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Editora Nona Arte

www.nonaarte.com.br

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho trata o tema Fanzine sob vários aspectos,procurando ser bastante abrangente quanto à variedade detemas, e procurando ser objetivo no tratamento de cada tema.Assim, o Fanzine é enfocado desde sua definição, um brevehistórico, como fazer, como divulgar, como imprimir, os tiposde fanzine, sua importância, etc. Para quem deseja aprofundar-se no assunto, são dadas indicações de outras fontes para con-sulta. E para quem deseja conhecer os Fanzines propriamenteditos, é dada uma lista com dezenas de endereços de editoresque estão na ativa atualmente.

EDGARD GUIMARÃESRua Capitão Gomes, 168

37530-000-Brasópolis - MGJaneiro de 2000

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SUMÁRIO

O QUE É FANZINE? .............................................................. 5O QUE NÃO É FANZINE! ...................................................... 5QUANDO COMEÇOU? ......................................................... 7QUANDO SE EXPANDIU? ..................................................... 8QUANDO ENTROU EM CRISE? ............................................. 9COMO ESTÁ HOJE? ............................................................ 10POR QUE FAZER FANZINE? ................................................ 11COMO FAZER? ................................................................... 12COMO IMPRIMIR? .............................................................. 13COMO FACILITAR A PRODUÇÃO? ..................................... 14COMO DIVULGAR? ............................................................ 15COMO DISTRIBUIR? ........................................................... 16FANZINE TEM PATROCÍNIO? .............................................. 17HÁ MUITO FANZINE NO BRASIL? ....................................... 18COMO FANZINE FAZ SUCESSO? ........................................ 20HÁ FANZINE PROFISSIONAL? ............................................. 21QUAIS OS TIPOS DE FANZINE? .......................................... 22FANZINES DE QUADRINHOS! ............................................ 22FANZINE DE FICÇÃO CIENTÍFICA E HORROR! .................... 23FANZINES DE MÚSICA E LITERÁRIOS! ................................ 24FANZINES FILOSÓFICOS E EXPERIMENTAIS! ....................... 25OUTROS TEMAS! ................................................................ 26ÁLBUM PODE SER FANZINE? .............................................. 27NÃO É FANZINE MAS PARECE! ........................................... 28OS PROFISSIONAIS E OS FANZINES! .................................. 29HÁ PIRATARIA EM FANZINE? .............................................. 30EVENTOS E PREMIAÇÕES! .................................................. 31QUAL A IMPORTÂNCIA DOS FANZINES? ........................... 32QUAL A QUALIDADE DOS FANZINES? ............................... 33COMO SABER MAIS? .......................................................... 34ONDE ENCONTRÁ-LOS?..................................................... 35QUEM É O AUTOR? ............................................................ 40

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O QUE É FANZINE?

De um modo geral o Fanzine é toda publicação feita pelofã. Seu nome vem da contração de duas palavras inglesas esignifica literalmente �revista do fã� (fanatic magazine). Algunsestudiosos do assunto consideram Fanzine somente a publi-cação que traz textos, informações, matérias sobre algum as-sunto. Quando a publicação traz produção artística inéditaseria chamada Revista Alternativa. No entanto, o termoFanzine se disseminou de tal forma que hoje engloba todotipo de publicação que tenha caráter amador, que seja feitasem intenção de lucro, pela simples paixão pelo assuntoenfocado. Assim, são Fanzines as publicações que trazem tex-tos diversos, histórias em quadrinhos do editor e dos leitores,reprodução de HQs antigas, poesias, divulgação de bandasindependentes, contos, colagens, experimentações gráficas,enfim, tudo que o editor julgar interessante.

Os Fanzines são o resultado da iniciativa e esforço depessoas que se propõem a veicular produções artísticas ouinformações sobre elas, que possam ser reproduzidas e envi-adas a outras pessoas, fora das estruturas comerciais de pro-dução cultural.

Há três tipos de trabalhos que podem ser veiculados numFanzine: - os textos críticos ou opinativos sobre a produçãocultural já existente; - a republicação de trabalhos já publica-dos em outros órgãos; - os trabalhos inéditos. De modo geral,os fanzines trazem uma mistura destes três tipos.

O QUE NÃO É FANZINE!

Obviamente as revistas profissionais que são vendidasnas bancas não são Fanzines. O principal fator de diferencia-

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ção é uma conseqüência do fato de terem grandes tiragens edarem lucro. A revista profissional é feita em função de ummercado pré-existente. Como precisa vender para se susten-tar, a revista profissional tenta oferecer aquilo que uma parce-la do público leitor quer, ou seja, a revista profissional é feitaem função do leitor. O Fanzine, ao contrário, é a forma deexpressão do editor, ou grupo de editores. O que define apauta do Fanzine é aquilo que seu editor deseja compartilharcom seus leitores. O Fanzine é caracterizado pela indepen-dência do editor. E uma das garantias desta independência éque muitas vezes o editor mantém o Fanzine arcando comseus prejuízos.

Outra característica do Fanzine é que está intimamenteligado à atividade cultural, à sua divulgação e ao prazer de seestar envolvido nela. Os Fanzines podem ser de música, poe-sia, cinema, quadrinhos, literatura, etc. Não são Fanzines osdiversos boletins e informativos de associações comerciais,de ordens religiosas, de organizações e empresas diversas,mesmo que muitas vezes estes boletins sejam mantidos dan-do prejuízo.

Fanzine é revista, ou seja, uma publicação impressa ondecada leitor pode ter seu exemplar, como denota o �magazine�que forma seu nome. Atualmente, com o desenvolvimento datecnologia, a palavra Fanzine já está sendo usada em traba-lhos que não estão na forma de revista, mas que trazem o tipode material encontrado nos Fanzines impressos. É o caso depáginas na Internet ou CD-ROMs que são chamados deFanzine eletrônico.

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QUANDO COMEÇOU?

Segundo Henrique Magalhães, baseado em R.C. Nasci-mento, os primeiros Fanzines surgiram nos Estados Unidos, apartir de 1930, feitos pelos leitores mais ativos das revistasprofissionais de ficção científica. A partir daí há registros des-te tipo de publicação amadora em toda parte do mundo. Apalavra �fanzine�, no entanto, só foi criada em 1941 por RussChauvenet, nos EUA. Também se divulga que os autores deSuper-Homem, antes de conseguirem espaço nas editoras,publicaram seus trabalhos por conta própria no começo dadécada de 30.

No Brasil, o primeiro Fanzine de que se tem registro é oFicção, criado por Edson Rontani em Piracicaba (SP) em 1965.Nesta época usava-se o termo �boletim� para designar as pu-blicações amadoras, o termo Fanzine só começou a ser usa-do a partir de meados da década de 70. A motivação de Ed-son Rontani foi manter contato com outros colecionadores derevistas de quadrinhos para venda e troca de revistas. Mas jáno primeiro número, Edson coloca diversos textos informati-vos e uma importantíssima relação das revistas de quadrinhospublicadas no Brasil desde 1905.

Nos anos seguintes a 1965, surgiram muitos outrosFanzines como Boletim do Clube do Gibi, Na Era dosQuadrinhos, Focalizando os Quadrinhos, Boletim doHerói (que depois se chamou Boletim dos Quadrinhos),etc. Em 1970, em Porto Alegre (RS), Oscar Kern lança a pri-meira fase de Historieta, que seria relançada como revistaalternativa em 1980, teve uma edição distribuída em bancaem 1986, voltou a ser fanzine na década de 90 e existe atéhoje. Também o fanzine Nostalgia dos Quadrinhos, lança-do em 1976 em Salvador (BA) por Aimar Aguiar sai até hoje,alcançando 140 números.

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QUANDO SE EXPANDIU?

Os dados utilizados nesta página, na anterior e na se-guinte são baseados em pesquisas realizadas por Worney A.Souza, na década de 80, complementadas por Henrique Ma-galhães em seu mestrado sobre Fanzines.

A partir do final da década de 70 até meados da décadade 80, os Fanzines tiveram uma grande expansão com osurgimento de muitos novos títulos, o aprimoramento dos quejá existiam, como Historieta, e o retorno de alguns que havi-am parado, como Boletim dos Quadrinhos.

