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terapiaintravenosa
e infusões
terapiaintravenosa
e infusões
organizadoras
Maria de Jesus Castro Sousa HaradaMavilde da Luz Gonçalves Pedreira
Copyright © 2011 Yendis Editora Ltda.Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem a autorização escrita da Editora.
Editora: Dirce Laplaca VianaAssistentes de produção editorial: Bárbara Lorente, Gabriela Hengles, Marcelo Nardeli e Renata AlvesAssistentes de produção gráfica: Aline Gongora, Cristiane Viana e Felipe Hideki ImanisiSecretária editorial: Priscilla GarciaRevisão: Viviane ZeppeliniCapa e projeto gráfico: Cristiane VianaEditoração eletrônica: Nathalia BaroneApoio cultural e educacional:
As informações e as imagens são de responsabilidade dos autores.A Editora não se responsabiliza por eventuais danos causados pelo mau uso das informações contidas neste livro.O texto deste livro segue as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Impresso no BrasilPrinted in Brazil
Yendis Editora Ltda.R. Major Carlos Del Prete, 510 – São Caetano do Sul – SP – 09530-000Tel./Fax: (11) 4224-9400yendis@yendis.com.brwww.yendis.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)Terapia intravenosa e infusões / organizadoras Maria de Jesus Castro Sousa Harada, Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira. – São Caetano do Sul, SP:Yendis Editora, 2011.
Vários autores.ISBN 978-85-7728-220-3
1. Cuidados de enfermagem 2. Enfermagem – Práticas 3. Infusões 4. Terapêutica 5. Terapia intravenosa I. Harada, Maria de Jesus Castro Sousa. II. Pedreira, Mavilde da Luz Gonçalves. CDD-610.73611-08706 NLM-WY 150
Índices para catálogo sistemático:1. Terapia intravenosa : Infusões : Cuidados de enfermagem : Ciências médicas 610.736
OrganizadOras . V
Organizadoras Maria de Jesus Castro Sousa Harada
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Professora aposentada do Departamento de Enfermagem na disciplina de Enfermagem Pediátrica da Unifesp. Coordenadora da Câmara Técnica do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP).
Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira
Enfermeira Intensivista Pediatra. Doutora em Enfermagem. Pro-fessora adjunta da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Vice--coordenadora do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Unifesp. Pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Membro da Rede Brasileira de En-fermagem e Segurança do Paciente, polo São Paulo (Rebraensp-SP). Assessora da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Regional de Enfermagem de São Pau-lo (Coren-SP).
sObre Os autOres . VII
Sobre os autores Aline Santa Cruz Belela
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em En-fermagem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mestre em Ciências da Saúde pela Unifesp. Especialista em Enfermagem em Cui-dados Intensivos Pediátricos pela Unifesp. Membro do Grupo de Pes-quisa de Enfermagem em Segurança do Paciente, Cuidados Intensivos e Terapia Intravenosa em Pediatria (Segtec) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Ângela Simeone Godoy Levatte
Enfermeira. Especialista em Controle de Infecção Hospitalar. Membro da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente, polo São Paulo (Rebraensp-SP). Gerente de Enfermagem da Seisa As-sistência Médica.
Ariane Ferreira Machado Avelar
Enfermeira Pediatra. Doutora em Ciên cias e Mestre em Enferma-gem e pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Professora adjunta da disciplina de Enfermagem Pediátrica da Unifesp. Membro do Grupo de Pesquisa de Enfermagem em Segurança do Paciente, Cui-dados Intensivos e Terapia Intravenosa em Pediatria (Segtec) do Con-selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Membro da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente, polo São Paulo (Rebraensp-SP).
Carmen Ligia Sanches de Salles
Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Especialista em Administra-ção Hospitalar. Especialista em Controle de Infecção Hospitalar. Con-
VIII . terapia intravenOsa e infusões
sultora em Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde. Mem-bro da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente, polo São Paulo (Rebraensp-SP). Assessora da Câmara de Apoio Técnico do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP).
Carolina Jacomini do Carmo
Enfermeira. Mestranda em Ciências pelo Programa de Pós-gradua-ção da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Especialista em Enfermagem Pediátrica e Neonatal. Enfermeira da Pediatria Cirúrgica do Hospital São Paulo.
Daniella Cristina Chanes
Enfermeira. Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Especialista em Enfermagem em Oncologia Pediá-trica pela Unifesp. Membro do Núcleo de Enfermagem em Oncologia (NEO) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-nológico (CNPq). Membro do Grupo de Pesquisa de Enfermagem em Segurança do Paciente, Cuidados Intensivos e Terapia Intravenosa em Pediatria (Segtec) do CNPq. Assessora da Câmara Técnica do Conse-lho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP).
Denise Miyuki Kusahara
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em En-fermagem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mestre em Ciências pela Unifesp. Especialista em Enfermagem em Cuidados Intensivos Pediátricos pela Unifesp. Professora da disciplina de En-fermagem Pediátrica da Escola Paulista de Enfermagem da Unifesp. Membro do Grupo de Pesquisa de Enfermagem em Segurança do Pa-ciente, Cuidados Intensivos e Terapia Intravenosa em Pediatria (Seg-tec) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq). Membro da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente, polo São Paulo (Rebraensp-SP).
sObre Os autOres . IX
Dirce Laplaca Viana
Doutoranda pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Especialista em Gestão de Recursos Humanos na Saúde e em Administração dos Serviços de Saúde pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Especialista em Enfermagem Pe-diátrica pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Facul-dade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HC-FMUSP). Docente do Curso de Especialização em Enfermagem em Terapia In-tensiva Pediátrica e Enfermagem em Neonatologia pelo Centro Uni-versitário São Camilo. Diretora de Publicação e Comunicação Social da Associação Brasileira de Enfermagem, seção São Paulo (ABEn-São Paulo).
