A PRESENÇA DO ENGENHEIRO NA ÁREA DE...

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA VICTOR SADAO KUMAGAI A PRESENÇA DO ENGENHEIRO NA ÁREA DE PROCUREMENT Lorena 2015

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

VICTOR SADAO KUMAGAI

A PRESENÇA DO ENGENHEIRO NA ÁREA DE PROCUREMENT

Lorena

2015

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VICTOR SADAO KUMAGAI

A PRESENÇA DO ENGENHEIRO NA ÁREA DE PROCUREMENT

Monografia apresentada à Escola de

Engenharia de Lorena - Universidade de São

Paulo como requisito parcial para obtenção

do título de Engenheiro Industrial Químico.

Orientador: Prof. Dr. Gerônimo Tagliaferro

Lorena

2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Kumagai, Victor Sadao A presença do engenheiro na área de procurement /Victor Sadao Kumagai; orientador GerônimoTagliaferro. - Lorena, 2015. 82 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaIndustrial Química - Escola de Engenharia de Lorenada Universidade de São Paulo. 2015Orientador: Gerônimo Tagliaferro

1. Procurement. 2. Fornecedores. 3. Compraestratégica. I. Título. II. Tagliaferro, Gerônimo,orient.

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Dedico este trabalho aos meus pais, Minoru e Izabel, que são o meu exemplo e

minha base, e meu maior alicerce para que eu consiga atingir meus objetivos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por estar sempre presente em meu

caminho e me auxiliando em cada uma de minhas decisões.

Agradeço aos meus pais, Minoru e Izabel, por formarem uma base sólida

para meu desenvolvimento pessoal, por me mostrarem os reais valores humanos,

pelo esforço para que eu sempre tivesse uma educação de qualidade, pela

confiança, paciência e por todo amor depositado.

Aos meus amigos, Calebe, Michael e Caio pela trajetória juntos na faculdade.

Aos meus companheiros de trabalho Guilherme, Rafael e André que

acompanharam meu desenvolvimento e me auxiliaram durante este processo.

Ao meu orientador Gerônimo Tagliaferro, pela atenção e pelo conhecimento

demonstrados ao me ajudar no desenvolvimento dessa monografia.

Por fim, agradeço a todos os professores da Escola de Engenharia de

Lorena que fizeram parte da minha graduação, que contribuíram com meu

desenvolvimento de um raciocínio crítico-analítico e também com o bom senso

quando preciso, tornando possível minha formação acadêmica.

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EPÍGRAFE

“Julgue seu sucesso pelas coisas que você teve que renunciar para conseguir.”

Dalai Lama

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RESUMO

KUMAGAI, V. S. A presença do engenheiro na área de procurement. 2015. 82 f.

Monografia (TCC II) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, 2015.

Este trabalho tem como objetivo ilustrar a presença, cada vez mais marcante, de

profissionais oriundos de carreiras com forte bagagem técnica, em áreas

estritamente comerciais e estratégicas como Procurement, comumente chamada

de Suprimentos ou Compras. O departamento de compras, em grandes

companhias passou a ter notada importância e deixou de lado sua exclusiva

atribuída operacionalidade, na visão de outros departamentos, quando começou a

agregar valor em seus processos de produção de materiais ou serviços.

Atualmente, a presença de engenheiros, fora da área de atuação que seu curso o

designa, é cada vez mais comum e pela própria resposta do mercado, a

adaptabilidade atende as necessidades corporativas. Funções desempenhadas

especificamente por administradores ou economistas já não existem mais.

Aspectos gerais de um departamento de compras e elementos fundamentais para

uma saudável relação comercial entre fornecedores e compradores foram tratados.

Neste trabalho, foi desenvolvido o estudo de caso referente à substituição de um

fornecedor de montagem mecânica em uma unidade fabril, situada em Uberlândia–

MG, através de um processo de compra estratégica. O resultado, além de prover a

satisfação da área cliente e gestora do contrato, destaca a interdisciplinaridade do

engenheiro dentro deste campo de atuação, onde conhecimentos de direito e

economia, por exemplo, são constantemente utilizados.

Palavras-chave: Procurement. Fornecedores. Compra estratégica.

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ABSTRACT

KUMAGAI, V. S. The presence of the engineering in procurement area. 2015. 82 f.

Monografia (TCC II) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, 2015.

This project has as the main objective highlight the presence even harder, all the

way from professionals who have a strong and technical knowledge as formation

acting in commercial and strategic area as Procurement. Procurement departments

in big companies have been getting brightly importance when left behind operability

exclusively recognized by other departments and started to add value in production

and services process. Nowadays, engineers working out of their academic scope

formation are truly common and considering the feedback provided by labor market,

this adaptability fits corporative needs. Functions which had been developing

specifically by businessman or economist do not long exist. General aspects of

procurement department routine and essential elements to have a healthy

commercial agreement between suppliers and clients were covered. This work was

developed based in a case study of mechanical assembly supplier substitution in a

factory placed in Uberlândia–MG, completely done by a strategic sourcing. The

result, despite of provided client area satisfaction, who is a manager contract as

well, highlighted the interdisciplinarity required from an engineer who works in this

field, as law and economy knowledge, hugely used.

Keywords: Procurement. Suppliers. Strategic sourcing.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estilos de relacionamento com o fornecedor ....................................... 20

Figura 2 – Logística integrada ............................................................................... 22

Figura 3 – Responsabilidade do contratante e do contratado ............................... 38

Figura 4 – Parceria como um tipo de relacionamento ........................................... 40

Figura 5 – Atividades de lances do leilão eletrônico ............................................. 70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Disposição dos tipos de itens de serviços e os respectivos valores de

partida. .................................................................................................................. 69

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

2 OBJETIVO ......................................................................................................... 15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 16

2.1 Relação entre fornecedor e negociador ...................................................... 17

2.1.1 Tipos de relacionamento entre fornecedor e negociador ......................... 19

2.2 Fornecedor ideal ......................................................................................... 21

2.2.1 Entrega ................................................................................................ 21

2.2.2 Qualidade e confiança ......................................................................... 23

2.2.3 Preço ................................................................................................... 25

2.2.4 Responsabilidade ................................................................................ 27

2.2.5 Tempo de espera ................................................................................. 27

2.2.6 Localização .......................................................................................... 28

2.2.7 Capacidade técnica ............................................................................. 29

2.2.8 Pesquisa e desenvolvimento ............................................................... 30

2.2.9 Estabilidade financeira ......................................................................... 31

2.3 Negociador ideal ......................................................................................... 33

2.3.1 Qualidade e confiança ......................................................................... 33

2.3.2 Entrega ................................................................................................ 35

2.3.3 Planejamento fixo ................................................................................ 35

2.3.4 Especificações de entrega ................................................................... 36

2.3.5 Responsabilidade ................................................................................ 37

2.3.6 Informações ......................................................................................... 38

2.3.7 Localização .......................................................................................... 39

2.3.8 Estabilidade financeira e dos negócios ................................................ 39

2.4 Compras estratégicas ................................................................................. 40

2.4.1 Modelo de Novack e Simco ................................................................. 41

2.4.2 Modelo de Anderson e Katz................................................................. 42

2.4.3 Modelo de Kearney .............................................................................. 43

2.4.4 Comparativo dos modelos (ou Síntese dos modelos) ......................... 44

2.5 Gestão da cadeia de suprimentos .............................................................. 45

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 47

3.1 O alvo de estudo ......................................................................................... 48

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3.2 Etapas do Estudo de Caso ......................................................................... 49

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 52

4.1 Definição dos fatores geradores de insatisfação da área cliente ................ 52

4.2 Preparação: Análise da condução de um processo de concorrência ......... 56

4.3 A maneira como o mercado será abordado ................................................ 57

4.3.1 Premissas básicas de como o mercado é abordado em um Strategic

Sourcing genérico ................................................................................................. 58

4.4 A confecção da estratégia que conduzirá a negociação ............................. 62

4.5 A condução do processo de concorrência .................................................. 63

4.6 Divulgação do resultado ............................................................................. 71

4.7 Confecção do contrato ................................................................................ 71

4.8 Implementação ........................................................................................... 72

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 74

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 76

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1 INTRODUÇÃO

Com a velocidade da globalização em curso jamais imaginado, a famosa

frase “tempo é dinheiro” possui forte apelo corporativo em todas as organizações.

O departamento de suprimentos de qualquer companhia bem estruturada é

impulsionado pelo desafio de atender diariamente seus clientes internos de maneira

eficiente, seja com processos de contratação para prestação de serviços, aquisição

de máquinas ou qualquer outro ativo para investimento além da compra de grandes

lotes de matéria prima.

A compreensão de escopo por diversas vezes complexo e repleto de

variáveis, comunicação clara, objetiva e direta com fornecedores e demais áreas

resultando em entrega de um cenário comercial favorável e competitivo, aliado a

pré-requisitos técnicos pós-negociação via contrato cerne a rotina desta área. Com

esta breve descrição, percebe-se que grandes companhias não necessitam apenas

de compradores. A sua definição por si só é bastante simplista e traz uma carga

operacional bem grande.

Quando considera-se diversas variáveis, dentro de um cenário econômico,

que impactam diretamente em preço como inflação e câmbios flutuantes,

companhias claramente necessitam de negociadores, aptos a extraírem as

melhores condições comerciais dos melhores fornecedores em cada nicho.

O conceito de Procurement, descrito como a ciência de comprar e fornecer,

foi primordialmente notado com a ascensão do comércio, cerca de cinco mil anos

atrás (CALLENDER, 2003). Não há registros históricos que possam comprovar que

a necessidade de alguns tipos de políticas de compras está diretamente associada

ao crescimento de organizações e seus padrões burocráticos.

Na Europa medieval, por exemplo, traços deste tipo de organização foram

facilmente reconhecidos. Por exemplo, na França, Marshall Vauban (1633-1707)

foi um engenheiro militar, designer e construtor de fortes durante a monarquia

francesa. A sua contribuição parte do seu conceito de classificação de

fornecedores, baseada não apenas no preço do projeto solicitado versus orçamento

disponível. Confecção de contratos, cláusulas de saída, número de recursos

humanos alocados, baixa qualidade nos materiais utilizados eram frequentemente

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apontados como problemas. Nota-se a alta percepção no monitoramento de

fornecedores e garantia de padrão de qualidade.

Anteriormente ao desenvolvimento tecnológico dos últimos 20 anos,

Procurement estava estabelecido em uma ideologia simplista e convencional. Isto

porque era considerada puramente administrativa, baseando-se em cartilhas de

práticas de compras de bens ou serviços para satisfazer necessidades de gestores.

Exercícios financeiros e operacionais eram utilizados para a classificação deste

departamento; nota-se que o cunho estratégico ainda não existia.

Hoje, profissionais de compras são fundamentais para o sucesso das

organizações. A premissa de total de redução de custos não é mais o motor

propulsor das operações conduzidas.

A palavra valor, sem dúvidas tem sido a mais pronunciada nos últimos anos.

Inclusive, o conceito de engenharia de valor vem sendo aplicada em diversas

companhias ao redor do mundo, principalmente nas norte americanas. Neste ponto,

a presença de engenheiros, independente da categoria, vem sendo arrebatadora.

Isto porque engenheiros, essencialmente, são vistos como criadores ou

agregadores de valor, seja no desenvolvimento de novas tecnologias, novos

teoremas ou pesquisas.

Em se tratando de suprimentos, os atributos que engenheiros trazem e

incorporam são evidentes. Primeiramente, engenheiros são essencialmente

numéricos e desenvolvedores de raciocínio lógico. Suprimentos, sem dúvidas,

estão rodeados de números, metas, orçamentos, métricas. Engenheiros são

detalhistas. A robusta carga horária de disciplinas exclusivamente numérica é um

grande exemplo do nível de detalhamento e atenção necessária para obter o

resultado correto em um exercício. Em suprimentos, as diversas variáveis

envolvidas em uma aquisição ou contratação de serviços é tão robusta quanto.

Engenheiros interessam-se por processos e desenvolvimentos. Em suprimentos, o

entendimento completo do escopo desenvolvido é fundamental. Obviamente que a

validação técnica, no caso de aquisição de uma nova máquina em uma linha de

produção não fica a cargo do recurso responsável pela negociação comercial. No

entanto, entender o processo e principalmente identificar possíveis gargalos faz-se

necessário.

Em mesas de negociação, o poder da comunicação é essencial. Diversas

técnicas de negociação, utilizadas diariamente, possuem lastro comunicativo.

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Muitos não enxergam esta característica no DNA de um engenheiro. No entanto,

esta característica, ou falta dela, não é mais aplicável. Há crescente procura de

profissionais de áreas técnicas por especializações de marketing, vendas e até

mesmo oratória.

No cenário globalizado, engenheiros que possuem habilidades técnicas

aliadas ao conhecimento de negócios e talento em comunicação estão,

consequentemente, destacando-se como executivos em uma variedade de

industrias.

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2 OBJETIVO

Neste trabalho propõe-se mostrar interessante o poder de adaptabilidade de

profissionais, como o engenheiro, frente a inovações tecnológicas e mercados cada

vez mais competitivos, desempenhando funções não ligadas diretamente à sua

formação original.

Além disso, expor argumentos que solidifiquem a imagem de que

suprimentos não representam um departamento operacional, que simplesmente

compra itens necessários para garantir o abastecimento contínuo, seja de uma

unidade fabril com matérias primas regulares, de contração de pessoas para a

montagem de uma usina ou matérias de escritório para um conjunto comercial.

Ressaltar que Procurement em companhias sólidas possui negociadores,

agregando valor aos processos, propondo inovação, sugerindo alternativas

econômicas viáveis frente a impactos financeiros, trazendo maior competitividade

para a companhia que trabalham.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com Axelsson, Rozemeijer e Wynstra (2005), o conceito de

compras de maneira mais estruturada desenhou-se a partir da década de 50,

quando ainda sua definição carregava uma gama de atividades e responsabilidades

ligadas diretamente a aquisições, com condições vantajosas para os bens a serem

adquiridos, sejam serviços ou mercadorias. Cerca de uma década depois, uma

abordagem mais ampla tomou forma, levando-se em consideração condições

comerciais, ou seja, o termo Compras deixou de referir-se apenas à aquisição onde

não somente o preço deveria ser uma varíavel a ser considerada, mas também

prazos e volume de aquisição.

A função compras é um segmento essencial do departamento de materiais

ou suprimentos, que tem como finalidade suprir as necessidades de matérias ou

serviços, planejar quantitativamente e satisfazer, no momento certo, com as

quantidades corretas, verificar se recebeu efetivamente o que foi comprado e

providenciar o armazenamento. Compra é, portanto, uma operação da área de

materiais, muito importante entre as que compõem o processo de suprimento.

(DIAS, 1993).

A importância da área de Compras aumenta a partir do momento que as

companhias a enxergam de maneira estratégica, dedicando-se a atividades de

negociação, desenvolvimento de fornecedores e redução de custos, ao invés de

proceder apenas atendimento a pedidos de diversas áreas clientes ou executar

atividades de reposição de estoque (BAILY et al., 2000).

Para Viana (2006):

a função compras é um segmento essencial do departamento de materiais ousuprimentos, que tem finalidade suprir as necessidades de matérias ou serviços, planejá-las quantitativamente e satisfazê-la no momento certo com as quantidades corretas, verificar se recebeu efetivamente o que foi comprado e providenciar o armazenamento.