Em 1978, Luiz Antônio Sampaio lança o Opar Bole-tim, fanzine feito em mimeógrafo, como a maioria dos fanzinesda época, sem ilustrações, mas com uma grande riqueza deinformações. Em 1980 surge O Lobinho, de Raul Veiga, con-siderado o primeiro Fanzine feito em xerox no Brasil. Só queera feito por Raul nos EUA, onde morava, e enviado pelo cor-reio aos leitores brasileiros. Em São Paulo, surge Quadrimania,dos quadrinhistas Franco, Seabra e Giovanni.

A difusão de máquinas xerográficas foi um dos fatoresque permitiram o grande aumento e diversificação dosFanzines no começo da década de 80. Muitos editores procu-ravam aprimorar a qualidade gráfica dos Fanzines, com capaa duas cores, e mesmo impressão em off-set, como Notíciasdos Quadrinhos de Ofeliano, e Marca de Fantasia deHenrique Magalhães. Em Campinas, Alvimar lança Factus,com aspecto gráfico de revista profissional. Em São Paulo,Worney lança Quadrix, fanzine com grande volume de pági-nas com muita informação atualizada e pesquisas sobre vári-os temas. Destaque deste período são os fanzines sobre qua-drinhos antigos, começando pelo O Pica-Pau de ArmandoSgarbi, tomando grande impulso com O Grupo Juvenil deJorge Barwinkel, e seguido por Fanzim de Aníbal Cassal, Jor-

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nal da Gibizada de Valdir Dâmaso, O Quero-Quero deCláudio Dilli, entre outros. Destaque neste período tambémpara os fanzines de associações de quadrinhistas, como oBoletim da Abrademi e o Jornal da AQC.

QUANDO ENTROU EM CRISE?

A segunda metade da década de 80 representou um pe-ríodo de crise para os Fanzines. Um dos fatores importantesque causaram esta crise foi a própria crise econômica que opaís atravessou, o que afetou o bolso dos editores e muitosnão puderam manter suas publicações. Alguns optaram porfazer edições mais modestas. O estrago maior foi justamentenos fanzines mais arrojados como Velta de Emir Ribeiro, queparou nesta época mas voltou com força na década de 90;Many Comics de Élbio Porcellis; e Quadrinhos Magazinede Gonçalo Júnior. Gonçalo voltou no início da década de 90com Balloon, muito bem cuidado visualmente e com ótimoconteúdo, mas sem regularidade.

Outro fator que contribuiu para esta crise foi que muitoseditores tentaram fazer seus fanzines alcançarem um públicomaior e não conseguiram. Historieta, que havia começadono início de 80, tentava achar um público de 1500 colecio-nadores. No final da década, com a inexistência de uma es-trutura de distribuição que permitisse uma tiragem maior, His-torieta passou a ter tiragens pequenas impressas em xerografia.

Este período não foi totalmente perdido. Justamente emconseqüência da crise, alguns fanzines como Opinião dePaulo Montenegro, PolítiQua de José Carlos Ribeiro, e NhôQuim de Henrique Magalhães promoveram em suas páginasuma intensa discussão sobre o futuro dos fanzines e quadri-nhos brasileiros. E muitos outros editores atravessaram o perí-

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odo produzindo, com maior ou menor intensidade. Baratade Calazans, SingularPlural de Joacy Jamys, Cráu! de HenryJaepelt, Jornal da Taturana de Moacir Torres, além dosfanzines de nostalgia, entre outros, continuaram sendo publi-cados.

COMO ESTÁ HOJE?

A partir do começo da década de 90 a produção deFanzines volta a ficar mais intensa, o que se mantém até hoje.Muitos Fanzines são criados e muitos acabam, pelos mais di-versos motivos, mas a efervescência do meio continua alta. Adiversidade dos Fanzines aumentou, hoje há praticamente todotipo de Fanzine. Um fato marcante na década foi a consciên-cia da necessidade de expandir o público leitor para viabilizareconomicamente edições mais sofisticadas. Diversos editoresprocuraram se organizar criando estruturas de distribuição maiseficientes. Alguns que fizeram esta tentativa foram os editoresde Prismarte, Singularplural, Grimoire, Panacea, Saga,Vórtex. Atualmente novo grupo de editores está buscandotrabalhar em conjunto.

Alguns editores como Roberto Guedes têm mantido pro-dução regular de fanzines com grupos de super-heróis. Robertojá editou diversos números de Meteoro, Força Máxima, etc.Outros editores encontraram um público estável e tambémmantêm regularidade, como Ruby Felisbino Medeiros queedita o fanzine de ficção científica Notícias... Do Fim doNada. O Fanzine clássico também tem sua vez como o For-mulário Contínuo de Antônio Luiz Ribeiro, com notícias atu-ais, críticas e uma importante lista de preços de revistas anti-gas. Uma novidade na década foi o grande crescimento dosFanzines de HQs no estilo mangá e sobre os mangás originais

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japoneses. Este crescimento se vê facilmente pela presençade revistas profissionais sobre o tema nas bancas.

E os Fanzines experimentais também tiveram grande ex-pansão, com o aparecimento de muitos editores, mas umadas características deste tipo de Fanzine é justamente a irre-gularidade, o editor produz o Fanzine quando tem algum tra-balho que julga interessante.

POR QUE FAZER FANZINE?

Há vários motivos que levam uma pessoa a fazer umFanzine. O motivo que está na origem do surgimento doFanzine é o fato da pessoa ser fã de algum assunto (um perso-nagem de HQ, um ídolo de cinema, etc) e querer manter con-tato com outros aficcionados. Às vezes a iniciativa começacom a criação de um fã-clube que depois produz um bole-tim. Mas também pode se iniciar com a produção do próprioFanzine. Sérgio Takara, colecionador e fã do Fantasma, deFalk e Moore, está editando um Fanzine na forma de álbumde figurinhas, onde cada figurinha é a capa colorida de umarevista do Fantasma. Muitas vezes o editor deseja comparti-lhar com outros interessados o material de sua coleção. Istopode originar Fanzines com grande teor de pesquisa como oFã-Zine de Eduardo Cimó, dedicado aos Heróis Brasileiros,que é um dicionário com centenas de verbetes sobre perso-nagens do quadrinho nacional.

Alguns autores desejam divulgar sua própria expressãoartística e o Fanzine é o veículo. Nestes Fanzines, muitas ve-zes, o autor não tem intenção de aumentar sua tiragem, massim produzir apenas para um círculo de amigos que tem inte-resse naquele tipo de manifestação artística. Alberto Monteirojá editou diversos Fanzines como o Anti-Usual contendo ostrabalhos pessoais seus e de outros autores. Tentou com

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Hauuzc fazer uma edição de maior tiragem que tivesse mai-or alcance.

Outros autores buscam a profissionalização e o Fanzineé o meio de mostrar seu trabalho para outras pessoas ou paraos editores profissionais, e ao mesmo tempo um estímulo paraproduzir e aprimorar o trabalho. André Diniz começou comFanzines pequenos e simples até realizar uma edição de Gran-des Enigmas com maior tiragem e melhor qualidade gráfica,mas ainda feita de modo independente. Depois teve a opor-tunidade de fazer um trabalho profissional com o lançamentoda revista do Tiririca.

Em resumo, o editor precisa ter algo a dizer e a disposi-ção para materializar este desejo na forma de Fanzine econtatar outras pessoas com interesses comuns.

COMO FAZER?

A produção de um Fanzine abrange as etapas que come-çam com a iniciativa de editar, passa pelo trabalho de definirlinha editorial, conseguir o material a ser editado, manter con-tato com colaboradores, montar a edição, conseguir a impres-são, até chegar ao resultado final que é a edição impressa. É oaspecto mais pessoal de todo processo. A elaboração dos ori-ginais da edição depende principalmente da visão do editor,sua capacidade de criar, de contatar outros criadores, de or-ganizar todo o material disponível. A edição será reflexo daformação cultural do editor. Todo tipo de material é válidopara compor a edição (HQs, poesias, contos, fotos, ilustra-ções, colagens, etc). Obviamente o resultado também depen-derá dos recursos materiais que o editor tiver disponíveis, comomáquina de escrever, computadores, scanners, etc, mas estesnão são os ingredientes mais importantes na feitura da edi-

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ção. O que caracteriza primordialmente um Fanzine é a per-sonalidade que seu editor lhe imprime.

A maneira mais simples de fazer um original de Fanzine,que vá ser reproduzido em xerox, utiliza apenas papel, cane-ta (ou máquina de escrever) e cola. O editor escreve ou coletao material escrito, seleciona as ilustrações, faz a montagemdo material em folhas de papel no formato que vai ser repro-duzido. Após a impressão em xerox de um certo número decópias de cada original, o editor deve montar cada exemplare grampeá-los.

