A Transformada de Laplace

10
1 Instituto de Estudos Superiores da Amazônia Curso Engenharia Ambiental Prof. Francisco Júnior Disciplina Cálculo II A Transformada de Laplace 1 - Integrais Impróprias Seja () gx uma função definida no intervalo [, ) a . Então a integral imprópria () a g x dx é definida por () lim () R R a a g x dx g x dx , se o limite existir. Quando o limite existe diz-se que a integral converge; caso contrário, diz-se que ela diverge. 2 Definição da Transformada de Laplace Seja () Ft uma função de t definida para 0 t . Então, a transformada de Laplace de () Ft , denotada por L { ( )} Ft , é definida por L 0 { ( )} () () st Ft fs e F t dt onde s é um parâmetro real. 3 - A Transformada de Laplace de Algumas Funções Elementares A tabela abaixo mostra a transformada de Laplace de várias funções elementares. () Ft L { ( )} () Ft fs 1 1 1 ( 0) s s 2 t 2 1 ( 0) s s 3 n t 0,1, 2,3,... n 1 ! ( 0) n n s s 4 at e 1 ( ) s a s a 5 sen at 2 2 ( 0) a s s a 6 cos at 2 2 ( 0) s s s a 7 t sen at 2 2 2 2 ( 0) as s s a 8 cos t at 2 2 2 2 2 ( 0) s a s s a

description

Transformada de Laplace

Transcript of A Transformada de Laplace

  • 1

    Instituto de Estudos Superiores da Amaznia

    Curso Engenharia Ambiental

    Prof. Francisco Jnior

    Disciplina Clculo II

    A Transformada de Laplace

    1 - Integrais Imprprias

    Seja ( )g x uma funo definida no intervalo [ , )a . Ento a integral imprpria

    ( )a

    g x dx

    definida por

    ( ) lim ( )

    R

    Ra a

    g x dx g x dx

    ,

    se o limite existir. Quando o limite existe diz-se que a integral converge; caso contrrio,

    diz-se que ela diverge.

    2 Definio da Transformada de Laplace

    Seja ( )F t uma funo de t definida para 0t . Ento, a transformada de

    Laplace de ( )F t , denotada por L { ( )}F t , definida por

    L0

    { ( )} ( ) ( )stF t f s e F t dt

    onde s um parmetro real.

    3 - A Transformada de Laplace de Algumas Funes Elementares

    A tabela abaixo mostra a transformada de Laplace de vrias funes

    elementares.

    ( )F t L { ( )} ( )F t f s

    1 1 1 ( 0)s

    s

    2 t 2

    1 ( 0)s

    s

    3 nt

    0,1,2,3,...n 1!

    ( 0)n

    ns

    s

    4 ate 1 ( )s a

    s a

    5 senat

    2 2 ( 0)

    as

    s a

    6 cosat

    2 2 ( 0)

    ss

    s a

    7 tsenat

    2

    2 2

    2 ( 0)

    ass

    s a

    8 cost at

    2 2

    22 2

    ( 0)s a

    ss a

  • 2

    9

    1,2,3,...

    n att e

    n

    1

    !

    n

    ns a

    s a

    10 bte senat

    2 2

    as b

    s b a

    11 cosbte at

    2 2

    s b

    s b a

    4 Funes Seccionalmente Contnuas Uma funo chamada de seccionalmente contnua ou contnua por partes num

    intervalo t se o intervalo pode ser subdividido num nmero finito de intervalos

    em cada um dos quais a funo contnua e tem limites laterais, direita e esquerda,

    finitos.

    5 Funes de Ordem Exponencial

    Uma funo se diz de ordem exponencial se existem constantes , e NM

    tais que ( )te F t M ou ( ) tF t e M para todo t N .

    Exemplo: 2( )F t t uma funo exponencial de ordem 3, pois 2 2 3t

    t t e .

    Teorema 1

    Se ( )F t uma funo seccionalmente contnua em todo intervalo finito

    0 t N , com 0N , e se ( )F t uma funo de ordem exponencial , ento sua

    transformada de Laplace ( )f s existe para todo s .