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Segundo Guimarães1 (apud SANTOS, 2010, p.13) “o objetivo [...] da área

em geral de compras é [...] ajudar a empresa a elevar a sua receita, aumentar a

sua lucratividade e melhorar o nível de capital da empresa”.

Claramente, esta mudança conceitual foi despertada por diversos fatores

destacando-se o avanço tecnológico, competição global, especialização de

fornecedores e consequentemente, seu menor número, foco no consumidor,

produção enxuta (BAILY et al., 2000).

De acordo com Axelson, Rozemeijer e Wynstra (2005), a área de compras

assumiu grande importância para as companhias ao agregar valor aos seus

processos de produção de materiais ou serviços, visto que a proporção da sua

participação no valor das vendas representa cerca de 30-60% nas empresas que

fornecem serviços, 50-70% nas organizações no setor de manufatura e 80-95%

nas empresas do setor de varejo.

Estes números indicam com clareza que Suprimentos assumiu um papel de

posicionamento estratégico e competitivo. A atuação pura e simplesmente

operacional se mostra incompleta e deficitária.

Para o atingimento de metas e objetivos corporativos, as estratégicas e boas

práticas de compras devem estar alinhadas com as políticas e valores das

companhias.

2.1 Relação entre fornecedor e negociador

Pode-se dizer que a grande intersecção entre negociador e comprador está

calcada na negociação. Existem diversas definições para este assunto.

Para Junqueira (1995, p.12):

negociação é um processo de buscar idéias propósitos ou interesses visando ao melhor resultado possível, de tal modo que as partes envolvidas terminem as negociações conscientes de que foram ouvidas, tiveram oportunidade de apresentar toda a sua argumentação e que o produto final seja maior que a soma das contribuições individuais.

1 GUIMARÃES, A. B. A importância atual do profissional de compras nas organizações. Instituto de Educação Tecnológica – IETEC, 2008.

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Segundo Schorr (1992), tão logo mais e mais companhias estão se dando

conta da importância de obter e construir uma relação ganha-ganha (não há

vencedores ou ganhadores, todos saem satisfeitos), torna-se mais popular pensar

em bons fornecedores como parceiros comerciais. Para Christopher (1999), não se

pode falar em parceria se não houver um bom relacionamento. Campos (1992)

ainda destaca que a competitividade não existe para uma empresa que busca atuar

de maneira isolada.

A CBI (Confederation of British Industry) define parceria de suprimentos

como:

o compromisso entre clientes/fornecedores, independentemente de dimensão, com um relacionamento em longo prazo baseado em objetivos claros e mutuamente definidos, visando ao esforço em termos de capacidade e competitividade de classe mundial (BAILY, et al. 2000, p. 205).

Este cenário é refletido pela maneira mais apurada e diferenciada que os

fornecedores mantém suas relações. Segundo Burt e Doyle (1993), as companhias

participantes de processos de concorrência apresentam estratégias diferentes

como compras cooperativas e parcerias.

Lambert, Knemeyer e Gardner (2009) define parceria como a relação de

negócios específica, baseada em pilares como confiança mútua, abertura, riscos

divididos e recompensas oriundas de um desempenho superior ao que havia sido

idealizado.

Para Schorr (1992), em termos legais, uma parceria refere-se a um acordo

voluntário entre um número de indivíduos que decidem conduzir negócios juntos.

Parceiros são necessários para suprir um ao outro com acuracidade e informações

completas sobre tudo e qualquer detalhe do processo que afete o arranjo do modo

de em trabalho. Parceria também implica em comprometimento de utilizar-se de

todos os recursos disponíveis para que o objetivo comum seja atingido,

compartilhando riscos de maneira conjunta e também obrigações. O

comprometimento para utilização destes recursos e a boa vontade para

compartilhar riscos significa que a entidade chamada parceria será um

relacionamento contínuo que durará em períodos difíceis e prosperará em outros

cenários mais prósperos.

Para Emiliani (2010), a relação deve ser aberta e honesta em termos de

informação; deve ser baseada em comprometimento do uso de recursos

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disponíveis para atingir objetivos comuns; deve haver a divisão, ou melhor,

compartilhamento dos riscos tão bem quanto das recompensas. E por fim, uma

parceria entre companhia e fornecedor possui uma proposição de longo prazo,

geralmente formalizada legalmente via contrato, a durar com os inevitáveis altos e

baixos da operação em questão.

Aliada a idéia de parceria, o conceito de cooperação também se

estabeleceu, no momento em que companhias notaram que a busca por objetivos

econômicos de maneira individual gera grande vulnerabilidade na cadeia. Dornier

et al. (2000) pontua que as empresas optam pelo fortalecimento em uma área

específica, em detrimento da independência e da autonomia, desenvolvendo ações

a partir da combinação de esforços visando um objetivo comum.

No entanto, para Heberling (1993), a escassez de oferta no mercado, quando

tem-se uma demanda com alta especificidade ou acontecimentos imprevistos, pode

causar mudanças rápidas e não planejadas em estratégias de aquisição e

organização, até mesmo relacionamento com fornecedores.

Para Zaheer e Venkatraman (1995), graus mais elevados de integração

implicam em um relacionamento estável, de longo prazo, entre o comprador e o

fornecedor.

2.1.1 Tipos de relacionamento entre fornecedor e negociador

O relacionamento estabelecido entre os fornecedores e os compradores ou

negociadores invariavelmente permeia por diversos níveis, dependendo do

interesse apresentado por cada umas das partes.

Para Vieira, Yoshizaki e Ho (2009), o relacionamento com fornecedores e a

gestão de relação com os clientes fazem parte dos Fatores Críticos de Sucesso,

definido por Rockart (1979)

Perona e Saccani (2004) pontuam a existência de quatro estilos de

relacionamento com fornecedores: Relacionamento Tradicional, Parceria

Operacional, Parceria Tecnológica e Parceria Envolvida. A Figura 1 apresenta tais

estilos de relacionamento.

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Relacionamento tradicional: Sua principal estrutura está estabelecida na

baixa integração entre cliente e fornecedor. Os fornecedores provêm um nível

mínimo de entrega de qualidade e serviço requisitadas enquanto as condições

comerciais são padrão de mercado, sem qualquer tipo de investimento. Este tipo

de relacionamento é perfeitamente aplicado a compras cujo objetivo é a redução

de custos e não a construção de grandes parcerias comerciais.

Parceria operacional: Para Saccani e Perona (2007), a redução de custos

a partir da aquisição de altos volumes, chamado comumente de ganho em escala,

e a melhoria do nível de qualidade e serviço prestados caracterizam esta relação.

Para o fornecedor, eventuais riscos podem ser mitigados através da elaboração de

planejamento mais apurado e consequente previsão de demanda.

Parceria tecnológica: Adventos tecnológicos entrelaçam a relação entre

fornecedores e clientes. Altamente aplicada para aquisições cujas variáveis

complexidade e novidade tecnológica impactam substancialmente o comprador.

Itens estratégicos, de gargalo ou de difícil gestão são apropriados.

Parceria envolvida: Parcerias operacionais e tecnológicas são

conduzidas simultaneamente. O relacionamento ao longo do tempo e o alto nível

de cooperação são as principais características, segundo Saccani e Perona (2007).

Esta parceria possui como interseção a alta importância da aquisição e a

dificuldade na gestão da compra.

Figura 1 – Estilos de relacionamento com o fornecedor

Fonte: PERONA e SACCANI (2004).

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2.2 Fornecedor ideal

Genaro, Hilsdorf e Sampaio (2014) afirmam que:

Segundo Pires (2004), as empresas deveriam abandonar a forma tradicional de relacionamento em que ocorre uma simples relação oportunista de transação (compra/venda) sem que haja qualquer oportunidade colaborativa, passando a relacionamentos mais estáveis, duradouros e cooperativos.

Thompson e Strickland (1992) citam os fornecedores como fontes de

influência do ambiente externo à organização. Isto porque condições como a

disponibilidade dos produtos e serviços e o custo oferecido pelos fornecedores

possibilitam a integração vertical, tornando as empresas mais competitivas, e

também possibilitam às empresas a oportunidade de escolher fazer seus produtos

internamente, ou comprar de fontes externas, o que é importante no desenho da

estratégia operacional.

Schorr (1992) elencou nove pontos para atribuições ao que é chamado de

fornecedor, que serão abordados de maneira independente:

1) Entrega;

2) Qualidade e Confiança;

3) Preço;

4) Responsabilidade;

5) Tempo de espera;

6) Localização;

7) Capacidades Técnicas;

8) Planos de investimento em pesquisa e desenvolvimento;

9) Estabilidade financeira e de negócios;

2.2.1 Entrega

Segundo Cheng e Podolski (1996), o modelo japonês Just in Time refere-se

a uma filosofia de gerenciamento aplicado na produção industrial, que envolve ter

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os itens corretos, com a qualidade desejada, na quantidade especificada, no tempo

acordado. Ou seja, todas as especificações descritas pelo cliente são respeitadas

rigorosamente pelo fornecedor ou fabricante. O resultado desta métrica gera

ganhos de qualidade, produtividade e eficiência, além da comunicação mais efetiva,

redução de custos e perdas. Christopher (1997) ainda defende a premissa de que

dentre os conceitos desenvolvidos nas últimas décadas, o Just in Time é o que

provavelmente se sustentará ao longo dos anos de maneira mais sólida. A Figura

2 apresenta o fluxograma da logística integrada.

Figura 2 – Logística integrada

Fonte: adaptado de CHRISTOPHER (1997).

Para Schorr (1992), o fornecedor pode adiantar-se, mas jamais se atrasar.

O conceito de Serviço ao Cliente, segundo La Londe, Cooper e Noordewier

(1988), Bowersox e Cooper (1992) e Christopher (1992) é baseada na percepção

da qualidade do serviço executado, possibilitando a construção de cenário

comparativo entre as expectativas do cliente e o desempenho do fornecedor. A

disponibilidade de produto, tempo de ciclo de pedido, prazo de entrega, frequência

de entrega, flexibilidade do sistema de entrega, sistema de recuperação de falhas,

sistema de informação de apoio, assistência na entrega física e assitência pós-

entrega perfazem este panorama.

No entanto, as condições apresentadas referem-se a um modelo ideal e

sabe-se que problemas inesperados ou não mapeados previamente estão

passíveis a ocorrerem. No caso de qualquer evento não programado, o fornecedor

deve apresentar condições mínimas para que possa notificar seu cliente, de

maneira que um plano contingencial possa ser desenhado, áreas finais impactadas

comunicadas e planos de ação em prática.

Finalmente, o desempenho relativo à entrega aumenta substancialmente

quando monitorado. A famosa premissa de saber onde está e para onde se quer

ir é bastante eficaz. Um bom fornecedor faz esta monitoria por si só e trabalha com

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seus clientes internos para que barreiras que dificultem alguma etapa do processo

possam ser removidas com maior facilidade, garantindo 100% do desempenho.

Para Holmberg (2000), as companhias utilizam indicadores internos como método

de avaliação de seu desempenho logístico, sendo necessário a inter-relação entre

indicadores internos e externos, permitindo a avaliação de toda a cadeia.

Se a companhia trabalha apenas com o modelo Just-in-Time, fornecedores

devem estar dispostos e aptos a realizar entregas em pequenos lotes, diariamente

ou semanalmente, baseadas nos cronogramas de entrega acordados. Há uma

grande chance de enfraquecimento na negociação por conta da perca em escala,

que defende o princípio que quanto maior o volume consumido, maior o benefício

econômico. Baixo volume de compra não deve ser traduzido como altos preços,

simplesmente devem ser adequados, baseado nas melhores informações que o

negociador possui e nas oportunidades de tornar-se mais eficiente na manufatura

de seus itens dentro de seu fluxo de produção.

Segundo Schorr (1992), para atingir o tipo de agenda de entrega ideal que

atenda a demanda de qualquer operação, o fornecedor deve estar disposto a

comprometer-se com baixas taxas de espera. Igualmente importante a este

comprometimento, esta taxa não deve ser estimada ou sofrer bruscas oscilações.

Desde que é fornecida toda a agenda de abastecimento ao fornecedor

homologado, ele deve planejar sua capacidade de entrega, beneficiamento de

matéria prima de acordo com estas datas. Este exercício tende a estabilizar esta

taxa gradativamente no futuro.

Ainda para Schorr (1992), um bom fornecedor não fará a entrega dos itens

de acordo somente com a data, mas também a fará de acordo com suas

especificações.

2.2.2 Qualidade e confiança

Ballou (1999) entende que a logística tem a missão de entregar os bens

certos ao lugar certo, no momento especificado e na condição desejada. Bowersox

e Closs (1997) mensuram que a confiabilidade é um aspecto logístico, atribuídas

por qualidade, cumprimento dos níveis planejados de disponibilidade e

desempenho operacional.

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Schorr (1992) defende a premissa de que quantidades corretas significa que

o bom fornecedor envia ou despacha itens comprados de acordo com as

especificações acordadas. O bom fornecedor está em conformidade com as

necessidades de seu cliente, não somente na primeira entrega, mas em cada uma

das entregas realizadas enquanto forem parceiros comerciais.

Segundo Wight (2000) fornecedor ideal está disposto a traçar todo o

desenho do processo para correção de desvios com o objetivo de entregar produtos

consistentemente, de maneira a respeitar limites de tolerância estabelecidos no

fechamento da negociação.

Para garantia de altos padrões de qualidade em processos contínuos, o

fornecedor ideal deve monitorar e mensurar o sistema de maneira presencial,

segundo Schorr (1992). Cabe ao comprador realizar visitas aos seus fornecedores

mais estratégicos de maneira ocasional e fazer conferência de maneira randômica,

garantindo que o fornecedor está seguindo procedimentos pré-estabelecidos. O

fornecedor ideal aprecia este tipo de exercício e não o interpreta como falta de

confiança, mas como um elemento essencial a garantir a saúde do processo; além

disso, uma prática completamente usual é o mesmo exercício feito pelo próprio

fornecedor dentro de suas próprias dependências.

Uma alternativa para minimizar a probabilidade de uma reação em cadeia

negativa é ter certeza de que os fornecedores entendem que surpresas não

existem, ou seja, nenhuma matéria prima pode ser substituída sem que seu

comprador seja notificado primeiro, porque os resultados podem ser devastadores.

Alvin Toffler (1985) comenta:

A empresa flexível, portanto, exige uma nova espécie de liderança. Precisa de executivos de adaptação, dotados de todo um conjunto de talentos novos e não lineares. Acima de tudo, o executivo flexível deve ser capaz de ação radical - estar disposto a pensar além do concebível, a reconceituar produtos, procedimentos, programas e propósitos, antes que as crises tornem inevitáveis as mudanças drásticas.

Bowersox, Closs e Stank (1999) afirmam que responsabilidade, flexibilidade

e velocidade serão alguns dos próximos norteadores de vantagens competitivas

nos próximos períodos.

As pesquisas que abordam o relacionamento entre clientes e fornecedores

destacam e enfatizam as ações conjuntas, a confiança, os ativos específicos e a

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rede organizacional de relacionamento. Para Ganesan (1994), a confiança é um

elemento importante por unir os atores e conferir ao relacionamento uma orientação

de longo prazo.

