A Química dos chás

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  A Química dos Chás 168 Vol. 36, N° 3, p. 168-175, AGOSTO 2014 Quím. nov a esc. – Sã o Paulo-SP , BR. QUÍMICA E SOCIEDADE A seção “Química e sociedade” apresenta artigos que focalizam inter-relações entre Ciência e sociedade, analisando o potencial e as limitações da Ciência na tentativa de compreender e solucionar problemas sociais. Recebido em 24/04/2013, aceito em 02/01/2014 Mara Elisa Fortes Braibante, Denise da Silva, Hugo T. Schmitz Braibante e Maurícius Selvero Pazinato O hábito de beber chá está presente na sociedade há milhares de anos. A química envolvida nesse processo é importante de ser utilizada como estratégia didática para promover uma aprendizagem contextualizada da química orgânica. Neste trabalho, apresentamos a história, a origem, a química envolvida e a interface dos chás com a sociedade. Ainda propomos diferentes possibilid ades de aplicação dessa temática no ensino médio.  chás, química orgânica, ensino de química A Química dos Chás  A tualmente o chá é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Características como agradável aroma e sabor contribuíram para a popularização dessa bebida, mas é devido às suas propriedades medicinais que esta se es- palhou pelas diversas culturas. Essas propriedades devem-se à presença, em sua composição química, de compostos bio- logicamente ativos como: avonoides, catequinas, polifenóis, alcaloides, vitaminas e sais minerais (Schmitz et al., 2005). Os chás são preparados por infusões de plantas, que pro- duzem em seu metabolismo substâncias com propriedades especícas, chamadas de princípios ativos. Neste trabalho, apresentamos um breve histórico e a origem dos chás, bem como alguns princípios ativos de plantas popularmente utiliza- das na forma de infusão, abordando suas estruturas quí micas e descrevendo suas propriedades medicinais, além de possi- bilidades para a abordagem desse tema no ensino de química. Breve histórico dos chás Há inúmeras citações e lendas a respeito da história dos chás, todas impregnadas de mistérios e fábulas. Apesar de não sabermos ao certo se são verídicas, elas apresentam da- dos com respaldos históricos que nos permitem compreender a importância dessa bebida desde a antiguidade. Uma das lendas mais conhecidas data de 2737 a.C. e relata que um imperador chinês teria sido o primeiro a saborear o chá. Segundo essa lenda, o imperador Shen Nung, que só bebia água fervida por medidas de higiene, em um de seus passeios, parou para descansar à sombra de uma árvore, quando algu- mas folhas caíram no recipiente em que ele havia colocado água para ferver. Ele não as retirou, observou- as e notou que a água cou colorida. Impressionado, decidiu provar e achou a bebida saborosa e revitalizante. Não existem registros históricos que comprovem essa história, mas sabemos que os chineses produzem e utilizam o chá desde a antiguidade (Tre visanato; Kim, 2000; Senna, 2013). Uma das primeiras referências escritas sobre o chá foi no ano de 200 a.C., em que um livro chinês sobre plantas medicinais menciona os efeitos desintoxicantes das folhas do chá. Esse registro indica que nessa época já se explorava algumas propriedades medicinais dessa bebida (Valenzuela, 2004). Já na era cristã, nos séculos IV e V, os chás e suas propriedades se tornaram mais conhecidos. Nesse período, existiam inúmeras plantações no vale do Rio Yangtze tam- bém chamado de Rio Amarelo, localizado na China, o que proporcionou o cultivo de uma grande variedade de chás, que iam desde os renados, oferecidos aos imperadores, até os populares, consumidos por todos (Pettigrew , 1999). Junto com a popularização de suas propriedades be- cas, o chá foi se espalhando pelo mundo de diferentes http://dx.doi.org/10.5935/0104-8899.20140019

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Artigo muito bom que fala da química dos chás.

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    Vol. 36, N 3, p. 168-175, AGOSTO 2014Qum. nova esc. So Paulo-SP, BR.

