A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

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BRUNO NAURE CLAUDIO LEAL PORTO FRANCINE MARCONDES PAMELA BELLIATO QUARESMA A REPRESENTATIVIDADE DA CULTURA POPULAR EM MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA NA REGIÃO DO ALTO TIETÊ: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O DIÁRIO DO ALTO TIETÊ E TV DIÁRIO.

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Trabalho de PPM

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BRUNO NAURE

CLAUDIO LEAL PORTO

FRANCINE MARCONDES

PAMELA BELLIATO QUARESMA

A REPRESENTATIVIDADE DA CULTURA POPULAR EM MEIOS DE

COMUNICAÇÃO DE MASSA NA REGIÃO DO ALTO TIETÊ: UM

ESTUDO DE CASO SOBRE O DIÁRIO DO ALTO TIETÊ E TV DIÁRIO.

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

2008

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BRUNO NAURE

CLAUDIO LEAL PORTO

FRANCINE MARCONDES

PAMELA BELLIATO QUARESMA

A REPRESENTATIVIDADE DA CULTURA POPULAR EM MEIOS DE

COMUNICAÇÃO DE MASSA NA REGIÃO DO ALTO TIETÊ: UM

ESTUDO DE CASO SOBRE O DIÁRIO DO ALTO TIETÊ E TV DIÁRIO.

Orientador: Profº Drº Sersi Bardari Profª Drª Luci Bonini

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

2008

Projeto Produtos e Processos Midiáticos apresentado ao curso Comunicação Social – Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes como parte dos requisitos para conclusão do semestre.

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“É o povo na arte

É a arte no povo

E não o povo na arte

De quem faz arte com o povo.”

(Chico Science & Lúcio Maia)

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SUMÁRIO

Índice de Tabelas....................................................................................... 5

Resumo...................................................................................................... 6

1.Introdução...............................................................................................

2. A cultura como identidade de um povo ..........................................

2.1 Folkcomunicação...................................................................

2.2 A formação cultural de uma região..............................................

2.3 O Histórico dos veículos de comunicação .........................................

2.4 O Jornalismo Cultural...................................................................

3. A mídia regional no Alto Tietê e seus produtos................................

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4. Considerações Finais.............................................................................. 29

5. Anexos.................................................................................................... 30

6. Referências Bibliográficas...................................................................... 38

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1...................................................................................................... 17

Tabela 2...................................................................................................... 18

Tabela 3...................................................................................................... 19

Tabela 4...................................................................................................... 20

Tabela 5...................................................................................................... 20

Tabela 6..................................................................................................... 21

Tabela 7.................................................................................................... 22

Tabela 8.................................................................................................... 24

Tabela 9.................................................................................................... 26

Tabela 10.................................................................................................. 27

Tabela 11.................................................................................................. 28

Resumo

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O objetivo desta pesquisa hipotética-dedutiva foi verificar a representatividade da cultura

popular na Região do Alto Tietê. Para tanto, empregaram-se os métodos exploratório, descritivo e

explicatório. Foi coletado material na programação da TV Diário e nas edições do Diário do Alto

Tietê durante três meses consecutivos (1º de maio a 31 de julho de 2008). Constatamos que o

jornalismo cultural praticado por ambos os veículos mostra-se sazonal, sujeitando-se às

efemérides.

1. Introdução

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Este trabalho tem como tema “A representatividade da cultura popular na mídia regional

Diário do Alto Tietê e TV Diário”. Debruçamo-nos sobre a representatividade da cultura popular

em meios de comunicação da região do Alto Tietê por entendermos que a relação folclore e a

mass media encontra-se no âmago de algumas questões fundamentais para a Comunicação Social

em sua contemporaneidade. Vivenciamos um momento onde a presentificação da notícia, ou seja,

o aqui e o agora encontra-se na ordem do dia dos programas jornalísticos, sendo estes balizados

pelos números da audiência que instantaneamente são atualizados em pleno estúdio e ao vivo.

Num outro extremo, temos agentes populares que cultivam manifestações que comunicam o seu

ethos social, através das artes populares e técnicas tradicionais que sintetizam o nosso folclore.

Esta análise quantitativa e classificatória propiciará também contato com o perfil ou perfis do

jornalismo praticado na região, qual o tipo de abordagem e o aprofundamento com que se trata

este assunto. Os objetos são uma TV afiliada de uma emissora com projeção nacional e um jornal

diário impresso de um grupo tradicional em comunicação nesta região.

Esta é pesquisa hipotética-indutiva, pois parte da análise quantitativa e classificatória dos

objetos.

Os métodos mais adequados para essa pesquisa são: o exploratório, por sua flexibilidade

em agrupar vários tipos de captação de informação; o descritivo, pois determina o papel de cada

elemento dentro da pesquisa, favorecendo a análise das variáveis e o explicativo, fornecendo

dados comprobatórios através da observação que explicará literalmente a ocorrência do

fenômeno.

Por termos como ponto central um estudo sobre a cultura regional, faz-se necessário o

estudo de caso para que por meio deste, obtenhamos um elevado grau de conhecimento que nos

sirva como fio condutor. Nossa pesquisa se valeu ainda da Internet, por sua indispensável no

tocante à agilidade no contato com as referências sobre o assunto; a TV por ser um dos objetos

estudados. Por fim, a pesquisa bibliográfica, que nos referenciará teoricamente. E tem como

objetivos compreender como a Cultura do Alto Tietê é retratada na mídia regional (TV Diário e

Diário do Alto Tietê), tendo como ponto de partida a observação desses meios de comunicação

durante um período específico de tempo, comparando seus conteúdos e entender qual é o

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processo de divulgação e seus critérios, saber se eles estão ligados à realidade cultural da região

ou vinculados a interesses econômicos e políticos.

2. A cultura como identidade de um povo

2.1 Folkcomunicação

Encontramos nas Palavras de Darcy Ribeiro (2006) uma tentativa de explicação da

formação do povo brasileiro, que não se fundamenta apenas em seu apurado saber antropológico,

mas, sobretudo na vivência de um cidadão cônscio e ativamente participante da vida intelectual e

política deste país. A sua participação nos projetos da nova capital que se construía em pleno

Planalto Central ou como alguns de seus contemporâneos queriam, entre eles Lúcio Costa e

Oscar Niemeyer: “no meio do nada”, teve certamente nuances epopéicas. Desde a transformação

do solo pelas máquinas que a desmatavam, passando pela promessa de um novo tempo nacional,

desenvolvimentista por excelência, até o transporte de um contingente formidável oriundo

predominantemente do norte e nordeste; causando não menos magnetismo nas demais regiões

brasileiras, eram homens e mais homens reunidos num duro quotidiano de trabalho não só para o

desafio da convivência, mas para a provação que por qual passa todo o individuo que deixa sua

naturalidade, sem, no entanto, culturalmente abandoná-la. Este momento sedimentou no

antropólogo, um sentimento que levaria a tentar codificar aquilo que para ele se dava de maneira

única na história das relações entre os povos: a miscigenação como principal característica de um

povo. Essa é a experiência brasileira.

Debruçando-se sobre três matrizes étnicas componentes ele nos conta que “[...] a

sociedade brasileira assumiu diversas formas, variantes no tempo e no espaço, como modos

sucessivos de ajustamento a distintos imperativos externos e a diferentes condições econômicas e

ecológicas regionais. No primeiro caso moeu e fundiu as matrizes originais indígena, negra e

européia em uma identidade étnica nova, pela via evolutiva da atualização e incorporação

histórica, que foi o caminho comum de formação dos povos novos das Américas” (Ribeiro 2006).

Fica claro, a partir desse processo de amálgama contínuo, fundamento da nossa sociedade,

que rege as nossas relações sócio-culturais e as transformam nesse painel onde prolifera toda

sorte de manifestações artísticas e populares. O autor nos provoca “A camada senhorial, integrada

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pelo patronato de empresários e pelo patriciado de clérigos e burocratas civis e militares todos

eles urbanos, integra a sociedade total como um de seus elementos constitutivos, mas opera como

uma parcela diferenciada no plano cultural, tanto na cultura vulgar da cidade como do campo.