2.2.3 Preço

Para Zartman (2007), preços e demais condições comerciais consideradas

em uma negociação não podem ser transcritas em funções matemáticas ou curvas

regulares. A razão é de que estas condições derivam de conjuntos que não

possuem simetria ou regularidade, dando resultados mais pela seleção do que pela

intersecção. Além disso, a flexibilidade das condições comerciais é utilizada como

ferramenta de negociação, estando na mão das partes envolvidas.

Segundo Porter (1992), a estratégia de uma organização que deseja

oferecer preços competitivos em seu nicho de atuação inicia-se com a inserção de

um produto de qualidade aceitável e características que atendam as necessidades

básicas de seus clientes. A companhia que almeja a liderança em custo deve

primordialmente oferecer um bom produto básico para que seu posicionamento de

mercado seja privilegiado e consequentemente, poder disponibilzar o preço mais

atrativo. Desenhado este cenário, o líder em custo obtém maior margem de lucro,

sendo possível estabelecer parâmetros de desempenho em comparação aos seus

concorrentes.

Duzert (2007) acredita que o resultado obtido em uma negociação deve

poder satisfazer os valores e interesses comerciais de cada parte envolvida. Em

caso de fracasso, qualquer uma das partes irá se retirar, uma vez que os resultados

negociados não tem origem de algum equilíbrio externo mas sim do jogo entre

fornecedor e negociador e de seus esforços de demanda.

Schorr (1992) defende o preço justo. Não será tão baixo quanto o seu

orçamento sinaliza nem tão alto quanto a margem de lucro que o fornecedor deseja.

O preço justo é aquele que atende as duas partes envolvidas. Justo significa que o

fornecedor ainda possui margem de lucro satisfatório e mínima para manter sua

operação e para o negociador, o manter no patamar de competitivo; em síntese,

uma relação de ganha-ganha.

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Zartman (2007) acredita que a única razão para que uma parte fique

interessada em um acordo eficaz é o potencial aumento de seus próprios ganhos

e controle dos ganhos da outra parte.

Para obter o preço justo, algumas concessões são necessárias. A primeira

delas, e nem sempre aceita em um primeiro momento, é a abertura de custos, com

todas as variáveis envolvidas ou como o fornecedor estabiliza sua margem de lucro.

Se o negociador entende todos os custos, diretos ou indiretos do produto ou serviço

a ser negociado, na verdade, ele pode ajudar a reduzí-los, papel desempenhado

largamente por engenheiros, de diferentes categorias e formações. O caminho

reverso também é válido, a engenharia do fornecedor pode o ajudar a desenhar e

fornecer a melhor resolução que lhe atenda da maneira que desejar.

Além de uma disposição em acordar um preço justo o bom fornecedor

amarrará todas as condições comerciais acordadas em um contrato, com tempo de

duração a ser negociado pelas partes, podendo ou não conter cláusula de saída,

etc. Se existe possibilidade de manutenção de condições comerciais, a confecção

de um contrato é uma excelente ferramenta.

Outro aspecto importante de um contrato refere-se a acordo para redução

de preços no futuro. Esta premissa parte do princípio que o negociador quer ajudar

seu fornecedor a ter redução de custos, seja por ganho em escala na compra de

grandes lotes de insumos ou matéria prima, seja na contratação de um serviço. No

entanto, no Brasil, há variáveis que impactam diretamente este resultado e

eventualmente, inviabilizam este benefício como a variação cambial do Dólar e

Euro frente ao Real, inflação, entre outros.

Aumento nos preços de matéria prima não quer dizer necessariamente

aumento de preço para o produto final. Esta análise deve ocorrer em conjunto com

o negociador-comprador e fornecedor. O cliente deve ser informado de qualquer

alteração nos preços acordados tão logo ela ocorra. Este exercício permite que um

plano de ação seja traçado, como por exemplo, analisar a viabilidade da compra de

mais insumos com o preço acordado, evitando aumento ou em casos mais

drásticos, a troca de fornecedor homologado.

Compras bem sucedidas trazem inúmeros resultados positivos, mas não

necessariamente boas aquisições significam menores custos, conforme

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Guimarães2 (apud SANTOS, 2010, p.11) “acabou o tempo de que a melhor compra

era aquela comprada pelo menor preço”.

2.2.4 Responsabilidade

Existe uma gama de questionamentos que devem ser essencialmente

apontados e averiguados no processo de homologação de um fornecedor. Há um

sistema de atendimento ao consumidor em caso de problemas? Problemas de

cunho técnico, como são tratados? Qual o período para reposição emergencial de

um material ou recurso alocado? Quem são os responsáveis da garantia de

qualidade, em caso de não conformidade?

Estes pontos são cruciais, uma vez que o fornecedor ideal sempre proverá

a melhor solução ou alternativa em problemas. Para Schorr (1992) é sensato que

o fornecedor sempre forneça avaliação honesta em quesitos técnicos, as forças e

fraquezas do time que fará o reparo ou trabalhará na resolução de um caso não

planejado.

A percepção de trabalho em equipe comprador-fornecedor deve estar clara

para ambos.

2.2.5 Tempo de espera

Considerando que o tempo de espera é um item extremamente competitivo

em uma negociação, os fornecedores devem estar aptos a analisarem este tempo

de maneira real, como por exemplo, quanto tempo o processo de contratação e

mobilização levará para a prestação de um serviço ter seu início ou quanto tempo

um material levará até estar apto ao uso dentro das dependências fabris. Conhecer

as variáveis que aumentam ou diminuem este tempo é essencial.

2 GUIMARÃES, A. B. A importância atual do profissional de compras nas organizações. Instituto de Educação Tecnológica – IETEC, 2008.

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De acordo com Christopher (1997), os clientes em todos os mercados

industriais estão cada vez mais sensíveis ao tempo. Em outras palavras, eles o

valorizam e isso se reflete em seus comportamentos de compra. Cada vez mais os

compradores procuram fornecedores que ofereçam menores prazos e atendam a

seus requisitos de qualidade.

O fornecedor ideal trará detalhes deste processo, como acontecem e quanto

leva cada uma delas, de maneira que o negociador possa ter toda a rastreabilidade

e possa consequentemente, informar seus clientes internos.

Para Schorr (1992), fornecedores ideais e que lutam pela competitividade no

mercado estão em trabalho constante para que este tempo esteja o máximo enxuto

possível.

Harmon e Peterson (1991) traçam um paralelo entre tempo de espera e

custo de setup de máquina de maneira precisa em três razões listadas a seguir:

Quando o custo de setup da máquina apresenta-se elevado, os lotes

produzidos também são grandes e por consequencia, o investimento em estoques

elevado. Se o custo de conversão é irisorio, a produção diária da quantidade

estritamente requisitada é possível.

Com o advento da tecnologia, técnicas mais rápidas e trocas de

ferramentas de manera simples mitigam as margens de erro na regulagem de

ferramentas e instrumentos. Ou seja, os defeitos são substancialmente reduzidos.

O potencial da máquina pode ser explorado no sentido de maior efetividade

através de técnicas de conversão mais rápidas. A redução de tempo de setup, além

de protelar o processo de aquisição de novos maquinários, proporciona maior

tempo de operação.

Da mesma maneira que o valor monetário dos produtos teve crescimento ao

longo do tempo, Novaes (2001) acredita que o sistema logístico tornou-se

responsável por agregar valor do tempo diretamente ao consumidor final.

2.2.6 Localização

Quando a variável distância é analisada, exitem dois cenários facilmente

identificados. Há a distância espacial entre a indústria e seus consumidores finais

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e a distância entre as matérias primas requisitadas e a fábrica onde seu

processsamento e beneficiamento ocorre. O produto ao deixar a fábrica, apresenta

um valor próprio agregado; no entando para que seu consumidor faça pleno uso, é

necessário que este seja entregue no lugar desejado. Para Novaes (2001), o

sistema logístico agrega Valor de Lugar ao produto.

Se o fornecedor tem diversas fábricas em diferentes localidades e sua

capacidade produtiva é uma variável importante no processo, é de extrema

importância para o negociador ter este número em mãos, para cada unidade, em

cada localidade.

Segundo Schorr (1992), este indicador permite analisar a eficiência que este

fornecedor trará ao processo. A distância entre suas fábricas e local onde a matéria

prima deve ser destinada ou o serviço prestado revela traços de agilidade na

resolução de quaisquer problemas durante o processo, como não conformidade,

desabastecimento, logística, etc.

Saber como o fornecedor aloca todos seus recursos para beneficiamento de

matéria prima é essencial. Sabe-se que dentro das unidades fabris, a distribuição

não é homogênea e por muitas vezes, a matéria prima necessária não encontra-

se na subunidade mais próxima. Obter detalhes se o fornecedor distribui suas

matérias primas levando em conta clientes de maior expressividade dentro de sua

própria carteira também é fundamental. Não é difícil concluir que se um cliente é

responsável por 30% de seu faturamento anual, sendo este com o maior peso em

sua cesta, as matérias prima devem estar alocadas mais próximas do destino final

deste cliente.

Para Porter (1990), um país ter em seu território indústrias fornecedoras

internacionalmente competitivas trás vantagens para a indústria deste país pois o

acesso aos insumos é mais efetivo, mais eficiente, rápido e até mesmo preferencial.

2.2.7 Capacidade técnica

A capacidade técnica, por muitas vezes, está associada ao domínio ou posse

de tecnologia associada aos seus recursos. A homologação de um fornecedor ideal

sugere inovação e busca por melhores processos produtivos.

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Se o fornecedor que melhor atende o processo produtivo, não é

completamente inovador no mercado, muito provavelmente ele oferecerá preços

com maiores margens de redução em negociações, isso porque investimentos em

pesquisa e desenvolvimento não serão amortizados no produto final. No entanto,

se o fornecedor não apresenta em suas instalações tecnologia de ponta, muito

provavelmente o produto manufaturado também não a terá.

Como mencionado anteriormente, o fornecedor que apresenta domínio de

todas as etapas de seu processo, seja em matérias primas ou serviços, apresenta

o registro de todas as etapas documentadas. Cabe ao negociador – extrair

informações se o potencial fornecedor possui mentalidade de oferecer aos seus

clientes inovações ou melhorias no processo, se trata-se de algo direcionado a

estratégia de sua empresa ou se este cenário só acontece quando o cliente a

sugere. Paralelamente, entender se incrementos de tecnologia e investimentos em

linhas de produção são recorrentes e em que ciclo de anos acontecem.

Entender o histórico de inovação oferecido a atuais clientes de sua carteira

bem como problemas relativos a estas mudanças, como foram tratados e

principalmente solucionados cabem diretamente ao negociador em questão.

Segundo McGee e Prusak (1994), a competência da empresa em responder

rapidamente a mudanças é reflexo de sua capacidade de alinhar o planejamento

estratégico com seu desempenho operacional.

2.2.8 Pesquisa e desenvolvimento

Para Schorr (1992), fornecedores consolidados no mercado possuem

claramente dentro de seu planejamento anual, receita para investimento em

pesquisa e desenvolvimento. Obviamente que, para a garantia desta métrica, os

recursos envolvidos nos projetos devem apresentar alto conhecimento e

efetividade, de maneira que não seja necessário realocar dinheiro de outros

departamentos com demais contratações ou substituições.

O fornecedor ideal entenderá a necessidade de seu cliente e permeará pelo

conhecimento técnico, conhecimento de produção e criatividade no

desenvolvimento e proposição de novas idéias.

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Treacy e Wiersema (1995) destacam que o forte relacionamento comercial

entre fornecedores e clientes orienta Pesquisa & Desenvolvimento, Engenharia e

Operações, calcada na proposta de soluções específicas de maneira pró-ativa.

Para fornecedores que trabalham com prestação de serviços, o investimento

análogo também acontece. Neste caso, o maior ativo refere-se ao grupo de

recursos alocados e sua capacidade técnica. Investimentos em capacitação ou

treinamentos funcionais agregam valor.

Além do processo de aquisição, a pesquisa e desenvolvimento de

fornecedores é considerada importantíssima, pois o fornecedor é aquele que

pretende suprir as necessidades de outra empresa, seja com matéria prima,

serviços ou mão-de-obra, ele é o foco do setor de Compras. Dias (1995) afirma que

“a eficiência de um departamento de compras está diretamente ligada ao grau de

atendimento e ao relacionamento entre o comprador e o fornecedor, que devem ser

os mais adequados e convenientes.”

2.2.9 Estabilidade financeira

Homologar um fornecedor apto a atender as necessidades do cliente não se

restringe apenas a padrões de qualidade e questões comerciais. Garantir que este

parceiro apresente saúde financeira é essencial.

Os motivos são claros. Se o fornecedor apresenta dificuldades econômicas,

dificilmente seu padrão de qualidade será mantido, visto que o corte orçamentário

torna-se regra. Além disso, apontamentos com logística, atendimento ao cliente

podem surgir.

Sellito et al. (2013), afirmam que:

A gestão do risco e do relacionamento com o fornecedor é importante, haja vista que, em algumas SC, os fornecimentos podem chegar a 90% dos gastos totais da empresa focal (GREEN; MORTON; NEW, 1996). Tais avaliações são atividades fundamentais em gestão de suprimentos (MOON; TIKOO, 2002). Alguns fatores devem ser considerados na avaliação de risco (ZSIDISIN et al., 2004): (i) riscos econômicos, que incluem flutuações de taxas de câmbio, impostos, juros, falências de clientes e fornecedores; (ii) riscos políticos, que incluem disputas comerciais entre países, embargos econômicos, ou conflitos armados; (iii) riscos

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geográficos ou naturais, que incluem desastres naturais em consequência de fatores climáticos; (iv) riscos de planejamento, que incluem erros de projeto e de processo e problemas de desabastecimento ou ruptura na cadeia. Hahn e Kuhn (2012) associam o risco à criação de valor na cadeia, minimizando riscos naquelas atividades com mais capacidade de geração de valor do ponto de vista dos investidores.

Para o negociador, os conhecimentos de alguns dados são essenciais como

o lucro obtido nos últimos três anos e o planejado para o ano em questão, retorno

e débito sobre o patrimônio, liquidez e solvência, volume de negócios. Estes

indicadores mostram claramente se o fornecedor obtém lucro ou se recorre a

crédito no mercado.

Saber se existe alta taxa de demissão, alterações no corpo diretivo ou

quebra de contratos é importante para prever possíveis instabilidades durante o

decorrer de um contrato.

Por fim, a análise de mono dependência pode encerrar este ciclo de

avaliações. No caso, o valor do contrato, seja ele de valor fixo (pago igualmente

todos os meses) ou de valor estimado (pago de acordo com a demanda), não pode

ultrapassar trinta por cento do faturamento anual do fornecedor. Isto porque em

caso de não renovação contratual por conta de insatisfação e consequente troca

de fornecedor, há enormes chances de desequilíbrio econômico e até mesmo

pedido de concordata, caso sua estrutura financeira não esteja consolidada.

Obviamente, neste caso, tem-se impactos jurídicos, desgaste comercial e de

imagem e credibilidade no mercado.

