Andragogia e a Formação Em Educação Física

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  • 5/20/2018 Andragogia e a Formao Em Educao Fsica

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    PS-GRADUAO UNOPAR

    UNIVERSIDADE DO NORTE DO PARAN

    ESPECIALIZAO EM DOCNCIA DO ENSINO SUPERIOR

    DAVI PIRES SANTOS

    ANDRAGOGIA E A FORMAO DE PROFESSORES DE

    EDUCAO FSICA

    BARREIRAS

    2014

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    DAVI PIRES SANTOS

    ANDRAGOGIA E A FORMAO DE PROFESSORES DE

    EDUCAO FSICA

    BARREIRAS

    2014

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado

    Ps-graduao UNOPAR, como requisito parcial

    para obteno do ttulo de especializao em

    docncia do ensino superior.

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    SUMRIO

    INTRODUO........................................................................................................3

    CAPITULO IANDRAGOGIA.............................................................................4

    1.1 Etimologia...............................................................................................4

    1.2 Definio de Andragogia........................................................................4

    1.3 Histria da Andragogia...........................................................................4

    1.4 Andragogia e Pedagogia.........................................................................7

    1.5 Caractersticas da Aprendizagem para adultos.......................................10

    1.6 Definio de Adulto................................................................................12

    CAPITULO II - EDUCAO FSICA E ANDRAGOGIA ....................................13

    2.1 Origens da Educao Fsica.....................................................................13

    2.2 Concepes da Educao Fsica..............................................................132.3 Aproximaes..........................................................................................15

    2.4 Motivao para adultos e a Educao Fsica...........................................16

    CAPITULO III - ENSINO SUPERIOR E ANDRAGOGIA....................................18

    CONCLUSO...........................................................................................................20

    REFERNCIAS.........................................................................................................21

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    INTRODUO

    Neste trabalho, foi escolhida a linha de pesquisa Andragogia, e a sua utilidade noscursos de licenciatura, especificamente na formao de professores de Educao

    Fsica, onde observa-se a presena de adultos no campo de trabalho, sendo conduzidos

    conforme estudos da pedagogia, observando-se ainda, por parte dos estudiosos da rea,

    uma busca por relaes mais horizontais no processo de ensino-aprendizagem, e

    tambm uma busca por novas tcnicas que possam aprimorar o que j vem sendo feito,

    tcnicas que proporcionem maior eficincia, possivelmente o caso da Andragogia, que

    se caracteriza como rea de estudos relacionados ao aprendizado por parte de sereshumanos que j alcanaram a fase adulta do desenvolvimento.

    Fornece, portanto, um novo campo de estudos para a apropriao da Educao Fsica,

    rea que j se apropria de contedos da filosofia, antropologia, sociologia, psicologia e

    pedagogia entre outros, aperfeioando o processo ensino-aprendizagem dos adultos

    assim como j o faz se apropriando da pedagogia para aperfeioar o processo ensino-

    aprendizagem das crianas.

    O tema foi escolhido por afinidade com os estudos pedaggicos dentro da rea da

    educao fsica, muitas vezes erroneamente estereotipada como sendo foco de estudos

    apenas sobre o corpo humano. A Andragogia, assim como a Pedagogia, para os

    educadores da Educao Fsica, oferecem novos olhares sobre a Educao em geral,

    capazes de serem aplicados na Educao Fsica, capazes de libertar seus defensores

    dos limites que uma educao focada apenas no corpo humano proporcionaria.

    (concepo tecnicista)

    Objetiva-se despertar o interesse do leitor no tema Andragogia e nas particularidades

    da educao para adultos, com expectativa de que a Andragogia possa ser inserida no

    currculo dos cursos de licenciatura em Educao Fsica dada sua importncia, assim

    como, os estudiosos esperavam que a Pedagogia desempenhasse um papel maior,

    como parte dos estudos dos educadores da Educao Fsica. (concepo pedagogicista)

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    DESENVOLVIMENTO

    1.

    A ANDRAGOGIA

    1.1 Etimologia

    A palavra Andragogia explicada na citao abaixo:

    o prefixo andr(o) tem origem no grego na forma de anr andrs,sendo relativo a homem. Jgogia, sufixo comum aos termos em voga advmdo sufixo logiaque explicado por Cunha (1982, p. 480), como originriode log(o), que por sua vez oriundo do grego logose que relacionado palavra estudo.(SANTOS, 2006, p.2)

    1.2 Definio de Andragogia

    Waal & Telles (2004) sinalizam que a Andragogia foi definida porMalcolm Knowles como a arte e cincia de ajudar o adulto a aprender, emoposio Pedagogia, que cuida do ensino de crianas. Os conceitos deKnowles foram amplamente discutidos, prevalecendo, hoje, a posio de queos dois campos no so mutuamente excludentes. Segundo eles, Knowleschegou a indicar que os dois conceitos formariam um continuum, indo daeducao centrada no professor educao centrada noaprendedor. (MORAIS, 2007, p.5)

    Noutra definio da Andragogia:

    a disciplina educativa que tenta compreender o adulto a partir detodos os componentes humanos, quer dizer, como um ser biolgico e social.Afirma ainda que: Por levar em considerao de acordo com Arroyo(1996), o conhecimento tcito e a experincia acumulada pelos adultos maisvelhos e idosos ao longo da vida como elementos fundamentais dos seusmtodos educativos/formativos, a Andragogiaao contrario da Pedagogia se adequaria melhor a Educao de Jovens e Adultos.(OLIVEIRA, 2012,p.2)