    Prova: Temos, para qualquer inteiro positivo N ,

    0 0

    ( ) ( ) ( )

    N

    st st st

    N

    e F t dt e F t dt e F t dt

    .

    Como ( )F t uma funo seccionalmente contnua em todo intervalo finito 0 t N , a

    primeira integral direita existe. Tambm a segunda integral direita existe, pois ( )F t

    uma funo de ordem exponencial pata todo t N . Para verificar isso, observe que

    ( )F t

    t 1t 2t 3t

  • 3

    0

    0

    ( ) ( )

    ( )

    st st

    N N

    st

    st t

    e F t dt e F t dt

    e F t dt

    Me Me dt

    s

    Assim, a transformada de Laplace existe para s .

    Observe que as condies enunciadas so suficientes para garantir a existncia

    da transformada de Laplace. Porm, se as condies no so satisfeitas nada pode ser

    afirmado, ou seja, a transformada de Laplace pode existir ou no. Assim, as condies

    no so necessrias para garantir a existncia da transformada de Laplace.

    6 Algumas Propriedades da Transformada de Laplace

    6.1 Propriedade de Linearidade

    Se 1 2 e c c so constantes quaisquer, enquanto que 1 2( ) e ( )F t F t so funes

    com transformadas de Laplace 1 2( ) e ( )f s f s , respectivamente, ento

    L 1 1 2 2 1{ ( ) ( )}c F t c F t c L 1 2{ ( )}F t c L 2{ ( )}F t

    = 1 2 2 2( ) ( )c f s c f s .

    Prova: Temos

    L 1 1 1 1 1 1 10 0

    { ( )} ( ) ( )st stc F t c e F t dt c e F t dt c

    L 1 1 1{ ( )} ( )F t c f s

    e

    L 2 2 2 2 2 2 20 0

    { ( )} ( ) ( )st stc F t c e F t dt c e F t dt c

    L 2 2 2{ ( )} ( )F t c f s .

    Assim,

    L 1 1 2 2 1 1 2 20

    { ( ) ( )} ( ) ( )st stc F t c F t c e F t c e F t dt

    = 1 1 2 20 0

    ( ) ( )st stc e F t dt c e F t dt

    = 1 1 2 2( ) ( )c f s c f s .

    Exemplo: L 0 0 0 0

    {2 3} 2 3 (2 3 ) 2 3st st st st stt e t dt e t e dt e tdt e dt

    = 2

    1 12 3s s

  • 4

    6.2 Transformada de Laplace de Derivadas

    Teorema 1: Se L{ ( )} ( )F t f s , ento L{ '( )} ( ) (0)F t sf s F , se ( )F t contnua

    para 0 t N e de ordem exponencial para t N , enquanto '( )F t seccionalmente

    contnua em 0 t N .

    Prova: Aplicando integrao por partes, tem

    L0 0

    { '( )} '( ) lim '( )

    P

    st st

    PF t e F t dt e F t dt

    =0

    0

    lim ( ) '( )

    Pp

    st st

    Pe F t s e F t dt

    =0

    lim ( ) (0) ( )

    P

    sP st

    Pe F P F s e F t dt

    =0

    ( ) (0)

    p

    sts e F t dt F

    = ( ) (0)s f s F

    Usando o fato de que ( )F t de ordem exponencial quando t , de modo que

    lim ( ) 0sPP

    e F P

    para s .

    Teorema 2: Sejam ( ) e '( )F t F t contnuas para 0 t N e de ordem exponencial para

    t N , e ''( )F t seccionalmente contnua para 0 t N . Se L { ( )} ( )F t f s , ento

    L 2{ ''( )} ( ) (0) '(0)F t s f s sF F .

    Prova: Pelo teorema 1, temos

    L{ '( )} ( ) (0)G t sg s G .

    Fazendo ( ) '( )G t F t , temos

    L{ ''( )}F t s L { '( )} '(0)F t F

    = [ ( ) (0)] '(0)s sf s F F

    = 2 ( ) (0) '(0)s f s sF F .