Jorge Barwinkel é um editor que se notabilizou pela ma-neira como diagrama suas páginas, que ele mesmo chama de�bagunça organizada�. Procura preencher cada página como máximo de informação e ilustrações. Laérçon usa um traçobastante simples para realizar suas HQs e dar seu recado. OGrupeHQ de Natal (RN), para viabilizar suas edições, che-gou a fazer números de Maturi no formato 1/8 de ofício, ouseja, a folha de papel ofício dobrada três vezes. E recente-mente, Diego, um menino de oito anos, com ajuda deJohadson, editor do fanzine Freak World, fez seu primeirofanzine, Biu!, uma folha de papel dobrada ao meio, com umdesenho na capa e uma HQ de três páginas.

COMO IMPRIMIR?

A impressão constitui-se hoje um problema menor doque alguns anos atrás. A impressão em xerografia é a formamais simples de reproduzir um Fanzine, pois facilita a produ-ção do original, e atualmente há uma difusão relativamentegrande de máquinas copiadoras com preços de cópia relati-vamente acessíveis. O custo da cópia xerográfica ainda é maiordo que o de outras formas de impressão, mas permite que o

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editor com pouco capital possa fazer pequenas tiragens desua edição, de acordo com suas possibilidades. Se o editorpretende bancar uma tiragem relativamente alta, a impressãoem off-set é mais adequada, pois apresenta custo por cópiamenor.

Atualmente quase não há mais Fanzines feitos emmimeógrafo a álcool pois exige que o original seja feito dire-tamente em um estêncil especial e não permite a reproduçãode ilustrações. No entanto é uma forma muito barata de im-pressão que pode ser adequado para fanzines em que predo-mine o texto. Gonçalo Júnior fez um uso muito criativo daimpressão com mimeógrafo em seu Folha de Quadrinhos,usando papel carbono de diversas cores.

A produção de uma capa colorida sempre foi um desafioaos editores. Hoje o xerox colorido é uma opção razoável,mas ainda cara. Marcelo Silveira optou pela serigrafia parafazer a capa de O Caçador. Os editores de fanzines de nos-talgia coloriam detalhes da capa à mão com lápis de cor.Giorgio Cappelli fazia belas capas coloridas à mão com guacheem Ércio Rocha.

Outras formas de impressão menos usuais como a tipo-grafia ou o mimeógrafo à tinta podem ser usadas dependendodos objetivos do editor. Lauro Roberto fez seu fanzine Olixusando xilogravura, ou seja, os originais são esculpidos emmadeira e depois carimbados no papel.

COMO FACILITAR A PRODUÇÃO?

Apesar de, como já foi dito, a facilidade de impressãohoje ser bem maior, a necessidade de algum recurso financei-ro para o editor bancar mesmo que uma pequena tiragemainda é um problema grande, e muitos editores não conse-

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guem ultrapassá-lo.Diversas soluções são tentadas para resolver este proble-

ma, sendo que a mais comum é a constituição de grupos oucooperativas. Diversas pessoas com interesses semelhantes seagrupam para produzir edições em conjunto, rateando tantoos custos de impressão quanto o próprio trabalho de produ-ção dos originais, e também o trabalho futuro de divulgação edistribuição. O Fanzine Barata, um dos mais antigos aindaem circulação começou no sistema cooperativo. Em João Pes-soa (PB), o Fanzine Gigante Verde era feito pelo Clube Gi-gante Verde, um grupo de fãs do Hulk. O Quadrinhos Co-meta é feito por um grupo com participantes em diversas ci-dades e que também edita outros Fanzines. Esta solução temos problemas de todo agrupamento, as divergências de opini-ões e objetivos, as dificuldades de relacionamento, etc.

Outra solução é o uso de anunciantes para bancar oscustos de impressão. A dificuldade óbvia desta solução é queo editor tem que também fazer as vezes de departamento co-mercial e sair à caça de anúncios. Gabriel Rocha lançou o nº0 de Impacto financiado por diversos anunciantes. Outroseditores também têm conseguido viabilizar seus projetos comeste recurso

COMO DIVULGAR?

Divulgação compreende o trabalho de anunciar a edi-ção, elaborar e enviar malas diretas, fazer com que possíveisinteressados saibam da existência do trabalho.

Uma das principais características dos Fanzines é a mú-tua divulgação que fazem entre si. No entanto, esta divulga-ção fica muito restrita dentro do próprio meio independente,uns divulgando os outros. Sem dúvida, este é o aspecto mais

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visível do sentimento de cooperação que irmana os editoresde Fanzines, no entanto, muitas vezes se almeja uma divulga-ção maior. O envio de anúncios, releases ou mesmo da pró-pria edição para os órgãos de imprensa, os cadernos culturaisou de entretenimento, sempre se mostrou improdutivo. Atu-almente os grandes jornais fazem esporadicamente reporta-gens sobre Fanzines e edições independentes, alguns man-têm até colunas regulares sobre o assunto. Mas mesmo a di-vulgação em grandes jornais não traz retorno significativo parao editor independente. O número de leitores do jornal queprocura contatar a edição divulgada costuma ser assustadora-mente baixo.

A divulgação dentro do próprio meio costuma ter umaboa resposta. Dois Fanzines que divulgavam intensamenteoutros fanzines no começo da década de 90 foram o Repór-ter HQ de Antônio Gobbo, e o Informativo Tempo Livre deMoacir Torres. Em 1993 surgiu o Informativo de Quadri-nhos Independentes de Edgard Guimarães, boletim bimestralque divulga mais de uma centena de edições a cada número,enviado a cerca de 700 pessoas. Recentemente esta divulga-ção foi reforçada com o Independente ou Morte de Marce-lo Marques.

COMO DISTRIBUIR?

Distribuição é fazer a edição chegar ao leitor, inclui re-ceber pedidos, envelopar e postar, colocar em bancas ou lo-jas especializadas, ou mesmo vender de mão em mão emeventos afins.

A maior parte da distribuição dos Fanzines é feita atravésdo correio. As vantagens são muitas: o alcance é grande, che-ga a toda parte do país, podendo também alcançar outros

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países; o custo é relativamente baixo. Algumas desvantagenssão: o trabalho extra de receber pedidos por carta, embalar epostar a edição; o transporte pelo correio não é muito cuida-doso. O Comix Club criado por Worney tem objetivo de ven-der edições independentes pelo correio.

A distribuição pelo correio tem outro inconveniente. Onúmero de leitores contatáveis é relativamente baixo. Para oeditor que deseja fazer uma tiragem maior de seu Fanzine,esta quantidade de leitores não é suficiente. Uma alternativaé o editor fazer ele próprio uma distribuição em bancas e li-vrarias especializadas. Isto aumenta bastante o trabalho doeditor, que tem que percorrer periodicamente todos os pontosde venda para deixar o produto, checar as vendas e fazer oacerto de contas, e encarece a edição. A Banca Zoop, emBelo Horizonte (MG), tem procurado distribuir em bancasdiversas edições independentes. Há uma movimentação tam-bém no sentido de distribuidores independentes de diversascidades se unirem para uns distribuírem as edições dos ou-tros.

A alternativa de vender a edição de mão em mão tam-bém tem muitas restrições, depende da disposição do editorpara essa tarefa, e depende da existência de eventos comofestivais, congressos, convenções, onde compareça públicopotencialmente interessado. Marcatti usou esse sistema du-rante muito tempo. E atualmente Lacarmélio vende seu Belônas ruas em Belo Horizonte.

FANZINE TEM PATROCÍNIO?

Além do patrocínio na forma de anúncios que o editorde Fanzine pode buscar para ajudar nos custos de produção,haveria em tese outra forma de patrocínio. Em diversos países

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da Europa, em particular em Portugal, os concelhos (o corres-pondente a prefeitura) das cidades possuem órgãos de incen-tivo a produção artística dos jovens. Assim, diversos Fanzinessão produzidos com os custos arcados pela administraçãopública. No Brasil, não existe formalmente uma estrutura comoesta, mas às vezes alguns editores de Fanzines conseguemalgo parecido.

