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JOSIANE DOS SANTOS MOREIRA

ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO

CONTEXTO ESCOLAR

PÓS-GRADUAÇÃO

PSICOPEDAGOGIA

JOSIANE DOS SANTOS MOREIRA

ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO: IDENTIFICAÇÃO NO

CONTEXTO ESCOLAR

2014

ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/ IDENTIFICAÇÃO NO

JOSIANE DOS SANTOS MOREIRA

ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO: IDENTIFICAÇÃO NO

CONTEXTO ESCOLAR

Trabalho de Pós-Graduação Psicopedagogia da Universidade Tuiuti

Orientação Jurândi Serra Freitas

2014

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: IDENTIFICAÇÃO NO

CONTEXTO ESCOLAR

RESUMO

Frente à necessidade de identificar aqueles alunos que apresentam Altas Habilidades/Superdotação no contexto escolar, para que possam usufruir de atendimento especializado, motivou-se a realização deste estudo. O objetivo desta pesquisa é conhecer o processo de identificação dos alunos com Altas Habilidades/Superdotação, a fim de ajudar na identificação destes no âmbito escolar. Foi realizada pesquisa bibliográfica, com foco em Virgolim (2007), Sabatella (2008), Freitas (2006) e Pérez (2008). Os resultados desta pesquisa demonstraram que a superação dos mitos e crenças que povoam imaginário popular, assim como a busca de respostas às indagações de professores, gestores e comunidade educativa em relação às práticas educacionais acontecerão a partir do conhecimento da área das Altas Habilidades/Superdotação. Conclui-se que é de fundamental importância o compromisso político e pedagógico do sistema de ensino na implementação de ações inclusivas a todos os alunos, incluindo os que apresentam capacidade destacada e alto nível de criatividade. Espera-se que esse trabalho possa contribuir para a reflexão de estudantes, professores, psicopedagogos, gestores e profissionais que atuam com alunos com Altas Habilidades/Superdotação sobre o reconhecimento, identificação e atendimento às necessidades educacionais especiais desses estudantes. Palavras-chave: Altas Habilidades/Superdotação, mitos, identificação, reconhecimento, características.

INTRODUÇÃO

A abordagem sobre Educação Especial parece, num primeiro

momento, apenas direcionada a alunos com deficiência intelectual, auditiva,

visual ou física. Porém o presente estudo está direcionado a identificação de

alunos com Altas Habilidades/Superdotação que necessitam de atendimento

especializado para suas peculiaridades intelectuais e socioemocionais.

Conhecer a área de Altas Habilidades/Superdotação é de vital

importância na formação docente, pois há muito desconhecimento sobre a

temática que pode adoecer a comunidade educativa. A falta de

reconhecimento deste aluno da Educação por parte de professores, pais,

pedagogos, dentre outros, prejudica o desenvolvimento dos talentos da

sociedade e dos próprios alunos com Altas Habilidades/Superdotação

também, pois algumas angústias atrapalham o reconhecimento, o

atendimento, e encaminhamento de uma prática educativa que envolva a

potencialização e valorização das capacidades demonstradas por esses

alunos.

Muitos são os desafios e dificuldades nas escolas para o atendimento

especial ao aluno com superdotação, os empecilhos perpassam

especialmente a formação do professor, que além de desconhecer a

legislação brasileira a qual oferece respaldo a esses alunos, muitas vezes

não consegue identificar o aluno superdotado que sempre esteve presente

nos bancos escolares.

Assim como educador, é fundamental aprofundar seus conhecimentos

para a identificação de alunos com Altas Habilidades/Superdotação e com

isso trabalhar com essa diferença, ofertando práticas educacionais

necessárias a eles sem deixar de identificar e desenvolver suas

capacidades, proporcionando uma vida acadêmica normal, sem frustrações

nem diferenciações.

Para que a escola se transforme em um espaço adequado, os

professores precisam ser mais bem orientados e se desligarem de antigos

paradigmas, apresentando atitudes e utilizando estratégias pedagógicas que

atendam às necessidades dos alunos.