    1.3 Histria da Andragogia:

    logo aps o fim da primeira guerra mundial, tanto nos EstadosUnidos como na Europa, comeou a emergir um corpo crescente de noessobre as caractersticas peculiares dos estudantes adultos. Mas, s nasltimas dcadas, essas noes evoluram para um modelo integrado deaprendizagem de adulto.(MORAIS, 2007, p.6)

    Ainda o mesmo autor:

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    duas linhas de investigao se desenvolveram logo aps a fundaoda Associao Americana para a Educao de Adultos, em 1926. Uma linhapode ser classificada como uma linha de pesquisa cientfica e a outra, comouma linha artstica / intuitiva / reflexiva.A primeira busca descobrir um novo conhecimento por intermdio derigorosa investigao e foi lanada por Edward Thordike, com a publicaode "Aprendizagem Adulta", em 1928. Seus estudos, de base condutista /comportamental, por meio de experincias de laboratrio, demonstraram queos adultos podiam aprender e isso foi importante, porque forneceu umafundamentao cientfica para um campo que tinha sido baseado na meracrena de que adultos podiam aprender.

    Uma segunda vertente diferente da de Thorndike elegeu como objetode investigao. A linha artstica / intuitiva / reflexiva que, por outro lado,buscou descobrir novos conhecimentos por intuio e anlise da experincia,estando preocupada em como o adulto aprende. Esta linha de investigaofoi lanada com a publicao de O significado da Educao de Adultos deEduard C. Lindeman, em 1926, fortemente influenciada pela filosofiaeducacional de John Dewey.

    Somente em 1960, num workshop em Boston, apresentou-se o termoAndragogia, que significava a arte e a cincia de ajudar os adultos aaprender e foi, segundo o autor, a anttese do modelo pedaggico.(MORAIS, 2007, p.6)

    Estes dois autores, Thordike e Linderman, tornam-se referenciais para o estudo

    da aprendizagem do adulto. O mtodo de Thordike, ao provar que adultos podem

    aprender, rompe paradigmas populares, que acreditavam no ser possvel ensinar nada

    a pessoas j adultas, como na frase Burros velhos no aprendem coisas novas!.

    Chegou a acreditar-se na poca que investir na educao de adultos seria perda de

    tempo, o que foi contrariado pelos estudos de Thordike. Dewey, citado como forte

    influncia para Linderman, foi nas palavras de MORAIS (2007, p.5) um filsofo que

    se tornou um dos maiores pedagogos americanos, contribuindo, intensamente, para a

    divulgao dos princpios do movimento que se chamou de Escola Nova.. Para

    Zacharias apud MORAIS(2007, p.5), Dewey no aceita a educao pela instruo,

    propondo a educao pela ao; critica severamente a educao tradicional,

    principalmente no que se refere nfase dada ao intelectualismo e memorizao.

    Mais adiante ser exposto o pensamento de Linderman, tambm de grande

    influncia na Andragogia.

    Do inicio dos estudos sobre a Andragogia, relata-se:

    a partir de 1970 , Malcom Knowles trouxe a tona as idias plantadas porLinderman. Publicou vrias obras, entre elas "The Adult Learner - A

    Neglected Species" (1973), introduzindo e definindo o termo Andragogia -A Arte e Cincia de Orientar Adultos a Aprender. Da em diante, muitos

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    educadores passaram a se dedicar ao tema, surgindo ampla literatura sobre oassunto.(CAVALCANTI, 1999, p.1)

    Porm as origens da educao para adultos parece ter sido um modelo antigo

    de ensino, posteriormente suprimida at o perodo posterior primeira GuerraMundial. A origem da pedagogia, ento teria sido posterior a andragogia, o que se

    constata nas citaes que seguem:

    No comeo do sculo VII, foi iniciada na Europa escolas para oensino de crianas, cujo objetivo era - preparar jovens rapazes para o servioreligioso - eram as conhecidas Catedrais ou Escolas Monsticas. Osprofessores dessas escolas tinham como misso a doutrinao dos jovens nacrena, f e rituais da igreja. Eles ajuntaram uma srie de pressupostos sobreaprendizagem, ao que denominaram de "pedagogia"- a palavra, literalmente,significa "a arte e cincia de ensinar crianas" (A etimologia da palavra grega: "paido", que significa criana, e "agogus" que significa educar). Essemodelo de educao monstico foi mantido atravs dos tempos at o sculoXX, por no haver estudos aprofundados de sua inadequao para outrasfaixas etrias que no a infantil. (OLIVEIRA, 2006, p.2)

    Explicada as origens da Pedagogia, o mesmo autor j havia concebido aexistncia da Andragogia em tempos remotos, quando afirma:

    A percepo desses grandes pensadores quanto aprendizagem, erade que ela um processo de ativa indagao e no de passiva recepo decontedos transmitidos. Por isso suas tcnicas educacionais desafiavam oaprendiz para a indagao.(OLIVEIRA, 2006, p.1)

    Referindo-se a nomes como Jesus Cristo, Lao Ts, Confcio, Aristteles, Scrates,Plato, Cicero, Evelid e Quintillian, para demonstrar que: A Educao de Adultos umaprtica to antiga quanto a histria da raa humana, ainda que s recentemente ela tenha sidoobjeto de pesquisa cientfica.(OLIVEIRA, 2006, p1)

    1.4 Andragogia e Pedagogia

    Em diversas obras, Knowles (1980, 1990a, 1990b) condensou osprincipais pressupostos da andragogia e contrastou-os com os pressupostospedaggicos. Atravs deste contraste, o autor procurou salientar ainadequao da ideologia pedaggica na lide com adultos e a necessidade deimplementar um modelo inovador e mais pragmtico. (NOGUEIRA, 2004,

    p.3)

    Desta forma, contrastando os dois estudos, seguem abaixo alguns quadroscomparativos da prtica Pedaggica e Andragogica:

    Caractersticas da

    AprendizagemPedagogia Andragogia

    Relao Professor/Aluno

    Professor o centro das

    aes, decide o queensinar, como ensinar e

    A aprendizagem adquire

    uma caracterstica maiscentrada no aluno, na

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    avalia a aprendizagem independncia e na auto-

    gesto da aprendizagem.

