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SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS INSTITUTO DE ECONOMIA AGRíCOLA Custo de Implantação e Produção de Seringueira na Região Noroeste do Estado de São Paulo o conceito clássico de custo de produção é a soma dos valores de todos os serviços produtivos dos fatores utilizados na obtenção de um bem qualquer, sendo que o valor global equivale ao sacrifício monetário da firma que o produz. Na prática, isto implica que todos os fatores utilizados para produzir determinado bem devem ser remunerados. O custo total é constituído pelos custos fixos e variáveis, compreendendo, inclusive, os relativos a terra, capital e empresário. Ao nível da propriedade agrícola é possível se chegar com razoável precisão a uma estimativa de custo total de produção, pois mesmo para itens cuja mensuração é subjetiva, o próprio empresário determinará os valores referentes ao seu caso particular. O problema reside quando o objetivo é o cálculo de estimativa de custos de um produto - determinada atividade agrícola - onde se tem de chegar a um dado médio que represente o segmento produtivo. A percepção dessa dificuldade fez com que o Instituto de Economia Agrícola (IEA), desenvolvesse ,.a partir de 1972, metodologia própria de cálculo de custos: CUSTO OPERAClONAL DE PRODUÇÃ01, alternativamente a de Custo Total de Produção, que realizava desde a década de 50. O Custo Operacional de Produção compõe-se de itens de despesas diretas e indiretas. As despesas diretas formam o Custo Operacional Efetivo (COE) e incluem desembolsos com: mão de obra, sementes, fertilizantes/corretivos, pesticidas, combustíveis/lubrificantes, reparos do maquinário e medicamentos, este último, no caso de criações. Das despesas indiretas a metodologia considera os juros bancários de custeio e a depreciação dos bens duráveis envolvidos no processo produtivo. Ressalta-se, todavia, que o IEA não elimina a necessidade da remuneração de todos os fatores de produção envolvidos no processo produtivo agrícola, para a sustentabilidade do negócio. Ou seja, as remunerações não consideradas na estrutura de Custo Operacional de Produção, poderão e devem ser estimadas, individualmente, pelo produtor agrícola e, uma vez computado o custo total de produção, é este parâmetro que deve ballzar a sua decisão de continuar, ou não, na atividade, no médio e longo prazo. Sobre as estimativas de custos de produção propriamente ditos, desde a criação da metodologia de Custo Operacional pelo IEA,ela vem sendo aperfeiçoada, para internalizar as mudanças ocorri~ Instituto de Economia AgricoIa Praça Ramos de Azevedo, 254 - 01037-912 - 2° e 3° andares - São Paulo/SP - Fone: (11) 5067-0000 Fax: (11) 5073-4062 - Home Page: http://www.iea.sp.gov.br-e-mail: [email protected]

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SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTOAGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ECONOMIA AGRíCOLA

Custo de Implantação e Produção de Seringueira

na Região Noroeste do Estado de São Paulo

o conceito clássico de custo de produção é a soma dos valores de todos os serviços produtivos

dos fatores utilizados na obtenção de um bem qualquer, sendo que o valor global equivale ao sacrifício

monetário da firma que o produz.

Na prática, isto implica que todos os fatores utilizados para produzir determinado bem devem

ser remunerados. O custo total é constituído pelos custos fixos e variáveis, compreendendo, inclusive, os

relativos a terra, capital e empresário.

Ao nível da propriedade agrícola é possível se chegar com razoável precisão a uma estimativa de

custo total de produção, pois mesmo para itens cuja mensuração é subjetiva, o próprio empresário

determinará os valores referentes ao seu caso particular. O problema reside quando o objetivo é o

cálculo de estimativa de custos de um produto - determinada atividade agrícola - onde se tem de chegar

a um dado médio que represente o segmento produtivo.

A percepção dessa dificuldade fez com que o Instituto de Economia Agrícola (IEA), desenvolvesse•,.a partir de 1972, metodologia própria de cálculo de custos: CUSTO OPERAClONAL DE PRODUÇÃ01,

alternativamente a de Custo Total de Produção, que realizava desde a década de 50.

O Custo Operacional de Produção compõe-se de itens de despesas diretas e indiretas. As

despesas diretas formam o Custo Operacional Efetivo (COE) e incluem desembolsos com: mão de obra,

sementes, fertilizantes/corretivos, pesticidas, combustíveis/lubrificantes, reparos do maquinário e

medicamentos, este último, no caso de criações. Das despesas indiretas a metodologia considera os

juros bancários de custeio e a depreciação dos bens duráveis envolvidos no processo produtivo.

Ressalta-se, todavia, que o IEA não elimina a necessidade da remuneração de todos os fatores

de produção envolvidos no processo produtivo agrícola, para a sustentabilidade do negócio. Ou seja, as

remunerações não consideradas na estrutura de Custo Operacional de Produção, poderão e devem ser

estimadas, individualmente, pelo produtor agrícola e, uma vez computado o custo total de produção, é

este parâmetro que deve ballzar a sua decisão de continuar, ou não, na atividade, no médio e longo

prazo.