Dirceu Carrara
Enfermeiro. Mestre e Doutor em Ciências pela Faculdade de Medi-cida da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cardio-logia pela Escola de Enfermagem da USP. Enfermeiro-chefe da Uni-dade de Controle de Infecção Hospitalar do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Supervisor do Programa de Aprimoramento em Enfermagem em Controle de Infecção Hospitalar do HC-FMUSP. Membro da Câmara de Apoio Técnico do Conselho Regional de En-fermagem de São Paulo (Coren-SP). Membro do Conselho Curador da Infusion Nurses Society Brasil. Membro do Grupo de Pesquisa em Farmacologia e Terapia Intravenosa da Escola de Enfermagem da USP do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Elisabete Randoli Buosi
Enfermeira. Especialista em Pediatria – Modalidade Residência As-sessora Técnica da Linha de Acessos Vasculares pela Politec Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
X . terapia intravenOsa e infusões
Fábio Luís Peterlini
Médico. Cirurgião Pediatra. Mestre e Doutor em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Gisleno Lustoza Serafim
Médico graduado pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Es-pecialista em Cirurgia Geral pelo Hospital Universitário Presidente Dutra da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Especialista em Cirurgia Vascular e Cirurgia Endovascular pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia em São Paulo. Especialista em Cirurgia Vas-cular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular (SBACV). Atua no Hospital UDI, no Hospital de Urgências e Emergências Dr. Cle-mentino Moura, no Hospital Procardio – Servico de Hemodinâmica, na Clínica Angiocentro e na Clínica Cardiomed em São Luis/MA.
Leonardo Nunes Fabrício
Médico graduado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Residência Médica em Cirurgia Geral no Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e em Cirurgia Vascular pelo Instituto Dante Pazzanese – São Paulo. Especialista em Radiologia Vascular, Cirurgia Endovascular e em Doppler Vascular pelo Instituto Dante Pazzanese – São Paulo. Especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Chefe de Cirurgia Vascular do Hospi-tal Infantil Maria Lucinda no Recife/PE.
Maria Angélica Sorgini Peterlini
Enfermeira. Doutora e Mestre em Enfermagem Pediátrica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Especialista em Pedia-tria e Puericultura. Professora adjunta da disciplina de Enfermagem Pediátrica da Escola Paulista de Enfermagem da Unifesp. Líder do Grupo de Pesquisa de Enfermagem em Segurança do Paciente, Cui-dados Intensivos e Terapia Intravenosa em Pediatria (Segtec) do Con-
sObre Os autOres . XI
selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Coordenadora da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Pa-ciente, polo São Paulo (Rebraensp-SP).
Maria de Jesus Castro Sousa Harada
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Professora aposentada do Departamento de Enfermagem na disciplina de Enfermagem Pediátrica da Unifesp. Coordenadora da Câmara Técnica do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP).
Marta José Avena
Enfermeira da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Fe-deral de São Paulo (Unifesp). Mestre em Enfermagem pela Unifesp. Doutoranda do Programa de Pós-graduação da Escola Paulista de En-fermagem da Unifesp.
Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira
Enfermeira Intensivista Pediatra. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Professora adjunta da Unifesp. Vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em En-fermagem da Unifesp. Pesquisadora do Conselho Nacional de De-senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Membro da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente, polo São Paulo (Rebraensp-SP). Assessora da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Regional de Enfer-magem de São Paulo (Coren-SP).
Patrícia Vendramim
Enfermeira. Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). En-fermeira do Hospital Samaritano.
XII . terapia intravenOsa e infusões
Rita de Cássia Rêgo
Enfermeira. Auditora do Hospital e Maternidade Brasil. Especia-lista em Terapia Intensiva Pediátrica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Silvia Regina Secoli
Enfermeira. Professora Associada do Departamento de Enferma-gem Médico-cirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP).
Sônia Regina Pereira
Enfermeira. Mestre e Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Professora adjunta da Unifesp. Coor-denadora de Ensino e Pesquisa da Diretoria de Enfermagem do Hos-pital São Paulo.