    Qumica e Sociedade

    A seo Qumica e sociedade apresenta artigos que focalizam inter-relaes entre Cincia e sociedade, analisando o potencial e as limitaes da Cincia na tentativa de compreender e solucionar problemas sociais.

    Recebido em 24/04/2013, aceito em 02/01/2014

    Mara Elisa Fortes Braibante, Denise da Silva, Hugo T. Schmitz Braibante e Maurcius Selvero Pazinato

    O hbito de beber ch est presente na sociedade h milhares de anos. A qumica envolvida nesse processo importante de ser utilizada como estratgia didtica para promover uma aprendizagem contextualizada da qumica orgnica. Neste trabalho, apresentamos a histria, a origem, a qumica envolvida e a interface dos chs com a sociedade. Ainda propomos diferentes possibilidades de aplicao dessa temtica no ensino mdio.

    chs, qumica orgnica, ensino de qumica

    A Qumica dos Chs

    Atualmente o ch uma das bebidas mais consumidas do mundo. Caractersticas como agradvel aroma e sabor contriburam para a popularizao dessa bebida, mas devido s suas propriedades medicinais que esta se es-palhou pelas diversas culturas. Essas propriedades devem-se presena, em sua composio qumica, de compostos bio-logicamente ativos como: flavonoides, catequinas, polifenis, alcaloides, vitaminas e sais minerais (Schmitz et al., 2005).

    Os chs so preparados por infuses de plantas, que pro-duzem em seu metabolismo substncias com propriedades especficas, chamadas de princpios ativos. Neste trabalho, apresentamos um breve histrico e a origem dos chs, bem como alguns princpios ativos de plantas popularmente utiliza-das na forma de infuso, abordando suas estruturas qumicas e descrevendo suas propriedades medicinais, alm de possi-bilidades para a abordagem desse tema no ensino de qumica.

    Breve histrico dos chs

    H inmeras citaes e lendas a respeito da histria dos chs, todas impregnadas de mistrios e fbulas. Apesar de no sabermos ao certo se so verdicas, elas apresentam da-dos com respaldos histricos que nos permitem compreender

    a importncia dessa bebida desde a antiguidade. Uma das lendas mais conhecidas data de 2737 a.C. e relata que um imperador chins teria sido o primeiro a saborear o ch. Segundo essa lenda, o imperador Shen Nung, que s bebia gua fervida por medidas de higiene, em um de seus passeios, parou para descansar sombra de uma rvore, quando algu-mas folhas caram no recipiente em que ele havia colocado gua para ferver. Ele no as retirou, observou-as e notou que a gua ficou colorida. Impressionado, decidiu provar e achou a bebida saborosa e revitalizante. No existem registros histricos que comprovem essa histria, mas sabemos que os chineses produzem e utilizam o ch desde a antiguidade (Trevisanato; Kim, 2000; Senna, 2013).

    Uma das primeiras referncias escritas sobre o ch foi no ano de 200 a.C., em que um livro chins sobre plantas medicinais menciona os efeitos desintoxicantes das folhas do ch. Esse registro indica que nessa poca j se explorava algumas propriedades medicinais dessa bebida (Valenzuela, 2004). J na era crist, nos sculos IV e V, os chs e suas propriedades se tornaram mais conhecidos. Nesse perodo, existiam inmeras plantaes no vale do Rio Yangtze tam-bm chamado de Rio Amarelo, localizado na China, o que proporcionou o cultivo de uma grande variedade de chs, que iam desde os refinados, oferecidos aos imperadores, at os populares, consumidos por todos (Pettigrew, 1999).

    Junto com a popularizao de suas propriedades be-nficas, o ch foi se espalhando pelo mundo de diferentes

    http://dx.doi.org/10.5935/0104-8899.20140019

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    maneiras. Durante a Idade Mdia, a Europa ocidental rece-beu inmeros carregamentos de especiarias vindos da sia e, dentre eles, o ch. medida que foi se difundindo pelos diversos pases europeus, foi recebendo diferentes denomi-naes provenientes dos dialetos de cada regio, mantendo o sotaque de sua origem. Assim, o t da regio de Fujian virou o th francs, o te italiano, o tea ingls e o tee alemo. Os portugueses adquiriam o ch em Macau, colnia portuguesa na China, onde se falava o dialeto cantons, que se parece com o mandarim e, assim, o tch falado por eles chegou ao Brasil e ficou conhecido como ch (Rhomer, 2002).