Participando embora, de folguedos populares, por exemplo, o faziam antes como

patrocinadores do que como integrantes em comunhão funcional com as crenças populares. Na

verdade, essa camada senhorial constitui um círculo fechado de convívio eurocêntrico, que mais

cultua a moda que seus próprios valores hauridos no acesso metropolitano, onde bem ou mal se

faz herdeira da literatura, da música, das artes gráficas e plásticas, bem como outras formas

eruditas de expressão de uma cultura que, apesar de alheia passaria a ser a sua própria“. E ele

desfecha nos introduzindo ao cerne deste trabalho: “Todo esse processo se agrava, movido em

nossos dias pela prodigiosa da indústria cultural que, através do rádio, do cinema, da televisão e

de inúmeros outros meios de comunicação cultural, ameaça tornar ainda mais obsoleta a cultura

brasileira para nos impor a massa de bens culturais e respectivas condutas que dominam o mundo

inteiro. Nós que sempre fomos criativos nas artes populares e de tudo que estivesse ao alcance do

povo-massa, nos vemos hoje mais ameaçados do que nunca de perder essa criatividade em

beneficio de uma universalização de qualidade duvidosa” (Ribeiro 2006).

Despedimo-nos aqui de Darcy Ribeiro tendo ele nos suscitado a inquietantemente questão

da indústria cultural, não cita pelo menos nos trechos reproduzidos a ação direta da globalização

em auxiliá-la, mas a descreve nestes mesmos trechos impecavelmente nos induzindo a seguinte

reflexão:  Seria possível uma melhor relação entre a cultura popular  e os meios de comunicação

de massa difusores de bens simbólicos pífios, que representam nada mais que uma improdutiva

demanda mercadológica? Primeiramente nos diz a professora doutora Luci Bonini que a Indústria

Cultural descrita no ensaio crítico, Dialética do esclarecimento dos pesquisadores frankfurtianos

Adorno e Horkheimer herdeiros das teorias Marxistas, infunde o individualismo e promove uma

sociedade que prioriza o ter, apoiando-se num maniqueísmo intragável difundido em horário

nobre sob a forma de modismos verbais que fraudam a essência de questões como a secular

desigualdade social brasileira. “Favela do bem” foi o exemplo citado pela nossa preceptora,

porém o adornaríamos - sem nenhum trocadilho - com o trecho da seguinte canção “eu só quero é

ser feliz, andar tranquilamente na favela em que eu nasci e poder me orgulhar ter a consciência

que o pobre tem o seu lugar.” Comentar se faz necessário e Bonini ainda alude à inversão de

valores propiciada por essa mídia; ladrões virando heróis, celebridades instantâneas que nos

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fazem lembrar da seguinte frase: “só os medíocres se deixam festejar”,  e a nefasta

espetacularização de fatos criminosos, este horror hoje tão comum, talvez não consiga de fato ser

superado e se nos for permitido o depósito de alguma esperança, eis o nosso rogo, porém, esse

cenário é coroado pela vileza da imposição de padrões onde não há representação efetiva dos

opositores e nem mesmo espaço para os feios, deficientes, indesejados ou minorias. O que se

apresenta é uma pasteurização estética em função de uma mídia distorcida essencialmente

proselitista, Keates apontava “a beleza é a verdade a verdade é a beleza”. Desfechando a

professora comenta que atualmente só é visto como “cultura” aquilo que é propalado pela

Indústria Cultural, alertando que certamente saberemos a verdade, dificilmente trabalharemos

com ela.

Retomemos o questionamento sugerido por Ribeiro sobre a globalização e o seu auxílio à

Indústria Cultural onde o professor e historiador Mário Sérgio de Moraes nos explica que em seu

atual estágio nunca o capitalismo fora tão capitalismo tendo a sua representação mais vivaz na

maneira diferente de acumulo do capital, pois ele não vive mais do trabalho e sim de um mercado

financeiro especulativo, este se mostra fundamentalmente internacional e desconhece a

autonomia dos paises com as suas inexpugnáveis transnacionais. E são muitas as novidades

geradas por essa sociedade do computador dentre elas a priorização da informação em detrimento

ao conhecimento, Moraes ressalta ainda que temos uma cultura de legenda, apenas voltada para a

superfície dos fatos noticiados, ficando perigosamente expostos no campo da manipulação onde

as imagens que exercem importante influencia sobre a nossa realidade, só que a imagem não é a

realidade e sim apenas a representação desta.            

Quem ventila “uma outra globalização” é outro brasileiro cônscio de seu papel social, o geógrafo

Milton Santos, ele, valendo-se, de Ortega y Gasset em la rebelion de las masas de 1937, nos diz

que sendo a base da globalização perversa a unicidade técnica -esta servindo evidentemente a

classe dominante- ainda assim essa mesma unicidade técnica poderia servir a outros objetivos, se

posta a atender outros fundamentos sociais e políticos. Preconizando indicativos de uma nova

história, que se apresentou na reconfiguração geopolítica mundial no final do século XX, Santos

afirma algo que em primeiro contato parece-nos contraditório, a produção de uma população

diversificada, racial, cultural, filosoficamente, mesmo esta, aglomerada em áreas cada vez

menores em todos os continentes, permitiria um maior dinamismo em suas relações, graças aos

progressos da informação e a mistura de idéias; apresentar-se-ia nesse contexto a

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sociodiversidade muito mais importante no nosso processo histórico que a própria biodiversidade

e o mais contundente seria a emergência de uma cultura popular apoderando-se de meios técnicos

outrora exclusivos da cultura de massa. Santos fala aqui em revanche e até em vingança para

salientar a perspectiva de tamanho feito, dessas classes tidas como subalternas em relação aos

senhores dos meios de produção cultural.

Deparamo-nos iniciados, ou melhor, iniciandos, nos estudos dos processos comunicacionais com

o universo arrebatador de Luiz Beltrão denominado por ele folkcomunicação: que trata da

mediação entre o popular (folk) e o mercado onde os bens culturais são midiatizados pelo

massivo, este massivo midiático comunicacional; que segundo a Professora Doutora Cristina

Schmidt, está inserido no atual contexto da revolução digital, que sobrepuja em importância a

industrial, pois ela traz o conhecimento como a sua principal característica. Lidamos agora com

os desafios da “Sociedade do Conhecimento”, que promove em nível global uma conectividade

sem precedentes na história, nos é reclamado então, por sua  própria natureza  tecnológica, que

nos tornemos indivíduos capazes de reconhecer esses novos caminhos por onde transitam a

informação; esta que oportunamente se desprende em todo esse processo, das hegemônicas

versões verticais ideologizadas ou ideologizantes para se refugia num outro ambiente muito mais

amistoso, sobretudo no que tange a interatividade promovendo - em contraposição - a

horizontalização do processo informativo, este que se dá de forma mais solidária congregando as

diversidades e diversificando aquilo que é local. Neste contexto contribui não apenas a

informática o estudo da Folkcomunicação nos ensina, que são suportes para a divulgação das

idéias e das mensagens de determinadas comunidades, a sua própria manifestação em si: a dança

dos B. Boys, a poesia rimada de improviso dos Happers e mesmo o grafite, portam informações

detalhadas de posturas e filosofias que atraem simpatia ou se chocam com aqueles que tomam

contato. Isto é a Folkmídia que lega aos populares também a comunicação com arte, favorecendo

sobejamente a compreensão e identificação do que é cultura popular em seus diversos

desdobramentos. Seguimos com Beltrão para afirmar que ele é um verdadeiro instigador da

pesquisa dos processos comunicacionais em nosso país, modulando a sua distinta verve para nos

transmitir o quão relevante é cuidarmos do privilegio da dinâmica de tantas expressões culturais

presentes apenas em nosso quotidiano, torna-se dever enquanto comunicólogos conhecê-lo,

difundi-lo e discuti-lo.        