sumáriO . XIII
Sumárioapresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XIXprefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XXI
1 princípios para a prática do enfermeiro na terapia intravenosa . . . . . . . . . . . . . . .1Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira
2 segurança do paciente na terapia intravenosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira
3 risco ocupacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31Dirceu CarraraCarmen Ligia Sanches de Salles
4 anatomia do sistema vascular . . . . . . . .49Gisleno Lustoza SerafimLeonardo Nunes Fabrício
5 fisiologia do sistema vascular . . . . . . . .59Fábio Luís Peterlini
6 equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73Daniella Cristina Chanes
7 natureza dos medicamentos utilizados na terapia intravenosa: foco na incompatibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87Silvia Regina Secoli
8 prevenção de infecção da corrente sanguínea relacionada a cateteres . . .103Dirceu Carrara
9 educação e preparo do paciente e da família para a terapia intravenosa . . . .121Sônia Regina Pereira
10 planejamento do cuidado de enfermagem na terapia intravenosa . .137Maria de Jesus Castro Sousa Harada
XIV . terapia intravenOsa e infusões
11 diagnósticos de enfermagem na terapia intravenosa . . . . . . . . . . . . . . . . .153Marta José Avena
12 indicadores de qualidade na terapia intravenosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .167Maria de Jesus Castro Sousa Harada
13 inserção de cateteres intravenosos periféricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .179Ariane Ferreira Machado Avelar
14 cateteres centrais de inserção periférica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .203Patrícia Vendramim
15 cateteres intravenosos centrais de curta permanência . . . . . . . . . . . . . . .229Denise Miyuki KusaharaMaria Angélica Sorgini Peterlini
16 cateteres venosos centrais de longa permanência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .251Daniella Cristina Chanes
17 punção intraóssea . . . . . . . . . . . . . . . . . .271Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira
18 alívio da dor durante a punção venosa periférica . . . . . . . . . . . . . . . . . . .283Dirce Laplaca Viana
19 curativos e estabilização de cateteres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .295Ariane Ferreira Machado Avelar
20 cálculos e diluições de medicamentos e estratégias para prevenção de erros de medicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .313Aline Santa Cruz Belela
sumáriO . XV
21 escolha de acessórios de infusão . . . .327Denise Miyuki Kusahara
22 bombas de infusão . . . . . . . . . . . . . . . . . .349Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira
23 nutrição parenteral . . . . . . . . . . . . . . . .369Elisabete Randoli BuosiCarolina Jacomini do Carmo
24 administração de hemocomponentes .383Denise Miyuki KusaharaDaniella Cristina Chanes
25 administração de quimioterápicos . . .401Daniella Cristina Chanes
26 complicações locais da terapia intravenosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .419Maria de Jesus Castro Sousa HaradaRita de Cássia Rêgo
27 alergia ao látex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .445Rita de Cássia RêgoMaria de Jesus Castro Sousa Harada
28 métodos de avaliação da rede venosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .453Ariane Ferreira Machado Avelar
29 hipodermóclise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .475Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira
30 gerenciamento de resíduos nos serviços de saúde . . . . . . . . . . . . . . .491Carmen Ligia Sanches de SallesÂngela Simeone Godoy Levatte
imagens coloridas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 507 índice remissivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 553
nOta dO editOr . XVII
Nota do editor
Este livro é resultado do encontro de mais de vinte profissionais de renome na área de enfermagem que, ao aliarem seu conhecimento em diversas especialidades, convergiram no tratado de uma das mais importantes técnicas de cuidado: a terapia intravenosa.
Tal prática é realizada há aproximadamente 400 anos, na qual os medicamentos entram em contato com a corrente sanguínea, acele-rando a recuperação do paciente. Eficaz no tratamento das mais varia-das doenças, é uma prática comum nos serviços de saúde executada eminentemente pelos profissionais de enfermagem.
Além da terapia intravenosa, são abordados também outros mé-todos de infusão, tais como a terapia intraóssea e a hipodermóclise. Com organização das professoras Maria de Jesus Castro Sousa Hara-da e Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira, a obra apresenta desde os princípios da prática até os mais específicos métodos de realização dos procedimentos. Os capítulos discorrem sobre as melhores maneiras e os materiais que devem ser utilizados para a garantia do bem-estar do paciente, além de terem sido escritos por profissionais cujas atuação e experiência permitem o ensino de uma assistência mais humanizada e segura.
Terapia Intravenosa e Infusões vem complementar o catálogo da Yendis de maneira pontual, contribuindo ainda mais na formação, ca-pacitação e atualização específica, teórica e prática de alunos e profis-sionais de saúde, em especial de enfermagem.
apresentaçãO . XIX
Apresentação
Há cerca de duas décadas temos nos dedicado a analisar, pesquisar, ensinar e buscar alternativas de inovação da prática na área da terapia intravenosa. Quanto mais procuramos investigá-la e analisá-la, mais nos apropriamos de conhecimentos que resultam na constatação coti-diana da complexidade, multidisciplinaridade e dinâmica evolução da terapia intravenosa na assistência à saúde.
Diferentemente de como era percebida em épocas passadas pela equipe de saúde, especialmente a de enfermagem, como simples tarefa, têm-se hoje a peremptória certeza da necessidade de competências e habilidades específicas da equipe de saúde, para a adequada e segura tomada de decisão, que culmine na realização de intervenções asser-tivas na terapia intravenosa e de infusões, sustentadas em evidências científicas que se compatibilizam com as necessidades, valores e prefe-rências do paciente e família.
Associa-se ao aprimoramento profissional, na obtenção de melho-res resultados a despeito da crescente complexidade, a pujante parti-cipação da indústria farmacêutica e de insumos da área que, pela as-sociação de conhecimentos provenientes das mais diversas vertentes de conhecimento, contribui para o alcance de inovações que transfor-mam e evoluem a especialidade.
Assim, ao elaborarmos a proposta do livro Terapia Intravenosa e In-fusões, procuramos conceber uma ferramenta de uso prático, que em-base as ações de diversos profissionais de saúde, em especial da equipe de enfermagem, e que forneça informações fundamentais e atualizadas das ciências básicas às aplicadas, que permitam compreensão concei-tual e prática de diversos aspectos desta especialidade.
Esta obra foi desenvolvida com a colaboração de enfermeiros e mé-dicos que atuam nas áreas de assistência, ensino e pesquisa, e que tem se dedicado a estudar diferentes temáticas relacionadas a terapia intra-venosa e infusões, apresentadas nos 30 capítulos que compõem a obra.
XX . terapia intravenOsa e infusões
Como pode ser constatado, os conteúdos são respaldados em atua-lizada revisão de literatura e apresentados de modo a permitir com-preensão de conteúdos aplicáveis na prática cotidiana dos diferentes equipamentos de saúde em que se realizam intervenções relacionadas a terapia intravenosa e de infusão.
Conteúdos relacionados aos fundamentos de terapia intravenosa e de infusão são contemplados na obra, englobando os princípios para a prática do enfermeiro na terapia intravenosa, segurança do paciente, risco ocupacional, anatomia e fisiologia do sistema vascular; aspectos concernentes ao equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico; natureza dos medicamentos; prevenção de infecção da corrente sanguínea rela-cionada a cateteres; educação e preparo do paciente e família; planeja-mento do cuidado de enfermagem na terapia intravenosa; diagnósti-cos de enfermagem e indicadores de qualidade.