    Razes da Aprendizagem

    Crianas (ou adultos)

    devem aprender o que a

    sociedade espera que

    saibam (seguindo um

    curriculo padronizado)

    Pessoas aprendem o que

    realmente precisam saber

    (aprendizagem para a

    aplicao prtica na vida

    diria).

    Experincia do Aluno

    O ensino didtico,

    padronizado e a

    experincia do aluno tempouco valor

    A experincia rica fonte

    de aprendizagem, atravs

    da discusso e da soluode problemas em grupo.

    Orientao da

    Aprendizagem

    O ensino didtico,

    padronizado e a

    experincia do aluno tem

    pouco valor

    Aprendizagem baseada em

    problemas, exigindo ampla

    gama de conhecimentos

    para se chegar a soluo

    (CAVALCANTI, 1999, p.3)

    Modelo Pedaggico Modelo Andraggico

    Papel da Experincia

    A experincia daquele que

    aprende considerada de

    pouca utilidade. O que

    importante, pelo contrrio,

    a experincia do

    professor.

    Os adultos so portadores de

    uma experincia que os

    distingue das crianas e

    dos jovens. Em numerosas

    situaes de formao, so os

    prprios adultos com a suaexperincia que constituem o

    recurso mais rico para as suas

    prprias aprendizagens.

    Vontade de Aprender

    A disposio para aprender

    aquilo que o professor

    ensina tem como

    fundamento critrios eobjetivos internos lgica

    Os adultos esto dispostos a

    iniciar um processo de

    aprendizagem desde que

    compreendam a sua utilidadepara melhor afrontar problemas

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    escolar, ou seja, a

    finalidade de obter xito e

    progredir em termos

    escolares.

    reais da sua vida pessoal e

    profissional.

    Orientao da

    Aprendizagem

    A aprendizagem encarada

    como um processo de

    conhecimento sobre um

    determinado tema. Isto

    significa que dominante a

    lgica centrada nos

    contedos, e no nos

    problemas.

    Nos adultos a aprendizagem

    orientada para a resoluo de

    problemas e tarefas com que se

    confrontam na sua vida

    cotidiana (o que desaconselha

    uma lgica centrada noscontedos)

    Motivao

    A motivao para a

    aprendizagem

    fundamentalmente

    resultado de estmulos

    externos ao sujeito, como

    o caso das classificaes

    escolares e das apreciaes

    do professor.

    Os adultos so sensveis a

    estmulos da natureza externa

    (notas, etc), mas so os fatores

    de ordem interna que motivam

    o adulto para a aprendizagem

    (satisfao, auto-estima,

    qualidade devida, etc)

    (OLIVEIRA, 2012, p.6)

    Critrios Pedagogia Andragogia

    Autoconceito Dependncia Auto direo crescente

    Experincia De pouco valorAprendizes como fontes de

    aprendizagem

    ProntidoPresso social de

    desenvolvimento biolgico

    Tarefas de

    desenvolvimento, papeis

    sociais

    Perspectiva temporal Aplicao adiada Aplicao imediata

    Orientao da Centrada na matria Centrada nos problemas

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    aprendizagem

    (MORAIS, 2007, p.9)

    Critrios Pedagogia Andragogia

    Clima

    Orientada para autoridade

    Formal

    Competitivo

    Mutualidade / Respeito

    Informal

    Colaborativo

    Planejamento Pelo professor Compartilhado

    Diagnstico de

    necessidades Pelo professor Autodiagnostico mtuo

    Formulao de objetivos Pelo professor Negociao Mutua

    DesignLgica da matria

    Unidade de contedos

    Sequencia em termos de

    prontido

    Unidade de problemas

    Atividades Tcnicas de Transmisso

    Tcnicas de experincia

    Vivncias / Indagaes

    Avaliao Pelo professor

    Rediagnostico conjunto de

    necessidades

    Mensurao conjunta do

    programa

    (MORAIS, 2007, p.9)

    1.5 Caractersticas da Aprendizagem para adultos

    Retomando o pensamento de Lindeman, percursor da segunda linha de

    investigao, este identificou, pelo menos, cinco pressupostos-chave para a educao

    de adultos e que mais tarde transformaram-se em suporte de pesquisas. Hoje eles

    fazem parte dos fundamentos da moderna teoria de aprendizagem de adultos, e dizem:

    1. Adultos so motivados a aprender medida em que experimentamque suas necessidades e interesses sero satisfeitos. Por isto estes so ospontos mais apropriados para se iniciar a organizao das atividades deaprendizagem do adulto.

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    2. A orientao de aprendizagem do adulto est centrada na vida; poristo as unidades apropriadas para se organizar seu programa deaprendizagem so as situaes de vida e no disciplinas.

    3. A experincia a mais rica fonte para o adulto aprender; por isto,

    o centro da metodologia da educao do adulto a anlise das experincias.4. Adultos tm uma profunda necessidade de serem autodirigidos;

    por isto, o papel do professor engajar-se no processo de mtua investigaocom os alunos e no apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depoisavali-los.