    Exerccios 1

    1 Prove que:

    a) L {1}1

    , 0ss

    b) L 2

    1{ } , 0t s

    s

    c) L 1

    { } , ate s as a

    d) L 2 2

    { } , 0a

    senat ss a

    e) L 2 2

    {cos } , 0s

    at ss a

  • 5

    6.3 Multiplicao por nt

    Teorema 3: Se L{ ( )} ( )F t f s , ento

    L ( ){ ( )} ( 1) ( ) ( 1) ( )n

    n n n n

    n

    dt F t f s f s

    ds ,

    onde n 1, 2, 3, ....

    Prova: A demonstrao feita usando induo matemtica.

    Temos

    0

    ( ) ( )stf s e F t dt

    .

    Ento pela regra de Leibniz para derivao sob o sinal de integrao, para 1n , temos

    0 0

    0

    0

    '( ) ( ) ( )

    ( ) ( )

    { ( )}

    st st

    st

    st

    df df s e F t dt e F t dt

    ds ds s

    t e F t dt

    e tF t dt

    L { ( )}tF t

    ou seja,

    L{ ( )} '( )df

    F t f sds

    .

    Suponhamos, agora, que o teorema vale para n k , isto ,

    L ( ){ ( )} ( 1) ( )k k kt F t f s ,

    ou ainda,

    L ( )

    0

    { ( )} { ( )} ( 1) ( )k st k k kt F t e t F t dt f s

    .

    Assim, temos

    0 0

    1

    0

    1

    1 ( 1)

    { ( )} { ( )}

    { ( )}

    ( 1) ( )

    ( 1) ( )

    st k st k

    st k

    k k

    k k

    de t F t dt e t F t dt

    ds s

    e t F t dt

    f s

    f s

    Portanto, se vale para n k , ento tambm vale para 1n k .

  • 6

    6.4 - Diviso por t

    Teorema 4: Se L{ ( )} ( )F t f s , ento L( )

    ( )s

    F tf u du

    t

    , contanto que 0( )

    limt

    F t

    t

    exista.

    Prova: Suponha que ( )

    ( )F t

    G tt

    . Ento, ( ) ( )F t tG t . Agora, tomando a transformada

    de Laplace em ambos os lados, obtemos

    L{ ( )}F t L{ ( )}tG t

    ( )dg

    f sds

    .

    Da, temos

    ( ) ( ) ( )

    s

    s

    g s f u du f u du

    .

    Note que lim ( ) 0s

    g s

    Exerccios 2

    1 Determine:

    a) L { }t senat

    b) L 2{ cos }t at

    c) L 42 te

    d) L 23 te e) L 5 tt e f) L 6 2 5cos2sen t t

    g) L 3 3tt e

  • 7

    A Transformada Inversa de Laplace

    1 - Definio da Transforma Inversa de Laplace

    Se a transformada de Laplace de ( )F t ( )f s , ou seja, L ( ) ( )F t f s , ento ( )F t chamada de transformada inversa de Laplace de ( )f s e escrevemos

    simbolicamente por ( )F t L-1 ( )f s .

    Exemplo: Como L 31

    3

    tes

    , podemos escrever L-1 31

    3

    tes

    .

    2 - A Transformada Inversa de Laplace de Algumas Funes

    ( )f s L -1

    { ( )} ( )f s F t

    1 1

    s

    1

    2 2

    1

    s

    t

    3 1

    !

    n

    n

    s

    nt

    0,1,2,3,...n

    4 1

    s a

    ate

    5 2 2

    a

    s a

    senat

    6 2 2

    s

    s a

    cosat

    7

    2

    2 2

    2

    as

    s a

    tsenat

    8

    2 2

    22 2

    s a

    s a

    cost at

    9

    1

    !

    n

    n

    s a

    1,2,3,...

    n att e

    n

    10

    2 2

    a

    s b a

    bte senat

    11

    2 2

    s b

    s b a

    cosbte at

  • 8

    3 Propriedades da Transformada Inversa de Laplace

    3.1 Propriedade de Linearidade

    Teorema 5: Sejam 1 2 e c c so constantes quaisquer e 1 2( ) e ( )f s f s as transformadas de

    Laplace das funes 1 2( ) e ( )F t F t , respectivamente. Ento,

    L -1

    1 1 2 2 1{ ( ) ( )}c f s c f s c L -1

    1 2{ ( )}f s c L -1

    2{ ( )}f s

    1 1 2 2( ) ( )c F t c F t .