A Gibiteca de Curitiba patrocinou a produção de diver-sos números do Fanzine Gibitiba, dedicado a diversos as-suntos relacionados à Gibiteca. Em Fortaleza, na Universida-de Federal do Ceará, há uma oficina de quadrinhos que pro-duz constantemente o Fanzine Pium, patrocinado pela Uni-versidade. A Secretaria de Educação e Cultura da Paraíba em1985 incluiu em sua revista Presença Literária um encartede quadrinhos chamado Leve Metal, que trazia trabalhos dediversos autores de Fanzine atuantes na época. O curso deeditoração da Escola de Comunicação e Artes da USP, emSão Paulo, tem produzido, com interrupções, o Quadreca,com HQs e estudos sobre quadrinhos. Recentemente, a Pre-feitura de São Vicente (SP) patrocinou uma edição chamadaHipupiara, quadrinização de uma lenda local feita por artis-tas com passagens pelos Fanzines. Em Belo Horizonte (MG),Wellington Srbek utilizou-se de uma lei municipal de incenti-vo à cultura, e produziu sete números da revista independen-te Solar.

HÁ MUITO FANZINE NO BRASIL?

Há algum tempo que a quantidade de Fanzines brasilei-ros impressiona alguns editores de outros países. Em Portugal,Fernando Vieira mantinha uma página chamada Bedelho, nojornal Barlavento, dedicada a divulgar Fanzines do mundo

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todo e os brasileiros eram presença constante na página. EmOurense, na Galícia (Espanha), Henrique Torreiro organizahá quase 10 anos uma Exposição Internacional de Fanzines,e declarou que, depois de Espanha e talvez Portugal, o Brasilé o país com maior participação na Exposição.

Em meados da década de 80 houve uma explosão deFanzines no Brasil, surgindo edições de todo tipo, de todos oslugares. Apesar de muitos editores dessa época terem sumidolevando junto seus Fanzines, muitos outros surgiram e atual-mente o número de Fanzines ainda é grande. Esta explosãofoi ocasionada por três fatores. Primeiramente, umaconscientização de que qualquer pessoa poderia editar umapublicação. A divulgação de Fanzines em revistas de grandecirculação, no final dos anos 70 e a intercomunicação, viacorreio, entre estes editores e futuros prováveis editores leva-ram a esta conscientização. Em segundo lugar, a difusão demáquinas xerográficas tornando possível a qualquer um a fa-cilidade de reprodução. Embora a cópia xerográfica não sejatão barata quanto a cópia mimeografada, por exemplo, o fatode permitir reprodução de qualquer tipo de original em pretoe branco sem uso de matrizes especiais facilitou muito a pro-dução de Fanzines. A xerografia também permite a impressãode pequenas tiragens ficando acessível mesmo aos editoresde baixo poder econômico. Por último, a quase completaausência de mercado profissional para o artista brasileiro,obrigando-o a buscar o Fanzine como forma de expressão.Como esses três fatores continuam existindo, nem mesmo ascrises econômicas têm abalado a resistência dos editores deFanzine.

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COMO FANZINE FAZ SUCESSO?

Existem alguns tipos de Fanzines que já alcançaram seusobjetivos. Os Fanzines dedicados ao tema nostalgia, compublicação de HQs antigas e textos sobre os quadrinhos clás-sicos são bem estáveis, são dirigidos a um grupo de colecio-nadores e admiradores de cerca de cem pessoas, saem comregularidade, tem tamanho, número de páginas e linha edito-rial bem definidos, e muitos saem sem interrupção há mais dedez anos. São feitos normalmente por pessoas adultas, quetêm vida e situação econômica estável. O Castelo de Re-cordações de José Magnago, por exemplo, é feito para umgrupo de admiradores de quadrinhos antigos com os custosarcados pelo editor.

Outro tipo de Fanzine que já está consolidado é o que sevolta para o experimentalismo. Seu editor/autor usa o Fanzinepara se comunicar com um grupo reduzido de amigos quepossuem interesses específicos em comum, e não objetivaaumentar tiragem, divulgar a edição, etc. Márcio Júnior editadiversos Fanzines como o Bizarre Inc, e se dedica à ediçãosomente quando deseja expressar sua arte, o que faz este tipode fanzine muitas vezes passar anos sem ser editado.

Há os Fanzines feitos por editores muito jovens. A con-solidação deste tipo de Fanzine é difícil, somente quandoconsegue alguma estabilidade num emprego é que este edi-tor pode retomar seu fanzine.

O tipo de Fanzine que mais intensamente busca sua con-solidação é justamente aquele que pretende se profissionalizar.Este editor não consegue espaço no mercado e parte para elemesmo editar seu trabalho. O objetivo é tornar a revista eco-nomicamente rentável que permita sua sobrevivência dedi-cando-se exclusivamente a ela.

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HÁ FANZINE PROFISSIONAL?

Há muito tempo que diversos editores de Fanzines têmtentado transformar suas edições em revistas profissionais. Noentanto, quando um editor tenta profissionalizar sua edição,ela certamente estará deixando de ser Fanzine. Há uma sériede características que distinguem um Fanzine de uma revistaprofissional.

O editor de Fanzines tem total liberdade de edição, po-dendo publicar o que quiser, mudar a linha editorial no meiodo caminho, mudar formato, número de páginas, privilegiarassuntos que lhe são mais caros, abrir espaço para colabora-dores que possam não agradar, manter aperiodicidade, distri-buir exemplares de graça, fazer todo tipo de experimentação,expressar-se sem maiores restrições. Além disso tudo, consti-tui-se característica fundamental dos Fanzines a camarada-gem entre editores, colaboradores, leitores. O Fanzine atuacomo uma extensão da amizade que vai se firmando entreseus participantes em torno de assuntos de interesse comum.

A edição de uma revista profissional vai exigir do editorum conjunto de comportamentos incompatível com afanzinagem. A edição de uma revista profissional requer uminvestimento muito maior. Daí o retorno financeiro é impres-cindível. A periodicidade torna-se uma exigência não só paraconquistar os leitores, mas porque um possível contrato comum distribuidor vai exigir isso. Para conquistar esses leitores,o conteúdo da revista deverá agradá-los, portanto a seleçãode material a ser publicado ficará atrelada ao gosto da maio-ria dos leitores. Para sobreviver é preciso vender mais, e esseaumento do número de leitores fatalmente se dará em cimados leitores de outras publicações do gênero. Perde-se a cum-plicidade e a cooperação entre os editores, tornam-se con-correntes, disputam acirradamente a preferência dos leitores.

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A edição de uma revista profissional é o extremo opostoda edição de um Fanzine, portanto, não é possível fazer umFanzine ficar profissional. O editor que tenha em mente trans-formar seu Fanzine em revista profissional deve estar cientede que estará entrando em outro mundo, com característicasbem diferentes e que deve estar preparado para agir de formaadequada.

QUAIS OS TIPOS DE FANZINE?

Há Fanzines dos mais diversos assuntos, mas há algunstemas predominantes, como os quadrinhos, a poesia, a músi-ca e a ficção científica.

FANZINES DE QUADRINHOS!

Talvez seja o assunto sobre o qual há mais Fanzines noBrasil. O Ficção, considerado o primeiro Fanzine brasileiro,apesar do nome, era dedicado aos colecionadores de revistasde quadrinhos. Dentro do tema Quadrinhos há diversas ver-tentes. O tipo mais estável é o Fanzine sobre quadrinhos anti-gos. Normalmente têm regularidade e linha editorial bem de-finida. O Grupo Juvenil, de Jorge Barwinkel, sai sem inter-rupção desde 1984. O tipo menos estável é o que pretendetrazer notícias atualizadas sobre quadrinhos. Alguns Fanzinessofrem evoluções ao longo do tempo. O R.A.F.F., de DanielHDR, começou trazendo textos sobre quadrinhos america-nos e HQs neste estilo. Foi se transformando e dando priori-dade aos quadrinhos brasileiros e às HQs experimentais. OsFanzines com trabalhos fora do esquema comercial tambémsão muito inconstantes, mas isto chega a ser uma qualidade,pois o leitor sempre é surpreendido tanto pelo conteúdo quantopelo seu lançamento. É comum o editor de Fanzine de qua-

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drinhos tentar um vôo mais alto, com a publicação de umarevista de maior tiragem e maior qualidade gráfica. MarceloGarcia, editor de Bifa, lançou um número de Ervilha, umaantologia com os quadrinhistas mais conhecidos do meio in-dependente. Os Fanzines sobre Mangá, como Gaya, têm seproliferado ultimamente com uma novidade, a presença demulheres editoras e quadrinhistas.

FANZINE DE FICÇÃO CIENTÍFICA E HORROR!