    A tradio mundialmente conhecida como ch das cin-co foi introduzida na Inglaterra por Anna Russel, duquesa de Bedford, em meados de 1800. No entanto, o hbito de consumir o ch nesse pas se deve a Catarina de Bragana, portuguesa que se casou com Carlos II, rei da Inglaterra, Esccia e Irlanda, em 1662. Catarina era uma grande apreciadora dessa bebida em Portugal e fez com que esse costume ganhasse importncia e fosse considerado elegante pela nobreza (Costa; Silva, 2011).

    O consumo do ch foi se consolidando e hoje apresenta grande importncia socioeconmica, sendo que cerca de trs bilhes de toneladas so produzidas anualmente no mundo (Khan; Mukhtar, 2007). Entretanto, a produo mundial do ch tem aumentado mais do que o consumo, o que vem provo-cando reduo do seu preo. Em especfico no Brasil, o cultivo do ch se concentra no Vale do Ribeira, em So Paulo (SP), sendo que quase toda produo exportada (Lima et al., 2009).

    A origem do ch: Camellia sinensis

    Originalmente os chs so provenientes da Camellia si-nensis, um arbusto nativo da China que se reproduz em zonas de alta umidade e de temperaturas amenas, independente da altitude (Dufresne; Farnworth, 2000; Duarte; Menarim, 2006). Atualmente a Camellia sinensis cultivada em mais de 30 pases tropicais e subtropicais (Lima et al., 2009) e o signifi-cado do seu nome cientfico em latim camlia da China, j que possui flores parecidas com as das camlias (Figura 1).

    relevante ressaltar que um s tipo de planta, a Camellia sinensis, apresenta uma complexidade em sua composio

    qumica (polifenis, alcaloides, minerais etc.), o que con-fere uma variedade de sabores e aromas dependendo das condies de cultivo, coleta, preparo e acondicionamento das folhas (Reto et al., 2008). Uma caracterstica impor-tante dos chs provenientes da Camellia sinensis que todos apresentam cafena em sua composio qumica. A cafena, que pertence classe dos alcaloides, considerada um estimulante da atividade cardiovascular e da circulao sangunea, possui efeito sobre a funo mental e comporta-mental, produz excitao, euforia, reduo da sensao de fadiga, aumento da atividade motora, alm de poder afetar na qualidade do sono (Saigg; Silva, 2009). Na Figura 2, est representada a estrutura qumica da cafena, na qual podemos observar dois anis heterocclicos fundidos.

    A concentrao de cafena no ch inferior encontrada no caf. Em ambos os casos, essa concentrao depende de vrios fatores, incluindo a espcie da semente do caf ou folha de ch, local de cultivo, granulaes da amostra etc. No caso do ch, a localizao da folha na planta afeta a sua concentrao de cafena, sendo descrito na literatura ndices variveis (Brenelli, 2003). Em geral, uma xcara de caf contm aproximadamente 25% de cafena, enquanto que uma xcara de alguns tipos de ch pode conter at 6% (Valenzuela, 2004). Outro estudo que analisou a concentrao de cafena nessas bebidas o de Bortoline et al. (2010), cujos valores encontrados foram: 34,81% para o caf e 15% para o ch preto. A diferena encontrada nos ndices de cafena nessas pesquisas pode ser decorrente dos fatores supracitados, mas pertinente ressaltar que corroboram com a proposio de que uma xcara de ch contm menor quantidade de cafena.