    5. As diferenas individuais entre pessoas cresce com a idade; poristo, a educao de adultos deve considerar as diferenas de estilo, tempo,lugar e ritmo de aprendizagem. (OLIVEIRA, 2006, p.5)

    Outros pensamentos de Linderman, conforme Knowles apud MORAIS so

    fundamentais para retratar um modo novo de pensar a respeito da aprendizagem de

    adultos, e fundamentam a teoria sistemtica sobre a aprendizagem de adultos, so eles:

    [...] A educao de adulto ser atravs de situaes e no de disciplinas.Nosso sistema acadmico cresce em ordem inversa: disciplinas e professoresconstituem o centro educacional. Na educao convencional exigido doestudante ajustar-se ao currculo estabelecido; na educao de adulto ocurrculo construdo em funo da necessidade do estudante. Todo adultose v envolvido com situaes especficas de trabalho, de lazer, de famlia,da comunidade, etc. situaes essas que exigem ajustamentos. O adultocomea nesse ponto. As matrias (disciplinas) s devem ser introduzidasquando necessrias. Textos e professores tm um papel secundrio nesse tipode educao; eles devem dar a mxima importncia ao aprendiz. (p. 8-9).[...] A fonte de maior valor na educao de adulto a experincia doaprendiz. Se educao vida, vida educao. Aprendizagem consiste nasubstituio da experincia e conhecimento da pessoa. A psicologia nosensina que, ainda que aprendemos o que fazemos, a genuna educaomanter o fazer e o pensar juntos.

    [...] A experincia o livro vivo do aprendiz adulto. (p. 9-10)[...] Ensino autoritrio; exames que predeterminam o pensamento original;frmulas pedaggicas rgidas tudo isto no tem espao na educao deadulto

    [...] Adultos que desejam manter sua mente fresca e vigorosa comeam aaprender atravs do confronto das situaes pertinentes. Buscam seusreferenciais nos reservatrios de suas experincias, antes mesmo das fontesde textos e fatos secundrios. So conduzidos a discusses pelos professores,os quais so, tambm, referenciais de saber e no orculos. Isto tudoconstitui os mananciais para a educao de adultos, o modernoquestionamento para o significado da vida. (p.10-11)[...] A teoria de aprendizagem de adultos apresenta um desafio para osconceitos estticos da inteligncia, para as limitaes padronizadas daeducao convencional e para a teoria que restringe as facilidadeseducacionais a uma classe intelectual.

    [...] A educao de adultos uma tentativa de descobrir um novo mtodo ecriar um novo incentivo para aprender, suas implicaes so qualitativas,no quantitativas. Os estudantes adultos so justamente aqueles cujasaspiraes intelectuais so menos provveis de serem despertadas pelas

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    instituies de aprendizagem convencionalizadas, rgidas e inflexveis.(p.17-18)

    [...] A aprendizagem um processo pelo qual o adulto aprende a tornar-seconsciente e avaliar sua experincia. Para fazer isso ele no pode comear

    pelo estudo de assuntos na esperana que algum dia esta informao sertil.

    [...] Minha concepo de educao para adultos esta: uma aventuracooperativa na aprendizagem informal e no autoritria, com o propsitoprincipal que descobrir o significado da experincia, uma tcnica deaprendizagem para adultos que faz a educao relacionar-se com a vida.(p.22)[...] Uma das grandes distines entre a educao de adultos e a educaoconvencional encontrada no processo de aprendizagem em si mesmo.Nenhum outro, seno o humilde, pode vir a ser um bom professor de adultos.Na classe do estudante adulto, a experincia tem o mesmo peso que o

    conhecimento do professor. Ambos so compartilhados par-a-par. De fato,em algumas das melhores classes de adultos, difcil de se distinguir quemaprende mais: se o professor ou o estudante. Este caminho duplo reflete-se,tambm, na diviso de autoridade. Na educao convencional, o aluno seadapta ao currculo oferecido, mas na educao de adulto, o aluno ajuda naformulao do currculo

    [...] Sob as condies democrticas, a autoridade do grupo. Isto no umalio fcil, mas enquanto no for aprendida, a democracia no tem sucesso.(p.166) (MORAIS, 2007, p.7)

    Expostas as duas principais linhas, segue-se aos estudos das caractersticas daaprendizagem dos adultos por outros autores, que permitem uma visualizao melhor da

    utilizao prtica da Andragogia, assim como o faz a Pedagogia.Kelvin Miller apud CAVALCANTI(1999, p.2) afirma: estudantes adultos

    retm apenas 10% do que ouvem, aps 72 horas. Entretanto sero capazes de lembrar

    de 85% do que ouvem, vm e fazem, aps o mesmo prazo.

    Ainda sobre a absoro do conhecimento fornece dois recursos:

    O "Teste de 3 minutos" um excelente recurso para fixar o conhecimento.Os alunos so solicitados a escrever no espao de 3 minutos, o mximo quepuderem sobre o assunto que foi discutido. Isto refora o aprendizado

    criando uma percepo visual sobre o assunto.(CAVALCANTI,1999, p.6)

    Adultos podem se concentrar numa explanao terica durante 07minutos. Depois disso, a ateno se dispersa. Este perodo dever serusados pelo Professor para estabelecer os objetivos e a relevncia doassunto a ser discutido, enfatizar o valor deste conhecimento e dizer oquanto sente-se motivado a discut-lo. Vencidos os 07 minutos, tempo de iniciar uma discusso ou outra atividade, de modo adiversificar o mtodo e conseguir de volta a ateno. Estasalternncias podem tomar at 30% do tempo de uma aula terica,

    porm permitem quadruplicar o volume de informaes assimiladas

    pelos estudantes. (CAVALCANTI, 1999, p.6)

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    1.6 Definio de Adulto

    O termo adulto, objeto de estudo da Andragogia, carece entretanto de uma

    definio mais apurada, j que se torna o foco deste estudo. Adulto no deve ser mais

    um termo que se refere apenas faixa etria. Adulto, conclu OLIVEIRA(2006, p.9),

    aquele indivduo que ocupa o status definido pela sociedade, por ser maduro o

    suficiente para a continuidade da espcie e autoadministrao cognitiva, sendo capaz

    de responder pelos seus atos diante dela..