O desejo de realizar essa pesquisa surgiu da observação diária das

necessidades e diferenças dos estudantes, bem como da total incapacidade

de entender, o que fazer, como lidar e como ajudar um aluno com Altas

Habilidades/Superdotação dentro de uma sala de aula, por falta de

conhecimento e também falta de formação continuada de profissionais na

área. Outro fator são os mitos das características desses alunos que até,

muitas vezes, professores desconhecem ou não acreditam que haja pessoas

com Altas Habilidades/Superdotação. Assim é importante a sensibilização

destes profissionais para se tornarem multiplicadores, reconhecendo e

respeitando as diferenças e ao mesmo tempo aprendendo a atuar em sala de

aula, bem como ajudar aos pais a entenderem estas diferenças.

Com as considerações apresentadas acima, levantou-se a seguinte

questão para pesquisa: Como são identificados os alunos com Altas

Habilidades/Superdotação no ambiente escolar?

Para tanto, o objetivo da pesquisa foi conhecer o processo de

identificação do aluno com Altas Habilidades/Superdotação no ambiente

escolar.

A pesquisa enfatizará os conceitos empregados na área de Altas

Habilidades/Superdotação e o processo de identificação desses alunos. Cabe

salientar que durante o trabalho a terminologia “superdotado” poderá ser

usada para referir-se ao aluno com Altas Habilidades/Superdotação

mencionado nas políticas do MEC(Ministério da Educação e Cultura).

MITOS SOBRE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Antigamente, os mitos surgiram para explicar o que não era

confirmado pela ciência e ficava conhecido como bruxaria, castigo. Os mitos

surgem no imaginário das pessoas como forma de tentar entender os

mistérios que a natureza entende como sobrenatural (SABATELLA, 2008).

Quando se fala em superdotação a primeira ideia das pessoas é que

esta pessoa é um gênio, aquele que alcança sucesso em tudo que faz o

sabe-tudo, que tem alto rendimento em todas as disciplinas, arrogante,

metido. Entretanto superdotado é o aluno que possue uma ou mais áreas de

habilidade consideradas superiores em qualquer campo do saber; já o gênio

não apenas apresenta habilidades que são relevantes mas também usa sua

capacidade para produção de novos conceitos. (SABATELLA, 2008)

Os mitos sobre Altas Habilidades/Superdotaçãosão vários e isso

dificulta o reconhecimento, atendimento e encaminhamento desses alunos

para uma prática educativa voltada à sua potencialização e valorização das

suas capacidades.

A respeito dos mitos e crenças, Pérez (2003, p. 46) afirma:

“Assim, um dos primeiros aspectos que devem ser aprofundados são os fatores que têm alicerçado a carência e/ou precariedade de atendimento, entre eles, os mitos e crenças populares, alguns decorrentes de características próprias das PAHs, outros, de preconceitos socioculturais e/ou ideológicos e até da própria desinformação sobre as AHs. Eles são fortes empecilhos para a formação de uma identidade própria das PAHs e contribuem para uma representação negativa ou, pelo menos, distorcida destas pessoas.”

Diante disso, é necessário reconstruir a imagem que se tem da pessoa

com Altas Habilidades/Superdotação, pois os mitos e as crenças povoam o

imaginário popular, como os alunos que são bons em tudo, pessoa

egocêntrica e egoísta.

Conforme os estudos de Winner (1998 apud Freitas, 2006) apresenta

oito mitos referentes à pessoas com Altas Habilidades/Superdotação:

a)Superdotação global – Ótima capacidade em todas as disciplinas; b) Talentosas, mas não super-dotadas – Não há distinção entre superdotação e talento, elas devem ser aplicadas aos mesmos indivíduos; c) Pai condutor – Pais que superestimulam seus filhos; d)Todas as crianças são superdotadas – alunos com bom rendimento escolar, responsáveis, assíduos, prestativos, entre outros. Mas há uma série de fatores que devem ser considerados; e) QI excepcional – o superdotado não pode ser identificado apenas pelo seu QI; f) Biologia versus ambiente – há uma grande disputa para explicar a superdotação, porém, não há uma explicação clara sobre a sua origem; g) Esbanjando saúde psicológica – esse é um fato pode gerar muitos conflitos, pois quando não há aceitação, quem sai em desvantagem são os superdotados; h) as crianças superdotadas se tornam adultas eminentes – ser superdotado não garante eminência na vida adulta.

