APLICAÇÃO DA ERGONOMIA PARTICIPATIVA PARA O PROJETO … · 2018-09-25 · APLICAÇÃO DA...

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Ana Clara Ferreira Ribeiro APLICAÇÃO DA ERGONOMIA PARTICIPATIVA PARA O PROJETO DO ESPAÇO DE TRABALHO DE UMA EMPRESA DE CONFECÇÃO DE ROUPAS DE SANTA CATARINA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título em Engenharia Civil, habilitação Produção. Orientadora: Profa. Dra. Lizandra Garcia Lupi Vergara. Florianópolis 2017

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Ana Clara Ferreira Ribeiro

APLICAÇÃO DA ERGONOMIA PARTICIPATIVA PARA O

PROJETO DO ESPAÇO DE TRABALHO DE UMA EMPRESA

DE CONFECÇÃO DE ROUPAS DE SANTA CATARINA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Engenharia de Produção e Sistemas da

Universidade Federal de Santa

Catarina, como requisito parcial para a

obtenção do título em Engenharia

Civil, habilitação Produção.

Orientadora: Profa. Dra. Lizandra

Garcia Lupi Vergara.

Florianópolis

2017

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

da UFSC.

Ribeiro, Ana Clara Ferreira

APLICAÇÃO DA ERGONOMIA PARTICIPATIVA EM UMA

EMPRESA DE CONFECÇÃO DE ROUPAS LOCALIZADA EM SANTA

CATARINA / Ana Clara Ferreira Ribeiro; orientador,

Lizandra Garcia Lupi Vergara, 2017.

100 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -

Universidade Federal de Santa Catarina, Centro

Tecnológico, Graduação em Engenharia de Produção

Civil, Florianópolis, 2017.

Inclui referências.

1. Engenharia de Produção Civil. 2. Ergonomia

Participativa. 3. Arranjo físico. 4. Confecção de Roupas.

I. Vergara, Lizandra Garcia II. Universidade Federal de

Santa Catarina. Graduação em Engenharia

de Produção Civil. III. Título.

Ana Clara Ferreira Ribeiro

APLICAÇÃO DA ERGONOMIA PARTICIPATIVA PARA O

PROJETO DO ESPAÇO DE TRABALHO DE UMA EMPRESA

DE CONFECÇÃO DE ROUPAS DE SANTA CATARINA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para

obtenção do Título de Engenheiro Civil, habilitado em Produção e

aprovado em sua forma final pelo departamento de Engenharia de

Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.

Local, 08 de novembro de 2017.

________________________

Prof. Marina Bouzon, Dr.

Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

________________________

Prof.ª Lizandra Garcia Lupi Vergara, Dr.ª

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof.ª Mônica Maria Mendes Luna, Dr.ª

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Diego de Castro Fettermann, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

RESUMO

Por meio da aplicação da ergonomia participativa, o objetivo

deste trabalho foi projetar o espaço de trabalho de uma empresa de

confecções de roupas de Santa Catarina, buscando maior eficiência e

segurança das condições de trabalho. A intenção foi avaliar o arranjo

físico atual e projetar um novo espaço de trabalho para a empresa,

envolvendo os trabalhadores no processo de intervenção, para propor um

novo arranjo físico que atendesse as demandas ergonômicas identificadas.

A pesquisa foi realizada através de um estudo de caso, de caráter

exploratório, com aplicação da metodologia do Projeto do Espaço de

Trabalho, o qual relaciona-se com as quatro dimensões do modelo SOFT

(Spatial, Organizational, Financial, Technological). Esta metodologia

visa criar um processo colaborativo envolvendo trabalhadores que

possuem diferentes perspectivas e competências, sendo dividida em

quatro etapas, que tiveram o propósito de levantar os riscos ocupacionais

existentes no ambiente de trabalho. Como resultado, pode-se constatar a

partir do arranjo físico proposto, a diminuição do tempo gasto com

movimentação e transporte de materiais na produção da empresa,

resultando no aumento da produtividade e diminuição de custos, fatores

importantes para a engenharia de produção. Por fim, a contribuição da

ergonomia participativa foi significativa na identificação e definição dos

problemas, para a concepção de um ambiente de trabalho mais adequado

às necessidades dos trabalhadores, e produtivo para a empresa.

Palavras-chave: Ergonomia participativa; Arranjo físico; Confecção de

roupas; Riscos ocupacionais.

ABSTRACT

Through the application of participatory ergonomics, the objective

of this work was to design the work space of a garment manufacturing

company in Santa Catarina, seeking greater efficiency and safety in

working conditions. The intention was to evaluate the current physical

arrangement and design a new work space for the company, involving the

workers in the intervention process, to propose a new physical

arrangement that would meet the identified ergonomic demands. The

research was carried out through an exploratory case study, using the

methodology of the Workspace Project, which is related to the four

dimensions of the SOFT (Spatial, Organizational, Financial,

Technological) model. This methodology aims to create a collaborative

process involving workers who have different perspectives and

competencies, being divided into four stages, which were aimed at raising

occupational risks in the work environment. As a result, it can be seen

from the proposed physical arrangement, the reduction of the time spent

with the movement and transportation of materials in the company's

production, resulting in increased productivity and lower costs, important

factors for production engineering. Finally, the contribution of

participatory ergonomics was significant in the identification and

definition of problems, in order to design a work environment more suited

to the needs of the workers, and productive for the company.

Keywords: Participatory ergonomics; Layout; Garment manufacturing;

Occupational risks.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fatores que influem no sistema produtivo ................. 37 Figura 2 - Modelo Soft ............................................................... 47 Figura 3 - Localidade Empresa ................................................... 52 Figura 4 - Estrutura Organizacional ........................................... 55 Figura 5 - Fluxograma de Produção da Camisa .......................... 66 Figura 7 - Planta Baixa do Pavimento Inferior ........................... 69 Figura 8 – Criação e Impressão dos moldes ............................... 71 Figura 9 - Bancada e Máquina de Corte ..................................... 72 Figura 10 - Máquinas de Bordar ................................................. 72 Figura 11 - Tábua de passar 1 e Ferro Industrial ........................ 72 Figura 12 - Máquinas Retas ........................................................ 73 Figura 13 - Máquinas Interloque ................................................ 73 Figura 14 – Prensa térmica e Máquina Fechadeira de Camisa ... 73 Figura 15 - Máquina de Casear e Máquina de Botão ................. 74 Figura 16 - Bancada de Inspeção ................................................ 74 Figura 17 - Tábua de Passar 2 e Bancada de Embalar ................ 74 Figura 18 - Escada que conecta os pavimentos .......................... 75 Figura 19 - Máquina Enfestadeira .............................................. 85 Figura 20 - Prensa Térmica moderna.......................................... 86 Figura 21 - Luva de Malha de Aço ............................................. 86 Figura 22 - Luva de Fio Térmico ................................................ 87 Figura 23 - Balancim para Ferro de Passar ................................. 87 Figura 24 - Carro transporte de roupas ....................................... 88 Figura 25 - Arranjo físico do Pavimento Superior após Jogo do

Tabuleiro ............................................................................................... 91 Figura 26 - Arranjo físico do Pavimento Inferior após Jogo do

Tabuleiro ............................................................................................... 92 Figura 27 - Arranjo físico em 3D do Pavimento Superior .......... 94 Figura 28 - Arranjo físico em 3D do Pavimento Inferior ........... 95 Figura 29 - Arranjo físico Final do Pavimento Superior em 2D. 97 Figura 30 - Arranjo físico Final do Pavimento Superior em 3D. 98 Figura 31 - Arranjo físico Final do Pavimento Inferior em 2D .. 99 Figura 32 - Arranjo físico Final do Pavimento Inferior em 3D .. 99 Figura 33 - Diagrama do Spaguetti no Pavimento Superior Antes

do Processo de Intervenção ................................................................. 100 Figura 34 - Diagrama do Spaguetti no Pavimento Inferior Antes do

Processo de Intervenção ...................................................................... 101 Figura 35 - Diagrama do Spaguetti no Pavimento Inferior Após o

Processo de Intervenção ...................................................................... 101

Figura 36 - Figura 34 - Diagrama do Spaguetti no Pavimento

Superior Após o Processo de Intervenção ........................................... 102

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Modelo WSD ........................................................... 49 Quadro 2 - Fases do Trabalho..................................................... 57

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Afirmação "Você sente alguma dificuldade para realizar

esta tarefa" ............................................................................................. 77 Tabela 2 - Afirmação "Sente dores após longo tempo de exposição

a este posto” .......................................................................................... 78 Tabela 3 - Afirmação "A tarefa é intuitiva" ................................ 79 Tabela 4 - Afirmação "É fácil cometer algum erro" ................... 80 Tabela 5 - Afirmação "Existe algum risco claro que possa

prejudicar sua saúde" ............................................................................. 81 Tabela 6 - Afirmação "Você faria isto de outra maneira" .......... 82 Tabela 7 - Deslocamentos obtidos com Diagrama do Spaguetti

............................................................................................................. 102

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

MIT - Massachusetts Institute of Technology

DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

LER - Lesão por Esforço Repetitivo

SOFT – Spatial, Organizational, Financial, Technological

WSD – Work Space Design

EPI – Equipamentos de Proteção Individual

2D – Duas dimensões

3D – Três dimensões

EP – Ergonomia Participativa

27

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................... 31 1.1 OBJETIVOS ......................................................................... 32

1.1.1 Objetivo geral ...................................................................... 32

1.1.2 Objetivos específicos ........................................................... 33

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................... 35 2.1 ERGONOMIA ...................................................................... 35

2.1.1 Antropometria ..................................................................... 38

2.1.2 Ergonomia Participativa .................................................... 40

2.2 ERGONOMIA NA INDÚSTRIA ......................................... 42

2.2.1 Posto de Trabalho ............................................................... 44

2.2.2 Arranjo Físico ...................................................................... 45

2.3 INDÚSTRIA TÊXTIL .......................................................... 46

2.4 PROJETO DO ESPAÇO DE TRABALHO .......................... 47

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................... 51 3.1 A EMPRESA ........................................................................ 51

3.1.1 Localização .......................................................................... 52

3.1.2 Estrutura Organizacional ................................................... 52

3.1.3 Estrutura da Produção ....................................................... 53

3.1.3.1 Setor de Impressão .................................................................... 53

3.1.3.2 Setor de corte ............................................................................. 53

3.1.3.3 Setor de Bordados ..................................................................... 54

3.1.3.4 Setor de Passação ...................................................................... 54

3.1.3.5 Setor de Costura ........................................................................ 54

3.1.3.6 Setor de Entretelagem ............................................................... 56

3.1.3.7 Setor de Acabamento ................................................................ 56

3.1.3.8 Setor de Inspeção ...................................................................... 56

3.1.3.9 Setor de Expedição .................................................................... 56

3.2 PROCEDIMENTO DO ESTUDO ........................................ 56

3.2.1 Fase I .................................................................................... 57

28

3.2.1.1 Evento 1 .................................................................................... 57

3.2.2 Fase II .................................................................................. 58

3.2.2.1 Workshop 1: Cognitive Walk-through Method ........................ 58

3.2.2.2 Workshop 2: Workbook ............................................................ 60

3.2.2.3 Apresentação dos Resultados .................................................... 61

3.2.3 Fase III ................................................................................. 61

3.2.3.1 Workshop 3: Jogo do Tabuleiro ................................................ 61

3.2.3.2 Workshop 4: Projeto do espaço de trabalho .............................. 62

3.2.4 Fase IV ................................................................................. 63

3.2.4.1 Diagrama de Spaguetti .............................................................. 63

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................64 4.1 FASE 1.................................................................................. 64

4.1.1 Mapeamento do Processo Produtivo ................................. 64

4.1.2 Arranjo Físico Atual ........................................................... 65

4.1.2.1 Pavimento Superior ................................................................... 65

4.1.2.2 Pavimento Inferior .................................................................... 70

4.2 FASE 2.................................................................................. 71

4.2.1 Workshop 1: Cognitive Walk-through Method ............... 71

4.2.1.1 Questionário .............................................................................. 76

4.2.2 Workshop 2: Workbook ....................................................... 83

4.2.3 Apresentação dos Resultados ............................................. 83

4.2.3.1 Recomendações Propostas ........................................................ 84

4.3 FASE 3.................................................................................. 88

4.4 FASE 4.................................................................................. 95

4.4.1 Diagrama do Spaguetti ..................................................... 100

5 CONCLUSÃO .................................................................... 103 REFERÊNCIAS ................................................................ 105

APENDICE A – Capa Flyer ............................................. 111

APENDICE A – Contracapa Flyer .................................. 112

29

APENDICE B – Questionário aplicado no Workshop 1 . 113

APÊNDICE C – Workbook ............................................... 114

30

31

1 INTRODUÇÃO

No contexto atual, as empresas vêm se tornando mais

competitivas com o passar do tempo. Duffy e Salvendy (1999) afirmam

que a implementação de práticas ergonômicas pode contribuir para

preservar e melhorar a força de trabalho em uma organização, assim

melhorando também sua competitividade e atratividade para a

contratação de novos bons profissionais do mercado.

A realização de uma análise ergonômica utilizando a participação

ativa dos funcionários para a elaboração do diagnóstico e de propostas de

intervenção no ambiente de trabalho é chamada de ergonomia

participativa (HENDRICK, 2008). Esta é a abordagem realizada neste

trabalho, a qual busca envolver os trabalhadores no processo de

desenvolvimento de soluções para os problemas de saúde e segurança

ocupacional existentes, fazendo com que eles se sintam parte do trabalho

que está sendo desenvolvido.

O levantamento de dados e informações, por meio da ergonomia

participativa, possibilitou a compreensão do processo produtivo da

empresa, identificando como é realizado o trabalho, seus problemas,

possíveis causas e consequências relacionadas à ergonomia física,

cognitiva e organizacional.

Segundo Lima (2015), a ergonomia participativa busca realizar

uma avaliação sobre a percepção dos funcionários de um posto de

trabalho do setor operacional de uma empresa, a fim de introduzir o

funcionário de forma participativa na identificação dos fatores de risco no

ambiente de trabalho. Com a participação de todos os envolvidos, pode-

se detectar uma maior quantidade de riscos e estabelecer, a partir da

expertise de cada um, as camadas de proteção para os riscos identificados

(FUNDACENTRO, 2001).

O estudo teve como foco uma empresa de confecção de

uniformes, localizada no município de São José, Santa Catarina. A sede

da empresa estava, anteriormente, localizada em um espaço de

aproximadamente 1000m². Recentemente, a empresa mudou-se para uma

estrutura significativamente menor, de 190 m², mantendo o maquinário e

mobiliário existentes. Diante desta realidade, a empresa encontra

dificuldades para adequar os postos de trabalho na nova sede.

Além disto, a empresa passa por uma reformulação. Ela irá cessar

a produção de uniformes e passará a ter como foco apenas a produção de

um tipo de peça: camisas sociais, femininas e masculinas. Desta maneira,

a empresa busca uma solução para remodelar o seu arranjo físico de

acordo com esta nova demanda.

32

Portanto, o presente estudo tem como objetivo geral analisar o

arranjo físico atual, e propor uma readequação ergonômica, tendo em

vista o novo contexto da produção. O levantamento das informações

necessárias para a elaboração dessa readequação ergonômica do espaço

novo teve como foco, portanto, acomodar os postos de trabalho de modo

a atender às necessidades levantadas pelos funcionários. Além disto,

foram identificados os riscos ocupacionais existentes e

demais informações necessárias para o projeto do espaço de trabalho.

Desta forma, a elaboração do arranjo físico visa proporcionar uma

disposição adequada dos materiais, ferramentas e aparelhos utilizados

buscando reduzir deslocamentos e tempos de processos, resultando na

melhoria da relação dos funcionários com seu ambiente de trabalho. Por

meio da adoção da ergonomia participativa, pode-se criar uma proposta

de arranjo físico e recomendações mais bem sucedidas e aceitas pela

empresa.

Nunes e Silva (2015) ainda salientam que a importância da

distribuição física de uma empresa é reforçada pelas consequências em

longo prazo das decisões e do custo de reorganizar o arranjo físico. Em

busca de aproveitar melhor a estrutura do arranjo físico e aumentar a

eficiência da produção, estudos vêm buscando modelos de arranjo para

suprir as necessidades das empresas.