Como o gerenciamento do custo é uma das ferramentas importantes na

medida de desempenho, saber-se-ão quais fatores são possíveis ou não de ser

quantificados. Por isso, é feita uma análise da importância desses fatores nas

atividades de custos e como estes são afetados. Para Aravechia e Pires (1999),

não pode-se simplesmente utilizar custo como indicador de desempenho, devido à

sua importância advinda da necessidade da redução dos custos de entrada e da

relevância das saídas da cadeia. A alternativa seria a adoção de indicadores

múltiplos, envolvendo uma combinação de custo, tempo, flexibilidade e qualidade,

segundo as prioridades competitivas das empresas. E segundo Porter (1990), a

vantagem pelo custo é obtida se a companhia consegue obter um custo cumulativo

total menor que seus competidores.

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2.3 Negociador ideal

Para obter sucesso no desenvolvimento de excelentes fornecedores, a

relação entre fornecedor e negociador deve ser de ganha ganha, ou seja, ambos

ao término de uma negociação ficam satisfeitos com os acordos comerciais que

serão desenvolvidos.

Atualmente, existem diversas técnicas de negociação que podem ser

aplicadas em diversos contextos, partindo de simples renovações de licenças de

baixo valor agregado para o departamento de informática, até mesmo negociação

de terceirização integral de parques industriais.

No entanto, estas técnicas não serão abordadas aqui. Serão apresentados

alguns itens essenciais para o perfil de um bom negociador.

1) Qualidade e confiança;

2) Entrega;

3) Planejamento fixo;

4) Especificações de entrega;

5) Responsabilidade;

6) Localização;

7) Informações;

8) Estabilidade financeira e dos negócios;

2.3.1 Qualidade e confiança

Para Schorr (1992), há quatro requisitos básicos para o comprador

estabelecer critérios de qualidade e confiança.

O primeiro refere-se à especificação. Esta deve simplesmente definir

requisitos mínimos de um item. Se o procedimento não apresenta o mínimo de

especificidade ou tolerância, não há especificação. Esta falta de informação apenas

traz incrementos de preço por falta de conhecimento por parte do fornecedor. Além

disso, a especificação deve eliminar potenciais falhas de qualidade. Para obtenção

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de todas as informações, há duas necessidades: interesse pelo entendimento do

processo por parte do comprador e abertura de todas as informações por parte da

área cliente. Com as duas frentes, as chances de algum detalhe ser esquecido são

mitigadas.

O segundo refere-se a ter um sistema onde é possível mensurar e identificar

defeitos no material recebido, preferencialmente antes de deixar o local de sua

fabricação. Idealmente, o comprador quer eliminar todos os defeitos e certificar-se

integralmente da qualidade de seus fornecedores, evitando o máximo da taxa de

retrabalho possível. Quando um material é recebido, o departamento de controle

de qualidade deve inspecionar um lote do que foi entregue. Todos os defeitos, caso

o tenham, e as razões para os defeitos devem ser registradas em uma ata. Este

relatório servirá como base investigativa para determinação destes defeitos,

encontrando se sua origem está no processo, no equipamento, nos operadores do

processo ou no fornecedor. O próximo passo refere-se ao que fazer para eliminar

a causa do problema nas demais aquisições.

A partir de uma especificação bem definida e um sistema de medição de

defeitos eficiente no local de produção, o terceiro requisito refere-se a atuação

direta do comprador em apresentar esforços para tornar-se parte de uma

abordagem conjunta para eliminação de defeitos. Neste caso, a complacência de

enviar qualquer recurso disponível para ajudar o fornecedor a identificar e eliminar

as causas dos defeitos no processo produtivo. Um bom comprador estará de

acordo em colocar esforços na resolução em conjunto com o fornecedor e não

deixar toda a responsabilidade a ele.

Finalmente, o comprador deve ter o sentimento de treinar seu fornecedor, se

necessário, em várias abordagens de qualidade. Um exemplo pertinente refere-se

ao controle de qualidade total por parte do fornecedor, garantindo que todos os

materiais produzidos seguem as especificações desejadas, antes mesmo de sair

de sua fábrica e chegar a fábrica do cliente. Se a empresa do comprador possui

este conhecimento de maneira plena, cabe ao comprador dividir a melhor maneira

de realizá-lo. Se o comprador não possui em sua empresa ferramentas como

controle estatístico de processos, design de experimentos, não faz sentido ter

expectativas de que seus fornecedores o tenham.

Por fim, o bom comprador respeita o conhecimento de seu fornecedor,

permitindo participação no design ou confecção de uma peça original em um

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processo. Este trabalho conjunto mitiga defeitos futuros e pode originar excelentes

acordos comercias no futuro.

2.3.2 Entrega

Para Schorr (1992), o bom comprador proverá a seus fornecedores agendas

válidas, corretas, atingíveis e suas atualizações, quando ocorrerem. Esta métrica é

largamente usada para fornecedores recorrentes, responsáveis pelo

abastecimento de uma companhia. No processo de homologação de um fornecedor

via processo de concorrência, esta agenda também deve ser seguida.

Junqueira (1986) pondera que o cronograma adequado é um dos pilares na busca

do equilibrio em uma negociação.

No caso de reabastecimentos rápidos, cabe ao comprador informar ao seu

fornecedor esta condição com um mínimo de horizonte futuro, dado o momento de

fechamento do negócio. Desta maneira, o fornecedor pode adequar-se quanto a

aquisição de suas matérias primas, armazenamento e modelo logístico, garantindo

o abastecimento pleno, de acordo com o desejado. No caso de prestação de

serviços, este horizonte mínimo também deve ser informado para que a

mobilização de recursos humanos até o cliente seja realizada em tempo hábil.

2.3.3 Planejamento fixo

O bom comprador deve respeitar as etapas ditas fixas de seus fornecedores

Um fornecedor qualquer possui três etapas tradicionais em seu processo: o

momento de aquisição de suas matérias primas; a capacidade de processamento,

que é atribuída a performance de seus equipamentos de manufatura; e o tempo de

espera referente ao término do processo.

Compreender de maneira integral o tempo necessário a cada parte e não

solicitar ao fornecedor que atenda agendas impossíveis de serem realizadas são

parte integrante do comprador.

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No caso de prestação de serviços, as mesmas três etapas se repetem:

momento de atração de recursos humanos, caso não os tenha; treinamento e

capacitação para atendimento das necessidades do cliente e mobilização.

O bom gerenciamento da cadeia de suprimento é estruturado em princípios

básicos como assegurar a maior visibilidade dos eventos relacionados à satisfação

da demanda, visando redução de custos das operações produtivas e logísticas

entre as empresas participantes (CHOPRA; MEINDEL, 2011).

2.3.4 Especificações de entrega

O bom negociador tem bem definido as especificações de entrega e

condições de acondicionamento que o fornecedor acordou em atender ao

encerramento de uma negociação. Frete e desembaraços logísticos também

devem estar contemplados. Finalmente, o bom comprador deve ser flexível, pois

em um acordo comercial, eventualidades podem ocorrer fora do planejado. No

caso, quebra de um equipamento, não conformidades quanto a qualidade e falta

de contingente disponível forçam o comprador a ter um mínimo de flexibilidade

quanto agenda e auxiliar o fornecedor a encontrar a solução que melhor atende o

caso.

Em casos pontuais, o fornecedor deve comunicar imediatamente a seu

cliente para que um plano de ação contingencial possa ser desenhado e demais

áreas que possam ser impactadas, informadas.

As falhas nas especificações de produtos também geram enormes

transtornos, motivo na maioria das vezes causador dos atrasos de entrega, pois o

comprador perde seu tempo em busca das informações necessárias para

aquisição, como descrição completa do material, busca de códigos corretos, busca

de unidades ou padrões de medidas certos, entre outros. Segundo Moura e Oliveira

(2002), as falhas mais comuns de especificação do item são: descrição incompleta

do material; fornecimento de códigos errados; e unidades de medida errados.

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2.3.5 Responsabilidade

Em muitas companhias, o departamento de suprimentos é conduzido por

obtenção de melhor preço. No caso, obtenção das melhores condições comerciais

possíveis, contemplando condições de entrega e qualidade também faz parte de

uma excelente negociação.

O bom comprador deve ter a mentalidade de que um acordo comercial

saudável é baseado na relação ganha-ganha, ou seja, o fornecedor deve operar

com uma margem mínima de lucro que garanta a qualidade de seus produtos ou

serviços e ao mesmo tempo, o comprador ofereça para a sua área cliente os preços

mais competitivos em seu mercado de atuação, de maneira que também traga lucro

para sua companhia.

Dias e Costa (2000) concluem que:

não se pode, portanto, hoje, imaginar um comprador preocupado unicamente com a conclusão de uma compra, sem avaliar o impacto dessa operação em relação aos demais processos integrados à cadeia produtiva ou operativa das organizações.

Em um processo de concorrência para homologação de um parceiro

comercial, o preço pode induzir o fornecedor participante a um erro fatal. Trata-se

da técnica de negociação chamada ancoragem. No caso, o fornecedor oferece um

preço com margem de lucro extremamente enxuta para ganhar o processo,

acreditando que os preços possam ser reajustados nos próximos 12 meses. Esta

prática é extremamente perigosa para ambos os lados. Primeiro, para o cliente que

pode ter o comprometimento com a qualidade afetado justamente pela baixíssima

margem de lucro operante. Segundo, para o fornecedor que pode não obter uma

margem de lucro reajustada na próxima renovação contratual e ter seu

fornecimento suspenso.

O bom comprador alinha expectativas junto a sua área cliente, entende as

variáveis do orçamento em suas mãos e propõe a melhor solução que atenda de

maneira integral a necessidade, sem prejuízos financeiros.

A tecnologia deve ser explorada largamente, quanto disponível. Grandes

companhias apresentam plataformas onde é possível a realização de leilões

eletrônicos, onde preço e até mesmo prazo de pagamento são barganhados.

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Por fim, bom senso é o sentimento que guia todos os pontos mencionados.

Suprimentos é a área responsável pelo direcionamento do capital, onde o dinheiro

será investido ou não. Respeitar as margens de negociação dos fornecedores, bem

como apresentar as mesmas informações para todos participantes em um processo

de concorrência é fundamental. O repasse de informações de maneira privilegiada

descaracteriza a rotina do departamento. Um grande exemplo retrata as licitações

de obras públicas brasileiras, onde fornecedores são previamente homologados

antes mesmo de uma concorrência, possibilitando a fraude de valores. A Figura 3

apresenta um resumo da responsabilidade do contratante e do contratado.

Figura 3 – Responsabilidade do contratante e do contratado

Fonte: HADDAD3 (2007 apud BAHIA; FARIAS FILHO, 2010).

2.3.6 Informações

O comprador espera de seus fornecedores respostas assertivas a seus

questionamentos, rápida sinalização dada situações adversas e proposição de

soluções de maneira ainda mais rápida. O fornecedor também espera o mesmo

retorno.

No caso, prover a lista de contatos de pessoas responsáveis por

departamento é algo simples de ser confeccionado, que ajuda o fornecedor a tomar

a melhor decisão quando o comprador está impossibilitado de estabelecer contato.

Costa (1995) salienta que:

3 HADDAD, C. M. O tratamento estratégico para aquisições em projetos de engenharia. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Industrial), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2007.

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as organizações não davam muita importância para a ‘qualidade’ da sua gerência de compras/materiais. Preocupavam-se unicamente com o preço pago pelos produtos encomendados, sem cuidar dos demais fatores que cercam uma boa compra.

2.3.7 Localização

Se a companhia para a qual o comprador trabalha opera diversas plantas

em diferentes localidades, o comprador deve prover detalhes de capacidade de

produção e também deficiências. Este exercício tem como objetivo guiar o

fornecedor na confecção do melhor mapa de atendimento e como lidar com as

diversas necessidades oriundas de cada uma das localidades.

No caso, o alinhamento diretamente com a área cliente para sinalização de

onde há maior consumo de matéria prima ou maior necessidade de recursos

humanos pode proporcionar ganhos extras em uma negociação. Além disso,

variáveis como condições coletivas de trabalho e dissídio da categoria impactam

preço ano a ano. Por isso, detalhes e localização podem fazer a diferença quanto

a adequação de orçamento.

2.3.8 Estabilidade financeira e dos negócios

Para Schorr (1992), em uma relação comercial, o fluxo de informações deve

apresentar-se de maneira clara e honesta. Deve estar baseada na avaliação de

recursos, dividindo os riscos de cada passo dado em uma operação bem como

benefícios que podem ser gerados.

O pensamento de que o comprador precisa exclusivamente apresentar a sua

área cliente o menor preço do mercado e o fornecedor a melhor faixa de lucro

operante deve ser revisada, para que parcerias comerciais possam ser traduzidas

legalmente em contratos de longa duração. Partindo deste princípio, Heinritz e

Farrell (1983) pontuam que:

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o encarregado de compras (comprador) tem a responsabilidade ética, para com a sua empresa, de garantir que esta não apenas mereça, mas na realidade obtenha, em sua esfera de atividades, a reputação de fazer negócios estritamente corretos. Como ponto de contato nas negociações com os vendedores, ele mantém, em grande parte, em suas próprias mãos a reputação da empresa quanto àquele conceito. Pode ter a mais absoluta certeza de que suas ações e conduta são criticamente julgadas e que esse julgamento, favorável ou não, é rapidamente disseminado entre a ampla classe de vendas (fornecedores).

A Figura 4 ilustra a parceria como um tipo de relacionamento.

Figura 4 – Parceria como um tipo de relacionamento

Fonte: HARLAND (1996).

Segundo Tucker (2001), a ruptura de uma relação comercial pode ter origem

na insistência de um fornecedor em manter posturas totalmente ultrapassadas de

relacionamento com os clientes dos produtos e serviços ofertados em questão.

2.4 Compras estratégicas

Strategic Sourcing, ou Compras Estratégicas, é um termo que teve seu início

bastante utilizado mais fortemente no início dos anos 90.

As compras tidas como táticas focam especialmente em transações e

operacionais básicos para aquisição de serviços ou produtos. As compras

estratégicas apresentam escopo mais robusto e abrangente para a mesma

aquisição de serviços ou produtos, levando-se em consideração gestão de

fornecedores, de maneira que os objetivos traçados dentro das companhias

possam ser atingidos ou agregar-se valor aos processos. Para Smeltzer, Maship e

Rossetti (2003), muitas organizações migraram das compras táticas para as

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compras estratégicas para garantir que a função do departamento de suprimentos

esteja totalmente alinhada com os objetivos de longos prazos.

Para Anderson e Katz (1998), as compras estratégicas estão consolidadas

sobre o conceito de Custo Total de Propriedade e auxília diretamente as

companhias a determinarem as diretrizes e estratégias de compra para o

atingimento da satisfação do cliente e metas de objetivo interno. Trata-se do

processo de desenho e gestão de fornecedores, alinhado com os objetivos de

desempenho organizacional e operacional.

Roberts (2003) trás consigo uma definição mais objetiva e atual, definindo

as compras diretas como um processo que identifica potenciais fontes de

suprimentos requeridos pelas empresas; avalia, negocia,homologa fornecedores e

gerencia de maneira continua a relação com estes fornecedores visando aumentar

a competitividade das empresas.

Na literatura e nas grandes companhias onde o departamento de compras é

bastante estruturado e estratégico, a metologia de compras estratégicas é vista de

várias formas.

