-chave: Acervo, Ricardo Ramos, Periódicos
ASPECTOS DO TRÁGICO NOS CONTOS DE JOSÉ DE MESQUITA
Dante Gatto (Docente/UNEMAT)e-mail: gattod@gmail.com
Refletir-se-á concisamente a condição trágica do homem por meio das evidências míticas do princípio, em um mundo homogêneo, e como se conquistou a solidão da individualidade pela produtividade do espírito. Tendo em vista que a religião é sintoma do trágico, pensou-se a transformação operada na religiosidade do mundo arcaico ao domínio cristão, bem como a necessidade do surgimento das demais instituições. A questão crucial que permeou as reflexões foi o avanço da racionalidade até ao racionalismo em detrimento, como se defendeu, a nossa natureza irracional. Por fim, refletiu-se o retorno do trágico na pós-modernidade, conforme vicejava no mundo arcaico, por meio de um enfoque na sabedoria trágica, tal como se identificou na filosofia nietzschiana. Os contos de José de Mesquita (1892-1961) exibem em grande medida o choque trágico, enfocando, principalmente, a irracionalidade do amor em detrimento aos paradigmas da racionalidade burguesa, as limitações ao ser nas perspectivas da modernidade enquanto esta prioriza a produtividade como meta de futuro e os apelos da natureza em confronto aos condicionamentos da cultura.Palavras-chave: Trágico, Racionalismo, Cultura, Amor
24 HISTÓRIA E MITO NOS TEATROS PORTUGUÊS E
SÃO-TOMENSE: LUZES E SOMBRAS DA DITADURA NAS PEÇAS TEATRAIS OS DEGRAUS (AUGUSTO SOBRAL) E A BERLINIZAÇÃO
OU PARTILHA DE ÁFRICA (AÍTO DE JESUS BONFIM)
Agnaldo Rodrigues da Silva (Docente/UNEMAT)e-mail: agnaldosilva2001@uol.com.br
Mito e história articulam-se no texto literário e artístico, no intuito de aprofundar a discussão sobre sociedade e política em épocas de crises sociais, culturais e existenciais. O mito é uma profunda e inesgotável fonte de conhecimento civilizatório, cujos mecanismos internos desenvolvem as relações intrincáveis entre o real e o imaginário, o material e o metafísico. Nessa direção, a construção mítica tem a função de ligar o homem ao cosmo, funcionando como enredo imaginativo no registro histórico de uma comunidade. Em Portugal, Augusto Sobral produziu Os degraus, reinterpretando o mito de Prometeu, em um período em que o país sofria a intensa opressão do governo vigente. O Prometeu construído pelo dramaturgo é uma personagem representativa dos desejos do povo, um misto de ansiedade, esperança e repulsa contra um sistema opressor e seletivo. No teatro são-tomense, encontra-se A Berlinização ou Partilha de África, de Aíto de Jesus Bonfim, texto inserido no contexto de pós-independência dos países africanos de língua oficial portuguesa. Nessa produção, o teatrólogo volta-se aos temas ligados à colonização, demonstrando suas consequências e a necessidade da busca pela identidade nacional e valorização da tradição. O texto ficcionaliza a Conferência de Berlim, bem como os impactos que as decisões tomadas causaram no continente africano, mediante a reunião de potências mundiais, cujo resultado determinou a nova partilha geográfica de África. A invasão estrangeira e o despovoamento do continente foi simbolizada pelo mito de Tarzan, sobre o qual concluiu-se que nenhum europeu poderia produzir ações benéficas à África, em um contexto de colonização. Nas perspectivas acima descritas, pode-se afirmar que Os degraus e A Berlinização são peças teatrais que articulam mito e história na construção de um discurso político que visa combater os abusos de poder, o Capitalismo e, fundamentalmente, o sistema opressor, instituído para calar as vozes sociais.Palavras-chave: Teatro Português e São-Tomense, Augusto Sobral e Aíto Bonfim, Os degraus e A Berlinização ou Partilha de África
25EXILADOS POLÍTICOS E REPRESENTAÇÕES DA DIÁSPORA
PORTUGUESA NO BRASIL: O CASO DE MARIA ARCHER
Elisabeth Battista (Docente/UNEMAT)e-mail: lisbatys@gmail.com
Depois de se sentirem no centro dos acontecimentos em Portugal, em uma conjuntura de repressão maiúscula à liberdade de expressão do pensamento, o exílio foi, para as gerações de 1950 a 1970, a ruptura com uma realidade e o desenraizamento do universo de referências que dera sentido à resistência ao regime vigente em Portugal. O Centro Republicano Português, fundado em 18 de abril de 1908, localizado na altura à Rua Conselheiro Furtado, 191, em São Paulo, era o espaço aberto aos debates do movimento de resistência à ditadura salazarista, muito frequentado, de acordo o jornal Semana Portuguesa, por intelectuais brasileiros e principalmente portugueses como: Casaes Monteiro, Jorge de Sena, Barradas de Carvalho, Victor Ramos, Rui Luis Gomes; os artistas Fernando Lemos, Fernando Silva, Sidónio Muralha; os escritores João Maria Sarmento Pimentel, Maria Archer; os jornalistas Paulo de Castro, João Apolinário, Armindo Blanco, João Alves da Neves e Urbano Rodrigues; os engenheiros João dos Santos Baleizão, Carlos Cruz e Rica Gonçalves. Um dos frutos das discussões será a criação do periódico Portugal Democrático pela ala mais atuante da representação diaspórica. Nome marcante na vida e cultura portuguesas, a escritora e jornalista Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira – Maria Archer (1899-1982), é natural de Portugal e, na época em que viveu, por sua atuação instigante, foi colocada à margem e considerada uma intelectual incómoda. Esta comunicação tem a intenção de recuperar a intensa contribuição do núcleo de intelectuais portugueses exilados no Brasil, nos anos 50 do século passado, por meio do percurso de uma das suas mais atuantes intelectuais: a autora Maria Archer.Palavras-chave: Estudos comparados, Exílio de portugueses, Representação da diáspora, Maria Archer
OSSOS E CINZAS: OPERAÇÕES CONSTITUINTES DE NGUNGUNHANE
Vera Maquêa (Docente/UNEMAT) e-mail: maqueav@unemat.br
Neste trabalho apresentamos uma reflexão sobre migrações de memória no tecido de narrativas literárias que retomam a figura de Ngungunhane como leitmotiv de suas elaborações estéticas e políticas, tendo como referência e foco obras da literatura moçambicana. Último chefe das terras de Gaza, ao sul do continente africano, Ngungunhane tem sido revisitado por vários escritores
26recentemente que abordam a história atual de Moçambique e sua articulação com o passado da região. O interesse literário do tema repousa, a nosso ver, sobre dois fundamentais pilares das relações entre ficção, história e memória na produção literária moçambicana: o primeiro diz respeito ao papel da literatura na construção da ideia de nação e o segundo delimita um campo político em que o presente é problematizado por meio de uma investidura crítica nos gestos do passado. Assim, buscamos aproximar personagens e narradores, investigando suas consistências e formações ideológicas que traçam o desenho de uma visão humanista nova, buscando apreender também o tratamento de tais valores, investigamos os diálogos que se construíram no campo literário e as formulações narrativas que se elaboraram no interior de experiências históricas marcadas pelo sonho revolucionário, pela resistência, pela luta e pela construção de novas realidades. Nesse movimento, formas e temas migram, irrompem por fronteiras que se deslocam, em que tanto narradores e personagens, quanto figuras da história se confluem na arena da narrativa.Palavras-chave: Literatura moçambicana, Ngungunhane, Narrativa e Política
27
Ordo Amoris – (des)caminhos pelos labirintos de Eros
Adriane Figueira Batista (Mestrado/USP)e-mail: adrianefigueira@usp.br
Orientador: Mauricio Salles de Vasconcelos
Resumo: O debate mais urgente que cerca o universo contemporâneo e nos conduz a uma reconfiguração ampla é atravessado por uma erotização pulsante dentro dos domínios sociais, sexuais, políticos e de criação artística. A cultura dos afetos ocupa hoje um lugar privilegiado: o lugar de pertença. Ecos que reverberam na alma coletiva do mundo hibridizado e rasgam caminhos em busca de novas vozes e tonalidades. Renato Russo e Caio Fernando Abreu deixaram por meio de suas produções poéticas rastros que nos permitem potencializar as forças de um Eros rebelde e questionador que nos expõe constantemente ao conflito com uma parte de nós que não nos pertence, com o saltar e romper das fronteiras que nos mantém inertes. Este trabalho busca a contribuição destes dois grandes nomes da cultura contemporânea brasileira, fazendo um brevíssimo recorte através de uma cartografia, inventários que possam iluminar as tortuosas e férteis rotas desses labirintos poéticos. Enriquecendo o campo teórico e de atuação, evoco os debates acalorados e potentes propostos pela sociologia de Michel Maffesoli e as comunhões emocionais e o pensamento filosófico de Gilles Deleuze e Félix Guattari e seus platôs que nos conduzem para o muito além das aparências e do lugar-comum.Palavras-chave: Erotização, Cultura dos afetos, Renato Russo, Caio Fernando Abreu
O Brasil menor de idade – infância e adolescência em Graciliano Ramos e João Antônio
Adriano Guilherme de Almeida (Doutorado/USP)e-mail: adrianodealmeida1975@gmail.com
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: Neste trabalho, buscamos apontar algumas aproximações entre as produções e os projetos literários de Graciliano Ramos e João Antônio, com destaque para a abordagem que esses autores fizeram da infância e a da adolescência nos textos “Minsk” e “Mariazinha Tiro a Esmo”.Palavras-chave: Graciliano Ramos, João Antônio, Infância na literatura, Literatura e história social da infância
Resumos do corpo discente
28O Atlas de Gonçalo M. Tavares entre Deleuze e Simondon:
Considerações
Alessandro Carvalho Sales (Pós-Doutorado/USP; Docente/UNIRIO)e-mail: alessandro_sales@uol.com.br
Supervisor: Mauricio Salles de Vasconcelos
Resumo: O presente trabalho apresenta considerações acerca do livro Atlas do Corpo e da Imaginação, do escritor português Gonçalo M. Tavares. É uma obra singular, compósito transdisciplinar de múltiplas faces, que tece conexões inesperadas entre inúmeras áreas e autores, mas que podemos situar sobretudo na fronteira que se estabelece entre a literatura e a filosofia. Os trabalhos de Deleuze e de Simondon são valorizados uma vez que a potência conceitual neles presente parece rica para bem circunscrever e compor com as variadas problemáticas estampadas no livro, especialmente estabelecidas no nível das novas formas de conhecimento e de pensamento na atualidade, seja por exemplo através da criação conceitual capaz de valorizar dimensões múltiplas do corpo e do sensível, seja através da valorização de modos de escrita renovados e ampliados capazes de potencializar a imaginação como visão e relação entre diferenças.Palavras-chave: Gonçalo M. Tavares, Deleuze, Simondon
“Pã”-Américas de Áfricas utópicas: Ossanha, Curupira e o canto rapper do Afro-Sampa
Aline Aparecida dos Santos (Mestrado/USP)e-mail: aline.aparecida.santos@usp.br
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: O Canto de Ossanha é a primeira canção do álbum Os Afro-Sambas, produzido em 1966, por Vinicius de Moraes e Baden Powell. Nele temos o orixá Ossanha, que segundo Prandi (2015, p. 153) é o “senhor das folhas, da ciência e das ervas, que conhece o segredo da cura e o mistério da vida”, como protagonista; ele é indispensável no início das cerimônias e é sinônimo de traição e engano. Nota-se uma aproximação curiosa entre esse orixá e o amor, numa dialética nos âmbitos do controle, do livre-arbítrio, da dicção que não condiz com as atitudes, da coita amorosa, da relação entre ser e parecer. Essa dualidade da letra a torna metalinguagem do álbum e nos permite, por extensão, pensar na ideia de instâncias de “Áfricas utópicas” desenvolvidas nos afro-sambas. Vinicius refere-se aos temas negros de candomblé desenvolvidos por seu parceiro Baden, o elogia, denominando-o de “duende da floresta afro-brasileira de sons” e fica evidente que na produção se recorre “em última instância para a África” (com toda a abrangência e imprecisão que essa uniformização abarca). Isso nos
29permite pensar os afro-sambas dentro do folclore brasileiro e fazer as respectivas correspondências entre Ossanha, Curupira e Pã, numa densa trama de trocas lusófonas, semelhanças e idiossincrasias. Tem-se, todavia, a tensa constatação de que se folcloriza e isso, segundo Cuti (2010, p. 90), “retira o conteúdo vivencial que, por seu conteúdo humano, traz conflitos”. No entanto, observa-se, desde 2007 (no programa Som Brasil) e em 2013, com a apresentação do show Afro Sampa, a ressignificação das letras de afro-sambas, que são intertextualizadas pelo viés contestador dos rappers, como Rael da Rima, Terra Preta e Criolo.Palavras-chave: Afro-Sambas, Afro Sampa, África
Intertextos literários e históricos nas obras de Ruy Duarte de Carvalho
Andrea Cristina Muraro (Pós-Doutorado/USP; Docente/UNILAB-CE)e-mail: a.c.muraro@gmail.com
Supervisora: Rita de Cássia Natal Chaves
Resumo: Esta comunicação propõe uma breve análise de alguns intertextos (de M. Twain, R. Burton, B. Cendrars, P. Theroux, B. Chatwin e H. Melville) presentes na composição do romance A terceira metade (2009), do angolano Ruy Duarte de Carvalho, parte da trilogia Os filhos de Próspero. Interessa relacionar tais inserções, em convergência com eventos históricos situados na zona austral africana, sul-americana e norte-americana. A questão que se coloca é pensar que tais convergências não figuram apenas como um roteiro de viagem transcrito dos cadernos do autor, mas que os intertextos literários e históricos, e muitas vezes também antropológicos, são ali reelaborados tanto para alicerçar a estrutura do romance, como para discutir as dinâmicas e tensões recuperadas de diferentes espaços. Palavras-chave: Literatura angolana, História, Ruy Duarte de Carvalho
João Vêncio: seus amores – Como um sexopata diz “eu te amo”
Andrea Maria Carvalho Moraes (Mestrado/USP)e-mail: amcmorae@gmail.com
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: O objeto deste trabalho é o estudo da relação entre a masculinidade e o poder, tendo por corpus o romance João Vêncio: os seus amores, de Luandino Vieira. Nesse texto, o personagem principal, que aparece no título, está preso em uma cela por amor. Amor a tudo que despossui: emprego, família, instrução, dignidade. Para sentir-se senhor de alguma coisa, escolheu sua companheira, a bailunda, vítima de uma tentativa de homicídio, perpetrada por ele, após
30ter sido surpreendida em adultério com um homem branco. Situado no contexto da guerra colonial, o crime, aos nossos olhos, se apresenta como uma internalização dos padrões de comportamento coloniais, ditados pelo homem branco, heterossexual, homofóbico, lusitano, possuidor de bens. João Vêncio internaliza tão fortemente esses padrões, isto é, quer tão intensamente viver como um assimilado que, subordinado, ele quer subordinar. Esse é o resultado do cruzamento entre uma visão eurocêntrica de amor, sexo e família com a diversidade das sociedades africanas. De acordo com Albert Memmi, “espelhar-se no modelo do colonizador”, vestir “máscaras brancas” foi uma forma que o colonizado encontrou para solucionar o conflito. Este conflito, contudo, sobrevive latente em cada gesto, em cada palavra copiada dos europeus. “Tornar-se outro”, é uma primeira tentativa de mudar de condição, já que para João Vêncio a sua própria nada lhe oferecia. Urgia encontrar-se no modelo do “outro”, prestigioso e, em nome daquilo que desejava vir a ser, empenhou-se em arrancar-se de si mesmo.Palavras-chave: Masculinidade, Colonialismo, Nacionalidade
O romantismo presente na peça Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri
Anna Carolina Botelho Takeda (Doutorado/USP)e-mail: annacaroltakeda@gmail.com
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: Esta comunicação visa demonstrar a perspectiva romântica existente na peça Ele não usam black-tie (1956), de Gianfrancesco Guarnieri. Comparando-a brevemente a dois filmes contemporâneos que discutem a questão do trabalho, levanta-se o questionamento diante do atual enfraquecimento mundial das ideologias de esquerda, se ela pode ser considerada um drama datado. Gianfrancesco Guarnieri cria um espetáculo no qual expõe as inquietações dos trabalhadores que tentam defender seus interesses. Nota-se que não há na peça qualquer referência direta a símbolos da esquerda, porém, como salienta Sábato Magaldi em Panorama do teatro brasileiro (1962), a tese implícita dessa peça é a marxista, uma vez que traz a ideia de união dos trabalhadores para reverter a situação de exploração por eles vivida. As personagens, com exceção de Tião, o protagonista do drama, acreditam na união como forma de reagir às imposições patronais. Há uma visão romântica que paira na peça, pois ocorre uma idealização dos trabalhadores enquanto classe integral e combativa. No entanto, cabe a pergunta para qual esta comunicação tenta encontrar uma resposta, ou ao menos problematizar a respeito da atualidade da obra mesmo após sessenta anos de sua realização, num Brasil outro, desconfiado diante de teses marxistas, das esquerdas demonizadas, sobretudo, por conta da ditadura civil-militar de 1964 e do desgosto frente aos governos declaradamente de
31esquerda que assumem o poder em 2003 com a posse de Lula. A mobilização das personagens pode ser relida como uma manifestação genuína e importante aos trabalhadores ou, diante do contexto contemporâneo, ela soa, a contragosto do dramaturgo, como uma experiência dramática ingênua e datada?Palavras-chave: Eles não usam black-tie, Romantismo, Esquerdas
Romances contemporâneos - Uma leitura histórica: Bricolagens narrativas em Leite derramado e Terra Sonâmbula
Ari Silva Mascarenhas de Campos (Doutorado/USP)e-mail: arimascarenhas@usp.br
Orientadora: Vima Lia de Rossi Martin
Resumo: Apresentaremos os alicerces da pesquisa, na área de estudos comparados das literaturas de língua portuguesa, que analisará as transformações de consciência do indivíduo “pós-colonial” nos países lusófonos, sob a ótica das personagens de dois romances contemporâneos em língua portuguesa; Leite derramado, Chico Buarque, e Terra Sonâmbula, Mia Couto, tendo como base a leitura desenvolvida por Antonio Candido sobre a criação da verossimilhança e sua aliança com dados externos, análise das opções polifônicas e monofônicas dos autores e outros estudos acerca do posicionamento do romance como espelhamento social.Palavras-chave: Lusofonia, Polifonia, Resistência
“Para que o romance não morra”: como ler quando não há literatura?