O estudo de caso foi desenvolvido por meio de pesquisa de campo,

envolvendo a diretora, a gerente de produção e os funcionários da

empresa de todos os setores. Foi elaborado e distribuído um questionário,

visando coletar informações quanto às dificuldades encontradas pelos

trabalhadores na realização das tarefas envolvidas na produção. Além

disso, foram realizadas dinâmicas com os envolvidos, que tiveram como

objetivo a participação dos trabalhadores na elaboração do novo projeto

do espaço de trabalho.

1.1 OBJETIVOS

O objetivo geral e os objetivos específicos deste trabalho foram

definidos da seguinte maneira:

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho refere-se à aplicação da ergonomia

participativa para projetar o espaço de trabalho de uma empresa de

33

confecções de roupas de Santa Catarina, buscando maior eficiência e

segurança das condições de trabalho.

1.1.2 Objetivos específicos

Avaliar o arranjo físico atual do ambiente de trabalho no setor

de produção

Aplicar o método de Projeto do Espaço de Trabalho envolvendo

os trabalhadores no processo de intervenção

Avaliar os resultados das atividades de intervenção com os

trabalhadores e gestores envolvidos

Propor novo arranjo físico para o setor de produção conforme

demandas ergonômicas identificadas.

35

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ERGONOMIA

A primeira definição de Ergonomia foi feita em 1857, no auge da

revolução industrial europeia, pelo cientista polonês Wojciech

Jarstembowsky, estabelecendo a ergonomia como uma ciência do

trabalho que propõe o entendimento da atividade humana em termos

de esforço, pensamento, relacionamento e dedicação

(JARSTEMBOWSKY, 1857). Apesar da história da ergonomia ser muito antiga, segundo Iida

(2005), a sua aplicabilidade mais efetiva teve início após a Segunda

Guerra Mundial (1939 – 1945), como consequência do trabalho

interdisciplinar realizado por diversos profissionais, tais como

engenheiros, fisiologistas e psicólogos. O autor salienta que durante a

guerra, os conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis foram

utilizados ao máximo para construir instrumentos bélicos relativamente

complexos como submarinos, tanques, radares, sistemas contra incêndios

e aviões. Estes exigiam muitas habilidades do operador em condições

ambientais bastante desfavoráveis e tensas, no campo de batalha. Os erros

e acidentes, muitos com consequências fatais, eram frequentes e

suscitaram a pesquisa para adaptar esses instrumentos bélicos às

características do operador, melhorando o desempenho e reduzindo a

fadiga e os acidentes (IIDA, 2005).

Moraes e Soares (1989) também afirmam que a ergonomia surgiu

como uma disciplina no contexto da segunda guerra, quando a falha das

formas tradicionais de resolução de problemas entre os seres humanos e

as máquinas se tornou mais evidente, devido às situações extremas de

ação em que as pessoas eram colocadas. Estes autores ressaltam que

surgiram três gerações de ergonomia. A primeira delas concentrada no

projeto de trabalhos específicos, interfaces homem-máquina, incluindo

arranjo, controle, painéis e ambientes de trabalho. A segunda enfatiza a

natureza cognitiva do trabalho, devido às inovações tecnológicas, como o

desenvolvimento de sistemas automáticos e informatizados. Enquanto a

terceira surge com a robótica e o aumento progressivo da automação de

sistemas.

Murrel (1949) definiu o conceito de ergonomia como conjunto

de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessário para os

engenheiros conceberem ferramentas, máquinas e conjuntos de trabalho

que possam ser utilizados com máximo conforto, segurança e eficiência.

36

Conforme Iida (2005), a primeira associação científica de

ergonomia foi a Ergonomics Research Society, fundada na Inglaterra no

início da década de 1950. Nos Estados Unidos foi criada, em 1957, a

Human Factors Society. A terceira associação surgiu na Alemanha, em

1958. A partir disso, durante as décadas de 1950 e 1960, a Ergonomia

difundiu-se rapidamente em diversos países, principalmente no mundo

industrializado. No Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia -

Abergo - foi fundada em 1983.

Conforme a Associação Brasileira de Ergonomia, o significado

de ergonomia pode ser entendido da seguinte forma: “Entende-se por

ergonomia o estudo das iterações das pessoas com as tecnologias, a

organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem

melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o

bem-estar e a eficácia das atividades humanas”.

Wisner (1994) aborda duas finalidades básicas da ergonomia: o

melhoramento e a conservação da saúde dos trabalhadores e a concepção

e o funcionamento satisfatório do sistema técnico do ponto de vista da

produção e segurança. Além disso, o autor salienta que a ergonomia

preocupa-se com os aspectos humanos do trabalho em qualquer situação

onde este é realizado. Laville (1996) considera a ergonomia como sendo

o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do homem em

atividade, a fim de aplicá-los na concepção das tarefas, dos instrumentos,

das máquinas e dos sistemas de produção.

Com relação às condições de trabalho deste século, Iida (2005)

ressalta que, em muitos países, o trabalho ainda é realizado em condições

severas e insalubres, causando sofrimentos, doenças e até mutilações e

mortes dos trabalhadores, e as pesquisas ergonômicas existirão enquanto

o homem continuar a sofrer as diversas mazelas do trabalho.

Para o autor, a Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao

homem, sendo que este trabalho tem um amplo significado, abrangendo

não apenas aqueles realizados com máquinas e equipamentos, mas

também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem

e uma atividade. Isto envolve não só o ambiente físico, mas também os

aspectos organizacionais. Além disso, Iida (2005) afirma que a Ergonomia estuda os diversos

fatores que influenciam no desempenho dos sistemas produtivos, como

observa-se na Figura 1. Ela procura também reduzir as consequências

nocivas no trabalhador como fadiga, estresse, erros e acidentes,

proporcionando segurança, satisfação e saúde aos trabalhadores durante

seu relacionamento com o sistema produtivo.

37

Figura 1 - Fatores que influem no sistema produtivo

Fonte: IIDA, 2005

Essas consequências nocivas são, em grande maioria, geradas

devido às inadequações ergonômicas, as quais, segundo Jarufe (2009),

geralmente não são percebidas, podendo assim causar vários problemas

de imediato ou com o passar dos anos. Estes problemas começam com

uma pequena dor e levam posteriormente a diversas doenças.

Para quem trabalha diariamente em ambientes inadequados,

segundo Iida (2005), essas doenças são adquiridas mais facilmente, pois

essas pessoas passam horas e horas em más condições de trabalho,

sentadas em cadeiras inadequadas, por exemplo, ou manuseando

máquinas e equipamentos que forçam posturas excessivamente curvadas,

ou mesmo ambientes de iluminação precária. Há postos de trabalho em

que as pessoas passam muito tempo em uma mesma posição, na maioria

das vezes em posição inadequada.

Desta forma, o alvo da ergonomia é entender esses aspectos

buscando realizar mudanças na situação real do problema, elaborar

38

melhores projetos e tomar decisões tecnológicas mais bem qualificadas

(VIDAL, 1999).

2.1.1 Antropometria

De acordo com Grandjean (2005), a antropometria trata das

medidas físicas do corpo humano, sendo que sua origem refere-se à

antiguidade, onde Egípcios e Gregos observavam e estudavam a relação

das diversas partes do corpo. Todavia, o autor enfatiza que, na década de

1940, as medidas antropométricas ganharam especial importância e

interesse. Por um lado, isso foi provocado pela necessidade da produção

em massa do vestuário e demais produtos, levando em consideração que

um produto mal dimensionado poderia provocar a elevação dos custos.

Por outro lado, surgiram muitos sistemas de trabalho complexos como

centros de controle operacional de usinas siderúrgicas, onde o

desempenho humano é crítico, sendo indispensável tomar cuidados

durante o projeto desses sistemas (GRANDJEAN, 2005).

Petroski (1995), por sua vez, afirma que a antropometria física teve

sua origem nas constatações do Italiano Marco Polo, entre 1273 e 1295,

que, após diversas viagens pelo mundo, constatou a existência de diversas

raças, povos e culturas, observando que estes povos diferiam muito em

estrutura corporal e tamanho. Seguindo esta mesma linha, Iida (2005)

reitera que todas as populações são compostas de indivíduos de diferentes

tipos físicos, que apresentam diferenças nas proporções de cada segmento

do corpo.

Desta forma, sempre que possível, ao projetar um produto ou

equipamento, deve-se realizar as medidas antropométricas da população

que irá fazer o uso destes equipamentos. Caso contrário, com

equipamentos fora das características dos usuários, aumentam-se as

chances de desencadear estresse desnecessário e até provocar acidentes

graves (IIDA, 1991). Com relação ao ambiente de trabalho, Petroski

(2005) afirma que a antropometria tem sua contribuição importante, pois

é por meio dela que pode-se analisar e verificar como o homem se

comporta frente ao exercício das atividades, tendo em vista a preocupação

de melhorar os postos de trabalho. O autor sustenta este conceito,

defendendo que a antropometria mostra, por meio das dimensões

humanas, se o homem está em harmonia com seu ambiente de trabalho e

se este comporta esse homem trabalhando, procurando sempre

proporcionar o perfeito bem estar físico e mental.

Portanto, uma grande aplicabilidade das medidas antropométricas

na ergonomia corresponde ao dimensionamento do espaço de trabalho.

39

IIDA (1991) define espaço de trabalho como sendo o local necessário

para realizar os movimentos requeridos para o desempenho das

atividades. O autor afirma que o espaço de trabalho para um jogador de

futebol, por exemplo, é o próprio campo de futebol e até uma altura de

2,5 m, que é a altura de cabeceio. O espaço de trabalho de um carteiro,

por sua vez, seria um sinuoso caminho que acompanha a sua trajetória de

entregas e tem uma seção retangular de 60 cm de largura por 170 cm de

altura. Porém, a maioria das ocupações da vida moderna, desenvolve-se

em espaços relativamente pequenos, com o trabalhador em pé ou sentado,

realizando movimentos relativamente maiores com os membros do que

com o corpo, e onde devem ser considerados vários fatores como: postura,

tipo de atividade manual e o vestuário (IIDA, 1991).

Normalmente, as medidas antropométricas são representadas pela

média e o desvio padrão, porém a utilidade dessas medidas depende do

tipo de projeto em que vão ser aplicadas (IIDA, 2005). Um primeiro tipo

de projeto pode ser considerado como sendo para o tipo médio.

Entretanto, o homem médio ou padrão é, em certo sentido, uma abstração,

pois poucas pessoas podem ser consideradas como padrão em todos os

aspectos. Por outro lado, uma cadeira construída para a pessoa média vai

provocar menos incômodos para os muito grandes e para os muito

pequenos do que se fosse feita para um gigante ou para um anão. Tal

cadeira não seria ideal para todas as pessoas, mas causaria menos

inconvenientes do que se fosse feita para pessoas maiores ou menores em

relação à média (IIDA, 2005).

O autor salienta que uma saída de emergência projetada por este

padrão médio provavelmente não permitiria que um indivíduo grande

saia, ou, alternativamente, um painel de controle projetado para a

população média, poderia não ser alcançado por uma pessoa baixa. Nestes

casos, aplica-se o projeto para indivíduos extremos da população,

podendo este ser extremo superior (95%), ou inferior (5%), buscando

tentar acomodar pelo menos 95% dos casos. Estes projetos procuram,

portanto, cobrir a faixa de 5 a 95% de uma população, como, por exemplo,

bancos e cintos de automóveis. Desenvolver produtos para 100% de uma

população apresenta problemas técnicos e econômicos que não

compensam (IIDA, 2005).

Dentro do espaço de trabalho, as superfícies horizontais são de

especial importância, pois sobre elas que se realiza grande parte do

trabalho. Na mesa de trabalho os equipamentos devem estar corretamente

posicionados dentro da área de alcance que corresponde

aproximadamente de 35 a 45 cm com os braços caídos, e de 55 a 65 cm

com os braços estendidos girando em torno do ombro (IIDA, 2005). O

40

autor também ressalta que a altura da mesa também é muito importante

principalmente para o trabalho sentado, sendo duas varáveis as

responsáveis para a determinação da sua altura: a altura do cotovelo, que

depende da altura do assento, e o tipo de trabalho a ser executado. A altura

da mesa resulta da soma da altura do joelho e da altura do cotovelo. Com

relação ao tipo de trabalho, deve-se considerar se este será realizado no

nível da mesa ou em elevação (IIDA, 2005).

Existem inúmeros dados antropométricos que podem ser utilizados

na concepção dos espaços de trabalho, mobília, ferramentas e produtos de

forma geral, na maioria dos casos pode-se utilizá-los no projeto industrial

(SANTOS, 1997). Contudo, devido à abundância de variáreis, é

importante que os dados sejam os que melhor se adaptem aos usuários do

espaço ou objetos que se desenham. Por isso, há necessidade de se definir

com exatidão a natureza da população que se pretende servir em função

da idade, sexo, trabalho e raça. Muitas vezes quando o usuário é um

indivíduo ou um grupo reduzido de pessoas e estão presentes algumas

situações especiais, o levantamento da informação antropométrica é

importante, principalmente quando o projeto envolve um grande

investimento econômico (PANERO e ZELNIK, 1991).

2.1.2 Ergonomia Participativa

Para auxiliar a concepção ou melhoria de espaços de trabalho aos

trabalhadores (usuários), a Ergonomia Participativa, conceito chave deste

trabalho, pode ser aplicada no ambiente de trabalho. Segundo Noro e

Imada (1984), o termo Ergonomia Participativa refere-se ao

envolvimento vital dos usuários finais (os beneficiários da ergonomia) no

desenvolvimento e implementação da tecnologia. Noro (1991) afirma que

a Ergonomia Participativa é uma nova tecnologia para a disseminação da

informação ergonômica e reitera que essa difusão é vital para uma

utilização efetiva do conhecimento ergonômico por toda a organização.

A Ergonomia Participativa caracteriza o trabalhador como uma

valiosa fonte para a solução de problemas e, consequentemente,

reconhece sua competência e alimenta a auto estima do trabalhador como

pessoa. As ideias sob o conceito participativo são bastante simples e

intuitivas e estão centradas na necessidade de fortalecer e capacitar o

funcionário a analisar, resolver e ultrapassar problemas por si mesmo,

aplicando a tecnologia ergonômica. Esta abordagem ressalta a

contribuição do trabalhador como elemento indispensável de sua

metodologia científica, reforçando a validade de ferramentas simples e da

experiência do trabalhador na solução de problemas (TAVEIRA, 1993).

41

Um dos principais fundamentos desta abordagem é a participação

ativa dos trabalhadores, especialmente no processo de identificação de

situações de dificuldade ou desconforto que ocorrem no ambiente laboral.

A partir desta identificação surgem as sugestões de soluções de melhorias,

permitindo disseminar seu conhecimento técnico da tarefa e assegurar um

maior grau de aceitação das soluções propostas (GUIMARÃES, 2000).

Este conceito exerce uma função essencial sobre a ação ergonômica nos

fatores organizacionais de uma empresa.

Haims e Carayou (1998) e May e Schwoerer (1994) afirmam que

a ergonomia participativa pode intervir de forma simultânea tanto nos

fatores de riscos ergonômicos (físicos, ambientais e organizacionais),

quanto nos fatores de risco psicossociais, o que torna a EP uma forma de

intervenção bastante eficaz no combate de distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho (DORT). De acordo com Smith e Carayon

(1996) apud Bernardes (2012), as seguintes características da ergonomia

participativa atuam na melhoria dos aspectos psicossociais do trabalho e

podem diminuir o risco de desenvolvimento de DORT, como:

treinamento dos colaboradores, envolvimento dos trabalhadores na

tomada de decisão referente ao seu ambiente laboral, e maior troca de

informações entre os diversos níveis organizacionais.

Taveira (1993) levanta outro aspecto desta metodologia, que é a

possibilidade de visualizar os problemas dentro de uma escala

conveniente. Segundo ele, resolver grandes problemas organizacionais

está muito frequentemente além do alcance da capacidade do ser humano,

e a solução é reduzir o problema a proporções humanas. Portanto, a

abordagem participativa ressalta a relevância das pequenas vitórias como

uma série de contribuições concretas, completas e implementadas, que

podem constituir um padrão de progresso.