Como foi dito, a edição considerada o primeiro Fanzinedo mundo era de ficção científica. Alguns fatores favorecemo aparecimento dos Fanzines de ficção científica. De um modogeral, este gênero literário é pouco valorizado e, principal-mente no Brasil, as editoras não investem em livros de ficçãocientífica. Assim, um grande número de autores vê na publi-cação em Fanzine um modo de divulgar sua produção. Hoje,há no Brasil um grande grupo de escritores de FC que se de-senvolveu dentro dos Fanzines e está conseguindo espaçosem publicações comerciais. Alguns editores como MarcelloSimão Branco, do Megalon, e Cesar R.T. Silva, doHiperEspaço, além de publicarem regularmente seusFanzines, têm arriscado publicar livros como a antologiaOutras Copas, Outros Mundos, para venda em livraria.Outro fator que estimula o aparecimento de Fanzines de FC éo sucesso que alguns filmes e séries de TV de ficção científicacomo Jornada nas Estrelas ou Guerra nas Estrelas alcança-ram.

O horror é um gênero com alguma afinidade com a fic-ção científica, tanto que o Fanzine Juvenatrix, de RenatoRosatti, se dedica aos dois temas. Também a Sociedade Brasi-leira de Arte Fantástica foi criada para promover eventos epublicações englobando ambas as manifestações. Predomi-

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nam nos Fanzines de horror os textos sobre o tema no cinemae na literatura, mas aparecem com freqüência também HQsde horror, pois os quadrinhos de horror sempre tiveram tradi-ção no Brasil. Há também Fanzines como Arghhh!!, de PetterBaiestorf, e Suspiria, de César Souza, que dão destaque àsproduções de terror gore em vídeo, inclusive suas própriasproduções.

FANZINES DE MÚSICA E LITERÁRIOS!

O cenário da música independente no Brasil é muito ati-vo, com centenas de bandas produzindo e gravando seus tra-balhos, então é natural que o Fanzine seja um meio de divul-gação desses grupos. Algumas bandas com Trap, Cortina deFerro, Slug, produzem seus próprios Fanzines. Outras, comoa Destino Ignorado, tem seu Informativo produzido pelo seuFã-Clube. Normalmente estes Fanzines trazem informaçõessobre a própria banda, suas turnês, seus lançamentos, etc. HáFanzines como Megarock e Rock Line de Fernando Cardo-so, que trazem informações gerais sobre bandas variadas eentrevistas com seus componentes. Também as produtoras edistribuidoras independentes produzem seus Fanzines. Che-gou a ser editada uma revista/catálogo, Underguide, dedicadaa divulgação de bandas, estúdios, fanzines, etc.

A produção de edições literárias, principalmente de po-esia, também é muito grande, desde os folhetos poéticos, umasimples folha com poemas que o autor envia a seus corres-pondentes, até jornais literários com boa estrutura como Blo-cos, de Leila Míccolis, e Garatuja, de Ademir Bacca. As pu-blicações alternativas literárias não costumam usar o termo�fanzine� para se identificarem, preferem os termos �boletim�e �jornal�, no entanto o espírito da publicação é o mesmo. Ojornal Poietiké, de Diniz Felix dos Santos, tem como desta-

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que o intercâmbio feito com centenas, talvez milhares, deautores de todo o mundo. Existe uma boa interação entre oseditores de publicações poéticas e de quadrinhos, com a pu-blicação regular de poemas em Fanzines de quadrinhos e vice-versa. O editor Arthur Filho, do boletim cultural Mensageiro,freqüentemente produz edições com quadrinhos e cartuns.

FANZINES FILOSÓFICOS E EXPERIMENTAIS!

Dentro dos Fanzines de quadrinhos surgiram alguns ar-tistas misturando HQ e poesia, e hoje há um número signifi-cativo de artistas produzindo dentro dessa linha que é cha-mada de �fantasia filosófica�. Henry Jaepelt, que produziudiversos fanzines, como Cráu!, é um dos mais ativos e co-nhecidos. Outros autores que estão em grande atividade sãoGazy Andraus, que produziu álbuns e edições avulsas comoHomo Eternus e Convergência, e Edgar Franco, com Sinfo-nias da Essência e Desenvolvimento. Antônio Amaral,embora não produza muito, publicou Hipocampo, uma edi-ção imperdível. Flávio Calazans também tem trabalhos nestalinha com seus personagens Tyli Tyli e Poeta do Paradoxo, eseu álbum Guerra das Idéias. Esta vertente dos quadrinhosganhou um Fanzine totalmente dedicado a ela, Mandala,editado por Henrique Magalhães. Em Portugal, o editor NunoNisa Reis produz O Vôo da Águia, com grande participaçãode artistas brasileiros como Gazy, Edgar, Al Greco e outros.

Com alguma afinidade com os Fanzines filosóficos estãoos Fanzines experimentais. Nestes Fanzines predomina osquadrinhos, mas seus editores e autores não se impõem restri-ções, e qualquer experiência formal é válida. Um dos edito-res mais ativos é Alberto Monteiro, com Anti-Usual e outrosfanzines avulsos. Outros editores de destaque são KleberFreitas, com Arkhan, Ricardo Borges e Yury Hermuche, com

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Krise, Luciano Irrthum, com diversas edições avulsas comoGente Famosa, Gustavo Veiga com Desenhos, Daniel Bar-bosa com Mr. Hyde e outros. Os Fanzines experimentaismantêm um grande contato com outras formas de arte, comoa pintura, a gravura, e outras manisfestações menos cotadascomo a colagem.

OUTROS TEMAS!

Há Fanzines sobre muitos outros temas, sendo que umdos mais comuns é o Fanzine de assuntos gerais. Traz infor-mações sobre HQs, cinema, livros, música, notícias interes-santes, etc. Tertúlia de Renato Arless, Cymb Ótico,Cabrunco, Esclerose de Celsinho, Brujeria de Bruno Privatti,são alguns exemplos. O Fatherzine de Valdir Ramos é dedi-cado a Jimi Hendrix, mas procura abordar o tema sob váriosângulos, tendo produzido edições somente com HQs. OGandula de Wilson Ferraz dedica cada número a um time defutebol, com a história do time, e dando destaque a cartuns ecaricaturas. O Lixo Informativo é dedicado ao problema dareciclagem do lixo no mundo. Há um número relativamentegrande de Fanzines libertários, alguns com boa estrutura comoo Libera... Amore Mio. O Letralivre é um jornal literáriocom temática libertária, da Editora Achiamé, que circula nomeio independente. O Tom Zine é dedicado à temática ho-mossexual. José Salles editou Monakhós, um diário de suaviagem à Europa e norte da África. Henrique Magalhães edi-tou um livro independente sobre as rádios livres no Brasil eoutro sobre o rock paraibano. Fábio Zimbres, dentro da Cole-ção Mini-Tonto, editou 3600 Milhas, relato da viagem debicicleta feita por Eduardo Schaan durante uma semana pelosEUA. Super 8 de Marceloss é dedicado a resenhas de lança-mentos no cinema.

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Há, assim, Fanzines dos mais diversos temas, bastandopara tanto que o editor esteja disposto a produzi-lo.

ÁLBUM PODE SER FANZINE?

Embora, de um modo geral, os Fanzines sejam ediçõesmais modestas quanto a forma, pois dificilmente seu editor temrecursos financeiros para custear edições mais caras, regular-mente aparecem verdadeiros álbuns no meio independente. Aapresentação com alta qualidade gráfica não descaracteriza oFanzine, pois continua sendo uma edição feita com espíritoindependente. Em 1984, Deodato Borges e Deodato Filho, queproduziam o Fanzine HQ, conseguem apoio dos órgãos cultu-rais do estado da Paraíba e editam o álbum 3000 Anos De-pois. Este trabalho foi publicado na Europa e abriu as portas domercado internacional para Deodato. Em 1990, Marcatti, quejá produzira dezenas de Fanzines, quadriniza um texto deGlauco Mattoso e o trabalho é lançado na forma do álbumGlaucomix, que teve distribuição também através de livrariasespecializadas. Em 1991, Flávio Calazans e Paula Prata produ-ziram em parceria o álbum Absurdo trazendo uma HQ feitasob hipnose. Henrique Magalhães, depois de sua volta da Fran-ça, onde fez doutorado sobre Fanzines, passou a editar regular-mente três edições: Top! Top!, Mandala (antes chamada TyliTyli) e a Coleção Das Tiras, Coração! Além disso, passou aeditar álbuns avulsos de quadrinhos. Publicou Maria, com seutrabalho em tiras, Agartha de Edgar Franco, A Guerra dasIdéias de Flávio Calazans, e um álbum sobre o trabalho deLuzardo, veterano cartunista paraibano. Com uma apresenta-ção gráfica mais simples, mas ainda dentro do conceito de ál-bum, Edgard Guimarães co-editou A Guerra dos Golfinhosde Flávio Calazans, O Duelo de Laudo, Velta de Emir Ribeiro,Contos de Daniel HDR, entre outros.

