A vida da vida - O Método II e Cabeça Bem-Feita - Edgar Morin

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A Vida da Vida A Vida da Vida Morin,1980 e 1999 Morin,1980 e 1999 Método II - Segunda parte: Cap. VII “Autos” - Indivíduo – sujeito A Cabeça Bem-Feita Anexos : A noção de Sujeito

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Material da Formação em Transpsicomotricidade Educacional elaborado pelo Prof. Dr. Eduardo Costa

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A Vida da VidaA Vida da Vida

Morin,1980 e 1999Morin,1980 e 1999 Método II - Segunda parte: Cap. VII “Autos” -

Indivíduo – sujeito A Cabeça Bem-Feita

Anexos : A noção de Sujeito

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Naturalização do Sujeito

A exclusão do Sujeito da Ciência Clássica;

Objeto subdesenvolvido nas Ciências Humanas;

O Sujeito Biológico = Emergência de Vida.

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Sujeito biológico

“Nós, seres culturais e sociais, só podemos ser autônomos a partir de uma dependência original em relação à cultura, em relação à lingua, em relação a um saber. A autonomia não é possível em termos absolutos, mas em termos relacionais e relativos.”

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De Sujeito em Sujeito: Círculo Vicioso e Círculo Produtivo

“A introdução da idéia de sujeito, simultaneamente no estudante e no estudado, parece dever provocar uma regressão generalizada da objetividade científica, uma vez que traz:

1. A Incerteza e a contingência ao nível do observador/conceptor;

2. A propagação do antropomorfismo e da metafísica no reino asseptizado do conhecimento biológico;

3. A aporética dum duplo fundamento contraditório onde, enquanto a bactéria-sujeito funda nossa qualidade de sujeito cognoscente, é a nossa qualidade de sujeito cognoscente que funda a qualidade de sujeito da bactéria.”

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(…) “Ora nós tentámos:a) Converter a introdução da incerteza e da contingência em complexificação do conhecimento;b) Extrair noções provenientes da filosofia e da antropologia dos constituintes para uma noção biológica;c) Ligar as duas proposições aporéticas num círculo produtivo que nos restitua o estatuto de ser vivo ao mesmo tempo que nós restituímos o estatuto de indivíduo-sujeito a todo ser vivo.”

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“(…) temos que compreender bem que a nossa qualidade de sujeito vivo não é tanto o obstáculo quanto o meio necessário para compreender os seres-sujeitos vivos. É por sermos vivos que dispomos potencialmente da compreensão da vida. É por sermos indivíduos que podemos conceber a noção de indivíduo.”

“O Sujeito é um conceito produzido pelo sujeito humano, o qual, produzido por uma evolução biológica, não pode elaborar este conceito senão em condições culturais e sociais determinadas.”

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A Unidualidade Biológica do Físico e do Psíquico

“ANIMUS”DINAMISMO ORGANIZADOR, ANIMADOR DE TODOS OS PROCESSOS CORPORAIS.(…) “não é extra ou suprafísico, mas emana da “physis”; não se opõe ao corpo,é inseparável dele; não procede dum espírito superior, mas produz, nos seres vivos superiores, o espírito…(…) “o “animus” é o produto/produtor da unidade dum motor vivo e dum “computo”.

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A Unidade prévia do corpo e do espírito

“Parto aqui duma definição do espírito que mergulha suas raízes no primeiro sentido, mas se distingue dele pelo seguinte: o espírito não é emanação, mas emergência imaterial. É imaterial como o mim, como a própria organização, e, como a organização e o mim, a sua existência depende de interacções materiais, e portanto não pode ser concebida de modo extra ou suprafísico.”

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Não há dissociação nem subordinação entre cérebro e espírito.

“Não existe corpo vivo sem animação computante ou animus, e onde eles emergiram, psiquismo e espírito. Também não existe animus, psiquismo, espírito fora do corpo, dominando o corpo, comandando o corpo. O que emerge sem cessar é simultanea e inseparavelmente a estabilidade do corpo e a animação computante do ser-uno.”

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“Na concepção cartesiana a alma e o corpo, vindos cada um dum reino ontológico diferente, encontram-se indissoluvelmente misturados numa união que determina a natureza do ser humano. Na concepção aqui apresentada, um processo multidimensional total, físico/biológico/computante, produz estes dois aspectos constitutivos duma mesma realidade: o indivíduo-sujeito.

