Apostila de Economia

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1 APOSTILA DE INTRODUÇÃO À ECONOMIA. PROFESSOR MS. ALEXANDRE DELLAMURA. AULA 1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ECONOMIA Alfred Marshall, um dos mais ilustres economistas, dizia que a economia nada mais é do que o estudo do homem dirigindo a sua vida cotidiana. A palavra economia vem do Grego: OIKOS = casa NOMOS = norma, Lei Então, OIKOSNOMOS quer dizer: “Administração da casa” “Aquele que administra o lar” “Administração da coisa pública” A economia é muito mais conhecida como a ciência da escassez. A escassez dos recursos produtivos é o principal problema da Economia. Sendo assim, a economia é a ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens e serviços que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas. A TEORIA ECONÔMICA é dividida em dois grandes enfoques: teoria microeconômica e teoria macroeconômica. MICROECONOMIA: explica o comportamento econômico a partir dos agentes econômicos individuais – produtores e consumidores. Usa um olhar “microscópico” para estudar o sistema de preços e as forças do mercado. Lida com a demanda de mercado de um determinado bem ou serviço, com a quantidade do bem que a firma deve ofertar, a quantidade do bem que a industria deve ofertar e, mais que isso, trata do preço desse bem ou serviço. Por isso dizemos que, onde há preço, há Microeconomia e por isso a Micro também é chamada de Ciência dos Preços. Está subdividida em Teoria do Consumidor, Teoria da Firma e Teoria da Produção. MACROECONOMIA: Estuda a Economia de modo macroscópico, em seus grandes agregados, como um todo. A produção total, o desemprego global, taxas de inflação e desenvolvimento são o alvo da macroeconomia. Repetindo, na Macro estudamos os agregados, ou seja, um determinado ramo global, diferente da Micro, onde é estudado o preço de determinada mercadoria, ou quantidade demandada de determinada mercadoria num determinado mercado.

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APOSTILA DE INTRODUÇÃO À ECONOMIA. PROFESSOR MS. ALEXANDRE DELLAMURA. AULA 1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ECONOMIA Alfred Marshall, um dos mais ilustres economistas, dizia que a economia nada mais é do que o estudo do homem dirigindo a sua vida cotidiana. A palavra economia vem do Grego: OIKOS = casa NOMOS = norma, Lei Então, OIKOSNOMOS quer dizer: “Administração da casa” “Aquele que administra o lar” “Administração da coisa pública” A economia é muito mais conhecida como a ciência da escassez. A escassez dos recursos produtivos é o principal problema da Economia. Sendo assim, a economia é a ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens e serviços que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas. A TEORIA ECONÔMICA é dividida em dois grandes enfoques: teoria microeconômica e teoria macroeconômica. MICROECONOMIA: explica o comportamento econômico a partir dos agentes econômicos individuais – produtores e consumidores. Usa um olhar “microscópico” para estudar o sistema de preços e as forças do mercado. Lida com a demanda de mercado de um determinado bem ou serviço, com a quantidade do bem que a firma deve ofertar, a quantidade do bem que a industria deve ofertar e, mais que isso, trata do preço desse bem ou serviço. Por isso dizemos que, onde há preço, há Microeconomia e por isso a Micro também é chamada de Ciência dos Preços. Está subdividida em Teoria do Consumidor, Teoria da Firma e Teoria da Produção. MACROECONOMIA: Estuda a Economia de modo macroscópico, em seus grandes agregados, como um todo. A produção total, o desemprego global, taxas de inflação e desenvolvimento são o alvo da macroeconomia. Repetindo, na Macro estudamos os agregados, ou seja, um determinado ramo global, diferente da Micro, onde é estudado o preço de determinada mercadoria, ou quantidade demandada de determinada mercadoria num determinado mercado.

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FATORES DE PRODUÇÃO São os elementos indispensáveis e básicos ao processo produtivo de bens ou serviços. Tradicionalmente são três principais: a) Terra – Não apenas terra cultivável e urbana, mas também os recursos naturais que contém, por exemplo, minerais. Para ser considerado um fator de produção, a terra deve ser explorável, ou seja, um parque nacional ou uma reserva intocada não é considerado fator; b) Trabalho – Faculdades físicas e intelectuais dos seres humanos que intervém no processo produtivo. É parte da população que desenvolve as tarefas produtivas. A População Economicamente Ativa (PEA), compreende os trabalhadores empregados e os desempregados que têm condições de trabalhar. Estão fora da PEA os estudantes, aposentados, donas de casa, incapacitados e pessoas que não procuram emprego. c) Capital – Corresponde ao conjunto de edifícios, máquinas, equipamentos e instalações que a sociedade dispõe para efetuar a produção. Este conjunto é denominado de estoque de capital da economia. Quanto mais bens de capital dispuser a economia, mais produtiva ela será. O capital circulante consiste nos bens em matérias-primas e estoques de armazém; o capital fixo consiste em instrumentos de toda a espécie, incluindo os edifícios e os equipamentos. Capital Dinheiro, usado na linguagem comum, não é tido como fator de produção.

BENS A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com

o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade.

Se um bem é produzido ou há a necessidade de qualquer consumidor em comprá-lo, ele se chama bem econômico. Um carro, um pão, a eletricidade ou a água que consumimos em nossa casa são exemplos de bem econômico. Já o ar, a água da praia e os raios solares, que não precisam ser produzidos ou transacionados, são chamados de bens livres. Os bens econômicos, por sua vez, se dividem em:

Bens de Capital – são máquinas e equipamentos utilizados na produção de outros bens. São utilizados na produção dos bens de consumo.

Bens de Consumo – são os bens que se destinam à satisfação das necessidades. Podem ser duráveis (permitem uso prolongado, como carro ou moto) e não-duráveis (acabam com o tempo - alimentos ou roupas)

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Bens Intermediários – são as matérias-primas ou insumos vendidos de uma empresa a outra para a fabricação de um bem final. Ex: cana-de-açúcar que fabrica o álcool, ou os grandes lingotes de ferro que as indústrias pesadas elaboram e vendem para as montadoras fabricarem seus carros ***As 3 perguntas que a Ciência Econômica deve responder: 1 - O que e quanto produzir? Significa quais produtos deverão ser produzidos (carros, cigarros, café, roupas, etc.) e em que quantidades deverão ser colocados à disposição dos consumidores; 2 - Como produzir? Por quem serão os bens e serviços produzidos, com quais recursos e de que maneira ou processo técnico; 3 - Para quem produzir? Para quem se destinará a produção (fatalmente, para os que têm renda). FLUXO CIRCULAR DE RENDA Numa economia de mercado (capitalista) há dois agentes econômicos principais: as unidades produtivas (empresas) e as unidades consumidoras (famílias).

As empresas produzem os bens e serviços, utilizando os fatores de produção (terra, trabalho e capital) que são cedidos a ela pelos proprietários dos mesmos (famílias) em troca de uma remuneração, que é denominada renda.

Os proprietários dos fatores de produção (capitalistas donos do capital, assalariados e outros trabalhadores que possuem o trabalho e as pessoas que são donas dos recursos naturais “ou seja, as famílias”) utilizam a renda gerada pelas empresas para comprar os bens e serviços que estas produzem. O valor dessas compras é chamado de dispêndio. Obs: os capitalistas são os donos do capital, mas fazem parte das famílias. Resumindo: empresas alugam os fatores de produção das famílias e lhes pagam uma determinada renda. A renda recebida pelas famílias compra de volta a produção realizada pelas empresas, determinando o dispêndio.

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Pagamento pela compra de bens e serviços = dispêndio

Pagamento pelo uso dos fatores de produção = renda A renda, remuneração paga pelas empresas pelo uso dos fatores de produção é classificada em salários (remuneração do fator trabalho), juros e lucros (remuneração do fator capital) e aluguéis (remuneração dos recursos naturais e de bens de capital alugados). CURVAS DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO (CPP)

A análise do problema de escassez dos recursos e as ilimitadas necessidades nos leva a crer que a Economia é uma ciência ligada a problemas de escolha.

A Curva de Possibilidade de Produção é a fronteira máxima que a economia pode produzir, dados os recursos produtivos limitados. Ela mostra as alternativas de produção da sociedade, supondo os recursos plenamente empregados. Trata-se de um conceito teórico, cujo principal objetivo é ilustrar a questão da escassez de recursos e as opções ou escolhas que as sociedades devem fazer. Supondo que a Volkswagen do Brasil fabrique apenas dois carros: o Gol e o Cross Fox.

UNIDADE DE PRODUÇÃO: EMPRESAS

UNIDADES CONSUMIDORAS: FAMÍLIAS

Bens e Serviços

Fatores de Produção

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GOL CROSS FOX 20 0 18 1 15 2 11 3 6 4 0 5

0 1 2 3 4 5 CROSS FOX

Ponto 0 (pleno desemprego): situação representada apenas teoricamente, pois torna-se necessário pelo menos um mínimo de produção para a simples subsistência.

Qualquer ponto sobre curva: representa a produção máxima da economia, ou pleno emprego dos fatores de produção.

Pontos além da curva: não poderão ser atingidos com os recursos disponíveis. Torna-se possível apenas com Mudanças tecnológicos ou aparecimento de novos recursos naturais.

Pontos internos à curva: representam situações nas quais a economia não está empregando todos os recursos (ou seja, há capacidade ociosa).

Custo de oportunidade: O custo de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou serviços que se deve renunciar para obtê-lo. A quantidade perdida do automóvel GOL que a Volks precisa incorrer para aumentar a produção do CROSS FOX é denominada custo de oportunidade. (Demonstração em aula)

GOL 20 18 15 11 6

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EXERCÍCIOS

1 – Por que dizemos que o principal problema da economia é a escassez? Existe algo no mundo que não seja escasso? 2 – O carro que o taxista usa em seu turno de trabalho é um bem de capital. Por quê? 3 – Eu não quero trabalhar e não procuro emprego. Estou na PEA? E o meu avô aposentado, está na PEA? O que é PEA? 4 – A microeconomia é conhecida como a “ciência dos preços”. Você saberia o porquê? 5 – O que diferencia um bem de um serviço? 6 - Dada a Curva de Possibilidade de Produção (CPP) abaixo, explicar o significado dos pontos A, B e C. Produto Y

Produto Z

9 – (ICMS 2006) – Considere a seguinte curva de possibilidades de produção para uma determinada economia fictícia, onde Y e X são os únicos bens produzidos na economia.

A

B C

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X É correto afirmar que: a) os pontos A, B e D representam cominações de produção Y e X em que todos os recursos produtivos disponíveis estão sendo utilizados. b) a economia só poderá atingir o ponto C se houver um aumento na disponibilidade de seus recursos produtivos e/ ou por meio de inovações tecnológicas. c) a partir do ponto D, só é possível atingir os pontos A e B se houver um aumento na disponibilidade de recursos produtivos na economia. d) somente o ponto A representa o pleno emprego dos fatores produtivos, pois é o ponto mais alto da curva. e) os pontos A e B, no curto prazo, representam maiores potenciais de crescimento econômico (elevação do produto interno bruto) em relação ao ponto D.

Y

D

A

B

C

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AULA 2 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS MERCADOS O mercado é o local onde se encontram os vendedores e compradores de determinados bens e serviços. Seguem abaixo suas divisões. CONCORRÊNCIA PERFEITA. Esse mercado tem as seguintes características:

a) existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores que sozinhos representem muito pouco no total do mercado;

b) o produto transacionado é homogêneo, ou seja, todas as empresas fabricam produtos iguais que não se distinguem por qualidade, marca ou rótulo;

c) há livre entrada e saída de empresas no mercado, sem qualquer restrições dos concorrentes, como práticas desleais de preços ou associações para impedir a entrada de empresas novas;

d) perfeita transparência e conhecimento pelos compradores e vendedores de tudo o que ocorre no mercado (se uma empresa obtiver uma inovação tecnológica as outras empresas saberão imediatamente.

e) Os fatores de produção são perfeitamente móveis.