Para Guenther (2000 apud Freitas, 2006), os mitos e falsos conceitos,

como ela denomina, que envolvem as crianças mais capazes e talentosas já

estão abolidos e desacreditados. Contudo, quando pais e professores

desconhecem esses conceitos podem-se aparecer algumas dificuldades. A

seguir, serão apresentados quatro mitos e falsos conceitos que denominam o

superdotado:

a)Eles conseguem se desenvolver sozinhos e sem ajuda – Falso conceito e isso se tornam um dos principais empecilhos para que o professor perceba esses alunos como sendo uma criança com necessidades educacionais especiais; b) Eles são fisicamente fracos e emocionalmente instáveis; c) o talento desaparece, queima-se e, crianças muito dotadas não são produtivas por muito tempo na vida adulta – que permanecerão produtivas, sendo que tenham suas necessidades supridas e sejam estimuladas; d) o bem-dotado nasce assim, e nada pode modificá-lo, nem para mais e nem para menos – o meio que eles nascem contribuirá positivamente ou negativamente no seu desenvolvimento.

Já Alencar e Freith (2001 apud Freitas, 2006) apontam nove ideias

errôneas sobre o superdotado que, segundo as autoras, exercem grande

influência sobre as pessoas:

a)Superdotação como sinônimo de genialidade - considerando como gênio, que sabe tudo; b) Boa dotação intelectual como condição suficiente para alta produtividade na vida; esse mito diz que o superdotado tem recursos suficientes para se desenvolver sozinho. c) Não se deve informar à criança ou o jovem a respeito de suas habilidades superiores; d) Não deve comunicar à família que um de seus membros é superdotado; e) A criança superdotada apresentará necessariamente um bom rendimento escolar; f) Os nossos testes de inteligência não são adaptados à nossa realidade e por isso pouca utilidade têm para a identificação do superdotado; g) Todo superdotado tem um pouco de loucura; h) Superdotado é um fenômeno raro; i) É possível reprimir o talento em algumas crianças e desenvolvê-lo em outras.

Para o Ministério de Educação – MEC (BRASIL, 1999 apud Freitas,

2006) esses mitos são conceitos mal instituídos relacionados com os

superdotados. Sendo assim podem levar à discriminação ou, então, os

superdotados podem se tornar retraído, até preferindo encobrir o seu

potencial, visando a não identificação. Abaixo estão descritos outros doze

mitos relacionados aos superdotados:

a)Criança superdotada, “um adulto partido ao meio”; b) Todo superdotado é um gênio; c) Superdotado como um “sabe-tudo”; d) O superdotado é cem por cento: o mais arrumadinho, disciplinado e obediente; e) Todo superdotado é bem-sucedido na escola; f) Superdotação indicador de: rebeldia, desrespeito, desobediência, atrevimento, ousadia e “do contra”; g) Superdotação: condição suficiente para alta produtividade; h) Toda criança tem indício de superdotação “é superdotada”; i) Todo superdotado é “meio maluco”; j) Todo superdotado foi criança precoce, um prodígio; k) Superdotado só procede de família rica; l) Superdotado não, superestimulado.

Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação também são

confundidas com os termos conhecidos como precocidade, prodígio e gênio.

Segundo o ConBraSD (Conselho Brasileiro para Superdotação):

Criança precoce é aquela que apresenta alguma habilidade específica prematuramente desenvolvida em qualquer área do saber como, por exemplo, na música, na matemática, na linguagem, na leitura, nas habilidades motoras”. A “criança prodígio” é aquela que apresenta um desenvolvimento, em alguma área do saber humano, equivalente ao de um adulto especialista na área. Mozart, assim como Einstein, Gandhi, Freud e Portinari, entre outros mestres, são exemplos de gênios, termo este reservado para aqueles que deram contribuições extraordinárias à humanidade. São aqueles raros indivíduos que, até entre os extraordinários, se destacam e deixam sua marca na história. (CONBRASD, 2014).

Portanto, superdotados não podem ser confundidos com gênio,

criança prodígio e o precoce. Estes mitos são verbalizados devido ao

desconhecimento das pessoas que usam determinadas explicações por

desconhecerem as características de pessoas com Altas

Habilidades/Superdotação.

CONCEITO: ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Segundo Alencar e Fleith (2001), conceituar um aluno superdotado

não é uma tarefa simples, pois suas habilidades podem ser complexas e

múltiplas. “Superdotação trata-se de um conceito ou construto psicológico a

ser inferido a partir de uma constelação de traços ou características de uma

pessoa” (p.52). Portanto, apresenta aspectos de subjetividade do observador,

que favorece ou não o reconhecimento desses alunos.