Temas relacionados à execução da terapia intravenosa são apresen-tados de modo a fornecer ferramentas que promovam a transformação de conhecimentos teóricos em padrões de boas práticas, discutindo a inserção de cateteres intravenosos periféricos, periféricos centrais, centrais de curta e longa permanência; curativos e fixações; cálculos e diluições de medicamentos; dor na punção venosa periférica; estraté-gias para prevenção de erros de medicação; uso pertinente e seguro de bombas de infusão; administração de nutrição parenteral, hemocom-ponentes e quimioterápicos, além de abordar as principais complica-ções da terapia intravenosa.
Conteúdos concernentes a outras terapias de infusão e situações especiais da terapia intravenosa também são abordados, como infu-são intraóssea e hipodermóclise, os diferentes métodos de avaliação de rede venosa, a alergia a látex e o gerenciamento de resíduos nos serviços de saúde.
Esperamos que este livro possa contribuir para a prática e que agre-gue valor à especialidade, sendo capaz de despertar no leitor atitude reflexiva, inovadora e transformadora para o constante avanço da tera-pia intravenosa e de infusão, com foco no cuidado centrado nas neces-sidades e preferências de nossos pacientes.
Tenha uma boa leitura!Profa. Dra. Maria de Jesus Castro Sousa Harada
Profa. Dra. Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira
prefáciO . XXI
Prefácio
O enfermeiro possui grande responsabilidade na assistência pres-tada ao paciente portador de doença aguda ou crônica que necessita de atendimento de saúde domiciliar, ambulatorial ou hospitalar.
A prática do enfermeiro em terapias de infusão é um processo dinâmico. A extensão de sua atuação é definida por conhecimentos de anatomia e fisiologia específicos do acesso vascular, sua relação com os diferentes sistemas do organismo humano, modalidades do tratamento de infusão e recursos tecnológicos disponíveis. Desen-volver competências nesta área é um diferencial, e apresenta-se aí a intenção de servir como critério para a prática do enfermeiro em terapia de infusão, o que permite promover um cuidado individuali-zado, especializado e com qualidade.
A terapia de infusão envolve diversas etapas do conhecimento profissional: leitura e interpretação da prescrição médica, passando por inspeção e obtenção do acesso venoso; conhecimento do ma-terial utilizado; fixação do dispositivo; conhecimento e natureza do medicamento e/ou soluções; cuidados na infusão e seus possíveis efeitos adversos. O avanço na ciência e nas novas tecnologias sur-gem frequentemente com diversas aplicações terapêuticas, e cabe ao enfermeiro buscar conhecimento a seu respeito. Esta publicação, em especial, relaciona as etapas que envolvem a terapia de infusão de forma prática e objetiva, dividida em três partes: fundamentos, implementação da terapia de infusão e abordagem em situações es-peciais. O papel do enfermeiro especialista em terapia de infusão é baseado na educação, na experiência, no conhecimento obtido na prática clínica e no domínio da tecnologia. Adquirir todo esse co-nhecimento permite ao enfermeiro sistematizar e elaborar protoco-los de trabalho promovendo excelência no cuidado, eficácia e segu-rança para pacientes e profissionais.
XXII . terapia intravenOsa e infusões
Prefaciar esta obra é de grande importância para a Infusion Nur-ses Society Brasil (INS), que desde sua fundação oferece ao profis-sional conhecimento atualizados e ferramentas para o trabalho em terapia de infusão. Esperamos que este conteúdo permita instrumen-talizar o enfermeiro na sua prática diária.
Rita Tiziana Verardo Polastrini
presidente – ins brasil
1
mavilde da luz gonçalves pedreira
Princípios para a prática do
enfermeiro na terapia intravenosa
2 . terapia intravenOsa e infusões
IntroduçãoOs avanços alcançados na terapia intravenosa se devem ao de-
senvolvimento de estudos e pesquisas provenientes de diversas áreas como anatomia, fisiologia, microbiologia e farmacologia, bem como à construção de conceitos, materiais e equipamentos realizada por químicos, médicos, enfermeiros, arquitetos, engenheiros, farmacêu-ticos, dentre outros profissionais que, desde o século XVII até os dias atuais vêm desenvolvendo e aprimorando essa área de conhe-cimento.1
A terapia intravenosa não se resume à simples técnica para exe-cução de uma terapêutica. Conhecimentos provenientes de diversas especialidades fundamentam e direcionam as ações desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar que conta, ainda, com o suporte de tecnologia de ponta, fornecido principalmente pela indústria farma-cêutica e de produtos e equipamentos hospitalares.2
Determinada a necessidade da realização da terapia intravenosa, atividade legalmente atribuída à equipe médica no Brasil, grande parte das atribuições para a consecução dessa terapia é realizada pela enfermagem. Somente no que se refere à punção intravenosa periférica, sabe -se que são realizadas milhares delas anualmente no país, sendo essa intervenção executada eminentemente pelos profis-sionais de enfermagem.