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2.2 A formação cultural de uma região

Defendido pelo notório historiador mogiano Isaac Grinberg (1979), como povoador

daquela que se chamou villa de Sant'anna e esta que teve a sua emancipação reconhecida no

despacho de Don Luis de Souza Governador Geral de São Paulo aos 17 de Agosto de 1611,

Gaspar Vaz que viria a ser o capitão da ditosa e - por ocasião da cerimônia de sua elevação á I de

Setembro daquele corrente ano - festiva, via junto ao pelourinho, indispensável para aquela

ocasião tanto quanto a cadeia e a capela, um importante e conseqüente passo que o auxiliaria na

consecução do mandato outorgado uma década antes por Don Francisco de Souza, pai do

despachante, que falecera pouco antes do desfecho destes relevantes acontecimentos. Por aquela

época sumira da documentação municipal paulistana uma destacada figura que chegara a

almocete e juiz, para desempenhar fundamental empreitada: abrir estrada entre São Paulo e o que

mais tarde seria Mogi das Cruzes; este intento nascido na convicção de Don Francisco das

riquezas minerais brasileiras refratava as bandeiras de André de Leão e de Nicolau Barreto

rechaçadas violentissimamente pelos Tamoios da Paraíba, que deparados com os invasores,

segundo Grinberg (1979), fustigaram até mesmo as muralhas que protegiam os paulistas. As

motivações para o feito de Vaz e os que o acompanhavam premia pela possibilidade de serem

proprietários das terras, a crença pungente que este novo núcleo localizava-se no ambicionada

“Caminho das Minas” e a estratégica proximidade com o litoral. No decorrer de sua história esta

região desbravada por Bandeirantes tornou-se cafeeira e escravocrata amalgamando fazendeiros

donos de muitas terras, o catolicismo emblemático do colonizador português ressalte-se aqui a

presença dos da Ordem Carmelita desde Mogi ainda Vila, Grimberg(1979), o elemento africano

desnaturalizado violentamente que resistia em suas Senzalas como afirma o Professor Josemir

Campos em interessante versão para A festa do Divino em suas manifestações tradicionais: “ Por

ocasião da Festa do Divino Espírito Santo existiam duas manifestações a Cavalhada que veio de

Portugal junto com a própria festa, que era tão somente a representação das batalhas entre

Mouros e Cristão da península Ibérica e sem dúvida pertenciam a elite aqui existente de senhores

de terras e escravos. A outra manifestação acontecia na Senzala onde os negros cultivavam as

suas danças e batuques oriundas de sua respectivas tribos em África e se encontramos figuras

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como reis e rainhas sendo coroados esta é a representação do que acontecia na região centro

africana do Congo”.

Professor Josemir Campos

A 6 de novembro do ano de 1875,  inaugura-se o tráfego da estrada de ferro entre São

Paulo e Mogi das Cruzes, fato que impulsionou sobremodo o desenvolvimento da região,

tornado-a destino de imigrantes vindos predominantemente da Europa, este contato direto com a 

cidade mais desenvolvida economicamente trouxe benefícios tecnológicos e contatos culturais

que foram determinantes para a sua formação sócio-cultural. Sobressai-se a participação

japonesa, que se deu no início do século XX e progressivamente firmou-se sobretudo em Mogi

como uma das maiores colônias incorporando seus costumes e festas atualmente gozam de muita

autotomia não apenas na agricultura (a sua função de origem quando da chegada), como nos

diversos segmentos da sociedade. A industrialização inevitável agregou ainda mais elementos

que buscavam oportunidades, estes trouxeram consigo a sua naturalidade compartilhando-a e

enriquecendo por este contato um quotidiano que se dinamizava. Grinberg (1961)

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O artista Nerival Rodrigues

Nerival Rodrigues, artista pernambucano radicado em Mogi que se autodenomina

primitivista, nos relata em entrevista um painel da cultural popular brasileira que vem segundo

ele, das tradições folclóricas presentes desde o interior ao litoral brasileiro, nascem muito mais

dos costumes, crenças, mitos e lendas. Elas nascem ingenuamente da lida de comunidades

simples, a agricultura é um bom exemplo, o contato das crianças com o barro das plantações,

certamente sugeriram brincadeiras e também a modelagem de animais e num outro estágio

figuras daquele quotidiano, assim como os movimentos ritmados no ato da colheita intuíram

cânticos, confirmando que a arte popular se insere no universo gestual e embrionário da formação

cultural de nosso povo.            

2.3 O Histórico dos veículos de comunicação

Este trabalho analisou dois veículos de comunicação da região o Diário do Alto Tietê

(DAT) e a TV Diário.

O Diário do Alto Tietê é um jornal do grupo Mogi News, que circula diariamente (exceto

às segundas-feiras) nas 10 cidades da região do Alto Tietê. Com 66 mil leitores diários e com

tiragem de 16 mil exemplares o DAT circulou pela primeira vez no dia 7 de Março de 2006 e

reúne em suas páginas um mix de informações sobre trabalho e emprego, cultura, comércio e

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indústria, segurança, transporte e habitação com o objetivo de mostrar de forma dinâmica todas

as versões que envolvem os acontecimentos mais importantes

A TV Diário do Grupo Diário de comunicação entrou no ar pela primeira vez dia 1º de

Maio de 1998, Afiliada da rede globo tem como dever mostrar os acontecimentos da região para

que se tenha uma afiliada em alguma região do estado esta tem que atender alguns requisitos:

“Tem que ser uma região quente de notícias e muito populosa para que desperte o interesse de se

manter uma equipe ali”, diz Valéria Siguinolfi Diretora de reportagem da TV Diário.

Valéria Siguinolfi

E a região do Alto Tietê tem todos esses requisitos principalmente na cultura nas

palavras de Valéria é possível medir a importância da cultura na consolidação da TV Diário:

“aqui na região a cultura popular é muito forte são cidades muito antigas que têm muitas coisas

tradicionais e também muitas misturas uma das maiores representações sem dúvida é a Festa do

Divino”.

2.4 O Jornalismo Cultural

O advento do jornalismo cultural, em 1711, por meio do lançamento da Revista

Spectator, idealizada pelos ingleses Richard Steele e Joseph Addilson, significou uma tentativa

de democratizar o acesso aos bens culturais, como um movimento contra a sua elitização, de

modo a incorporar a cultura ao cotidiano da sociedade e eximi-la da redoma de erudição. Para

Piza (2003, p.11), o intento subjacente à publicação da Spectator era: “[...] tirar a filosofia dos

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gabinetes, bibliotecas, escolas e faculdades e levá-la para clubes e assembléias, casas de chá e

café”.

Teoricamente, essa vertente do jornalismo propicia o criticismo e a conscientização acerca

da multiplicidade das manifestações artísticas, sejam elas seculares ou contemporâneas. Ademais,

esse gênero pode agregar aspectos históricos sobre determinado tema, contextualização, além de

permitir ao leitor conhecer determinado bem cultural e algumas de suas peculiaridades.

Todavia, a consolidação hegemônica da indústria cultural fez corroborar uma prática de

jornalismo cultural caracterizada pelo servilismo aos anseios mercadológicos. A imediaticidade

(delineada, mormente, pela cobertura em que o elemento basilar é a efeméride) oblitera a

diversidade intrínseca à cultura. No regime de comunicação midiática em vigor, prepondera a

homogeneização das manifestações de cultura, em detrimento da variedade.

Outro ponto relevante correlacionado a essa modalidade jornalística é a definição do que é

cultura e de que maneira o profissional abordará a questão: ele interpretará ou explicará a obra?

Caso a primeira opção seja a implementada, há o risco da deturpação do conteúdo, pois juízos de

valor poderão corromper o significado genuíno do bem cultural.