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O Corpo do Sujeito

“Temos pois a qualidade subjetiva primeira no corpo, aquém do cérebro, muito aquém de toda consciência. Mas o cérebro – espírito – cérebro constitui um centro de subjectividade próprio, inseparável do corpo/sujeito, uma vez que o sistema neurocerebral está ramificado em todo o corpo, mas é relativamente autónomo na sua actividade de comando/controlo de todo ser. Corresponde a um segundo nível de subjetividade, constituído pelo psiquismo, e este nível cerebral de subjectividade só é parcial e superficialmente consciente. É por isto que o sujeito humano está, como um iceberg, em grande parte imerso no inconsciente.”

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Níveis de emergência do Sujeito

A) O das miríades de interacções entre células que constituem o organismo;

B) O da actividade do cérebro – espírito – cérebro;

C) O nível radicalmente novo da consciência

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Níveis de SubjetividadeSubjetividade cerebral, mentalSubjetividade Imunológica

Princípios da Identidade moriniana

• Princípio da autônomia na dependência• Egocentrismo• Permanência da auto-referência, apesar das transformações e através das transformações• Princípios de Inclusão e Exclusão

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A Consciência do Sujeito

Consciência da MorteHomo sapiens neanderthalensis

“A consciência humana, última filha da subjectividade, surgiu tremendo no mundo. Embora seja oscilante, embora seja tão frágil diante do medo de si mesma que cada um dos seus ímpetos fulgurantes é sempre seguido duma queda, ela entra por sua vez na vida e é no seu próprio devir que vai jogar-se o devir-sujeito do homem.”

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“A consciência não é senão uma eflorescência incerta, vacilante, frágil, mas já a sua emergência suscitou novas formas de auto-reflexão (…) e pode retroagir sobre toda a ação, sobre todo o comportamento.”

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Compreendendo a Compreensão

“A compreensão é justamente o conhecimento por projecção/identificação que torna um ser-sujeito inteligível para outro ser-sujeito. (…) A compreensão traz uma possibilidade de inteligência da subjetividade pela subjetividade.”

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Limites biológicos do conhecimento

Toda informação é uma tradução; Toda representação é simultaneamente

tradução e construção; Todo conhecimento exo-referente sofre a

determinação auto-referente e egocêntrica

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Da consciência do egocentrismo à auto-reflexão crítica

“Devemos saber que as coisas do universo objectivo só tomam figura em função de nossas formas e estruturas cognitivas biocerebrais, em função dos nossos paradigmas, princípios, categorias, teorias, informações próprias do nosso momento da história científica, cultural e social, em função de nossa idiossincrasia subjetiva, que aqui é a minha.”

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“A ocultação da nossa subjectividade é o cúmulo da subjectividade. Inversamente, a busca de objectividade comporta não a anulação mas o pleno emprego da subjectividade.”

“Não é a objectividade que foge quando o sujeito regressa, é a objectividade que se aprofunda na sua raiz subjectiva/objectiva.”

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Da auto-reflexão crítica à ética do conhecimento

“Só um sujeito consciente de ser sujeito pode lutar contra a subjectividade. Só um sujeito consciente de ser sujeito pode conceber o seu auto-egocentrismo e tentar descentrar-se através do espírito, inscrevendo-se num circuito transubjectivo superior que vai chamar-se o amor da verdade (veremos que a verdade não existe senão por um, para um, num sujeito, e é por isso que é tão poderosa, tão frágil e tão débil, tão aberta e desarmada diante daquilo que usa o seu rosto, ou seja, a mentira).”

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Devir-Sujeito do Homem

“Importa que “a sociedade assuma a dignidade do indivíduo e reduza a do cidadão a pouca coisa” (Auger, 1966:64). O devir-sujeito não pode desenvolver-se na exclusão dum dos dois termos do par indivíduo/sociedade. Não pode desenvolver-se fora da oposição complementar entre egocentrismo (do segundo tipo) e sociocentrismo. Devemos compreender que a sociedade deve permanecer aberta e inacabada.”

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Elaborado por:

Prof. Dr. Eduardo CostaPsicomotricista Clínico e Educacional; Prof. Universitário (UERJ); Criador e

Formador em Transpsicomotricidade Educacional e Clínica (UERJ); Coordenador da Comissão Científica da Associação Brasileira de Psicomotricidade - Col. Nacional

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