Para a implementação da terapia intravenosa, enfermeiros de-vem possuir conhecimentos específicos que permitam praticar, de forma correta e segura, os variados aspectos de cuidados necessá-rios para a realização dessa terapia, como o preparo do paciente, a escolha e obtenção de acesso venoso periférico; o cálculo, o preparo e a administração de fármacos e soluções; a monitoração das infu-sões; a troca das soluções e dos dispositivos de infusão; a realização de curativos; a retirada de cateteres; dentre diversos outros aspectos de cuidado.1
Para alcançar os melhores resultados possíveis para o paciente subme-tido à terapia intravenosa, a enfermagem deve desenvolver habilidades e competências que lhes permitam implementar boas práticas clínicas relativas à terapia, sustentadas na melhor informação científica.
princípiOs para a prática dO enfermeirO na tiv . 3
Devido a características peculiares da intervenção, há necessidade de ampliação e desenvolvimento contínuos de competências de en-fermagem para a execução da prática, como também para o aprimo-ramento do ensino e o desenvolvimento de pesquisas que resultem em inovação e evolução da área, por meio da criação de tecnologias e disseminação de conhecimentos específicos. Como saber que se expressa pelo fazer e, desse modo, designado como ciência e arte, o conhecimento da enfermagem é sustentado pelas ciências naturais e humanas e, para a implementação da terapia intravenosa, faz -se ne-cessário utilizar e desenvolver pesquisas que abranjam esses ramos.3
A enfermagem se caracteriza no Brasil como uma profissão in-dependente, autônoma e que possui legislação própria. Sua respon-sabilidade primária, no exercício profissional do enfermeiro, é a de promover que o indivíduo, sujeito do cuidado de enfermagem, tenha possibilidade de alcançar o melhor grau de saúde possível, por meio de ações e pesquisas voltadas para a promoção da saúde, prevenção de doenças e o assistir para a cura ou para o alívio do sofrimento, por meio de uma abordagem holística, considerando, assim, as necessida-des biológicas, psicológicas, sociais e espirituais do paciente, de modo integral e individual.
Características relativas às deficiências quantitativas e qualitativas da mão de obra de enfermagem no sistema de saúde nacional fazem ainda com que enfermeiros tenham dificuldade de transformar em ação o cuidado integral e individual ao ser humano. Tais aspectos ge-ram a necessidade de desenvolvimento de outras competências no en-fermeiro, relativas à busca de modos alternativos de promover ações de enfermagem que permitam focalizar a assistência nas necessidades integrais e individuais do paciente e da família.
Uma das formas de promover e sustentar boas práticas na reali-zação da terapia intravenosa se refere a determinar padrões mínimos para a execução da terapia com segurança, fornecendo as designações de competências e responsabilidades relacionadas à implementação das ações e identificação de resultados, respectivamente.
Para a Infusion Nurses Society (INS),4 o enfermeiro que realiza te-rapia intravenosa precisa ter um preparo específico que lhe permita desenvolver as habilidades e competências para a realização segura
4 . terapia intravenOsa e infusões
da terapia. Dentre algumas das áreas de conhecimento requeridas, destacam -se as descritas no Quadro 1.1.
Quadro 1.1 Conhecimentos e princípios requeridos para que o enfermeiro planeje, realize e desenvolva a terapia intravenosa4
Anatomia e fisiologia
Função do sistema vascular e sua relação com outros sistemas orgânicos
Bioquímica e farmacologia
Sistematização da assistência de enfermagem para a elaboração de planos de cuidados contínuos e individualizados
Desenvolvimento de habilidades para obtenção do acesso vascular e administração de soluções por via intravenosa
Tecnologia na área da terapia intravenosa – conhecimento sobre o estado da arte quanto ao uso e avanço tecnológico da especialidade
Aspectos psicossociais do cuidado – compreensão da sensibilidade, especificidade e integralidade de cada indivíduo/família/comunidade
Aspectos socioeconômicos – compreensão de aspectos do cuidado na terapia intravenosa, do ponto de vista comunitário e econômico, e que pode necessitar da implementação de modalidades inovadoras de atenção
Prática colaborativa – interação e colaboração com outros membros da equipe de saúde
Liderança – participação na tomada de decisão clínica e processual
Desenvolvimento de processos – elaboração de políticas e protocolos específicos relacionados à terapia intravenosa
Aspectos relativos à gestão, qualidade e segurança do paciente, dentre outros
A aquisição de competências e habilidades na terapia intravenosa por meio de sua aplicação, análise e evolução permite que o enfermeiro possa alcançar melhores resultados no cuidado oferecido ao paciente e à família. Para a aplicação prática desses conhecimentos faz -se neces-sário o desenvolvimento de competências específicas, destacando -se as de comunicação, educação do paciente e de sua família, uso de tecno-logia, educação continuada, éticas e legais, melhoria de desempenho, pesquisa, assessoria e gestão clínica.
Para a INS,4 enfermeiros que atuam na terapia intravenosa devem ter, além dos conhecimentos apontados no Quadro 1.1, conhecimen-tos mais aprofundados em algumas temáticas, provenientes de conteú-dos teóricos e práticos, destacando -se:
princípiOs para a prática dO enfermeirO na tiv . 5
■ aspectos clínicos e tecnológicos da terapia intravenosa; ■ balanço hídrico e eletrolítico; ■ farmacologia; ■ infecção hospitalar; ■ especificidades de pediatria e neonatologia; ■ terapia de transfusão; ■ terapia antineoplásica e biológica; ■ nutrição parenteral; ■ melhorias de desempenho.
Em algumas áreas de atuação de enfermagem faz -se necessário o desenvolvimento de habilidades e competências mais especializadas, que permitam atender às necessidades específicas, individuais e inte-grais de pacientes descritos por alguns como populações vulneráveis – como, no caso da terapia intravenosa, crianças e idosos –, por estarem expostas à maior possibilidade de ocorrência de eventos adversos.4,5
Nos Quadros 1.2 e 1.3 são apontados os critérios de prática descri-tos pela INS4 para a realização de terapia intravenosa em crianças e idosos, respectivamente.