É patente a sucumbência das pautas ao fenômeno da “ibopização”, por conseguinte, é

comum jornalistas defrontarem-se com um antagonismo oriundo da mercantilização de cultura,

isto é, a cultura de massa: devem-se priorizar os valores culturais ou de mercado? Parece que o

jornalismo cultural está contaminado por uma visão reducionista e espúria, a qual não reputa a

identidade e a legitimidade de um bem cultural, simplificando-o a um mero produto comercial.

3 A mídia regional no Alto Tietê e seus produtos

Buscamos compreender o processo de abordagem da cultura popular na mídia regional

por meio da coleta de material jornalístico no período que abrange os dias 1º de maio de 2008 a

31 de julho do mesmo ano, de modo que foram selecionados os conteúdos de todo o jornal DAT,

enquanto que os dados escolhidos na programação da TV Diário foram apenas retirados das

produções regionais.

Para formação das tabelas, foi realizada a gravação e a decupagem das imagens da

emissora de televisão, para que posteriormente pudéssemos cronometrar cada matéria e assim

quantificar o espaço dado à cultura popular pela TV Diário. A coleta do conteúdo jornal se deu

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através da análise e seleção das edições diárias, de maneira que a representatividade cultural foi

mensurada em centímetros quadrados.

Nos veículos estudados, o conceito de efeméride ficou evidente principalmente no mês de

maio, no qual há a realização da Festa do Divino, uma das maiores e mais notórias festas da

região. Por conseguinte, a cobertura sobre cultura neste mês foi mais expressiva, ainda que com

poucas matérias sobre o evento no DAT, como se pode verificar nas tabelas a seguir.

Tabela 1- 1ª quinzena de maio- DAT

DATA MATÉRIA PÁGINA ESPAÇO (cm²)

01/05/2008 n/c n/c n/c02/05/2008 Abertura do Divino arrasta 1,5 mil ao centro 5 1590 cm²

Suzano tem festa de São José Operário 3 313,5 cm²03/05/2008 n/c n/c n/c

04/05/2008O relações públicas que fez as festas mais lembradas de Suzano

06/05/2008 36ª festa da uva de Ferraz vai começar amanhã 5 210,507/05/2008 Nikey News 1950cm²08/05/2008 n/c n/c n/c

09/05/2008Festa do Divino segue até domingo com programação variada 6 104cm²

10/05/2008 n/c n/c n/c

11/05/2008Entrada dos palmitos atrai público de aproximadamente 50 mil devotos 8 969cm²Os desafios de levar a cultura ao público da periferia 4 1950cm²

13/05/2008 n/c n/c n/c14/05/2008 n/c n/c n/c15/05/2008 n/c n/c n/c

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Por ser ano do centenário da imigração japonesa, nota-se na tabela a presença do Nikkey News

(um suplemento do jornal Diário do Alto Tietê sobre a cultura nipônica). Essa mais uma

evidência da presença do conceito efeméride e da superficialidade na abordagem do tema, em

decorrência do fenômeno da presentificação, o que, por sua vez, acarreta na formação de

telespectadores e leitores acríticos. “Se o Povo não tem formação cultural satisfatória, não terá

consciência crítica para combater e descartar o que lhe apresentam[....]” (Bonini 2008).

Na segunda quinzena do mês de maio, nota-se uma queda abrupta na quantidade de

matérias sobre cultura, com a presença de apenas uma reportagem com tais características, como

fica visível na tabela seguinte.

Tabela 2 - Segunda quinzena de Maio – DAT

DATA MATÉRIA PÁGINA ESPAÇO (cm²)

16/5/2008 n/c n/c n/c18/5/2008 n/c n/c n/c19/5/2008 n/c n/c n/c20/5/2008 n/c n/c n/c21/5/2008 n/c n/c n/c22/5/2008 n/c n/c n/c23/5/2008 Artista de Suzano trabalha para desmistificar profissão 6 1950 cm²25/5/2008 n/c n/c n/c26/5/2008 n/c n/c n/c27/5/2008 n/c n/c n/c28/5/2008 n/c n/c n/c29/5/2008 n/c n/c n/c30/5/2008 n/c n/c n/c

A matéria da segunda quinzena: Artista de “Suzano trabalha para desmistificar

profissão”, assim como a matéria do dia 11 de maio “Os desafios de levar a cultura para

periferia”, que teoricamente falariam de cultura, destacam-se pelo alto teor político, apenas

apropriando-se do tema de forma eleitoreira, elogiando os feitos de um dos candidatos ao cargo

de prefeito da cidade e criticando o candidato adversário.

Esta tendência de queda permanece nas duas próximas tabelas, com o jornal apenas

divulgando festas e shows e mais uma vez através do suplemento Nikkey News, divulgando a

cultura nipônica.

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O Jornal, porém, faz apenas a divulgação de eventos como a expo100 (em

comemoração ao centenário da imigração Japonesa no Brasil), sem pormenorizar os elementos

que constituem a cultura do Japão, privando seus leitores de um conhecimento mais aprofundado

sobre o tema.

Tabela 3- Primeira quinzena de Junho – DAT

DATA MATÉRIA PÁGINA ESPAÇO (cm²)

01/06/2008Banda Albbey Road apresenta sucessos dos Beatles em Mogi 5 83,5 cm²

03/06/2008 n/c n/c n/c04/06/2008 Nikkey News 6 1950 cm²05/06/2008 n/c n/c n/c06/06/2008 n/c n/c n/c07/06/2008 n/c n/c n/c08/06/2008 Expo100 vai reunir vários setores 3 202,5 cm²10/06/2008 n/c n/c n/c11/06/2008 Prefeitura espera até 30 mil pessoas por dia na expo100 4 171 cm²12/06/2008 n/c n/c n/c13/06/2008 n/c n/c n/c14/06/2008 n/c n/c n/c15/06/2008 n/c n/c n/c

Mais uma vez constata-se a tendência em presentificar o conteúdo, fato este

corroborado pelo espaço dado ao Nikkey News. Fica perceptível também a disposição de espaço

restrito aos acontecimentos que não possuem correlação ao centenário da imigração nipônica (a

efeméride em voga).

Tabela 4 - Segunda quinzena de Junho – DAT

DATA MATÉRIA PÁGINA ESPAÇO (cm²)

17/06/2008 n/c n/c n/c18/06/2008 n/c n/c n/c19/06/2008 n/c n/c n/c20/06/2008 Expo100 terá início hoje em Suzano 4 348 cm²

  Festival de cinema em agosto contará com atores 7 198cm²

Page 20: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

20

globais21/06/2008 n/c n/c n/c22/06/2008 n/c n/c n/c24/06/2008 n/c n/c n/c25/06/2008 n/c n/c n/c26/06/2008 n/c n/c n/c27/06/2008 n/c n/c n/c28/06/2008 n/c n/c n/c

Esta tabela mostra a patente diminuição das coberturas culturais conforme ocorre o

distanciamento das efemérides, o que corrobora a preponderância da mentalidade sazonal do

DAT.