Arnaldo Delgado Sobrinho (Doutorado/USP)e-mail: arnaldo_sobrinho@outlook.com
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: Leio, em Lisboaleipzig (2014), da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931-2008), um fragmento escrito em Jodoigne, na Bélgica, a 25 de setembro de 1978: “Os meus textos supõem um pacto de inconforto _____ são tal qual, se eu quiser que existam _____ (LLANSOL, 2014, p. 11). Leio, em Tu não te moves de ti (2004), da escritora brasileira Hilda Hilst (1930-2004), a cintilante pergunta de Tadeu: “que coisa é essa em mim que aspira esse fulgor da noite, que coisa é mais que demasia em mim?”(HILST, 2004, p. 20), à qual somo – somamos: “Mas que nos pode dar a textualidade que a narratividade já não nos dá (e, a bem dizer, nunca nos deu)?” (LLANSOL, 2014, p. 129). Escrevo – escrevemos: como ler quando não há literatura?Palavras-chave: Comparatismo literário, Escrita, Leitura
32Representações do escravo em narrativas de Joaquim Manuel de
Macedo e Eduardo Tavares
Bárbara Fernandes Ferreira (Mestrado/USP)e-mail: barbarafernandes@usp.brOrientador: Paulo Motta Oliveira
Resumo: Pretendemos estudar a representação do escravo em duas narrativas, uma brasileira, Pai-Raiol: o feiticeiro, uma das novelas de As vítimas-algozes: quadros da escravidão, escrita por Joaquim Manuel de Macedo, e outra portuguesa, o romance Ouro e crime!: mistérios de uma fortuna ganha no Brasil, de Eduardo Tavares.Palavras-chave: Escravidão, Brasil, Portugal, Oitocentos
Percursos da literatura marginal-periférica e a emergência da questão de gênero
Bianca Mafra Gonçalves (Iniciação Científica/USP)e-mail: biancamgoncalves@gmail.com
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: A chamada “literatura marginal-periférica” conta com mais de quinze anos de produção e tem cada vez mais abrigado nuances e pluralidades que sinalizam para novas possibilidades de leituras. A emergência da questão de gênero, interseccionada à noção de raça, é uma das características que se destaca nas produções mais recentes dessa literatura, sobretudo na poesia, protagonizada por escritoras negras. A difusão desses nomes via antologias projetou poéticas que inscrevem demandas e temas que revisam o sujeito e o repertório periférico, também possibilitando a visibilidade de autoras que puderam, em seguida, publicar seus próprios livros. Nesta comunicação apresentaremos como se deu tal movimento a partir da revisão dos percursos da literatura marginal, a premência da identidade periférica e o surgimento de poéticas marcadas pela experiência negra feminina, com destaque à antologia “Pretextos de mulheres negras” e à produção de Elizandra Souza em “Águas da Cabaça” e Jenyffer Nascimento em “Terra Fértil”.Palavras-chave: Gênero, Literatura marginal-periférica, Mulheres negras
33Entre memórias: a lembrança como ponte (im)possível
Bruna Del Valle de Nóbrega (Mestrado/USP)e-mail: bruna.nobrega@usp.br
Orientadora: Rita de Cássia Natal Chaves
Resumo: Procurando observar as relações entre Experiência e História, essa comunicação pretende trazer o fio condutor que é a Memória no romance As visitas do Dr. Valdez para analisar como algumas das memórias individuais se relacionam com as memórias coletivas nas personagens Vicente e Sá Amélia no referido romance. Pretende-se discutir que espécie de ponte a memória opera entre essas duas personagens e, por representação, na relação sistema colonial versus nação independente. Como toda ponte, a memória está no meio, e, portanto, não situa as personagens em qualquer tempo, mas antes as faz ir e vir, denunciando a instabilidade do momento e as possibilidades de identidade que começam a ser exploradas pela jovem nação na imagem do seu representante, a personagem Vicente. É nesse entrelaçamento de tempos possibilitado pela memória que inicia a “negociação de diferenças” para Vicente, abordando uma construção social até então impossível de ser questionada abertamente no país. Assim, o tempo da memória será importante na construção do sentido da narrativa e na construção do discurso desse personagem, porque se torna um espaço de reflexão e discussão. A discussão atentará num segundo momento para o duo Vicente-Valdez, pois vestir-se de Dr. Valdez pelo ato da memória será também despir-se, por impossibilidade, desse Dr. Valdez, homem branco, colono, em quase tudo diferente de Vicente. Trata-se de observar o discurso, a transição, o ir e vir formativos da construção narrativa e toda a simbologia que faz parte do universo da memória. Processo versus resultado, voltando ao processo diversas vezes como caminho de análise.Palavras-chave: Memória, Colonialismo, João Paulo Borges Coelho
Imagens do trauma em Joaquim Pedro de Andrade
Carla Moreira Kinzo (Doutorado/USP)e-mail: ckinzo@gmail.com
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: O projeto de pesquisa tem como objetivo analisar três filmes e um roteiro (não filmado e publicado em forma de novela), do diretor de cinema brasileiro Joaquim Pedro de Andrade, a saber: O padre e a moça (1965), Os inconfidentes (1972), Guerra conjugal (1975) e O imponderável Bento contra o crioulo voador (1a. edição de 1990). Temos em vista, para essas análises, as imagens de nação que o diretor realiza a partir de uma ideia de trauma. Estudaremos como as imagens traumáticas nos filmes (e no roteiro), em comparação, constroem uma
34representação do país, feita de violência e repressão. Além disso, queremos verificar como essas mesmas imagens falam do contexto de realização dos filmes: a ditadura civil-militar brasileira. Partimos da relação entre a fragmentação formal que esses trabalhos propõem com seus contextos, usando a categoria do trauma, para associar a crise da representação com o processo histórico do país, notadamente violento. Trazemos para a discussão os estudos de Jeanne Marie Gagnebin, Jaime Ginzburg, Walter Benjamin e Theodor Adorno, que tratam, de diferentes maneiras, dessa relação.Palavras-chave: Joaquim Pedro de Andrade, Trauma, Ditadura Militar
Questões de classe e tradição em A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela
Carolina Silva Mercês (Mestrado/USP)e-mail: carolinamerces@gmail.com
Orientadora: Vima Lia de Rossi Martin
Resumo: O estudo do romance A emparedada da rua Nova, de Carneiro Vilela, permite que notemos o desencontro entre os valores morais que provêm do sistema econômico escravocrata e os valores que provêm da recém-chegada “modernização” republicana e capitalista. É esse descompasso entre novos valores emergentes da modernização e aqueles relativos a tradições familiares locais que motiva os acontecimentos violentos da narrativa. A história do mistério acerca de um cadáver encontrado em terras de um engenho abandonado e do emparedamento de uma jovem recifense em fins do século XIX revelam que o período de “construção nacional” não correspondeu à materialização dos valores liberais, mas, ao contrário, deixou explícita a permanência de relações predatórias na tradição social brasileira.Palavras-chave: Literatura, Sociedade, História
Três personagens (uma santa e dois indianos) nos entre-lugares de O outro pé da sereia, de Mia Couto
Claudia Esperanza Durán Triana (Doutorado/USP)e-mail: lepleuf@hotmail.com
Orientadora: Nádia Battella Gotlib
Resumo: Este artigo visa analisar a importância de duas personagens de origem indiana, nascidas em Goa, presentes na narrativa e portadoras de elementos significativos, próprios de sua cultura nativa, que permitirão diversas “articulações comunitárias” (ABDALA JUNIOR, 2012, p. 31), e que constituirão um dos lados da tríada que fundamenta a identidade moçambicana atual: três comunidades
35supranacionais cuja essência será condensada na unidade simbiótica da figura de uma Virgem levada de passagem no romance.Palavras-chave: Literatura Portuguesa, Literatura Moçambicana, Mia Couto
Literaturas africanas e afro-brasileiras nas Universidades
Claudia Rocha da Silva (Doutorado/USP)e-mail: claudiarochas@gmail.comOrientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: O propósito do projeto de pesquisa, ora apresentado, é investigar a presença das Literaturas africanas e afro-brasileiras no currículo das Universidades, com foco especial na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), considerando a formação e atuação dos professores destes componentes curriculares. Pretende, ainda, analisar as concepções teórico-metodológicas subjacentes ao ensino destas literaturas nos cursos de graduação em Letras da UNEB.Palavras-chave: Ensino, literatura, Universidades
Belas, Recatadas e do Lar: as insubordinadas mulheres da Via Crucis do Corpo, de Clarice Lispector
Claudiana Gois dos Santos (Mestrado/USP)e-mail: claudiana_gois@usp.br
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: O livro A via Crucis do Corpo é formado por 14 contos, iniciados pela “Explicação” da autora sobre a concepção da obra. As narrativas exploram personagens que se destacam por suas vivências eróticas transgressoras e seu alto teor de estranhamento. Considerado pela própria crítica como um livro menor, que nada acrescentaria à sua obra ou pela própria autora como possível de ser “publicado com mala suerte”, pode ser considerado o livro de maior teor erótico de Clarice Lispector. Em A Via Crucis do Corpo, a autora traz à tona uma miríade de mulheres que, cada qual à sua maneira, se rebela frente a um papel social previamente estabelecido por meio de transgressões inusitadamente apresentadas. Seja pela insubordinação da escrita, pela insubordinação erótica ou pela insubordinação social, essas protagonistas trazem em si o signo da auto-criação, do fazer-se a si mesmas diante de uma sociedade opressora e de um destino que não lhes cabe. Não obstante, estudiosos da obra sinalizam para um diálogo de paródia e dissimulação de encenação das 14 estações da Via Crucis da mitologia Cristã. A partir de uma leitura crítica feminista, neste trabalho serão analisadas as personagens femininas e as transgressões necessárias para a auto afirmação de cada uma delas, a partir desse diálogo com a via crucis cristã.
36Para tanto, os contos e suas protagonistas serão divididas de acordo com o tipo de insubordinação/transgressão, podendo as personagens flanarem entre as categorias, transgredindo também as paredes de definições fechadas.Palavras-chave: Crítica Feminista, Gênero, Clarice Lispector
Mudança de palco na literatura de Lygia Bojunga: recursos teatrais & problemas sociais (in)visíveis
Cristiane Figueiredo Florêncio (Mestrado/USP)e-mail: cristiane.florencio@usp.br
Orientadora: Maria dos Prazeres Santos Mendes
Resumo: O tema do projeto em questão trata das mudanças na literatura de Lygia Bojunga tanto da perspectiva da forma quanto do conteúdo. Do plano do conteúdo, o objetivo é analisar os assuntos trabalhados na obra da autora de modo a tentar comprovar que os primeiros livros dela têm como base o imaginário e o lúdico, ao passo que os últimos retratam mais problemas sociais. Procura-se analisar essa mudança temática por meio da transformação da forma: a literatura inicial de Bojunga apresenta mais elementos do teatro clássico, ao contrário da mais recente, cujos traços são oriundos do teatro brechtiano.Palavras-chave: Lygia Bojunga, Teatro
Caminhos do insólito em Boaventura Cardoso
Cristiane Santana Silva (Doutorado/USP)e-mail: cristiane.santana1@gmail.com
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: A partir da leitura do romance Mãe, materno mar do escritor angolano Boaventura Cardoso, pretendemos nesta comunicação discutir se a “filiação” de textos produzidos no continente africano ao realismo mágico ou outras vertentes críticas de leitura para o insólito estaria mais próxima à identificação de confluências estéticas e temáticas ou de uma tentativa de acomodar aquilo que não se considera racionalmente compreensível num escopo teórico já inteligível à crítica ocidental. Tal leitura estará ancorada, sobretudo, nas discussões propostas por Harry Garuba e sua conceituação de realismo animista.Palavras-chave: Realismo Animista, Boaventura Cardoso, Insólito
37Protagonistas e coadjuvantes: a amizade (quase) perfeita em “O
Senhor dos Anéis”
Cristina Casagrande de Figueiredo Semmelmann (Mestrado/USP)e-mail: cristina.cf@gmail.com
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: A comunicação pretende se centrar no capítulo “A Montanha da Perdição” de O Senhor dos Anéis – O retorno do rei, em comparação com cenas correspondentes no filme homônimo, dirigido por Peter Jackson. Veremos como Sam, um simples jardineiro, consegue, pela virtude, assim como propõe Aristóteles, ser um igual diante de seu mestre Frodo, propiciando uma amizade (quase) perfeita. Poderemos perceber que essa amizade é condição sine qua non para o final eucatastrófico, contribuindo para os amigos que lutam pela destruição do Anel se aproximem da eudaimonía, a felicidade última, ou seja, para que o final feliz na fantasia tolkieniana aconteça, abrindo espaço para novas histórias, que os conduzirão à tão almejada felicidade plena.Palavras-chave: Frodo, Sam, O Senhor dos Anéis, Amizade, Virtude
As mulheres nos textos de imprensa de Eça de Queirós
Daiane Cristina Pereira (Doutorado/USP)e-mail: daiapereira@usp.brOrientador: Helder Garmes
Resumo: É notável a importância das personagens femininas na obra ficcional de Eça de Queirós. Amélia, Luísa e Maria Eduarda estão na memória de muitos leitores do escritor português. No entanto, qual será a imagem das mulheres que podemos reconstruir a partir de seus textos jornalísticos? No intuito de responder tais questões, lançaremos um olhar sobre grande parte dos textos não ficcionais de Eça que saíram em vários periódicos, como o Distrito de Évora (em Portugal) e a Gazeta de Notícias (no Rio de Janeiro), a fim de analisar como as mulheres são representadas neles. Desejamos observar quais as características que apresentam, como são descritas, em que condições e espaços aparecem e, principalmente, quais as opiniões do autor sobre elas. Dessa maneira, achamos possível fazer um panorama do papel da mulher portuguesa no século XIX para Eça de Queirós, que não é só um grande representante dos ficcionistas, mas também dos cronistas de seu tempo.Palavras-chave: Eça de Queirós, Mulher, Textos de Imprensa
38Grimm, Dahl e Majidí: A representação da cumplicidade na
infância
Dayse Oliveira Barbosa (Mestrado/USP)e-mail: oliveirab2010@gmail.com
Orientador: Ricardo Iannace
Resumo: Esta pesquisa visa ao estudo comparativo dos contos tradicionais João e Maria, Irmãozinho e irmãzinha (dos irmãos Grimm), a narrativa juvenil A fantástica fábrica de chocolate (de Roald Dahl) e o filme iraniano Filhos do paraíso (dirigido por Majid Majidí), a fim de evidenciar como essas obras ficcionais apresentam crianças, em diferentes épocas e contextos histórico-culturais, que apesar de viverem em situação de extrema pobreza material, estabelecem entre si fortes vínculos de cumplicidade e solidariedade capazes de superar as adversidades impostas pelos adultos. Para a realização dessa pesquisa serão considerados os estudos de importantes pesquisadores da área de narrativas tradicionais, como Vladimir Propp e Nelly Novaes Coelho, tanto quanto teóricos significativos da literatura infantil e juvenil e estudiosos da área do cinema, mais especificamente, da constituição do cinema iraniano.Palavras-chave: Contos tradicionais, cinema iraniano, narrativa, literatura infantil e juvenil
Lei 11.645/08: literaturas e ensino
Denise Cenci (Mestrado/USP)e-mail: denise.ccd@gmail.com
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: A Lei 10.639/03, atualizada na 11.645/08, oficializou reivindicações históricas de setores da sociedade, notadamente do Movimento Negro, por uma pedagogia antirracista, promotora de relações étnico-raciais positivas. No âmbito do ensino de literatura, impõe-se a revisão de paradigmas, práticas e conteúdos adotados na busca por adequações e avanços nas atuais configurações curriculares de todos os níveis do sistema educacional. É necessário enfrentar o desafio e isso começa pelo entendimento, mais específico, sobre quais seriam os “conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira” exigidos pela legislação. Dado que, no Brasil, sequer há consenso quanto à nomenclatura e à conceituação da literatura produzida por autores negros ou identificados com os temas vinculados à negritude, torna-se imprescindível questionar: A quais textos e autores a Lei estaria se referindo? Quais dessas vozes literárias estão ou não presentes na formação inicial dos professores de literatura? Num esforço de contribuir para reflexões que ajudem a responder esses questionamentos, serão apresentados elementos que perpassam a busca por um sistema literário
39canônico nacional voltado ao ensino na perspectiva colocada pela Lei 10.639/03, em especial, as produções consideradas como literatura afro-brasileira, negra e negro-brasileira.Palavras-chave: Literatura, Currículo, Questão étnico-racial
Literaturas de Goa e Macau em língua portuguesa: tal coisa existe?