Oficialmente no Brasil, nos anos de 1970, foi divulgada a seguinte

definição nos documentos oficiais do Ministério da Educação:

Altas Habilidades/Superdotação são crianças consideradas superdotadas e talentosas as que apresentam notável desempenho ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual, superior, aptidão acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para artes visuais, artes dramáticas e música e capacidade psicomotora. (FLEITH, 2007, p. 21)

No Art. 5º do Conselho Nacional de Educação Resolução CNE/CEB

nº 2 (2001), conceitua-se os alunos com Altas

Habilidades/Superdotaçãoaqueles que apresentam:

Grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. (..) Art. 8o As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns: (..) IX – atividades que favoreçam, ao aluno que apresente altas habilidades/superdotação, o aprofundamento e enriquecimento de aspectos curriculares, mediante desafios suplementares nas classes comuns, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para conclusão, em menor tempo, da série ou etapa escolar. (BRASIL, 2001, p. 02)

Na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva, apresenta-se a seguinte definição para alunos com Altas

Habilidades/Superdotação

Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse.Dentre os transtornos funcionais específicos estão: dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade, entre outros. (BRASIL, 2008, p.15)

Os termos mais utilizados para esse conceito são superdotado ou

talentoso que foi adotado pelo Conselho Mundial para crianças superdotadas

e talentosas, “superdotação que é usado pela Federação Ibero-Americana

Ficomundyt e Altas Habilidades que foi adotado pela influência do Conselho

Europeu”. (SABATELLA, 2008, p. 71)

CONCEPÇÃO DE SUPERDOTAÇÃO DE RENZULLI

Para Freitas (2006), há diversas concepções de inteligência e de

superdotação. Dentre elas, a opção deste estudo, é a de caracterizar o

superdotado através da concepção de Renzulli que é a Teoria da

Superdotação dos Três Anéis: habilidade superior à media, criatividade e

compromisso com a tarefa. O componente “habilidade acima da média” diz

respeito tanto a habilidades gerais como habilidades específicas sendo elas

capacidade de processar informações, integrar experiências que resultam

respostas a novas situações e engajar em pensamento abstrato. O

“Envolvimento com a tarefa” constitui-se no componente motivacional e

representaria a energia para resolver um dado problema ou tarefa como

pessoais, como perseverança, dedicação, esforço, autoconfiança e a crença

na própria habilidade de desenvolver um importante trabalho. Com relação à

“criatividade”, chama a atenção para as limitações inerentes aos testes de

criatividade, sugerindo uma análise dos produtos criativos da pessoa como

preferível à uma análise de seu desempenho em testes de criatividade.

Sendo assim, “os três componentes citados acima não necessitam

estar presentes ao mesmo tempo. O que ressalta ser o mais importante é

que estes componentes estejam interagindo em algum grau, para que um

alto nível de produtividade criativa possa surgir”. (FREITAS, 2006, p.46).

CARACTERÍSTICAS: RECONHECIMENTO

Pérez (2008), diz que diversos autores ao longo do tempo concordam

com algumas características que são mais comuns a esse grupo, sendo elas:

Busca de soluções próprias para os problemas; capacidade desenvolvida de análise, avaliação e julgamento; criatividade; independência de pensamento; produção ideativa; Concentração prolongada numa atividade de interesse; Consciência de si mesmo e de suas diferenças; Desgosto com a rotina; gosto pelo desafio; Habilidade em áreas específicas; interesse por assuntos e temas complexos, idéias novas e por várias atividades; Precocidade, precocidade na leitura e leitura voraz; Liderança; Memória desenvolvida; pensamento abstrato; rapidez e facilidade de aprendizagem; relacionamento de informações e associações entre idéias e conhecimentos; Vocabulário avançado, rico e extenso em relação aos seus pares; Persistência perante dificuldades inesperadas e tendência ao perfeccionismo; Sensibilidade aos problemas sociais e aos sentimentos dos outros; Senso de humor desenvolvido; Tendência ao isolamento; predileção por trabalharem sozinhos e a associar-se a pessoas mais velhas. (PERÉZ, 2008, p. 57)

Galbraith e Delisle (1996 apud Virgolim, 2007) apresentam uma lista

de comportamentos para desenvolver o processo de identificação desse

alunos a partir da observação de algumas características que podem

apresentar na sala de aula.