Tabela 5- 1ª quinzena de julho-DAT

Data Matéria Página Espaço1/7/2008 n/c n/c n/c2/7/2008 n/c n/c n/c3/7/2008 n/c n/c n/c4/7/2008 Demonios da Garoa

inauguram centro cultural5 126 cm²

5/7/2008 n/c n/c n/c6/7/2008 n/c n/c n/c8/7/2008 n/c n/c n/c9/7/2008 Imigração Japonesa 4 1950 cm²10/7/2008 Dia da pizza 6 997,5cm²11/7/2008 n/c n/c n/c12/7/2008 Presidente do Bunkyo espera

25 mim pessoas na festa da cerejeira

7 885,5 cm²

13/7/2008 n/c n/c n/c15/7/2008 n/c n/c n/c

Esta tabela demonstra o mais uma vez o vonceito efemérides presente no jornal já que as

matérias são sempre em alusão a algum dia de comemoração ou então para divulgação de algum

evento sem se aprofundar na questão cultural

Na 2ª quinzena não houve acorrencia de matérias logo a respectiva tabela não se encontra

presente

Tabela 6 - Primeira quinzena de Maio – TV Diário

DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO

01/05/2008Casal de festeiros,   Fernando Nunes e Tânia Nunes em entrevista, os últimos preparativos M/T

09:00''

02/05/2008 Início da passeata das bandeiras, participação da folia M/T

Page 21: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

21

de Biritiba Ussú.*03/05/2008 Início da alvorada. M/T

04/05/2008Oratória do Divino Espírito Santo Igreja da Ordem Primeira do Carmo. M/T

05/05/2008Benção dos doentes, alvorada em frente a Santa Casa de Misericórdia.* M/T

06/05/2008Missa no cemitério em intenção dos ex-festeiros e ex-capitães de mastro e devotos falecidos. M/T

07/05/2008 Andamento da quermesse. M/T

08/05/2008Barraca de doces e salgados Sr. Milled em entrevista sobre a culinária . M/T

04:30''

09/05/2008Entradas dos palmitos, culinária, cavaleiros e congada, passeata das bandeiras com violeiros. M/T

17:00''

10/05/2008 Dia da entrada dos palmitos. M/T

11/05/2008Domingo de Pentecostes, alvorada passará em frente da primeira ordem do Carmo. M/T

12/5/2008Última alvorada, tradição folclórica, fechamento do império, balanço da festa do divino. M/T

08:45''

13/05/2008Marcha em Suzano abolição da escravatura,  dia dos museus mogianos. M

06:00''

14/05/2008Anúncio da festa do Divino em Sabaúna, distrito de Mogi das Cruzes; e festa de santo Ângelo. M

5:00´´

15/05/2008 n/c n/c n/c

Nesta primeira tabela da TV no mês de maio nota-se a grande presença da festa do divino

espírito santo uma festa muito tradicional na região porém as matérias não se aprofundam muito

no contexto cultural da festa.

Tabela 7 - Segunda quinzena de Maio – TV Diário

DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO16/5/2008 Culinária japonesa, sashimi, contexto centenário M 02:40''

Festa Sto. Ângelo, saída da bandeira, entrevista com Angêla Regueira integrante desta comunidade (organização), insertes da capela deste bairro e abordagem de sua importância enquanto patrimônio histórico M 02:15''Agenda cultural: Invade rua (dança de rua), exposição Isaac Greenberg, arte na praça com Vital de Souza MPB e composições próprias M 02:30''Entrevista no contexto da Virada Cultural com Adamilton  coord. de cultura citou, Mateus Sartóri, Chiquinho e Tereza de Suzano, destaque da matéria Mateus Sartóri sobre sua participação na programação da Virada M 08:40''Idem T 02:55''

17/5/2008 Programa Terra da Gente. M n/c

Page 22: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

22

matéria vinda de São Paulo sobre a imigração japonesa os artistas plásticos, Kaminagai, Mori e Fujita, visita de estudantes a exposição M 03:20''Virada cultural M 03:00''

18/5/2008

Programa Diário do Campo: Reportagem e entrevista com Sr. César orquidófilo, trouxe a informação de que numa das universidades de Mogi existe um laboratório direcionado para o desenvolvimento destas flores. M 04:00''Música sertaneja com Zé Divino e Edre Reis  M 03:00''

19/5/2008Luta anti-manicomial, atividades artísticas como parte do processo de reabilitação. MKarina Nakahara miss centenário M 02:00''Virada cultural paulista, cultura quilombola especificamente o jongo,   grupo de Guaratinguetá: populares de Mogi participando da dança  e dando depoimentos evidenciando a importância deste tipo de manifestação. M

03:30''

20/5/2008 n/c M/T n/c

21/5/2008Agenda cultural: cantora Cris Alphlalon e projeto trama cultural, dança, artesanato, teatro M 03:30''n/c T n/c

22/5/2008

Tapetes de Corpus Cristi feitos por comunidade  (Jardim Universo Mogi): seus membros descreveram a satisfação e importância desta atividade. M/T

06:00

Procissão, tapete e depoimentos dos participantes de Poá, Suzano, Mogi.  M/T

23/5/2008Prioridade de pauta: Parada Gay, matéria vinda de São Paulo MAgenda: Centenário da imigração exposição de pinturas sobre o tema, teatro em Suzano, música banda DK5 de Mogi das Cruzes (festival nacional em Mogi), exposição sobre cidade estadunidense em Suzano. MFesta do Divino em Biritiba Ussú, imagens de cobertura, devotos, procissões; folhagem dos palmitos“ ausência dos cavalos em seu lugar tratores simbolizam a gratidão e a benção as ferramentas TCorpus Cristi em Suzano e em Poá com   várias entrevistas de populares nas procissões. TContexto do centenário  delegação de Seki (Japão) cidade irmã de Mogi, seus costumes e as suas características econômicas    T

02:30

24/5/2008 Programa Diário Ecologia. M n/c

24/5/2008Devota de 96 anos, D. Maria do Espírito Santo de Biritiba Mirim e outros devotos em depoimentos. M 02:45''Distrito de César de Souza, Tino Teske diretor adaptação da peça A bela e a fera, grupo teatral ALA. M 2:40’’Karina Nakahara miss centenário. M 2:00"

25/8/2008Diário do Campo: Exposição de quadros de artista de origem oriental, Mogi. M

01:45''

Entrevista com o Sr. Joaquim, artesanato cestos de palha Biritiba Mirim. e D Esmeraldina agricultora criou prato regional lasanha de legumes música sertaneja com Donizete M 05:50''

26/5/2008 Okinori Nakatani ceramista (processo artesanal) M 06:00''

Page 23: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

23

Selene Miha Nakatani ceramista e pintura em cerâmica afirma busca uma mescla entre a cultura brasileira e japonesa ( Mogi).n/c T n/c

27/5/2008 n/c M/T n/c

28/5/2008

Exposição contexto centenário Nerival Rodrigues: ”contribuição da cultura rural com a cultura artística rural” bras. e Jap. Nyoko Fukogawa. M 3:00"n/c T n/c

29/5/2008 Marcelo Rubens Paiva em Suzano M 3:00"

30/5/2008

Agenda cultural: Primeiro festival de música do Alto Tietê com Xavier Filho (Mogi). Fernandes Júnior citou o hip-hop. M 9:30"

31/5/2008 Terra da gente M n/cDiário Ecologia M n/cI festival de música do Alto Tietê, Vital de Souza e Mariana Duque M 3:00"

A segunda quinzena do mês de Maio a virada cultural ganha destaque com participações de Mateus Sartori divulgando o evento

Tabela 8 - Primeira Quinzena de Junho – TV Diário

DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO

01/06/2008Programa Diário do Campo: Música sertaneja de raiz, com Marco e Andrade M

02:20''

02/06/2008 Passeio ciclístico Bunkyo centenário M 02:10''Primeiro festival de música do Alto Tietê M 03:50''n/c T n/c

03/06/2008 Projeto Guri, promover inclusão através da música. M 03:00''n/c M/T n/c

04/06/2008 n/c M/T n/c05/06/2008 n/c M/T n/c

06/06/2008Agenda: Stadion balé, dança contemporânea, Sinhá Zózima - teatro no ônibus, Mogi M

01:20''

Festival de inverno de orquídeas entrev. Eduardo Haga; Culinária japonesa M 6:00"

07/06/2008 n/c M/T n/c

08/06/2008

Programa Diário do Campo – Agenda: Processamento artesanal de olerçolas, Feira do Japão (Mogi), Festival de orquídeas M

00:30''

Colonização da cidade de Bastos entrev. Goro Abe.e João eJuanito Música sertaneja M 5:00"

09/06/2008 n/c M/T n/c

10/06/2008Ieda Shimabuko, banco de dados sobre a imigração japonesa, matéria SP*. M 05:00Artista plástica Aline Baliberdin, exposição: decomposição religiosa, Suzano. M 03:00''