    Na planta Camellia sinensis, esto presentes componentes qumicos que so considerados potentes oxidantes. A principal diferena entre os tipos de ch provenientes dessa planta est baseada nas reaes de oxidao-reduo que ocorrem em suas folhas. Essas reaes so catalisadas pelas enzimas polifenolo-xidases e peroxidases que so liberadas dos vacolos celulares quando as folhas so picadas ou trituradas e, posteriormente, para que a reao prossiga, so expostas ao oxignio do ar (Matsubara; Amaya-Rodriguez, 2006; Dartora, 2010).

    Aps o desenvolvimento de muitas pesquisas, os chs foram classificados em quatro principais tipos: branco, verde, oolong e preto. Dessa forma, pode-se afirmar que todos pos-suem a mesma origem, provenientes da Camellia sinensis, mas se diferem na modalidade de seu processamento. Sendo assim, o grau de oxidao o que determina o tipo de ch que ser obtido.

    Figura 2: Estrutura qumica da cafena.

    Figura 1: Foto da Camellia sinensis (Brissago, 2013).

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    O ch branco composto por folhas jovens da Camellia sinensis, cujos botes so protegidos e no sofrem oxida-o (Dartora, 2010). No ch verde, logo aps a colheita, o processo se inicia e as enzimas foliares so inativadas pela exposio ao calor, evitando a oxidao enzimtica. No ch oolong, as folhas so cortadas ou picadas e, por efeito das enzimas presentes nessas mesmas folhas, ocor-re uma oxidao parcial, mas essa reao mais branda que no ch preto, em que a oxidao ocorre durante um perodo prolongado (Valenzuela, 2004; Lima et al., 2009). Antigamente acreditava-se que o processo responsvel pela produo dos diferentes tipos de ch era a fermentao. Com o aprofundamento dos estudos nas tcnicas de obten-o dos chs, percebeu-se que o processo no poderia ser considerado fermentativo, pois no ocorre degradao por micro-organismos e no h formao de produtos tpicos da fermentao como, por exemplo, o etanol. Entretanto, ainda hoje encontramos muitos textos que relacionam a produo dos chs aos processos de fermentao.

    Apesar de os quatro distintos tipos de ch serem prove-nientes da Camellia sinensis, eles apresentam diferenas em sua composio qumica, que so responsveis pelos efeitos fisiolgicos atribudos a cada um deles. O ch branco o menos processado dos quatro tipos, consiste apenas na lava-gem e secagem das folhas e brotos selecionados da Camellia sinensis. Os principais compostos presentes nesse ch so os polifenis monomricos, caracterizados pelas epicatequinas e seus derivados, bem como vrios cidos como glico e cumrico, alm de alcaloides, representados principalmente pela cafena (Rusak et al., 2008).

    Conforme citado anteriormente, as folhas da Camellia sinensis so constitudas principalmente de polifenis da classe dos flavonoides, dentre os quais se destaca a presena das catequinas. Estas correspondem a cerca de 30% do peso seco das folhas da Camellia sinensis e so compostos incolores, solveis em gua, responsveis pelo amargor e pela adstringncia principalmente do ch verde (Matsubara; Rodriguez-Amaya, 2006; Camargo, 2011). Durante o processo de oxidao para a produo dos chs oolong e preto, as catequinas entram em contato com as enzimas polifenoloxidases e do origem s teaflavinas (es-truturas dmeras). Sendo assim, a composio qumica dos chs verde, oolong e preto constituda principalmente por esses compostos, mas as concentraes so bem diferentes. Dessa forma, no ch verde, encontramos uma alta concen-trao de catequinas e baixa de teaflavinas, o ch oolong contm quantidades intermedirias desses compostos, enquanto que o ch preto apresenta elevada concentrao de teaflavinas e baixa de catequinas (Valenzuela, 2004). Na Figura 3, esto representadas as estruturas qumicas das catequinas e teaflavinas.