Quadro 1.2 Critérios de prática que fundamentam o desenvolvimento de competências do enfermeiro para realização da
terapia intravenosa em crianças e neonatos4
Conhecer a anatomia e fisiologia da criança
Identificar características de crescimento e desenvolvimento da criança
Saber as indicações da terapia medicamentosa, ações farmacológicas, interações medicamentosas, efeitos colaterais e parâmetros de monitoração relacionados à criança
Realizar cálculo de doses de medicamentos e soluções com referência a idade, altura, peso ou superfície corpórea e dosagem. Ter conhecimentos sobre conversões métricas, cálculos e limitações de volume relacionadas aos pacientes
Selecionar o local de acesso vascular mais apropriado às necessidades do paciente e às características da terapia, que pode incluir, mas não ser limitada, à rede vascular do couro cabeludo, membros superiores e inferiores
Conhecer e ter habilidade relacionada à avaliação de enfermagem e instalação de dispositivo de acesso vascular e não vascular, incluindo o procedimento de inserção de cateteres
Conhecer a necessidade de troca de cateteres intravenosos periféricos para centrais(continua)
6 . terapia intravenOsa e infusões
Quadro 1.2 Critérios de prática que fundamentam o desenvolvimento de competências do enfermeiro para realização da
terapia intravenosa em crianças e neonatos4 (continuação)Saber determinar a manutenção da terapia, que deve se basear nas necessidades individuais do paciente, modalidades de terapia e tipo de ambiente de cuidado
Interagir, como membro da equipe de saúde do paciente, com os pais, familiares, cuidadores significativos ou representante legalmente autorizado
Identificar considerações éticas, de segurança e de ambiente relacionadas aos pacientes pediátricos que recebem terapia de infusão, realizando gestão da assistência centrada nessas considerações
Implementar comunicação apropriada para a idade, língua, educação e cultura do paciente, família ou representante legal
Obter assentimento da criança em idade escolar e do adolescente, assim como consentimento do representante legal, em se tratando da necessidade de obtenção de consentimento informado para procedimentos
Utilizar equipamentos e materiais de infusão destinados a pacientes pediátricos e neonatais, incluindo cuidados de manutenção e avaliação de eficácia
Quadro 1.3 Critérios de prática que fundamentam o desenvolvimento de competências do enfermeiro para realização da
terapia intravenosa em idosos4
Conhecer a anatomia e fisiologia relacionada aos idosos
Conhecer a complexidade das necessidades dessa população, no que diz respeito às alterações sistêmicas que afetam a resposta do idoso à terapia de infusão
Identificar necessidades dos idosos nos diferentes níveis de comprometimento físico, cognitivo e psicossocial, estando alerta para as necessidades socioeconômicas possivelmente alteradas
Interagir, como membro da equipe de saúde, com familiares, pessoas significantes ou legalmente responsáveis pelo idoso
Conhecer as indicações da terapia medicamentosa, ações farmacológicas, interações medicamentosas (bem como entre medicamentos e dieta), efeitos colaterais e monitoração de parâmetros relevantes
Calcular medicamentos, dosagem e limitações de volume referentes às necessidades do idoso
Conhecer e ter habilidade técnica para realizar avaliação de enfermagem do idoso para instalação de acesso vascular ou não vascular
Utilizar equipamentos e materiais de infusão desenvolvidos para uso com idosos
Identificar considerações éticas, de segurança e de ambiente relacionadas aos pacientes idosos que recebem terapia de infusão, realizando gestão da assistência centrada nessas considerações
Fundamentar a frequência de avaliação do idoso em suas necessidades individuais, tipo de terapia e de ambiente de cuidado
princípiOs para a prática dO enfermeirO na tiv . 7
No que tange à solicitação de consentimento informado do pacien-te para a realização de procedimentos, devem -se contemplar as pre-missas descritas no Quadro 1.4.
Quadro 1.4 Elementos necessários ao consentimento informado para realização de procedimentos relativos à terapia intravenosa5
Critérios
O paciente deve ser cognitivamente competente para essa finalidade
O paciente deve ser maior de idade ou ter um responsável, se for menor de idade
Interagir, como membro da equipe de saúde, com familiares, pessoas significantes ou legalmente responsáveis pelo idoso
O paciente deve ser capaz de compreender a língua e os termos do consentimento
Elementos a serem informadosDescrição clara do procedimento
Informações sobre: - riscos e benefícios do procedimento; - procedimentos alternativos; - riscos e benefícios dos procedimentos alternativos; - riscos em recusar o procedimento; - qualificação do profissional para realizar o procedimento
Elementos de consentimentoO documento deve fazer parte do prontuário (podendo ser específico ou realizado na documentação de rotina da instituição)
A assinatura de consentimento é aspecto formal de obtenção de autorização do paciente para sua realização
O uso de protocolos assistenciais e a sistematização da assistência de enfermagem são estratégias obrigatórias para a execução segura da terapia intravenosa e permitem a incorporação de evidências científi-cas à prática, o acompanhamento dos resultados obtidos e a documen-tação das ações de enfermagem.
Protocolos assistenciais devem descrever as intervenções, ações e atribuições de cada membro da equipe de enfermagem e multiprofis-sional, incluindo a descrição dos resultados esperados e qual o profis-sional responsável pela realização e acompanhamento de cada inter-venção e resultado esperado.