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NÃO É FANZINE MAS PARECE!

Há algumas edições que circulam eventualmente no meioindependente, às vezes feitas por pessoas do meio, que pare-cem Fanzines mas foram feitas dentro de um esquema comer-cial. Em Porto Alegre circulou Hiena, o Jornal do Cartum,produzido por Cláudio Spritzer, bancado por pequenos anún-cios locais. Também em Porto Alegre surgiu no mesmo es-quema o Tupinanquim. Muitas vezes estas edições são dis-tribuídas gratuitamente pois já estão pagas pelos anunciantes.Em Fortaleza, Mino produz o The Mino Times, num esque-ma parecido, há bastante tempo. Recentemente, um de seuspersonagens, o Capitão Rapadura, ganhou revista própria pro-duzida por Daniel Brandão, JJ Marreiro e Geraldo Borges, queeditam o Fanzine Manicomics. Em Piracicaba, Fábio San Juanproduziu o Toalha de Mesa, literalmente uma toalha de pa-pel com anúncios e cartuns impressos para ser usada nas mesasdos bares da cidade. Em Salvador, Cedraz, veteranoquadrinhista e editor de diversos Fanzines, está produzindo arevista Zé Bombinha, totalmente colorida, patrocinada porum posto de gasolina da cidade. Também na Bahia, o cartunistaCaó Cruz Alves, que já produziu diversos livros, além doFanzine La Tanayura, produziu o mini-álbum Europa!, porencomenda do Centro Humanitário de Apoio à Mulher, paraalertar as mulheres que vão tentar a sorte na Europa. Às vezesé incluído como um dos primeiros Fanzines do Brasil a revis-ta Albatroz, produzida por Altair Gelatti na segunda metadeda década de 60, mas era uma revista que se sustentou comanúncios locais por mais de meia centena de números.

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OS PROFISSIONAIS E OS FANZINES!

Muitos quadrinhistas profissionais têm participado deFanzines no Brasil. O começo deste intercâmbio muitas vezesse dá por iniciativa do editor que é fã do artista e às vezes atécria um fã-clube em sua homenagem como aconteceu comWatson Portela e Olendino Mendes. Historieta talvez seja oFanzine que mais publica trabalhos de profissionais. Artistascomo Watson Portela, Mozart Couto, Canini, Paulo Yokota, entreoutros, já participaram de suas páginas. O profissional que maisapoio dá aos Fanzines talvez seja Shimamoto, sempre presenteem diversas edições. Recentemente o Fanzine Ágape, deWellington Srbek publicou uma HQ colorida de Flávio Colin.Alguns profissionais até já arriscaram a fazer seus Fanzines. Em1986 Tête Portela edita Gang Portela, com trabalhos de seusirmãos destacando-se Watson Portela. Em 1984, Ofeliano lan-ça o Notícias dos Quadrinhos, um Fanzine de informações,impresso em off-set e com capa colorida. Em 1993 Laerte co-edita Cachalote. Gian Danton, que já atuou ativamente comoroteirista, publicou seu Fanzine Idéias de Jeca Tatu e recente-mente escreveu a graphic novel independente Manticore.

Por outro lado, artistas que começaram publicando emFanzines, hoje atuam no mercado profissional. Deodato Filho,que com o nome Mike Deodato é o mais conhecido artistabrasileiro publicando em editoras americanas, começou nosFanzines, editando junto com seu pai, o HQ. Também traba-lhando no mercado americano com o nome Luke Ross, LucianoQueiroz editou o Fronteira. Joe Prado, que editou o Embrião,foi o desenhista da minissérie Ufo Team publicada pela Edito-ra Trama. Alexandre Montandon e Alexandre Dias, editores deMuriçoca, hoje produzem cartilhas em quadrinhos para em-presas, destacando sua Turma do Apê, com informações úteispara os condomínios.

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HÁ PIRATARIA EM FANZINE?

Uma característica bastante presente nos Fanzines é arepublicação de material de outras publicações. A maior in-cidência é de histórias em quadrinhos antigas retiradas de re-vistas das décadas passadas, histórias em quadrinhos estran-geiras não publicadas no Brasil, textos e reportagens tiradosde revistas, livros e jornais antigos ou atuais, etc. Esta atitudepoderia ser chamada de pirataria, e muitos editores até se re-ferem a ela por este nome, pois o termo tem um apelo român-tico desde os romances de corsários de séculos atrás. Assim onome �pirata� tem aparecido em títulos de Fanzines, nomesde seções e mesmo em pseudônimo de editor. No entanto,para desilusão dos românticos, esta atitude dos editores nãotem nada de contravenção.

A edição de Fanzines não é uma atividade em que o edi-tor, ao republicar material de autoria de outros, estivesse ob-tendo benefícios às custas destes trabalhos. Pelo contrário,são raros os Fanzines em que a receita consiga alcançar adespesa, sendo que muitas vezes a distribuição dos exempla-res é gratuita para um círculo de amigos.

O que move o editor de Fanzine é o desejo de comparti-lhar com outras pessoas todo tipo de material a que teve aces-so e que considera importante a divulgação a outros interes-sados. Dentro deste espírito, muitas vezes o editor realiza ver-dadeiras expedições arqueológicas para trazer a público, ain-da que infelizmente a um público muito reduzido, verdadei-ros tesouros perdidos em publicações há muito esquecidas.O ponto central da questão é que os Fanzines, de forma de-sinteressada, têm feito um serviço de resgate e difusão de as-pectos da cultura muitas vezes negligenciados tanto pelasempresas editoras quanto pelos órgãos governamentais.

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EVENTOS E PREMIAÇÕES!

A partir do final da década de 80 começaram a ser organiza-dos eventos relacionados aos Fanzines. Em 1987 aconteceu emAraxá (MG) o 1º Encontro de Histórias em Quadrinhos ideali-zado por Baldisseri. Este evento era voltado para os profissionaisde quadrinhos, para discussão da situação do profissional e temasafins, mas a presença de editores de Fanzines foi muito grande eacabou havendo em paralelo um encontro de fanzineiros. O eventoteve mais três edições com as mesmas características.

Em 1990 a Gibiteca de Curitiba organizou a 1ª ExposiçãoInternacional de Fanzines, que teve mais duas edições, com aapresentação de shows, palestras e até uma oficina de produçãode Fanzines.

Em Fortaleza, Weaver Lima organizou o Energetic Zines,uma exposição que foi registrada na forma de um bem cuidadocatálogo, o Mentes Magnéticas.

No Rio de Janeiro, Bia Albernaz e Maurício Peltier consegui-ram apoio da Fundação Banco do Brasil e realizou em 1997 e1998 o Zinemutante com muitas atividades, palestras e debates.

Em São Paulo, a partir de 1995, a Sociedade Brasileira deArte Fantástica procurou reunir os interessados em Fanzines deficção científica e quadrinhos em torno do tema horror e realizouquatro edições de sucesso da HorrorCon.

As duas mais constantes premiações para trabalhos em qua-drinhos possuem a categoria �Melhor Fanzine�. A Associação deQuadrinhistas e Caricaturistas promove o Dia do QuadrinhoNacional com o troféu Angelo Agostini, e os cartunistas Jal e Gualpromovem o HQ Mix. Alguns editores de Fanzines, como JoacyJamys, de São Luís (MA) e Queiroz, de Salvador (BA) criarampremiações exclusivas para Fanzines, mas não tiveram conti-nuidade.

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QUAL A IMPORTÂNCIA DOS FANZINES?

A primeira e maior importância dos Fanzines é a cultu-ral. Ou seja, os Fanzines, de um jeito ou de outro, em maiorou menor grau, serão incorporados à cultura brasileira. E nãofaz muita diferença se a tiragem de um Fanzine é pequena ougrande. Há outras importâncias como a formação e amadure-cimento de artistas ou a satisfação pessoal dos editores e co-laboradores de estarem divulgando seus trabalhos, ou a am-pliação de amizades entre os que participam desse mundodos Fanzines.