Duarte Nuno Drumond Braga (Pós-Doutorado/USP)e-mail: duartedbraga@gmail.com
Orientador: Helder Garmes
Resumo: Não foi dada a devida atenção, sobretudo de um ponto de vista comparativo, ao aspeto literário, em língua portuguesa, da relação entre as ex-colónias de Goa e de Macau. Este trabalho visa propor algumas linhas de leitura para o seu entendimento no que toca a obras pós-coloniais. A partir do imaginário do deslocamento se permite pensar o próprio e por vezes incerto estatuto dessas literaturas, bem como a sua natureza periférica, que se veriam figurados internamente aos textos enquanto interrogação implícita ou explícita da natureza daquelas.Palavras-chave: Goa, Macau, Pós-Colonialismo
Literatura para crianças e jovens: papéis sociais e novas expressões
Ecila Lira de Lima Mabelini (Doutorado/USP)e-mail: ecila.mabelini@gmail.com/alice.mabelini@usp.br
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Resumo: Este trabalho tem como objetivo a análise das relações entre as linguagens verbal e visual no contexto da literatura para crianças e jovens, considerando, portanto, as mudanças ocorridas desde o surgimento do dito livro infantil e juvenil, bem como seu reflexo na atualização de narrativas consagradas ou clássicas para crianças e jovens. Perspectiva que implica discutir um dado grau de esteticidade e plasticidade nos textos atuais, a partir, sobretudo, do surgimento de novas expressões e da recorrente manutenção dos contos de fada como textos que concretizam o imaginário da criança e do jovem, confirmando o caráter sedutor da literatura infantil e juvenil ao recriar mundos em que os sujeitos se reconheçam capazes de interagir.Palavras-chave: Literatura, Infantil, Atualização, Leitor
40Lúcio Cardoso e Manoel de Oliveira: artistas da dissidência
Edimara Lisboa (Doutorado/USP)e-mail: edimaralisboa@gmail.com
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: A comunicação versará sobre o tema de minha pesquisa de doutorado em andamento Estranhas Angélicas: confluências entre Manoel de Oliveira e Lúcio Cardoso, o qual propõe uma análise comparada da peça “Angélica” de Lúcio Cardoso – escrita em 1945 e encenada pela primeira vez no Teatro de Bolso, sob direção dele, em 1950 – e o filme O estranho caso de Angélica de Manoel de Oliveira – cuja primeira versão do roteiro foi escrita em 1952 com o título Angélica, mas que só veio a ser realizado em 2010, por razões financeiras e técnicas. Os enredos das duas obras são completamente diferentes, mas elas se entrecruzam no elemento central: a dubiedade que o nome celestial das riquíssimas protagonistas ganha no confronto com suas características infernais e a questão do estranhamento que as perpassa. Nesse confrontar comparativamente, sobressaem as características que singularizaram o percurso criativo de Lúcio Cardoso e de Manoel de Oliveira; autores que, cada um a seu modo, se colocaram em dissidência com as tendências artística de sua geração e problematizaram a sobrevivência de gestos aristocráticos no espaço mineiro, no caso do escritor brasileiro, e no espaço portuense, no caso do cineasta português.Palavras-chave: Comparatismo, Literatura e Cinema, Estranhamento
A construção poética do imaginário infantil em Cora Coralina e Manoel de Barros: percepções culturais, identitárias e
educacionais nas obras O prato azul-pombinho e Menino do mato
Edison de Abreu Rodrigues (Doutorado/USP)e-mail: edisonrodrigues@usp.br
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Resumo: Este trabalho tem como objetivo ressaltar, a partir de uma breve análise das obras O prato azul-pombinho de Cora Coralina e Menino do mato de Manoel de Barros, a construção do imaginário infantil por meio do texto poético e o quanto é importante apresentar à criança esse tipo de escritura como manifestação artística, cultural, literária e, acima de tudo, humana, constituindo-se assim como ferramenta imprescindível para a formação do indivíduo. A partir dessa premissa, procurar-se-á desenhar possibilidades de construção do imaginário infantil por meio da escritura poética e também como tal construção pode simbolizar, ou aguçar, ou ainda, servir de alegoria capaz de constituir
41percepções culturais e identitárias, contribuindo assim para nossa formação enquanto leitores de poesia, daí a importância do caráter artístico e estético das obras, sem desconsiderar também o viés educacional. Vale ressaltar que se está tomando o termo “educacional” numa acepção extremamente ampla, isto é, não apenas como ação ou efeito de educar, de aperfeiçoar as capacidades intelectuais e morais de alguém, aquilo que se entende como “educação formal”; mas acima de tudo, como elemento imprescindível para formação das novas gerações enquanto sujeitos-leitores sensíveis às nuances próprias do texto poético, capazes de compreender como se dá a concepção da tessitura cultural do imaginário infantil nas regiões onde viveram Cora Coralina e Manoel de Barros, e o quanto tais concepções acabam por transcender as questões tipicamente regionais, ressoando na formação identitária, direta ou indiretamente, de todo brasileiro. Pretende-se, com esta comunicação, apresentar o primeiro esboço da temática principal da tese, uma vez que esta versará sobre questões ligadas ao imaginário infantil nas obras dos dois poetas supracitados, a ideia é motivar discussões que possam contribuir proficuamente para o posterior desenvolvimento do projeto.Palavras-chave: Cora Coralina, Manoel de Barros, Poesia, Imaginário infantil
As manifestações do Silêncio no Imaginário Contemporâneo
Edna Alencar da Silva Rivera (Doutorado/USP)e-mail: alencar.edna@gmail.com
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: Estabelecer relações entre a oralidade e o silêncio. Buscar elementos que evidenciem o silêncio como discurso, para esta finalidade estaremos abordando o imaginário, tangenciando possíveis engendramentos nos quais como instância significativa, o silêncio adquire sentido integrando a história humana em referências mitológicas e da narrativa cinematográfica em diálogo com os textos literários. Partindo de suas especificidades, o silêncio possibilita um mundo de perspectivas e abordagens, inclusive revelando aspectos discursivos contraditórios. Como possibilidade, queremos com esta análise demostrar como o silêncio assume um caráter essencial para e na humanidade, ajudando-nos a recuperar a nossa capacidade de imaginar.Palavras-chave: Silêncio, Oralidade, Imaginário, Discurso
42Pedro Casaldáliga e Agostinho Neto: na poesia contra o poder,
os versos que ferem e fazem florescer
Edson Flávio Santos (Doutorado/UNEMAT)e-mail: edsonflaviomt@gmail.com
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: As análises feitas pelo viés comparatista, aqui expostas, partem da leitura de poemas de dois escritores que trazem no seu horizonte de expectativa o desejo de luta. Uma reflexão que veio à luz durante nossos estudos de doutorado, que ainda encontram-se em fase inicial. Os textos a serem trabalhados são oriundos das seguintes antologias: Antologia Retirante, Cantigas Menores e Versos Adversos, de Pedro Casaldáliga e Renúncia Impossível e Sagrada Esperança, de Agostinho Neto. Casaldáliga, é espanhol, veio para o Mato Grosso/Brasil, em 1968, e é do Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia. Sempre colocou-se em oposição declarada aos grandes proprietários de terra, saindo em defesa das minorias. Agostinho Neto, angolano, filho de pais professores e missionários religiosos. Decidido a formar-se em Medicina, embarcou para Portugal em 1947 e se matriculou na Faculdade de Medicina de Coimbra. As entradas nos poemas permitem ensaiar estudos comparados sobre as relações culturais, políticas e sociais existentes entre esses autores, de Brasil e Angola, e que irão denotar uma rede de solidariedade entre as duas nações. Essa rede fraterna é sustentada não só pelos textos produzidos pelos autores em questão, mas de sobremaneira pela atuação séria e comprometida dos mesmos como cidadãos. A poesia que emana dos versos das obras estudadas é carreada por uma força interna capaz de ferir, mas também de fazer florescer uma primavera de mudanças para os membros da sociedade onde estão inseridos os poetas.Palavras-chave: Comparativismo Literário, Crítica Literária, Relações Brasil e Angola
O enigma dos detetives: perfis masculinos da narrativa detetivesca
Edson Salviano Nery Pereira (Mestrado/USP)e-mail: salvinery@usp.br
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: Considerando as contribuições dos Men´s Studies para os estudos de Literatura, este trabalho tenciona traçar perfis de masculinidade a partir da observação de alguns personagens da história da narrativa detetivesca. Espera-se que por meio deste estudo possamos compreender a constituição do paradigma masculino, bem como observar a permanência, modulações e reformulações deste mesmo paradigma.Palavras-chave: Narrativa detetivesca, Masculinidade, Estudos Comparados
43O modelo do provérbio e “a causa africana” em João Albasini
Elídio Miguel Fernando Nhamona (Doutorado/USP)e-mail: nhamona@usp.br
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: Nos editoriais e crônicas de João Albasini, tanto em O Africano como em O Brado Africano, temos o abundante emprego de provérbios e outros tipos de sentenças fixas afins. Presumimos que o seu uso nos escritos do jornalista se deveu 1) à formação do autor, 2) aos leitores que pretendia atingir, 3) mas sobretudo à necessidade de aglutinar tendências díspares e criar consensos em torno daquilo que os membros proeminentes da pequena burguesia local designavam de “causa africana”. O discurso nativista defendia o acesso à cidadania liberal plena e que, por isso, cabia aos indígenas se tornarem civilizados por meio da instrução e consequente assimilação da cultura portuguesa. Visto que era necessária uma ação concertada, o provérbio foi a forma literária que possibilitou criar a predisposição social suscetível de aglutinar indígenas, assimilados e civilizados.Palavras-chave: Provérbio, “causa africana”, João Albasini
Do texto à imagem – caminhos da obra de João Guimarães Rosa pelo sertão
Elizabeth Ziani (Doutorado/USP)e-mail: bethziani@gmail.com
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: A nossa tese de doutorado analisa as relações da literatura com outras artes (artes plásticas, fotografia, bordado, narração de textos) e avalia o seu potencial enquanto fonte de criação e de transformação social. No âmbito dos estudos comparatistas, contemplamos as relações interdisciplinares: Literatura e Oralidade; Literatura e Artes visuais. Abordamos a relação de Grande sertão: veredas com outras áreas e como essa obra tornou-se fonte de recriações e estimulou a organização do primeiro Circuito Literário do Brasil (Minas Gerais). A proposta desta comunicação é apontar aspectos da adaptação de Grande sertão: veredas de João Guimarães Rosa, realizada pelo artista plástico José Murilo de Oliveira (J. Murilo), conterrâneo do escritor. Com uma vivência profunda do sertão, o artista mineiro estabeleceu paralelos entre literatura e pintura, teve vários trabalhos premiados, até chegar ao projeto Diabo nas Veredas Mortas, objeto da nossa pesquisa. Destacaremos os seguintes elementos nessa transposição: processo de criação, recorte da obra literária e técnicas utilizadas.Palavras-chave: Estudos Comparados, Artes plásticas, Leitor
44João Paulo Borges Coelho: literatura do incômodo
Emiliano Augusto Moreira de Lima (Doutorado/USP)e-mail: emil.sofista@gmail.com
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: Analisa-se João Paulo Borges Coelho a partir de uma perspectiva materialista. O objetivo não é apenas uma análise da obra do escritor sob essa perspectiva, mas, ao fazer a obra passar pela crítica, passar também a própria crítica pelo crivo. Há no texto literário elementos desestabilizadores, daí a literatura do incômodo. Esses elementos são desestabilizadores também para a crítica.Palavras-chave: João Paulo Borges Coelho, Materialismo histórico, Literatura e sociedade
A ascensão social como objeto de disputa em “Amigos”, de Luiz Ruffato
Emily Cristina dos Ouros (Mestrado/USP)Email: eouros@gmail.com
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: A partir da leitura do conto “Amigos”, de Luiz Ruffato, o presente trabalho investiga como a sensação de proeminência da ascensão social nas classes mais baixas reproduz o discurso de dominação da lógica capitalista. Procuramos observar em que medida a relação entre os “amigos” Gildo e Luzimar, a qual parece se estabelecer cordialmente diante das transformações pelas quais cada um dos personagens passara, configura uma disputa simbólica da tentativa de fuga de um cenário social historicamente marcado pela exploração e por frustrações de diferentes naturezas.Palavras-chave: Ruffato, Amigos, Ascensão social
Angola e Brasil – encontros na música popular urbana
Estefânia Francis Lopes (Mestrado/USP)e-mail: estefania.lopes@usp.br
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: Na comunicação proposta visamos apresentar um diálogo político e musical entre Angola e Brasil a partir do projeto Kalunga, espetáculo com apresentação em Angola, no ano de 1980, que envolveu diversos músicos brasileiros. Idealizado pelo produtor musical Fernando Faro, a partir do convite em
45nome do presidente angolano para uma apresentação de Chico Buarque, nasceu o projeto Kalunga com o intuito de comemorar os cinco anos de independência do país. A viagem proporcionou o encontro entre músicos angolanos e brasileiros nos palcos, como também, em novos arranjos de composições e gravações. Pouco divulgada no Brasil que passava pelo período de abertura política, parte da experiência ficou registrada na música “Morena de Angola”, de Chico Buarque. Nesta senda, propomos uma viagem musical para conhecermos um pouco mais sobre este encontro, como indicam os versos da canção, “Lá de Angola”, de João Nogueira: “É preciso navegar / Pra poder se esclarecer / Do lado de lá do mar / É preciso ver pra crer / Gente que lutou para se libertar”.Palavras-chave: Música popular, Projeto Kalunga, Chico Buarque
Um “passeio” pelo imaginário de Andersen
Euclides Lins de Oliveira Neto (Doutorado/USP)e-mail: euclideslins2@usp.br
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: O presente trabalho se propõe a estabelecer uma análise comparativa entre o mito, o conto tradicional e o conto literário a partir do “O companheiro de viagem” de Hans Chrisitan Andersen, buscando identificar a presença do arquétipo literário. Portanto, nessa aventura, deseja-se verificar comparativamente os elementos, diferentes e similares, presentes no mito, no conto tradicional e no conto literário, tendo em foco as imagens e suas relações para constatar o “denominador fundamental”, do qual derivam “as criações do pensamento humano”, no dizer de Gilbert Durand. O esquema arquetípico da “viagem” nesse conto de Hans Christian Andersen revela relações com o mito escandinavo e conto tradicional nórdico.Palavras-chave: Literaturas infantil e juvenil, Imaginário, Andersen
Espaço e isolamento em Mãe, materno mar
Everton Fernando Micheletti (Doutorado/USP)e-mail: efmicheletti@gmail.com
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: No romance Mãe, Materno Mar, do escritor angolano Boaventura Cardoso, destaca-se o espaço. Trata-se de uma viagem de trem que parte de Malange, no interior, para a capital Luanda, a uma distância de cerca de quatrocentos quilômetros, que duraria normalmente algumas horas. No entanto, ocorrem vários problemas, são feitas várias paradas e o percurso dura incomuns quinze anos. Os vagões dividem-se em três classes, dos que pertenciam a uma
46certa elite aos mais pobres. Com as paragens, os passageiros se veem obrigados a uma convivência forçada, marcada por uma série de conflitos, muitas vezes resultando em violência e mortes. As primeiras paradas caracterizam-se pelo isolamento, pela impossibilidade de comunicação com outros lugares. Os passageiros têm de se adaptar ao espaço em torno do trem parado, em estações ou na mata, onde refazem a sociedade, havendo, muitas vezes, características ou problemas que remetem ao país. Como a experiência colonial envolvia um domínio do território, como bem explica Bosi sobre a origem no verbo “colo” (eu ocupo a terra), a questão espacial ganha importância na literatura angolana. Em sua análise da formação do romance angolano, Chaves destaca a prevalência do espaço nesse processo. Desse modo, propõe-se apresentar uma análise do espaço no romance quanto ao isolamento, verificando-se as possíveis relações com o contexto da nação. As referências teóricas e críticas, além das citadas, abrangem autores que se dedicam ao pós-colonialismo e às literaturas africanas.Palavras-chave: Boaventura Cardoso, Literatura Angolana, Espaço