Sobre as estimativas de custos de produção propriamente ditos, desde a criação da metodologia

de Custo Operacional pelo IEA,ela vem sendo aperfeiçoada, para internalizar as mudanças ocorri~

Institutode EconomiaAgricoIa

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campo, decorrentes de alterações dos pacotes tecnológicos e da legislação brasileira. Tem sido

referência para outras instituições de pesquisa e entidades de classe. Neste sentido, a partir do ano de

2010 foi revista a estrutura de desembolsos, adequando-a às condições atuais da legislação trabalhista

na agricultura, referentes aos encargos sociais, que não vinham sendo contabilizados como despesa

efetiva na produção, sendo agora incorporadas ao COE (Custo Operacional Efetivo), ao ser considerado

um desembolso direto do produtor.

A atividade da seringueira, constituída da fase de implantação (primeiro ano) e seguida como

fase de formação até o sexto ano apresenta produção de borracha a partir do sétimo ano onde 50% das

plantas entram em sangria, a partir do décimo ano considera-se que o seringal tenha 100% de suas

árvores em sangria.

Para estimar o custo de produção de formação e produção de seringueira para a região noroeste

de estado de São Paulo, considerada como representativa em termos de produção, elaborou-se um

levantamento através de questionários elaborado pelo Instituto de Economia Agrícola e validado pelos

técnicos componentes do "Grupo Especial de Estudo de Custos e Preços da Borracha Natural" nomeado

pela Câmara Setorial da Borracha Natural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São

Paulo. Realizou-se treinamento dos componentes do referido grupo na metodologia do IEA. Foram

levantados dez questionários em campo com vistas a compor um sistema de produção representativo da

.região e a elaboração das matrizes de fatores de produção e coeficientes técnicos. Realizaram-se três

rodadas de sistematização dos dados e definições do sistema de produção.

Dessa forma os custos de produção aqui apresentados referem-se a um seringal com as

seguintes características: área plantada de 50 hectares, clone RRIM 600, espaçamento de 2,5m x 8m, 20

m2/pé, 500 pés plantados, 400 em produção, 25 anos de idade do seringal em plena produção, sistema

de sangria D4, produtividade de 7 kg de coágulo/pé, 2.800 kg de coágulo/hectare, e ano agrícola

set.Zago.

A metodologia de custo de produção utilizada é baseada em Matsunaga et aI. Sua concepção é

de curto prazo, sendo que as remunerações do capital, terra e empresário não são computadas,

supondo-se que isso se fará pela renda líquida.

Desse modo os itens considerados no cálculo das estimativas de custo de formação e produção

de seringueira no estado de São Paulo (tabelas 1 e 2), foram:

Custo Operacional Efetivo (COE) que representa as despesas anuais, efetuadas com mão de

obra, encargos sociais (40% sobre o valor da despesa com mão de obra), operações de

máquinas/equipamentos, veículos e materiais consumidos ao longo do ciclo da cultura. ~

elnstituto

de EconomiaAgrícola

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Custo Operacional Total (COT): é o custo operacional efetivo adicionado de juros de custeio

(8,75% a. a. em metade do COEanual); Contribuição à Seguridade Social Rural (CSSR)(2,30% do valor do

rendimento ao preço de venda de R$2,04/kg de coágulo referente ao preço médio recebido pelo

produtor em fevereiro de 2016 levantado pelo IEA/CATI); e as depreciações das máquinas, veículos e

equipamentos e do seringal.

Os preços utilizados foram coletados na região do levantamento dos coeficientes técnicos e

referem-se ao mês de fevereiro de 2016.

Tabela 1. Custo de implantação e formação do seringal até entrada em sangria, hectare, região noroestedo estado de São Paulo, em R$ de fevereiro de 2016.

Ano

Custo Operacional Efetivo

COE

R$

Custo Operacional Total

COT

R$

1º ao 6º 21.068,27 25.230,10Fonte: Elaborado com dados da pesquisa por Instituto de Economia Agrícola.

Tabelíl 2. Custo de produção de seringueira Sistema de sangria 04, 2800 kg de coágulo, Hectare, RegiãoNoroeste do Estado de São Paulo, fev. 2016.'.

Ano Custo Operacional Efetivo Custo Operacional Total

COE COT

ha kg de coágulo ha kg de coágulo

25º 7.329,88 2,62 8.825,97 3,15

Fonte: Elaborado com dados da pesquisa por Instituto de Economia Agrícola.

Uma vez que os custos operacionais aqui mensurados servem como remuneração da atividade

no curto prazo, os preços recebidos pelos produtores devem remunerar os custos aqui considerados e

apresentar margem suficiente para remunerar os demais custos incorridos na produção que não foram

contemplados no estudo.

Finalmente, é importante destacar que há décadas o IEA vem utilizando metodologia para

mensuração do custo de produção agrícola, aplicando-a às mais diversas culturas e criações. Tal

processo resultou na construção e contínuo aprimoramento de um método que, quando corretamente.

aplicado, é capaz de evidenciar os principais pontos de estrangulamento do processo produti~

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termos técnicos e econômicos, os quais o administrador deve focar com vistas a incrementar a

competitividade de seu esforço produtivo.

mtitutode EconomiaAgrícola

Marli Dias Mascarenhas OliveiraPesquisadora Científica VI

Diretor Técnico de DepartamentoInstituto de Economia Agrícola

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