Quanto à ergonomia tradicional, por sua vez, Guimarães (1998)

afirma que esta tem característica unilateral, onde um projetista no

assunto avalia o modo de trabalho e recomenda soluções, sendo que o

envolvimento dos trabalhadores limita-se a atuar do modo projetado. Por

este motivo, Fialho (1996) ressalta que os modelos tradicionais

apresentam duas desvantagens. A primeira é o fato do trabalhador ter

pouco ou nenhum envolvimento durante o processo do projeto,

revertendo no baixo interesse para a inovação sugerida. E a segunda é a

falta de conhecimento dos propósitos e raciocínio ergonômico, o que

inviabiliza generalizações de soluções para as dificuldades encontradas,

acarretando sempre a necessidade de se recorrer a um especialista em cada

novo problema (FIALHO, 1996).

42

Imada (1991) e Rivilis et al. (2006) salientam ainda que a EP,

quando comparada às metodologias convencionais, possui contribuições

importantes como a maior eficácia na intervenção, maior capacidade de

solução de problemas, melhor comunicação entre as partes interessadas e

a maior aceitação por parte dos trabalhadores das mudanças ergonômicas

introduzidas.

Iida 2005 também ressalta que no projeto participativo, o usuário

é envolvido desde a etapa inicial. Assim, não há uma separação entre o

projeto e a sua avaliação e desde o início, o projeto é focalizado nas tarefas

e nos usuários, os quais fazem avaliações contínuas em todas as etapas

praticadas. Desta forma, os eventuais erros ou desvios do projeto são

imediatamente corrigidos antes de se chegar ao protótipo.

Desta forma, a participação do usuário é de grande importância

para a identificação e definição das premissas e requisitos de um projeto

de melhoria do ambiente de trabalho. É muito difícil o projetista conseguir

mensurar tais requisitos estando fora da realidade e do convívio do

ambiente. Portanto, com a colaboração do usuário aliada as competências

do projetista, pode-se criar um ambiente de trabalho sem riscos,

atendendo as necessidades de todos os envolvidos (SANTOS, 2016).

2.2 ERGONOMIA NA INDÚSTRIA

A globalização da economia e seus efeitos, principalmente

relacionados com os avanços da tecnologia e a concorrência acirrada,

impõem às indústrias a necessidade de buscar inovações e novos métodos

de gestão da produção para a perpetuação no mercado (BAISCH, et al,

2012). No entanto, estas profundas transformações na esfera produtiva

ocasionaram o desequilíbrio nas relações de trabalho. Em decorrência dos

rearranjos organizacionais, o trabalho passou a ser determinado pelo

processo de produção, no qual acidentar e adoecer são resultantes de

relações sociais em que o trabalhador se torna apenas um complemento

da máquina (LARA, 2011).

Dentro deste mercado cada vez mais competitivo, as indústrias

buscam diferentes estratégias para sobreviver nesta realidade. As novas

tecnologias são entendidas como um avanço do capital no sentido do

controle do processo de trabalho. O mesmo ocorre com as formas de

organização do trabalho, desenvolvidas a partir dos anos 1960, visando o

engajamento direto do trabalhador com a produção e com a empresa, tais

como: o enriquecimento de cargos, os grupos semi-autônomos, os

43

círculos de controle de qualidade, o just-in-time e o kanban (FARAH,

1992).

Segundo Franco (1995), algumas indústrias seguem a estratégia

da melhoria da qualidade, utilizando programas simplistas que, em geral,

não levam em consideração os aspectos holográficos das organizações.

Nestes programas, modificações no processo produtivo e nas estruturas

organizacionais são implementados visando uma maior qualidade. No

entanto, muitas das dificuldades encontradas nesta implantação se devem

principalmente ao fato de que o homem é considerado como apenas mais

um elemento do sistema de produção. O autor ainda enfatiza que, dentro

desta filosofia, o homem tem que se adaptar às mudanças do processo,

muitas vezes inadequadas a ele. Proposta essa contrária a de Iida (1993),

na qual a ergonomia é o estudo da adaptação deste sistema ao homem.

Portanto, a necessidade do estudo da ergonomia é decorrente das

máquinas complexas e de sua utilização, o aumento da velocidade dos

carros e aviões, a utilização de sofisticados aparelhos eletrônicos e

computadores, o problema do ruído, da vibração, as condições térmicas

do ambiente de trabalho e os trabalhos em série, que têm levado o

trabalhador rapidamente à fadiga, os acidentes, os baixos rendimentos, as

neuroses profissionais e as doenças psicossomáticas. Tudo isso

incentivou o estudo da adequação do ambiente de trabalho ao ser humano

(MINICUCCI, 1995, p.97).

No mesmo contexto, Dul e Weerdmeester (2004) relatam que

com projetos de trabalhos inadequados às situações cotidianas, as

condições de insegurança, insalubridade, desconforto e ineficiência são

algumas das situações que fizeram com que o estudo da ergonomia tenha

sido intensificado.

Dentre os maiores perigos para o trabalhador na indústria tem-se

as atividades simples, monótonas e muito repetitivas, que acabam

gerando problemas para a saúde como a ‘Lesão por Esforço Repetitivo’

(LER) e as ‘Desordens por Trauma Cumulativo’. Isso, juntamente com as

pressões exercidas pelos superiores, troca de turnos, falta de descanso e a

necessidade de se concentrar por longos períodos, fazem com que o

desempenho do trabalhador diminua, desencadeando os problemas de

ergonomia cognitiva (KARWOWSKI; SALVENDY, 1998). Tudo isso,

em longo prazo, pode gerar prejuízos irreversíveis para a saúde da pessoa.

Além do que, para a empresa, isso também é prejudicial porque não

permite que o operário possa explorar todo o seu potencial físico e

psicológico para desempenhar as tarefas, o que contribui para um

ambiente de produção pouco eficiente (THUN; LEHR; BIERWIRTH,

2011).

44

Desta forma, a ergonomia busca amenizar os riscos ergonômicos

encontrados na indústria. Estes fatores de risco são, em sua maioria,

decorrentes da organização e da gestão das situações de trabalho. Assim,

pode-se identificar como fatores de risco ergonômico aos quais os

trabalhadores se encontram expostos: posturas adotadas, esforço físico,

manipulação de cargas, movimentos repetidos e atividades monótonas

(SOUSA, 2005).

Para Karwowski e Salvendy (1998), o que os gerentes industriais

necessitam hoje é conseguir compreender a relação existente entre os

problemas ergonômicos e os indicadores negativos da empresa como alta

ocorrência de dispensas médicas e baixa qualidade de produção.

Conseguindo perceber essa relação, fica mais fácil poder identificar áreas

de trabalho mal projetadas e tomar atitudes para melhorar essas

condições.

2.2.1 Posto de Trabalho

Posto de trabalho é a configuração física do sistema homem-

máquina-ambiente. É uma unidade produtiva envolvendo o homem e o

equipamento que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como o

ambiente que o circunda (IIDA, 2005)

Tendo em vista o enfoque ergonômico, o posto de trabalho deve

reduzir as exigências biomecânicas e cognitivas, procurando colocar o

operador em uma boa postura de trabalho. Em outras palavras, o posto de

trabalho deve envolver o trabalhador como uma “vestimenta” bem

adaptada, que ele possa realizar o trabalho com conforto, eficiência e

segurança (IIDA, 2005).

As relações entre o homem e o posto de trabalho têm sido o foco

de discussões e preocupações no âmbito da ergonomia e do projeto do seu

espaço de trabalho. Por isto, vem sendo empregadas abordagens, métodos

e ferramentas com a finalidade de propor melhorias do ambiente de

trabalho existentes e no desenvolvimento de postos de trabalhado que

incluam os conhecimentos dos usuários. O grande propósito das diversas

diretrizes de procedimento é a eliminação ou redução de problemas no

processo produtivo não previsto no projeto do posto de trabalho e que,

como consequência, podem causar doenças físicas ou ocupacionais aos

usuários (SANTOS, 2016).

A maior dificuldade na execução dos projetos é a alta

variabilidade das dimensões antropométricas da população, levando a um

dimensionamento inadequado dos postos de trabalho, acarretando em

posturas inadequadas e alcances forçados, provocando dores musculares

45

e resultando em quedas de produtividade. Desta forma, o principal

objetivo do projeto do posto de trabalho é a perfeita adaptação das

máquinas e equipamentos ao trabalhador, de modo a reduzir posturas e

movimentos desconfortáveis, minimizando os estresses musculares

(IIDA, 2005).

Para o projeto adequado do posto de trabalho, é necessário obter

informações sobre a natureza da tarefa, equipamento, posturas e

ambiente. Para isto são utilizadas técnicas como entrevistas, observações,

questionários ou filmagens. Este levantamento deve visar: fadigas físicas,

visuais e mentais; dores localizadas em regiões corporais; desconfortos

ambientais (ruídos, poeiras, vibrações, calor, reflexos, sombras); e outros

aspectos críticos (absenteísmos, doenças ocupacionais) (IIDA, 2005).

Além disso, Santana (1996) salienta que a ergonomia busca não

apenas evitar aos trabalhadores os postos de trabalho fatigantes e

perigosos, mas procura colocá-los nas melhores condições de trabalho

possíveis de forma a melhorar o rendimento e evitar acidentes ou fadiga

excessiva.

2.2.2 Arranjo Físico

A organização do fluxo produtivo é caracterizada por arranjo

físico, ou layout. Para a sua elaboração são necessárias informações sobre

características do produto, quantidades, sequências de operações, espaço

do equipamento e para movimentação, bem como informações sobre

estoques, expedição e transportes (MARTINS e LAUGENI, 2006).

Moreira (2001) define layout como a forma como os centros de

trabalhos foram planejados e dispostos dentro de uma instalação. Slack et

al. (2008) caracterizam-no como a disposição dos recursos

transformadores na operação produtiva, decidindo posição de máquinas,

equipamentos e pessoas, bem como o fluxo e ordem de produção.

A otimização do arranjo físico está diretamente associada a

vários fatores, que se relacionam direta ou indiretamente à eficiência

produtiva, dentre eles: economia de espaço; redução da movimentação;

material em processo; tempo de manufatura e custos indiretos; melhoria

na qualidade e satisfação do trabalhador; incremento da produção e

flexibilização da produção (OLIVÉRIO, 1985).

Para amenizar os riscos ergonômicos, a ergonomia tem estudado

a maneira como os espaços são construídos, buscando uma adequação do

processo produtivo por meio de uma configuração espacial que reflita as

exigências do trabalho e favoreça a saúde, a segurança e a eficiência”

46

(JÚDICE, 2000). Projetar o arranjo físico de postos de trabalho segundo

princípios ergonômicos é uma tarefa complexa, já que se deve considerar

um número importante de elementos que interagem entre si e variam ao

longo do tempo, buscando atender a requisitos que muitas vezes se

mostram contraditórios (Margaritas; Marmaras, 2006).

2.3 INDÚSTRIA TÊXTIL

No contexto industrial brasileiro, as indústrias de confecção de

vestuário representam um setor importante da economia. Conforme a

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção - ABIT (OMC

apud ABIT, 2015), em 2012, o país foi classificado como a quarta maior

potência mundial na atividade industrial de confecção de vestuário e

acessórios.

Segundo Planca (2016), o trabalho desempenhado em muitas das

funções de uma indústria de confecção é bastante desgastante,

principalmente em função de seu ritmo acelerado. A principal mão de

obra da indústria de confecção têxtil é composta pelo sexo feminino

devido, principalmente, à necessidade da precisão e delicadeza nas

atividades (SESI, 2003, p. 19). Segundo Scherer (1995), o principal

equipamento utilizado na costura é a máquina de costura, que surgiu em

meados do século XIX e apresenta as mesmas características básicas até

hoje.

Pizyblski (2014) afirma que as costureiras realizam atividade

cíclica, pois, quando uma sequência de tarefas é finalizada, repete-se a

mesma, da mesma forma, ou de maneira muito semelhante. Observa-se

ainda que as operadoras de máquinas de costura realizam movimentos

repetitivos de ombros, braços, punhos, mãos e dedos. Portanto, as tarefas

realizadas possuem alta repetitividade dos movimentos dos membros

superiores, podendo resultar em doenças músculo-esqueléticas (SENA et

al., 2008).

Além disso, as trabalhadoras da indústria de confecção,

principalmente no setor de costura, desenvolvem suas tarefas na posição

sentada. Durante esta atividade, muitos dos movimentos executados

exigem um acompanhamento visual, fazendo com que o tronco e a cabeça

fiquem inclinados para frente. Portanto, o pescoço e as costas ficam

submetidos a tensões mantidas por longos períodos, acarretando dores. O

dorso também é submetido a grandes tensões, principalmente ao girar o

corpo, quando o trabalhador está em um assento fixo (DUL;

WEERDMEESTER, 1995).

47

Portanto, o serviço de operador de máquinas de costura requer o

uso repetitivo e coordenado do tronco, das extremidades superiores e

inferiores, demonstrando uma atividade monótona, altamente repetitiva,

que exige um alto grau de concentração (GARCIA, 2006; PAULA et.al.,

2009). Essa demasiada manipulação, combinada com a realização de

movimentos rápidos, repetitivos e contínuos, aliada a uma jornada de

trabalho em torno de 8 horas por dia na posição sentada, pode causar

danos à saúde do trabalhador (PRADO, 2006).

2.4 PROJETO DO ESPAÇO DE TRABALHO

O projeto do Espaço de Trabalho, também conhecido como

Work Space Design – WSD, é uma abordagem enfatizada no campo

da ergonomia participativa (VINK, KONINGSVELD,

MOLENBROEK, 2006). Esta abordagem engloba o desenvolvimento

e implementação de novas tecnologias de produção, bem como novos

conceitos para a organização do trabalho (BROBERG; SEIM, 2010).

O WSD é inspirado em uma pesquisa realizada na Escola de

Arquitetura e Planejamento do Massachusetts Institute of Technology

(MIT) na década de 1990, onde Horgen e colegas desenvolveram uma

abordagem denominada “arquitetura do processo” (Horgen et al.,

1999), na qual foi feito o relacionamento de questões arquitetônicas

sobre o espaço de trabalho e o arranjo físico dos edifícios. O projeto

do espaço de trabalho relaciona-se com o modelo SOFT, apresentado

na figura 2. Figura 2 - Modelo Soft

Fonte: Horgen et al. (1999), adaptada pela autora.

48

O local de trabalho com práticas de trabalho é visto como inserido

em quatro dimensões (Figura 1): espacial, organizacional, financeira e

tecnológica (SOFT – Spatial, Organizational, Financial, Technological). Essas dimensões são interdependentes e se relacionam de forma

dinâmica, sendo que uma mudança numa dimensão pode demandar

igualmente mudanças em outras. Desta forma, implementar o WSD visa

criar uma coerência dinâmica entre o trabalho e essas quatro dimensões

do espaço (BROBERG 2008).

Com relação à ideia básica do conceito de projeto do espaço de

trabalho, Broberg (2008) aponta para a necessidade de atores que sejam

capazes de trabalhar por meio dos quatro ângulos, facilitando e

negociando o processo de construção do espaço. Esses atores encenam o

processo de projeto: eles são projetistas do espaço de trabalho. Este é um

estudo de criar visões compartilhadas entre os atores com diferentes

perspectivas e competências, superando resistências e interesses políticos,

estabelecendo um processo de projeto colaborativo e facilitando reuniões

entre atores dos diferentes vértices do modelo SOFT.

O modelo possui como característica central a encenação do

processo de concepção, sendo baseada na participação dos usuários. Isso

implica que metodologias e ferramentas para a participação dos usuários

são importantes elementos do conceito. Portanto, o conceito é voltado

para ajudar as organizações a criar locais de trabalho eficientes e sólidos,

isto é, condições de trabalho saudáveis, seguras e ergonômicas

(BROBERG 2008).