Temporalidade e Finitude: o Lobo na ficção de João Guimarães Rosa e José Roberto Torero
Fabiana Corrêa Prando (Mestrado/USP)e-mail: fabiana.prando@gmail.comOrientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: O Lobo, como qualquer vetor simbólico, é uma imagem altamente complexa, porque guarda polaridades positivas e negativas. Os símbolos são essencialmente pluridimensionais e expressam relações e não uma lógica conceitual. O símbolo permite uma relação de complementaridade e é suscetível a um número infinito de dimensões. Para a imaginação ocidental, o lobo é o animal feroz por excelência. Segundo Durand, o grande Lobo Mau, num pensamento mais avançado, é assimilado aos deuses da morte e aos gênios infernais. No panteão egípcio, Anúbis, o grande deus psicopompo, é aquele que tem a forma de um cão selvagem e é venerado como deus dos infernos. Os cães simbolizam igualmente Hécate, a lua negra, a lua devorada, algumas vezes representada, como Cérbero, sob a forma de um cão tricéfalo. “Há, portanto, uma convergência muito nítida entre a mordedura dos canídeos e o temor do tempo destruidor. Cronos aparece aqui com a face de Anúbis, do monstro que devora o tempo humano ou que ataca mesmo os astros mensuradores do tempo” (DURAND, 2002, p. 87). O tempo travestido de lobo, o devorador terrificante que revela a angústia diante do devir é o fio condutor de nossa investigação na relação entre as obras Fita verde no cabelo, de João Guimarães Rosa e Chapeuzinho Preto, de José Roberto Torero. Vamos observar como a atitude angustiada do homem diante da morte e do tempo se revelará na ficção dos dois autores. Benedito Nunes, Paul Ricoeur, Heidegger e Durand darão o aporte teórico para o nosso estudo.Palavras-chave: Temporalidade, Lobo, Guimarães Rosa e Torero
47Infância e Literatura: (re)visitando algumas formas de
representação
Fabio Eduardo Muraca (Mestrado/USP)e-mail: fabio.muraca@usp.br
Orientadora: Maria dos Prazeres Santos Mendes
Resumo: A literatura é, como as demais formas de expressão artística, um espaço privilegiado para as formas de representação. Representam-se homens e mulheres, adultos e crianças, situações etc. O objetivo dessa comunicação é (re)visitar algumas formas de compreender a construção da representação da infância na literatura, especificamente na literatura infantil e juvenil. Serão apresentadas e discutidas as noções de infância de Philippe Ariés (História social da criança e da família), Walter Benjamin (Obras escolhidas II: rua de mão única), Marie-José Chombart de Lauwe (Um outro mundo: a infância) e Clarice Cohn (Antropologia da infância). Como contraponto para essas noções de infância, analisaremos a construção de representação da infância nas obras Aventuras de Vera, Lúcia, Pingo e Pipoca, da Sra. Leandro Dupré, A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga e Exercícios de ser criança, de Manoel de Barros.Palavras-chave: Infância, Literatura, Representação da infância
Notas comparativas sobre a formação: América Latina e África Portuguesa
Fábio Salem Daie (Doutorado/USP)E-mail: f.salemdaie@gmail.com
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: O tema clássico da “formação”, constitutivo de obras centrais do pensamento social brasileiro, é mobilizado nesta comunicação no intuito de pensar a posição periférica de América Latina e África portuguesa, no que tange suas expressões literárias ao longo do século XX. Dessa maneira, desejamos apresentar algumas conclusões parciais da pesquisa de doutorado que abordarão o problema da modernidade na periferia; o significado desta “modernidade periférica” para certa tradição crítica brasileira (Antonio Candido e Roberto Schwarz) e hispano-americana (Ángel Rama e Beatriz Sarlo); por fim, algumas inflexões do significado dessa modernidade em autores de América Latina e África Portuguesa, como Jorge Luis Borges ou Alejo Carpentier; Luis Bernardo Honwana ou José Luandino Vieira.Palavras-chave: Formação literária, América Latina, África Portuguesa
48O romance negro de autoria feminina no Brasil: notas sobre Um
defeito de cor
Fernanda Rodrigues de Miranda (Doutorado/USP)e-mail: fejafoi@gmail.com
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: Para esta comunicação, focaremos o romance Um defeito de cor, da escritora mineira Ana Maria Gonçalves. Segundo a autora narra no prólogo, o romance seria uma livre tradução de um manuscrito escrito em português arcaico por Kehinde, africana que foi escravizada e morreu na velhice, depois de idas e vindas através do Atlântico. Considerado romance histórico, articula uma voz em primeira pessoa que é afirmada como originária de um Testemunho. Dessa forma, utilizando recursos ficcionais para costurar as lacunas do texto original, o romance se fundamenta, segundo afirma a autora, como tradução da autobiografia de Kehinde. Com efeito, a ficção começa no prólogo, tendo em vista que o manuscrito que a autora afirma ser fonte das memórias construídas no romance jamais existiu de fato. Em síntese, se constrói uma categoria de verdade testemunhal, que através de memórias ficcionais, deslinda aspectos da História. A narrativa é inteiramente perpassada pelo diálogo ficcional com a História, que por vezes é reinventada. O discurso, dessa forma, vai sub-repticiamente reinscrevendo o lugar de uma feminilidade que deixa de ser subalterna ao acionar dispositivos de agência, como entre outros, o ato de nomear, presente, por exemplo, na passagem em que Kehinde conta como batizou a heroína do primeiro romance do romantismo brasileiro, A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, autor que a certa altura torna-se personagem da narrativa.Palavras-chave: Literatura negra brasileira, Autoria feminina, Romance
Apresentação de autores afro-brasileiros e de africanos por meio de livros didáticos
Flavia Cristina Bandeca Biazetto (Doutorado/USP)e-mail: fla_bandeca@yahoo.com.br
Orientadora: Vima Lia de Rossi Martin
Resumo: O objetivo desta comunicação é expor os resultados parciais obtidos na análise dos materiais didáticos aprovados pelo PNLD 2012-2014 de Língua Portuguesa, no que se refere à divulgação de Literaturas Africanas e a Afro-brasileira. Para isso, analisamos, como exemplo, a coleção didática “Teláris” (Ed. Ática), na qual se busca apresentar a obra do escritor angolano Pepetela e alguns contos da tradição oral. A seleção deste corpus, apesar de ser um retrato restrito do material que circula no país, é de extrema importância, visto que durante a primeira distribuição dos livros pelo território nacional, ano de 2013, a coleção
49foi a segunda mais adquirida pelo governo, mais de 2 milhões de exemplares. Optamos em explanar sobre o projeto Teláris, pois a coleção mais adquirida, a saber “Português: Linguagens”, não apresenta nenhum texto de autoria africana ou afrobrasileira, sendo irrelevante para nossa proposta de análise. Para o desenvolvimento deste estudo, fundamentamos teoricamente no pensamento de Bunzen (2008) e Rojo (2005) que definem o objeto, livro didático, como um exemplar do gênero do discurso. É válido ressaltar que nesta análise não se busca fazer sugestões de como as práticas de leituras literárias deveriam ser feitas em sala de aula, mas sim levantar pontos relevantes de como se articula a veiculação das literaturas supracitadas e os materiais didáticos nacionais. Palavras-chave: Livro didático, Literaturas Africanas, Literatura Afro-brasileira
Arte, Cores e Transformações: 7 Cartas e 2 Sonhos de Tomie Ohtake e Lygia Bojunga até o Meu Amigo Pintor
Flávia Maria Reis de Macedo (Mestrado/USP)e-mail: flavia.reis.macedo@gmail.com
Orientadora: Maria dos Prazeres dos Santos Mendes
Resumo: O presente projeto de pesquisa tem como objeto duas diferentes versões de narrativa juvenil de Lygia Bojunga: a primeira delas é a obra 7 Cartas e 2 Sonhos, publicada em 1982, contando com reproduções de nove telas de Tomie Ohtake; a outra é O Meu Amigo Pintor, trazida a público em 1987, já sem as referidas telas reproduzidas. Investiga-se o processo de criação artística decorrente do contato de Bojunga com as obras de Tomie Ohtake, verificando-se o diálogo entre aspectos visuais e verbais, presente na comunicação das pinturas com a narrativa de Bojunga, explícita pela presença dos dois tipos de signos na primeira versão e introjetada pelo uso exclusivo da linguagem verbal na segunda, quando Lygia Bojunga “repinta” a narrativa.Palavras-chave: Processo de criação artística, Interrelação de texto verbal e visual, Transformação de narrativas, Literatura juvenil
A construção da identidade portuguesa
Flávia Roveri (Iniciação Científica/USP)e-mail: flavia.mroveri@gmail.com
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: O projeto de mestrado, em elaboração, busca refletir sobre a identidade portuguesa, dentro de um recorte específico, o da experiência do retorno a Portugal, através da trajetória de dois personagens: Ricardo Reis, de O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago, e o jovem Rui, de O retorno, de
50Dulce Maria Cardoso. O primeiro romance, publicado em 1984, retrata o ano de 1936, momento de tensões políticas no cenário internacional, que antecedem a Segunda Guerra Mundial, com a ascensão e fortalecimento de governos fascistas e início da guerra civil espanhola. É também um ano importante na consolidação do projeto salazarista de concentração de poder e do uso da máquina propagandista a favor da imagem de que em Portugal tudo corria bem, enquanto as tensões políticas pareciam estar além das fronteiras do país. Por outro lado, O Retorno, de Dulce Maria Cardoso, publicado em 2011, retrata um período histórico posterior ao fim do salazarismo e da Revolução dos Cravos. Trata-se da história de um jovem adolescente nascido em Angola, cuja família retorna a Portugal após a independência do jugo colonial e do início dos conflitos que levaram à longa guerra civil, que marcou a história recente da ex-colônia portuguesa. Nosso objetivo é refletir como acontece o retorno dos protagonistas do romance, e como se dá a apreensão e contato com a realidade do país, apesar da diferença geracional existente entre eles (Ricardo Reis, segundo Fernando Pessoa, tem 48 anos, e Rui apenas 15), e das quatro décadas que, aproximadamente, separam os dois tempos históricos. Ou seja, nos dois casos, apesar das diferenças evidentes entre as propostas dos enredos dos romances, estamos diante de questionamentos a respeito da construção da identidade e da imagem da pátria.Palavras-chave: Retorno, Identidade, Portugal
O Egito sob domínio europeu: um olhar queirosiano
Giuliano Lellis Ito Santos (Pós-Doutorado/USP)e-mail: giuito@usp.br
Orientador: Helder Garmes
Resumo: Eça de Queirós morando na Inglaterra, centro do domínio colonial europeu, onde exercia função de cônsul, comentava as notícias para os leitores brasileiros, ou, mais especificamente, os cariocas. Nesse contexto, o escritor português demonstra um bom entendimento do imperialismo inglês, que está expresso significativamente em seu texto “Os ingleses no Egipto”, publicado em 1882 nas páginas da Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro. Através de uma leitura do enquadramento dado por Eça de Queirós ao conflito político-financeiro entre os ingleses e o Egito, pretende-se destacar a forma de tratamento do assunto e suas possíveis ligações com outros textos presentes no periódico carioca.Palavras-chave: Eça de Queirós, Texto de Imprensa, Gazeta de Notícias
51Mulheres (negras) escritoras: histórias que se cruzam
Ianá Souza Pereira (Doutorado/USP)e-mail: ianapsicolit@hotmail.com
Orientadores: José Moura Gonçalves Filho e Rejane Vecchia Rocha e Silva
Resumo: O trabalho discute as limitações de sexo (e também de cor) para a escrita de mulheres. O texto defende a ideia de que a literatura produzida por mulheres negras pode muito: pode nos ajudar a compreender melhor a condição da mulher negra na sociedade capitalista. Pode nos oferecer uma nova visão para entender o mundo em que vivemos. Pode nos dar consciência das muitas formas de naturalização das forças sociais que oprime negros e mulheres, graças as descrições poderosas da experiência, do que é ser mulher e negra numa sociedade de relações verticais. Pretendemos, portanto, problematizar questões de gênero e de raça. Levando em consideração os dados de sexo, cor e a escrita. Que escrita será essa?Palavras-chave: Mulheres, Raça, Escrita
Teoria política e representação literária
Jacqueline Kaczorowski (Mestrado/USP)e-mail: jacarandaroxo@gmail.com
Orientadora: Rita de Cássia Natal Chaves
Resumo: A comunicação busca apresentar uma breve leitura do romance Nós, os do Makulusu, do angolano José Luandino Vieira, dedicando especial atenção à formulação literária dada a alguns dos dilemas com que a teoria política produzida no continente africano se deparava no contexto representado na obra.Palavras-chave: Representação, Literatura Angolana, Teoria Política
Entre o visível e o invisível: a narrativa fantástica e a formação do leitor literário contemporâneo
Joana Marques Ribeiro (Doutorado/USP)e-mail: joana_marquesribeiro@yahoo.com.br
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: O projeto visa estudar o perfil do leitor literário e sua formação na pós-modernidade. Levando em conta as novas configurações da arte literária e a atividade de leitores que se formam hoje na fruição de objetos artísticos construtores de um ambiente insólito, fantástico e plurissignificativo contemporâneo, propomos analisar composições que refletem o conflito entre
52realidade e ficção, que problematizam os limites entre realidade e irrealidade ou que apagam esses limites. Para tanto, serão focalizados os aspectos implicados no procedimento de leitura do filme Matrix (1999) e das obras literárias As aventuras de Alice no País das Maravilhas (1965), de Lewis Carroll, A Metamorfose (1915), de Franz Kafka, e Ensaio sobre a cegueira (1995), de José Saramago. Nosso objetivo será contemplar os vários níveis ou camadas de leitura que devem ser realizadas pelo leitor tendo em vista a elaboração estética das obras selecionadas e compreender como se dão as manifestações do possível e do impossível e seus efeitos de sentido. Assim, poderemos apreender os tipos de habilidades sensoriais, perceptivas e cognitivas que estão envolvidas no processo da atividade leitora na contemporaneidade e observar em que medida tais narrativas são capazes de desenvolver um modo de ler o texto literário e, em consequência, o mundo circundante, essenciais à sensibilidade pós-moderna.Palavras-chave: Leitura, Literatura, Fantástico
Narrativa da espera no romance angolano contemporâneo, a propósito da escrita ao serviço da nação: uma leitura necessária
Joaquim João Martinho (Mestrado/USP)e-mail: jmartinho48@hotmail.com
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: O projecto pretende analisar sintomas caracterizadores da História em três escritores angolanos: Luandino Vieira, Boaventura Cardoso e José Luís Mendonça. Nossa propositura consiste em discutir como esses cultores ficcionam a memória colectiva angolana e aferir, sobretudo, o contexto de que emergem os loci enunciativos, já que o recurso à História pode constituir uma forma de rebater a nação. Partindo dessa hipótese de a escrita desses cultores se enquadra nesse ãngulo, adoptou-se um enquadramento metateorético comparatista, buscando a escrita literária como suporte mimético das obras elencadas. Por outro lado, interrogar as causas pelas quais os autores, em estudo, constroem a tessitura literária calcada no processo histórico-político angolano.Palavras-chave: Literatura, História, Nação
53O Romantismo goês: a obra do contista Júlio Gonçalves
José Antonio Pires de Oliveira Filho (Doutorado/USP)e-mail: antonio_piresoliveira@yahoo.com.br
Orientador: Helder Garmes