O mercado de concorrência perfeita praticamente não existe na prática, sendo encontrados apenas em alguns casos de produtos agrícolas. Esse seria o mercado ideal, por isso as teorias elementares de oferta e demanda são baseadas nele.

Na concorrência perfeita nenhum vendedor ou comprador tem influência sobre o preço de mercado. Nenhum vendedor isolado conseguirá vender seu produto por preço superior ao preço de mercado, pois o comprador simplesmente irá optar por uma empresa concorrente. Da mesma maneira, nenhum comprador conseguirá comprar o produto abaixo do preço do mercado, pois o vendedor sabe que se não vender para ele, venderá para qualquer outro consumidor.

A concorrência perfeita seria o sonho da Ciência Econômica.

MONOPÓLIO

É correto dizermos que, excetuando-se a concorrência perfeita, todos os mercados restantes devem ser tratados de concorrência imperfeita. Desses, o monopólio detém o maior grau de imperfeição.

Faremos, como no caso da concorrência perfeita, a mesma separação de hipóteses que caracterizam um monopólio, embora tenhamos também que levar em conta certo grau de abstração, o que discutiremos após a apresentação as possibilidades que caracterizam um monopólio.

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a) Existência de somente uma empresa que venda um determinado bem ou serviço para um grande número de compradores ou que domine boa parte de um determinado mercado; b) O bem ou serviço produzido não deve possuir substitutos próximos. Se houvesse algum substituto próximo, uma elevação do preço do produto por parte do monopolista faria com que os consumidores migrassem sua demanda para o substituto. c) Existência de Lucros Extraordinários. Claro que com apenas uma empresa dominando o mercado, seus lucros não seriam normais. Isso não quer dizer que a empresa monopolista possa elevar de modo indiscriminado seus preços. Um litro de leite tem um preço razoável a R$ 2,00, mas se houver apenas uma empresa produtora de leites e esta elevar o preço do litro para R$ 15,00, óbvio será que, apesar da não existência de substitutos, os consumidores médios só comprariam um litro de leite em casos extremos, assim como compram um quilo de salmão ou caviar. d) Existência de barreiras a entrada de novas empresas. Tais barreiras podem ser expressas por meio de patentes, fórmulas e avanços tecnológicos, de propriedade apenas do monopolista, ou por autorização do governo (nesse caso chamamos de monopólio legal). Sobre patentes, um caso clássico é o do laboratório Pfizer, que até o dia 20 de junho de 2010 era dona da patente do medicamento para disfunção erétil Viagra, lançado em 1998. A empresa americana era a única empresa que produzia o medicamento com base na substância Citrato de Sildenafila e só em 2009 suas vendas somaram mais de R$ 170 milhões. Com o fim do monopólio do Viagra pela Pfizer, várias empresas esperam autorização da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a fabricação do medicamento.

Temos que lembrar que a demanda da empresa monopolista é a própria

demanda do mercado, posto que ela o domina. Vejamos alguns exemplos famosos de monopólio como acabamos de definir:

1 – Monopólio da transmissão de futebol pela Rede Globo de Televisão:

para as transmissões dos jogos do campeonato brasileiro de futebol, além de campeonatos regionais, a Globo acaba “dividindo” os direitos de transmissão com suas emissoras a cabo ou com alguma outra emissora aberta que não tenha condições de interferir no domínio quase total de sua audiência.

2 – Monopólio das lojas de varejo pelo grupo Pão de Açúcar: o Grupo Pão de Açúcar adquiriu os direitos de propriedade do Ponto Frio e das Casas Bahia, além de ser proprietário também do Extra Eletro. Típico exemplo de um grupo coligado que domina muito mais que 50% de um mercado, com claro poder de influência sobre os preços.

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3 – Monopólio das lojas virtuais (online): Americanas.com, Submarino e Shoptime faturam anualmente mais de R$ 2 bilhões. Fazem parte do mesmo grupo e não são raras as vezes em que não há diferença de preço de determinado produto nos três sites.

Citamos apenas três exemplos de casos mais concretos de monopólio, ou monopólio não-puro, mas você certamente já deve ter visto uma dezena de outros em sua cidade ou bairro. Poucos são os casos em que existe um substituto próximo e a hipótese de lucros extraordinários é visível. O que é indubitável em casos de monopólio é o prejuízo social que sua existência impõe a sociedade. O monopólio míngua todos os interesses da coletividade, desde o poder de escolha, passando pela qualidade do produto até a perda do excedente do consumidor.

OLIGOPÓLIO

Na concorrência imperfeita, a existência do oligopólio é muito mais provável

que a de monopólio. A situação de duas empresas que dominem a quase totalidade de um mercado já caracteriza um oligopólio. Além disso, às barreiras à entrada de novas empresas e os lucros extraordinários são algumas das características comuns entre o oligopólio e o monopólio.

Não existe uma teoria definitiva do oligopólio, sendo utilizados para estudo uma série de modelos de autores como Cournot, Chamberlin, Edgeworth e Sweezy. Esses autores tentaram à sua maneira e em seu tempo delinear observações desse fenômeno muito comum no sistema capitalista.

Seguindo os exemplos anteriores, vejamos algumas hipóteses que justifiquem um mercado oligopolista, tirando dos modelos citados as principais características.

a) Um pequeno número de empresas, como já dissemos, que domine um mercado. O duopólio é uma forma muito comum de oligopólio, com apenas duas empresas. No setor automobilístico ou de eletrônicos é comum a existência de mais empresas, quatro ou cinco, que domine mais que 85% da oferta total. b) O oligopólio pode existir sem diferenciação de produto ou serviço (hipótese de um oligopólio puro). Como os produtos são idênticos, supomos que os custos incorridos na produção também sejam aproximadamente parecidos. Daremos aqui os exemplos da produção de aço ou da mineração. O preço de mercado num oligopólio sem diferenciação de produto, com duas ou três empresas, pode ser dado pela fixação do preço de monopólio, ou seja, um preço alto o suficiente para que as empresas possam auferir lucros extraordinários sem guerra de preços. Se algum dos oligopolistas aumentar o seu preço, a demanda de seu produto não existirá; caso uma delas decida diminuir seu preço, a outra ou as outras farão o mesmo em retaliação, o que diminuirá o patamar dos lucros e beneficiará o consumidor.

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c) O oligopólio pode existir com diferenciação de produto ou serviço (hipótese de um oligopólio diferenciado). Geralmente a diferenciação entre os produtos ou serviços pode ser sutil, como na indústria automobilística brasileira, nos cigarros (no Brasil também um duopólio entre Souza Cruz e Philip Morris) ou nos refrigerantes. Esse tipo de oligopólio permite maiores manobras de preços entre os participantes, embora possa redundar também em guerras de preços. As guerras de preços, como vimos, diminuem os lucros dos oligopolistas. Como os produtos ou serviços podem ser diferentes, os custos também são diferentes, o que torna difícil a fixação de um preço parecido entre os membros. d) As decisões de uma empresa devem influenciar as outras empresas e, por conseguinte, o mercado. Imagine um jogo de futebol onde ocorrem as seguintes condições: 1 – O empate classifica os dois times para a próxima fase; 2 – Se um dos dois times ganhar, além de desclassificar o outro, chegará à próxima fase com vantagem sobre as demais adversários. Tal é a condição de um oligopólio: a de um jogo. Esse jogo pode ou não ser cooperativo. Em nosso exemplo, o empate seria muito bom para ambos os times se os dois cooperassem, mas, a vitória seria um benefício maior ainda, capaz de valer o risco de sua busca para o vencedor (não cooperação). O certo é que na maioria das vezes ocorrem práticas de acordos, combinações ou maquinações e, mesmo que o jogo seja cooperativo, os cooperadores sempre desejarão conhecer o maior leque de opções possíveis sobre o outro. Vamos lembrar que, principalmente sobre a ótica de Sweezy, se um dos oligopolistas baixar seu preço, todos os outros farão o mesmo ou até em patamares maiores, por represália ao primeiro; mas, caso algum dos oligopolistas aumente seu preço, dificilmente os outros aumentarão. e) A competição é direcionada ao marketing. Na existência de oligopólio puro ou de produtos com elevado grau de substituição já explicamos que uma possível guerra de preços seria prejudicial a todos os produtores-vendedores. Uma prática muito constante usada pelos oligopolistas para ampliação de suas vendas se concentra então nas estratégias de marketing, mais especificamente na promoção do produto ou serviço (propaganda). É só lembrar-se das propagandas de cerveja, automóveis e refrigerantes.

O Cartel

Pense na seguinte situação: você está voltando de uma festa às 03:00 horas da madrugada e corta uma cidade inteira com seu carro. De repente olha no marcador de combustível e percebe que deve abastecer logo, com o risco de uma pane seca. Você para no primeiro posto da cidade e o frentista lhe diz que a gasolina custa R$ 3,50. Achando um absurdo você segue em frente, parando no próximo

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posto de combustível. Qual é a sua surpresa ao perguntar sobre o preço da gasolina? R$ 3,50. No terceiro, no quarto e no quinto posto: R$ 3,50. O que você conclui?

Primeiro é claro que, se você não abastecer, ficará pelo caminho. Segundo, o que você acabou de passar é chamado em economia de “cartel”. O cartel geralmente se caracteriza num oligopólio onde são combinadas as cotas de produção e os preços. Literalmente trata-se de um acordo. Se o produto ou serviço possuir uma demanda inelástica – muito importante para o consumidor – os membros do cartel poderão auferir lucros muito similares a de um monopólio e claro prejuízo ao consumidor com a diminuição de seu excedente.

Muitos países tentam coibir a prática de cartel. O Brasil considera crime tal prática e a pena pode varia de um a cinco anos de prisão, além de multas que podem chegar a 30% do faturamento da empresa infratora.

CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA Note os seguintes anúncios publicitários: “Dove, único sabonete com ¼ de creme hidratante” “Itaipava, a primeira cerveja com selo de proteção” Você deve saber que o sabonete Dove é, na realidade, o único sabonete que contém mesmo ¼ de creme hidratante. Essa característica o torna único. Então, por que não dizer que o Dove detém monopólio do sabonete com ¼ de creme hidratante? Da mesma forma, por que não dizer que a cerveja Itaipava detém o monopólio da cerveja com selinho de alumínio? Mas, o mercado de sabonetes e de cervejas possui muitas empresas, cada uma com determinada parcela de mercado. Não há uma marca que domine, digamos, mais que 50% de toda parcela de vendas. Apesar disso você já deve ter notado que cada marca pode ser, dentro de seu respectivo mercado, diferente de outra ou de outras marcas. Elas podem se diferenciar quanto a embalagem, quanto a uma diversificação, mesmo que pequena, no gosto ou na apresentação do produto, na quantidade, na publicidade ou mesmo no valor da marca. A esse tipo de estrutura de mercado que acabamos de observar, daremos o nome de concorrência monopolística. Como fizemos com as outras estruturas, vamos enumerar as principais características da concorrência monopolística: a) A concorrência monopolística é híbrida, uma mistura da concorrência perfeita com o monopólio. É essa a principal denominação da concorrência monopolística: há um esboço de concorrência perfeita que é barrado pela existência

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de alguma diferenciação do produto ou serviço, que o torna, ao mesmo tempo, um monopólio. b) Há livre entrada e saída de empresas desse mercado, o que também explica a existência de um grande número de produtores-vendedores. Aqui não falamos de patentes, facilitações ou decretos governamentais que limitem o ingresso de novas empresas. Estas são atraídas pelos lucros altos no curto prazo e, ao observarem a possibilidade de ganhos acima dos normais, voltam sua produção aos produtos cuja concorrência seja monopolística. O próprio mercado regulará a situação de excesso de empresas, já que com uma grande quantidade de empresas os lucros diminuirão e tenderão, no longo prazo, a se tornarem lucros normais. c) Os produtos, como dissemos, não são homogêneos (iguais) como na concorrência perfeita. Existe sempre uma pequena diferença que faça com que o consumidor seja “fiel” a sua marca. Isso pode se caracterizar por um pequeno detalhe, por uma propaganda que reflita um estilo de vida, pela embalagem que as pessoas se identifiquem, pela pequenina diferença no sabor, pelo modo com que o consumidor é atendido no pós-venda, entre muitas outras. d) O grau de substituição entre os produtos (elasticidade-cruzada da demanda) é muito alto. Isso acontece porque há na concorrência monopolística a existência de muitas marcas. Todos eles são bons substitutos entre si, apesar de não serem iguais como dissemos no item anterior. Você pode pagar R$ 0,30 ou 0,50 a mais por um sabonete Dove, mas não vai pagar R$ 1,00 se o vendedor assim o fizer. Da mesma forma que, para você, o selinho na lata de cerveja Itaipava é um diferencial que possa valer, R$ 0,15 a mais no preço, certamente não valerá R$ 0,50. Aqui você poderia facilmente substituí-la por uma Skol, Brahma, Kaiser ou Nova Schin. Enfim, podemos finalizar nossa análise a respeito da concorrência perfeita afirmando, com grande grau de certeza, que é esta a estrutura de mercado com que mais nos deparamos no dia-a-dia. O consumidor se identifica bastante com um bom “jingle” na TV e com uma embalagem chamativa. Ele também tem seu refrigerante favorito ou cerveja, pelo “gostinho” que a distingue. Esse “gostinho” faz esse produto único entre muitos semelhantes, e por isso dissemos ser um monopólio no interior de um mercado de concorrência. EXERCÍCIOS 1 – Descreva as implicações sociais da existência de um mercado de monopólio. 2 – Você acha que uma guerra de preços num mercado oligopolista vale à pena? Por que isso não ocorre com o mercado de automóveis no Brasil?

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3 – Dê exemplos de mercados cuja concorrência seja monopolística. Atente-se aos detalhes que fazem os produtos parecerem “únicos” em relação aos semelhantes. 4 – Há uma piada antiga que diz que a concorrência perfeita é o “sonho do economista”. Justifique essa afirmação. 5 – O Oligopólio e o monopólio são distorções a um mercado de concorrência perfeita. Suas principais diferenças em relação a essa última seriam então: a) perfeita transparência do mercado oligopolista e monopolista. b) tanto no oligopólio quanto no monopólio existem muitos ofertadores. c) nenhum dos agentes, tanto do monopólio quanto do oligopólio, atuam em condições de modificar o preço do bem ou serviço. d) barreiras a entrada de novas empresas e bons produtos substitutos e) barreiras a entrada de novas empresas e lucros extraordinários. 6 – (AFCE – TCU/ 1994). Em relação às características de um oligopólio, assinale o item que melhor o descreve. a) Uma situação de mercado com poucos compradores. b) Uma situação de mercado com poucos produtores. c) Uma situação de mercado com apenas um comprador. d) Uma situação de mercado com os preços controlados pelo Governo. e) Uma situação de mercado com apenas um vendedor.

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AULA 3 - TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA E OFERTA EM CONCORRÊNCIA PERFEITA. TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA:

A demanda ou procura é definida como a quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor deseja adquirir em certo período de tempo. Primeiramente, a demanda é um desejo de adquirir, um plano, e não literalmente a sua realização. Em segundo lugar, a demanda é um fluxo por unidade de tempo, expressa em um dado período. Ex: Dona Dulci deseja adquirir 4 quilos de arroz por semana e não que Dona Dulci deseja simplesmente 4 quilos de arroz e que esta é a sua procura.

Tendo um orçamento limitado, ou seja, um determinado nível de renda, o consumidor deverá fazer a melhor combinação possível entre os bens e serviços e sempre maximizar a sua renda para ter maior satisfação. A demanda de um bem depende de uma série de fatores, entre eles: O preço do bem (Px); A renda do consumidor (Y); O preço de outros bens (Pz); Os gostos ou preferências dos consumidores (G).

Matematicamente, pode-se expressar a demanda do bem de x pela seguinte expressão:

Dx = f(Px, Y, Pz, G, etc.)

Onde a letra f significa que Dx é função de e a palavra etc. abarca as outras possíveis variáveis. Sendo: Dx: a demanda do bem x Px: o preço do bem x Pz: o preço dos outros bens Y: renda G: preferências

É preciso fazer uma simplificação para se estudar a influência de cada fator na procura, pois do contrário seria bastante complexo. Estuda-se cada variável separadamente, fazendo a hipótese de que tudo mais permaneça constante. Essa hipótese é muito importante e é conhecida na Economia como condição coeteris paribus (tudo o mais permanece constante).

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Então, coeteris paribus, a demanda é função do preço, tudo o mais permanecendo constante.

Qdx = f (Px)

Normalmente há uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade demandada. Repare que a curva abaixo é descendente da esquerda para a direita, o que evidencia a Lei da Procura: a quantidade procurada do bem varia inversamente ao comportamento do seu preço, ou seja, se o bem aumentar, a quantidade demandada diminuirá, e se o preço do bem diminuir, a quantidade procurada do bem aumentará.

Quando o preço do bem cai, o bem fica mais barato em relação aos seus concorrentes e os consumidores deverão aumentar seu desejo de comprá-lo (efeito-substituição). De outra forma, quando o preço cai, o consumidor fica mais rico (efeito-renda). Assim, quando Pn ↑ Dn ↓ e Pn ↓ Dn ↑

Repetindo, matematicamente, pode-se dizer que a demanda do bem x é uma função inversa ou decrescente do seu preço. Num gráfico os economistas costumam tratar a curva de demanda como uma reta, a chamada demanda linear.

EXCEÇÕES À LEI DA PROCURA:

Mas o aluno há de perguntar: mas eu já vi algo diferente! Certamente, pois há

duas exceções à Lei da Procura. Bens de Giffen (Robert Giffen, inglês): São bens de pequeno valor, mas de grande importância para os consumidores. É o caso do pão. Antes do seu aumento os consumidores pobres podiam comprar alguns outros bens mais caros que o pão, mas

Preço do bem n ($) 10 8 100 120 Quantidade procurada

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quando seu preço aumenta, não sobra renda suficiente para a compra de outros alimentos e então o consumo do pão terá que aumentar, posto que o pão é o alimento mais barato. Bens de Veblen: (Thorstein Veblen, americano): São bens de consumo ostentatórios, tais como obras de arte, jóias e automóveis de luxo. Quanto mais caros, mais são procurados. Seu consumidor sempre quer mostrar que tem grande renda.

TEORIA ELEMENTAR DA OFERTA

Oferta é a quantidade de bens e serviços que os produtores/empresas desejam colocar a venda no mercado em determinado período de tempo.

Lembrar: Qox – empresa deseja vender ≠ vender propriamente dito. Lei da oferta: A quantidade ofertada de determinado bem ou serviço é diretamente proporcional ao seu preço, coeteris paribus . Quer dizer que quanto maior o preço maior será a quantidade a ser ofertada no mercado pelos produtores/empresas. Isto se deve a possibilidade de aumentarem suas receitas. ↑Pox ↑Qox ↓Pox ↓Qox Pox: Preço de oferta do produto x Qox: Quantidade ofertada do produto x. ↑: Aumenta ↓: Diminui Preste atenção no quadro:

Preço ($) Quantidade ofertada 10,00 100 15,00 150 30,00 300

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Curva de oferta

P O 30 15 10 100 150 300 Q

Função da Oferta

Qox = f (Px) Qox = quantidade ofertada de um determinado bem ou serviço (produto x), num dado período de tempo. Px = preço do bem ou serviço (produto x) A expressão significa que a quantidade ofertada, Qo, é uma função f do preço P, isto é, depende do preço P, coeteris paribus.

Outros fatores ou aspectos determinantes da oferta:

1. Preço do bem 2. Custos dos Fatores de Produção (também chamados de insumos) 3. Aumento do número de empresas no mercado 4. Tecnologia 5. Preço de outros bens

Então: Ox = f(Px, PI, E, T, Pz...) Mas, coeteris paribus : Qox = f(Px)

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EQUILÍBRIO DO MERCADO

Partindo-se da hipótese de que o mercado esteja em concorrência perfeita (nem empresas e nem consumidores individuais têm poder para influenciar o preço de mercado), o preço de equilíbrio no mercado será determinado pelas livres manifestações das forças de oferta e demanda (procura). O preço de equilíbrio é o ponto em que a quantidade demandada for igual a quantidade ofertada.

Veja o gráfico a seguir:

Supondo que o mercado comece com o preço 20. Com esse preço os vendedores oferecem 150 unidades do bem, mas os compradores só desejam adquirir 60 unidades. A quantidade transacionada no mercado ao preço 20 será portanto, de 60 unidades e haverá um excedente (sobra) de 90 unidades (150 unidades ofertadas menos 60 adquiridas pelos compradores).

Os vendedores não ficaram satisfeitos, pois tiveram um estoque indesejado de 90 unidades. Para se livrar desse estoque terão que baixar os preços. Logo, este mercado não está em equilíbrio.

Inversamente, supondo que o mercado comece com o preço 10. Ocorrerá uma escassez (excesso de quantidade demandada sobre a ofertada), pois os compradores desejarão consumir mais, ou 170 unidades do bem, enquanto os vendedores estarão dispostos a vender apenas 40 unidades (escassez de 130 unidades). Os compradores

P x 20 14 10 40 60 100 150 170 Qx

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ficarão insatisfeitos e oferecerão preços maiores para conseguir os bens. Logo, o preço do bem irá aumentar.

O preço de 14 corresponde ao cruzamento das duas curvas, onde ocorre o equilíbrio de mercado. Nesse caso tanto os vendedores desejam oferecer quanto os compradores tencionam adquirir 100 unidades do bem. Com os grupos satisfeitos o preço de equilíbrio será de 14 e quantidade procurada e oferecida será de 100 unidades.

Lembre-se: Ponto de Equilíbrio: a quantidade que os consumidores desejam comprar é exatamente igual a que os produtores desejam vender. Neste caso, Q = 100 e P = 14 Excedente (Excesso de oferta): Para qualquer preço superior ao ponto de equilíbrio, a quantidade que os produtores desejam vender é maior que a que os consumidores desejam comprar, havendo assim um acúmulo nos estoques, provocando uma competição no mercado e forçando a baixa dos preços até o ponto de equilíbrio. Escassez (Excesso de demanda): Para qualquer preço abaixo do ponto de equilíbrio surgirá um excesso de demanda. As quantidades ofertadas são menores que as demandadas, sendo assim os consumidores disputarão a quantidade ofertada pressionando a elevação dos preços até o ponto de equilíbrio. TRATAMENTO MATEMÁTICO

As curvas de demanda e de oferta também podem ser expressas linearmente, através

de equações.