O criador do modelo afirma que o estudo busca criar visões

compartilhadas entre os atores com diferentes perspectivas e

competências, superando resistências e interesses políticos,

estabelecendo um processo de projeto colaborativo e facilitando reuniões

entre atores dos diferentes vértices do modelo SOFT. Portanto, o estudo

que é realizado envolve o compartilhamento da criação e de visões dos

diferentes atores com diferentes perspectivas e competências, superando

a resistência e criando uma colaboração. Broberg (2008), ainda ressalta

que os métodos usados em projetos participativos evidenciam o

“transmitir” e o ter insights e resultados dos eventos de intervenção que

são realizados ao longo do projeto de mudança do ambiente.

O estudo de Broberg et al. (2011) descreve duas intervenções

realizadas em projetos de novas instalações, nas quais foram mediadas as

interações entre usuários e projetistas. O primeiro caso envolve a

implantação de um novo equipamento tecnológico em uma indústria, e o

segundo caso, a fusão de três setores de administração pública em um

novo ambiente de escritório. O objetivo do estudo foi de experimentar

49

metodologias que facilitem a interação entre usuários e projetistas para

projetos de espaços futuros.

Nos casos relatados, foram utilizadas várias representações que

serviram para usuários e projetistas construírem uma compreensão das

necessidades dos usuários e das possibilidades de projeto em workshops

de interação conduzidos pelos pesquisadores utilizando diferentes objetos

para mediar a interação.

Com relação à equipe responsável pelas intervenções, para que um

projeto de WSD seja realizado, geralmente estão envolvidos

pesquisadores, consultores, especialistas e professores em ergonomia.

Broberg (2008) relata que este grupo é o responsável “pelo planejamento

e realização das atividades voltadas para o projeto participativo na

empresa, de forma a otimizar a ergonomia e a eficiência na unidade de

produção que está sendo projetada”. Além disso, este grupo de pessoas

também é responsável por levantar informações importantes como os

dados da empresa, o atual sistema de produção, características básicas da

organização, o nível da inclusão ergonômica nos postos de trabalho, o

grau atual de preocupação em segurança e saúde ocupacional além de

acompanhar o processo do projeto realizando entrevistas e esclarecendo

as intervenções propostas pelas atividades (BROBERG, 2008).

Baseando-se no modelo SOFT, e mediante a experiência de

Broberg (2008) de utilizar métodos de ergonomia participativa em

conceitos organizacionais e tecnológicos particulares, desenvolveu-se um

modelo para o projetista do espaço de trabalho intervir em projetos de

mudança sócio-técnica. Neste modelo o projetista é visto navegando

concomitantemente em diferentes fases, como pode ser observado no

quadro a seguir.

Inicialmente são negociadas as condições para a encenação e

investigado os enquadramentos e redes de comunicação que circundam o

projeto de mudança sócio-técnica na organização. Isso baseia-se em

reuniões com os representantes da gerência e os trabalhadores. Tendo o

modelo SOFT em mente, o projetista do espaço de trabalho indaga sobre

o status do projeto de mudança, investigando o que está aberto a opções

alternativas nas quatro dimensões. O modelo SOFT também indica que

os atores relevantes sejam considerados participantes nas atividades de

intervenção. Além disto, o projetista do espaço de trabalho negocia sobre

o objetivo da intervenção; os recursos a serem colocados na intervenção;

quem deve participar e como insights e resultados da intervenção serão

transmitidos e mantidos no projeto de mudança.

50

Quadro 1 - Modelo WSD

Fonte: Broberg (2008).

Em uma segunda etapa, o projetista do espaço de trabalho deve

adquirir um entendimento básico do sistema de produção e as práticas e

condições de trabalho, além de levantar as questões atuais a serem

resolvidas na organização. Por fim, estão as intervenções a serem

realizadas, as quais são constituídas por uma série de eventos, os quais

precisam ser coerentes para garantir aos participantes a visão que estão

seguindo em direção a um objetivo. Todo o processo e os resultados

esperados da série de atividades precisa ser mostrado a todos os atores do

projeto antes do seu início (BROBERG, 2008).

51

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Tratando-se da ergonomia participativa, considera-se este estudo

uma pesquisa exploratória. Segundo Gil (2008), estudos exploratórios

objetivam adquirir maior familiaridade com assuntos poucas vezes

explorados, buscando desenvolver, esclarecer e modificar conceitos para

definir problemas com maior precisão ou criar hipóteses para pesquisas

posteriores.

Para esta pesquisa, foi realizado um estudo de caso baseando-se na

proposta feita por Broberg (2008), a qual incorpora a ergonomia

participativa com o projeto do espaço de trabalho. Segundo Yin (2001),

estudo de caso é “uma investigação empírica que busca examinar um

fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real”. A seguir

será explicada de forma mais detalhada os procedimentos adotados.

3.1 A EMPRESA

Para preservar os interesses da empresa, seu nome verdadeiro será

mantido em sigilo. Portanto, a empresa em estudo será identificada pelo

nome de CR Confecções. A empresa foi fundada no ano de 2008, e atua

no setor de uniformes, fabricando peças para linha feminina, masculina e

operacional. A empresa fabrica uniformes para grandes empresas como

Casas d’Água, Cassol e Komeco. A CR Confecções é considerada uma

empresa familiar, sendo que a gerente de produção possui mais de 40 anos

de experiência no ramo da alta costura. Esta mesma pessoa é a

responsável técnica, gerente da qualidade dos uniformes, e quem orienta

e ensina os funcionários na execução das tarefas.

A fabricação dos uniformes é, em sua maioria, realizada sob

encomenda, fazendo um atendimento personalizado para o número de

funcionários existentes nas empresas atendidas. Além da fabricação dos

itens sob encomenda, a empresa também oferece peças padrão à pronta

entrega.

Além deste enfoque no ramo de uniformes, a empresa passou a

lançar em cada estação, desde o ano de 2015, uma coleção de camisas

sociais masculina, feminina e infantil de alta costura. Esta coleção, cujo

nome também será mantido em sigilo, será chamada de Camisaria X. A

partir disso, a empresa tem a expectativa de transformar a produção de

uniformes em apenas camisas sociais de alta costura. Este trabalho,

portanto, irá analisar a situação atual da empresa e aplicar a metodologia

baseando-se na fabricação desta peça de roupa, as camisas.

52

3.1.1 Localização A empresa está localizada no município de São José, no estado de

Santa Catarina. A empresa fundou-se em um galpão de,

aproximadamente, 1000m², no bairro Jardim Cidade. Em janeiro de 2017,

mudou-se para um espaço menor, de 190 m² no mesmo bairro e próximo

à antiga sede. A fábrica atende, principalmente, empresas da região da

Grande Florianópolis e do estado de Santa Catarina. A Figura 3 mostra a

localidade da sede.

Figura 3 - Localidade Empresa

Fonte: GoogleMaps 2017.

3.1.2 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional é composta por: uma diretora, uma

gerente de produção, um gerente financeiro, um gerente comercial e 12

funcionários. A diretora, que é a fundadora da empresa, é responsável pela

organização geral da mesma. Ela fiscaliza os trabalhos dos gerentes e

delega as funções de cada um. O gerente comercial lida diretamente com

os fornecedores dos recursos materiais e é também a pessoa que realiza o

contato com os clientes e repassa os pedidos de venda para a Gerente de

Produção. Esta, por sua vez, com seu longo tempo de experiência na

produção de roupas, organiza os pedidos e elabora o plano de ação a ser

executado pelos funcionários. Já o gerente financeiro lida com os

orçamentos, entradas, impostos e custos da empresa.

53

Os funcionários, por sua vez, estão divididos em nove importantes

setores, são eles: Setor de Impressão, Setor de Corte, Setor de Bordagem,

Setor de Passação, Setor de Costura, Setor de Entretelagem, Setor de

Acabamento, Setor de Revisão e Setor de Expedição. A estrutura da

empresa pode ser observada na Figura 4.

Para a fabricação das camisas é necessário envolver todos estes

setores. Por isto, é importante o entendimento das atividades s realizadas

em cada um deles, para compreensão da estrutura da empresa, a qual será

detalhada a seguir.

3.1.3 Estrutura da Produção

Como citado, a empresa CR Confecções possui um total de nove

setores de produção, onde todos são necessários para criação e fabricação

da peça de roupa em estudo. Cada um dos setores envolve atividades

importantes, as quais serão explicadas a seguir.

3.1.3.1 Setor de Impressão

Esta é a primeira atividade realizada após a definição do plano de

ação a ser executado. Neste setor trabalha um funcionário da empresa, o

qual utiliza um programa computacional, chamado Audaces, que gera os

moldes de forma a evitar desperdícios, ou seja, o programa realiza o

melhor aproveitamento possível do rolo de molde, de acordo com a

quantidade e numeração das peças solicitadas no pedido. Após a criação

do molde, é feita sua impressão para posterior realização do corte.

3.1.3.2 Setor de corte

O setor de corte é responsável por uma importante tarefa que exige

cuidado e atenção. Segundo Saldanha (2008), o corte é uma operação que

exige que o operador tenha pleno conhecimento e execute os movimentos

com segurança para operar com a máquina de corte. Essa operação não é

executada por todos os colaboradores devido às suas características. São

selecionados os colaboradores mais experientes e responsáveis para a

executarem. Qualquer distração nesta etapa tem consequências

seríssimas.

O setor de corte realiza o enfesto, que é o alinhamento dos tecidos

em camadas, e os corta para suprir as necessidades das próximas etapas

do processo de transformação do tecido.

54

3.1.3.3 Setor de Bordados

Neste setor é realizado o bordado nas camisas nas chamadas

máquinas bordadeiras. Para a realização do bordado, é necessário,

primeiramente, colocar o bastidor na peça de roupa, que é um aro de

madeira, que tem a função de esticar a roupa, dando firmeza e auxiliando

na tarefa. O bordado é personalizado com o logotipo de cada empresa

atendida. Neste projeto, entretanto, como o foco será a l das camisas de

alta costura, este setor se concentrará no bordado da marca da Canni

Camisaria. Existe apenas uma funcionária especialista que é responsável

pela execução desta atividade.

3.1.3.4 Setor de Passação

Para a fabricação das peças de roupas, em especial as camisas, é

necessário que as peças sejam passadas em dois momentos: antes de

iniciar a costura das peças e ao final do processo produtivo, precedendo

a embalagem. Esta atividade exige grande atenção, pois é utilizado um

ferro a vapor industrial, o qual chega a altíssimas temperaturas.

3.1.3.5 Setor de Costura

O setor de costura engloba a maior parte da produção, desde

costuras retas, pregas, pespontos e bainhas. É neste setor que trabalha a

maior parte dos funcionários do local. Segundo Sena (2008), as

costureiras possuem uma jornada de trabalho cansativa, pois além de

longa, é caracterizada por atividades repetitivas que ocorrem em todo o

tempo na posição sentada, condição que se torna prejudicial à saúde.

O movimento feito por estas profissionais pode trazer problemas

de coluna, lesões por esforços repetitivos (LER), distúrbios

osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), além do stress,

cansaço psicológico que é um dos principais agravantes da saúde de

pessoas que passam a maior parte do seu dia sentados em uma única

posição (CARNEIRO, FERREIRA, 2010). As principais máquinas deste

setor utilizados para a produção das camisas são máquina reta e a máquina

interloque.

55

Figura 4 - Estrutura Organizacional

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

56

3.1.3.6 Setor de Entretelagem

O setor de entretelagem realiza a colagem da entretela nas camisas.

A entretela é um tecido de algodão, engomado, que reforça as golas e os

punhos das camisas. Esta atividade é realizada por uma máquina

específica, chamada máquina de prensa térmica, que funciona em altas

temperaturas, o que demanda um maior cuidado e atenção na execução.

3.1.3.7 Setor de Acabamento

Após o término das atividades que envolvem as costuras, a peça é

encaminhada ao setor de acabamento. Primeiramente, a peça é levada

para a máquina de casear, a qual realiza os furos dos botões nas camisas.

Feito isto, a roupa é conduzida para a máquina de botão, a qual realiza a

pregação dos botões.

3.1.3.8 Setor de Inspeção

Com o produto acabado, as roupas são transferidas para o setor de

revisão, onde é feita a inspeção e o controle da qualidade. Caso a peça

apresente defeito ou erro a ser consertado, a peça é encaminhada para o

setor específico onde ocorreu o erro, para poder ser reparada.

O setor de inspeção da empresa é considerado bem criterioso, por

possuir alta exigência de qualidade. Quando a peça volta a determinado

setor para reparo, ela é novamente encaminhada para o setor de inspeção,

e só é enviada ao setor de expedição quando é atendido o padrão de

qualidade, mesmo que isso exija que a peça seja reparada várias vezes.

3.1.3.9 Setor de Expedição

Este setor é o último do processo produtivo, onde a camisa é

novamente passada com ferro e, finalmente, é etiquetada e embalada em

saco plástico.

3.2 PROCEDIMENTO DO ESTUDO

Com relação à equipe responsável pelas intervenções, a autora

deste trabalho assumiu esta função, encarregando-se desta forma da

execução das tarefas propostas por Broberg e Seim (2010), com algumas

adaptações para respeitar limitações técnicas existentes, conforme

exposto na sequência. O projeto participativo do espaço de trabalho foi

57

dividido em quatro fases, relacionando cada uma à ergonomia

participativa, para atender aos objetivos do estudo. As fases do trabalho

estão apresentadas no quadro 2.

Quadro 2 - Fases do Trabalho

Fonte: Elaborado pela Autora

3.2.1 Fase I

Nesta fase inicial foram realizadas duas importantes ações: a

avaliação do local de trabalho e a elaboração da planta baixa do arranjo

físico atual. A avaliação do ambiente em estudo teve por objetivo levantar

o maior número de informações referentes à empresa para que houvesse

dados significativos para o estudo. Foi feito, portanto, o mapeamento do

processo de produção da empresa, analisando cada posto de trabalho

individualmente, assim como também todo o conjunto, observando os

procedimentos de trabalho e equipamentos utilizados. A elaboração do

arranjo físico, por sua vez, apresentou um desenho com a estrutura atual

da empresa e todos os setores existentes na mesma. Este desenho foi

necessário para a realização das atividades de fases posteriores.

3.2.1.1 Evento 1

Como já citado, todos os setores da empresa estão envolvidos na

fabricação da peça de roupa em estudo, as camisas. Portanto, foi

necessário o envolvimento de funcionários que trabalham nos 9 setores

58

de produção. Foi realizada uma reunião com todos os envolvidos do

trabalho para que fosse apresentado o conceito de ergonomia participativa

e a importância desta na execução das atividades. Apresentou-se também

o projeto de espaço de trabalho – WSD, e como seriam realizados os

eventos seguintes.

Nessa etapa foi enfatizada a importância da efetiva participação e

engajamento dos envolvidos na execução do projeto, para que ele alcance

o resultado esperado, proporcionando assim melhorias reais para o

ambiente de trabalho da empresa. Para isto, foi elaborado um flyer que

explicava o conceito de ergonomia participativa e as atividades que

seriam realizadas com os participantes, e foi explicado para eles o

conteúdo do mesmo. Foi formada a equipe dos atores participantes do

estudo, buscando envolver as diferentes áreas do modelo SOFT proposto

por Horgen et al. (1999), que totalizaram 13 pessoas. O flyer está

apresentado no APÊNDICE A.

3.2.2 Fase II

Nesta fase do projeto do espaço de trabalho foram realizados três

eventos com todos os participantes do projeto para que o conhecimento

gerado fosse o maior possível. Além disso, esta etapa teve como objetivo

reunir todas as informações possíveis sobre o espaço em questão, para

que, com esses dados, fosse possível o planejamento de um novo

ambiente de trabalho a ser apresentado na próxima seção. O enfoque

principal desta primeira fase foi realizar, inicialmente, dois workshops,

são eles: Cognitive Walk-through Method e Workbook, os quais serão

explicados a seguir. Posteriormente realizou-se o terceiro evento desta

fase, que foi uma apresentação dos problemas verificados na execução

dos workshops.