    Para a elaborao deste conceito, o autor acima considera pelo menos, quatro

    aspectos da capacidade humana: sociolgico, biolgico, psicolgico e jurdico, citados:

    1. A capacidade sociolgica diz respeito aos padres que a sociedadeestabelece para reconhecer a independncia do indivduo para assumir suaresponsabilidade produtiva. relacionada, portanto, ao plano econmico.

    2. A capacidade biolgica refere-se potencialidade de reproduo daespcie. Essa fase marcada pela puberdade, ou seja o menino capaz deejacular e a menina de menstruar, o que anuncia a maturidade fsica, econsequente capacidade de procriao.

    3. A capacidade psicolgica est ligada independncia psquica doindivduo. caracterizada pela competncia auto administrativa, que permiteo indivduo estabelecer seu prprio equilbrio, resultante dos conflitoscognitivos que so gerados pelas foras dissonantes e consonantes do seu

    processo mental.4. A capacidade jurdica relacionada s normas legais para orelacionamento pblico do cidado. Nessa esfera ele considerado apto ouno para responder por seus atos que, por ventura venham a infringir ospadres morais de convivncia social.(OLIVEIRA, 2006, p.9)

    Concluindo, sobre a importncia da Andragogia para a educao, sua prpriaexistncia j simboliza uma vitria, conforme elucida:

    A diferenciao entre a educao de adultos e de crianas e jovensrepresenta um passo importante na histria da educao de adultos, quepermaneceu muitos anos (e em vrios pases) como um apndice do sistema

    regular de ensino.(NOGUEIRA, 2004, p17)Ademais, conforme afirma o Relatrio global sobre aprendizagem de adultos:

    Uma compreenso geral da educao de adultos requer que se reconhea adiversidade de tipos de oferta, finalidades e contedos que podem serincludos em uma definio significativa. A educao de adultos importante para o empoderamento pessoal, bem-estar econmico, coeso dacomunidade e desenvolvimento social. Como setor, a educao de adultoscontribui para a reduo da pobreza e do desemprego, qualificao da forade trabalho, diminuio da propagao do HIV/Aids, preservao econservao do meio ambiente, maior conscientizao sobre os direitos

    humanos, combate ao racismo e xenofobia, apoio aos valores democrticose exerccio ativo da cidadania, e fortalecimento da equidade e igualdade degnero.

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    2. A EDUCAO FSICA E A ANDRAGOGIA

    A Educao Fsica, uma rea do conhecimento que passou por diversastransformaes ao longo da histria, especificamente no Brasil, na busca por se

    aperfeioar e atender de maneira mais condizente, seu pblico-alvo, seja nas escolas,

    principalmente com o ensino do esporte, nas academias, atravs dos exerccios

    resistidos, ou nas empresas sob a forma de ginsticas, alm de toda a movimentao do

    esporte para alm das escolas, no esporte olmpico, ou de alto rendimento.

    Essas mudanas caracterizam uma Educao Fsica com muita identidade, porm

    to flexvel quanto os tendes dos atletas ginastas.

    2.1 Origens da Educao Fsica

    Educao fsica uma expresso que surge no sculo XVIII, em obras defilsofos preocupados com a educao. A formao da criana e do jovempassa a ser concebida como uma educao integralcorpo, mente e esprito, como desenvolvimento pleno da personalidade. A educao fsica vemsomar-se educao intelectual e educao moral.(BETTI, 2002, p.73)

    Durante a histria da Educao Fsica, surgem vrias concepes da mesma, que

    tratam-se de contextos histricos e contedos que foram sendo absorvidos pelaEducao Fsica, adaptando-se e evoluindo em busca do conhecimento, apropriando-se

    de inmeras outras disciplinas, o que forma hoje o vasto estudo multidisciplinar que a

    Educao Fsica prope. Assim algumas concepes j citadas na introduo deste

    trabalho acerca do papel da Educao Fsica na sociedade surgiram como explica-se

    abaixo:

    2.2 Concepes da Educao FsicaExiste pelo menos um ponto em comum entre as vrias concepes deEducao Fsica: a insistncia na tese da Educao Fsica como atividadecapaz de garantir a aquisio e manuteno da sade individual. Com maiorou menor nfase, as concepes de Educao Fsica, de um modo geral, nodeixam de resgatar verses que, em ltima estncia, estariam presas no lemamente s em corpo so. (JUNIOR, 2007, p.17)

    Para ambientalizar o leitor, sero esclarecidas trs concepes, duas decaractersticas bastante ligadas ao esteretipo do profissional de educao fsica, e umaterceira, que j expe o leitor luz dos estudos realizados pela Educao Fsica ao

    longo do seu percurso na histria do Brasil.