Novack e Simco (1991) foram os dois primeiros autores a trabalharem com

o tema, propondo quatro etapas para a sua realização. Anos depois, Anderson e

Katz (1998) apresentaram um modelo com seis etapas. Para Kearney (2008), o

processo completo apresenta-se em sete etapas.

2.4.1 Modelo de Novack e Simco

O modelo proposto por Novack e Simco (1991) apresentava em sua

metodologia, quatro etapas básicas:

Análise do tipo de compra: o caráter da complexidade do processo

envolvendo a aquisição, seja de matérias primas, materiais ou serviços define a

complexidade do processo. No caso da compra de um item recorrente (no caso, o

recorrente refere-se a qualquer periodicidade que apresente de maneira cíclica),

todos os procedimentos operacionais já foram executados pelo menos uma vez

enquanto para um processo completamente novo, a necessidade de realização de

todos trabalhos operacionais se faz presente.

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Análise do nível necessário de investimento: Para um processo de

compra ser realizado de maneira efetiva, duas variáveis precisam ser mensuradas:

tempo e informação. Tempo é investido pelas pessoas responsáveis pela condução

do processo, seja de uma aquisição recorrente ou na homologação de um novo

fornecedor. A informação pode ter origem interna e externa. As internas estão

diretamente ligadas às necessidades da área cliente, bem como histórico e impacto

da operação nos negócios da companhia. Externas referem-se ao mercado, a base

de fornecedores atuais e prospecção de novos. Fica evidente que para o sucesso

do processo, alinhamento entre estas duas variáveis é necessário.

Execução do processo de compra: corresponde a realização das

atividades operacionais.

Avaliação da eficiência do processo de compras realizado:

Basicamente, dois questionamentos são levantados. As necessidades da área

cliente e requisitante foi atendida? Todo o investimento era necessário?

2.4.2 Modelo de Anderson e Katz

A metodologia proposta por Anderson e Katz (1998) é composta por seis

etapas:

Criação do plano anual: a definição dos objetivos e foco na atuação anual

por categoria de compra é trabalhada. Estes objetivos estão conectados

diretamente a área cliente.

Desenvolvimento das necessidades e requerimentos: definição do

escopo de maneira apurada, contendo especificações detalhadas dos produtos ou

serviços requisitados são fundamentais para a condução do processo de compra.

Desenvolvimento da estratégia de compras: define pontos chave, desde

como o processo de compra será realizado ou se a melhor alternativa é produzir.

Quando as necessidades são atendidas pela compra, há algumas possibilidades

como comprar diretamente com fabricante ou distribuidor, concorrência aberta ou

com fornecedores direcionados, estabelecer parcerias de longo prazo com um

único fornecedor ou apresentar contigenciais. Nesta etapa, fica evidente que se o

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escopo do projeto requisitado, sendo produto ou serviço, apresentar alta

complexidade, o profissional responsável pelo processo deve possuir alto

conhecimento deste nicho de mercado, da base de fornecedores trabalhada e

eventualmente, algum conhecimento técnico.

Avaliação e seleção de fornecedores: A definição inicial do conjunto de

fornecedores está diretamente ligada a estratégia e necessidades relativas ao

processo de compra.

Aquisição de materiais/serviços: trata-se da etapa operacional, a

execução propriamente dita das atividades de compras. Para itens de baixo valor

agregado ou recorrentes, segundo Williamson (1985), a ênfase está na redução

dos custos de transação.

Gerenciamento do relacionamento com os fornecedores: empresas

globais, cujo departamento de suprimentos é visto como estratégico, fornecedores

são considerados ativos da empresa, e não simplesmente fonte de abastecimento

de materiais ou serviços com condições comerciais extremamente enxutas. Estes

fornecedores agregam valor, seja de cunho técnico, operacional ou gerencial e por

muitas vezes, são considerados extensões da companhia contratante.

2.4.3 Modelo de Kearney

Para Kearney (2008), o modelo de compra estratégica apresenta sete

etapas:

Análise do cenário atual: a coleta de dados para definição do projeto é

fundamental.Conhecimento das especificações, necessidades e expectativas dos

clientes internos, conhecimento do consumo passado e previsão para o futuro,

apoio e engajamento dos clientes internos;

Análise de mercado: dividida em dois cenários, com foco no fornecedor e

foco no mercado. Quanto à trativa fornecedor, há o estabelecimento dos critérios

de avaliação e qualificação, identificação de potenciais, solicitação de informações

detalhadas como principais clientes, quantos recursos têm dedicado em cada um

deles e se possui contrato vigente, faturamento dos últimos anos e previsão para

os próximos, capacidade de estrutura física e maquinários. Todas estas

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informações apresentam-se em um documento chamado RFI (Request for

Information) e sua análise criteriosa provê condições iniciais de qualificação técnica

dos fornecedores pré-selecionados. A segunda etapa confere avaliação do

mercado e projeções futuras, análise do histórico de consumo e previsão para o

futuro, indicadores econômicos e análise da industria são alguns itens que compõe

este estudo.

Definição da estratégia de fornecimento: o principal objetivo deste ponto

é identificar os pontos de melhoria a curto e longo prazo, como os objetivos traçados

serão atingidos e como gerará potenciais ganhos e impactos no negócio final.

Abordagem do Mercado: nesta etapa, os melhores fornecedores que

podem atender integralmente o escopo do projeto e as necessidades da área

cliente serão abordados. A escolha da abordagem aos fornecedores, elaboração e

divulgação da RFP (Request for Proposal) cujo conteúdo são premissas do

processo como quais e como serão as etapas, cronograma, esclarecimento de

dúvidas e avaliação com alta criticidade das propostas comerciais recebidas.

Negociação e seleção de fornecedores: tratamento de condições

comerciais encontram-se nesta etapa. As negociações podem acontecer de

diversas maneiras, seja via portal eletrônico, em mesa, sem restrições ao número

de rounds que serão realizados. Trâmites relacionados à formalização das

negociações via acordos comerciais ou contratos também compõem esta etapa.

Implementação: Um plano é elaborado, listando possíveis falhas e ações

preventivas, comunicação e implementação de todo o projeto.

Controle: Indicadores são desenvolvidos para que possam monitorar

periodicamente e avaliar o processo são desenvolvidos. Além disso, a performance

do fornecedor bem como a busca por melhoria contínua perfazem esta última

passagem.

2.4.4 Comparativo dos modelos (ou Síntese dos modelos)

Os três modelos apresentam quantidades diferentes de etapas e

procedimentos. No entanto, o objetivo comum aos três refere-se à compreensão

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das necessidades da área cliente, levantamento de todas as informações

necessárias à condução de um processo de compra, à confecção de estratégia e

efetivação do processo, buscando a satisfação da área cliente com a entrega de

propostas que agreguem valor a companhia e a operação em questão.

2.5 Gestão da cadeia de suprimentos

Nota-se que a relação entre fornecedores e negociadores vai muito além de

condições comerciais, prazos de entrega e abastecimentos.

No contexto atual, surgiu o conceito de Supply Chain Management ou

gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM). Para Ballou (2006), este conceito

a aquisição em si e produção estão atrelados à gestão de materiais.

Christopher (2007) expandiu o conceito para rede de suprimentos,

defendendo maior capilaridade e interligações, uma vez que cadeia apresenta a

ideia de linha continuada. Lambert e Cooper (2000) ainda acrescentam que os

negócios são realizados dentro de uma rede, onde maior alcance é alcançado.

A definição de SCM atribuída no Fórum Global de Cadeia de Suprimentos

para Maçada, Feldens e Santos (2007) refere-se à integração de processos,

proporcionando a geração de valor.

A expressão “cadeia de valor” desenvolvida por Porter (1985) destaca que

“toda empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar,

produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. Todas essas atividades

podem ser representadas, fazendo-se uso de uma cadeia de valores...”

Cox (1999) aponta oito características inerentes à SCM:

Produção baseada apenas nas requisições e necessidades, além da

canalização das ações àquelas que agreguem valor ao fluxo;

Foco em qualquer tipo de perda seja em transportes, defeitos,

superprodução entre outros;

Trabalho direcionado na entrega de valor aos clientes;

Reconhecimento de todos os membros que compõem a cadeia de

suprimentos e que o alinhamento comum é o de agregar valor ao produto;

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Desenvolvimento de relacionamento entre clientes e fornecedores,

baseados em confiança e reciprocidade;

Criação de logística mais eficiente e precisa, a partir do relacionamento e

entendimento com fornecedores;

Redução da base de fornecedores, priorizando menor número de

componentes mas visando parcerias comerciais de longo prazo;

Comunicação mais efetiva através de troca de informações buscando

redução de perdas e aumentando eficiência operacional, no âmbito de fornecimento

e serviços.

Para Van Hoek (1998), o gerenciamento da cadeia de suprimentos tem como

princípio o controle da rede de trabalho e a integração de processos entre as

empresas, com principal foco no consumidor final, cujo planejamento em conjunto

e compartilhamento de informações podem aprimorar significativamente o nível de

serviço entregue ao cliente final. No entanto, apenas a integração interna entre os

diversos departamentos de uma empresa por si só, não são suficientes. Daugherty

et al. (1996) pontua de maneira enfática que para este conceito ser implementado

de maneira plena e satisfatória, as empresas devem utilizar-se de ações

proporcionando integração interna e externa, entre todos os membros da cadeia.

Nota-se que esta integração produz um elo entre seus participantes. Weng

e McClurg (2003) destaca que qualquer decisão tomada em qualquer parte do

sistema o afeta como um todo, seja positivamente ou negativamente.

Uma parceria comercial de longo prazo traz consigo uma forte integração.

Para Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu (2001), a integração é uma variável de

melhoria da operação logística em uma cadeia de suprimentos, podendo

proporcionar maior competitividade de maneira integral.

Fica evidente que o estabelecimento de elos e integralidade interna e externa

de maneira satisfatória e geradora de bons resultados não é uma tarefa simples tão

pouco apresenta um cronograma de execução enxuto.

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3 METODOLOGIA

A metodologia aplicada é a de um estudo de caso. Trata-se de um método

qualitativo cujo objetivo é apreender uma situação de maneira integral,

compreender e interpretar sua complexidade e todas as variáveis em um caso

concreto. Para Yin (2001) a melhor estratégia a utilizar quando se quer responder

questões porque ou como sobre um assunto com grau relativo de especificidade a

partir de pesquisas qualitativas.

Para Bruyne, Herman e Schoutheete (1977), o estudo “reúne, tanto quanto

possível, informações numerosas e detalhadas para aprender a totalidade de uma

situação”.

A definição e estruturação de um plano é o início da pesquisa, onde se

determina-se questionamentos a serem respondidos e as conclusões que serão

obtidas por meio deste trabalho. Para Yin (2001), é importante ter em mente quais

questões devem ser estudadas, que dados são relevantes, quais dados devem ser

coletados e como analisar os resultados.

Desta maneira, apresentam-se como componentes de projeto de pesquisa os

seguintes itens:

Questões de estudo: Trata-se do ponto principal do estudo de caso,

geralmente organizado considerando-se questionamentos em torno de “como” e

“por que” do caso estudado;

Proposições do estudo: Refere-se ao que pode ajudar definir e onde

encontrar evidências relevantes, a estratégia mais apropriada para o estudo em

questão;

Unidades de análise: Refere-se na definição do “caso” em si, podendo

apresentar-se como unidade primária de análise, contendo apenas um único objeto

de estudo ou mais de uma unidade, tornando-se um estudo de casos múltiplos;

Ligações dos dados à proposição e aos critérios para a interpretação

dos dados: Para Campomar (1991), representam a análise dos dados

pesquisados e obtidos dos estudos, que servirão como base de pesquisa,

relacionando às informações para a elaboração do projeto. Com relação aos

critérios para a interpretação dos dados, as análises e interferências, em Estudo de

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Caso, são feitas por analogia de situações que buscam responder às questões “por

que” e “como” inicialmente formuladas.

A essência de um Estudo de Caso é tentar esclarecer uma decisão ou

conjunto de decisões, buscando entendimento de porque foram tomadas,

sequencialmente como foram implementadas e por fim, quais os resultados

alcançados.

Estes três questionamentos elucidam de maneira muito acertiva a rotina do

departamento de compras, dado o momento em que a área cliente solicita a

execução de um processo de concorrência para homologação de um novo parceiro

comercial.

3.1 O alvo de estudo

A unidade fabril em estudo situa-se em Uberlândia, Minas Gerais e é a maior

em área e capacidade produtiva na América Latina. Seu segmento é o de tabaco,

contemplando produção de cigarros para o mercado nacional e exportação de fumo

para demais países do grupo.

As operações no Brasil fazem parte de um grupo Inglês que opera em mais

de cento e oitenta mercados, sendo a brasileira a segunda maior do grupo. Este,

por sua vez está presente em 64 países, com 81 fábricas, empregando mais de 90

mil colaboradores.

A empresa contratante neste estudo de caso detém a liderança absoluta no

mercado brasileiro desde o final dos anos 50

Considerando-se toda a estrutura descrita acima, nota-se claramente que o

departamento de suprimentos é vital para manutenção de toda a operação diária,

seja com abastecimento de matérias primas ou com contratação de prestadores de

serviços.

Para este trabalho, o estudo será desenvolvido sobre os prestadores de

serviços da referida unidade fabril, mais especificamente a categoria de montagem

mecânica.

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3.2 Etapas do Estudo de Caso

Neste trabalho, todas as etapas de um processo de concorrência, conduzido

dentro das políticas internacionais do grupo, serão abordadas.

Trata-se do estado da arte para suprimentos, uma vez que a manutenção

dos serviços prestados não se dará pela renovação contratual e respectivas

negociações e sim pela prospecção de mercado.

O processo de compra estratégico adotado pela empresa é o compras

estratégicas, muito alinhado com o modelo Kearney.

Para este estudo de caso, a evolução do processo será dada em oito etapas:

1) Definição dos fatores geradores de insatisfação da área cliente;

2) Preparação: Análise da condução de um processo de concorrência;

3) A maneira como o mercado será abordado;

4) Confecção da estratégia que conduzirá a negociação;

5) Condução do processo de concorrência;

6) Sugestão para área cliente a melhor alternativa;

7) Confecção de Contrato;

8) Implementação.

Na primeira etapa, serão definidos todos os pontos de insatisfação e

deficiências identificados pela área cliente na prestação de serviços realizada pelo

fornecedor dentro das instalações da fábrica. Previamente, detalhes da atual

operação serão fornecidos.

Na segunda etapa, a análise dos riscos da condução de um processo de

concorrência para possível substituição de um fornecedor será construída,

mensurando impactos e ganhos para a unidade.

Na terceira etapa, o modelo de abordagem ao mercado será confeccionado.

Entendimento de como o último processo de homologação do atual fornecedor foi

conduzido, qual a necessidade da área cliente em relação ao nível de maturidade

do mercado, a curva de aprendizado dos fornecedores, bem como cronograma de

entrega e orçamento disponível serão arduamente compreendidos. Neste ponto, o

entendimento integral do escopo é necessário.