    As diferentes concentraes das substncias da Figura 3 conferem aspectos sensoriais (cor, aroma e sabor) e benef-cios sade singulares para cada tipo de ch. O ch branco apresenta aspecto incolor, pois como no processado, as folhas da Camellia sinensis conservam seus pelos brancos

    (Godin et al., 2010). O sabor adstringente e amargo do ch verde devido principalmente alta concentrao de catequi-nas. O ch oolong, como produto de uma oxidao parcial, apresenta colorao avermelhada, o que consequncia da razovel quantidade de teaflavinas. Por fim, a colorao mais escura e o sabor adstringente do ch preto devem-se grande quantidade de teaflavinas (Matsubara; Rodriguez-Amaya, 2006; Lima et al., 2009).

    O hbito de bilhes de pessoas beberem ch pelo menos uma vez ao dia no se deve apenas ao seu aroma e sabor. O motivo de essa bebida ser a segunda mais consumida do mundo, perdendo apenas para a gua (Valenzuela, 2004; Schwarcz, 2009), devido s suas propriedades medicinais.

    Figura 3: Estruturas qumicas das catequinas e teaflavinas.

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    Muitos trabalhos mostram a relao inversa existente entre o consumo de ch e a incidncia de doenas degenerativas como cncer e doenas do corao. Apesar de essas pes-quisas estarem em andamento, sem resultados conclusivos, vrias evidncias tm levado os pesquisadores a atriburem ao ch esses efeitos benficos sade bem como a muitos outros. Com base nessas pesquisas, no Quadro 1, elenca-mos alguns dos benefcios sade relacionados com cada tipo de ch.

    Outras plantas que possuem sabor e propriedades dis-tintas da Camellia sinensis podem produzir infuses. Como o processo de obteno dessas bebidas o mesmo, ferver as plantas em gua, as infuses de outras plantas tambm passaram a ser popularmente conhecidas como ch, apesar de no apresentarem semelhana com a erva originria da China. Devido grande popularidade dessas infuses, a se-guir, apresentaremos algumas plantas, seus princpios ativos e as principais finalidades para o seu uso.

    Infuses produzidas a partir de outras plantas

    A utilizao de plantas para tratamento, cura e preven-o de doenas uma das mais antigas formas de prtica medicinal da humanidade. Exemplos dessa prtica milenar so o emprego de plantas alucingenas nos rituais pagos pelos amerndios e a utilizao de vegetais com propriedades afrodisacas no preparo de poes desde os primrdios das civilizaes (Barreiro; Fraga, 2001).

    Com esse mesmo propsito, muitas plantas passaram

    a ser utilizadas na forma de infuso e diversos benefcios sade foram sendo observados. Desde ento, cada vez maior a diversidade de plantas utilizadas na forma de infu-so para esse fim. Nesse sentido, pode ser considerada uma planta medicinal o vegetal que produz em seu metabolismo natural substncias em quantidade e qualidade necessrias e suficientes para provocarem modificaes das funes biolgicas, os chamados princpios ativos, sendo portanto usada para fins teraputicos (Silva et al., 2000, p. 20). No Quadro 2, apresentamos algumas plantas popularmente uti-lizadas no Brasil na forma de infuso, seus princpios ativos e usos medicinais.

    Os chs na sociedade

    A atividade de beber ch nas diferentes partes do mundo (ou mesmo infuses de plantas diferentes da Camellia si-nensis) envolve muito mais que ingerir uma bebida, uma questo cultural. Na Inglaterra, pas referncia quando se trata do consumo de ch, o tea break, que significa pausa para o ch, um costume muito antigo e diariamente faz parte dos hbitos da populao desse pas. J nos Estados Unidos da Amrica, os colonizadores britnicos trouxeram o hbito de beber ch para suas colnias, o que fez com que essa bebida estivesse presente em um dos momentos mais importantes da histria desse pas. Em 1773, a Festa do Ch de Boston foi um protesto executado pelos colonos ingleses na Amrica contra os altos tributos de importao cobrados pela metrpole, em que toneladas de ch provenientes dos navios da Companhia foram lanadas ao mar pelos colo-nos. Esse fato foi um dos desencadeadores da Revoluo Americana, que culminou na Independncia dos Estados Unidos (Freitas Neto; Tasinafo, 2006).