QDx = 280 - 4Px (demanda) parâmetro de Px é sempre negativo, pois a relação é

inversa (se o preço aumentar, a quantidade diminui)

QOx = - 20 + 2Px (oferta) parâmetro é sempre positivo, pois a relação é direta (se o

preço aumentar, a quantidade ofertada também aumenta).

Onde:

QDx = quantidade demandada (ou procurada) do bem X

QOx = quantidade ofertada do bem X

Px = preço do bem X

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Px QDx = 280 – 4Px QOx = -20 + 2Px

30 280 – (4 x 30) = 160 - 20 + (2 x 30) = 40

40 280 – (4 x 40) = 120 - 20 + (2 x 40) = 60

50 280 – (4 x 50) = 80 - 20 + (2 x 50) = 80

60 280 – (4 x 60) = 40 - 20 + (2 x 60) = 100

Observando-se a tabela acima, percebe-se facilmente que o preço de

equilíbrio é $50. Para se obter o preço de equilíbrio, seria mais fácil igualar as quantidades demandadas e ofertadas (já que o preço de equilíbrio iguala as duas quantidades), ao invés de montar a tabela.

280 - 4Px = - 20 + 2Px

300 = 6Px

Px = 300

6

Px = 50

Agora é só substituir o Px de equilíbrio em qualquer uma das equações:

QDx = 280 – 4(50)

QDx = 80

E a quantidade de equilíbrio desse mercado é de 80, como no quadro.

Dadas as seguintes equações: Qs = 48 + 10p Qd = 300 – 8p Você saberia dizer qual é o preço de equilíbrio e a quantidade de equilíbrio?

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EXERCÍCIOS

1- Dadas as seguintes funções: (Qo = 70 + 5p) e (Qd = 200 – 5p), determinar: a) Preço de Equilíbrio = b) Quantidade de Equilíbrio = c) O que acontece se os produtores aumentarem o preço para $ 15? 2 - Dadas seguintes funções de oferta e demanda, determinar o preço de equilíbrio, a quantidade de equilíbrio e o que acontece se o governo tabelar o preço a 10. Qs = 48 + 10p Qd = 300 – 8p 3 - Admita-se que o Sr. João, empresário agrícola de Piraporinha (Diadema), dedica-se ao cultivo de tomates. Com base no comportamento da produção no quadro abaixo, trace a curva de oferta. Preço da caixa de tomates

Quantidade de caixas oferecidas

Px X 10 20 30 40 50 60

0 5 10 15 20 25

4 – (Fiscal de Tributos Estaduais – MG/1993). Não se inclui entre os determinantes da procura individual. a) o preço do bem. b) a renda do consumidor. c) os preços dos outros bens. d) a quantidade ofertada do bem. e) o gosto ou preferência do indivíduo.

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5 – (Controlador da Arrecadação Federal/1983). Um bem, cuja quantidade demandada cai quando o seu preço relativo diminui, é chamado bem: a) normal. b) inferior. c) superior. d) de Giffen. e) anormal. 6 – (Economista do Ministério da Minas e Energia/1981). Segundo a teoria microeconômica, o principal fator a determinar a quantidade procurada de um bem é: a) a renda real do consumidor. b) o preço do próprio bem. c) a renda monetária do consumidor. d) os preços dos diversos bens substitutos.

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AULA 4 - MUDANÇA NO PREÇO DE EQUILÍBRIO DE MERCADO: DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE OFERTA E PROCURA

1. DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE DEMANDA A curva de demanda se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas variáveis que supusemos constantes quando traçamos a curva (renda, preço dos outros bens, gosto do consumidor) mudar de valor. Ela se deslocará para a direita da posição original quando a mudança do valor da variável antes suposta constante contribuir para aumentar a demanda e para a esquerda da posição original quando contribuir para diminuir a demanda.

1.1 – MUDANÇA NA RENDA DOS CONSUMIDORES

BENS NORMAIS

Bens normais são aqueles cujo consumo aumenta à medida que a renda do consumidor se eleva. Chocolate, picanha e laticínios, por exemplo. Caso a renda dos consumidores se eleve (portanto, estão mais ricos), provavelmente eles aumentarão também as quantidades demandadas do bem x. Surge então uma nova curva de demanda, situada à direita da curva antiga, indicando que a cada nível de preço possível, os consumidores estão dispostos a adquirir maiores quantidades do bem, porque estão com mais renda que antes. Esse fato dará origem a um novo preço e quantidade de equilíbrio, maiores que os antigos. Se a renda do consumidor diminuir, o raciocínio é inverso e a curva se deslocará para esquerda, diminuindo o preço e quantidade de equilíbrio.

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Como a curva de demanda nova (Dx`) está à direita da antiga (Dx), a

intersecção da curva de oferta de X (Ox) com Dx` origem a um preço e quantidade de equilíbrio (Pe` e Qe`) maiores que o preço e quantidade de equilíbrio antigos (PE e Qe). Ou seja, o aumento da demanda do bem X devido a elevação da renda dos consumidores (curva da demanda para direita) tem como conseqüência uma elevação do preço do mercado e na quantidade transacionada.

Caso a renda dos consumidores diminua ao invés de se elevar, o raciocínio é inverso: diminuição da demanda do bem X devido ao decréscimo da renda. Então a curva de demanda se deslocará para a esquerda de sua posição original, diminuindo o preço e quantidade transacionada.

BENS INFERIORES Bens inferiores são bens cuja demanda diminui quando o nível de renda do

consumidor aumenta e aumenta quando o consumidor fica mais pobre. Um exemplo é a carne de segunda. Se a renda do consumidor aumenta, ele diminui a procura por carne de segunda. Se a renda do consumidor diminui, ocorre o inverso: ele reduz o consumo de carne de primeira e aumenta o da carne de segunda.

Se o bem X for um bem inferior, o aumento da renda dos consumidores reduz a sua demanda, a curva se desloca para a esquerda e o preço e a quantidade de equilíbrio diminuem. Um decréscimo na renda dos consumidores terá conseqüências inversas.

Qe Qe`

Pe` Pe

Ox

Dx` (Y aumentou)

Dx QPx

Px

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OBS: Alguns bens como os gêneros alimentícios de primeira necessidade e os medicamentos, por exemplo, são chamados de bens de consumo saciados, pelo fato de aumentos ou reduções na renda dos consumidores não afetarem ou afetarem muito pouco seu consumo.

1.2 – MUDANÇA NOS PREÇOS DE OUTROS BENS (PZ )

Um determinado bem Z pode ter as seguintes relações com o bem X: a) Z é um bem de consumo independente de X; b) Z é substituto de X; c) Z é complementar de X. Quando Z e X são independentes, o preço de Z nada tem a ver com a

demanda de X. Assim, por exemplo, feijão e automóveis são bens de consumo independentemente: alterações no preço do feijão não provocarão nenhuma modificação na demanda de automóveis e vice-versa. Entretanto, quando Z e X são substitutos ou complementares, modificações no preço de um ocasionam mudanças na demanda do outro, conforme abaixo.

BENS SUBSTITUTOS São bens em que o consumo de um deles exclui (mesmo que parcialmente) o

consumo de outro. Ex: Manteiga e margarina, café e chá, carne de vaca e carne porco.

Se Z e X são substitutos, o aumento no preço do bem Z tornará seu consumo menos atrativo que o do bem X, de maneira que a demanda deste último deverá se

Qe` Qe

Pe Pe`

Ox

Dx

Dx` (Y aumentou) QPx

Px

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elevar e se preço e quantidade de equilíbrio no mercado também aumentarão. Efeitos inversos ocorrerão no mercado de X se o preço de Z diminuir.

BENS COMPLEMENTARES São bens cujo consumo é feito geralmente de maneira simultânea, ou seja, o

consumo de um complementa o outro. Exemplo: pão e manteiga, café e leite, caderno e caneta, microcomputador e impressora. Basta que o consumo de ambos esteja associado de alguma forma.

Se Z e X são complementares, o aumento no preço de Z provocará uma diminuição no seu consumo no mercado; como o seu consumo está associado ao de X, a demanda de X também tenderá a diminuir, deslocando a curva para a esquerda e provocando queda no preço e na quantidade de equilíbrio do mercado de X. Efeitos inversos ocorrerão se o preço de Z diminuir.

Qe Qe`

Pe` Pe

Ox

Dx` (Pz aumentou)

Dx QPx

Px

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HÁBITOS E GOSTOS DOS CONSUMIDORES

Esta é uma variável influenciada principalmente por campanhas publicitárias e propaganda do bem X. Por exemplo, se uma campanha publicitária convencer o consumidor que o consumo de um determinado produto faz bem a saúde, a demanda deste bem deverá aumentar e, conseqüentemente, elevar o seu preço e quantidade de equilíbrio.

Qe Qe`

Pe` Pe

Ox

Dx` depois da propaganda

Dx (antes da propaganda) QPx

Px

Qe` Qe

Pe Pe`

Ox

Dx

Dx` (Pz aumentou) QPx

Px

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2 – DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA A curva de oferta se desloca em relação à sua posição original quando uma

daquelas variáveis que foram supostas constantes ao se traçar a curva (preço dos fatores de produção, tecnologia, preço de outros bens) mudar de valor.

Supondo-se que um dos fatores de produção (capital) utilizados na produção de um bem X sofra um aumento. Como o custo de produção do bem X aumentará, os produtores deverão aumentar os preços na mesma proporção. Sempre que o custo de produção é aumentado, a oferta diminui e a sua curva diminui para a esquerda de sua posição original; se o custo de produção é reduzido, ocorre o inverso.

EXERCÍCIOS 1 – Observe os exemplos e justifique sobre a influência da renda na demanda. Normais, inferiores ou saciados? a) Arroz b) Chandelle c) Kisuco d) Roupas do Brechó e) Ferrero Rochê f) Maminha g) Ingressos para jogo de futebol 2 – Observe os pares e justifique sobre a influência do preço dos outros produtos na demanda. Substitutos ou complementares? a) Viagem de ônibus ou viagem de avião b) Molho de tomate e macarrão c) Ipad e Galaxy d) Impressora e computador e) peixe e carne de porco

Dx

Ox

Ox`

Qe` Qe

Pe` Pe

QOx

Px

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f) Margarina e manteiga g) Pneus e automóveis 3 – Falaremos novamente do Ipad da Apple e do Samsung Galaxy. Uma diminuição de 30% no preço do Galaxy ocasionaria mudanças na curva de demanda do Ipad ou da curva de demanda do Ipad? Demonstre graficamente. 4 – O açaí virou mania entre os brasileiros e está sendo exportado para muitos outros países. Você acha que aconteceria alguma coisa com a demanda de granola, caso o preço do açaí fosse aumentado em 25%? Demonstre graficamente. 5 – (Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental/1997). Quando a renda de um indivíduo cai, tudo o mais permanecendo constante, a sua demanda por um bem inferior: a) aumenta. b) cai numa proporção igual à queda de sua renda. c) cai numa proporção maior do que a queda de sua renda. d) cai numa proporção menor do que a queda de sua renda. e) permanece inalterada. 6 – (Agente da Polícia Federal/2000). Julgue o item seguinte. - Análises da demanda da farinha de mandioca, no Brasil, indicam que uma expansão da renda dos consumidores reduz a demanda por esse produto. Se isso estiver correto, então a farinha de mandioca é um bem inferior.