Na quarta etapa, a estratégia para desenvolvimento do processo será

desenhada. Diversos dados serão investigados para que todas as informações

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necessárias ao sucesso da concorrência estejam compiladas e não sejam surpresa

em momento algum. Trata-se do conhecimento dos fornecedores disponíveis

(tempo de mercado, principais clientes, estrutura física, receita), detalhes da curva

de aprendizado do mercado, análise das necessidades da área cliente como

agentes complicadores ou facilitadores à condução do processo, possíveis

gargalos, a força da marca corporativa da companhia condutora do processo no

mercado, a atratividade comercial aos fornecedores, detalhes jurídicos como

minuta contratual e métricas de acompanhamento de qualidade do fornecedor que

será homologado e validação de detalhes técnicos com área cliente.

Na quinta etapa, o processo em si é conduzido de maneira integral. Tomadas

de preço são realizadas com todos os participantes, existindo um cronograma

previamente informado. A validação técnica realizada pela área cliente é

substancialmente importante, garantindo que as premissas tomadas durante o

processo estão alinhadas as expectativas dos futuros gestores da operação.

Recursos tecnológicos podem ser utilizados como leilão eletrônico. Ao término da

concorrência valores apresentados são avaliados e ocorrerá a sugestão da melhor

condição comercial obtida, que atenda todas as necessidades técnicas da área

cliente, dona do projeto.

Na sexta etapa, ocorre a divulgação do fornecedor que apresenta melhores

condições técnicas e comerciais. Este ponto do trabalho deve ser realizado a quatro

mãos, entre a área cliente e o departamento de suprimentos. Ao novo fornecedor

homologado, cabe iniciar a mobilização de recursos necessários a implementação,

seja humano ou maquinário. Paralelamente, cabe ao departamento de suprimentos

compilar todas as condições comerciais acordadas em contrato, que será assinado

pelas partes.

Na sétima etapa, cabe ao negociador e responsável pela condução do

processo assegurar todas as condições comerciais em um contrato. Se necessário,

pode ocorrer a validação da minuta contratual pelo fornecedor. Todo o processo de

aprovação do contrato, contemplando departamento jurídico, dois níveis gerenciais

de aprovação em suprimentos, gestor, diretor financeiro e diretor da grande área

deve ser monitorado. Após aprovação, assinaturas e distribuição das vias também

se faz necessário.

Nesta etapa, ocorre a implementação do novo fornecedor homologado a

partir do início da vigência acordado em contrato. Neste período, cabe a

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suprimentos acompanhar o desenvolvimento do fornecedor nas atividades

desempenhadas, atuando como ferramenta de comunicação entre fornecedor e

área cliente, caso algo não aconteça como o negociado.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Definição dos fatores geradores de insatisfação da área cliente

O estudo de caso inicia-se com o entendimento do tipo de prestação de

serviço realizado nas instalações da fábrica pelo atual fornecedor e sua respectiva

complexidade.

O escopo de atividades do atual fornecedor homologado apresenta-se em

quatorze itens e com consumo real dos últimos trinta e seis meses listados:

Serviços mecânicos em montagem (88825 horas);

Serviços mecânicos (48947 horas);

Serviços em soldagem (26738 horas);

Serviços de liderança em montagem (10246 horas);

Serviços de almoxarifado (5643 horas);

Serviços de engenharia mecânica (5611 horas);

Serviços administrativos (5548 horas);

Serviços em encanamento (5297 horas);

Serviços em elaboração de desenhos industriais para projetos (1783 horas);

Serviços de isolamento de tubulações (582 horas);

Serviços de elaboração de desenhos industriais com Autocad (135 horas).

Adicionalmente, uma gama de itens para uso e consumo contemplando

equipamentos e ferramentas também existe, garantindo que os serviços prestados

não sejam prejudicados por falta de algum insumo ou ferramental.

Cada uma das listas (serviços e equipamentos) apresenta-se formalizada através

de contrato assinado pela empresa contratante e pela contratada, garantindo a

manutenção dos valores por pelo menos doze meses e passíveis de reajuste

mediante renegociação e renovação no aniversário do documento. Pelo fato de as

demandas e ordens de serviços acontecerem de acordo com a necessidade e

iniciativas conduzidas na fábrica, o contrato apresenta valor estimado, isto é, não

há garantia como promessa de pagamento sobre o valor utilizado no contrato.

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O atual fornecedor apresenta instalações dentro da fábrica, como uma

oficina de ferramentas e pequeno escritório. Esta estrutura, mesmo que enxuta, é

necessária, pois ordens de serviços são emitidas diariamente, sendo realizadas em

diferentes partes da unidade fabril, independentemente do horário ou dia da

semana. Além disso, o contato do fornecedor com a área cliente é mais efetivo.

Quanto ao capital humano investido na operação diária, há cerca de

quarenta pessoas, sendo que dez são especialistas, ou seja, detém maior

conhecimento de detalhes técnicos e atuam como verdadeiros maestros

conduzindo orquestras. Os demais são contratados ou dispensados de acordo com

a demanda e picos de produção da fábrica. O atual prestador de serviços está

homologado há oito anos. Seus funcionários estão totalmente incorporados à

cultura da empresa contratante, conhecem a produção, normas de segurança e

apresentam boa conduta de trabalho. Este escopo apresentou por muitos anos

grande benefício para ambos, sendo que a qualidade manteve-se alta e constante

por muito tempo. Além disso, o dispêndio anual mostrou-se interessante mantendo

uma relação ganha-ganha: a contratante paga valores justos para a prestação de

serviços com qualidade enquanto o montante recebido pela contratada mostrava-

se atraente do ponto de vista econômico e financeiro.

No entanto, parcerias comerciais são por muitas vezes cíclicas. Não

obstante, não é tarefa difícil encontrar fornecedores em grandes companhias que

prestam serviços por dezenas de anos, não têm seus contratos renovados por

inconsistências comercias ou até mesmo de qualidade, são substituídas e

posteriormente, retornam aos respectivos clientes, com portfólio de pessoas

renovado, maior investimento em tecnologia e processos desenhados

especialmente para atendimento de maneira integral de novas demandas.

Neste estudo de caso, o início de todo o processo de concorrência e

homologação de novo fornecedor têm origem em falhas qualitativas apresentadas

pelo prestador de serviço. Durante o início do ano de 2014, a área cliente e gestora

do contrato sinalizou algumas inconsistências como má qualidade na realização de

alguns serviços de soldagem, gerando retrabalho e maior custo no valor

hora/homem pagos, além de desvios comportamentais de alguns colaboradores.

Após notificação direta de Suprimentos ao atual fornecedor, os dois casos foram

corrigidos de maneira pontual com o desligamento dos recursos responsáveis e

contratação de novos.

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No entanto, meses após este exercício de revisão e reajustes realizados,

Suprimentos e área cliente foram comunicados que para manutenção da operação

diária, um reajuste de cinquenta e quatro e meio por cento deveria incidir sobre os

atuais valores.

Embora seja uma empresa com reconhecida qualidade pela área gestora, a

mesma apresentou queda no nível de serviço tanto no atendimento quanto na

qualidade, mais especificamente em não disponibilizar recursos conforme

demanda da área usuária.

Este pleito não apresenta nenhum lastro aparente. Isto porque não há índice

econômico que enderece este valor, mesmo considerando-se fatores externos

como desaquecimento econômico e até mesmo variações cambiais. Em linhas

gerais, contratos com escopo de prestação de serviços apresentam como

direcionadores de reajustes dissídios de sua respectiva categoria e repactuação de

preços por conta de inflação. Qualquer outra variável está ligada diretamente a

margem de lucro ou falta de gestão do fornecedor.

Este valor proposto traria impacto duplo. Primeiro para a área cliente, que

construiu seu orçamento anual considerando sete por cento de reajuste para o ano

seguinte e segundo para Suprimentos, que também monitora os reajustes

negociados em seu portfólio de contratos através de uma métrica chamada RSE,

que do inglês significa Evolução de Dispêndio Recorrente. Trata-se basicamente

de um índice inflacionário que a própria empresa contratante calcula. Pelo valor do

dispêndio/ano do contrato, caso o reajuste fosse repassado de maneira integral,

vería-se um dos indicadores de desempenho perder-se completamente em apenas

uma negociação dentre de mais de cento e oitenta realizadas anualmente.

Questionamentos foram levados ao fornecedor e finalmente, a origem do

número foi revelada. A má gestão entre os sócios causou desequilíbrio econômico.

Em outras palavras, houve um desfalque no caixa da prestadora de serviços por

apropriação indébita de capital, culminando no rompimento de parte da sociedade

(composta por três membros). Nesta situação, o prestador de serviços identificou

potencial de recuperação de caixa em seus clientes. Juntamente a este

contraponto, aliou aos seus argumentos que o padrão de qualidade oferecido pela

sua equipe era o melhor do mercado e que valores mais competitivos culminariam

em queda de qualidade.

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O departamento de suprimentos estava diante de um paradigma: a troca de

um fornecedor há tempos estabelecido em sua maior unidade fabril da América

Latina. A transposição desta barreira não envolvia simplesmente a prospecção de

mercado e condução de um processo de concorrência. Neste caso, tem-se a

aceitação da gerência sênior e de demais colaboradores que mudanças estavam

por vir. O convencimento não era necessário, pois não há orçamento capaz de

absorver impacto com tamanha robustez. Suprimentos enquanto negociadores e

responsáveis pela sugestão das melhores condições comerciais aliadas a

qualidade requisitada por suas áreas clientes, via diante de si todos os indicadores

necessários à condução de um processo de concorrência.

O primeiro passo tomado foi a comunicação ao atual fornecedor de que não

cabia alternativa a não ser a realização de um processo de concorrência e consulta

ao mercado. Em uma relação comercial saudável e duradoura, a transparência faz-

se necessária. Portanto, o fornecedor mostrou-se compreensível neste ponto e

aceitou manter as condições comerciais acordadas até o fim da vigência de seu

contrato, sem o reajuste pleiteado. Paralelamente, o processo de concorrência

seria realizado, inclusive com sua participação.

Definido que a melhor tratativa ao caso seria um processo de compra

estratégico, o momento inicial contemplando a coleta de dados é fundamental.

Inicialmente, para o negociador e responsável pela condução do processo,

conhecer todos os detalhes quanto à estrutura do atual fornecedor é importante

para que a concorrência em questão apresente fornecedores igualitários e

competitivos entre si (isto porque um fornecedor que apresenta carga tributária

menor pode oferecer valores mais agressivos).

Responsável pelo contrato de Montagens Mecânicas para a Fábrica de

Uberlândia e ex-prestadora do mesmo serviço na Fábrica de Cachoeirinha, o atual

fornecedor foi selecionado através de um processo de concorrência. Atendendo

não somente demandas regulares como também demandas pontuais, o atual

fornecedor passou a ser responsável por um dos maiores contratos da unidade

fabril, com um expressivo aumento de demanda em relação ao que havia sido

previamente estimado.

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4.2 Preparação: Análise da condução de um processo de concorrência

O perfil do departamento de suprimentos das organizações não pode se

restringir exclusivamente à prospecção de mercado com três cotações e o que

apresentar melhores preços apenas, ser definido como fornecedor. Em um mundo

globalizado e com grande acesso a informações, os responsáveis pelas

negociações precisam ter posicionamento proativo, assumindo uma nova postura,

buscando fazer parte de tomadas de decisão de cunho estratégico e

consequentemente, reposicionar suas organizações trazendo vantagens

competitivas.

Com turbulências econômicas e políticas, fala-se muito em buscar redução

de custos. No entanto, ainda existe um baixo envolvimento da equipe de

suprimentos no processo de homologação e aquisição. Este cenário agrega pouco

valor, pois dado o momento em que o envolvimento de Suprimentos é tardio, muitos

pontos foram definidos pela área cliente, cabendo apenas a tarefa de apresentar o

fornecedor com as melhores condições comerciais possíveis, ou seja, as opções

de mercado ficam mais restritas e limitadas.

Para um processo de compras estratégico, o início de todo projeto desta

magnitude é essencial garantir que os objetivos e limites sejam claros e

compreendidos por todas as partes envolvidas e que investimento de tempo e

esforço justifique todos os potenciais benefícios. Trata-se da Análise Preliminar.

Este estágio do processo não faz referência a apresentar detalhes absolutos

do processo, mas sim um panorama geral de alta qualidade. É possível que todos

os detalhes não estejam disponíveis, mas que as informações providas sejam

suficientes para adoção de premissas.

Neste ponto, algumas expectativas já estão formadas como escopo

preliminar de maneira clara, incluindo dispêndio, classificação em categorias ou

subcategorias, esboço de cronograma de execução, recursos, investimentos,

objetivos preliminares, oportunidades, benefícios potenciais e por fim, grupo de

pessoas envolvidas e a melhor maneira de trabalhar com elas.

Após a Análise Preliminar, tem-se a Mobilização. Em linhas gerais, trata-se

da garantia de que as pessoas envolvidas no projeto estão alinhadas ao objetivo

principal e totalmente comprometidas. Considera-se como uma boa prática

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conduzir uma reunião inicial com as partes interessadas de maneira a prover o

panorama geral do processo.

Por fim, dentro desta preparação, a etapa Plano é atingida. O principal

propósito desta etapa é garantir que o plano de projeto é feito especialmente para

este processo de concorrência, cobrindo todos os pontos classificados como

essenciais.

Para este estudo de caso, o principal está claro. Reduzir os impactos do

reajuste de preço pleiteado pelo atual fornecedor para a operação de Uberlândia.

A avaliação da curva de maturidade do mercado bem como sua

competitividade, mensurar potenciais ganhos com a alteração do modelo de

contratação para fixo e estimado, extensão do período contratual proporcionando

redução de preços, abertura de estrutura de custos de maneira integral, pré-

estabelecer em Edital de Concorrência o comprometimento da área cliente em dar

visibilidade regularmente da estimativa de consumo futuro, garantir tempos

mínimos de entrega para alocação de recursos, dado que grande urgência reflete

diretamente em custo para operação, avaliação da competitividade de preços do

atual fornecedor frente ao mercado, bem como reajustes pleiteados apresentam-

se como oportunidades e benefícios do processo.

Conhecimento de riscos e restrições é fundamentalmente importante para a

condução de qualquer projeto. Este processo apresenta pontos de atenção como

provável aumento de preços em função da base salarial atual ser de 2013

(momento em que o último contrato foi celebrado) e estar defasada, dificuldade em

alavancar prazo de pagamento, característica deste mercado, não linearidade do

padrão de consumo entre os anos, imprevisibilidade na demanda pode trazer

impacto na competitividade dos preços, recusa de fornecedores a participar do

processo e operar no modelo de contratação sob demanda, visto que o contrato de

valor estimado não caracteriza garantia de pagamento sob o valor registrado,

possível mono-dependência financeira, caso a demanda seja totalmente contratada

com apenas uma empresa, dificuldade na homologação técnica das propostas e

empresas pode impactar no cronograma de execução do projeto

4.3 A maneira como o mercado será abordado

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4.3.1 Premissas básicas de como o mercado é abordado em um Strategic

Sourcing genérico

O desenho de como o mercado será abordado em um Strategic Sourcing

(Compra Estratégica) é fundamental. Para aprovação e evolução do processo,

deve-se tipicamente conter os seguintes itens em um documento:

Análise racional: breve explanação da razão do projeto;

Objetivos: O sumário dos objetivos conhecidos neste ponto;

Escopo: Panorama geral da categoria associado a dispêndio, cobertura

geográfica e cobertura de potenciais parceiros comerciais;

Partes envolvidas: Time de projeto, patrocinadores, principais

interessados dentro da área cliente;

Benefícios: A síntese de potenciais oportunidades e benefícios que

podem ser explorados, incluindo um grosseiro e estimado potencial de redução de

valores;

Restrições: Identificação de qualquer risco.