    No Brasil, alm do uso na medicina popular, os chs pos-suem importante papel social. Com expressiva popularidade em todas as regies do pas, essa bebida um pretexto para reunir pessoas como, por exemplo, nos chamados ch de panela e ch de fraldas que tem o costume de ocorrer antes do casamento e da maternidade, respectivamente. Alm disso, muitas vezes, os chs so utilizados com o intuito de adquirir fundos para instituies de caridades que, nesse caso, so conhecidos como ch beneficente. Outro hbito relacionado s infuses, muito popular na regio sul, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC), o chimarro. Essa bebida tem origem indgena das naes Guarani e Quchua, que tinham o hbito de ingerir infuses das folhas de erva-mate (Ilex paraguariensis), rvore ori-ginria da regio subtropical da Amrica do Sul (Castro; Chemale, 1995; Dartora, 2010). Atualmente, o chimarro considerado o ch oficial do RS e um dos smbolos que representa a tradio desse estado.

    Todas essas questes culturais e a presena diria dos chs no cotidiano das pessoas justificam a abordagem dessa temtica no ensino mdio. A seguir, apresentaremos algumas possibilidades para o desenvolvimento dos contedos de qumica associados aos chs.

    Quadro 1: Os tipos de ch e seus possveis benefcios a sade.

    Tipo de ch Benefcios sade

    Ch branco - antioxidante; - reduz a incidncia de doenas crnicas como disfunes cardiovasculares e cncer; - antiobesidade.

    Ch verde - reduz a incidncia de doenas crnicas como disfunes cardiovasculares e cncer; - antioxidante; - antialrgico; - antibacteriana.

    Ch oolong - antioxidante; - antimutagnico; - antibacteriana.

    Ch preto - anticarcinognico; - antimutagnico; - reduz a incidncia de doenas crnicas como disfunes cardiovasculares e cncer; - antioxidante; - melhoria da funo vasomotora; - reduo de peso e circunferncia da cintura; - diminuio no colesterol total e lipoprote-nas de baixa densidade.

    Fonte: Morais, 2009; Saigg; Silva, 2009; Camargo, 2011.

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    Os chs e o ensino de qumica

    A insero de temticas no ensino vem sendo recomen-dada pelos documentos oficiais (Brasil, 2006) e por diversos autores da rea de ensino de Cincias (Marcondes, 2008; Delizoicov et al., 2009; Braibante; Zappe, 2012; Pazinato et al., 2012). Por meio de temticas como os chs, pretende-se promover o estudo de fatos, fenmenos e objetos presentes no cotidiano dos estudantes, contribuindo, dessa forma, para que estes possam interpretar as situaes do seu dia a dia por meio dos contedos cientficos envolvidos.

    Considerando esses pressupostos, por intermdio dos

    chs, possvel abordar vrios tpicos de qumica orgnica. A anlise das estruturas qumicas dos componentes dos chs e dos princpios ativos das infuses possibilita a abordagem de contedos como cadeias carbnicas, nomenclatura, gru-pos funcionais, isomeria, reaes qumicas e indicadores de pH.

    Alm disso, atividades diferenciadas podem ser desen-volvidas a partir dessa temtica. Algumas propostas so: pes-quisa sobre a composio qumica dos chs mais populares de uma determinada cidade ou regio, aula de degustao de chs e atividade experimental com os chs. Em relao atividade experimental, os princpios ativos das infuses

    Quadro 2: Plantas popularmente utilizadas na forma de infuso, seus princpios ativos e usos medicinais.

    Denominao Princpio ativo Usos medicinais

    Hortel (Mentha arvensis L.)

    Mentol 2-isopropil-5-metilciclohexanol

    Combate contrao muscular brusca (esposmoltica) e s afeces estoma-

    cais e intestinais.

    Erva doce (Pimpinelle anisium L. Apiaceae)

    Anetol 1-metoxi-4-(1-propenil)benzeno

    Estimulante das funes digestivas e carminativo.

    Capim-cidr (Cymbopogon citratus (DC) Stapf)

    Citral 3,7dimetil-2,6-octadienal

    Calmante, sedativo, problemas gastroin-testinais, repelente de insetos, tratamento

    de diabetes e lcera.