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AULA 5 – ELASTICIDADE

Amigos, elasticidade em economia significa sensibilidade. Assim, a elasticidade mede a variação que ocorre nas quantidades de um determinado bem ou serviço quando ocorrem variações em outro fator, tudo mais permanecendo constante (coeteris paribus). Então, a elasticidade medirá o que acontece com a quantidade de um produto quando o seu preço, ou a renda dos consumidores, ou o preço de outro bem sofrem variações. Abaixo contam os 4 principais tipos de elasticidade. Estudaremos profundamente apenas a elasticidade-preço da demanda. * Elasticidade – preço da demanda; * Elasticidade – renda da demanda; * Elasticidade – cruzada da demanda; * Elasticidade – preço da oferta.

1) Elasticidade – preço da demanda Veja o comportamento da demanda de dois bens A e B: Demanda de A Demanda de B PA QDA PB QDB 1º momento 10 100 20 80 2º momento 12 60 24 76 Observe que os dois preços foram aumentados em 20% (PA passou de 10 para 12) e (PB passou de 20 para 24). Entretanto, o comportamento da quantidade demandada foi completamente diferente. QDA diminuiu 40% (de 100 para 60) e QDB diminuiu apenas 5% (de 80 para 76). Em vista disso pode-se dizer que demanda do bem A é mais elástica que a demanda do bem B, ou que a quantidade demandada do bem A é mais sensível a variações de seu preço do que o bem B. 1.1) Coeficiente de Elasticidade – Preço da Demanda (Epd)

Existem duas formas de se medir o coeficiente de elasticidade preço da demanda. A mais simples e a lógica do conceito é a seguinte:

Epd = variação percentual da quantidade demandada Variação percentual do preço EpdA = 40% = 2 20%

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e no caso do bem B: EpdB = 5% = 0,25 20% Se o valor absoluto (não se considera negativo) de Epd for:

a) maior que 1, a demanda do bem é considerada elástica em relação a seu preço. Geralmente são considerados produtos supérfluos; b) menor que 1, a demanda do bem é considerada inelástica em relação a seu preço. Geralmente são produtos de subsistência ou muito necessários; c) igual a 1, a demanda do bem apresenta elasticidade unitária em relação ao preço. Geralmente bens normais apresentam elasticidade, como no caso da moradia.

Outra maneira de se calcular o coeficiente de elasticidade preço da demanda (mais concreta) é a seguinte:

Epd = Po x ΔQD QDo ΔP Po = preço inicial QDo = quantidade demandada inicial ΔQD = variação na quantidade demandada ΔP = variação no preço

Utilizando esta fórmula para os bens A e B: EpdA = 10 x 40 = 400 = 2 100 2 200 EpdB = 20 x 4 = 80 = 0,25 80 4 320

1.2) Relação entre Epd e a receita total dos produtores (RT)

Simples: Receita total dos produtores = quantidades vendidas do bem x preço de

venda. Usando a elasticidade o produtor pode prever o que acontecerá com as suas vendas se aumentar ou diminuir o preço de seu produto.

Quando o bem desse produtor tiver uma DEMANDA ELÁSTICA, se ele AUMENTAR o PREÇO no mercado HAVERÁ uma REDUÇÃO de sua RECEITA TOTAL. Caso ele DIMINUA o PREÇO de mercado OCORRERÁ um AUMENTO de sua RECEITA TOTAL.

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PA QDA RT 10 100 10 x 100 = 1000 12 60 12 x 60 = 720 Vamos provar que é um demanda elástica?

Epd = Po x ΔQD QDo ΔP

Epd = 10 x 40 = 400 = 2 (maior que 1, portanto elástica) 100 2 200

Quando o bem desse produtor tiver uma DEMANDA INELÁSTICA, um AUMENTO ou DIMINUIÇÃO do seu preço no mercado ACARRETARÃO MUDANÇAS NO MESMO SENTIDO NA RECEITA TOTAL DOS PRODUTORES, ou seja, ELA SE ELEVARÁ OU SE REDUZIRÁ, respectivamente. PA QDA RT 20 80 1600 24 76 1824

Viu? O preço aumentou 20% e a quantidade demandada reduziu-se em apenas 5%. Nesse caso, a variação do preço prevalece e a RT aumenta de 1600 para 1824.

Quando o bem desse produtor tiver uma demanda com ELASTICIDADE UNITÁRIA, qualquer variação no preço é anulada pela variação da quantidade procurada. Nesse caso a RECEITA TOTAL dos produtores NÃO SE ALTERA. Casos Extremos de elasticidade de demanda; a) Demanda Perfeitamente Inelástica: isto é elasticidade é zero. Quando variar o preço, a demanda não mostra nenhuma resposta na quantidade demandada. Ex: sal. b) Demanda Perfeitamente Elástica: ou infinita. Quando os compradores não estão dispostos a pagar mais que um determinado preço, qualquer que seja a quantidade do bem. Ex: rodízio onde se pode comer o quanto quiser por R$ 15. Pode-se comer qualquer quantidade, desde que o preço seja 15

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2) Elasticidade – Renda da demanda O coeficiente de elasticidade-renda de procura tem por objetivo medir a sensibilidade da demanda de um bem X em relação a variações na renda Y do consumidor. Er = variação % da quantidade procurada (QP) Variação % da renda do consumidor (Y) Assim, por exemplo, se a renda dos consumidores se elevar de 1000 para 1300 e as quantidades demandadas dos bens A, B, C e D apresentassem o comportamento exposto na tabela a seguir: Quantidade Demandada Bens Y = 1000 Y = 1300 A 40 36 B 50 60 C 60 78 D 20 30 Temos que: 1) Er (bem A) = -10% = - 1/3 30% Observe que a quantidade demandada do bem A diminuiu quando a renda aumentou. Então A é um bem inferior. O coeficiente de elasticidade-renda dos bens inferiores é negativo, refletindo o comportamento inverso entre quantidade procurada e renda. 2) Er (bem B) = 20% = 2/3 (então é menor que 1) 30% O coeficiente do bem B é positivo (então B é um bem normal). Entretanto, ele é menor que 1, indicando que B tem demanda inelástica (pouco sensível em relação à renda) 3) Er (bem C) = 30% = 1 30% O bem C apresenta elasticidade-renda da demanda unitária. 4) Er (bem D) = 50% = 5/3 (maior que 1) 30%

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O bem D apresenta Er > 1, logo sua demanda é elástica em relação à variação da renda. Esse tipo de bens são denominados bens superiores (supérfluos ou de luxo) A fórmula Erd = Yo x ΔQD é a mais usada, onde QDo ΔY Yo = Renda inicial ΔY = Variação da Renda Qdo = Quantidade demandada inicial ΔQD = Variação da quantidade demandada

3) Elasticidade – Cruzada da demanda A elasticidade-cruzada da demanda (Ecd) mede a sensibilidade da demanda do bem X a variações nos preços de outros bens (Pz) Elasticidade cruzada = variação % da quantidade procurada do bem X Variação % do preço do bem Z Como foi visto anteriormente, os bens X e Z podem ser substitutos, complementares ou independentes. A tabela abaixo deixa claro as relações entre X e Z e o seu coeficiente de elasticidade cruzada: Relação entre X e Z Sinal da elast. Cruzada Valor da Elast. cruzada Substitutos Positivo > 1, demanda elástica

< 1, demanda inelástica Complementares Negativo = 1, elasticidade unitária Independentes Igual a zero ------- Assim, por exemplo, se o preço do bem Z aumenta 10% e a quantidade demandada de X diminui em 15%:

Ecruzada = -15% = -1,5% +10%

Como o sinal da elasticidade-cruzada é negativo, X e Z são complementares. O preço do bem Z aumentou e a quantidade procurada de X diminuiu, o que indica que X e Z têm uma relação de bens complementares. O valor absoluto da elasticidade é maior que 1, logo a demanda de X é elástica em relação ao preço de Z.

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4) Elasticidade – Preço da Oferta A elasticidade-preço da oferta (Epo) mede a sensibilidade da oferta a

variações do preço do bem X: Epo = variação % da quantidade ofertada do bem X Variação % do preço do bem X

Valores de Epo Grau de Elasticidade > 1 Oferta Elástica < 1 Oferta Inelástica = 1 Oferta de Elasticidade Unitária O valor da elasticidade-preço da oferta é sempre positivo, porque o preço e a quantidade ofertada (coeteris paribus) variam na mesma direção. . EXERCÍCIOS

1 – A Epd de um dado medicamento é de 0,25. Como você interpretaria esse coeficiente?

2 – Digamos que a Epd do chocolate Ferrero Rocher é de 1,25. Como você interpretaria esse coeficiente?

3- Uma determinada empresa vendia 3000 unidades/mês de seu produto quando praticava um preço de R$ 5,00. Num determinado momento, passou a praticar o preço de R$ 4,00, vendendo 4000 unidades/mês do produto. Encontrar o coeficiente de elasticidade.

4- Dada a função Qd = 1600 – 20p, encontrar a quantidade demandada quando o preço for 32 e quando passar para 31,80. Depois, calcular a elasticidade dessa mudança de preço.

5 – Supondo que a curva de demanda de determinado produto seja dada por:

Qd = 80 – 5p a) Calcule a elasticidade desse produto quando o preço de R$ 6,00 sofrer um

acréscimo de 10%; b) Calcular a receita total dos vendedores;

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c) Valeu à pena o aumento de preço?

6 – (Papiloscopista Polícia Federal/2000). Julgue o item seguinte. - A dificuldade em impedir altas dos preços dos medicamentos, que constitui

o cerne do embate entre o governo e os laboratórios farmacêuticos, explica-se, parcialmente, pelas baixas elasticidades-preço da demanda que caracterizam esses produtos.

7 – (FTF/1981). Um determinado bem tem procura elástica em relação ao seu preço. Então, se o preço desse bem aumenta, com tudo o mais permanecendo constante, o gasto total do consumidor com o bem:

a) aumenta. b) diminui. c) permanece constante. d) aumenta indefinidamente.

8 - Um trabalhador cuja renda Y é de R$ 2300 tem a quantidade demandada de um produto H de 150 unidades. Ao receber um aumento seu salário vai de 2300 para 2990, e o trabalhador passa a procurar 180 unidades do produto H. Calcular a elasticidade-renda da demanda dessa mudança.

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AULA 6 - TEORIA DA FIRMA Esta é a última parte da Microeconomia que estudaremos. A Teoria da Firma (ou Empresa) está subdividida em Teoria da Produção e Teoria dos Custos. Ambos, de maneira opostas, retratarão o comportamento das receitas e dos custos das unidades produtivas. Essa relação é expressa na seguinte equação: Lucro Total (LT) = Receita Total (RT) – Custo Total (CT).

TEORIA DA PRODUÇÃO

Produção é o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção adquiridos e suas matérias-primas em produtos ou serviços para a venda no mercado. Então, recapitulando, a firma compra os insumos (fatores de produção/ matérias-primas), combina-os segundo um processo de produção escolhido e vende os produtos no mercado.

Função de Produção é a relação técnica entre a quantidade física de fatores de produção e a quantidade física do produto em determinado período de tempo.

Quantidade do Produto = f (quantidade dos fatores de produção) Q = f (N, K, M) Quantidade mão-de-obra capital físico matérias-primas Produzida utilizada utilizado utilizadas

Ex: Q = 2K0,5L0,5

Utilizando a função acima, se L = 81 trabalhadores, K = 16 máquinas, a quantidade produzida Q seria: Q = 2 . √16 . √81 Q = 2 . 4. 9 Q = 72 unidades

Fatores de Produção Fixos: são aqueles que permanecem inalterados quando a produção varia. Geralmente o capital (K)

Fatores de produção Variáveis: Se alteram com a variação da quantidade produzida. Geralmente a mão-de-obra (N)

Curto Prazo: período no qual existe pelo menos um fator de produção fixo. Longo prazo: todos os fatores variam.