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    No caso da Educao Fsica Higienista, a nfase em relao questo sadeest em primeiro plano. Para tal concepo, cabe Educao Fsica umpapel fundamental na formao de homens e mulheres sadios, fortes,dispostos ao. Mais do que isso, a Educao Fsica Higienista no seresponsabiliza somente pela sade individual das pessoas. Em verdade, elaage como protagonista num projeto de "assepsia social". Desta forma, paratal concepo a ginstica, o desporto, os jogos recreativos etc. devem, antesde qualquer coisa, disciplinar os hbito das pessoas no sentido de lev-las ase afastarem de prticas capazes de provocar a deteriorao da sade e damoral, o que "comprometeria a vida coletiva. (JUNIOR, 2007, p.17)

    A Educao Fsica Militarista no se resume numa prtica militar depreparo fsico. acima disso, uma concepo que visa impor a toda asociedade padres de comportamento estereotipados, frutos da condutadisciplinar prpria ao regime de caserna. [...] o objetivo fundamental da

    Educao Fsica Militarista a obteno de uma juventude capaz de suportaro combate, a luta, a guerra. Para tal concepo, a Educao Fsica deve sersuficientemente rgida para "elevar a Nao" condio de "servidora edefensora da Ptria". (JUNIOR, 2007, p.18)

    Tanto a Educao Fsica Higienista como a Educao FsicaMilitarista no colocam, de forma sistemtica e contundente, a problemticada Educao Fsica como uma atividade prioritariamente educativa, ou seja,como disciplina comum aos currculos escolares. A Educao FsicaPedagogicista , pois, a concepo que vai reclamar da sociedade anecessidade de encara a Educao Fsica no somente como uma prtica

    capaz de promover sade ou de disciplinar a juventude, mas de encarar aEducao Fsica como uma prtica eminentemente educativa. (JUNIOR,2007, p.19)

    2.3 Aproximaes

    Das trs concepes supracitadas, com relao Educao Fsica Pedagogicista

    que os estudos andraggicos mais se aproximam, visto que esta tenta colocar a

    Educao em primeiro plano. Porm a Educao Fsica no parou de progredir em suas

    concepes. Em uma das concepes a Educao Fsica j se aproxima dos conceitos

    aprendidos na Andragogia, conforme ilustra:

    Na concepo progressista, o professor, orientador da aprendizagem,faz diagnsticos, considera a capacidade de aprendizagem do aluno, e seauto avalia; o aluno, sujeito da aprendizagem, mais crtico e tambm seauto avalia; a avaliao contnua, e serve para a reorientao doprocesso..(BETTI, 2002, p.78)

    Aqui porm, apesar da proximidade com a flexibilidade da andragogia, ainda no

    se identifica nenhuma especificidade quanto fase adulta, ficando sob a

    responsabilidade da pedagogia, todo o ensino da Educao Fsica. Assim, para discutiros objetos de estudo da Educao Fsica, cita-se OLIVEIRA(1983, p. 39) que

    questiona: Oincio de nossas reflexes deveria recair sobre uma questo que sempre

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    foi transcendental para o homem: ele mesmo. Quem esse homem que se movimenta

    desde a pr-histria pelos mais dignos ou estranhos motivos?

    Este questionamento, de cunho antropolgico e filosfico, duas reas as quais a

    Educao Fsica j se apropria em suas discusses, abrem espao para outa afirmao:

    Independentemente do observador, a educao fsica existe em funo do homem,

    enquanto ser individual e social.(OLIVEIRA, 1983, p. 38).

    Esta outra citao, j possui conotao de quem busca uma aproximao com a

    sociologia, vez que a Educao Fsica tambm est diretamente ligada com a formao

    social dos que dela dependem. Visto que a Educao Fsica j mostra parte da sua

    flexibilidade nos contedos que aborda, surge uma questo:E o que faz concretamente, um profissional de Educao Fsica?

    Planeja, executa e avalia programas de atividades corporais para clientelasdiversas, em diferentes organizaes e com mltiplos objetivos. Mas, combase em qu ele toma decises relativas a contedos, estratgias, objetivos,etc.? J no temos mais a iluso de que ele se fundamenta exclusivamente nacincia. Em funo da variabilidade do contexto, os profissionais constroemsua prpria viso de conhecimento til, que Lawson denomina conhecimentode trabalho ou conhecimento operacional. um tipo de conhecimento tcito,que resulta do processo de socializao no interior da profisso.(BETTI,1996, p.11).

    Apesar da citao acima fazer aluso ao conhecimento operacional, no difcil

    identificar sua ligao com o pensamento de OLIVEIRA(2012, p.2):

    Os cursos de Licenciatura nem sempre preparam o acadmico para o ensino a

    jovens e adultos. E, por isso, quando se formam e vo para a EJA no sabem como

    trabalhar com essa modalidade..

    da falta de conhecimento da Andragogia que se refere a ligao supracitada,

    que, necessria formao de qualquer licenciado, no deve ficar relegada ao nvel

    tcito, entre os profissionais mais experientes, mas sim na prpria formao

    acadmica, vez que no caso do esporte de alto rendimento, a maioria do pblico j

    adulto. Este mesmo esporte de alto rendimento rende ao estudante do curso de

    formao em Educao Fsica, a necessidade de contemplar contedos como a

    Psicologia do esporte, entre outras disciplinas. Entretanto, no se contempla a

    Andragogia, ainda que a Educao Fsica esteja lidando com pblico adulto, no

    apenas no treinamento desportivo, mas na EJA, Escolas para Jovens e Adultos, e nas

    prprias empresas e academias onde se podem aproveitar os estudos andraggicos.