11/06/2008 n/c M/T n/c

12/06/2008Controladoria geral da união averigua desvio de recursos, matéria SP. M 03:00''

Page 24: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

24

13/06/2008

Agenda: Anime Sam, pavio da cultura, museu do expedicionário , exposição pintura: decomposição religiosa , M 02:30''Reportagem sobre o HIP-HOP  que o define como movimento engajado em questões raciais e enumera os seus elementos M 02:10''Ikebana (centenário) em Mogi e matéria SP no bairro da Liberdade culinária japonesa. M

04:20''

n/c T n/c14/06/2008 Programa Diário Comunidade. M n/c

Programa Diário Ecologia: Documentário sobre hanseníase e recuperação do cine- teatro, dir. Andrea Pasquini M

11:30''

15/06/2008 n/c M/T n/c

A matéria sobre o hiip-hop do dia 13/6/2008 destaca-se por ser a única vez em que realmente

foram citados elementos verdadeiramente da cultura popular mesmo o foco da matéria tenha sido

outro

Page 25: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

25

Tabela 9 - Segunda quinzena de Junho – TV Diário

DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO16/06/2008 n/c M/T n/c17/06/2008 n/c M/T n/c18/06/2008 n/c M/T n/c19/06/2008 n/c M/T n/c20/06/2008 n/c M/T n/c21/06/2008 n/c M/T n/c22/06/2008 n/c M/T n/c

23/06/2008Quarto concurso literário (Suzano) conto e poesia.

M 2:30"Agenda do príncipe Naruhito *centenário M 03:30''Japoneses no sambódromo paulista, taikô, kendô, ginástica M

03:30''

n/c T n/c24/06/2008 n/c M/T n/c

25/06/2008Evaristo Costa  Jornal Hoje, anunciando festa de São João M 0:30"Amuletos da cultura japonesa, gatos da sorte junto com nossa senhora Aparecida e comerciantes mostrando o boneco Daruma, M 03:10''Lais Bodansky, projeto sala de cinema itinerante, Cine tela Brasil em Itaquaquecetuba M

03:00''

26/06/2008 n/c M/T n/c27/06/2008 n/c M/T n/c28/06/2008 n/c M/T n/c29/06/2008 n/c M/T n/c30/06/2008 n/c M/T n/c

A segunda quinzena de Junho é marcada ainda pelo contexto do centenário de imigração

japonesa

Na matéria do dia 25/6/2008 temos uma mostra de como acontece a miscigenação da cultura

brasileira que foi citada por Darcy Ribeiro quando é mostrada os gatos da sorte japoneses ícones

da cultura oriental junto com a padroeira do Brasil Nossa Senhora Aparecida típica da nossa

cultura popular e como a mídia se apropriou dessa miscigenação

Tabela 10- 1ª Quinzena de Julho - TV Diário

DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO01/07/2008 n/c M/T n/c02/07/2008 n/c M/T n/c

Page 26: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

26

03/07/2008

Festa do Divino em Brás Cubas, entrev. Francisco Molina, imagens de congada, violeiros e grupos folclóricos M 02:10''n/c T n/c

04/07/2008

Agenda: Banda Mal Contato (Mogi). Teatro “O pai da noiva” (Guararema). Banda Di Lucas, pop (Sabaúna). Cantora Henriete,  MPB (Mogi). M 01:00''Festa do Divino em Brás Cubas e Festa do Carmo, entrev. com frei Gabriel Haamberg: “programação folclórica e tradicional” M 2:00"

05/07/2008 n/c M/T n/c06/07/2008 n/c M/T n/c07/07/2008 n/c M/T n/c08/07/2008 n/c M/T n/c09/07/2008 n/c M/T n/c10/07/2008 n/c M/T n/c11/07/2008 n/c M/T n/c12/07/2008 n/c M/T n/c13/07/2008 n/c M/T n/c

14/07/2008

Primeira apresentação da orquestra sinfônica de Mogi na Festa do Divino em Brás Cubas, canção Bandeira do Divino. Anuncio Moraes Moreira. M/T 04:50"

15/07/2008 n/c M/T n/c

Na primeira quinzena nota-se uma queda brusca nas matérias sobre cultura que ficam restritas

apenas as agendas culturais de cada dia

Tabela 11- 2ª Quinzena de Julho

DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO16/07/2008 Colcha de retalhos, senhoras da terceira idade. M 04:00''

n/c T n/c17/07/2008 n/c M/T n/c

18/07/2008

Núcleo Augusto Cândido de teatro circuito cultura paulista (Suzano). Festa do Divino em Biritiba Mirim. Parambolandos teatro (Suzano). Cinema de graça em Quatinga (Mogi). Espetáculo em homenagem a Oswaldo  Montenegro com André Luis e Carlos Melo (Mogi). M 03:00"n/c T n/c

Page 27: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

27

19/07/2008 n/c M/T n/c

20/07/2008

 Programa Diário do Campo agenda: Término da Festa do Divino em Biritiba Mirim, novena, procissão e quermesse e encontros de violeiros. Curso de viveiristas produção de sementes (Suzano). M 1:00"Dupla sertaneja Jair Mineiro e Miranda M 3:30"

21/07/2008 n/c M/T n/c22/07/2008 n/c M/t n/c23/07/2008 n/c M/T n/c

24/07/2008

Matéria sobre a colonização católica da região: Igrejas do Carmo esculpidas em estilo Barroco, outro exemplo Barroco igreja de Nossa senhora da Escada em Guararema de 1652 única no Brasil com a imagem de São Longuinho M 5:30"

25/07/2008

Agenda: Standapi Comedi, teatro Vasquez com Anderson Prado “Mocotó”. Cantor Zé Modesto show na Vila Indústrial 01:20'' Anuncio do filme era uma vez M 01:40''

26/07/2008 Program Diaŕio Comunidade e Diário Ecologia M n/cDiário TV: Festa de Santana, voluntárias no preparo dos quitutes, quentão e vinho quente,  imagens da santa 4:20"

27/07/2008 n/c M/T n/c28/07/2008 n/c M/T n/c29/07/2008 n/c M/T n/c30/07/2008 n/c M/T n/c31/07/2008 n/c M/T n/c

Assim com em outras se nota nesta tabela o forte apelo da religião católica na região e a mídia regional se apropria também tem um destaque maior a divulgação de peças de teatro na região

4. Considerações finais

Ao analisarmos a representatividade da cultura popular em meios de comunicação de

massa no Alto Tietê, constatamos uma abordagem pontual sobre estas manifestações,

evidenciando um caráter predominantemente comercial no perfil do jornalismo praticado nos

veículos analisados, tanto o impresso quanto o televisivo, que ao cobrirem festividades religiosas

-comuns em toda região- priorizam a divulgação do evento em si e a sua importância

mercadológica, e não o aprofundamento dos elementos culturais populares que os compõem.

Fora desta sazonalidade a cobertura das expressões artísticas populares surgem apenas em datas

específicas ou em fóruns ligados a alguma municipalidade.Notamos também o desconhecimento

por parte do veículos do que realmente é considerada cultura popular o que leva o seus

consumidores a não ter a informação correta evitando assim a formação de um censo critico mais

apurado                                 

Page 28: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

28

5. Anexos

(A arte como identidade cultural) – Por Nerival Rodrigues

A arte popular vem das tradições folclóricas do interior e do litoral brasileiro. Ela se caracteriza

como popular, mais pelos costumes, tradições, mitos e lendas que nascem, com raízes ingênuas e

caipiras do cotidiano e do imaginário popular.

Vem sempre ornada de formas e expressões simples em sua leitura estética devido à formação

primitivamente ingênua de seus criadores autodidatas. Em nível nacional podemos citar alguns

exemplos como, os bonecos gigantes do carnaval de rua de Olinda, as carrancas dos artesões das

margens do Rio São Francisco, as peças em barro de Mestre Vitalino. Podemos classificar nessa

categoria popular, as cantigas improvisadas dos repentistas do nordeste, a literatura de cordel, as

xilogravuras com traços ingênuos, as pinturas primitivistas de caráter bem ingênuos; além das

danças e festas religiosas de características folclóricas, como as festas juninas (de São João), a

Festa do Divino, as Congadas e Marujadas, os Folguedos de Moçambique e o tradicional Bumba-

meu-boi.