ANÁLISE DE CURTO PRAZO

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Com apenas dois fatores de produção, mão-de-obra (N) e capital (K), sendo

apenas a mão-de-obra variável e o capital (equipamentos e instalações) fixo, a função de produção ficaria:

Q = f(N, K) Mas, como K é fixo no curto prazo: Q = f(N) O que acontece com a produção caso varie a quantidade utilizada de um

insumo, mantendo-se constante o outro? A resposta para essa pergunta é a famosa LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES: “Se adicionarmos quantidades de uma mesma magnitude de um fator de produção variável a uma quantidade fixa de outro, os acréscimos na produção serão inicialmente crescentes, porém, depois se tornarão decrescentes podendo, inclusive, assumir valores negativos.” Repare no quadro, admitindo que usaremos apenas dois fatores de produção (Capital K e Trabalho N):

K N PT Pmed = PT N

Pmgn = ΔPT ΔN

5 0 0 - - 5 1 3 3 3 5 2 8 4 5 5 3 12 4 4 5 4 15 3,75 3 5 5 17 3,4 2 5 6 17 2,8 0 5 7 16 2,3 - 1 5 8 13 1,6 - 3

Onde: K = Capital N = Trabalho, Mão-de-obra PT = Produção Total Pmed = Produção Média (Produção Total dividida pela Mão-de-obra, que é o único fator variável). Representa a contribuição média de cada trabalhador. Se fossemos

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medir a Produção Média do capital (K), estaríamos medindo a contribuição média de cada máquina. Pmgn = Produção Marginal (Variação da Produção Total dividida pela variação da Mão-de-obra). É a contribuição marginal ou adicional de cada fator de produção. No caso do quadro, a contribuição adicional do fator trabalho, dada a entrada de sempre um trabalhador a mais.

Repare que o capital (K) se mantém fixo (5 unidades), o que indica ser uma abordagem de curto prazo. Com essas 5 máquinas, à medida que se aumenta o número de trabalhadores (N), a produção total aumenta até certo ponto, assim como a produção média e produção marginal. Depois seu crescimento é paralisado e vai se tornar negativo. Isso se deve ao fato de que não haverá mais máquinas suficientes para todos os trabalhadores a partir do quinto trabalhador. Se formos observar graficamente, a produção total seria: Produção Total

0

Quantidade de trabalhadores Como no quadro, a produção total sobe a taxas crescentes, depois a taxa decrescentes, até que começa a cair. Vejamos o comportamento da produtividade marginal e da produtividde média do trabalho:

. .

.

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PMg, PMe 0

Quantidade de trabalhadores Ambas as curvas têm a forma de uma letra U invertida, pois são crescentes de início, atingem um máximo e depois passam a decrescer. Perceba que, enquanto a produtividade marginal for maior que a média, esta última é crescente; quando PMg e PMe forem iguais, a PMe é máxima (quando as duas curvas se tocam.

ANÁLISE DE LONGO PRAZO

No longo prazo todos os insumos (fatores de produção e matéria-prima) são variáveis (mão-de-obra, terra, capital, instalações e matérias-primas). Supondo que estejamos trabalhando apenas com dois fatores, mão-de-obra (N) e o capital (K), teremos a seguinte função de produção:

Q = f(N, K) A possibilidade, no longo prazo, do aumento da quantidade de todos os

fatores de produção (capital, trabalho e terra) pressupõe que a empresa pode aumentar inclusive o tamanho de suas instalações, ou seja, a escala de suas operações.

Se as quantidades dos insumos aumentarem numa dada proporção e a produção também aumentar na mesma proporção, teremos a ocorrência de rendimentos constantes de escala. Caso a produção aumente numa proporção maior, teremos rendimentos crescentes de escala e caso ela aumente numa proporção menor, rendimentos decrescentes de escala.

PMg PMe

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Veja no quadro:

Variação na Escala (fatores de produção

Variação na Produção Total (Q)

Tipo de rendimento

10% 10% Constante de escala 10% 15% Crescente de escala 10% 5% Decrescente de escala

TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO

Custo, em economia, quer dizer o gasto monetário de todos os bens materiais, trabalho e serviços consumidos pela empresa na produção de bens e serviços e na manutenção de suas instalações. Vejamos as denominações de custos mais utilizadas a Curto Prazo:

Custo Variável Total (CVT): Parcela do custo que varia quando a produção varia. É a parcela que depende da quantidade produzida. Ex: folha de pagamento e despesas com matérias-primas. CVT = f(Q)

Custo Fixo Total (CFT): Parcela do custo que se mantém fixa quando a produção varia, ou seja, são os gastos com fatores fixos, como aluguel e depreciação.

Custo Total (CT): É a soma do Custo Variável Total com o Custo Fixo Total. CT = CVT + CFT.

Custo Médio (CMe): Custos Totais CT quantidade produzida q

Custo Variável Médio (CVMe): CVT

q Custo Fixo Médio (CFMe): CFT

q Custo Marginal (CMg): variação do CT ou ΔCT É o custo de se produzir

uma unidade extra do produto. Variação em q Δq Os custos marginais não são influenciados pelos custos fixos, que são

invariáveis a curto prazo. Então: CMg = ΔCVT Δq

A geometria das curvas de custo é totalmente contrária a da produtividade

marginal e média. Os custos começam decrescente, atingem um ponto mínimo e depois sobem, demonstrando a inviabilidade da produção a partir de tal ponto.

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CMg, CVme

0

Quantidade

EQUILÍBRIO DO PRODUTOR EM CONCORRÊNCIA PERFEITA O ponto no qual a firma é mais eficiente no ponto de vista econômico estará na maximização do lucro. Ela acontece quando há: 1 – Maximização da produção; 2 – Minimização dos custos. Ou, o lucro é máximo quando a diferença entre a receita total (valor total do faturamento) e o custo total da produção for a maior possível.

RECEITA TOTAL Como já foi visto em elasticidade, a RECEITA TOTAL é dada por: RT = preço unitário de venda x quantidade vendida RT = P x Q

RECEITA MÉDIA

A Receita Média (RMe) é a receita por unidade de produto vendida, ou Receita Unitária. RMe = RT Q RMe = p . q Q RMe = P

CMg

CVme

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RECEITA MARGINAL

É a receita adicional, ou a variação da receita total, quando varia a quantidade

vendida, ou seja, a receita extra, quando se vende uma unidade a mais. RMg = Δpq, mas por convenção e lógica, RMg = p Δq

EQUILÍBRIO: A receita para a firma maximizar os lucros é dada por: RMg = CMg Caso a receita marginal seja maior que o custo marginal, a empresa deve produzir mais, pois aumentará o seu lucro total, que ainda não é o máximo. Caso ocorra o contrário (custo marginal maior que a receita marginal, a empresa deverá reduzir a produção pois mais unidades fabricadas diminuiriam o seu lucro total (ela teria ultrapassado a produção de lucro máximo). Perceba no quadro que a quantidade de 8, receita e custo marginal de 5,00, o lucro total é máximo.

Q Receita Marginal (RMg)

Custo Marginal (Cmg)

Lucro Total (LT)

0 - - (15,00) 1 5,00 2,00 (12,00) 2 5,00 1,50 (8,50) 3 5,00 1,00 (4,50) 4 5,00 1,25 (0,75) 5 5,00 1,50 2,75 6 5,00 2,00 5,75 7 5,00 3,26 7,49 8 5,00 5,00 7,50 9 5,00 8,00 4,50

10 5,00 12,00 (2,50)

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RMg, CMg

0 8

Quantidade Perceba que a receita marginal é uma reta a partir de R$ 5,00, que também é igual ao preço. Em seu cruzamento com a curva de custo marginal (que se dá na quantidade 8) temos o lucro máximo. Com uma quantidade menor ou maior que 8 essa condição é anulada.

Para efeito de elucidação, o ponto em que a empresa não aufere lucro ou prejuízo, isto é, suas receitas são iguais aos seus custos (RT = CT) é chamado em economia de BREAK-EVEN POINT. Geralmente ocorre quando uma empresa entra num mercado competitivo e terá que aceitar o preço dado pelo mercado. Seu lucro normal pode estar implícito dentro do valor dos custos.

Exercícios do capítulo 10 1 - Dada a tabela abaixo, calcule as colunas restantes. K N PT PMe PMg 15 0 0 15 1 10 15 2 22 15 3 36 15 4 52 15 5 65 15 6 77,4 15 7 87,5 15 8 96 15 9 99 15 10 100 15 11 99

CMg

RMg 5

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2 – Dados os custos abaixo, calcular também as colunas restantes. Quantidade CF CV CT CFm CVM CTm 0 15 - 1 15 2,00 2 15 3,50 3 15 4,50 4 15 5,75 5 15 7,25 6 15 9,25 7 15 12,51 8 15 17,50 9 15 25,50 10 15 37,50 3 – Calcular o Custo Marginal Quantidade Custo Total Custo Marginal 0 15,00 1 17,00 2 18,50 3 19,50 4 20,75 5 22,25 6 24,25 7 27,51 8 32,50 9 40,50 10 52,50 4 – Repita o mesmo procedimento e indique o ponto onde o lucro é máximo. Quantidade Total

Custo Total

Preço Receita Total

Lucro Total

Custo Marginal

Receita Marginal

0 10,00 5,00 1 15,00 5,00 2 18,00 5,00 3 20,00 5,00 4 21,00 5,00 5 23,00 5,00 6 26,00 5,00 7 30,00 5,00 8 35,00 5,00 9 41,00 5,00 10 48,00 5,00 11 56,00 5,00

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5 – (Economista do Ministério das Minas e Energia/1981). Considere uma fábrica de panelas, cujas matérias-primas estão disponíveis e que é preciso aumentar a produção para atender determinada encomenda. O fabricante precisa decidir quantos homens empregará na produção. Ele sabe que a relação entre o número de homens empregados e a produção por semana é a que se apresenta na tabela abaixo: No de homens/semana Panelas/Semana

1 40 2 88 3 142 4 210 5 260 6 316 7 366 8 408 9 440 10 460 11 466 12 456

De acordo com a tabela anterior, verifique as afirmativas seguintes. 1 – A produção máxima de panelas por semana é igual a 456 panelas. 2 – O produto médio dos primeiros 5 trabalhadores é igual a 260 panelas. 3 – O produto marginal do 10º homem empregado é de 20 panelas. 4 – O produto médio dos primeiros 4 trabalhadores é de 52,5 panelas. Pode-se dizer que são corretas as afirmativas: a) 1, 3 e 4 b) 1 e 2 c) 3 e 4 d) 2, 3 e 4.

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AULA 7 - MACROECONOMIA - INTRODUÇÃO Para podermos traçar cenários econômicos ou analisar séries econômicas do passado, é imprescindível o domínio da Macroeconomia, ou como já sabemos, o estudo dos grandes agregados. Este é o ramo da teoria econômica que trata da economia como um todo, analisando e determinando o comportamento da renda, produto nacional, investimento, poupança e consumo agregado, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moedas e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio. Na internet, nos jornais e nos noticiários econômicos, a macroeconomia é mais explorada que a micro. Você deve estar atento: a maioria dos temas de entrevistas, testes, dinâmicas de grupo e concursos vão abordar a macro.