    Uma citao de Linderman parece ilustrar essa realidade quando diz:

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    Nosso sistema acadmico se desenvolveu numa ordem inversa;assuntos e professores so os pontos de partida, e os alunos sosecundrios... O aluno solicitado a se ajustar a um currculo pr-estabelecido... Grande parte do aprendizado consiste na transferncia passivapara o estudante da experincia e conhecimento de outrem.[...] nsaprendemos aquilo que ns fazemos. A experincia o livro-texto vivo doadulto aprendiz.(OLIVEIRA, 2012, p.2)

    Em concordncia, j considerando a Andragogia uma cincia to prxima da

    Educao Fsica quanto a Pedagogia, cita-se:

    Considerando, portanto, que o aprendiz adulto interage diferentementeda criana na relao educacional, as premissas pedaggicas devem sersubstitudas pelas Andraggicas nos seguintes termos:

    1. Necessidade de conhecer. Aprendizes adultos sabem, mais do queningum, da sua necessidade de conhecimento e para eles o como colocarem prtica tal conhecimento no seu di-a-dia fator determinante para o seucomprometimento com os eventos educacionais.

    2. Autoconceito de aprendiz. O adulto, alm de ter conscincia de suanecessidade de conhecimento, capaz de suprir essa carncia de formaindependente. Ele tem capacidade plena de se autodesenvolver.

    3. O papel da experincia. A experincia do aprendiz adulto tem centralimportncia como base de aprendizagem. a partir dela que ele se dispe,ou se nega a participar de algum programa de desenvolvimento. Oconhecimento do professor, o livro didtico, os recursos audiovisuais, etc.,so fontes que, por si mesmas, no garantem influenciar o indivduo adulto

    para a aprendizagem. Essas fontes, portanto, devem ser vistas comoreferenciais opcionais colocados disposio para livre escolha do aprendiz.

    4. Prontido para aprender. O adulto est pronto para aprender o que decideaprender. Sua seleo de aprendizagem natural e realista. Emcontrapartida, ele se nega a aprender o que outros lhe impe como suanecessidade de aprendizagem.

    5. Orientao para aprendizagem. A aprendizagem para a pessoa adulta algo que tem significado para o seu di-a-dia e no apenas reteno decontedos para futuras aplicaes. Como conseqncia, o contedo noprecisa, necessariamente, ser organizado pela lgica programtica, mas simpela bagagem de experincias acumuladas pelo aprendiz.

    6. Motivao. A motivao do adulto para aprendizagem est na sua prpriavontade de crescimento, o que alguns autores denominam de "motivaointerna" e no em estmulos externos vindo de outras pessoas, como notas deprofessores, avaliao escolar, promoo hierrquica, opinies de"superiores", presso de comandos, etc. (OLIVEIRA, 2006, p.8)

    Sendo assim, aps discursar sobre a evoluo das concepes, e mediantereflexo acerca da busca pelo verdadeiro lugar enquanto disciplina que visa aeducao, por parte da Educao Fsica, torna-se perceptvel que o profissional daEducao Fsica deve ser capaz de abordar as premissas tanto da Pedagogia, quanto daAndragogia, cada qual em seu contexto adequado.

    2.4 Motivao para adultos e a Educao Fsica

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    Outro fator de grande importncia para o formando em Educao Fsica, com

    relao com a Andragogia o aspecto motivacional, to importante para o treinamento

    desportivo. No caso de adultos, adequa-se a fala:

    Adultos se sentem motivados a aprender quando entendem as vantagens ebenefcios de um aprendizado, bem como as consequncias negativas de seudesconhecimento. Mtodos que permitam ao aluno perceber suas prpriasdeficincias, ou a diferena entre o status atual de seu conhecimento e oponto ideal de conhecimento ou habilidade que lhe ser exigido, sem dvidasero teis para produzir esta motivao. Aqui cabem as tcnicas de revisoa dois, reviso pessoal, auto avaliao e detalhamento acadmico do assunto.O prprio professor tambm poder explicitar a necessidade da aquisiodaquele conhecimento. (CAVALCANTI, 1999, p.5).

    O mesmo autor afirma ainda que:

    Estmulos externos so classicamente utilizados para motivar o aprendizado,como notas nos exames, premiaes, perspecitivas de promoes oumelhores empregos. Entretanto as motivaes mais fortes nos adultos sointernas, relacionadas com a satisfao pelo trabalho realizado, melhora daqualidade de vida, elevao da auto-estima. Um programa educacional,portanto, ter maiores chances de bons resultados se estiver voltado paraestas motivaes pessoais e for capaz de realmente atender aos anseiosntimos dos estudantes.(CAVALCANTI, 1999, p.5)

    Ao trabalhar com adultos, pode-se vislumbrar a utilizao destas duas

    informaes motivacionais em dois contextos diferentes da Educao Fsica, o esporte

    de alto rendimento, onde nem sempre valoriza-se informar ao atleta as vantagens e

    benefcios de um aprendizado, bem como as consequncias negativas de seu

    desconhecimento, recordando-se das inmeras leses sofridas desnecessariamente por

    descumprimento de orientaes do profissional de Educao Fsica, e na segunda

    citao, a importncia do reconhecimento com base em motivaes pessoais voltadas

    melhora da qualidade de vida, elevao da auto-estima, para o pblico que frequenta

    academias buscando perda de peso, ou outro fator semelhante.

    Sobre a estrutura de ensino no horizontal, para os adultos, h um alerta:

    o ensino clssico pode resultar, num retardamento da maturidade, j que exige dos

    alunos uma total dependncia dos professores e currculo estabelecidos e no aproveitar o

    conhecimento, as experincias de vida e viso de mundo que esses alunos trazem

    consigo.(OLIVEIRA, 2012, p.3)

    Dentre todas as apropriaes j citadas a Andragogia, com exemplos, se afirmacomo rea de interesse para a Educao Fsica. Por saberem os formandos em

    Educao Fsica que possivelmente iro se deparar com adultos, e atuar de forma

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    pouco eficiente, este aproveitamento aproxima a Andragogia das cincias de interesse

    da Educao Fsica, to acostumada com aproveitamentos mximos dos atletas. Esta

    aproximao estudada e exemplificada tem como objetivo alcanar a formao de

    professores de Educao Fsica no Ensino Superior.