    Camomila (Matricaria recutita L.)

    Camazuleno 7-etil-1,4-dimetilazuleno

    Ao interna: antiespasmdica, calman-te, carminativa.

    Fonte: Morais, 2009; Franco; Fontana, 2007 (imagens).

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    podem ser extrados e as funes orgnicas presentes em suas estruturas qumicas podem ser identificadas por meio de reaes clssicas. Para a realizao desse experimento, devem-se utilizar amostras reais de chs que contenham em seus princpios ativos duplas ligaes e os grupos funcionais lcool, aldedo e fenol como, por exemplo, as infuses de hortel, capim-cidr, camomila e ch branco ou verde. Para a identificao qualitativa da funo lcool, utiliza-se uma soluo de Jones 2% (anidrido crmico em meio cido); para aldedos e cetonas, a soluo de 2,4-dinitrofenil-hidrazina; para compostos que contm insaturao, uma soluo de permanganato de potssio 1 M; e para compostos fenlicos,

    emprega-se a soluo de cloreto frrico aquoso 3%.Na estrutura do mentol (1a), princpio ativo da hortel,

    est presente a funo orgnica lcool, que oxidada pelo xido crmico em meio cido (1b) e ocorre a formao da mentona (1c) e de um precipitado verde de sulfato crmico (1d). Princpio ativo do capim-cidr, o citral (2a) reage com a 2,4-dinitrofenil-hidrazina (2b) em meio cido e obtm-se 2,4-dinitrofenil-hidrazona (2c), precipitado de cor amarelo--avermelhada. No camazuleno (3a), princpio ativo da ca-momila, que um composto aromtico, ocorre a chamada reao de oxidao da cadeia lateral, que caracterstica de sistemas aromticos ligados a grupos alquilas, desde que o

    Figura 4: Reaes de identificao dos grupos funcionais.

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    carbono benzlico no seja tercirio (Solomons, 1996). Como no camazuleno os substituintes alquilas esto nas posies 1, 4 e 7 e nenhum tercirio, ocorre a reao de oxidao com o permanganato de potssio e forma o tricido carboxlico correspondente (3b) e dixido de mangans (3c) de colorao castanha. As catequinas (4a), presentes principalmente nos chs branco e verde, reagem com o cloreto frrico 3% e um dos possveis produtos um complexo de cor rosada (4b). Essa reao caracteriza a presena da funo orgnica fenol.

    Por intermdio da visualizao das diferentes coloraes resultantes dos testes de identificao, os estudantes podem perceber a presena das funes orgnicas nos princpios ativos estudados. Uma alternativa para o desenvolvimento dessa atividade experimental de forma demonstrativa a utilizao do retroprojetor como bancada de laboratrio de qumica. Por meio dessa estratgia, as coloraes dos testes so observadas na projeo resultante, o que possi-bilita a realizao dessa atividade para um maior nmero de alunos, utilizando microescala consequentemente pequenos volumes de reagente e, dessa forma, reduzindo a quantidade de resduos gerados (Braibante et al., 2010). Ainda se recomenda, nessa atividade, a realizao de teste padro utilizando compostos de fcil aquisio como: etanol, acetona, cicloexano e fenol.

    Outra possibilidade da abordagem temtica dos conte-dos de qumica a relao com as outras reas do conheci-mento. Considerando que as prticas interdisciplinares ainda no so uma realidade na maioria das escolas de educao bsica, torna-se cada vez mais necessrio propostas de te-mas que necessitem de um estudo paralelo entre diferentes disciplinas para o seu entendimento (Braibante et al., 2013). A temtica chs proporciona a abordagem de tpicos de qumica relacionados com estudos paralelos com a histria, geografia e biologia, entre outras.