3.2.2.1 Workshop 1: Cognitive Walk-through Method

Este primeiro workshop realizado nesta pesquisa teve por objetivo

a classificação do ambiente de trabalho, iniciando uma investigação

colaborativa do atual local e suas práticas, contando com todos os atores

participantes do projeto. Segundo Smith Jackson (2005), o método

cognitive walk-through (CWM) trata-se de uma excursão ou

demonstração de uma área ou uma tarefa, levando em consideração

fatores cognitivos. É um método de inspeção de usabilidade, baseado no

fato de que os avaliadores são capazes de tomar o ponto de vista do

usuário e podem aplicar esta perspectiva do usuário a um cenário da tarefa

59

para identificar problemas de projeto.

Portanto, a fim de se obter uma percepção do sistema e ambiente

de trabalho da empresa, a equipe de intervenção do WSD fez um walk-through junto com os trabalhadores e operadores dos postos de trabalho,

ou seja, transitaram juntos pelos setores para, assim, classificar o

ambiente. Enquanto o WSD ocorre, são feitas entrevistas com os

trabalhadores a respeito do trabalho no atual sistema de produção,

indagando sobre acidentes ocorridos e as dificuldades encontradas, além

de perguntas específicas sobre procedimentos de trabalho, projeto do

local de trabalho, equipamento de proteção pessoal. Neste momento é

importante fazer os participantes refletiram abertamente sobre essas

questões, e os problemas e ideias levantadas devem ser registrados pela

equipe de intervenção (BROBERG, 2008).

Broberg (2008) sugere a realização de um segundo walk-through,

desta vez com os trabalhadores portando uma câmera digital, onde estes

são orientados a fotografar o sistema de produção e, posteriormente,

opinar sobre as fotografias baseando-se no seguinte código: aquilo que é

considerado problemático e que, portanto, não deve ser transferido para o

novo sistema de produção, é registrado com a cor vermelha, enquanto que

aquilo que funciona bem e deve ser mantido no sistema é registrado com

a cor verde. Por fim, aquilo que precisa de atenção é registrado com a cor

amarela (BROBERG, 2008).

Para a aplicação deste método da ergonomia participativa neste

estudo, foi realizada uma adaptação para que o CWM se adequasse à

realidade da empresa CR Confecções e o objetivo do estudo. Foi

planejada a execução de um walkthrough para conhecer a rotina da

empresa e todos os setores, sendo que enquanto ele ocorria, iam sendo

tiradas as fotografias dos postos de trabalho pela autora do projeto.

Portanto, o método Cognite Walk-through iniciou-se

primeiramente apresentando aos atores envolvidos no projeto a

importância do método e como ele iria funcionar, evidenciando a

importância da participação sincera de todos. No método original do

modelo SOFT, é aplicado um questionário utilizando-se as cores verde,

vermelho e amarelo, as quais informam o grau de risco cada uma das

atividades realizadas. Para este trabalho, este questionário foi adaptado

por perguntas a serem respondidas baseando-se na escala Likert, por

permitir que, desta forma, os trabalhadores pudessem especificar com

uma faixa de opções maior de níveis a concordância ou não com as

afirmações. Este formulário foi preenchido de acordo com avaliação de

cada um a respeito dos postos de trabalho, respondendo as seguintes

60

questões:

1. Você sente alguma dificuldade para a realização desta tarefa?

2. Sente dores após longo tempo de exposição a esse posto?

3. Tarefa é intuitiva?

4. É fácil de cometer algum erro?

5. Existe algum risco claro que possa prejudicar sua saúde?

6. Você faria isto de outra maneira?

Referente a cada uma destas perguntas, o avaliador respondeu de

acordo com a seguinte escala: número 1, que significa “concordo

totalmente”; número 2, que significa “concordo em parte”; número 3, que

significa “indiferente”; número 4, que significa” discordo em parte”; e

número 5, que significa “discordo totalmente”. Caso o avaliador desejasse

registrar observações com relação a algum posto de trabalho ou alguma

questão que considerasse pertinente, foi disponibilizado no questionário

um espaço para estas observações. O modelo pode ser visto no

APÊNDICE B.

3.2.2.2 Workshop 2: Workbook

Além do workshop Congnite Walk, na segunda fase do projeto,

foi realizado também o Workbook, um segundo workshop. De acordo com

Horgen (1999), o workbook era um caderno composto pelas imagens

tiradas pelos funcionários no segundo walk-through, ou seja, era uma

coleção de fotografias da unidade de produção onde os funcionários

usariam como uma ferramenta para comentar sobre os processos do lugar

e de trabalho em geral, bem como o trabalho ambiente.

Como apontado anteriormente, estas fotos foras tiradas durante o

tour pelos postos de trabalho e as fotos selecionadas fizeram parte do

workbook. Este ficou disposto no refeitório da empresa, lugar onde os

funcionários almoçam, fazem seus lanches e pausam o trabalho por

alguns minutos. Por isto, o local foi considerado ideal para dispor o

caderno, por ser onde os funcionários se sentiriam mais à vontade para

comunicar suas opiniões e realizar comentários referentes aos postos de

trabalho. Ao lado de cada fotografia exposta no caderno, foi escrito a

seguinte pergunta: Existe alguma crítica ou sugestão para a atividade em

questão?

Seguindo as instruções de Broberg (2008), o caderno foi então

apresentado aos funcionários, os quais foram convidados a comentar as

fotos fornecendo opiniões sobre boas soluções a serem mantidas,

situações problemáticas e situações que deveriam ser alteradas.O

61

workbook está apresentado no APÊNDICE C.

3.2.2.3 Apresentação dos Resultados

A apresentação dos resultados foi o último evento realizado na

segunda fase do projeto, na qual foi comunicado aos atores participantes

os resultados colhidos nos dois workshops realizados, o Cognitive Walk-

through e o Workbook. A apresentação dos problemas verificados foi

importante pra averiguar se todos os participantes estavam de acordo com

as dificuldades mencionadas. Além disto, este momento proporcionou

mais uma chance para aqueles funcionários que quisessem mencionar

mais algum incômodo e também foi um período utilizado para sanar

dúvidas que foram levantadas.

3.2.3 Fase III

Com as informações da fase II, a terceira fase do projeto, por sua

vez, utilizou os dados coletados para concentrar-se na elaboração de um

novo arranjo físico para a empresa. Nesta fase foi realizado o terceiro e o

quarto workshops do projeto, os quais serão relatados a seguir.

3.2.3.1 Workshop 3: Jogo do Tabuleiro

Este workshop teve por objetivo propiciar um processo

colaborativo permitindo que os participantes refletissem sobre diferentes

proposições de arranjos físicos. Isto ocorreu de modo que todos os

participantes pudessem fazer indagações sobre a proposta de possíveis

soluções para os problemas identificados anteriormente. Desta forma, os

trabalhadores desenvolveram e propuseram novos arranjos, tomando

como referência as diferentes atividades realizadas naquele espaço.

Uma importante questão desta etapa do projeto foi instruir os

participantes sobre o objetivo do jogo, que é o de modelar o projeto de

arranjo físico apresentado levando em questão o objetivo e pretensão da

empresa, que é deixar de produzir os uniformes e as diversas peças de

roupas que os compõem, focando apenas na produção de camisas.

Para que esta dinâmica ocorresse, foi elaborado um tabuleiro

constituído pela planta baixa da empresa, que foi mantida fixa. Os móveis

e equipamentos da empresa foram mantidos soltos, como se fossem as

“peças” de um tabuleiro, devidamente identificadas. Segundo Broberg

(2008), este workshop é considerado um jogo onde os trabalhadores da

empresa se posicionam em volta do tabuleiro com o objetivo de moverem

62

as peças e apresentarem suas opiniões e sugestões de arranjo físico.

Este evento é realizado em algum ambiente da empresa, sendo que,

para este projeto, escolheu-se o refeitório da empresa, por este possuir um

espaço amplo o suficiente para que todos os atores envolvidos pudessem

participar. Durante o jogo, a autora do projeto comportou-se como uma

mediadora, instruindo os participantes sobre o propósito do jogo de

projeto, que neste caso foi a elaboração de um arranjo físico para a

empresa com foco na produção de camisas. Além disso, foram feitas

indagações para que durante o jogo os participantes explicassem suas

razões, ideias e as propostas apresentadas.

Broberg (2008) afirma que a experiência prática do trabalho e as

ideias trazidas pelos trabalhadores devem possuir uma profunda

influência na nova proposta para o projeto do espaço de trabalho, além de

incluírem importantes aspectos ergonômicos. Os trabalhadores

apresentam sugestões que muitas vezes não haviam sido consideradas

pelo projetista, sendo que nesta etapa são levantados problemas que até

então não haviam sido identificados (BROBERG 2008). Por isto,

enquanto o workshop ocorreu, foi importante dar liberdade e incentivar

os funcionários a explorarem diferentes possibilidades de arranjo e design

do espaço de acordo com as sugestões propostas por eles nas etapas

anteriores.

3.2.3.2 Workshop 4: Projeto do espaço de trabalho

Nesta mesma fase foi realizado o quarto e último workshop do

projeto do espaço de trabalho, cujo propósito foi apresentar à empresa o

arranjo físico do setor de produção em três dimensões. Este arranjo físico

foi criado a partir das participações e das sugestões verificadas nos três

workshops realizados anteriormente.

De acordo com Broberg (2010), o resultado do jogo do tabuleiro

seria a proposta para a nova planta. Entretanto, durante a realização do

workshop 3, não se chegou a um resultado final de arranjo físico da

empresa. Muitas sugestões foram levantadas mas, devido à grande

quantidade de máquinas e equipamentos existentes, algumas mudanças

não foram de fato efetuadas no tabuleiro. Diante disso, foi decidido que a

autora do projeto iria configurar o novo arranjo físico buscando compor

uma planta que atendesse as opiniões fornecidas pelos trabalhadores.

Broberg (2008) sugere que nesta fase do projeto seja realizada uma

maquete e/ou uma simulação real do espaço de trabalho da empresa para

obter melhores resultados e melhor visualização da situação. Contudo,

diante do alto investimento financeiro desta recomendação, optou-se por

63

utilizar um programa computacional, e elaborar um modelo em 3D do

arranjo físico da empresa, o que foi apresentado aos atores participantes.

A ideia com a exposição em três dimensões foi procurar mostrar um

cenário mais real para que se possa explorar de perto a ergonomia e a

futura prática de trabalho relacionada à produção das camisas. Desta

forma, foi possível avaliar as dificuldades que possam vir a surgir, para

que, caso exista alguma inviabilidade ergonômica, ela seja evitada e

modificada antes do projeto ser de fato executado na empresa.

Apresentada a sugestão de arranjo físico à empresa, foram feitos

questionamentos sobre como seria a execução das atividades nesse

modelo com base nas perguntas: “Como seria a produção de camisas

nesse novo espaço?” e “De quais maneiras as tarefas poderiam ser melhor

executadas?”. Com base nas respostas obtidas às perguntas anteriores,

passou-se então à última fase.

3.2.4 Fase IV

Mediante as respostas obtidas às perguntas no workshop anterior,

nesta última fase do projeto, concebeu-se o arranjo físico final para a

empresa CR Confecções. Este arranjo físico, além de visar uma maior

eficácia para a empresa, teve por objetivo apresentar um local de trabalho

saudável para o trabalhador, atendendo suas solicitações e demandas e

considerando as condições ergonômicas. Diante disso, nesta última fase

foram apresentados aos atores participantes os resultados obtidos nos

workshops realizados e a evolução que a proposta de arranjo físico teve

ao longo do projeto, até chegar ao resultado final.

3.2.4.1 Diagrama de Spaguetti

Por fim, para complementar esta última fase do projeto, aplicou-se

o Diagrama de Spaguetti para o calcular as distancias percorridas entre o

arranjo físico atual da empresa e o arranjo físico proposto. Este diagrama

auxilia na visualização da otimização de um determinado processo e

consiste em traçar sobre a planta baixa a movimentação realizada ao

longo do processo produtivo. Portanto, através dele, foi possível

vislumbrar a diferença no transporte realizado entre os dois arranjos

físicos.

64

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este tópico apresenta os resultados obtidos na aplicação das quatro

fases da metodologia do Projeto do Espaço de Trabalho (WSD) na

empresa CR Confecções.

4.1 FASE 1

A primeira fase do projeto teve como objetivo analisar o ambiente

de trabalho e a levantar o arranjo físico atual da empresa.

4.1.1 Mapeamento do Processo Produtivo

Para análise do ambiente de trabalho, elaborou-se o mapeamento

do processo de produção das camisas, o qual permite um melhor

entendimento da estrutura de produção da empresa e dos setores

existentes na mesma. O mapeamento pode ser observado no fluxograma

mostrado na figura 5.

A produção da camisa se inicia no setor de impressão dos moldes

com as seguintes atividades: elaboração dos moldes no programa

computacional e impressão dos mesmos na máquina de impressão –

plotter. O papel dos moldes impressos é transportado para o setor de corte.

Neste local, os tecidos são enfestados na bancada de corte e os moldes são

presos ao tecido para realização da operação de corte. Se a camisa exigir

bordado, o que ocorre na maioria dos casos, a peça de roupa é levada ao

setor de bordados para que o bordado seja realizado nas máquinas

bordadeiras. Após isso, as peças são encaminhadas para o setor de

passação, onde são passadas na tábua de passar 1, as seguintes partes da

camisa: frente, ombro, pala, bolso, gola, manga e punho.

As peças passadas são transportadas para o setor de costura, para

que estas atividades possam ser iniciadas. Primeiramente, é costurado o

ombro, a frente e a pala na máquina reta. A seguir, nesta mesma máquina,

são pregados o bolso e a gola da camisa. Após esta atividade, a peça é

levada para a sala de máquinas interloque e overloque, para que seja feita

a pregação da manga. Em seguida, a camisa retorna para a máquina reta,

com a finalidade de ser realizada a costura do pesponto da manga.

Posteriormente, a peça é encaminhada para a máquina fechadeira de

camisa, para que a mesma seja fechada. Neste momento, a camisa está

pronta para receber a pregação do punho, o qual, após ter sido

inicialmente passado, foi conduzido ao setor de entretelagem para ser

entretelado. A pregação do punho na camisa é efetuada na máquina reta.

Neste momento, as atividades de costura estão finalizadas e o

65

produto, ainda inacabado, é conduzido ao setor de acabamento. Neste

ambiente, são feitas duas atividades na seguinte ordem: as casas da camisa

na máquina caseadeira e a pregação dos botões na máquina de botão.

Depois disso, o produto está pronto para ser transportado ao setor de

inspeção para ser revisado. Caso a camisa apresente defeitos, ela retorna

ao setor de produção que irá corrigir a falha e, caso a camisa atenda ao

requisito de qualidade, ela é transportada ao setor de expedição para ser

passada na máquina de passar 2, etiquetada, dobrada e embalada. A partir

desse momento é finalizado o processo de fabricação do produto em

estudo. Com relação aos transportes mencionados, salienta-se que todos

são realizados manualmente.

4.1.2 Arranjo Físico Atual

Além do fluxograma de produção, nesta fase do projeto foi

levantado o arranjo físico atual da empresa, que apresenta os ambientes e

os meios de produção mencionados anteriormente. Este desenho teve

como propósito tornar mais claro o entendimento da estrutura atual da

fábrica e serviu de base para a realização do workshop do jogo do

tabuleiro. O arranjo físico atual pode ser observado nas figuras 6 e 7, as

quais mostram que a sede da empresa está subdividida em dois

pavimentos, são eles: o pavimento superior e o pavimento inferior. Estes

serão melhor explicados a seguir.

4.1.2.1 Pavimento Superior

Possuindo um total de 145m², este é o maior pavimento da empresa

e onde encontra-se a maior parte dos setores produtivos da mesma. Na

parte inferior da Figura 6 está situada a entrada da empresa, onde

encontra-se a recepção e o escritório. Neste local trabalha o gerente

comercial, responsável por atender os fornecedores e os clientes.

Passando pela recepção chega-se à sala principal, que abrange o

setor de passação e algumas máquinas de costura, que não couberam em

seu respectivo setor. O setor de passação possui a tábua de passar 1, outra

tábua menor utilizada para dispor as roupas a serem passadas e uma

estante que guarda objetos, como fita métrica, tesouras, peças danificadas,

forros de tábua entre outros. As máquinas de costura presentes nesta sala

são: máquina fechadeira, de cobertura e de elástico, sendo que destas três

apenas a primeira é utilizada para a produção de camisas.