    O ENSINO SUPERIOR E A ANDRAGOGIA

    O Ensino superior recebe estudantes, quando em idade regular, no Brasil, na

    faixa etria de 17 a 18 anos, alguns apenas com suas escolas no currculo, outros com

    experincias profissionais, e se extende at idades mais avanadas, com profissionais

    com vasta experincia de mercado e de vida. Essa heterogeneidade, com prevalncia

    de adultos, ou quase adultos caracteriza-a como rea de atuao da Andragogia.

    Em concordncia:

    Nos Cursos Universitrios, geralmente recebemos adolescentes comocalouros e liberamos adultos como bacharelandos. Estamos, portanto,trabalhando no terreno limtrofe entre a pedagogia e andragogia. Nopodemos abandonar os mtodos clssicos, de currculos parcialmente

    estabelecidos e professores que orientem e guiem seus alunos, nempodemos, por outro lado, tolher o amadurecimento de nossos estudantesatravs da imposio de um currculo rgido, que no valorize suasiniciativas, suas individualidades, seus ritmos particulares de aprendizado.Precisamos encontrar um meio termo, onde as caractersticas positivas daPedagogia sejam preservadas e as inovaes eficientes da Andragogia sejamintroduzidas para melhorar o resultado do ProcessoEducacional.(CAVALCANTI, 1999, p.6)

    E ainda:

    Os estudantes universitrios no so exatamente adultos, mas esto prximos

    desta fase de suas vidas. O ensino clssico pode resultar, para muitos deles,num retardamento da maturidade, j que exige dos alunos uma totaldependncia dos professores e currculos estabelecidos. As iniciativas noencontram apoio, nem so estimuladas. A instituio e o professor decidem oque, quando e como os alunos devem aprender cada assunto ou habilidade. Eestudantes devero se adaptar a estas regras fixas.(CAVALCANTI, 1999,p.3)

    Esse panorama do Ensino Superior, caracteriza-o como terreno frtil para a

    Andragogia, at porque o ensino da Andragogia, deve se dar atravs da Andragogia,

    quando os alunos se tratam de adultos para no cair em discordncia. Manter o modelo

    pedaggico pode tornar-se no natural e assemelhar-se a uma ruptura, um andar em

    circulo, vez que o ensino continuar a apenas reproduzir contedos, ignorando o anseio

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    do adulto em compartilhar sua experincia, em passar sua contribuio. Em relao a

    isto, outra advertncia:

    Para evitar este lado negativo do ensino universitrio, necessrio que sejam

    introduzidos conceitos andraggicos nos currculos e abordagens didticasdos cursos superiores. Por estar a maioria dos Universitrios na fase detransio acima mencionada, no pode haver um abandono definitivo dosmtodos clssicos. Eles precisaro ainda de que lhes seja dito o que aprendere lhes seja indicado o melhor caminho a ser seguido. Mas devem serestimulados a trabalhar em grupos, a desenvolver ideias prprias, adesenvolver um mtodo pessoal para estudar, a aprender como utilizar demodo crtico e eficiente os meios de informao disponveis para seuaprendizado. (CAVALCANTI, 1999, p.3)

    Outras caractersticas do ensino superior, enfatizam a heterogeneidade dos

    formandos, advindos de diversas experincias de vida e culturas diferenciadas,tornando necessrias prticas de ensino que se ajustem a nova realidade do corpo

    discente..

    Neste contexto, SANTOS(2006), conclui que: O papel da andragogia no ensino

    superior moderno deve ser o de municiar o professor de alternativas inteligentes e

    eficazes para a obteno de melhores resultados.

    Para os universitrios do curso de Educao Fsica, sem essas alternativas,perde-se muito, pois costuma-se com certa frequncia, deparar-se o recm professor de

    educao fsica com adultos, vidos por aprender caso exista um dilogo adequado e

    treinamento especfico.

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    CONCLUSO

    Traado um panorama da Andragogia, e das discusses e mudanas ocorridas naEducao Fsica, conclui-se que a Andragogia, enquanto cincia que estuda o ensinar a

    adultos de suma importncia na formao dos professores de Educao Fsica, no

    ensino superior, aplicado pelos formadores de licenciados, e nos ambientes de trabalho

    onde a Educao Fsica atua com adultos, exemplos citados, a EJA, o treinamento

    desportivo, o ambiente fitness nas academias, ou mesmo nas ginsticas laborais nas

    empresas.

    Aplique-se isso tanto para a Andragogia na Formao dos Professores deEducao Fsica, como na atuao dos formados pelo modelo andraggico no mercado

    de trabalho.

    Da necessidade de ressalta-se:

    O professor precisa se transformar num tutor eficiente de atividadesde grupos, devendo demonstrar a importncia prtica do assunto a serestudado, deve transmitir o entusiasmo pelo aprendizado, a sensao de queaquele conhecimento far diferena na vida dos alunos; ele deve transmitir

    fora e esperana, a sensao de que aquela atividade est mudando a vidade todos e no simplesmente preenchendo espaos em seuscrebros.(CAVALCANTI, 1999)

    Isso exposto, conclui-se tambm, que a necessidade da Andragogia se expande dos

    cursos de especializao em docncia do ensino superior para os cursos de licenciatura,

    pois muitos dos professores iro atuar com adultos, e carecem dos recursos didticos

    adequados para o processo de ensino-aprendizagem, sendo, no caso especfico da

    Educao Fsica, essa necessidade percebida no trato com o treinamento desportivo, eoutros ambientes de atuao onde o adulto est presente.

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