Resumo: A apresentação aqui proposta tem como objetivo um breve comentário da obra do autor romântico goês Júlio Gonçalves (1846-1896), a qual faz parte de um projeto mais amplo, que compreende um estudo sobre o conto em língua portuguesa no século XIX goês. Por questões estruturais, como outros autores da época, a produção do supracitado autor fora publicada por periódicos, no caso, a Ilustração Goana (1863-1866), sua obra compreende os contos “Traição – romance original”, “Amar por Comissão” e “Aventuras de um Simplício”. A análise dos textos deste escritor, cuja distância dos centros literários de prestígio, associada a uma dicção romântica nelas presente, resulta em um olhar particularmente diverso sobre a conjuntura cultural goesa do século XIX. A articulação teórica comparada e pós-colonial, tal como apresentada por Tânia F. Carvalhal (1998) bem como de Homi K. Bhabha (2007) e Edward W. Said (1990), pode ser uma ferramenta pertinente para averiguar as relações entre os contos e suas condições sociais de produção e recepção. Além do aspecto de discorrer sobre uma lógica interna ao contexto goês, há de se observar o diálogo com as produções externas, pertencentes ao mundo de língua portuguesa, os quais não passavam ao largo dos autores goeses como Júlio Gonçalves. Neste ponto que a análise descrita por Abdala Junior (2007), sobre a série em português torna-se muito útil para este trabalho, que se orienta pelo olhar localista bem como as possibilidades de observar diálogos e contrapontos na série em língua portuguesa.Palavras-chave: Literatura Comparada, Literatura Goesa, Estudos pós-coloniais
As dimensões do orientalismo anteriano
José Carvalho Vanzelli (Doutorado/USP)e-mail: jose.vanzelli@usp.br
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: Pensar o orientalismo português da segunda metade do século XIX envolve refletir também sobre duas questões intrínsecas à história e à literatura lusitana: religião e império. Pois, se por um lado, o orientalismo português foi um reflexo um pouco tardio da temática em voga desde o final do século XVIII nos grandes centros europeus, por outro, foi utilizado como uma forma de interpretação de Portugal, sua política, sua história e seu pensamento. Atentar para tal fato nos leva diretamente à figura de Antero de Quental (1842-1891), considerado juntamente com Eça de Queirós um dos primeiros nomes a resgatar
54o interesse pelo Oriente nas Letras Portuguesas. O orientalismo anteriano é lido principalmente a partir das reflexões do poeta em relação à fé budista, ganhando especial destaque o pensamento de seus últimos anos de vida. Entretanto, desde o início da década de 70, seu período mais combativo, Antero olha para o “Leste” para entender sua pátria e seu tempo. Deste modo, para esta apresentação, intencionamos discutir de que maneira o Oriente se faz presente nos escritos de diversos momentos da vida intelectual do autor de Odes Modernas, procurando entender quais as dimensões do pensamento orientalista de Antero e de que modo ele aparece como consequência de uma tendência europeia ou como fonte de interpretação de Portugal e do século XIX.Palavras-chave: Antero de Quental, Oriente, Budismo
O processo de construção identitária em uma abordagem materialista histórica da obra Hibisco roxo de Chimamanda Ngozi
Adichie
Juliana Sant´Ana Campos (Doutorado/USP)e-mail: julianascampos@yahoo.com.br
Orientadora: Rejane Vecchia Rocha e Silva
Resumo: A literatura se nutre da realidade para agir sobre ela, em um real processo simbiótico. Contudo a criação literária, apesar de corresponder a certas necessidades de representação do mundo, socialmente condicionada, também tem a liberdade de dar ingresso ao mundo da ilusão e se transformar em algo dialeticamente empenhado, na medida em que não só suscita e explora uma visão do mundo (CANDIDO, 2011). É nesse sentido que Antonio Candido desenha o seu método analítico com um traçado de permuta literário-sociológico que será empregado neste trabalho que olha para o romance em análise como um processo de construção que responde a um sistema social-histórico que por sua vez também reage a essa obra, em um movimento cíclico. É a partir desse olhar que a narrativa Hibisco Roxo da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie será analisada. É dentro de uma conjuntura histórica com especificidades definidas que as personagens femininas do romance de Adichie se entrelaçarão e tensionarão com o universo masculino, para, a partir das tensões, ascenderem enquanto mulheres que apontam para rupturas nesses sistemas sócio-político-econômico-cultural em um processo de reconstrução do seu entorno em novas relações plurais de identidade. De que modo e como essas relações de tensão irão ocorrer dentro desse sistema e para qual caminho essas transformações estão apontando? São algumas das questões a serem trabalhadas nesta análise.Palavras-chave: Identidade, Processo, Sociedade e literatura
55Rui Knopfli: uma leitura de A Ilha de Próspero
Kelly Mendes Lima (Doutorado/USP)e-mail: kellyml333@gmail.com
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: A crítica costuma negar à poesia de Rui Knopfli (1932-1997) uma práxis negra e/ou uma moçambicanidade. No entanto, é possível encontrar em sua obra ao menos uma vertente preocupada com a situação de seu país e suas pessoas, que configura um discurso desestruturador ou questionador do “oficial” colonialista. A lha de Próspero (1972) será o caminho para argumentarmos nesse sentido. Palavras-chave: Rui Knopfli, Literatura moçambicana, Discurso colonial
Relações literárias entre Brasil e Goa no século XIX: o caso de Francisco João da Costa
Kouassi Loukou Maurice (Doutorado/USP)e-mail: loukou.maurice@usp.br
Orientador: Helder Garmes
Resumo: A presente comunicação pretende mostrar as relações literárias entre Brasil e Goa no século XIX e sobretudo enfatizar o caso do escritor goês Francisco João da Costa, também conhecido por Gip. Sua obra intitulada Jacob e Dulce: scenas da vida indiana (1896), pouco conhecida e estudada hoje, teve, naquela época, uma recepção crítica no Brasil.Palavras-chave: Literatura goesa, Goa, Brasil
Experiências Históricas e Literatura em Moçambique: Suleiman Cassamo e Ungulani Ba Ka Khosa
Laiz Colosovski Lopes (Mestrado/USP)e-mail: laiz.colosovski@gmail.comOrientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: A presente comunicação tem por finalidade discutir algumas questões estéticas pertinentes à obra O Regresso do Morto, de Suleiman Cassamo, e verificar como suas elaborações literárias podem dialogar com os ideais da FRELIMO expressas em alguns discursos de Samora Machel proferidos logo após a independência, como “A Libertação da Mulher” e “Educar o Homem para Vencer a Guerra”. As reflexões apresentadas fazem parte da pesquisa de mestrado
56em andamento. A pesquisa em questão analisa como duas obras literárias moçambicanas – O Regresso do Morto (1989), de Suleiman Cassamo, e Orgia dos Loucos (1990), de Ungulani Ba Ka Khosa – dialogam com as experiências históricas do processo de libertação em Moçambique. Ambos os livros são compostos por contos que, para além das inúmeras diferenças estéticas entre si, também apresentam formulações literárias que permitem reflexões bastante diversas sobre o projeto de nação criado e difundido pela FRELIMO. Neste sentido, podemos observar que as narrativas que compõem a obra de Suleiman Cassamo parecem estar em consonância com as ideias de nação revolucionária propostas pela FRELIMO durante o processo de libertação e após a independência do país. Através de uma linguagem híbrida entre a Língua Portuguesa e a Língua Ronga, Cassamo cria uma atmosfera utópica e poética ao longo de seus contos que parece reforçar as próprias utopias das propostas da FRELIMO. Sendo assim, é possível observarmos uma série de paralelos entre o texto literário e os discursos políticos de líderes da FRELIMO como, por exemplo, Samora Machel.Palavras-chave: Literatura, Moçambique, História
Narrativas de esgotamento nas escritas africanas de autoria feminina
Larissa da Silva Lisboa Souza (Doutorado/USP)e-mail: lari.lisboa@gmail.com
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: O projeto propõe-se como um estudo comparado de quatro obras artísticas de autoria feminina, Ninguém matou Suhura (MONPLÉ, 1988), Ventos do Apocalipse (CHIZIANE, 1999), Butterfly Burning (VERA, 1998) e Contours du jour qui vient (MIANO, 2009). A partir das reflexões sobre o conceito de modernidade reflexiva (GIDDENS e BECK, 1995), consoante com as perspectivas niilistas do pensamento contemporâneo sobre o continente africano (MONGA, 2010), a análise tem como objetivo a compreensão do apagamento das visões utópicas, com base nos textos publicados no final do século XX, e no início do século XXI, entendendo-os enquanto narrativas de esgotamento.Palavras-chave: Literatura, Modernidade reflexiva, Esgotamento, África, Mulher
57Moçambique em perspectiva através de As Visitas do Dr. Valdez
e As Duas Sombras do Rio, de João Paulo Borges Coelho
Laurinda Aparecida Maiorquim Gomes da Silva (Mestrado/USP)e-mail: laugomes@usp.br
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: O estudo comparativo dos romances As Visitas do Dr. Valdez (2003) e As Duas Sombras do Rio (2004) permite-nos observar uma “heterogeneidade cultural” (e política) que precisa ser bem compreendida. Para tanto, temos as relações sociais configuradas nos romances, relações estas que se abrem a partir de Vicente em As Visitas do Dr. Valdez e Leónidas em As Duas Sombras do Rio, e que se configuram como manifestações simbólicas de uma “dominação política [...] acompanhada de uma dominação cultural”. No ritmo da sucessão temporal orquestrado por uma variedade de pontos de vista, é possível observar que as narrativas, tingidas pelos dramas vividos por aqueles que não tinham a perspectiva de futuro demarcada pelo discurso do “homem novo”, assumem uma tonalidade dominante, na qual se destaca “relações que não são simples, no entanto – relações de explorador à explorado, de dominante à dominado –, em razão da falta de unidade da sociedade colonizada e sobretudo do caráter radicalmente heterogêneo que ela anima”. Nesse sentido, João Paulo Borges Coelho, escapando às periodizações essencialmente cronológicas, posto que são fragmentárias, não iluminando, assim, o movimento orgânico dos acontecimentos históricos, restringindo-se a demarcá-los, adequou a técnica à construção das narrativas a fim de alcançar alguns efeitos, pois “cada tipo de estória requer o estabelecimento de um tipo particular de ilusão que a sustente”.Palavras-chave: Literatura, História, Moçambique
As vozes narrativas em antes de nascer o mundo: o diálogo entre Moçambique e Portugal
Léia da Silva Gomes Torres (Doutorado/UNEMAT)e-mail: leiagomes_mt@hotmail.com
Orientadora: Vera Maquêa Resumo: O presente artigo realiza análise comparativa na obra literária Antes de nascer o mundo, através de suas vozes narrativas. Mia Couto trabalha com duas vozes enunciadoras, construindo dois planos narrativos. O primeiro narrador é Mwanito e a segunda, Marta, a portuguesa. O dilema das personagens na narrativa nos remete ao dilema do povo moçambicano e na cumplicidade da construção narrativa entrelaçando oralidade e escrita. Temos também a representação das vozes do colonizado com Mwanito e do colonizador com Marta. Mwanito dialoga com a tradição e a cultura de origem do povo moçambicano, Marta, representa
58a influência da cultura colonizadora sobre a colônia. A obra coutiana apresenta a dualidade entre tradição e modernidade. Mia Couto resgata através da narrativa a história colonial de Moçambique, no confronto entre memória e identidade. Nessa reconstrução identitária as vozes narrativas se ressignificam, fundindo a cultura europeia e a cultura moçambicana. Nessa nova fronteira temos o lugar do interdito, no surgimento de novas identidades, as quais são constituídas de rastros identitários dos povos portugueses e moçambicanos. Apresenta-se nesse contexto, uma nova ordem social e cada indivíduo que vive esse processo fica dividido entre a tradição e a modernidade, a oralidade e a escrita, o período colonial e o pós-colonial.Palavras-chave: Mia Couto, Vozes narrativas, Tradição, Modernidade
Recriações históricas em Herculano e Scott: A figura heroica do monarca
Leonardo de Atayde Pereira (Doutorado/USP)e-mail: leonardopereira81@usp.br
Orientador: Paulo Motta Oliveira
Resumo: O movimento romântico português, engendrado nas décadas de 30 e 40 do período oitocentista, foi herdeiro de uma tendência historicista que marcou a produção intelectual europeia desde o final do século XVIII. Alexandre Herculano como representante dessa atitude de revalorização do passado medieval soube dialogar com essa prosa “medievalista” europeia e reconfigurou temas e propostas estéticas para seus escritos historiográficos e ficcionais. Dentre a miríade de autores que foram lidos e traduzidos por Herculano, Walter Scott talvez seja aquele que mais caminhos forneceu para a cristalização dum modelo de narrativa ficcional histórica e duma visão “medievalizante” presentes nos escritos de Herculano. Na tentativa de mostrar aproximações entre as ideias que permeiam os textos desses dois autores, analisarei algumas soluções estéticas e interpretações históricas defendidas por Scott no seu Ivanhoé e por Herculano na sua narrativa histórica O Bobo. Para melhor alcançar meu objetivo interpretativo também trabalharei, ao longo do texto, com outros escritos desses autores, como alguns prefácios de romances escritos por Scott, entre eles o prefácio de Waverley, e textos historiográficos e ficcionais de Herculano, como as “Cartas sobre a História de Portugal”.Palavras-chave: Romance histórico, Romantismo, Idade Média
59Cecília Meireles de Ou isto ou aquilo e Liev Tolstói de Contos da
Nova Cartilha: aproximações em literatura e educação
Lívia Galeote (Mestrado/USP)e-mail: livia.galeote@gmail.com
Orientador: Ricardo Iannace
Resumo: O projeto pretende investigar a produção em literatura infantil de Cecília Meireles em Ou isto ou aquilo e de Liev Tolstói, nos livros de leitura (em particular, os Contos da Nova Cartilha produzidos a partir de 1850. As produções dos dois autores se aproximam na medida em que estes seus “constructos” apontam para preocupações com o aspecto literário dos textos, assim como trazem elementos da experiência de dois escritores no campo do magistério em épocas e sociedades diferentes.Palavras-chave: Cecília Meireles, Liev Tolstói, Literatura Infantil
Representações do negro: a poética de José Craveirinha em diálogo com o lusotropicalismo
Luana Soares de Souza (Doutorado/UNEMAT)e-mail: lusoares90@gmail.com
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: Os versos de José Craveirinha transbordam a luta e a resistência dos negros frente a colonização portuguesa. A leitura crítica sobre o mundo colonial é adotada como um exercício permanente de luta pela liberdade. É possível observar que essa leitura se choca com a ótica do sociólogo Gilberto Freyre, “pai” do lusotropicalismo, que inscreve a figura dos negros em uma relação pacífica com o branco colonizador. Enquanto o poeta pauta as dores e os antagonismos do processo colonial, inscrevendo a memória e a ancestralidade moçambicana como reafirmação da sua cultura, o sociólogo harmoniza os conflitos, propondo consenso entre negros e brancos. Neste trabalho busco colocar em dinâmica a poesia e a sociologia, buscando seus contrastes e suas formas de análise da realidade, considerando as representações do negro na poética de José Craveirinha e na análise sociológica de Gilberto Freyre, bem como as perspectivas de cada autor sobre a colonização portuguesa.Palavras-chave: Lusotropicalismo, Poesia, Negro
60As masculinidades nas instituições em Princesa
Luciana Miranda Marchini Ulgheri (Doutorado/USP)e-mail: lummarchini@gmail.com
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: O presente trabalho analisa a construção das masculinidades hegemônicas no âmbito das instituições família, igreja, escola e forças armadas no contexto da obra Princesa, de Fernanda Farias de Albuquerque. Ela, uma transexual brasileira, escreveu sua (auto)biografia com Maurizio Jannelli, um ex-membro das Brigadas Vermelhas, dentro de um cárcere romano. O livro foi publicado primeiro na Itália, fato que tem causado grande discussão sobre sua nacionalidade literária, que para nós figurará sempre num eterno “entrelugar”.Palavras-chave: Masculinidades, Instituições brasileiras, Princesa.