66

Figura 5 - Fluxograma de Produção da Camisa

Fonte: Elaborado pela Autora (2017).

67

À direita da sala principal está o setor de costura, que abrange dois

ambientes, são eles: a sala de máquinas retas e a sala de máquinas

interloque e overloque. Nesta última utilizam-se apenas as máquinas de

interloque para fabricar camisas. A salas possuem uma estante onde são

depositadas linhas de costura e outros objetos necessários para a

realização das atividades. Todas as bancadas que dispõem as máquinas de

costura possuem dimensão de: 1,10 m de comprimento e 0,6 m de largura.

Com relação aos espaços para acomodar as peças não processadas, abaixo

das bancadas, existe um pequeno suporte para colocá-las. Após a peça ter

sido processada na máquina, a funcionária coloca a mesma em cima da

bancada, para que esta seja transportada para o próximo posto de trabalho.

À esquerda da sala principal encontra-se o setor de corte. Neste,

existe uma grande mesa, com dimensão 3,8 m de comprimento e 1,8 m

de largura, destinada às atividades de enfesto e corte do tecido. Abaixo da

mesa de corte existe uma prateleira na qual são armazenados alguns rolos

de tecidos utilizados nesta atividade. Ao lado direito da mesa há uma

estante, de cor azul, na qual são armazenados os rolos de tecido já

enfestados para posteriormente receberem a atividade de corte. Observa-

se ainda, neste ambiente, que estão situados moldes de peças suspensos

nas paredes.

No canto superior direito está situado o setor de acabamento, o qual

contém as seguintes máquinas: caseadeira, de botão, pesponto e bainha.

Para a fabricação da camisa utiliza-se apenas as máquinas caseadeira e de

botão. Nota-se que ao lado da máquina de botão existe um armário que é

utilizado para guardar os botões da empresa.

No canto superior esquerdo localiza-se o setor de inspeção. Neste

existe uma bancada de dimensão 2,4 m de comprimento por 0,8 m de

largura, a qual é utilizada para as revisões das roupas. Ao lado direito da

bancada são colocadas as peças ainda não inspecionadas e, ao lado

esquerdo, são posicionadas as peças já inspecionadas, e que estão prontas

para serem transportadas ao setor de expedição. As peças defeituosas são

colocadas em uma caixa, abaixo da bancada.

No setor de expedição, por sua vez, está a tábua de passar 2, na

qual é realizada a última passagem da roupa. Encontra-se também uma

bancada de dimensão 2,30 m de comprimento e 0,8 m de largura, na qual

a funcionária coloca a etiqueta, dobra e embala as roupas acabadas. As

etiquetas ficam localizadas no lado esquerdo da bancada e os sacos

plásticos em uma prateleira abaixo dela. Há também uma estante neste

setor, na qual são dispostas as roupas já embaladas. Ao lado da estante há

um pequeno armário, onde são guardadas mais embalagens plásticas e

etiquetas. Próximo à expedição encontra-se uma grande prateleira com

68

mais linhas de costura, a qual é utilizada para repor as linhas situadas no

setor de costura.

Figura 6 - Planta Baixa do Pavimento Superior

Fonte: Elaborado pela Autora (2017).

69

Figura 7 - Planta Baixa do Pavimento Inferior

Fonte: Elaborado pela Autora (2017).

No canto superior esquerdo localiza-se o setor de inspeção. Neste

há uma bancada de dimensão 2,4 m de comprimento por 0,8 m de largura,

a qual é utilizada para efetuar as revisões das roupas. Ao lado direito da

bancada são colocadas as peças ainda não inspecionadas e, ao lado

esquerdo, são posicionadas as peças já inspecionadas, e que estão prontas

para serem transportadas ao setor de expedição. As peças defeituosas são

colocadas em uma caixa, abaixo da bancada.

O setor de expedição, por sua vez, contém a tábua de passar 2, na

qual é realizada a última passagem da roupa. Encontra-se também, uma

bancada de dimensão 2,30 m de comprimento e 0,8 m de largura, na qual

a funcionária coloca a etiqueta, dobra e embala as roupas acabadas. As

etiquetas ficam localizadas no lado esquerdo da bancada e os sacos

plásticos em uma prateleira abaixo dela. Percebe-se que existe uma

70

estante neste setor, na qual são colocadas as roupas já embaladas. Ao lado

da estante há um pequeno armário onde são guardadas mais embalagens

plásticas e etiquetas. Próximo à expedição está uma grande prateleira com

mais linhas de costura, a qual é utilizada para repor as linhas situadas no

setor de costura.

Observa-se que neste pavimento está localizado o refeitório da

empresa. Este local possui duas mesas, um suporte com micro-ondas, uma

pia, uma geladeira e um armário para os funcionários guardarem seus

pertences. Além disso, observa-se que o refeitório possui uma máquina

de viés e uma máquina interloque, as quais não couberam no setor de

costura, e acabaram sendo posicionadas neste ambiente. Por fim,

encontra-se neste andar um depósito que é utilizado para guardar

máquinas, bancadas, móveis e eletrodomésticos não utilizados no dia a

dia da empresa. O acesso a este ambiente se dá pelo lado de fora da

empresa.

4.1.2.2 Pavimento Inferior

O pavimento inferior, representado pela Figura 7, tem uma área de

45m² e abrange os seguintes setores: de impressão, de bordados e de

entretelagem. O setor de impressão é constituído por uma mesa com

computador, que é onde o funcionário responsável por esta função

trabalha produzindo os moldes. Ao lado da mesa encontra-se a plotter,

impressora onde os moldes são impressos. Nessa sala está presente

também um estoque onde são depositados os rolos de tecidos que não

couberam no pavimento superior, abaixo da mesa de corte, outro local

onde também são guardados rolos de tecido.

O setor de bordado, por sua vez, possui duas máquinas de bordar,

uma maior, de 2,90m de comprimento por 1,55m de largura, e uma

menor, com 1,65m de comprimento por 1,25m de largura. Ainda neste

setor nota-se que ele possui um pequeno suporte, no qual são guardados

os bastidores, além de uma estante, utilizada para armazenar os carretéis

com as linhas especiais de bordado.

Por fim, na parte inferior da Figura, nota-se que está o setor de

entretelagem. Este possui a prensa térmica, duas estantes e uma bancada.

Uma das estantes é utilizada para armazenar tanto os punhos que devem

ser entretelados, quanto aqueles que já foram processados na máquina. A

outra estante, por sua vez, serve para guardar sobras e retalhos do sistema

de produção, que podem ser reaproveitados. Por fim, a bancada, com

2,75m de comprimento por 1,85m de largura, é utilizada para guardar

71

outros objetos da empresa não utilizados no cotidiano da mesma, e que

acabam sendo depositados ali.

Conforme este arranjo físico atual da CR Confecções, nota-se que

os setores produtivos da empresa não seguem a ordem de produção da

camisa, apresentado no fluxograma. Aliás, é possível perceber que são

necessários deslocamentos grandes ao longo da sede, inclusive entre os

dois pavimentos, para que as peças de roupas sejam fabricadas. Para a

confecção das camisas é necessário subir e descer a escada que conecta

os pavimentos, no mínimo, três vezes. Isso mostra que a empresa gasta

um tempo significativo da produção com o transportes de materiais.

4.2 FASE 2

Nesta fase foram realizados os seguintes eventos: Cognitive Walk-

through Method, Workbook, e Apresentação dos Resultados.

4.2.1 Workshop 1: Cognitive Walk-through Method

Neste primeiro workshop realizou-se a investigação colaborativa

do atual local de trabalho, através do tour realizado entre os setores

produtivos, junto com os atores participantes. Nesse momento foram

tiradas as fotografias das atividades envolvidas na produção das camisas.

Estas imagens podem ser observadas nas Figuras de 9 a 17.

Figura 8 – Criação e Impressão dos moldes

Fonte: Elaborado pela Autora.

72

Figura 9 - Bancada e Máquina de Corte

Fonte: Elaborado pela Autora

Figura 10 - Máquinas de Bordar

Fonte: Elaborado pela Autora

Figura 11 - Tábua de passar 1 e Ferro Industrial

Fonte: Elaborado pela Autora

73

Figura 12 - Máquinas Retas

Fonte: Elaborado pela Autora

Figura 13 - Máquinas Interloque

Fonte: Elaborado pela Autora

Figura 14 – Prensa térmica e Máquina Fechadeira de Camisa

Fonte: Elaborado pela Autora

74

Figura 15 - Máquina de Casear e Máquina de Botão

Fonte: Elaborado pela Autora

Figura 16 - Bancada de Inspeção

Fonte: Elaborado pela Autora

Figura 17 - Tábua de Passar 2 e Bancada de Embalar

Fonte: Elaborado pela Autora

75

Além das imagens tiradas durante a execução do Walk-through,

este momento serviu para coletar mais informações dos atores

participantes sobre o ambiente de trabalho. Ao transitar pela tábua de

passar, foi expressa a opinião de que o ferro a vapor industrial é um

equipamento pesado, que possui 2kg. O peso do ferro, associado ao

cuidado e atenção que a atividade exige, acaba desencadeando fadiga e

dores na coluna após muito tempo empregado na execução desta

atividade.

Ao passar pela bancada de corte, foi indagado se a empresa utiliza

algum Equipamento de Proteção Individual - EPI durante a operação com

a máquina cortadeira. Os funcionários informaram que existe uma luva

de malha de aço, que proporciona maior segurança e evita acidentes, a

qual deveria ser utilizada durante a execução da atividade. Porém, a

funcionária responsável por esta função afirmou não utilizar a luva,

informando que a luva dificulta a precisão no momento de cortar e

manusear os tecidos. Além disso, foi relatado que a máquina de corte é

pesada, gerando tensões nos braços e na coluna, além de ser um trabalho

exaustivo por ser realizado na posição em pé.

No decorrer do percurso foi relatada a dificuldade que a empresa

encontra com a divisão dos setores em dois pavimentos, pois, muitas

vezes ao dia, é necessário subir e descer a escada (Figura 18). Além disso,

a escada que conecta os dois pavimentos é externa, não possuindo

proteção contra intempéries. Portanto, além do tempo gasto com

transporte de materiais, os funcionários e as roupas ficam sujeitos à

chuva, insolação e poeira.

Figura 18 - Escada que conecta os pavimentos

Fonte: Elaborado pela Autora

76

4.2.1.1 Questionário

Após a realização do Walk-through, em um segundo momento do

workshop foi aplicado o questionário com os participantes, o qual pode

ser observado no apêndice B. Na primeira coluna, à esquerda do

questionário, colocou-se todos os postos de trabalho envolvidos na

produção das camisas. Na primeira linha observam-se as seis afirmações

a serem analisadas pelos funcionários e que devem ser respondidas, ao

longo do questionário, de acordo com a escala Likert, conforme detalhado

no item 3.2.2. Os funcionários foram instruídos a responder as questões

marcando nos campos referentes aos postos de trabalho nos quais operam,

pois são nestes que eles possuem maior conhecimento do processo de

execução e das consequências geradas pela atividade.

Para apresentar os resultados obtidos no questionário, salienta-se

que foram obtidas respostas de 12 atores envolvidos, que trabalham no

processo produtivo da camisa. Para o melhor entendimento das respostas

apresentadas, a seguir será enumerada a quantidade de funcionários que

trabalham nos respectivos postos de trabalho e quantos realizam os

transportes de materiais na empresa:

- Impressora Plotter: 1 pessoa;

- Bancada de Corte: 2 pessoas;

- Bordadeira 1 Cabeça: 2 pessoas;

- Bordadeira 6 Cabeças: 2 pessoas;

- Passação: 2 pessoas;

- Máquina Reta: 6 pessoas;

- Máquina Interloque: 5 pessoas;

- Máquina Fechadeira de Camisa: 4 pessoas;

- Prensa Térmica: 1 pessoa

- Máquina Caseadeira: 1 pessoa

- Máquina de Botão: 1 pessoa

- Bancada de Inspeção: 1 pessoa;

- Bancada de Embalagem: 1 pessoa;

- Transporte entre postos do mesmo pavimento: 10 pessoas;

- Transporte entre postos de pavimentos diferentes: 8 pessoas.

Referindo-se a cada uma das afirmações, as Tabelas 1 a 6 mostram

o número de funcionários que responderam a escala, de acordo com o

posto de trabalho nos quais operam.

77

Tabela 1 - Afirmação "Você sente alguma dificuldade para realizar esta tarefa"

Fonte: Elaborado pela Autora

Para esta primeira afirmação nota-se que a atividade de transportar

materiais entre pavimentos diferentes chamou mais atenção, pois se

verificou que duas pessoas afirmaram que concordam totalmente em que

há dificuldade para realizar esta tarefa, e quatro concordam em parte. O

transporte de materiais entre o mesmo pavimento, bem como as

atividades de impressão dos moldes, corte, passação, bordado, costura,

acabamento, inspeção e embalagem não apresentam dificuldades para

serem realizadas.

Posto de Trabalho / Transporte

Você sente alguma dificuldade para realizar esta tarefa

Concordo Totalm.

Concordo em Parte

Indiferente Discordo

em Parte

Discordo Totalm.

Impressora 1

Corte 1 1

Bordadeira 1C 2

Bordadeira 6C 2

Ferro de Passar 2

Máq. Reta 6

Máq. Interloque 5

Máq.Fechadeira 1 3

Entretela 1

Maq.Caseadeira 1

Máq. de Botão 1

Inspeção 1

Embalagem 1

Transporte em Mesmo Pav.

1 4 1 4

Transporte entre Pav. Diferentes

2 4 2

78

Tabela 2 - Afirmação "Sente dores após longo tempo de exposição a este posto”

Fonte: Elaborado pela Autora

De acordo com a Tabela 2, observa-se que as atividades de

imprimir os moldes, cortar, bordar, passar, entretelar inspecionar e

embalar, quando executadas durante muito tempo, ocasionam dores nos

funcionários. No campo destinado a observações, estes funcionários

afirmaram sentir dor nas costas e nos braços. Com relação às atividades

de costura, apenas um funcionário afirmou sentir dor após muito tempo

de trabalho na máquina reta. Quanto aos trabalhos de acabamento, o

questionário mostrou que, tanto a máquina caseadeira quanto a máquina

de botão desencadeiam dores. Por fim, com relação aos transportes, uma

pessoa afirmou sentir dor após transportar materiais entre postos de

trabalho no mesmo pavimento, e três, entre pavimentos diferentes. Estes

apontaram que as dores são desencadeadas, principalmente, devido ao

Posto de Trabalho / Transporte

Sente dores após longo tempo de exposição a este posto

Concordo Totalm.

Concordo em Parte

Indiferente Discordo em Parte

Discordo Totalm.

Impressora 1

Corte 1 1

Bordadeira 1C 2

Bordadeira 6C 2

Ferro de Passar 2

Máq. Reta 1 1 4

Máq. Interloque 5

Máq.Fechadeira 4

Entretela 1

Maq.Caseadeira 1

Máq. de Botão 1

Inspeção 1

Embalagem 1

Transporte Mesmo Pav.

2 2 2 4

Transporte Pav. Diferentes

4 4

79

deslocamento dos rolos de tecidos, que chegam a pesar 15 kg. Como eles

são difíceis de carregar, os mesmos são transportados nas costas dos

funcionários.

Tabela 3 - Afirmação "A tarefa é intuitiva"

Fonte: Elaborado pela Autora

Quanto à afirmação “a tarefa é intuitiva”, os funcionários tiveram

a mesma opinião em relação à grande maioria dos postos de trabalho.

Percebe-se que as tarefas realizadas não são intuitivas, mostrando que o

trabalho exige atenção e esforço mental. Com relação aos transportes,

houve uma divergência das opiniões, uma vez que uma parte considerou

a tarefa intuitiva, e outra parte não.

A respeito da afirmação “É fácil cometer algum erro”, as respostas

do questionário mostraram que praticamente todos os postos de trabalho

são propícios à ocorrência de erros. Isto demonstra que, mesmo com

Posto de Trabalho / Transporte

A tarefa é intuitiva

Concordo Totalm.