Page 29: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

29

Temos também as danças e artes marciais como; a capoeira, a Timbalada, o frevo, a ciranda, o

maracatu, o xaxado, etc.

Aqui no sul e sudeste temos a música caipira tradicional de raízes em São Paulo e Paraná e Minas

Gerais especialmente, as do Vale do Jequitinhonha.

Alguns grupos de música considerados de cultura popular do nordeste são: Banda de Pífanos de

Caruaru, Banda de Pau e de Corda, Quinteto Violado, Quinteto A*, além dos cantadores*, Téo

Azevedo, Xangai, Elomar, Vital Faria que fazem um trabalho nativista com raízes e instrumentos

renascentistas e medievais. Isso tudo e enquadra nos padrões convencionais das chamadas arte

popular. São, apenas alguns casos citados entre os mais conhecidos do Brasil.

Nos seus mais diversos elementos lingüísticos de tradição primitivamente ingênuos, a arte

popular se incorpora no mundo gestual embrionário de formação da identidade cultural de cada

povo ao redor do mundo, seja ele de aspecto tribal nativo, ou seja ele de formação “civilizada”

como nação politicamente estruturada. É dessa cultura popular que se formou desde os

primórdios à história da civilização.

Folclore de Mogi das cruzes - Isaac Grinberg - (1983)

Publicado no início da década de 1980 este livro com 146 paginas, cuida das manifestações de

cultura popular em Mogi das Cruzes, o autor nos introduz ao assunto definindo o termo folclore

atribuindo-o ao arqueólogo inglês William John Thoms. Este nascido ao principiar o século 17

interessou-se desde muito moço pelo estudo das tradições populares inglesas e editou por pouco

mais de vinte anos entre 1849-1872 a revista “Notas e Perguntas” destinada à discussão e difusão

do tema, logo depois e em outra revista, Thoms sugeriu a adoção do termo Folclore enquanto

pedia para aquela apoio para a realização de levantamento de dados sobre usos, tradições, lendas

e baladas regionais de todo o seu país. Entretanto oficializou-se a palavra em 1878 quando criada

a Sociedade de Folclore em Londres, importante salientarmos que tinha por objetivo a

conservação e a publicação das tradições populares, baladas lendárias, provérbios locais, ditos

vulgares, superstições e antigos costumes e as demais matéria concernentes. Grinberg ainda nesta

fase recorre à Rossini Tavares de Lima que alega “ o Folclore  estuda a cultura como

manifestação do sentir, pensar, agir e reagir do homem de uma sociedade” e nos explica que

enquanto “ a cultura erudita procede do ensinamento direto ministrado através das organizações

intelectuais, universidades, escolas, igrejas, imprensa, cinema”, a cultura espontânea é aprendida

Page 30: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

30

de maneira informal na vivência do homem com o seu semelhante do nascimento à morte”. O

autor deixa claro ainda o caráter ilimitado do Folclore afirmando que este não se limita,

sobretudo nesta cidade, as Congadas ou Moçambiques as quais imediatamente nos remetemos ao

tratarmos deste assunto e descreve como tal a linguagem falada ou gestual própria de

determinadas comunidades, exemplifica as locuções consagradas pelo uso ou frases feitas, assim

como as inscrições nos para-choques, apelidos, adivinhas, travalínguas e réplicas explicando

didaticamente cada uma delas; acrescenta-se neste universo as brincadeira de criança

devidamente enumeradas e descritas assim como as cantorias que as animavam e ordenavam. O

historiador lembra-se dos tempos de outrora quando ele próprio se divertia nas tranqüilas ruas de

uma Mogi saudosa, e mesmo quando homem feito testemunhou essas mesmas brincadeiras numa

cidade que começava inexoravelmente a se emancipar, guardando porém, espaço para os

pequenos comungarem a sua infância, desde após a janta e jantava-se cedo, por volta das 18

horas até pouco antes das 22 horas quando incontinentes os pais ordenavam que se recolhessem.

Ele aventa ainda por ocasião da época em que escreve 1983, a implacável invasão de jogos

eletrônicos afastando as brincadeiras da ordem do dia infantil, eu que coincidentemente tinha 11

anos me recordo que estes jogos tinham ainda um caráter coletivo, pois num quarteirão ou dois

somente uma criança tinha tal brinquedo o que agregava a todos que por ali se conheciam,

sobremodo, não demorava muito a novidade esmaecer e voltávamos a ciranda de roda, estilingue,

cabra-cega ou taco, vale o registro, em ruas sem asfalto e nem com excessivo movimento. Cabe

continuar este diálogo com o autor citando o ambiente definitivamente opressivo dos tempos

atuais e a excessiva individualidade dos agora pré-adolescentes com seus celulares que embutem

toda sorte de funcionalidade. Voltando ao conteúdo do livro que está disposto em capítulos

verificamos a sua objetividade em textos organizados de maneira a nos iniciar na compreensão e

identificação dos elementos que compõem o folclore, estes sempre em franco desenvolvimento.

Ressalto o capítulo 10 Pesquisa Folclórica onde há dicas para se obter os melhores resultados

nesse intento, desde o método a ser utilizado até a postura para melhor coleta das informações.

Os capítulos se debruçam ainda sobre as lendas de Mogi das Cruzes como as da Escada, das

Cruzes, de Santo Ângelo, a do escravo Sebastião, da Biquinha entre outras. Superstições e

Crendices é um capítulo complementar assim como os que versam sobre a medicina e a culinária

folclórica e aquele que define claramente Congada, Moçambique e Marujada o desfecho do livro

Page 31: A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê

31

faz o mesmo com a indispensável Festa do Divino e apresenta por fim os festeiros e capitães de

mastro desde 1919 até o ano de sua publicação.                        

  O povo Brasileiro - Darcy Ribeiro – (2006), Companhia das Letras.  

Esta obra de 435 paginas é dividida em cinco grandes capítulos: O novo mundo, Gestão Étnica,

Processo Sociocultural, os Brasis na História e Destino Nacional, todos eles apresentam tópicos

que convidam o leitor desde o primeiro contato a uma reflexão sobre a imensa gama de

elementos que cooperaram e ainda cooperam para a nossa formação . Nesta obra o antropólogo

Darcy Ribeiro fala do processo de criação do povo brasileiro desde a intervenção lusitana que não

se resumiu ao descobrimento, ou como querem alguns, o achamento ou ainda invenção das terras

que ulteriormente se chamariam Brasil, e se propôs com a nova conquista e de maneira muito

pouco amistosa uma fusão étnica que ecoa até os tempos atuais. Os portugueses romanizados

como toda a Europa continental na época das grandes navegações traziam consigo culturalmente

o velho mundo de línguas latinizadas, conceitos filosóficos em franca transição como o

geocentrismo, a influência de séculos das culturas semitas (árabes e judeus) determinantes para a

ventura ultra-mar e talvez a mais caras justificativas ideológicas como a expansão do monopólio

mercantil e a não menos expúria a difusão indiscriminada do catolicismo. Deste choque primeiro

dos nativos locais estupefatos com a visão das naus que julgavam eles portarem, segundo Darcy,

o retorno de seus ancestrais ficou a pior impressão possível, pois os navegantes depois de meses

no mar fediam , tinham barba hisurta - algo absolutamente exógeno para eles - e muitos pelo

escorbuto, tinham a cara totalmente escalavrada por feridas que os desfiguravam. Logo adiante o

autor descreve o a prática do cunhadismo instituição social praticada por algumas tribos que

consistia em oferecer uma moça nativa, quando do aceite por parte do estranho estabelecia-se

laços fortíssimos vinculando-o não somente aos parentes diretos da nubente pais e irmãos, a

mesma consideração seria compartilhada pelos demais tribais; esta prática em sua nova função

civilizatória foi a responsável pela mestiçagem que definitivamente tomou conta de todo o Brasil.