Masculinidade de Jaime Bunda
Luiz Carlos Loureiro de Lima Junior (Mestrado/USP)e-mail: loureiro2099@usp.br
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: A pesquisa tem como objetivo analisar a masculinidade e a desconstrução do seu estereótipo, pregado pela sociedade ocidental durante muitos anos, em Jaime Bunda, Agente Secreto do escritor angolano Pepetela, que parodia a literatura policial e o personagem James Bond do escritor inglês Ian Fleming, através da comparação entre os dois personagens apontando desde a sua rotina até seu papel na sociedade.Palavras-chave: Jaime Bunda, Masculinidade, Pepetela
Literatura colonial, trabalho e dominação: considerações sobre Brancos e Negros, de Guilhermina Azeredo (1956)
Luiz Fernando de França (Doutorado/USP; Docente/UFO-PA)e-mail: luizfernandodefranca@gmail.comOrientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: Neste trabalho, considerando as características da chamada “literatura colonial”, analiso a formalização do tema do trabalho no livro de contos Brancos e Negros, de Guilhermina Azeredo (1956). Procuro evidenciar, na avaliação dos textos que compõem obra, como os elementos narrativos em conjunto são articulados para estruturar discursos de promoção do trabalho sob a ótica do colonizador: defesa do “trabalho civilizador” e materialização de uma relação
61hierarquizada de trabalho. Assim, partindo das recorrências que envolvem a estrutura narrativa demonstro como formalmente o livro “louva” o trabalho dos colonos brancos, subalterniza os trabalhadores africanos e, por tabela, constitui-se como evidente instrumento de dominação e propaganda da própria colonização.Palavras-chave: Literatura colonial, Contos, Trabalho, Colonos
A solidão do Astronauta: a representação cultural nas HQs
Márcia de Souza Ravaglio (Mestrado/USP)e-mail: marcia.souza@usp.br
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Em 2012 a editora Panini publica a Graphic Novel Magnetar de Danilo Beyruth, uma revista em quadrinhos em formato de luxo com edição especial em capa dura, com uma nova releitura do personagem Astronauta, criado por Maurício de Sousa em 1963, visando o mercado adulto e internacional, segundo Sidney Gusman editor da Maurício de Sousa Produções (TELÓ 2016). Contudo a diferença entre uma publicação pensada para a criança e outra para o adulto vai além da forma, há diferenças estéticas e estilísticas influenciadas por questões sociais, como moralidade, intencionalidade e permeabilidade. Segundo Will Esiner, para se contar uma história, o perfil do leitor – sua experiência e características culturais – tem de ser levado em conta antes que o narrador possa contar a história com sucesso, pois uma boa comunicação depende da memória, experiência e do vocabulário visual do próprio narrador (EISNER 2013). Uma das coisas que diferencia a HQ para criança da HQ para adulto é a escolha de como trabalhar o nível ou estrutura de realidade, em 1963 Maurício de Souza cria um universo Maravilhoso e o Alegórico para o personagem, já em 2012 a interpretação de Danylo Beyruth, traz um confronto entre o Realismo-maravilhoso, onde o universo ficcional é criado com base na realidade e o maravilhoso está pautado em uma especulação realista do conhecimento lógico e científico, e o Estranho ou Unheimtich, que gera a fobia a partir das coisas comuns e familiares, em um conflito do individuo consigo mesmo e que vai criar uma tensão entre a razão e a loucura, pondo a prova o herói romântico, ápice do homem civilizado e racional. As inumeras diferenças de formas e estilos colaboram para ampliar o contrato entre leitor e universo criado.Palavras-chave: Literatura Infantil/Juvenil, História em Quadrinhos, Astronauta
62A desconstrução da propaganda salazarista em O ano da morte
de Ricardo Reis
Márcio Aurélio Recchia (Mestrado/USP)e-mail: marciorecchia@hotmail.com
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: Minha pesquisa de mestrado consiste em comparar os seguintes objetos de estudo: o filme Fantasia Lusitana (2010), de João Canijo, e o romance O ano da morte de Ricardo Reis (1984), de José Saramago. Tanto o filme quanto o romance utilizam recursos diversos para desconstruir a imagem de um Portugal perfeito e harmônico, apregoado pela propaganda salazarista. Todavia, como proposta para apresentação neste encontro, gostaria de trazer algumas considerações relacionadas ao romance de Saramago e de analisar como a falsa imagem harmônica do país é desconstruída. A narrativa se desenvolve entre 29 de dezembro de 1935 (data de chegada de Ricardo Reis a Portugal) e 8 de setembro de 1936 (data da Revolta dos Marinheiros no Tejo, quando Ricardo Reis desaparece, conforme revela o título do romance). É um período turbulento, em que os movimentos nacionalistas e fascistas crescem na Alemanha, Itália e em Portugal, e que a guerra civil espanhola está prestes a eclodir. Este cenário de apreensão e insegurança se prolifera por toda a Europa. Em Portugal, dirigido pela “mão de ferro” de Salazar, procura-se controlar as notícias veiculadas pelos meios de comunicação, utilizando-se para isso do jornal, do rádio e do cinema panfletários. Além disso, o regime emprega esses mesmos meios para disseminar a ideia de um panorama aprazível, que apregoa que a população goza de paz e segurança. Ademais, corroborando com o ideal nacionalista, exalta as conquistas passadas, vangloria-se do débil império ultramarino e supervaloriza os usos, costumes e produtos nacionais. Não apenas a ausência de mais três lustros de seu país, mas também este contexto contraditório em que a personagem Ricardo Reis foi inserida fará com que a mesma busque compreender, sobretudo através dos periódicos manipulados, o que está acontecendo em seu entorno.Palavras-chaves: Salazarismo, Estado Novo Português, O ano da morte de Ricardo Reis
Autonomia literária: um caminho que desvenda a cultura brasileira
Maria da Conceição José de Sousa (Mestrado/UNEMAT)e-mail: c.conceicao52@hotmail.com
Orientador: Dante Gatto
Resumo: O trabalho consiste em fazer uma abordagem e, de certa forma, uma comparação de como a busca da autonomia literária deu-se desde a independência do Brasil, percorrendo pelos projetos literários que se acentuou
63no romantismo, até o modernismo com a publicação de Macunaíma. Tendo, portanto, o intuito de elucidar as contribuições de Mário de Andrade para o “entendimento” da cultura brasileira, uma vez que, ele “teria teorizado” a literatura em função do “nacionalismo estético”.Palavras-chave: Autonomia literária, Cultura, Mário de Andrade
Vinil verde e Os lobos dentro das paredes: o medo e as ausências entre telas e páginas
Maria de Lourdes Guimarães (Doutorado/USP)e-mail: lou.guimaraes@usp.br
Orientadora: Maria Zilda Cunha
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo sintetizar o estudo que vem sendo realizado no desenvolvimento da tese que, sob uma perspectiva comparatista, analisa duas obras de diferentes suportes: o curta-metragem Vinil Verde, de Kleber Mendonça, e a narrativa gráfica Os Lobos dentro das Paredes, de Neil Gaiman, com enfoque na construção do medo e do sobrenatural pelo viés das ausências. A ausência, que é um dos traços marcantes nessas duas obras, se apresenta de diferentes maneiras, sendo revelada pela falta de identificação dos personagens, pela incomunicabilidade, pelos locais esvaziados, e também se faz presente no trânsito pelo entre-lugar e por seus espaços incomuns, entre outros. Cada um dos suportes se utiliza de seus recursos estéticos próprios para dimensionar o vazio, a incomunicabilidade, o silêncio, a melancolia, a perda (seja ela física ou psicológica). As ausências, somadas a existência de maldições e ameaças sombrias amplificam o clima insólito e assustador. Esse estudo permite, ao comparar suportes diferentes, como um livro e um curta-metragem (uma obra audiovisual), tecer uma reflexão sob uma perspectiva multidisciplinar, uma vez que as obras analisadas englobam literatura, cinema, quadrinhos e artes plásticas (artes que dialogam com o corpus desse trabalho), e analisar como os recursos estéticos de cada suporte podem dimensionar o medo e o sobrenatural revelados pelas ausências e estranhamentos.Palavras-chave: Literatura infantil e juvenil, Medo, Ausência
A narrativa das secas- uma comparação entre os romances Vidas Secas, Os Flagelados do Vento Leste e Famintos
Maria Luzia Carvalho de Barros Paraense (Doutorado/USP)e-mail: luuzeabarros@hotmail.com
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: A comunicação busca comparar a vozes narrativas dos romances Vidas Secas, de Graciliano Ramos, Os Flagelados do Vento Leste, de Manuel Lopes
64e Famintos, de Luís Romano afim de observar as estratégias dos três autores para realizar seus romances. Acreditamos que, a proximidade temática da seca e da fome que as enlaça possibilita encontros, mas também distanciamentos, de acordo com a intenção de seus autores, o que resulta em uma gradação nas intensidades das cenas forjadas pelos autores.Palavras-chave: Voz narrativa, Seca, Cena
No cárcere com José Craveirinha e Frei Caneca
Maria Nilda de Carvalho Mota (Doutorado/USP)e-mail: duppr9@gmail.com
Orientadora: Vima Lia de Rossi Martin
Resumo: Entre José Craveirinha e João Cabral de Melo Neto, o cárcere. Nesta comunicação faremos uma análise comparativa entre os livros Cela 1 (Craveirinha) e Auto do Frade (João Cabral) sob a perspectiva da desumanização vivenciada pelas personas/personagens ao longo das obras citadas. Veremos ainda como o poema torna-se arma e ferramenta de resistência ante a expropriação do humano por parte dos agentes da justiça.Palavras-chave: Cárcere, José Craveirinha, João Cabral de Melo Neto
Formação continuada para o ensino das africanidades
Maria Paula de Jesus Correa (Mestrado/USP)e-mail: maria.jesus@usp.br
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: O presente texto tem por objetivo apresentar o trabalho de Iniciação Científica “Elaborando projetos pedagógicos para uma educação das africanidades”, publicado no site do NAP Brasil-África. O trabalho, que está organizado em dois módulos – um para formação teórica e outro com sugestões de projetos para a aplicação em sala de aula –, pretende contribuir para a formação continuada dos professores de língua portuguesa da educação básica, tendo em vista a Lei 11.645/08.Palavras-chave: Lei 11.645/08, Formação continuada, Africanidades
65O cinema africano de Língua Portuguesa e os critérios de sua
historiografia
Marina Oliveira Felix de Mello Chaves (Mestrado/USP)e-mail: marina.felix@usp.br
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: Esta pesquisa tem como objeto de estudo o cinema africano de língua portuguesa. O trabalho parte de um projeto realizado anteriormente, que consistiu no levantamento dos filmes produzidos nos cinco PALOP – Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. A partir dos dados obtidos com este levantamento, é possível refletir sobre o processo histórico em que está inserida esta produção e ainda pensar na atuação dos filmes – e em como fazer uma seleção destes filmes – nesta história. A partir da década de 60, o cinema realizado na África exerceu um papel ativo junto às lutas pela libertação do colonialismo. Além de registrar os combates, os filmes assumiram o cargo de instruir o povo e disseminar os ideais revolucionários que agitavam as independências. Não havia, antes disto, uma estrutura cinematográfica que propiciasse a produção de filmes próprios e independentes; sob o domínio de Portugal, a produção se restringia basicamente a propagandas coloniais. Por isso, foram convidados cineastas estrangeiros para ajudar a desenvolver o cinema nestes países e até hoje os recursos de outros países (sobretudo europeus) são essenciais para a viabilização e manutenção das atividades cinematográficas. É um verdadeiro esforço conhecer este cinema. As informações são bastante dispersas e pouco divulgadas. Por isto, este trabalho tem o importante intuito de encontrar, concentrar e organizar os dados referentes a estes filmes. É também complexa a tarefa de definir concretamente os parâmetros do cinema nacional destes países. Desta forma, serão analisados os processos de formação destes cinema, procurando, enfim, estabelecer uma maneira sistemática de defini-lo.Palavras-chave: Cinema africano, Guerras coloniais, Historiografia
O primeiro amor e a cantadeira: a modernidade como estratégia discursiva em Ana Miranda e Mia Couto
Marluci Cristina da Silva Demozzi (Doutorado/UNEMAT)e-mail: marlucidemozzi@gmail.com
Orientador: Vera Maquêa
Resumo: O presente artigo se propõe a uma reflexão sobre as estratégias discursivas de dois escritores na virada do século XX. O objetivo é apresentar a forma como as influências sejam elas culturais, históricas ou folclóricas são retratadas e as estratégias utilizadas para dar vida aos contos. Neste sentido