Nos aspectos crítico e informativo, identificam-se tam-bém algumas contribuições dos Fanzines. As críticas, veicu-ladas nos Fanzines, sobre as adulterações feitas pelas grandeseditoras nas histórias em quadrinhos publicadas por elas noBrasil, chegaram até os editores provocando, no primeiromomento, reação, mas posteriormente levando-os a realiza-rem um trabalho mais consciente. Também, muitas vezes énos Fanzines que os editores profissionais buscam informa-ções e esclarecimentos sobre o passado de séries e persona-gens.

Muito importante é a iniciativa de resgate de trabalhos eautores brasileiros e estrangeiros feito pelos editores deFanzine. Muitos autores da primeira metade do século XX,como Belmonte, J. Carlos, Max Yantok, entre tantos outros,permanecem praticamente desconhecidos dos leitores atuais,e não há o menor interesse das editoras profissionais em pu-blicar seus trabalhos. Através dos Fanzines é possível tomarcontato com todo esse material. Os Fanzines também têm sidoo veículo de divulgação de sérias pesquisas que deviam estarsendo promovidas pelo meio editorial ou pelo meio acadê-mico.

A inexistência de um mercado profissional estável para o

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quadrinhista brasileiro desestimula tanto a produção dos ar-tistas já maduros quanto o desenvolvimento de novos talen-tos na área. Assim, mesmo que de forma bastante limitada, osFanzines têm promovido a produção de quadrinhos brasilei-ros através do incentivo da publicação, mesmo não remune-rada e de alcance restrito.

QUAL A QUALIDADE DOS FANZINES?

A avaliação de Fanzines não pode ser feita usando osmesmos critérios usados para avaliar trabalhos veiculados naspublicações profissionais. Muitas vezes o Fanzine é uma obraextremamente pessoal, feita seguindo diretrizes muito própri-as do editor e dirigida a um grupo específico de leitores. Comtantas especificidades, a obra está fora da capacidade de apre-ciação de quem não pertença ao grupo. Em alguns casos, oFanzine é resultado da expressão de pessoas muito jovens,cujos trabalhos não têm maturidade artística, e não seria ho-nesto avaliá-los pelos mesmos critérios usados nos trabalhosprofissionais. Ao contrário, a atitude a ser tomada em relaçãoa quem está procurando achar seu caminho artístico, apren-dendo e evoluindo, deve ser de orientação e principalmenteincentivo. O Fanzine O Nome Não Vem ao Caso, por exem-plo, foi o resultado de uma oficina sobre Fanzines ministradapor Antonio Eder em Curitiba. Às vezes saem em revistas ououtros Fanzines comentários rigorosos sobre algumas ediçõesindependentes. O importante é que este editor não se deixeintimidar por comentários depreciativos e continue a publi-car seu Fanzine. Nada é motivo suficientemente forte paraque uma pessoa abandone seu meio de expressão, de comu-nicação. Os Fanzines são extensões do relacionamento deseus editores, colaboradores e leitores. A questão essencial éque o editor produza e publique seu trabalho da melhor ma-

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neira que puder.Há, contudo, no meio independente, artistas completos,

produzindo trabalhos que resistem à avaliação segundo crité-rios profissionais, tanto que uma parcela significativa dasmelhores HQs e revistas produzidas no Brasil nos últimos trintaanos se encontram no meio independente. Historieta, Factus,Velta, Lôdo, Fanzim, Grafitti, Legenda, são apenas algunsnomes entre tantos.

COMO SABER MAIS?

O assunto Fanzine ainda é pouco abordado em livros erevistas. Para saber mais sobre o assunto, pode-se começarpelas seguintes edições.

O Que É Fanzine, editado pela Brasiliense em 1993, éum resumo da tese de mestrado de Henrique Magalhães. Éum texto básico e fundamental. Infelizmente o texto comple-to do mestrado e o do doutorado, que foi também sobreFanzine, não foram publicados.

As Histórias em Quadrinhos no Brasil - Teoria e Prá-tica, organizado por Flávio Calazans em 1997, traz uma de-zena de textos sobre quadrinhos e temas afins, sendo que trêstextos são especificamente sobre Fanzines, escritos por EdgarFranco, Edgard Guimarães e Gazy Andraus.

30 Anos de Ficção, editado por Worney A. Souza em1995, é uma revista dedicada aos 30 anos de Ficção, o pri-meiro Fanzine brasileiro. Traz um texto sobre a história dosFanzines brasileiros de quadrinhos, escrito por Worney eEdgard Guimarães, além de reprodução do nº 1 de Ficção.

Almanaque de Fanzines, produzido por Bia Albernaze Maurício Peltier em 1995, é todo dedicado aos Fanzines,com artigos, depoimentos, divulgação e resenha de centenasde Fanzines.

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ONDE ENCONTRÁ-LOS?

A seguir serão listados os Nomes dos Fanzines, Editorese Endereços para contato de todos os fanzines mencionadosnesta revista e cujos editores ainda estão na ativa.

A Lenda chamada Guepardo - Roberto Guedes - R. Prof. Silas B.Araújo, 219 - São Paulo - SP - 04257-010.

A Selva de Tarzan - a/c Edgard Guimarães - R. Capitão Gomes, 168 -Brasópolis - MG - 37530-000.

Absurdo - Flávio Calazans - R. Clay Presgrave do Amaral, 13 - Gonzaga- Santos - SP - 11055-370.

Ágape - Wellington Srbek - R. Maria Rita, 194 - B. Ipiranga - BeloHorizonte - MG - 31160-060.

Álbum do Colecionador de HQ - Sérgio Takara - Av. José JoaquimSeabra, 723 - São Paulo - SP - 05364-000.

Almanaque de Fanzines - Bia Albernaz e M. Peltier - R. David Cam-pista, 296/903 - Rio de Janeiro - RJ - 22261-010.

Arghhh!! - Petter Baiestorf - C.P. 67 - Palmitos - SC - 89887-002.As Histórias em Quadrinhos no Brasil - Teoria e Prática - Flávio

Calazans (org.) - R. Clay Presgrave do Amaral, 13 - Gonzaga - Santos- SP - 11055-370.

Barata - Flávio Calazans - ver endereço acima.Bizarre Inc - Márcio Júnior - R. 72, nº 56 - Centro - Goiânia - GO -

74045-120.Boca Suja - Laérçon dos Santos - R. Maciel Aranha, 28 - J. Vila Carrão

- São Paulo - SP - 08340-290.Boletim da Abrademi - R. Moraes de Barros, 379 - Campo Belo - São

Paulo - SP - 04610-001.Brujeria - Bruno Privatti - R. Pico da Tijuca, 55 - Taquara - Rio de

Janeiro - RJ - 22715-380.Capitão Rapadura - a/c Daniel Brandão - C.P. 52897 - Fortaleza - CE

- 60151-970.

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Catálogo Zoop - Amauri de Paula - R. Tamoios, 462, sala 713 - Centro- Belo Horizonte - MG - 30120-050.

Comic City - Cláudio Eduardo Rubin - C.P. 17350 - Curitiba - PR -80240-992.

Comix Club - Worney A. Souza - C.P. 675 - São Paulo - SP - 01059-970.

Convergência - Gazy Andraus - R. Jacob Emerick, 458/805 - Centro -São Vicente - SP - 11310-070.

Cráu! - Henry Jaepelt - C.P. 184 - Timbó - SC - 89120-000.Desenhos - Gustavo Veiga - SQS 212, Bloco D, apt. 604 - Brasília - DF

- 70275-040.Dojinshi - Axia Stowe - C.P. 2507 - V. Gilda - Santo André - SP -

09191-970.Ervilha - Marcelo Garcia - R. Inajatuba, 226, casa 3 - Jabaquara - São

Paulo - SP - 04317-230Esclerose - Celso Antonio de Almeida - R. Octaviano Ramos, 159 - V.

Rio Branco - Itapetininga - SP - 18200-000.Europa! - Caó Cruz Alves - C.P. 6204 - Ag. Central - Comércio - Salva-

dor - BA - 40001-970.Exterminadores de Aliens - Elisandro Pedroso - R. Augusto Wilhelm,

311 - Cachoeira do Sul - RS - 96503-000.Factus - Alvimar Pires dos Anjos - C.P. 1221 - Campinas - SP - 13001-

970.Fã-Zine - a/c Edgard Guimarães - R. Capitão Gomes, 168 - Brasópolis

- MG - 37530-000.Fatherzine - Valdir Ramos - R. Padre Francisco M. Malachias, 76 - V.