Plano de projeto provisório: Trata-se do cronograma (ainda estimado)

de execução do projeto.

Dentro deste contexto, a primeira análise a ser realizada é a Análise Interna.

Seu propósito refere-se a obtenção de informações suficientes sobre aspectos

históricos da categoria do dispêndio deste escopo. Estas informações são

fundamentais pois podem sugerir potenciais oportunidades de melhoras e a Linha

de Base de onde o resultado do processo pode ser objetivamente calculado é

estabelecida. Entendimento de trâmites contratuais, termos específicos e

condições como cláusula de saída e datas de vencimento são necessárias.

Sequencialmente, os Requisitos do Cliente são levantados. Obter o claro

entendimento do que a área cliente e gestora da operação necessitam de maneira

que ao final do processo, tenha-se sua satisfação. Como expectativas desta

análise, tem-se os seguintes itens:

Obtenção de detalhado e extensivo conhecimento de especificações, seja

de produto ou serviço requisitado pela área cliente;

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Segmentação da categoria para garantir análise de mercado apropriada;

Entendimento das previsões futuras e plano de negócios por trás das

necessidades listadas;

Mapeamento do custo versus qualidade requerida pela área e o quão

crítico isto é para o negócio;

Determinar as restrições para o produto ou serviço dentro do mercado

local, considerando fatores econômicos e sociais;

Avaliação de substituição de produtos ou serviços orientados a inovação.

A última etapa dentro deste conjunto refere-se a análise do mercado. Esta

análise é realizada para ganho apropriado do nível de entendimento do

fornecimento do mercado. Este exercício permite a seleção dos mais apropriados

fornecedores que podem satisfazer as necessidades do negócio. Igualmente

importante trará percepções de como oportunidades em potencial podem ser

destravadas. Ao final desta análise, tem-se como expectativas os seguintes pontos:

Confecção de Longa lista de fornecedores que podem atender de maneira

plena as necessidades da área cliente;

Como se dá o crescimento do mercado em questão, tendências e principais

fornecedores;

Desenvolvimento do critério que será utilizado como o mais apropriado

para seleção dos fornecedores;

Desenvolvimento e implementação de RFI (Request for Information) para

a lista de fornecedores participantes

Comunicação aos fornecedores selecionados e desclassificados quanto ao

status do processo.

Entre Setembro de 2012 e Agosto de 2014, há registros em pedidos SAP de

um dispêndio total de R$ 7.6661.521 entre serviços e materiais recorrentes e

pontuais. Deste valor, R$ 7.236.267 é referente a serviços e R$ 425.255 referentes

a materiais. Porém, no mesmo período, foi contrato um total de R$ 9.657.415 com

o atual prestador de serviços, ou seja, 26% deste valor não está registrado em

pedidos SAP. Logo, será desconsiderado da linha de base.

O atual fornecedor apresenta contrato vigente por trinta e seis meses. A

cláusula de rescisão imotivada em sua minuta contratual merece destaque. A

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mesma prevê que qualquer uma das partes pode rescindir o contrato antes de seu

término de vigência, desde que comunicado com noventa dias de antecedência.

Caso este prazo não seja respeitado, multa de 10% sobre o valor total do contrato

pode ser aplicada. O prazo de pagamento é de quarenta e cinco dias após a

emissão da nota fiscal.

As necessidades da área cliente são claras. Reduzir os impactos do reajuste

de preço pleiteados pelo atual fornecedor na operação de Uberlândia bem como

avaliar a competitividade de seus preços frente ao mercado perfazem os objetivos

principais.

Os serviços prestados por esta operação são categorizados como

Manutenção. Sua subcategoria é a de Montagem Mecânica e Industrial. O exercício

de classificação e segmentação de categoria em qualquer processo de

concorrência é fundamental. Neste caso, nota-se claramente que um dos

indexadores econômicos que conduzem reajustes anuais é o dissídio da categoria

ou convenção coletiva dos trabalhadores, que historicamente, apresenta reajustes

na casa dos sete por cento.

O escopo definido pela área cliente e que será considerado como premissa

para a condução do processo de concorrência é exatamente o mesmo do escopo

atual (listado anteriormente). Este ponto carrega consigo uma informação

importante: a área cliente não solicita nada fora das especificações oferecidas por

este nicho de mercado, visto que este já vem sendo praticado. Há casos em que a

área cliente faz um refinamento do escopo da operação com objetivo de mitigar

problemas ocorridos no passado e por muitas vezes, o que se solicita não é

oferecido pelo mercado ou não está maduro o suficiente para inclusão em uma

operação diária. Neste caso, há isenção deste ponto. Além disso, a manutenção do

escopo também traz informações sobre as empresas participantes do processo. A

origem deste portfólio é distinta: indicações da área cliente, participantes do

processo de homologação anterior e sugestões de Suprimentos. Vale ressaltar que

qualquer fornecedor, independente da origem, passará por aprovação do colegiado

da engenharia da fábrica quanto ao quesito técnico.

Em análise com a área cliente e gestora do contrato, não foi decidida uma

data específica para entrega do resultado, desde que dentro do período de vigência

contratual do atual prestador de serviços.

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Um cronograma de execução padrão nos processos de homologação da empresa

contratante apresentam as seguintes etapas:

Envio de RFI (Request for Information) aos fornecedores participantes;

Recebimento e análise das informações;

Confecção de documentos referentes a estratégia adotada ao processo;

Primeira rodada de negociações, contemplando tomada de preços;

Validação das propostas técnicas pela área cliente;

Rounds finais de negociação, não havendo número mínimo ou máximo;

Compilação, análise de resultados e divulgação a área cliente;

Comunicação a todos os participantes;

Trâmites contratuais;

Implementação.

Todas as etapas mencionadas levam, em média, 90 dias para se

concretizarem, considerando-se um processo padrão.

A RFI (Request for Information) é um documento largamente utilizado para

primeiro contato com o mercado em questão. Uma gama de informações são

obtidas, contendo dados cadastrais, faturamento estimado para os próximos anos,

tempo de mercado, tipo de ferramenta de gestão utilizada, quem são seus clientes,

quantos recursos estão alocados nestas operações e qual a representatividade em

sua receita, além dos seus principais concorrentes.

Dados como faturamento anual e tempo de mercado são extremamente

importantes e fáceis de serem analisados em um gráfico. Isto porque,

eventualmente, o valor do projeto em questão pode não ser interessante o

suficiente dentro da carteira de clientes do fornecedor, nos indicando algumas

possibilidades: declínio de participação ou pouco empenho na revisão e redução

de valores. Por outro lado, a alta atratividade também pode trazer impacto, visto

que a Política da Companhia diz não ser economicamente viável o estabelecimento

de acordos comerciais com fornecedores cujo contrato representa mais do que

trinta por cento de seu faturamento. Esta análise é chamada de mono-dependência

financeira.

Neste momento de alinhamento, a linha de base da operação deve ser

registrada. Esta linha de base refere-se ao valor que servirá como comparação a

partir do momento em que propostas comerciais forem recebidas e negociadas.

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Para este caso, foi eleito o consumo dos últimos vinte e quatro meses de contrato,

contemplando serviços e equipamentos. Este valor está na casa dos sete milhões

e trezentos mil reais.

4.4 A confecção da estratégia que conduzirá a negociação

O termo estratégia tem origem grega e sua definição pura está atrelada

diretamente ao contexto militar com orientação de forças e contingentes, condução

e preparação em caso de conflito e desenvolvimento de mecanismos de defesa

com o objetivo final de vencer o inimigo ou ao menos, apresentar-se em condições

vantajosas.

Para este contexto, a estratégia está atrelada diretamente ao modelo de

compra a ser realizado, seja para serviços ou materiais.

O conceito de Strategic Sourcing ou Compra Estratégica utilizado na

empresa contratante é o Kearney, referindo-se ao terceiro modelo apresentado

anteriormente. De maneira geral, a empresa contratante passa por todas as etapas

propostas dentro deste modelo.

Sua confecção é dada previamente ao momento em que as propostas

comerciais são ofertadas por todos os participantes. A aprovação deste documento

pela área cliente é fundamental, pois mostra ciência e alinhamento pelas principais

partes envolvidas.

Seu conteúdo apresenta o número de fornecedores mapeados, quantos

retornaram a solicitação de preenchimento da RFI e quantos declinaram a

participação.

Para este processo, foram mapeados 15 fornecedores, 7 retornaram a RFI

preenchida e 2 recusaram a participação.

Alguns indicadores de gestão são interessantes e podem fornecer indícios

significativos quanto a condução do processo. O primeiro deles é a construção de

um gráfico, correlacionando o tempo de mercado pelo faturamento anual. Pode-se

prever se a demanda em questão seria de grande representatividade dentro do

faturamento anual de cada participante ou se é irrisória. Este exercício mostra ainda

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o grau de competitividade dentro do processo, caso agrupamentos específicos se

apresentem ao se plotar os pontos.

A Análise de Forças, Fraquezas, Ameaças e Oportunidades é

fundamentalmente interessante por permitir que todas as variáveis internas ou

externas possam ser listadas e evitar que o processo possa ser impactado por

algum infortúnio.

Para o estudo de caso em questão, as forças (internas) baseiam-se na

expressividade da marca corporativa da empresa contratante, na confecção de um

contrato de vinte quatro meses, podendo ser renovado por mais 12 meses, garantia

no volume de demanda quando se considera o consumo histórico; as fraquezas

(internas) estão firmadas na contratação de maneira estimada, podendo não atingir

as expectativas dos prestadores de serviços, atrasos no cronograma por validações

ou aprovações internas, resistência a troca por colaboradores ligados diretamente

à operação. Nos pontos internos, as oportunidades referem-se a análise de

mercado, redução do pleito solicitado pelo fornecedor, homologação de mais de um

fornecedor, sendo o segundo contingencial e finalmente as ameaças podem

caracterizar-se pela não homologação de novo fornecedor, falha na prospecção de

novos fornecedores, tabela de preços maior do que a atual. Este tipo de análise é

bastante abrangente e pode apresentar inúmeros itens quando diferentes

referenciais são adotados.

O mais importante de qualquer ferramenta de gestão utilizada é a garantia

de que todas as informações necessárias para a condução de um processo de

concorrência com segurança sejam apresentadas e de conhecimento de todos os

envolvidos.

4.5 A condução do processo de concorrência

Após validação da estratégia pela área cliente, o processo de concorrência

propriamente dito inicia-se.

Todos os fornecedores participantes da primeira etapa foram cadastrados

em uma plataforma global da companhia. Esta ferramenta eletrônica possibilita

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manter a gestão das propostas comerciais recebidas, separadas por fornecedores

e rodadas de negociação.

Para conhecimento de todos os participantes, quatro documentos foram

disponibilizados: o perfil técnico, perfil de consumo e minuta contratual e edital de

concorrência.

O perfil técnico apresenta os seguintes objetos:

Fornecimento de equipamentos padrões tais como transportadores de

correias, transportadores helicoidais, transportadores vibratórios com braço tipo

rosta (panda), separador de partículas vibratórias com braço rosta (panda peneira)

e similares, cabendo a contratante fornecer os desenhos orientativos para

confecção destes equipamentos;

Fornecimento de dutos e acessórios para sistemas de ventilação,

exaustão, linha de utilidades como água, vapor, ar comprimido, condensado,

sistemas de despoeiramento, transporte pneumático e similares;

Fornecimento de peças e estruturas metálicas tais como captores, pipes,

moegas, direcionadores, fechamento, vedação, enclausuramento de

equipamentos, plataforma, passarelas, escadas, guarda corpo, caldeiraria em geral

e similares;

Serviços de jateamento e pintura de equipamentos mecânicos;

Serviços de engenharia e detalhamento para execução de projetos em

sistemas de despoeiramento e transportes diversos, utilizando equipamentos tais

como ciclones, multi ciclones, lavadores de gases, filtros de mangas,

transportadores mecânicos, transportadores pneumáticos, descarregadores de

sacos e similares;

Serviços de montagem, adequação e montagem mecânica;

Além deste escopo técnico, compõe o documento procedimentos de

segurança, de recursos humanos, de medicina do trabalho, descritivo técnico para

padrões de fabricação de peças em caldeiraria, descrição dos padrões de

fabricação de equipamentos além da lista de máquinas, equipamentos, ferramentas

e materiais de uso e consumo que o fornecedor homologado oriundo deste

processo deve fornecer de maneira compatível ao número de funcionários

envolvidos na operação.

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O documento Perfil de Consumo refere-se exclusivamente aos itens de

prestação de serviços, correspondendo a 80% do consumo total dentro da

operação.

A minuta contratual disponibilizada refere-se a um rascunho fornecido pelo

Departamento Jurídico da empresa contratante. Este procedimento é fundamental

pois traz aos fornecedores participantes a possibilidade de análise previa do

contrato e suas condições. O objetivo específico deste ponto é evitar gargalos

contratuais ao final das negociações.

Por fim, o Edital de Concorrência apresenta o convite formal ao processo

para homologação de novo prestador de serviços de Montagem Mecânica

Industrial, detalhes da estrutura e posicionamento no mercado da contratante e

modo como as propostas comerciais devem ser ofertadas. Todo o seu conteúdo é

sigiloso é só pode ser divulgado mediante autorização.

As datas referentes a primeira etapa do processo ficam disponíveis na

interface do sistema.

Para o primeiro round de negociações, houve a participação de todos os

fornecedores mapeados, ou seja, todos tiveram a oportunidade de ler e obter

informações detalhadas sobre o escopo de contratação.

Ao final desta primeira etapa, dois fornecedores declinaram do processo, ou

seja, não apresentaram nenhuma proposta comercial. Esta curva de declínio é

esperada dentro de um processo, pois alguns fornecedores só entendem de fato a

complexidade quando obtém todos os documentos logo após confirmar intenção

de resposta.

Coletadas as propostas comerciais recebidas, a etapa seguinte refere-se a

validação técnica. Este procedimento é realizado disponibilizando-se todos os

documentos recebidos via portal eletrônico pelos participantes. Este exercício

refere-se exclusivamente a detalhes de cunho técnico. Condições comerciais não

são enviadas, pois cabe a Suprimentos a análise destes parâmetros. A validação

foi realizada pela Engenharia de Processos da unidade fabril e todos os

fornecedores apresentaram capacidade técnica de atendimento. Em resumo, este

exercício é o “de acordo” que Suprimentos necessita para canalizar esforços em

condições comerciais, uma vez que todos apresentam as mesmas condições

técnicas.

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O primeiro cenário construído a partir das propostas comerciais recebidas já

apresentava grande singularidade. Dado o recebimento dos documentos, espera-

se equivalência ou proximidade entre os valores apresentados, uma vez que as

mesmas informações foram disponibilizadas para todos. Duas delas apresentaram

valores muito superiores aos demais, na casa de mil por cento. Neste caso, fica

evidente que o entendimento do escopo técnico não está afinado, visto que o

alinhamento com os demais concorrentes não existe.