66o conceito de Benjamin Abdala Junior aparece de forma sugestiva para encontrarmos e discutirmos a modernidade como estratégia discursiva na intelectualidade literária. As estratégias narrativas utilizadas tanto por Mia Couto como Ana Miranda provoca a idéia do ser melancólico e lírico mediante as situações do cotidiano que proporciona e (re)cria estruturas amorosas envolvidas nas experiências dos personagens e aproxima os escritores pela maturidade em discutir as relações entre arte e a linguagem de forma encantadora e ao mesmo tempo explora as culturas de dois países de língua portuguesa. O conto “O primeiro amor” de Ana Miranda e “A cantadeira” de Mia Couto trabalham com a (re)descoberta da língua com traços de suas origens e mergulham no encantamento do fazer literário através de realidades encontradas pelo caminho. O comparativismo destes contos explora o lado poético de ambos os autores e nos convidam a discutir a simplicidade dos temas através de estratégias discursivas própria do escritor na modernidade.Palavras-chave: Estratégia discursiva, Ana Miranda, Mia Couto
Graciliano Ramos: os dilemas da consolidação de um capitalismo dependente
Miguel Makoto Cavalcanti Yoshida (Doutorado/USP)e-mail: mmcy@usp.br
Orientador: Benjamin Abdala Junior
Resumo: A presente comunicação é fruto de pesquisas parciais da nossa tese de doutorado, que tem como objeto uma análise comparada de Angústia, de Graciliano Ramos e Uma abelha na chuva, de Carlos de Oliveira. Buscaremos analisar aspectos como alguns aspectos da realidade brasileira dos anos 1920-1930 se internalizam em Angústia se constituindo como elementos organizadores da narrativa. Para nós, essa obra formaliza as contradições provenientes do rearranjo das classes dominantes; a manutenção do padrão de dominação de classe, marcado no Brasil pela tradição autocrática; a perspectiva de futuro bloqueada, devido ao caldo de cultura fascista que ganhava espaço no país; etc. A lógica e ritmo do capitalismo dependente estão presentes no plano formal da obra que utiliza técnicas narrativas como o monólogo interior, o fluxo de consciência, a construção em abismo desenvolvidas, sobretudo, pelas vanguardas estéticas. Tais técnicas se desenvolvem com vistas a um mergulho na subjetividade dos personagens, desvinculando-os, em alguma medida da realidade que os circunda. Contraditoriamente, em Angústia, estas técnicas alcançam justamente a força desmistificadora da realidade.Por outro lado, as particularidades de consolidação do capitalismo em Portugal serão a matéria social a ganhar forma na obra de Carlos de Oliveira. Em Uma abelha na chuva, a narrativa se organiza em torno das tensas relações estabelecidas entre diferentes classes sociais em uma província em Portugal, principalmente
67entre a burguesia e a aristocracia, representadas pelo casal Álvaro Silvestre e D. Maria dos Prazeres, mas se estendendo também à relação com os trabalhadores e camponeses. O ganho formal nesta obra, inserida no neorrealismo literário português se assemelha ao mencionado anteriormente com relação a Angústia.Palavras-chave: Realismo, Capitalismo dependente, Fascismo
Representação e representatividade: o lugar da literatura na equação do racismo
Nara Lasevicius Carreira (Mestrado/USP)e-mail: nara.carreira@usp.br
Orientadora: Rosangela Sarteschi
Resumo: Com o objetivo de compartilhar o percurso da pesquisa de mestrado que busca pensar, sob a perspectiva da lei 10.639/03, alterada pela 11.645/08, estratégias de ensino de literatura que contribuam para a construção e o fortalecimento da autoestima de crianças e adolescentes negras e para a reflexão sobre alteridade e branquitude entre crianças e adolescentes brancas, esta comunicação apresentará o que tem sido levantado quanto à representação de personagens negros e brancos em uma seleção de textos literários, dada a limitação do trabalho, mapeando a obra de José de Alencar, Lima Barreto, Conceição Evaristo, entre outros autores. Na etapa seguinte da pesquisa, a análise do corpus - e as intervenções que dele podem surgir - será orientada pelo debate histórico promovido sobretudo por Clóvis Moura; pela discussão pedagógico-literária fomentada por bell hooks, Kabengele Munanga, Nilma Lino Gomes, Eduardo Assis Duarte, entre outros; e pela contribuição da psicologia social, na perspectiva do entendimento do racismo como causador de um “mal-estar psíquico”.Palavras-chave: Literatura e educação, Racismo e branquitude, Autoestima e autoconceito
A feição social do narrador em Predadores, de Pepetela
Osvaldo Sebastião da Silva (Doutorado/USP)E-mail: osvaldosilva@usp.br
Orientadora: Tania Celestino de Macedo
Resumo: Desde as primeiras linhas do livro, o narrador de Predadores irrompe em cena, não raro como parte interessada. Ao embuste do introito policialesco, cuja desfaçatez salta aos olhos, soma-se a derrisão da cultura literária do leitor, a arrogância e a arbitrariedade transvestidas de zelo profissional, bem como
68um show de autopromoção desabrida. A impressão que fica é a de que, a todo o momento e custo, ele disputa os holofotes com o protagonista, transpondo in orato os desmandos perpetrados por Vladimir Caposso in actu. Em lugar de mero entretenimento narrativo, as intrusões implícitas e explícitas do narrador antes parecem constituir um dos eixos formais do romance, consubstanciando-se na estilização de disposições de conduta próprias à ordem social angolana contemporânea. Palavras-chave: Narrador, Predadores, Ordem social angolana contemporânea
O deslocamento e a orfandade nas obras Livro, de José Luis Peixoto, Os Malaquias, de Andrea Del Fuego e Central do Brasil,
de Walter Salles
Paula Fábrio (Doutorado/USP)e-mail: paulafabrio2@yahoo.com.br
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: As migrações e deslocamentos de indivíduos (e populações) são temas figurados em diversas narrativas de ficção e, por conseguinte, os contextos socioeconômicos que possivelmente suscitaram tais movimentos são (re)pensados nas obras, cuja produção pode concorrer para conformar uma discussão mais ampla sobre essas questões. Este pré-projeto de pesquisa propõe a comparação de dois romances e um filme que abordam a temática do deslocamento e, ao mesmo tempo, representam a orfandade como um dos fatores determinantes para essa condição. Por meio da análise do deslocamento dos personagens no espaço, objetivamos observar as aproximações e os distanciamentos estéticos entre as obras, assim como suas prováveis ligações e relações com os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais dos países onde foram produzidas – Brasil e Portugal. Palavras-chave: Orfandade, Espaço, comparatismo Interartes
Um estudo sobre a violência contra a mulher a partir da ótica do agressor em o remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãe
Penélope Eiko Aragaki Salles (Mestrado/USP)e-mail: penelope.eiko@gmail.com
Orientadora: Aparecida de Fátima Bueno
Resumo: A violência contra a mulher, que esteve sempre presente ao longo da história, se caracteriza por ser questão que permanece recorrente na sociedade atual. O presente trabalho pretende analisar como a violência contra mulher
69é construída no romance do escritor português valter hugo mãe (o nome do romance, do autor e dos personagens constam em letras minúsculas conforme as edições publicadas do livro), o remorso de baltazar serapião, e investigar se os elementos fantásticos e grotescos presentes na obra são utilizados como estratégias formais e estilísticas para ressaltar a violência contra a mulher.Palavras-chave: valter hugo mãe, Mulher, Romance
A poesia cabo-verdiana: Corsino Fortes, Arménio Vieira e Filinto Elísio
Raquel Aparecida Dal Cortivo (Doutorado/USP)e-mail: raqueldalcortivo@gmail.comOrientadora: Simone Caputo Gomes
Resumo: José Luís Hoppfer Almada afirma que a preocupação identitária na literatura cabo-verdiana foi responsável por certa “monocultura literária” (2010, on-line). Entretanto, conforme aponta o autor, para além dos dilemas e temas locais, outras preocupações também figuram na mente dos autores e diversificam a literatura contemporânea em Cabo Verde. Desse modo, podemos divisar nesse horizonte poético modos diferentes de relação com a história do país, manifestados em diferentes experiências poéticas. Propomos a leitura comparada entre as obras dos poetas Corsino Fortes, Arménio Vieira e Filinto Elísio. As obras dos três autores por nós destacados da vasta produção poética cabo-verdiana configuram diferentes modos de resistência, cuja força centrípeta destaca elementos locais, particularizantes e individualizadores que, se por um lado coloca em foco a questão nacionalista (na literatura de Corsino Fortes), por outro, a ultrapassa (na poesia de Filinto Elísio). Tal força centrípeta, no entanto, entra em tensão com uma força centrífuga também metaforizada pela imagem da ilha, cujas fronteiras se abrem para o exterior; esta força afigura-se na literatura universal de Arménio Vieira.Palavras-chave: Poesia cabo-verdiana, Corsino Fortes, Arménio Vieira, Filinto Elísio
Amargos e proibidos frutos – o despontar de um empoderamento na poesia de Paula Tavares
Regina Margaret Pereira (Doutorado/USP)e-mail: reginamaje@gmail.com
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: Na década de 1980, em meio às guerras civis de Angola, a autora Ana Paula Tavares teve publicado seu primeiro livro de poesia, Ritos de passagem. Tal obra apresenta como uma de suas temáticas a sexualidade da mulher. O presente
70trabalho pretende analisar, de maneira breve, a forma como o universo feminino angolano é apresentado nessa que é a publicação inaugural da poeta. A metáfora dos frutos, sutil e delicada, faz-se presente em toda a obra para trazer ao campo literário uma mulher outra que, distante dos padrões sociais construídos nas sociedades urbana e rural, é detentora de força e desejos diversos. Ao trazer para a literatura uma temática marginalizada à época, a autora tece uma crítica às formas de opressão operadas pelos paradigmas machistas de organização social. Palavras-chave: Literatura, Sexualidade, Gênero e sociedade
Sociedade e política no teatro de Ariano Suassuna: Auto da compadecida, Farsa da boa preguiça, O santo e a porca e A
pena e a lei
Reila Márcia Borges Rodrigues (Mestrado/UNEMAT)e-mail: reilaborges@gmail.com
Orientador: Agnaldo Rodrigues da Silva
Resumo: O presente trabalho está respaldado nas questões de engajamento social e político do escritor Ariano Suassuna, atribuindo às suas peças um caráter essencialmente crítico, desse modo o corpus de interpretação e análise se trata de quatro peças teatrais do dramaturgo paraibano, a saber, Auto da compadecida, Farsa da boa preguiça, O Santo e a porca e A pena e a lei. O objetivo é partir dos textos cênicos para atingir uma reflexão sobre problemas sociais e políticos do país, principalmente da região nordestina. Dessa forma, a pesquisa encaminha num profícuo estudo envolvendo literatura e política, verificando como o escritor trabalhou esses aspectos em suas obras, identificando também como a cultura popular, sustentação principal de sua criação, pode ser essencialmente politizada, representando o “grito” do povo sufocado pelo descaso e pela desigualdade. O tema proposto como objeto de investigação nasceu de inúmeras leituras que transitam na literatura, arte, política e sociedade; partindo sempre das possibilidades dos textos teatrais de Suassuna, nesse aspecto, é preciso ressaltar que a obra não pode ser analisada somente através do contexto que a solidifica ou simplesmente pelo tema que desenvolve, mas também por seus valores estéticos. Portanto, os elementos internos e externos caminham numa conjectura harmônica e crítica, à medida que a estrutura da obra contempla os fatores que subjaz à vida social. Palavras-chave: Teatro brasileiro, Ariano Suassuna, Política
71A Força da Ilustração em Minsk, conto de Graciliano Ramos
Transformado em Livro para Criança
Ricardo de Medeiros Ramos Filho (Doutorado/USP)e-mail: rramosfilho@uol.com.br
Orientadora: Maria Zilda da Cunha
Resumo: Ao prestarmos atenção nas páginas da edição ilustrada de Minsk, obra de Graciliano Ramos trabalhada pela artista Rosinha Campos, somos levados a refletir sobre a força da imagem em livros destinados a crianças. O texto, originalmente publicado em coletânea de contos adultos, não foi pensado como trabalho destinado ao público infantil. Pelo contrário, a dramaticidade de uma história com final infeliz, em que a menina Luciana acidentalmente mata seu periquito de estimação, presente dado por tio Severino, ao caminhar distraidamente para trás, esquecendo-se de que o animalzinho costumava segui-la, faria com que afastássemos a hipótese de indicá-la aos pequenos leitores. Contudo, a força do texto, com todo o valor estético usualmente presente nos escritos do autor alagoano, bem como sua temática infantil, fizeram com que a possibilidade de transformação da obra adulta fosse aventada. Cores, imagens, movimentos sugeridos nas páginas, diagramação, capa e projeto gráfico (por Angelo Allevato Bottino), tudo isso poderia fazer com que a criança se interessasse por Minsk, lesse a história, aceitasse a fatalidade dela. Como resultado surgiu um livro ricamente editado, objeto de nossa análise neste presente estudo.Palavras-chave: Graciliano, Literatura infantil, Ilustração
Poesia em Moçambique: negação determinada do presente?