    Prova: Exerccio.

    Exemplo: L -1

    2

    4 34

    2 16

    s

    s s

    L

    -1 13

    2s

    L

    -1 2

    24 3cos 4

    16

    ts e ts

    4 Transformada Inversa de Laplace de Derivada

    Teorema 6: Se L -1

    { ( )} ( )f s F t , ento

    L -1 ( ) ( )nf s L -1 ( ) ( 1) ( )

    nn n

    n

    df s t F t

    ds

    , com 1,2,3,...n

    Prova: Observe que

    L ( ) ( 1) ( ) ( 1) ( )n

    n n n n

    n

    dt F t f s f s

    ds ,

    Portanto,

    L -1 ( ) ( 1) ( )n n nf s t F t .

    5 Multiplicao por s

    Teorema 6: Se L -1 ( ) ( )f s F t e (0) 0F , ento L -1 ( ) '( )sf s F t .

    Prova: Exerccio

    6 Diviso por s

    Teorema 7: Se L -1

    ( ) ( )f s F t , ento L -1 0

    ( )( )

    tf s

    F u dus

    .

    Prova: Seja 0

    ( ) ( )

    t

    G t F u du . Ento, '( ) ( )G t F t e (0) (0)G F . Assim, temos

    L '( )G t s L ( ) (0)G t G s L ( ) ( )G t f s .

    Portanto, L ( )

    ( )f s

    G ts

    ou L -1

    0

    ( )( ) ( )

    tf s

    G t F u dus

    .

    Prova: Exerccios (Pesquisar)

  • 9

    Exerccios 3

    1 Encontre

    a) L -1

    3 2 4

    5 4 2 18 24 30

    9

    s s s

    s s s

    b) L

    -1

    2 2

    6 3 4 8 6

    2 3 9 16 16 9

    s s

    s s s

    .

    2 Determine

    a) L -1

    2

    2 2

    s

    s a

    b) L -1

    3 21

    1s s

  • Prof. Francisco Junior

    Email: [email protected]

    10

    Aplicaes s Equaes Diferenciais

    1 Equaes Diferenciais Ordinrias com Coeficientes Constantes

    A transformada de Laplace til na resoluo de equaes diferenciais

    ordinrias com coeficientes constantes. Por exemplo, suponha a seguinte equao

    diferencial linear de segunda ordem

    2

    2( )

    d Y dYa bY F t

    dt ds ou '' ' ( )Y aY bY F t , (1)

    onde e a b so constantes, sujeita s condies iniciais ou de contorno

    (0) , '(0)Y A Y B (2)

    onde e A B so constantes dadas. Tomando a transformada de Laplace em ambos os

    lados de (1) e usando (2), obtemos uma equao algbrica para a determinao de

    L ( ) ( )Y t y s . A soluo desejada obtida encontrando a transformada de Laplace de ( )y s . O mtodo pode ser estendido as equaes diferenciais de ordem mais elevada.

    Exemplo:

    1 Resolva os seguintes problemas de valor inicial aplicando a transformada de Laplace:

    a)

    ''

    (0) 1

    '(0) 2

    Y Y t

    Y

    Y

    b)

    2'' 3 ' 2 4

    (0) 3

    '(0) 5

    tY Y y e

    Y

    Y

    2) Resolva as seguintes equaes diferenciais aplicando a transformada de Laplace:

    a) 1)0('0)0(;05'2" yeyyyy

    b) 1)0('1)0(;06'" yeyyyy

    c) 0)0('2)0(;02'2" yeyyyy

    d) 0)0('1)0(;cos2'2" yeytyyy

    e) 1)0('2)0(;4'2" yeyeyyy t

    f) 1)0('0)0(;sen5'2" yeyteyyy t

    g) 5)0('3)0(;1'" yeyeyyy t