    O nosso grupo de pesquisa Laboratrio de Ensino de Qumica/UFSM (LAEQUI) http://w3.ufsm.br/laequi/ de-senvolveu um trabalho utilizando a temtica chs. Nessa ocasio, foi realizado um estudo a respeito da construo do conhecimento de qumica orgnica por estudantes da 3 etapa da educao de jovens e adultos (EJA) de uma escola pblica de cidade de Santa Maria (RS). A temtica foi desenvolvida associada metodologia de ensino unidade de aprendizagem, que compreende atividades diferenciadas que possuem como base estrutural o conhecimento prvio e o cotidiano dos estu-dantes. Os resultados foram satisfatrios e pde-se perceber a evoluo dos conhecimentos dos alunos com relao qumica orgnica e principalmente a relao desses conceitos com o cotidiano, sendo que boa parte da turma era constituda por pessoas que tinham o hbito de ingerir ch (Silva, 2011).

    As sugestes propostas nesse trabalho foram feitas com o objetivo de auxiliar os professores do ensino mdio na ela-borao de suas aulas, contribuindo com ideias que possam viabilizar o entendimento dos conceitos qumicos a partir do dia a dia dos estudantes. Entretanto, o professor tem uma gama de possibilidades metodolgicas para a abordagem da temtica chs, ficando a seu critrio a escolha da proposio metodolgica mais adequada para a realidade de sua escola e classe.

    Consideraes finais

    Desde a poca do imperador Shen Nung at os dias atuais, a popularidade dos chs vem crescendo. A disseminao dessa bebida pelas diversas culturas do mundo e sua utili-zao para inmeros fins devido aos compostos que fazem parte da sua composio qumica. Considerando que bilhes de pessoas possuem o hbito de beber ch regularmente (Schwarcz, 2009), o estudo desse tema nas aulas de qumi-ca proporciona aos estudantes o entendimento de aspectos do seu cotidiano, utilizando a cincia como um importante instrumento para a interpretao de sua realidade.

    Entretanto, deve ficar claro que a abordagem de qualquer tema em sala de aula no uma tarefa trivial, pois exige do professor um planejamento e domnio sobre o assunto. Durante a abordagem da temtica chs, vrios conceitos e informaes de outras disciplinas devem ser desenvolvidos juntamente com os contedos de qumica. Essa relao com as demais disciplinas essencial em um trabalho com temas, pois proporciona a compreenso do assunto de forma mais integrada, alm de dar significado aos conceitos.

    Sendo assim, a abordagem dessa temtica contribui para a formao humana, pois parte dos conhecimentos prvios dos estudantes e do seu cotidiano, amplia os horizontes culturais e a sua autonomia no exerccio da cidadania.

    Mara Elisa Fortes Braibante ([email protected]), licenciada em Qumica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutora em Cincias (Qumica Orgnica) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), professora associado IV do Departamento de Qumica da UFSM e coordenadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Docncia (PIBID) subprojeto Qumica UFSM. Santa Maria, RS BR. Denise da Silva ([email protected]), licenciada em Qumica pela UFSM, mestre em Educao em Cincias: Qumica da Vida e Sade pela UFSM, doutoranda do Programa de Ps Graduao em Educao em Cincias Qumica da Vida e Sade UFRGS, professora no Instituto Federal Farroupilha. Alegrete, RS - BR. Hugo T. Schmitz Braibante ([email protected]), graduado em Qumica Industrial pela UFSM, professor adjunto IV do Departamento de Qumica da UFSM, atua na rea de sntese orgnica. Santa Maria, RS BR. Maurcius Selvero Pazinato ([email protected]), licenciado em Qumica pela UFSM, mestre e doutorando do Programa de Ps-Graduao em Educao em Cincias: Qumica da Vida e Sade/UFSM. Santa Maria, RS BR.

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    Abstract: The Chemistry of teas. The habit of drinking tea has been present in our society for thousands of years. The Chemistry concerning this process is very interesting to be used as a didactic strategy in order to promote a contextualized apprenticeship of Organic Chemistry. In this paper we present the history, the origin, the Chemistry involved and the interface of teas with the society. Yet, we present different possibilities of application of this theme in high school.Keywords: teas, theme, Chemistry teaching.