Ribeiro deixa claro já no prefácio que este livro talvez não seja considerado -nem mesmo por ele

próprio- o livro de sua vida, assegura, porém, que este é o livro de uma vida dedicada, sobretudo

no âmbito político na incansável compreensão dos anseios de um povo surpreendente: que

mesmo diante do constrangimento institucional legado pelas classes dominantes principalmente

as latifundiárias que o deformaram, este ainda assim, promove ininterruptamente a congregação

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dos mais variados povos do mundo. Imigrantes com pouco mais de cem anos ou até menos

comprovam isto não só integrados socialmente, continuam a mestiçagem com indivíduos de

outras origens e com os próprios brasileiros. Essa é a essência do ele chama nova Roma lavada

em sangue Ameríndio e Africano, completamente diferente das civilizações transplantadas

promovidas pelos Anglo-Saxões na América do Norte, África e Oceania. Chega-se muito antes

do fim deste volume a conclusão de ele se faz indispensável, não só pela clareza com que aborda

temas anteriormente repisados pelo preconceito como a própria história do nosso país, a proposta

do O povo brasileiro revigora o desejo em repensarmos o que chamamos civilização.        

 Emtrevista: Sidnéia dos Santos Queiros

Capitã do Batalhão de Congada Nossa Senhora Aparecida 

“ O batalhão representa uma dança africana e o nosso foi funda em 11 de novenbro de 2004. Tem

4 anos que estaos com a congada. E a congada em minha vida vem de geração em geração,

primeiro minha avó depois minha mãe e eu desde criança. N acongada tem vários instrumentos,

caixa de guia, ciaxa dse centro, tarol eos bastões. Tem também o rei-congo as rainhas e as

princesas. A letra já vem de origem, mas tem composição nova eu mesma fiz uma que é um

dobrado”:

Eu pisei no mar devagarinho

Eu pisei no mar devagarinho

Eu vi marinheiro remando sozinho

Eu vi marinheiro remando sozinho

“ E tem uma tradicional que o salve Rainha”:

Salve rainha mãe de misericórdia

Salve rainha mãe de misericórdia

Maria mãe de Deus rogai por nós

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Maria mãe de Deus rogai por nós 

Entrevista: Gislaine Donizete Afonso

Capitã congada Santa Efigênia

- “ A congada é de origem africana trazida da Angola, a primeira manifestação folclórica desse

tipo foi o Moçambique depois veio a congada também conhecida como congo. Esta congada de

Santa Efigênia era de meu pai José Batista Afonso o Zé Baiano e foi ele que trouxe de Santana

dos Montes, Minas Gerais. Antes ainda era de ameu avô Passarinho, aqui em Mogi agora está

comigo. E eu vejo a congada como uma cultura negra muito rica e é poisso que a gente vive por

ela para divulgar melhor não só aqui em Mogi mas em São Paulo.Em Minas Gerais a congada é

muito forte lá ainda se encontra os antigos tambores de ferro fitos de tronco de árvore tirando o

seu miolo e depois colocando o couro com cordas. E aquilo que eu mais me orgulho é um bastão

que está na minha família há 4 gerações desde o meu bisavô. É o bastão Preto, chamado bastão

Mulato. Já os passos de nossa dança são os passos de preto véio que faz parte do cruzamento, as

cantigas são de louvação aos santos e marinheiros assim como a Santa Efigênia e ao Divino. E os

grupos Folclóricos daqui de Mogi todos tem relação com a Umbanda, todos estes congada,

moçambique, marujada, vieram da Angola, assim como o jongo e o candombé todos mexem com

espiritualidade. E eu quero cantar uma cantiga que meu pai cantava para o avô dele”:

Santa Efigênia tá contente nessa bandeira

Santa Efigênia tá contente nessa bandeira

Oi, viva o Passarinho já foi dono dessa bandeira

Oi, viva o Passarinho já foi dono dessa Bandeira

-“ Hoje eu canto assim em memória do meu pai”:

Santa Efigênia tá contente nessa bandeira

Santa Efigênia tá contente nessa bandeira

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Oi, viva o Zé Baiano já foi dono dessa bandeira

Oi, viva o Zé Baiano já foi dono dessa Bandeira

  

Congada Marujada Nossa Senhora do Rosário

Capitão Edinho

- “ A nossa Congada Marujada foi fundada em 1957 pelo meu tio e padrinho José da Silva já

falecido e eu participo desde os meus 10 anos hoje tenho 64. E agente se apresenta em outras

festividades não só no Divino, como na festa da nossa padroeira Nossa Senhora do Rosário em

quermesses e até em escolas. As cores da nossa roupa é as cores de nossa bandeira que é azul e

branca, só que a gente usa também essas faixas para enfeitar um pouco mais. Por que a nossa

Santa é muito bonita e agente acompanha. E nós temos a musica da Marujada mesmo que é

assim”:

Marujada chegou, Marujada t'aí

Marujada chegou, Marujada t'aí

Senhora do Rosário olha nós aqui

Senhora do Rosário olha nós aqui

-“ E quando é festa do Divino a gente canta assim”:

Eu estava dormindo o Divino me chamou

Eu estava dormindo o Divino me chamou

Divino Espírito Santo ele é o nosso protetor

Divino Espírito Santo ele é o nosso protetor

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Moçanbique capela Santa Cruz do Botujuru

Meatre José Aparecido de Godói

-” Eu participo do Moçambique desde 1987 quando me convidaram para dançar, lembro que da

primeira vez eu não fui, porque fiquei meio acanhado, com vergonha. Mas o pessoal insistiu e

minha mãe ligou essa dança com uma promessa que ela tinha feito e não foi cumprida, dai'o

mesmo mestre me chamou então eu fui. E é uma dança religiosa que me fez muito bem, todos os

pedidos que eu fiz foram atendidos, por isso eu sou muito agradecido a esse mestre que me

chamou para o Moçambique e também ao falecido mestre orlando já falecido que tocava o grupo

dele na mesma capela que a nossa  da Santa Cruz do Botujuru. E nós continuamos nessa mesma

luta participando da festa do Divino, é bom porque os grupos folclóricos cantam invocando o

nome de Deus e se vocês quiserem eu canto um ramo para vocês”:

A dança do Moçambique é do tempo do cativeiro

A dança do Moçambique é do tempo do cativeiro

É a religião católica do folclore brasileiro

É a religião católica do folclore brasileiro

-” E eu gostaria de deixar um pedido para os mais jovens, para eles procurarem os mestres de

dança folclórica porque além de ser uma dança é uma cultura, não é para ter vergonha tem que

participar mesmo, pois é muito bom! Hoje a gente vai para as festas como a do Divino e os

mestres ficam preocupados se vai fazer feio pelo número reduzido de participantes, mas eu digo

derrepente vem uma luz divina que diz: “Se com 20 a gente faz bonito, se for com 4 a gente faz

bonito do mesmo jeito!”

Moçambique São Benedito

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Mestre José Antonio Tavares 

-” Sou residente em Mogi há 60 anos e eu aprendi a dançar o Moçambique com 14 anos e foi

atravás do meu pai que eu encontrei essa cultura negra que é minha, eu tenho hoje 81 anos. O

Moçambique é uma dança folclórica e eu diria que é 30% folclórico e 70% catolicismo. Eu sou o

coodenador geral deste Moçambique poderia até tocar instrumento também, mas tenho dois

instrumentistas que levam as toadas, nós temos várias músicas e eu vou cantar umas para vocês:

Quando eu cheguei aqui era mestre e niguém sabia

Já pedi a São Benedito, Já pedi a Virgem Maria

Pra proteger o nosso povo toda hora e todo dia

 

 

6. Referências bibliográficas

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