Quanto aos procedimentos de enfermagem, estes devem descrever cada ação, estando sempre de acordo com a lei do exercício profissional e as regulamentações específicas de órgãos da área, como Ministério da
8 . terapia intravenOsa e infusões
Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sociedades de especialistas, dentre outros. Esses protocolos assistenciais devem estar disponíveis para todos os profissionais, e manuais de operação de equi-pamentos, como bombas de infusão, devem estar disponíveis para con-sulta com o protocolo de uso clínico desses equipamentos.4
Muitos protocolos clínicos de terapia intravenosa são realizados de modo interdisciplinar; outros se referem especificamente a ações autônomas de alguns membros da equipe multiprofissional. Contudo, devem ser discutidos e aprovados para uso pela equipe multiprofissio-nal e lideranças da instituição.5
A frequência de atualização deve ser determinada institucionalmen-te para todos os protocolos, e novas evidências científicas produzidas sobre certa temática devem ser constantemente estudadas e incorpora-das aos protocolos institucionais.
As ações cotidianas de enfermagem planejadas por meio da siste-matização da assistência de enfermagem (SAE) devem ser claras e pre-cisas no que concerne à descrição dos cuidados prestados a pacientes submetidos à terapia intravenosa.6 A SAE permite identificar, compre-ender, descrever, organizar e explicar como o paciente responde à tera-pia, determinando as ações de enfermagem desde o planejamento até a execução e a avaliação da assistência prestada.7,8
A SAE possibilita que os profissionais identifiquem as necessida-des afetadas nos pacientes, descrevam as intervenções e, assim, com consequentes diagnósticos classificados e respectivas intervenções de enfermagem estabelecidas, a equipe de enfermagem consiga prestar uma assistência fundamentada em conhecimentos, viabilizando um cuidado objetivo, individualizado e seguro.8
O planejamento da realização da terapia intravenosa no paciente tem início com criteriosa avaliação das necessidades até que não se re-queira mais uso da terapia ou não se identifiquem ações ou consequên-cias relativas à sua utilização, sendo necessária a implementação de todas as fases da SAE durante todo o período de cuidado (Figura 1.1).
princípiOs para a prática dO enfermeirO na tiv . 9
Coleta de
dados
Diagnóstico de
enfermagem
Avaliação de
enfermagem
Prescrição de
enfermagem
Planejamentode
enfermagem
Intervenção de
enfermagem
Figura 1.1 Fases da sistematização da assistência de enfermagem que devem ser
implementadas durante toda a terapia intravenosa.
10 . terapia intravenOsa e infusões
Cada fase da SAE deve ser adequadamente registrada no prontu-ário do paciente, sendo este o documento que permite acompanhar e analisar a prática e os resultados relativos ao cuidado realizado com o paciente. O Quadro 1.5 descreve alguns exemplos de aspectos relacio-nados à terapia intravenosa, segundo a fase da SAE realizada.
Quadro 1.5 Fases da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e especificidades da terapia intravenosa
Fases da SAE Especificidades da terapia intravenosa
Coleta de dados Realizar anamnese e exame físico do paciente identificando características da rede venosa periférica, história pregressa do uso da terapia, características que podem ocasionar insucesso na punção venosa periférica como história de doença vascular, ocorrência de eventos adversos
Pesquisar terapia medicamentosa utilizada, história de alergias, eventos adversos, dentre outros
Realizar, junto à equipe médica, a análise da finalidade e planejamento da terapia intravenosa prescrita
Identificar as preferências do paciente e da família e o nível de informação sobre a terapia para determinar as necessidades de intervenção de enfermagem e educacionais
Procurar interagir de modo respeitoso e confiável com o paciente e a família, descrevendo a finalidade e o que se deve esperar da entrevista e do exame físico, respeitando a individualidade e a privacidade do paciente e sua família
Realizar exame físico de maneira sistemática e com técnica especializada
Verificar o tipo de terapia prescrita e determinar quais os dados de investigação relevantes para planejamento seguro da terapia
Organizar os dados coletados para posterior análise
Diagnóstico de enfermagem
Com base nos dados coletados, elencar os diagnósticos de enfermagem apropriados
Os diagnósticos de enfermagem mais identificados em pacientes submetidos à terapia intravenosa são:
- déficit de volume de líquidos; - infecção ou risco para infecção; - proteção ineficaz
(continua)
princípiOs para a prática dO enfermeirO na tiv . 11
Quadro 1.5 Fases da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e especificidades da terapia intravenosa
(continuação)Fases da SAE Especificidades da terapia intravenosaPlanejamento de enfermagem
Planejar assistência com base nos diagnósticos de enfermagem identificados e características da terapia intravenosa prescrita
Determinar os resultados esperados com cada intervenção planejada
Descrever e aprazar as intervenções a serem delegadas a técnicos ou auxiliares de enfermagem na prescrição de enfermagem
Descrever, na prescrição de enfermagem, como a equipe deve realizar cuidados específicos, conforme alguns exemplos a seguir de prescrições de enfermagem relacionados à terapia intravenosa:
- Diluir o cloridrato de vancamicina prescrito conforme item 3 da prescrição médica em 35 ml de NaCl 0,9% e administrar em 1 hora, com bomba de infusão programada a 35 ml/h
- Realizar troca do curativo do cateter intravenoso periférico, instalado na veia basílica do membro superior direito, após o banho, conforme protocolo de cuidados de enfermagem
- Administrar o cloridrato de dobutamina, conforme item 5 da prescrição médica, em bomba de infusão volumétrica e programar alarme de volume infundido para acionamento a cada 2 horas, realizando registro da infusão