Aprende fácil e rapidamente; Original, imaginativo, criativo, não-convencional; amplamente informado; informado em áreas não comuns; pensa de forma incomum para resolver problemas; persistente, independente, auto-direcionado (faz coisa sem que seja mandado); Persuasivo, capaz de influenciar os outros; Mostra senso comum; pode não tolerar tolices; Inquisitivo, cético, curioso sobre o como e porque das coisas; adapta-se a uma variedade de situações e novos ambientes; esperto ao fazer coisas com materiais comuns; habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.); entende a importância da natureza (tempo, lua, sol, estrelas, solo, etc.); vocabulário excepcional, verbalmente fluente; aprende

facilmente novas línguas; trabalhador independente, mostra iniciativa; bom julgamento, lógico; flexível, aberto; versátil, muitos interesses, interesses além da idade cronológica; mostra insights e percepções incomuns; demonstra alto nível de sensibilidade, empatia com relação aos outros; apresenta excelente senso de humor; resiste à rotina e repetição; expressa idéias e reações, freqüentemente de forma argumentativa; sensível à verdade e à honra.” (VIRGOLIM, 2007, p. 44).

Para Delou (2007), há vários comportamentos que podem ser observados no reconhecimento de um superdotado tais como:

“Gosta de quebra-cabeça e jogos problema; interessa-se mais por atividades criadoras do que por atividades repetitivas e rotineiras; gosta de aceitar desafios; tem excelente capacidade de raciocínio; apresenta independência de pensamento; emite julgamentos amadurecidos; possui curiodidade diversificada; é imaginativo; executa tarefas além das pedidas; tem idéias rapidamente; cria suas prórias soluções.” (DELOU, 2007, p.07)

A pessoa com Altas Habilidades/Superdotaçãoé aquela que apresenta

potencial superior, quando comparada aos pares da mesma faixa etária.

Podem caracterizar-se como acadêmico ou criativo-produtivo:

A superdotação acadêmicase refere às habilidades cognitivas frequentemente identificáveis por meio de testes psicométricos e desempenho escolar vestem refletirem o resultado das situações tradicionais de aprendizagem valorizadas no meio acadêmico, com ênfase, por exemplo, na área linguística ou no lógico-matemática. A superdotação criativo-produtivadificilmente pode ser mensurada nos processos formais de avaliação, visto que suas características enfatizam o pensamento divergente, o elevado nível de criatividade e a capacidade de produção independente, quando em contato com seu centro de interesse. Nem sempre a superdotação criativo-produtiva é identificada na escola, visto que os interesses e habilidades raramente estão contempladas no currículo escolar. (RENZULLI E

REIS, 1997 apud FLEITH, 2007, p.12).

Por isso, a superdotação acadêmica é a mais demonstrada pelos

testes, pois eles tendem a enfatizar a aprendizagem, porque as suas

capacidades são mais valorizadas no cotidiano escolar.

PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO

A identificação pode ser realizada por professores e especialistas, pois

é importante que sejam avaliadas por pessoas que tenham domínio da área.

Ao longo dos anos, inúmeras propostas foram desenvolvidas para a

avaliação e diagnóstico da Superdotação intelectual, baseados em testes de

inteligência, avaliações de padrões comportamentais e de condições de

desenvolvimento.

Segundo Guenther (2006) quem identifica um superdotado na escola é

o professor, pois é ele quem convive diariamente com cada criança.

O professor desempenha um papel significativo nesse processo, pois ele: (a) observa o aluno em sua sala de aula e, através dessa observação, (b) faz a indicação dos mesmos se apresentarem características de altas habilidades/superdotação para compor a avaliação mais global.” (AZEVEDO, 2010, p. 34).

No processo escolar é necessário uma equipe, que sejam de um

pedagogo, psicopedagogo e um psicólogo, bem como um profissional da

área de habilidade apresentada pelo avaliado.

Há três estratégias para a identificação de acordo com o documento

do Ministério de Educação:

os instrumentos de identificação mais utilizados nos programas de atendimento ao aos alunos com altas habilidades/superdotação têm sido: a) testes psicométricos; b) escalas de características; c) questionários; d) observação do comportamento;

entrevistas com a família e professores, entre outros(FLEITH, 2007, p.55)

A identificação do aluno com Altas Habilidades/Superdotação requer a

realização de vários procedimentos e precisa ser um processo contínuo.