A) METAS MACROECONÔMICAS: As principais metas que a política macroeconômica visa atingir são as seguintes: 1 – ALTO NÍVEL DE EMPREGO = Essa foi uma questão que surgiu de maneira arrebatadora após a Grande Depressão de 1929. O emprego nos Estados Unidos na primeira metade da década de 1930 caiu 25% e o total de todas as suas riquezas 30%. John Maynard Keynes representou então um marco na história e teoria econômica ao elaborar sua obra (a principal da Macroeconomia) A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, de 1936, iniciada com uma série de artigos após 1929. Desde então o pleno emprego do fator trabalho vêm sendo uma meta obsessiva da maioria dos governos. 2 – ESTABILIDADE DE PREÇOS = Veremos mais tarde um estudo aprofundado do fenômeno inflacionário. Define-se inflação como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. A inflação é maligna porque distorce a distribuição de renda, as expectativas das empresas, o mercado de capitais e o Balanço de Pagamentos. A obtenção de um crescimento estável requer uma série de controles no que se refere a políticas inflacionárias. A maioria dos países não-desenvolvidos tem ou já tiveram problemas com a inflação (pergunte aos seus pais como era a vida na década de 1980!!!) 3 – DISTRIBUIÇÃO EQUITATIVA = De que adianta um país crescer tanto, como aconteceu no Brasil nos anos de 1970, na China e na Índia de hoje, se o bolo não for repartido de forma, ao menos justa? A concentração de renda é um dos maiores males brasileiros e mundiais. Essa concentração se dá tanto em regiões

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geográficas (sul e sudeste) quanto em classes sociais (A e B no Brasil, como nas castas indianas que você acompanhou na novela das 8 quando matava aula). 4 – CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO ECONÕMICO = Nós acompanhamos no estudo da Curva de Possibilidades de Produção que há certo limite nas combinações e uso dos fatores de produção e tecnologia. A partir de certo ponto, ou se descobre novas fontes desses fatores ou o crescimento é paralisado. Então as teorias de crescimento econômico (crescimento, principalmente do Produto e Renda Nacional) pregam um aumento na quantidade e disponibilidade de mercadorias e serviços à disposição da sociedade. Isso é Crescimento Econômico. Agora, com o crescimento econômico deve vir uma melhor distribuição de renda e melhora nos níveis dos indicadores sociais, como pobreza, desemprego, meio ambiente, moradia, etc. Isso se chama Desenvolvimento Econômico. Atualmente são dois termos muito retratados pelos economistas e governantes. Não se deve confundir seu significado, mesmo, que o governo tende levar a essa situação por interesse próprio.

Então, por Crescimento Econômico devemos entender o crescimento do Produto da economia, no caso do Brasil o Produto Interno Bruto (PIB). Para ultrapassar a CPP e produzir mais bens e serviços deve-se modificar a quantidade e qualidade do capital e da mão-de-obra. Isso ocorrerá pelo aumento e melhoria da força de trabalho (investimentos em educação), aumento no estoque de capital e avanços tecnológicos. Estudos mostram que para que se possa aumentar o PIB brasileiro em mais 3%, o investimento em capital físico (FBKF) deve ser aumentado na ordem de 10% (relação capital-produto de 3). Não podemos esquecer que crescimento econômico é o crescimento da economia (Produto e Renda). Por sua vez, quando falamos de melhoria na qualidade de vida da população (saltos em educação, melhoria de saúde, segurança pública, saneamento básico, ou seja, no bem estar) estamos falando de Desenvolvimento Econômico. Repare que os dois conceitos são consequências e se entrelaçam, pois, como vimos, só se melhora a mão-de-obra através de investimentos na educação, que leva à cidadania e ao desenvolvimento econômico e social. Um crescimento econômico robusto se dá por altas taxas de poupança, que como já vimos é uma condição obrigatória para o investimento (acumulação de capital). Esse crescimento deverá se transformar no longo prazo em desenvolvimento econômico, desde que a renda não se concentre (como no caso brasileiro) e se respeite os limites da natureza do país.

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B) INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA

Depois que Keynes mostrou ao mundo que o governo deveria atuar de forma marcante na economia para corrigir as imperfeições do sistema (diferente dos economistas clássicos que acreditavam na Mão-Invisível, ou seja, que o próprio sistema corrigia as imperfeições e que a ação do Estado/Governo era indispensável), os governos de praticamente todas as economias capitalistas de mercado atuam sobre a capacidade produtiva (OFERTA AGREGADA) e nas despesas planejadas (DEMANDA AGREGADA). OFERTA AGREGADA: quantidade de bens ou serviços que o conjunto dos ofertantes produz e oferece ao mercado, em determinado período de tempo e por determinado preço – soma das ofertas individuais. DEMANDA AGREGADA: quantidade de bens e serviços que a totalidade dos consumidores deseja e está disposta a adquirir em determinado período de tempo por determinado preço – e a soma de todas as demandas individuais desse produto.

São estes os instrumentos de Política Macroeconômica: 1 – POLÍTICA FISCAL = Todos os instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos (política tributária) e controle de suas despesas (política de gastos). Mas, o que acontece quando o governo gasta mais dinheiro do que arrecada? A resposta é simples: a mesma coisa de quando você gasta mais do que ganha, ou seja, dívida. Para se endividar o governo emite títulos públicos, que qualquer um, pessoas, bancos ou empresas podem comprar. Quando esses agentes compram os títulos do governo e o pagam em dinheiro, o governo usa esse dinheiro para tapar seus gastos acima do orçamento. O nome dessa venda e também compra de títulos é open market.

Mas existem outras hipóteses. Se o objetivo da política fiscal for a redução da inflação, por exemplo, o governo tentará diminuir os seus gastos públicos e aumentar a carga tributária para diminuir o consumo das famílias e o investimento das empresas. Essa será a política fiscal contracionista ou restritiva.

Se objetivo for o contrário, isto é, maior crescimento e maior emprego, o governo faria como recentemente fez: diminuiria os impostos (IPI para os carros) e aumentaria os seus gastos, para que a economia pudesse alavancar e crescer mais. Essa será a política fiscal expansionista.

Viu como é fácil entender? 2 – POLÍTICA MONETÁRIA = Se refere à quantidade de moeda, crédito e taxas de juros controladas pelo governo. Dependendo da política monetária que o governo

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determinar ele sempre lidará com diferentes desejos de dois grupos, os produtores/consumidores (pessoas que desejam consumir e empresas que desejam emprestar dinheiro para investir na produção) ou os especuladores (agentes que desejam ganhar dinheiro sem nada produzir, sempre almejando juros maiores para multiplicar seu dinheiro). A política monetária tem como um dos principais objetivos controlar a liquidez da economia, ou seja, a quantidade de moeda disponível, que pode ser gasta de imediato. Para isso o governo possui um verdadeiro arsenal de instrumentos. São eles: a) emissões de moeda: o governo pode injetar mais moeda na economia, se decidir. É bom lembrar que a emissão de moeda sem lastro (garantia) na produção de bens e serviços, pode causar inflação de demanda. b) as reservas compulsórias: é o dinheiro dos bancos comerciais retidos pelo governo. Trata-se de uma parte, principalmente dos depósitos feitos à vista pelo público nos bancos, que fica retida numa conta vinculada ao governo. Se os bancos emprestassem tudo que entra de depósitos em seu caixa o efeito multiplicador da moeda seria grande, também podendo causar inflação. c) open market: compra e venda de títulos públicos. Quando o governo quer diminui a liquidez da economia, vende os seus títulos e retira dinheiro do público; quando quer aumentar, recompra os títulos. Vai depender se a política monetária do momento for restritiva ou expansionista. d) o redesconto: empréstimos do governo aos bancos comerciais. Quando os bancos comerciais não conseguem fechar seu caixa, optam por uma linha de crédito do governo. O aumento ou diminuição dessa taxa, dependendo do interesse da política monetária, fará com que os bancos emprestem menos dinheiro. e) o controle sobre o crédito e taxas de juros. Juros é o preço da moeda. Quanto maior for a taxa de juros da economia, mais difícil será para as pessoas e empresas tomarem dinheiro emprestado; melhor será a vida dos especuladores. A taxa de juros utilizada pelo governo é a famosa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. Essa taxa determina a taxa que os bancos cobrarão das pessoas físicas e jurídicas. 3 – POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL = Atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia, ou seja, a relação comercial com outros países. Trata-se da taxas de câmbio (fixo ou flutuante), incentivo às exportações ou desestímulos às importações, etc. Será tratado em aula separada. 4 – POLÍTICA DE RENDAS (CONTROLE DE PREÇOS, SALÁRIOS, ALUGUÉIS) = Normalmente utilizados no controle da inflação, agindo diretamente sobre as rendas (salários, lucros, juros e aluguel). Também pode estar condicionada a programas de cunho social, de forma a manter a demanda agregada.

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EXERCÍCIOS 1 – Quando o Governo estoura seu orçamento, ele: a) Emite dinheiro; b) Emite obrigações; c) Emite títulos públicos; d) Emite orçamento; e) Nenhuma das anteriores. 2 – São instrumentos de Política Monetária: a) Redesconto, over night, compulsório; b) Compulsório, taxa de desconto, juros; c) Taxa de juros, redesconto, compulsório; d) Tributos, câmbio desvalorizado, redesconto. e) Nenhuma das anteriores. 3 - Qual é a sua opinião sobre os programas sociais de renda, como o Bolsa Família? 4 – Se o PIB brasileiro crescer 10% em 2011, ocorreu crescimento econômico ou desenvolvimento econômico? 5 – Por que o Brasil não é um país desenvolvido como a Suécia ou Noruega? Cite os 5 principais motivos para essa situação. 6 – Você é o Ministro da Fazenda de um país onde a grande liquidez fez com que as pessoas tivessem muito mais acesso às mercadorias e ao crédito. De tanta demanda a inflação promete disparar. Quais medidas de política monetária você deveria tomar? 7 – Cite uma medida de política fiscal que pode ser adotada em meio de uma grande recessão econômica.

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AULA 8 - CONTABILIDADE SOCIAL A Contabilidade Social ou Contabilidade Nacional registra a atividade econômica global de um país num período determinado. É realizada pelo método das partidas dobradas (um crédito pede um débito) e os países seguem um modelo determinado pela Organização das Nações Unidas, ONU.

A) SETORES DA ECONOMIA: São três: Setor Primário, Setor Secundário e Setor Terciário. 1 – Primário = Confere a produção da agricultura, pecuária, pesca e extração vegetal; 2 – Secundário = Confere a produção da indústria e da extração mineral; 3 – Terciário = Confere os serviços, comércio, transportes e comunicações, serviços públicos.

B) AGENTES ECONÔMICOS: São as entidades que realizam as transações econômicas. Estão classificados

em Empresas, famílias, Governo e o Resto do Mundo. 1 – Empresas = Como já vimos, entidades produtoras de bens e serviços. Para produzir bens e serviços, compram os fatores de produção das famílias (terra, capital e trabalho), pagando a eles uma remuneração. 2 – Famílias = Entidades que fornecem os fatores de produção às empresas e, numa economia completa, também ao Governo. 3 – Governo = É constituído pelos órgãos da Administração Direta, de nível federal, estadual e municipal, que prestam serviços que são consumidos pela coletividade, como a defesa nacional, administração da justiça, educação etc. O Governo não tem o objetivo de conseguir lucro. Suas empresas públicas e de sociedade mista estão incluídas como Empresas. 4 – Resto do Mundo = São todas as entidades que praticam atos econômicos com o país que se elabora a Contabilidade Social e que tenham a sua residência fora das fronteiras geográficas deste. Se estivermos trabalhando com a Contabilidade Social do Brasil, o resto do mundo são os agentes dos outros países.