- Medir pressão arterial do paciente e comunicar ao enfermeiro antes da administração do anti -hipertensivo prescrito no item 4 da prescrição médica
Implementação Implementar ações de acordo com o protocolo institucional, sendo relevante a descrição de atividades executadas pelo enfermeiro (alta complexidade), pelo técnico de enfermagem (média complexidade) e pelo auxiliar de enfermagem (baixa complexidade), devendo o enfermeiro documentar todos os resultados atingidos com cada intervenção realizada
Avaliação de enfermagem
Realizar a evolução de enfermagem, avaliando as respostas do paciente, incluindo as especificamente relacionadas à terapia intravenosa
Avaliar a satisfação e compreensão do paciente e de sua família com os cuidados realizados diariamente Acompanhar as respostas do paciente à terapia, bem como sua satisfação com os cuidados realizados, fazendo alterações nas intervenções e metas planejadas, sempre que necessário
Analisar os resultados de assistência obtidos mediante o estado da arte da área e propor intervenções com vistas ao alcance de melhorias
12 . terapia intravenOsa e infusões
Para Phillips,5 a realização da terapia intravenosa requer que en-fermeiros desenvolvam competências e habilidades específicas na área, utilizem e saibam traduzir conhecimentos provenientes de pesquisa na prática, de modo a garantir uma assistência segura e de qualidade. Devem também conhecer os aspectos éticos e legais re-lativos às intervenções de enfermagem e à especialidade, por meio de consulta a legislações, regulamentações, declarações, pareceres, dentre outros.9
Nesse contexto, destaca -se que na prática de enfermagem nacional pode -se observar que, enquanto alguns enfermeiros atuam em locais providos de todas as condições para o desenvolvimento de uma assis-tência de enfermagem digna e de qualidade, outros atuam em situa-ções de total falta de infraestrutura e recursos para o desenvolvimento seguro da prática de enfermagem. Isso ocorre devido às deficiências de investimento e de uso de recursos no setor público de saúde, bem como ao foco de ações que visam ao lucro e não centrados verdadeira-mente na atenção das necessidades do paciente e na busca de qualida-de assistencial em algumas instituições do setor privado, o que resul-ta em deficiências na implementação de assistência verdadeiramente equânime a toda a população brasileira. 9,10
Faz -se importante refletir, enquanto profissional de enfermagem, que os resultados da prática assistencial têm relação com os objetivos e a filosofia das instituições nas quais se exerce a prática assistencial e com o modo como é exercida a prática profissional nos organismos nos quais se atua. Destaca -se nesse contexto a determinação de atividades privativas do enfermeiro e as delegáveis a outros membros da equipe de enfermagem para a realização da terapia intravenosa, pois é possível, na prática assistencial, identificar uma sobrecarga de ações, mesmo as consideradas de alta complexidade, designadas ao técnico de enferma-gem que, ao executá -las, pode estar comprometendo a prática de en-fermagem, a segurança do paciente e o exercício legal da profissão.9,11,12
Assim, os princípios que norteiam a prática dos profissionais de enfermagem que realizam terapia intravenosa, nos mais diferentes ce-nários, são os de fazer o melhor pelo paciente sem lhes causar danos, buscando a melhoria da saúde da população atendida e o avanço da enfermagem e da área da saúde.
princípiOs para a prática dO enfermeirO na tiv . 13
Para tanto, a aquisição de conhecimentos e habilidades se caracte-riza como atividade contínua exercida durante todo o tempo de exer-cício do profissional, princípio que deve fundamentar a prática da en-fermagem na terapia intravenosa.
Referências Bibliográficas1. Pedreira MLG. Uso de bombas de infusão na terapia intravenosa em crianças
assistidas em unidades de cuidados intensivos pediátricos: contribuições para estudos clínicos e técnicos. [tese de doutorado] São Paulo: Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo; 1999. 226 p.
2. Pedreira MLG, Chaud MN. Terapia intravenosa em pediatria. Acta Paul Enf. 2004;17(2):222 -8.
3. Pedreira MLG. O erro humano do sistema de saúde. In: Pedreira MLG, Hara-da MJCS. Enfermagem dia a dia: segurança do paciente. São Caetano do Sul: Yendis Editora; 2009. p. 3 -22.
4. Infusion Nurses Society. Standards of Practice. J Inf Nurs. 2006;29(IS):S1 -92.5. Phillips LD. Manual of IV therapeutics: evidence -based practice to infusion
therapy. 5. ed. Philadelphia: F.A. Davis; 2010. Medications infusion modali-ties. p. 624 -95.
6. Fuly PSC, Leite JL, Lima SBS. Correntes de pensamento nacionais sobre a siste-matização da assistência de enfermagem. Rev Bras Enferm. 2008;61(6):883 -7.
7. Aquino DR, Filho WDL. Construção da prescrição de enfermagem informatizada em uma UTI. Cogitare Enferm. 2004;9(1):60 -70.
8. Chanes DC, Kusahara DM. Sistematização da assistência de enfermagem: ferramenta para a segurança do paciente. In: Pedreira MLG, Harada MJCS. Enfermagem dia a dia: segurança do paciente. São Caetano do Sul: Yendis Editora; 2009. p. 45 -66.
9. Committee on Quality Health Care in America; Institute of Medicine. Crossing the quality chasm: a new health system for the 21st century. Washington, DC: National Academies Press; 2001. 364 p.
10. Pedreira MLG. Enfermagem para a segurança do paciente. In: Pedreira MLG, Harada MJCS. Enfermagem dia a dia: segurança do paciente. São Caetano do Sul: Yendis Editora; 2009. p. 23 -32.
11. Pedreira MLG. Errar é humano: estratégias para a busca da segurança do pa-ciente. In: Harada MJCS, Pedreira MLG, Peterlini MAS, Pereira SR. O erro humano e a segurança do paciente. São Paulo: Atheneu; 2006. p. 1 -18.
12. Pedreira MLG, Harada MJCS. Aprendendo com os erros. In: Harada MJCS, Pedreira MLG, Peterlini MAS, Pereira SR. O erro humano e a segurança do paciente. São Paulo: Atheneu; 2006. p. 175 -84.