Concordo em Parte

Indiferente Discordo em Parte

Discordo Totalm.

Impressora 1

Corte 1 1

Bordadeira 1C 2

Bordadeira 6C 2

Ferro de Passar 1 1

Máq. Reta 1 5

Máq. Interloque

1 4

Máq.Fechadeira 1 3

Entretela 1

Maq.Caseadeira 1

Máq. de Botão 1

Inspeção 1

Embalagem 1

Transporte Mesmo Pav.

3 3 1 3

Transporte Pav. Diferentes

2 1 5

80

prática e habilidade, visto que muitos funcionários trabalham há anos na

empresa, o exercício das funções da empresa não são simples e

demandam alta concentração. Desta forma, além deste trabalho exigir

esforço físico, ele também exige alto esforço cognitivo, o qual se refere

ao emprego de recursos psicológicos, como atenção, percepção e

memória.

Com relação aos transportes, verifica-se que houve consenso maior

entre os funcionários de que os transportes realizados na empresa são

propensos à ocorrência de erros. Os erros relatados se referiram a deixar

peças de roupas caírem no chão durante o transporte, que são realizados

manualmente, sem nenhuma caixa ou cesta para auxiliar durante o trajeto.

Tabela 4 - Afirmação "É fácil cometer algum erro"

Fonte: Elaborado pela Autora

Posto de Trabalho / Transporte

É fácil cometer algum erro

Concordo Totalm.

Concordo em Parte

Indiferente Discordo em Parte

Discordo Totalm.

Impressora 1

Corte 2

Bordadeira 1C 1 1

Bordadeira 6C 2

Ferro de Passar 1 1

Máq. Reta 6

Máq. Interloque 5

Máq.Fechadeira 4

Entretela 1

Maq.Caseadeira 1

Máq. de Botão 1

Inspeção 1

Embalagem 1

Transporte Mesmo Pav.

2 4 2 2

Transporte Pav. Diferentes

5 1 2

81

Tabela 5 - Afirmação "Existe algum risco claro que possa prejudicar sua saúde"

Fonte: Elaborado pela Autora

A afirmação “Existe algum risco claro que possa prejudicar sua

saúde” mostrou que os funcionários que trabalham na atividade de corte

e de passação concordam que seus postos de trabalho podem gerar algum

risco para sua saúde. No corte e na tábua de passar, estes riscos foram

especificados como sendo dores na coluna e queimadura,

respectivamente. Com relação aos outros postos de trabalho, houve uma

divergência entre as opiniões dos funcionários. Alguns acreditam que as

atividades executadas podem prejudicar sua saúde, contudo, nas

atividades de costura, três funcionários que trabalham na máquina reta,

interloque e fechadeira de camisa, acreditam que as atividades não

causam danos à sua saúde. Com relação às atividades de transporte, houve

Posto de Trabalho / Transporte

Existe algum risco claro que possa prejudicar sua saúde

Concordo Totalm.

Concordo em Parte

Indiferente Discordo em Parte

Discordo Totalm.

Impressora 1

Corte 1 1

Bordadeira 1C 1 1

Bordadeira 6C 1 1

Ferro de Passar 2

Máq. Reta 1 1 4

Máq. Interloque

1 4

Máq.Fechadeira 1 3

Entretela 1

Maq.Caseadeira 1

Máq. de Botão 1

Inspeção 1

Embalagem 1

Transporte Mesmo Pav.

9 1

Transporte Pav. Diferentes

8

82

um consentimento, quase que geral, de que os mesmos podem prejudicar

a saúde dos funcionários.

Tabela 6 - Afirmação "Você faria isto de outra maneira"

Fonte: Elaborado pela Autora

Com relação a esta última afirmação, percebe-se que grande parte

dos funcionários não executaria as atividades dos postos de trabalho de

maneira diferente da realizada atualmente. Questionados sobre isso, os

mesmos informaram que, por não saberem uma outra forma pela qual as

atividades poderiam ser realizadas, selecionaram estas opções. Quanto ao

transporte de materiais entre postos de trabalho do mesmo pavimento,

cinco funcionários informaram que fariam isto de outra maneira. Em

relação ao transportes realizados entre pavimentos diferentes, quatro

funcionários concordam que desempenhariam esta função de forma

diferente.

Posto de Trabalho / Transporte

Você faria isto de outra maneira

Concordo Totalm.

Concordo em Parte

Indiferente Discordo em Parte

Discordo Totalm.

Impressora 1

Corte 2

Bordadeira 1C 1 1

Bordadeira 6C 1 1

Ferro de Passar 1 1

Máq. Reta 6

Máq. Interloque

5

Máq.Fechadeira 4

Entretela 1

Maq.Caseadeira 1

Máq. de Botão 1

Inspeção 1

Embalagem 1

Transporte Mesmo Pav.

6 1 3

Transporte Pav. Diferentes

5 3

83

4.2.2 Workshop 2: Workbook

O caderno de anotações, que foi colocado no refeitório da empresa

por alguns dias, possuía as fotografias dos postos de trabalho, as quais

estão presentes anteriormente neste tópico. Os postos de trabalho que

apresentaram comentários feitos pelos funcionários, foram: corte,

entretela, máquina reta e máquina interloque.

Corte: A funcionária afirmou que, no mercado de confecção,

há máquinas que facilitam mais a mão de obra do corte, como uma

enfestadeira, por exemplo, que aumentaria a produtividade;

Máquina Reta: Duas funcionárias comentaram a respeito da

máquina reta. Ambas informaram apenas características positivas,

relatando que as máquinas são boas, possuem uma ótima tecnologia, são

versáteis e fáceis de utilizar;

Máquina Interloque: Seguindo a mesma opinião sobre a

máquina reta, uma funcionária informou que gosta de trabalhar nesta

máquina, a qual permite a realização de várias costuras. Não atestou

nenhuma crítica ou sugestão a respeito deste posto de trabalho;

Entretela: A funcionária que trabalha no setor de

entretelagem afirmou que existem prensas térmicas mais modernas para

a execução da atividade, mas que a máquina que a empresa possui supre

a necessidade.

Tendo sido levantadas as opiniões expostas no workbook,

verificou-se que alguns postos de trabalho não receberam nenhum

parecer. A gerente de produção informou que alguns funcionários que não

participaram ficaram inibidos no ato de escrever e, por isto, não o fizeram.

Notou-se também que não houve comentários manifestando a ocorrência

de dores após a execução das atividades, como haviam sido

manifestadas, tanto no questionário aplicado quanto no Walk-through. Isto demonstrou que o caderno de anotações não obteve muita

representatividade perante os outros eventos realizados. Houve,

entretanto, sugestões importantes para o posto de trabalho do corte e da

entretela.

4.2.3 Apresentação dos Resultados

Neste último evento da Fase II foi apresentado os resultados da

aplicação dos workshops realizados, o Cognitive Walk-through e o

Workbook. Esse momento serviu mais como uma conversa, onde foram

apresentados os problemas encontrados na empresa e as opiniões e

84

validações dos funcionários sobre as questões levantadas. Com isto,

chegou-se às principais dificuldades encontradas na empresa atualmente.

São elas:

Setorização da empresa dividida em dois pavimentos, o que torna

necessário subir e descer a escada no mínimo três vezes para

produção da camisa;

Dificuldade na atividade de transporte entre postos de trabalho de

pavimentos diferentes, devido à presença da escada, o que gera

uma maior fadiga nos funcionários. Além disso, como a escada se

encontra ao ar livre, aumenta-se as chances de prejudicar as roupas

e os funcionários devido às intempéries;

Transporte de materiais pesados, como rolos de tecido, que

ocorrem entre pavimentos diferentes;

Presença de máquinas de costura no refeitório da empresa;

Recorrência de dores na coluna e nos braços nos funcionários,

principalmente aqueles que executam as atividades de corte e

passação, os quais manipulam um meio de produção com peso

elevado;

Realização de enfesto manual;

Prensa térmica que poderia ser mais moderna.

Riscos de acidentes de trabalho, principalmente com o ferro de

passar e máquina cortadeira;

Não utilização de EPI durante a atividade de corte dos tecidos e

passação;

Dificuldade na atividade de transporte entre postos de trabalho no

mesmo pavimento, devido à falta de um recipiente para acomodar

e realizar o deslocamento das peças de roupas e outros materiais.

4.2.3.1 Recomendações Propostas

Com relação as quatro primeiros problemas verificados na CR

Confecções, os quais foram citados no tópico anterior, foi elaborado um

novo arranjo físico para a empresa, o qual será apresentado na etapa

seguinte, que teve por objetivo diminuir estes problemas enfrentados. Em

com relação às seis últimas dificuldades mencionadas, serão propostas

algumas recomendações de melhorias.

Tendo sido verificado que grande parte dos postos de trabalho e

atividades realizadas na empresa desencadeiam dores, desconforto e

fadiga nos funcionários, propõem-se a implantação da prática da ginástica

laboral na empresa. Com relação ao trabalho estático, que é o tipo

85

exercido nas indústrias de confecção, Iida (2005) afirma que este trabalho

é aquele que exige contração contínua de alguns músculos, para manter

uma determinada posição. O exercício destas atividades tem como fato

agravante a fadiga, que deve ser amenizada com pausas, ginástica laboral

entre outros. Oliveira (2007) afirma que a prática da ginástica laboral

relaxa e alonga o músculo, diminuindo o desconforto causado na jornada

de trabalho.

Sugere-se a realização de ginástica laboral do tipo compensatória,

a qual é destinada a atividades que exigem esforço físico repetitivo. De

acordo com Aguiar et al. (2015), este tipo de ginástica é realizada durante

a jornada de trabalho. Sua prática interrompe a monotonia operacional

dos colaboradores, por meio de pausas para executar exercícios

específicos de compensação aos esforços repetitivos, estruturas

sobrecarregadas e às posturas solicitadas no trabalho.

Com relação ao workbook, duas funcionárias mencionaram

máquinas que fariam render melhor a produção, uma para a atividade de

corte e outra para a atividade de entretelagem. Com relação à atividade de

corte, a máquina enfestadeira citada permite a realização do enfesto

automático dos tecidos, tornando a atividade muito mais produtiva e

menos árdua. Segue na figura 19 a imagem de uma máquina enfestadeira.

Figura 19 - Máquina Enfestadeira

Fonte: Plotag, 2017.

Com relação à atividade de entretelagem, existem máquinas mais

modernas do que a empresa possui como, por exemplo, prensas térmicas

com controladores inteligentes e bluetooth integrado (Figura 20). Estas

possibilitam o acesso a um banco de dados funcional, bastando introduzir

o tipo de tecido e o material de transferência, e tem-se as combinações

apropriadas de temperatura, tempo e pressão disponíveis. Além disso, esta

prensa térmica possui um controlador digital que abre automaticamente a

86

prensa, evitando que o funcionária tenha que ficar abrindo a tampa

superior inúmeras vezes.

Figura 20 - Prensa Térmica moderna

Fonte: Secabo, 2017.

Com relação à utilização de EPI, o qual não vem sendo utilizado

na atividade de corte, deve-se reforçar a utilização da luva de malha de

aço. Recomenda-se a colocação de avisos no setor de corte, reforçando

sua utilização e importância na prevenção de acidentes. A figura 21

mostra uma imagem desta luva. Com relação à atividade de passar roupa,

recomenda-se a utilização de uma luva de segurança com fio térmico com

látex, a qual garante proteção térmica para até 250° C, a qual é mostrada

na Figura 22.

Figura 21 - Luva de Malha de Aço

Fonte: Danny EPI, 2017.

87

Figura 22 - Luva de Fio Térmico

Fonte: Danny EPI, 2017.

Com relação a recorrência de dores na coluna e nos braços por

conta da atividades de passação, onde é manipulado o ferro de passar que

é um meio de produção com peso elevado, recomenda-se a colocação de

um balancim neste setor. O balancim serve com um aliviador no peso do

ferro, deixando mais fácil e leve a atividade de passar roupas. Na Figura

23, está a demonstração do balancim preso ao teto.

Figura 23 - Balancim para Ferro de Passar

Fonte: Milamak, 2017.

Por fim, pelo fato da empresa não possuir um equipamento que

auxilie no deslocamento das peças de roupas entre postos de trabalho do

mesmo pavimento, sugere-se que a utilização de um carro para realizar

esta função. A Figura 24 mostra um carro transporte que é especializado

na movimentação de roupas sem amassá-las, o qual facilitaria a execução

desta atividade, impedindo que os funcionários deixem as roupas caírem

88

durante o deslocamento. Além disto, este produto possui dimensões

estreitas, não comprometendo o fluxo dos funcionários.

Figura 24 - Carro transporte de roupas

Fonte: Isalog, 2017.

4.3 FASE 3

Nesta fase do projeto foi elaborado um novo arranjo físico para a

empresa, a partir da aplicação do jogo de tabuleiro. Este jogo foi

composto por um tabuleiro, que foi a planta baixa atual da empresa, já

apresentada, e o mobiliário e maquinário da mesma, mantidos como

objetos soltos. Levando em consideração os problemas verificados na

empresa, e com o foco principal, que é a produção das camisas, os

funcionários sugeriram durante o jogo as seguintes recomendações para a

proposta do novo arranjo físico:

Mudança do setor de impressão, incluindo a mesa com o

computador, a impressora plotter e o depósito dos rolos de tecido,

para o pavimento superior, no atual depósito. Isto transformaria

este ambiente em uma nova sala para impressão dos moldes e

depósito de tecidos;

Colocação de uma porta para conectar o setor de corte com esta

nova sala de impressão dos moldes e depósito de tecidos;

Mover as máquinas e os móveis presentes no depósito atual para o

pavimento inferior, já que estes equipamentos não são utilizados

atualmente na empresa;

Colocação da máquina elastiqueira e de gola, presentes na sala de

passação, no pavimento inferior, visto que as mesmas não são

utilizadas para a produção de camisas;

89

Pôr a prensa térmica no pavimento superior, na sala de principal;

Tirar as três máquinas de overloque do setor de costura e

posicioná-las no atual setor de entretela, no pavimento inferior, já

que as mesmas não são operadas na fabricação das camisas;

Posicionar a máquina fechadeira, que se encontra atualmente na

sala de passação, na sala de máquinas interloque, para que esta

fique situada no setor de costura;

Mudança das máquinas de viés e interloque, localizadas no

refeitório, para o pavimento inferior.

Questionados sobre o setor de bordado e se havia a necessidade de

mudá-lo para o pavimento superior, alguns funcionários disseram que

seria o mais adequado. Entretanto, a gerente de produção enfatizou que a

máquina bordadeira de seis cabeças possui dimensões muito grandes e,

consequentemente, não há espaço suficiente no pavimento superior para

acomodá-la. Além disso, a mudança do seu local exigiria quebras de

paredes, como já ocorrido, na mudança da sede no início do ano, que

causou grandes transtornos e prejuízos. Portanto, foi decidido que o setor

de bordado permaneceria situado no pavimento inferior.

Nas Figuras 25 e 26 são mostradas a planta baixa do arranjo físico

para o novo setor de produção através das recomendações sugeridas pelos

funcionários no Jogo do Tabuleiro. A visualização em duas dimensões

permite uma melhor identificação das mudanças ocorridas entre o arranjo

físico atual e o arranjo físico proposto. Percebe-se que ocorreram

alterações significativas nos dois pavimentos.

No pavimento superior as mudanças podem ser vistas,

primeiramente, na sala principal, que antes continha o setor de passação

e três máquinas de costura. Mantendo o setor de passação, esta sala passou

a conter também o setor de entretela, que estava anteriormente localizado

no pavimento inferior. Quanto às máquinas de costura que antes estavam

presentes neste ambiente, apenas a máquina fechadeira continuou neste

pavimento, a qual foi deslocada para a sala de máquinas interloque e

overloque. Já as máquinas de gola e de cobertura foram acomodadas no

pavimento inferior, já que ambas não são necessárias para a produção das

camisas.