Finalizado o primeiro round de negociações, o segundo foi disponibilizado,

novamente pelo mesmo portal, apresentando o cronograma de entrega das

propostas. O discurso com todos os fornecedores participantes foi de que todos

estavam validados tecnicamente e que a expectativa estava no recebimento de

propostas comerciais com valores mais competitivos. Foram disponibilizados dez

dias para todos os participantes.

Ao encerramento do prazo e recebimento das propostas, nota-se que houve

baixo desconto em relação ao primeiro round e que alguns fornecedores

continuavam apresentando grande discrepância de valores.

Em alinhamento com área cliente, julgou-se necessário a realização de visita

técnica na fábrica, ou seja, de maneira presencial. Desta maneira, os participantes

poderiam verificar como é a rotina e demandas diárias, principais equipamentos e

funcionalidades, recursos humanos alocados diretamente na operação e quaisquer

outros detalhes que pudessem mitigar qualquer dúvida relacionada ao escopo.

Ficou a cargo de Suprimentos organizar esta agenda junto aos fornecedores

participantes. Para cada um deles, foi disponibilizada quatro horas, tempo suficiente

para levantamento de qualquer dado adicional que pudesse ajudar na confecção

das propostas comerciais. Estas visitas levaram uma semana.

Sequencialmente, foi realizada, com cada um dos fornecedores uma

conferência telefônica com o objetivo de colher informações de como se procedeu

a visita e possíveis arestas foram aparadas. Também era uma excelente

oportunidade para entender mais sobre a composição de custos de cada um dos

fornecedores e também ter o sentimento de quais deles demostravam maior

interesse em vencer esta concorrência. Este ponto apresenta enorme e

fundamental importância em qualquer negociação, pois fica evidente quais

fornecedores apresentam maior potencial para ofertarem propostas extremamente

competitivas.

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O terceiro round foi disponibilizado e seu cronograma foi previamente

sinalizado. Após todos os trâmites realizados, a expectativa era de grandes

reduções de valores, principalmente para os fornecedores que se mostravam

inicialmente mais competitivos que os demais. Ao final desta etapa, a análise das

propostas mostrou um dado importante: um dos participantes havia reduzido seus

preços em 16%. Este detalhe traz consigo duas hipóteses relevantes. Ou o

fornecedor retirou grande parte de sua margem de lucro, pleiteando o benefício

econômico que virá a ter com a sua homologação, ou super dimensionou o escopo

do projeto antes da visita técnica.

No entanto, o ponto mais importante da terceira rodada estava no fato de

que um dos fornecedores já apresentava valores menos do que os valores de base,

utilizada para efeito de cálculo e considerada no levantamento de dados e

confecção da Estratégia. Ou seja, se o processo fosse encerrado nesta etapa, o

objetivo principal referido pela redução dos preços pagos para o atual fornecedor e

consequentemente pelo impacto de seu pleito havia sido alcançado. Por

consequência, a desconstrução do pleito sugerido pelo fornecedor apresentava-se

de maneira clara e quantitativa.

Este cenário foi compilado e encaminhado à área cliente, juntamente com a

evolução na redução de preços de cada fornecedor. Ao final do documento, indicar

as próximas etapas juntamente com um cronograma garantiu maior tranquilidade e

senso de localização a área cliente.

Para a quarta etapa, um leilão eletrônico foi designado. Dentro do mesmo

portal onde as propostas comerciais das três primeiras rodadas foram recebidas,

há a possibilidade de criação deste evento.

O leilão reverso auxilia de maneira extremamente efetiva diversas

companhias nas etapas de negociação, seja na aquisição de serviços ou produtos.

As razões para sua utilização são diversas:

Maior velocidade na negociação: os participantes precisam disponibilizar

sua melhor condição comercial dentro do período de duração pré estabelecido;

Estimulo a criação de diversos cenários: dado o dinamismo da

ferramenta, os participantes sentem-se obrigados a definirem múltiplos cenários,

conservadores ou extremamente agressivos uma vez que a mudança de posição

pode ser dada a cada novo lance;

Comunicação efetiva: canal aberto através da própria ferramenta;

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Atualizações em tempo real: durante o leilão eletrônico, todas as

atualizações se dão instantaneamente;

Alta competitividade: no momento do evento, a concorrência se dá

efetivamente a cada lance ofertado, ou seja, o desafio para cada participante não

está na identificação de pontos de redução em sua própria tabela de preços e sim

no acompanhamento dos preços ofertados pelo seu concorrente;

Para a realização desta etapa, um edital de concorrência foi confeccionado

e disponibilizado para visualização de todos os participantes vinte e quatro horas

antes de seu início.

Este tipo de documento é de fundamental importância por conter premissas

que serão consideradas especialmente para esta etapa, sendo o negociador

responsável pela confecção deste documento e por todo o seu conteúdo.

Novamente, a definição de qual a melhor estratégia para condução da etapa deve

ser previamente analisada, mensurando-se ganhos e possíveis impactos. As

variáveis consideradas nesta etapa foram: tempo de duração desta etapa, lance

inicial de partida, subdivisão de itens, lances ofertados. Abaixo, têm-se as

respectivas considerações a cada um deles:

Tempo de duração: todo o processo de concorrência mostra-se por si,

vigorosamente robusto, seja pela quantidade de itens de prestação de serviços,

seja pelo consumo histórico. Os participantes estrategicamente definem diversos

cenários com diversos preços e de acordo com a evolução e competitividade da

etapa, o utilizam ou não. Assim, cada um dos fornecedores deve ter tempo hábil

para analisar toda a sua estrutura de custos e ofertá-la da melhor maneira possível.

Assim, definiu-se que o tempo máximo será de seis horas.

Lance inicial de partida: Para um participante ofertar seu lance, um lance

inicial de partida deve ser apresentado. Isto é definido pelo negociador. Para este

caso, decidiu-se que o melhor valor apresentado até a etapa anterior com

decréscimo de 0,5% seria o lance inicial de partida. Esta porcentagem foi aplicada

para o valor global da proposta comercial, considerando-se o produto de cada valor

unitário e o consumo histórico dos últimos 36 meses.

Subdivisão de itens: Nota-se que o acompanhamento de 14 itens em um

leilão eletrônico com cinco participantes pode gerar dinamismo em excesso. Isto

porque se este modelo fosse seguido, cada um dos participantes poderia ofertar

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suas melhores condições comerciais em qualquer um dos itens de maneira

completamente aleatória. Decidiu-se que a melhor estratégia estava fundamentada

na redução de quatorze para quarto linhas, organizando-as de acordo com sua

categoria. Foram definidas em Operacional, Liderança, Técnico e Segurança. A

Tabela 1 contém a disposição de todos os itens e os valores de partida

considerados para cada um deles.

Tabela 1 – Disposição dos tipos de itens de serviços e os respectivos valores de partida.

Itens de Serviços Categoria Valor

Unitário Inicial

Horas Valor Total Inicial

Mecânicos em montagem Operacional 26,73 88.825 2.373.920,99

Mecânicos Operacional 33,46 48.947 1.637.840,44

Soldagem Operacional 34,11 26.738 911.978,69

Pintura Operacional 30,09 12.087 363.668,28

Encanamento Operacional 32,74 5.297 173.399,94

Almoxarifado Operacional 21,54 5.643 121.556,39

Administrativos Operacional 34,68 5.548 192.371,66

Caldeiraria Operacional 35,21 3.755 132.225,00

Isolamento de tubulações Operacional 33,46 582 19.474,80

Liderança em montagem Liderança 46,02 10.246 471.508,11

Engenharia mecânica Técnico 91,03 5.611 510.783,64

Desenhos industriais (Projetos) Técnico 67,30 1.783 120.019,30

Desenhos industriais (AutoCad) Técnico 73,83 135 9.966,92

Técnicos em segurança Segurança 34,25 5.684 194.666,23

Fonte: Próprio autor.

Lances ofertados: Para que o leilão eletrônico não perca seu dinamismo,

característico em qualquer processo, decidiu-se que o desconto ofertado a cada

lance deve ser aplicado a todos os itens, com decréscimo mínimo de 0,15%,

previamente configurado na ferramenta. Assim, se o participante é competitivo em

um item em específico, deverá ser também para toda a respectiva cesta e

consequentemente para o restante da tabela. Este tratamento também asseguraria

que nenhuma cesta deixe de receber lances, a representividade da cesta

operacional.

Além das condições comerciais, algumas premissas precisam ser

consideradas para evitar questionamentos infundados por participantes

insatisfeitos após o resultado. Dentre elas, a de que o leilão não necessariamente

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é a última etapa do processo de concorrência e o fato de que o evento pode ser

reaberto dentro do prazo de setenta e duas horas após seu encerramento são

fundamentais e garantem toda a transparência no processo.

O leilão realizado apresentou vinte e cinco lances com altíssima

competitividade, visto que um dos fornecedores apresentou nove lances, conforme

a Figura 5. A análise detalhista de como a etapa decorreu é extremamente importante,

muitas vezes, até mais do que o próprio benefício gerado.

Figura 5 – Atividades de lances do leilão eletrônico

Fonte: Próprio autor.

O alto número de lances indica que os fornecedores mantinham consigo uma

margem considerável dentro de sua composição de preços. O atual prestador de

serviços ofertou apenas um lance, evidenciando de maneira concreta que o pleito

solicitado de 54% de reajuste não apresentava nenhum lastro. O valor ofertado por

ele geraria impacto de 8% em média frente aos valores da operação atual, o que

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poderia ser facilmente justificado pela inflação, considerando-se qualquer índice

econômico, e pelo dissídio da categoria.

A proposta comercial mais competitiva apresentava redução de 8,15%

proposta frente ao número de base apresentado e 6,69% dentro desta etapa. Todos

o material foi compilado e encaminhado para validação da área cliente, contendo a

sugestão de Suprimentos.

4.6 Divulgação do resultado

Após envio de todos os documentos que compunham o processo até o

momento, o agendamento de uma reunião com a área cliente faz-se necessária.

Para ter agilidade, uma conferência via telefone foi realizada.

Dentre os pontos analisados, a área cliente sugeriu que o futuro fornecedor

homologado fosse o segundo colocado. Haviam diversos motivos embasando a

escolha do time de engenharia responsável pelas operações da unidade fabril por

mais de trinta anos. O primeiro deles é de que este fornecedor já atendia a empresa

contratante na categoria de serviços elétricos e mantinha alto desempenho,

mensurada por ferramentas de gestão interna com indicadores superiores a 98%

de satisfação e entrega, conhecedor de normas de segurança, maior facilidade de

mobilização e adequação estrutural frente a outros participantes que possuíam

instalações em diversas regiões do país, fácil acesso para comunicação. Além

disso, a sua proposta comercial apresentava-se com diferença de apenas 1% em

relação ao primeiro colocado, o que pode ser considerado como empate técnico,

visto que o contrato a ser confeccionado é de valor estimado.

Após todo este alinhamento, houve a validação do resultado pela área cliente

e todos os participantes foram notificados.

4.7 Confecção do contrato

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Trâmites legais são tão importantes quanto o resultado obtido no processo.

Trata-se do registro legal de que todas as condições comerciais serão estritamente

respeitadas. A empresa contratante apresenta um robusto departamento jurídico

que disponibiliza um enorme portfólio de minutas contratuais pré-confeccionadas.

Para este processo em questão, uma clausula merece destaque: a de

rescisão imotivada. Esta clausula garante a qualquer uma das partes (contratante

ou contratada) o direito de resilir o contrato antes do término de sua vigência sem

qualquer prejuízo, desde que respeitado um prazo previamente acordado.

Negociou-se o período de noventa dias, compreendendo como o tempo necessário

para a desmobilização da operação caso a demanda não seja interessante do

ponto de vista econômico e financeiro para o prestador de serviços e o tempo hábil

para a área cliente juntamente com suprimentos homologar novo parceiro

comercial.

O período de vigência estabelecido para o contrato foi de vinte e quatro

meses. Todo documento, seja contrato, aditivo ou termo de quitação deve

essencialmente passar por um robusto fluxo de aprovação. Dentre as etapas, estão

contempladas o Departamento Jurídico, duas aprovações do Departamento de

Suprimentos, Gestor do Contrato, Diretor Financeiro e Diretor Industrial. Após todas

as validações, os documentos são assinados pelas partes e o contrato passa a ter

pleno vigor. Cabe a Suprimentos acompanhar todos os níveis de aprovação e

garantir o máximo de engajamento em todos os níveis.

4.8 Implementação

O processo de implementação inicia-se anteriormente ao momento em que

o contrato apresenta seu primeiro dia de vigência. A mobilização necessária por

parte do novo prestador de serviços refere-se a contratação de recursos humanos,

aquisição de maquinários e equipamentos, alocação física, regularização jurídica

entre outros.

O negociador deve ter a sensibilidade de que este processo não ocorre em

poucos dias, portanto, a comunicação deve acontecer sequencialmente a definição

de quem será o novo fornecedor homologado. Qualquer atraso neste período de

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transição pode gerar enormes impactos à área cliente por desabastecimento na

operação.

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5 CONCLUSÃO

Na apresentação do estudo de caso, nota-se a extensa interdisciplinaridade

requerida para a condução do processo de homologação de um novo fornecedor.

Conceitos sobre direito, economia, tributos e a capacidade de extração de

informações além de simples números são substancialmente importantes. Além

disso, as identificações de cenários oportunos com grandes potenciais de ganho

são fundamentais para o sucesso não somente neste contexto, mas em qualquer

área de atuação.

Um engenheiro atuando em Procurement possui capacidade de lidar com

aspectos tecnológicos e maior facilidade na compreensão de detalhes de produção

e processo. Em uma visita à fábrica de um fornecedor, por exemplo, é capaz de

entender com perspicacia detalhes produtivos, podendo conduzir inclusive projetos

de redução de custos juntamente com o seu fornecedor.

Sua bagagem técnica, adquirida na graduação, possibilita a expansão de

análise a outros caminhos que não sejam somente custo.

O engenheiro por ser naturalmente orientado a análise de dados

quantitativos é capaz de estar presente em um cenário de alta complexidade, com

inúmeras variáveis envolvidas, entender o escopo trabalhado e propor soluções, ou

num primeiro momento, traçar estratégias e ações a serem tomadas. O tempo de

análise também é importante pois em sua formação, o engenheiro deve ser

detalhista e com certeza, cursou diversas disciplinas que o fez ter esta

característica. O reconhecimento do projeto, entendimento, análise e proposta de

soluções em um tempo menor pode ser fator competitivo no mercado e até mesmo

decisivo em algumas situações.

A capacidade de trabalhar com diversos temas tem origem em sua

graduação, visto que as disciplinas cursadas são de diferentes áreas. Este aspecto

também é primordial para a atuação de um engenheiro em Procurement; a agenda

carregada de diversos assuntos não é novidade.

A adaptabilidade e resiliência também são fundamentais, uma vez que com

o atual cenário econômico, há altas variações do câmbio de moeda estrangeira e

com índices econômicos nada regulares, a mudança de função com certeza não

será um problema a ser enfrentado

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Por isso, cada vez mais as companhias buscam no mercado engenheiros,

de diferentes formações, para assumir cargos de diferentes áreas, seja compras,

finanças, marketing e até mesmo recursos humanos.

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