Esses procedimentos devem ter etapas como a avaliação escolar que

permite analisar os conhecimentos, estilos de aprendizagem e de trabalho do

aluno. Ela deve ser realizada através de observação sistemática de seus

traços e, também, através do desempenho ao longo de tarefas.

Pode ser aplicado o teste de QI é um dos métodos utilizados, mas não

deve ser o único.

Segundo Azevedo (2010), o processo de identificação deve envolver

uma avaliação abrangente multidimensional que englobe variados

instrumentos e diversas fontes de informações como indivíduos, professores,

colegas de turma e familiares. Além disso, a identificação desses alunos deve

conter uma base referencial teórica para obter resultados coerentes.

Para que ocorra a identificação dos alunos pelos profissionais que

avaliam as Altas Habilidades/Superdotação, faz-se necessária, também, a

indicação através de seus professores, colegas, pais e familiares, entre

outros.

A escola deve ser um espaço de identificação e acolhimento desses

talentos. Atitudes inclusivas da escola são de fundamental importância para o

desenvolvimento do potencial dos sujeitos com Altas Habilidades/

Superdotação.

Ao serem identificados, esses alunos são indicados para avaliação e

participação em programas especiais existentes quando são observados, em

sala de aula, suas habilidades, talentos, envolvimento com a tarefa e

criatividade, pois esses alunos precisam de um Atendimento Educacional

Especializado (Sala de Recursos), é um programa que atende aos alunos de

escolas das redes públicas e privadas. É um espaço importante que

oportuniza aos alunos com Altas Habilidades/Superdotação desenvolver suas

capacidades, permitindo realizar atividades que promovam a expansão dos

seus conhecimentos. (VIRGOLIM, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho permitiu conhecer, por meio de referencial teórico, os

alunos com Altas Habilidades/Superdotação, suas características, tais como:

seus talentos, criatividade, perfeccionismo, originalidade e imaginação.

Quanto ao processo de identificação mostrou que são necessários vários

procedimentos, além dos tradicionais escores dos testes de QI, e que deve

ser considerado um processo contínuo. Entende-se que os professores são

vitais na identificação das Altas Habilidades/Superdotação, pois muitos

desses alunos não são identificados e assim não é feito a atuação correta

com eles, e suas habilidades não são estimuladas.

Apesar das diretrizes legais atentarem para os alunos com Altas

Habilidades/Superdotação o que se percebe na prática é que somente as leis

não bastam. A realidade tem demonstrado que muitos professores e

inclusive, legisladores, desconhecem e questionam a necessidade de

diretrizes legais que apontem este aluno como público-alvo da Educação

Especial. É de fundamental importância o compromisso político e pedagógico

do sistema de ensino na implementação de ações inclusivas a todos os

alunos, incluindo os que apresentam capacidade destacada e alto nível de

criatividade.

Há necessidade premente de identificação dos superdotados, para

além de conhecer suas necessidades, implementar estratégias pedagógicas

para proporcionar um atendimento diferenciado a estes alunos. Além disto,

também é necessário a inclusão na formação do profissional de conteúdos

específicos na área de educação especial – superdotações, proporcionando

aos professores a possibilidade de observar, avaliar e desenvolver

potencialidades específicas.

É necessário ir além do que está definido no papel e que sejam

realizadas ações concretas: cursos de capacitação, investimento na

formação continuada para professores, palestras informativas à comunidade

em geral, entre outros. Com isso os mitos podem ser amenizados ou até

mesmo superados, e para que o atendimento a esta clientela não seja

prejudicado pela falta de informação ou pela informação errada.

O presente trabalho contribuiu para a formação inicial em relação ao

reconhecimento do aluno com Altas Habilidades/Superdotação que necessita

ser incluído no contexto de sala de aula comum. Enquanto futuras pedagogas

há necessidade de continuidade dos estudos para a implementação da

inclusão de todos os alunos, inclusive dos superdotados.

Assim, as informações abordadas e discutidas ao longo deste trabalho

podem colaborar para elaboração e implementação de atividades e

programas voltados aos indivíduos com Altas Habilidades/Superdotação,

rompendo barreiras, os mitos, as crenças, o pensamento do senso comum,

favorecendo uma educação inclusiva e eficaz para que todos os alunos

tenham suas necessidades educacionais atendidas.

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