Rodrigo de Oliveira Antonio (Mestrado/USP)e-mail: rodrigo.oantonio@gmail.com
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: Pela análise comparativa da poesia de alguns dos autores fundamentais de Moçambique – Noémia de Sousa, José Craveirinha, Rui Knopfli e Mia Couto – e da produção difusa de poesia de combate dos anos 1970, abordaremos a problemática das temporalidades no exercício poético e as possibilidades da poesia como negação determinada do presente histórico.Palavras-chave: Moçambique, Poesia, Temporalidades
72Literatura Infantil e Educação no início do Século XX
Rogério Bernardo da Silva (Doutorado/USP)e-mail: robernar.doc@gmail.com
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Resumo: As relações entre a literatura infantil e a educação são sempre muito próximas. No início do século XX essas relações eram ainda mais estreitas, pois havia grande número de professores e pedagogos que produziam os livros destinados às crianças, obras muito mais caracterizadas por suas finalidades didáticas. As propostas educacionais do período, ainda embevecidas por princípios da educação jesuítica, ajudavam a configurar o contexto dessas publicações. Após os dois primeiros decênios, discussões e ações diferentes passaram a fazer parte do contexto social, político e educacional. Nessa nova configuração, outro tipo de publicação passou a ser construída e lida, dentro e fora da escola. Tratava-se da obra de Monteiro Lobato. Nesse sentido, propõe-se a apresentação de uma breve mirada sobre as articulações e diálogos entre educação e literatura infantil. Objetiva-se verificar as estratégias discursivas que permeavam os conflitos entre o estético e o utilitário na constituição dos primeiros textos literários destinados à infância no Brasil e como isso resultou ou não em literariedade.Palavras-chave: Literatura Infantil, Educação, Monteiro Lobato
Contradições sob a perspectiva de Nós, os do Makulusu, de Luandino Vieira
Rosana Baú Rabello (Doutorado/USP)e-mail: rosanabau@gmail.com
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: O trabalho propõe-se analisar o romance Nós, os do Makulusu, de Luandino Vieira, a partir de algumas das refrações que compõe um olhar sobre as contradições do período de ocupação colonial portuguesa em Angola e sobre a guerra de libertação. Essas refrações também permitem perceber algumas possibilidades dinâmicas do desenvolvimento histórico que levam em conta as tensões do momento de guerra e a dedução crítica sobre as tendências que aquela configuração histórica propunha. Assim, o romance proporciona um olhar para a frente que instiga a percepção orientada para o futuro com intuições objetivas associadas ao possível real e ao excedente de visão de seu autor-criador.Palavras-chave: Dialética, Historicidade, Excedente de visão
73A poesia de mulheres em tempo de libertação nacional
Roseleine Vitor Bonini(Mestrado/USP)e-mail: roseleinevitorbonini@gmail.com
Orientador: Mário Cesar Lugarinho
Resumo: O projeto de pesquisa que estou desenvolvendo, tem como objetivo investigar a obra de Noémia de Sousa. Pretendo entender quais são os processos que contribuem para as construções identitárias que se configuram no entrelaçamento das categorias de gênero e raça. Pretendo com isso, pensar nas reivindicações étnicas e de gênero e de como a experiência literária, pode atuar no processo de constituição dos indivíduos.Palavras-chave: Moçambique, identidade, Noémia de Sousa
Outros sais na beira mar de Filinto Elísio: um labiríntico mosaico de ficção poética
Rute Maria Chaves Pires (Doutorado/USP; Docente/UEMA)e-mail: rutepires2009@gmail.com
Orientadora: Simone Caputo Gomes
Resumo: Estudo sobre a construção multifacetada do romance Outros sais na beira mar (2010) do autor cabo-verdiano Filinto Elísio. Obra contemporânea de construção/desconstrução do próprio gênero narrativo quando mistura, história, poesia, crônicas, e-mails, fragmentos de um pensar e sentir a própria história, que se prolonga num verdadeiro mosaico de reminiscências ora lúdico, ora de engajamento social. Nessa perspectiva, justifica-se a proposta de bricolage, fragmentação e paródia, num espiralado jogo intertextual que fica explícito numa pluralidade de vozes reiteradas pelos quadros narrativos que vão sendo traçados ao longo da obra.Palavras-chave: Romance cabo-verdiano, Intertextualidade, Filinto Elísio
Entre a espera e a jornada: As representações do feminino na literatura infantil brasileira como metáfora social
Samira dos Santos Ramos (Mestrado/USP)e-mail: samiraramos@usp.br
Orientador: José Nicolau Gregorin Filho
Resumo: A pesquisa está inserida na área de Literatura Infantil e Sociedade e teve como objetivo compreender quais relações entre a sociedade e a literatura
74legitimam a representação dos valores de um povo através do conto popular; e como a literatura infantil se apropria dessa estrutura para formar a consciência crítica do leitor, através do questionamento, validação e de divulgação de novas proposições de valores, colaborando para a formação de espírito sobre o feminino em determinada época. Para tanto, realizou-se uma análise comparativa de obras que tinham como protagonista a figura de uma jovem princesa que se preparava para a vida adulta através de uma jornada em busca da identidade e da realização. O corpora é composto por A rainha e as irmãs, conto popular recolhido por Câmara Cascudo presente na obra Contos Tradicionais do Brasil (1955), Procurando Firme (1984) de Rute Rocha e Uma, duas, três princesas (2013) de Ana Maria Machado. A análise tem como aporte teórico a literatura de CÂNDIDO; COELHO; JOLLES; AZEVEDO; SCOTT; BIRMAN e LUNA. Verificamos que a função social, a linguagem e a ética interna do conto popular o configuram como um texto em que se torna possível a transmissão de valores abstratos como beleza, felicidade, virtude, bondade e maldade. E a possibilidade de atualização da narrativa por cada comunidade particularizam esses valores, tornando um conto universal e local ao mesmo tempo. Que a iniciação feminina à vida adulta que antes se configurava principalmente pelo movimento de espera passou a conjugar-se com a necessidade da jornada, antes prerrogativa masculina. Nas obras analisadas, houveram significativas mudanças nas relações entre a figura da princesa e a família, na preparação para a jornada e nos aspectos valorizados em cada jornada, acompanhando o discurso sobre o feminino em cada época e projetando-se sobre a prática da geração seguinte.Palavras-chave: Literatura Infantil, Feminino, Literatura popular
O retrato do colonialismo português em Ninguém matou Suhura
Silvaneide da Silva Costa (Mestrado/USP)e-mail: sil.amiga@yahoo.com.br
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: A obra, Ninguém matou Suhura: estórias que ilustram a História, escrita pela moçambicana Lília Momplé, traz sob o gênero do conto cinco narrativas que tratam da questão colonial portuguesa, no período de 1935 a 1974. A discussão em torno do gênero das narrativas é abordada por Moama de Lacerda Marques (2012), o que segundo ela, a escolha advém tanto pelas condições sociais e políticas do momento histórico, bem como da dificuldade de ordem editorial para publicar obras maiores. Quanto ao tema, pontuamos o que Francisco Noa (1999) ressalta a respeito, sobretudo, das literaturas moçambicanas estarem rompendo com a portugalidade manifesta nos textos coloniais. Observaremos como Lília Momplé ficcionalizou através de cinco micronarrativas aspectos importantes da história dos oprimidos tanto em Moçambique, quanto em Angola, inserindo um conto sobre esse último país, a nosso ver, para dar uma ideia de totalidade do que foi o colonialismo português no solo africano.Palavras-chave: Lília Momplé, Literatura e história, Conto moçambicano
75Na fronteira das crises: narrativas e representações do homem
cabo-verdiano
Sinei Ferreira Sales (Doutorado/USP)e-mail: sinei.sales@gmail.com
Orientadora: Simone Caputo Gomes
Resumo: Nesta comunicação, objetivamos apresentar e debater os conceitos de crise da narratividade e de crise da masculinidade hegemônica na prosa cabo-verdiana. Para isso, tomaremos os trabalhos de Evel Rocha (Estátuas de Sal – 2003; Marginais – 2010) e de Fernando Monteiro (Na roda do Sexo – 2009) como ponto de partida. Tal seleção não se dá de modo aleatório, sim, de modo sistemático, por serem as primeiras obras a trazer imagens e representações de personagens masculinas que não atendem aos padrões da masculinidade hegemônica, nem da heterossexualidade compulsória, incorporando ao corpo do texto gays e travestis, como figuras que denotam a decadência do Homem. O ponto de partida para discutir a crise das representações que os gêneros narrativos nos trazem vem de Walter Benjamin (1994) e seu texto seminal “A crise do Romance. Sobre Alexanderplatz, de Döblin”. Já para a discussão de gênero, nos apropriaremos das discussões da Teoria Queer.Palavras-chave: Crise da narratividade, Crise da masculinidade, Cabo Verde
Chinua Achebe e Castro Soromenho: compromisso político e consciência histórica em perspectivas literárias
Stela Saes (Mestrado/USP)e-mail: stelasaes@gmail.com
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: No exercício de comparativismo literário entre as obras Things fall apart, do escritor nigeriano Chinua Achebe (1958), e Terra morta, do angolano Castro Soromenho (1949), é possível estabelecer aproximações e distanciamentos que dialogam entre si e podem trazer reflexões relevantes para o estudo das literaturas africanas. Enquanto a primeira oferece uma visão inédita a respeito do funcionamento interno da sociedade Ibo na Nigéria diante da situação colonial, a segunda transparece as frágeis relações dos colonos portugueses nas instituições políticas, econômicas e sociais do império na região da Lunda em Angola. Já por esse aspecto, os romances convergem para um panorama em comum ao apresentarem o colonizado em Things fall apart quando o colonizador em Terra morta que não recaem em estereótipos das figuras coloniais, justamente por problematizarem questões internas e clivagens sociais e históricas. Assim, ao evidenciaram as fraturas internas, contribuem com a crítica sobre o sistema colonial ao mesmo tempo em que ajudam a construir outras visões históricas
76sobre o tema. Se, por um lado, os contextos sociais e históricos distanciam os escritores e seus produtos literários; os romances se aproximam não apenas pelas categorias narrativas de personagens e espaço, mas também pela posição político-ideológica assumida por seus narradores. A consciência histórica e o compromisso político diante dos fatos narrados estão presentes na representação literária como uma tentativa de entender o funcionamento e apresentar uma crítica aos diferentes processos coloniais.Palavras-chave: Literatura nigeriana, Literatura angolana, Chinua Achebe, Castro Soromenho, Literatura comparada
A rede literária de Timor-Leste
Suillan Miguez Gonzalez (Doutorado/USP)e-mail: suillan2009@usp.br
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: Constata-se certa ineficácia ou possível frustração na reconstituição da historiografia da literatura timorense devido às pausas e retomadas de publicações condizerem com a conturbada trajetória de formação e estruturação do Estado, cujo longo processo acarretou na morte ou na diáspora de grande parte da intelectualidade timorense. A proposta da rede literária de Timor-Leste consegue revelar um conjunto de obras e textos das Literaturas de Língua Portuguesa produzidos para contemplar uma causa e uma nação. Não se trata de inventariar todas as obras timorenses, acrescer as publicações sobre Timor para o montante significar a representatividade literária. O que se quer é propor uma maneira de ler o que seria uma fragilidade beirando a inexistência do sistema literário, para se pensar em Rede Literária de Timor e problematizar o trânsito e a permanência de vozes até então pouco conhecidas, porque o que se enxerga é, essencialmente, uma organização pela análise das relações. Para o caso da literatura timorense, a dimensão ou novidade de ser abraçada, entrecruzada e recepcionada por parceiros no ofício de colocar em evidência vozes até então abafadas pela negligência e complacência de todos, vai além ao resgatar desde a memória colonial até a retaliação indonésia pelo insucesso da imposição cultural. No movimento de aproximação entre literatas ou de literatas em relação ao povo de Timor, são declarados laços de irmandade, pactos de sangue e sentimento de pertença que não podem ser ignorados: a literatura foi o espaço eleito para a expressão disso. Palavras-chave: Literatura timorense, Rede, Solidariedade
77Literatura, Narrativas (jornalísticas) e Medicina
Suzie Marra (Doutorado/USP)e-mail: smarra@usp.br
Orientadora: Fabiana Buitor Carelli
Resumo: Esta comunicação parte da minha tese de doutorado, pretende fazer refletir sobre a responsabilidade das narrativas jornalísticas ligadas à medicina, buscando por meio da literatura comparada caminhos para que essa atividade discursiva – em sentido amplo – possa firmar-se em favor da saúde humana.Palavras-chave: Literatura, Narrativa, Saúde
Um olhar sobre Maria Luísa, de Lúcia Miguel Pereira
Tatiane Reghini Mattos (Doutorado/USP)e-mail: tatianereghini@gmail.com
Orientador: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: O trabalho buscará apresentar uma análise do romance Maria Luísa, de Lúcia Miguel Pereira, atentando principalmente para a constituição da voz narrativa e da protagonista do romance, a partir da contextualização da sociedade brasileira de meados do século XX e o papel designado a determinado grupo de mulheres. Palavras-chave: Literatura, Brasil, Escritoras
Do Estado Totalitário à Literatura: Sociedade e Política em Fazenda Modelo, de Chico Buarque e Animal Farm, de George
Orwell
Thainá Aparecida Ramos de Oliveira (Doutorado/UNEMAT)e-mail: thainaaroliveira@gmail.com
Orientador: Agnaldo Rodrigues da Silva
Resumo: Em meio aos episódios de guerras e regimes totalitários, ocorridos durante o século XX, houve a necessidade de repensar o papel da literatura; isso significa refletir se ela deveria expressar somente o belo ou atuar de maneira mais incisiva no contexto social. Este período apresentou diversas transformações nos setores político, econômico e social, tais alterações passaram a percorrer a literatura, pois esta não poderia mais exprimir apenas o estético, mas também apresentar sua função social. No bojo dessa discussão, o presente estudo tem por objetivo realizar uma leitura sobre as obras Fazenda Modelo: novela pecuária
78(1974), de Chico Buarque, e Animal Farm (1945), de George Orwell. Trata-se de produções alegóricas, construídas a partir de símbolos que se interligam com o cenário político da época em que foram escritas. Como procedimento teórico, recorremos aos pressupostos da Literatura Comparada, a fim de apontar as aproximações e distanciamentos entre essas produções, além das reflexões sobre a relação da arte literária com a sociedade. Palavras-chave: Fazenda modelo, Animal Farm, Literatura comparada
Desabrigo-Mundo: Narrativa no Século XXI
Tiago da Cunha Fernandes (Doutorado/USP)e-mail: tiagocfernandes@hotmail.com
Orientador: Mauricio Salles de Vasconcelos
Resumo: O presente projeto de pesquisa se articula a uma rede de autores e teorias situados na conjuntura da globalização econômica e na emergência do que pretendo investigar como cultura da mundialidade. Trata-se de investigar a transversalidade entre diversas áreas do saber na base da narrativa contemporânea, em sua proposição de formas autônomas de invenção e cognição. Centrada numa arqueologia do presente, segundo as premissas filosóficas de Agamben (Signatura Rerum. Sobre o método), a pesquisa propõe realizar um desbravamento cartográfico da narrativa como espaço de formulação conceitual traçada em compasso com as dimensões de saber existentes neste milênio. Interessa ao projeto abordar autores brasileiros pouco estudados, pautando-se nas noções de altermodernidade (Bourriaud), memória e testemunho não autoritários na América Latina (Achugar) e filosofia da relação (Glissant).Palavras-chave: Literatura, Teoria contemporânea, Literatura Comparada, Globalidade
Apontamentos sobre a crônica moçambicana: Nelson Saúte e Hélder Muteia cronistas
Ubiratã Souza (Doutorado/USP)e-mail: ubirata.souza@usp.br
Orientadora: Rejane Vecchia da Rocha e Silva
Resumo: A literatura moçambicana, desde suas origens mais remotas, contou com a imprensa como instrumento privilegiado de veiculação e instância de legitimação. Desde os irmãos Albasini, passando pelas revistas literárias (Msaho e Charrua, por exemplo), à dispersão de poemas em jornais e revistas até o protagonismo da Revista Tempo na década de 1980 (com sua Gazeta de artes e letras), a literatura moçambicana sempre esteve ligada às dinâmicas
79dos periódicos, e registradas na sua função estética atrelada às vicissitudes de seus respectivos tempos históricos. Na presente comunicação, objetiva-se à análise das configurações estéticas das crônicas de Hélder Muteia, reunidas no volume Nhambaro (1995), e de Nelson Saúte, reunidas no volume O apóstolo da desgraça (1996). Se é verdade que a crônica enquanto gênero literário oscila entre o registro ordinário de fatos do cotidiano e a possível ficcionalização livre do registro do tempo, então a crônica como gênero está a meio caminho entre a história e a literatura, entre o jornalismo e a ficção. Deste modo, ao empreender uma análise das crônicas moçambicanas presentes nos volumes referidos, pretende-se, a um só tempo, tocar aspectos relevantes da história e da literatura moçambicana da década de 1990.Palavras-chave: Literatura moçambicana, Crônica moçambicana, Literatura, História
Facetas: A imagem do Masculino em Maria Velho da Costa, Nelson Rodrigues e Tennessee Williams
Vanessa Rodrigues Thiago (Mestrado/USP)e-mail: vanessa.thiago@usp.br
Orientador: Mário César Lugarinho
Resumo: Este projeto de mestrado visa identificar e analisar figuras masculinas, as diferentes representações de masculinidades presentes nas peças teatrais Madame, da escritora portuguesa Maria Velho da Costa; Perdoa-me por me traíres, de Nelson Rodrigues e Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams, analisando as diferenças na representação de um personagem dramático e os tipos presentes nas três obras, buscando principalmente a visão desses sob a ótica feminina. A temática sexual, os julgamentos morais, a figura do machista centralizador e do chefe de família disposto a qualquer coisa para manter sua posição de liderança são constantes nessas obras, bem como a presença do amigo, o papel do homossexual e do homem romântico.Palavras-chave: Teatro, Masculinidades, Moral
Um Homem e seu Carnaval: notas sobre o motivo do Carnaval na lírica modernista brasileira
Victor Palomo (Doutorado/USP)e-mail: victorpalomo@uol.com.br
Orientador: Emerson da Cruz Inácio
Resumo: As figuras do Carnaval compõem imagens prevalentes nos manifestos e textos poéticos na aurora do projeto modernista brasileiro, como é possível
80documentar a partir do Manifesto Antropófago (1928) de Oswald de Andrade e poemas de Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia, Carlos Drummond de Andrade e outros autores. A presente comunicação pretende mencionar aspectos gerais do tema e analisar o poema “O Homem e seu Carnaval”, integrante do livro Brejo das Almas (1934), de Drummond.Palavras-chave: Carnaval, Modernismo, Drummond
O favor em A Mão do Finado e O Filho do Pescador: prefigurações do favor em Portugal e no Brasil
Yara Vieira de Souza (Mestrado/USP)e-mail: yfvieira@yahoo.com.br
Orientador: Paulo Motta Oliveira
Resumo: Tanto em Portugal, quanto no Brasil, o romance penetrou antes mesmo da existência de romancistas em tais países. Ao compararmos brevemente A Mão do Finado, do português Alfredo Hogan, e O Filho do Pescador, do brasileiro Teixeira Sousa, veremos que tais escritores, ao utilizarem a forma francesa do romance e conseguirem abarcar peculiaridades nacionais, como o favor, mesmo com algumas falhas, entregaram a seus leitores uma literatura inovadora.Palavras-chave: Favor, Literatura, Sociedade