Com relação ao setor de costura, a sala de máquinas retas não

sofreu alterações. A sala de máquinas interloque e overloque, por sua vez,

transformou-se em uma sala de máquinas interloque e fechadeira. Isto

ocorreu devido ao fato das máquinas de overloque, antes localizadas neste

ambiente, não fazerem parte da produção das camisas, as mesmas foram

guardadas no pavimento inferior. Portanto, essa sala passou a conter

90

apenas as máquinas interloque da empresa e a máquina fechadeira de

camisa, a qual estava localizada na sala principal, como mencionado

anteriormente. Com relação à máquina interloque situada no refeitório,

esta era destinada apenas à confecção de jeans e, portanto, como não é

útil para a produção de camisas, foi sugerida a sua realocação para o

pavimento inferior.

Outro local modificado foi o setor de acabamento, o qual passou a

conter somente a máquina caseadeira, de botão e o guarda-botões. As

outras, por não executarem nenhuma atividade na confecção das camisas,

foram colocadas no outro pavimento. Desta forma, este setor ficou com

um maior espaço livre.

Outra mudança importante foi a realocação do setor de impressão

e do depósito de tecidos, antes no pavimento inferior, para o depósito do

pavimento superior. Como este ambiente possuía sua entrada pela lateral

da sede, tendo que passar pelo lado de fora, foi sugerida uma abertura

entre o depósito e o setor de corte para possibilitar uma passagem entre

estes ambientes, e reduzir grandes deslocamentos. Por fim, o refeitório

passou a possuir apenas os eletrodomésticos, as mesas e o armário para

os funcionários guardarem seus pertences.

O pavimento inferior, por sua vez, passou a conter apenas o setor

de bordado e os depósitos 1 e 2. Isto significou que os transportes exigidos

para a produção das camisas diminuíram consideravelmente. Agora, ao

invés de três vezes, o deslocamento necessário entre os dois pavimentos

passou a ser de apenas uma vez. Além disso, como o depósito de tecidos

foi acomodado no pavimento superior, não é mais necessário o transporte

dos rolos de tecidos por entre as escadas. Isto diminui significativamente

a fadiga e os riscos aos quais os funcionários estavam expostos.

O antigo setor de impressão passou a ser o depósito 1, que passou

a contar com itens que antes estavam presentes no pavimento superior.

Este ambiente recebeu a estante de retalhos e sobras de tecidos, antes

localizada no setor de entretela. O antigo setor de entretela tornou-se o

depósito 2, que antes já possuía uma grande bancada com itens não

utilizados na empresa. Passou então a receber máquinas e equipamentos

que também não serão úteis para o novo setor de produção da empresa.

Por fim, foi criado um jardim no pátio da empresa, onde colocou-se

bancos e uma mesa, para que, durante o período de intervalo, este seja um

local onde os funcionários possam descansar e distrair-se ao ar livre, por

alguns minutos. Além disso, este seria um ambiente propício para a

realização da ginástica laboral, recomendação sugerida para a empresa na

fase anterior.

91

Figura 25 - Arranjo físico do Pavimento Superior após Jogo do Tabuleiro

Fonte: Elaborado pela Autora

92

Figura 26 - Arranjo físico do Pavimento Inferior após Jogo do Tabuleiro

Fonte: Elaborado pela Autora

Foi apresentado aos atores participantes este novo arranjo físico, porém em três dimensões, para eles explorarem melhor as alterações

realizadas. Foram impressas cópias deste modelo e distribuídas aos

funcionários, para que os mesmos pudessem observar e analisar de perto

as alterações realizadas. Enquanto eles observavam, foi sendo apontado

os ambientes da empresa que foram alterados, para que eles pudessem se

situar a respeito de nova localização de todos os setores, sem que nada

passasse despercebido, visto que foi efetuado um número significativo de

modificações.

A partir desta apresentação em 3D, a qual está exposta na Figura

27, foram feitas perguntas aos funcionários, indagando-os como seriam

as atividades realizadas neste novo ambiente. Solicitou-se que os

funcionários respondessem as seguintes perguntas: “Como seria a

93

produção de camisas nesse novo espaço?” e “De quais maneiras as tarefas

poderiam ser melhor executadas?”.

De modo geral, verificou-se que os funcionários validaram as

mudanças ocorridas, citando que aquelas modificações sugeridas por eles

no jogo do tabuleiro estavam concretizadas na nova proposta. Constatou-

se também que apenas o setor de bordado permaneceu situado no

pavimento inferior, sendo que o setor de impressão e de entretelagem

passaram a instalar-se no pavimento superior, junto com os demais

setores. Eles afirmaram que isto facilitaria significativamente as

movimentações internas na empresa na produção das camisas sociais.

A nova posição do setor de impressão e do depósito, agora no

pavimento superior e próximo à entrada da empresa, mostrou-se ser uma

das transformações que mais agradou aos funcionários e a gerente de

produção da empresa. Eles relataram que essa localização trará bons

benefícios à empresa, pois agora a plotter, que imprime os moldes para

serem enfestados e cortados na bancada de corte, está próxima ao setor de

corte. Além disso, não será mais necessário descer as escadas com os

rolos de tecidos.

Outro ponto que chamou a atenção dos atores participantes foi a

criação do jardim no pavimento inferior. Eles relataram que este seria um

local agradável para o período de descanso, pois, geralmente, ficam

apenas no refeitório da empresa, e passariam a ter um local externo para

os momento dos intervalos. Citaram também que a nova localização dos

depósitos, agora no pavimento inferior (Figura 28), é apropriada, pois

estes locais são escuros e sem janela, sendo então mais indicados para

guardar máquinas e equipamentos não utilizados, do que para abrigar um

setor de produção.

Entretanto, uma questão importante foi levantada quanto ao setor

de entretelagem, que agora passou a estar localizado ao lado do setor de

passação. Os funcionários, que antes haviam proposto a mudança deste

setor para este local, analisando a nova proposta, lembraram que a prensa

térmica deve ficar isolada em um cômodo, pois a mesma libera muito

calor, aquecendo muito o ambiente em que está localizada. Portanto, o

ideal seria que este setor ficasse afastado dos outros setores de produção.

Contudo, os participantes não sugeriram outro local para acomodá-lo

94

Figura 27 - Arranjo físico em 3D do Pavimento Superior

Fonte: Elaborado pela Autora

.

95

Figura 28 - Arranjo físico em 3D do Pavimento Inferior

Fonte: Elaborado pela Autora

4.4 FASE 4

De acordo com esta demanda levantada anteriormente, sobre o

novo setor de produção da empresa, nesta última fase propõe-se o arranjo

físico final do projeto. Este arranjo físico procurou atender os problemas

e as dificuldades enfrentadas pela empresa, os quais foram relatados ao

longo da aplicação da metodologia do projeto do espaço de trabalho. O

pavimento inferior, conforme acordado com os atores participantes,

permaneceu o mesmo apresentado no tópico anterior. O pavimento

superior, por sua vez, apresentou algumas modificações adicionais, as

quais estão expostas nas Figuras 29 a 32, em duas e três dimensões.

As mudanças ocorridas para a realização do arranjo físico tiveram

96

por objetivo solucionar o problema relacionado ao setor de entretelagem,

verificado a partir das perguntas realizadas na fase 3. Foi proposto,

portanto, que este setor trocasse de local com o setor de acabamento.

Desta forma, a prensa térmica pôde situar-se em um ambiente afastado

das outras máquinas e próximo à uma janela, diminuindo o desconforto

gerado ao funcionário que trabalha com esta máquina, devido ao calor

que a mesma produz. O setor de acabamento, por sua vez, que possui

apenas duas máquinas e o guarda botão, foi acomodado ao lado do setor

de passação.

Propõe-se, ainda, uma mudança no local de entrada da empresa.

Recomenda-se que a entrada passe a ser pelo novo setor de impressão,

local onde é o início da produção. Assim, o escritório e recepção não teria

tanto trânsito de funcionários, e passaria a ficar destinado apenas à

circulação de clientes e fornecedores. Com esta mudança é possível obter

um melhor fluxo entre os setores de costura, passação e acabamento. De

qualquer forma, sugere-se manter a porta que conecta o escritório ao setor

de acabamento para futuras modificações que a empresa pode vir a

requerer.

Este arranjo físico final proposto teve por objetivo atender as

opiniões dos funcionários de acordo com os conceitos de ergonomia

participativa aplicados durante o projeto. Esta adaptação do arranjo físico

da empresa visa atender a nova demanda da empresa CR Confecções,

além de proporcionar uma maior eficiência na produtividade da empresa

e viabilizar um ambiente de trabalho mais saudável para os funcionários.

97

Figura 29 - Arranjo físico Final do Pavimento Superior em 2D

Fonte: Elaborado pela Autora

.

98

Figura 30 - Arranjo físico Final do Pavimento Superior em 3D

Fonte: Elaborado pela Autora

99

Figura 31 - Arranjo físico Final do Pavimento Inferior em 2D

Fonte: Elaborado pela Autora

Figura 32 - Arranjo físico Final do Pavimento Inferior em 3D

Fonte: Elaborado pela Autora

100

4.4.1 Diagrama do Spaguetti

O Diagrama de Spaguetti foi utilizado para calcular a diferença

obtida no deslocamento percorrido pelos funcionários na produção das

camisas sociais do arranjo físico antes do processo de intervenção e após

o processo de intervenção. Primeiramente, foi traçado sobre as plantas

em duas dimensões todos os trajetos realizados, seguindo a lógica do

fluxograma apresentado na Figura 5. Após isso, foi calculado as

distancias percorridas entre as atividades, levando-se em consideração o

centro de cada um dos setores de produção.

Para um melhor entendimento do traçado realizado sobre as plantas

baixas, adotou-se a cor verde para os trajetos que são realizados apenas

uma vez, a cor azul para os trajetos que se repetem duas vezes e a cor

vermelha para os trajetos que se repetem três vezes ou mais. Estas

indicações estão contidas nas Figuras 33, 34, 35 e 36. Além disso,

observa-se na Tabela 7, os valores dos deslocamentos necessários para a

produção das camisas. Percebe-se que o espaço de trabalho final

apresentou uma redução de 51,4 m de distância percorrida, representando

um melhor aproveitamento do arranjo físico de 26,6%.

Figura 33 - Diagrama do Spaguetti no Pavimento Superior Antes do Processo de

Intervenção

Fonte: Elaborado pela Autora

101

Figura 34 - Diagrama do Spaguetti no Pavimento Inferior Antes do Processo de

Intervenção

Fonte: Elaborado pela Autora

Figura 35 - Diagrama do Spaguetti no Pavimento Inferior Após o Processo de

Intervenção

Fonte: Elaborado pela Autora

102

Figura 36 - Figura 34 - Diagrama do Spaguetti no Pavimento Superior Após o

Processo de Intervenção

Fonte: Elaborado pela Autora

Tabela 7 - Deslocamentos obtidos com Diagrama do Spaguetti

Arranjo Físico Deslocamento (m)

Antes do Processo de Intervenção 192,6

Após o Processo de Intervenção 141,2

Fonte: Elaborado pela Autora

103

5 CONCLUSÃO

Neste trabalho realizou-se uma aplicação da ergonomia

participativa por meio da metodologia do projeto do espaço de trabalho,

em uma empresa de confecções de roupas de Santa Catarina. Esta

empresa, que atua no setor de produção de uniformes e outras peças de

roupas, tinha por objetivo adaptar seu ambiente de trabalho para a

produção apenas de camisas sociais. A pesquisa teve caráter exploratório

e foi realizada através de um estudo de caso.

Diferentemente dos projetos tradicionais, que são realizados por

especialistas e o usuário só é envolvido na fase final de avaliação do

protótipo, no projeto participativo, o usuário foi envolvido desde a etapa

inicial. Esta abordagem possibilitou importantes contribuições para o

trabalho como a melhor comunicação com os funcionários, o rápido

feedback dos usuários, a proposta de medidas ergonômicas mais

adequadas e a maior aceitação por parte dos trabalhadores das mudanças

ergonômicas sugeridas.

Portanto, durante o estudo houve o envolvimento dos funcionários

nas quatro etapas da aplicação do método, as quais englobaram diferentes

atividades, como: Walk-through, que foi um “tour” pela fábrica junto com

os funcionários; aplicação de questionário envolvendo as atividades

realizadas na empresa; caderno de anotações, que serviu para coletar

informações extras referentes ao cotidiano da empresa; e o jogo do

tabuleiro, no qual os funcionários contribuíram na elaboração de um novo

arranjo físico para a sede.

Foi possível levantar informações sobre os principais problemas

encontrados na empresa e como readaptá-la ao novo setor de produção.

Por meio da ergonomia participativa elaborou-se um novo arranjo físico

para a CR Confecções, o qual apresentou mudanças significativas com

relação à planta baixa atual da empresa. Muitas destas modificações são

decorrentes da empresa possuir seus setores de produção divididos em

dois pavimentos, sendo sua maior prioridade reorganizar as áreas de

trabalho visando a redução dos transportes e movimentações pela escada.

Com a produção concentrada na fabricação das camisas, foi possível

elaborar um arranjo físico que permite uma melhor realocação da posição

do mobiliário e maquinário existente.

A sede da empresa possuía três setores da produção em um

pavimento e seis no outro. Após a aplicação da metodologia da pesquisa,

oito setores ficaram expostos no mesmo andar, possibilitando uma

diminuição dos transportes, assim como redução de fadiga. Somando-se

104

a isso uma significativa contribuição para a saúde dos funcionários foi a

realocação do depósito dos rolos de tecidos, que chegam a pesar 15 kg,

para o andar principal da produção e próximo à entrada da fábrica.

Verificou-se ainda que as atividades mais prejudiciais à saúde das

funcionárias são as atividades de corte e de passação, pois nelas são

manuseados meios de produção de peso elevado, as quais geram cansaço

e dores, principalmente nas costas e nos braços. Além disso, as atividades

de costura exigem trabalho repetitivo e demandam concentração e esforço

mental, tornando-se uma tarefa desgastante que gera desconfortos. Diante

disso, foi sugerido a realização de ginástica laboral do tipo compensatória,

aplicada durante a jornada de trabalho, para o alívio de tensão muscular

resultante de má postura ou esforço excessivo.

Caso o projeto não englobasse a participação dos funcionários,

poderiam ter sido verificadas algumas questões na empresa as quais, aos

olhos de um projetista, deveriam ser mudadas. Por exemplo, os espaços

dos corredores, que parecem ser estreitos e pequenos como também do

refeitório, localizado entre os setores. Entretanto, em nenhum momento

da aplicação da metodologia do projeto isto foi levantado como uma

dificuldade encontrada no dia a dia da empresa. Portanto, a ergonomia

participativa apresentou-se como uma abordagem muito útil para focar

nos verdadeiros problemas existentes no ambiente de trabalho. Com isto,

economizou-se tempo, retrabalhos e custos.

Nas pesquisas convencionais, muitas das soluções apresentadas

encontram dificuldade e resistência para sua implementação. Entretanto,

verificou-se que a proposta de arranjo físico apresentada neste trabalho

conseguiu atender as expectativas dos funcionários e foram bem aceitas

na empresa. Isto ocorreu devido ao projeto baseado na ergonomia

participativa, onde houveram a participação e colaboração dos

funcionários na execução das atividades em todas as etapas do trabalho.

Desta forma, os mesmos sentiram-se parte da criação do novo projeto do

espaço de trabalho, tornando assim o processo bastante colaborativo e

coerente para satisfazer as reais necessidades do cotidiano da empresa,

proporcionando condições de trabalho mais eficientes e seguras.

105

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111

APENDICE A – Capa Flyer

Na capa do flyer foi ilustrado e explicado o conceito de ergonomia

participativa. A contracapa, por sua vez, ressaltou a importância do

envolvimento dos trabalhadores, e apresentou as atividades realizadas na

execução projeto.

Flyer - Capa

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

112

APENDICE A – Contracapa Flyer

Flyer – Contracapa

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

113

APENDICE B – Questionário aplicado no Workshop 1

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

114

APÊNDICE C – Workbook

Esta imagem foi tirada do workbook, disposto no refeitório da

empresa. Na capa dele foi escrito “Deixe aqui sua opinião” para o melhor

entendimento do propósito do livro.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).