Xavier - Araraquara - SP - 14810-054.F.I.F.G. - Jessie James dos Santos - R. Original, 45/201 - V. Brasília - B.

N.S. das Graças - Porto Alegre - RS - 91430-170.Formulário Contínuo - Antônio Luiz Ribeiro - C.P. 70020 - Rio de

Janeiro - RJ - 22422-970.Gandula - Wilson Ferraz - C.P. 13256 - São Paulo - SP- 03104-970.Gaya - Érika Saheki - R. Pindorama, 17/42 - Santos - SP - 11045-530.

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Gente Famosa - Luciano Irrthum - R. Ramalhete, 55/04 - Anchieta -Belo Horizonte - MG - 30310-310.

GrapHiQ - Mário Latino - R. Joaquim Meire Botelho, 261 - J. Samam-baia - São Carlos - SP - 13565-580.

Hauuzc - Alberto Monteiro - C.P. 95042 - Santa Cruz da Serra - Duquede Caxias - RJ - 25241-970.

HiperEspaço - Cesar R.T. Silva - C.P. 375 - Santo André - SP - 09001-970.

Historieta - Oscar Kern - R. Santiago, 180 - Porto Alegre - RS - 91030-070.

Impacto - Gabriel Rocha - R. Domingues de Sá, 246/302 - Niterói - RJ- 24220-091.

Independente ou Morte - Marcelo Marques - C.P. 236 - Ribeirão Pires- SP - 09400-970.

Informativo de Quadrinhos Independentes - Edgard Guimarães - R.Capitão Gomes, 168 - Brasópolis - MG - 37530-000.

Informativo Destino Ignorado - C.P. 100795 - Niterói - RJ - 24001-970.

Informativo Tempo Livre - Moacir Torres - R. Antonio Cantelli, 1217- J. São Conrado - Indaiatuba - SP - 13330-000.

Intro - Ricardo Borges - SQS 204 - I 208 - Brasília - DF - 70234-090.Juvenatrix - Renato Rosatti - R. Irmão Ivo Bernardo, 40 - São Paulo -

SP - 04773-070.Legenda - Núcleo de Quadrinhos - Av. Amazonas, 6252 - 2º andar -

Gameleira - Belo Horizonte - MG - 30530-000.Libera... Amore Mio - Centro de Estudos Libertários - C.P. 14576 - Rio

de Janeiro - RJ - 22412-970.Mandala - Henrique Magalhães - R. Manoel C. de Sousa, 95/302 -

João Pessoa - PB - 58045-090.Mandrake - Gedeone Malagola - C.P. 1004 -V. Arens - Jundiaí - SP -

13202-970.Maria - Henrique Magalhães - R. Manoel C. de Sousa, 95/302 - João

Pessoa - PB - 58045-090.

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38

Megalon - Marcello Simão Branco - Av. Clara Mantelli, 110 - São Pau-lo - SP - 04771-180.

Megarock - Fernando Cardoso - C.P. 3535-1 - Ag. Piraporinha -Diadema - SP - 09951-970.

Mensageiro - Arthur Filho - R. Demétrio Ribeiro, 654/701 - Porto Ale-gre - RS - 90010-312.

Mentes Magnéticas - Weaver Lima - C.P. 52869 - Fortaleza - CE -60151-970.

Mocinhos & Bandidos - Diamantino da Silva - R. José Horácio M.Teixeira, 538/54 - Morumbi - 4º Bloco - São Paulo - SP - 05640-903.

Monakhós - José Salles - R. Monte Alegre, 90/134 - São Paulo - SP -05014-000.

Nostalgia dos Quadrinhos - Aimar Aguiar - C.P. 2486 - Salvador - BA- 40022-970.

Notícias... Do Fim do Nada - Ruby F. Medeiros - R. ComendadorAzevedo, 506 - Porto Alegre - RS - 90220-150.

O Castelo de Recordações - a/c Edgard Guimarães - R. Capitão Go-mes, 168 - Brasópolis - MG - 37530-000.

O Desenvolvimento - Edgar Franco - Av. 19, C/32 e 34, nº 616 -Ituiutaba - MG - 38300-000.

O Fanzine das Xornadas - Henrique Torreiro - Rúa Manuel Murguía,15, 5º D - Ourense - Galícia - 32005 - España.

O Grupo Juvenil - Jorge Barwinkel - R. Dr. Flores, 227, 4º andar -Porto Alegre - RS - 90020-122.

O Nome Não Vem ao Caso - Antonio Eder - R. Manoel de S. DiasNegrão, 153 - Boa Vista - Curitiba - PR - 82540-070.

O Pica-Pau - Armando Sgarbi - R. Dr. Clemente Marques, 25 -Santíssimo - Rio de Janeiro - RJ - 23010-150.

Olha a Frente! - Eddie van Feu - R. da Escola, 180 - Areia Branca -Belford Roxo - RJ - 26112-550.

Pium - a/c Francisco Alexandre - R. D, casa 30 - Veneza Tropical -Fortaleza - CE - 60743-160.

Poesia Industrial - Ricardo Balieiro - R. Edward Simões, 510 - V. In-

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dustrial - São José dos Campos - SP - 12220-530.Poietiké - Diniz Felix dos Santos - C.P. 28 - Brasília - DF - 70359-970.Prismarte - Marco Marins - R. Capixaba, Q.�A7", nº 6 - Ouro Preto -

Olinda - PE - 53330-520.Quadrinhos Cometa - a/c Silin Li - R. dos Andradas, 711/303 - Porto

Alegre - RS - 90020-003.R.A.F.F. - Daniel HDR - R. Padre Hildebrando, 342 - São João - Porto

Alegre - RS - 91030-310.SingularPlural - Joacy Jamys - C.P. 710 - São Luís - MA - 65001-970.Slam! - Rogério Velasco - R. Riga, 319 - Ipiranga - São Paulo - SP -

04249-070.Solar - Wellington Srbek - R. Maria Rita, 194 - B. Ipiranga - Belo Hori-

zonte - MG - 31160-060.Super 8 - Marceloss - Av. Santa Cruz, 7388/402 - Rio de Janeiro - RJ -

21830-000.Tom Zine - Amirton A. Santos - R. Antonio A. Benjamin, 124 - Frei

Gaspar - MG - 39840-000.3600 Milhas - a/c Fabio Zimbres - R. Botafogo, 565/203 - Porto Alegre

- RS - 90150-051.30 Anos do Ficção - Worney A. Souza - Comix Club - C.P. 675 - São

Paulo - SP - 01059-970.Turma do Apê - Montandon & Dias - Parque Domingos Luís, 2 - J. São

Paulo - SP - 02043-080.Vegetal - Gustavo Valladares - Av. Ariosto B. Mello, 35/402 - Centro -

Nova Frigurgo - RJ - 28610-100.Velta - Emir Ribeiro - C.P. 10001 - Agência Jaguaribe - João Pessoa -

PB - 58015-350.Vôo Cultural - Varlô Ôlo de Oliveira - R. Honório de Almeida, 161/

201 - Rio de Janeiro - RJ - 21235-490.Zé Bombinha - Cedraz - R. Barros Falcão, 214/401 - Matatu - Salvador

- BA - 40255-370.

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QUEM É O AUTOR?

EDGARD GUIMARÃES colabora com Fanzines desde 1979com textos sobre quadrinhos, cartuns, ilustrações e HQs. Em1982 lançou o primeiro número de seu Fanzine PSIU. Nosanos seguintes publicou outras edições como PSIU Mudo,Deus, Eco Lógico, os livretos Na Ponta da Língua e OEscroteiro Entrevistado (em parceria com Laudo), os livrosRubens Lucchetti & Nico Rosso e Desenquadro. A partirde 1993 começou a editar junto com Worney A. Souza o In-formativo de Quadrinhos Independentes, de divulgaçãode fanzines.

Fez palestras e participou de debates sobre Fanzines e HQsem eventos em Curitiba, Piracicaba, Araxá, São Paulo, Rio deJaneiro, Porto Alegre, Santos, Recife e Belo Horizonte.

Recebeu o Troféu Risco pelo �Melhor Fanzine Especial� em88, o Prêmio Jayme Cortez, de incentivo aos quadrinhos,em 93, 94, 95 e 96, e o Troféu Angelo Agostini de �MelhorFanzine� em 95, 96 e 97.

Participou do livro As Histórias em Quadrinhos no Brasil- Teoria e Prática, com texto teórico sobre Fanzine.