C) PRODUTO, RENDA E DESPESA PRODUTO: É o valor de todos os bens e serviços finais produzidos em determinado período de tempo. Bens finais porque não se consideram os bens e serviços intermediários, como matéria-prima e componentes, para que não haja múltipla

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contagem. O Produto é definido por um período de tempo, ou seja, o Produto brasileiro de 2004 são todos os bens e serviços produzidos e realizados em 2004. Os estoques anteriores a esse ano não contam como Produto de 2004, e sim numa conta de variação de estoques. O Produto de uma é a soma dos produtos do setor primário, secundário e terciário. No Brasil a principal nomenclatura de produto está no PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, tudo que foi produzido em território nacional livre de depreciação. O PIB brasileiro em 2010 foi de R$ 3,675 trilhões, que dividido pela sua população, resultará em aproximadamente R$ 19.016,00 por habitantes ao ano, cerca de R$ 1.585,00 ao mês. RENDA: Total de pagamentos feitos aos fatores de produção que foram utilizados para a obtenção do Produto da economia. E a quem são pagas as remunerações dos fatores de produção? Ora, às famílias! Renda = salários (w) + juros (j) + aluguéis (a) + lucros (i) RN = w + j + a + l Vejamos um exemplo do envolvimento entre Produto e Renda. Supondo uma economia que seja composta apenas de uma empresa agrícola que use trabalho, terra, máquinas e equipamentos, e capital de giro emprestado para produzir soja e trigo. O Produto e a Renda dessa economia seriam, por exemplo: PRODUÇÃO RENDA Valor total da produção de soja 600.000 Valor total da produção de trigo 400.000 1.000.000

Total dos pagamentos de salários 800.000 Aluguel da Terra 80.000 Juros pagos 20.000 Lucros 100.000 1.000.000

DESPESA: E se toda essa produção fosse comprada? Podemos imaginar essa hipótese em nosso exemplo citado. Supondo que as famílias, as empresas, o governo e alguns países de fora comprassem todo o 1.000.000 de soja e trigo que nossa simples economia produziu. Essa seria a Despesa Nacional, que é o gasto dos agentes econômicos com o produto nacional. Mais especificamente: Despesa Nacional = despesas das famílias (c) + despesas das empresas (i) + despesas do governo (g) + despesas líquidas do setor externo (X – M)

D = C + I + G + X – M, onde:

C = Despesas ou consumo das famílias (bens que as famílias compram) I = Despesas das empresas, ou simplesmente, investimento. G = Despesas ou gastos do Governo para sua manutenção e para a coletividade. (X – M) = Despesas do Setor externo. Deveria ser somente os gastos que o resto do mundo teve comprando a mercadoria do nosso país, mas, você esqueceu que as

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nossas empresas também gastaram - compraram (importaram) – mercadorias ou serviços dos outros países? IMPORTANTE! IMPORTANTÍSSIMO! IMPORTANTE DEMAIS! Você já diagnosticou uma das principais identidades da Macroeconomia, na qual: PRODUTO = RENDA = DESPESA

D) VALOR ADICIONADO Para a perfeita medição do Produto da economia costuma-se medi-lo pelo método do Valor Adicionado por cada setor. Consiste em calcular o que cada ramo de atividade adicionou ao valor do produto final, em cada etapa do processo produtivo. VALOR ADICIONADO = VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO – CONSUMO DE PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS (MATÉRIA-PRIMA E COMPONENTES) O Valor Bruto da Produção (VBP) é o faturamento, a receita de vendas de cada setor produtivo. É a renda gerada por cada setor de atividade na cadeia de produção. Retirando da receita de vendas os gastos com a compra de bens intermediários, o que sobra é a remuneração dos fatores de produção de cada setor. Vamos usar um exemplo parecido com o anterior: TRIGO FARINHA PÃO a) Receita de Vendas b) Compras Intermediárias Valor Adicionado (a – b)

100.000 0 100.000 + renda paga pelo setor de trigo aos fatores de produção (VA trigo)

400.000 100.000 300.000 + renda paga pelo setor de farinha aos fatores de produção (VA farinha)

1.000.000 400.000 600.000 = renda paga pelo setor de panificação aos fatores de produção (VA pão)

PN = DN = 1.000.000 1.000.000 = RN

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Portanto: P = D = R = VA = 1.000.000 PROFESSOR, MAS SE AS EMPRESAS NÃO VENDEREM TODAS AS SUAS

MERCADORIAS? HAVERÁ UM ESTOQUE, NÃO É VERDADE? Nesse caso a produção não vendida faz parte do Produto, pois foi fabricada no período em questão. Mas, como Produto Nacional e Despesa Nacional são iguais, os bens que não foram vendidos deverão ser comprados pelos próprios fabricantes e tidos como estoques. Isso não é absurdo. Mais tarde, no outro ano, se as Despesas forem maiores que o Produto (contrário) haverá uma variação de estoques negativa, consumindo os estoques iniciais. Há um item especial na Contabilidade Social voltado apenas para essa situação, chamado de variação de estoques. EXERCÍCIOS 1 – O que você sabe sobre os setores da Economia? 2 – Quem são os agentes econômicos e quais são as suas atribuições? 3 – O Setor Primário tem o Valor Bruto da Produção no valor de 10.000.000. O Setor Secundário de uma economia tem o Valor Bruto de Produção de 15.000.000, sendo 3.000.000 de compras intermediárias do Setor Primário. O Setor Terciário da economia tem um Valor Bruto de Produção de 12.000.000, mas usou 7.000.000 do Setor Secundário. Em tal caso, qual é o valor do Produto Nacional? a) 37.000.000 b) 10.000.000 c) 27.000.000 d) 24.000.000 4 – (Esaf/AFPS – 2002). Considere uma economia hipotética que só produza um bem final: pão. Suponha as seguintes atividades e transações num determinado período de tempo: * o setor S produziu sementes no valor de 200 e vendei para o setor T; * o setor T produziu trigo no valor de 1.500, vendeu uma parcela equivalente a 1.000 para o setor F e estocou o restante. * o setor F produziu farinha no valor de 1.300. * o setor P produziu pães no valor de 1.600 e vendeu-os aos consumidores finais. Com base nessas informações, o produto dessa economia foi, no período, de: a) 1.600 b) 2.100 c) 3.000 d) 4.600 e) 3.600 5 – (ANPEC – 2008). Julgue a afirmativa abaixo: Um bem é produzido em 2000 e vendido em 2001. Este bem contribuiu para o PIB de 2000, não para o PIB de 2001.

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AULA 9 - MACROECONOMIA: MAIS AGREGADOS

A) CONCEITO DE POUPANÇA (S) Poupança é a parcela da Renda Nacional que não foi consumida no período, isto é, da renda que foi gerada e paga aos donos dos fatores de produção (salários, juros aluguéis e lucros), parte não é gasta com o consumo. S = R – C (C = Consumo agregado) (S = Poupança, do inglês Saving)

B) CONCEITO DE INVESTIMENTO (I) Investimento é o gasto com bens de capital novos (representam aumento na capacidade produtiva) pelas empresas com o objetivo de ampliar ou melhorar a sua capacidade produtiva. Além dos gastos com bens de capital (máquinas e equipamentos novos) na economia, quando as famílias compram imóveis novos, estes também são considerados investimentos porque aumentam a capacidade de consumo da economia. Esses dois tipos de investimento também são chamados de Formação Bruta de Capital Fixo. A construção de pontes, escolas, estradas, ferrovias e aeroportos também conta como FBKF. Quando há variação de estoques na economia, ou seja, quando não foi consumido tudo o que foi produzido, essas variações são consideradas também investimentos, sendo contabilizadas como já dissemos como Variação de Estoques. A soma da Formação Bruta de Capital Fixo mais a Variação de Estoques é igual ao Investimento Total. Então, conclui-se que: I = P – C I = AQUILO QUE NÃO FOI CONSUMIDO I = Fbkf + ∆E (Investimento em bens de Capital + Variação de estoques) NÃO CONFUNDA: Aplicação em ações, ou CDB ou Poupança em Bancos Comerciais com o investimento econômico explicado acima! Este sim é o verdadeiro sentido de Investimento na Economia!

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IDENTIDADE CONTÁBIL ENTRE A POUPANÇA E O INVESTIMENTO Esta é uma das principais identidades macroeconômicas. Então se... P = C + I Onde: P = Produto C = Consumo I = Investimento P = C + S Onde: P = Produto C = Consumo S = Poupança Concluímos que: C + I = C + S Ou I = S Então, caro aluno, você deve estar pensando (corretamente) e concluindo que são as poupanças das famílias que financiam os investimentos das empresas. Isso é feito pelo mercado financeiro. A renda não consumida pelas famílias é aplicada na aquisição de ativos financeiros, como depósitos, títulos, fundos de investimento, que rendem juros. Então as instituições financeiras usam esse dinheiro para a disposição das empresas, que realizam os seus investimentos. Além disso, os lucros que as empresas não distribuem por algum motivo e os gastos em depreciação também são investimentos.

C) PRODUTO REAL E PRODUTO NOMINAL (o problema da inflação)

O Produto Nominal é o valor do Produto medido em termos da moeda

corrente do país. Ele pode aumentar ou diminuir em função tanto das variações nos preços quanto nas variações das quantidades produzidas de bens e serviços.

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O Produto Real corresponde ao total físico das mercadorias e serviços. Temos que medi-lo apenas quando há variação da quantidade de mercadorias e serviços. Elimina-se, portanto, o aumento de preços (inflação), sendo então a medida correta para saber a variação do produto numa economia. Vejamos um exemplo: DADOS DE DELLAMURA OCIDENTAL

Ano Produto Nominal Índice de Preços Produto Real Cresc. Real 1990 1991

12.000,00 15.840,00

100 120 (inflação 20%)

12.000,00 13.200,00

10%

Chegamos ao Produto Real de 13.200,00, o que quer dizer que a economia não cresceu 20%, e sim 10%. P.real = P.nominal x (100) P.real = 15.840 x (100) Índice de preços 120 P.real 1991 = 13.200 Se o Produto Real em 1990 foi de 12.000 e o Produto Real em 1991 foi de 13.200... Cresc. P.real = ΔP.real x (100) P.real inicial 1.200 x (100) 12.000 Crescimento do P.real = 10%

D) PRODUTO BRUTO E PRODUTO LÍQUIDO

Produto Bruto, como já vimos, é a soma do valor da produção de bens e serviços finais da economia sem que se deduza a depreciação. A depreciação é descrita como a destruição do capital. Produto Líquido é o Produto Bruto menos a depreciação.

PRODUTO LÍQUIDO = PRODUTO BRUTO – DEPRECIAÇÃO

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PRODUTO BRUTO = PRODUTO LÍQUIDO + DEPRECIAÇÃO ATENÇÃO! ATENÇÃO! ATENÇÃO! LÍQUIDO REFLETE O DESCONTO DA DEPRECIAÇÃO. LOGO, TUDO QUE FOR LÍQUIDO (DESPESA, RENDA E PRODUTO) SERÁ LIVRE DE DEPRECIAÇÃO.

E) CARGA TRIBUTÁRIA BRUTA E LÍQUIDA

Carga Tributária Bruta mede quanto da produção gerada internamente no

país é destinada a financiar gastos do Governo através da receita tributária. CTB (%) = Tributos Indiretos + Tributos Diretos x 100 PIB

Tributos Indiretos: IPI (Imposto sobre Produtos industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), ISS (Impostos sobre Serviços), IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), II (Imposto de Importação)

Tributos Diretos: IR (imposto de renda), IPVA (imposto sobre a propriedade de veículos automotores), IPTU (imposto sobre propriedade territorial urbana), ITBI (imposto sobre a transmissão de bens imóveis) Exemplo: PIBpm = R$ 440 bilhões TD = R$ 50 bilhões TI = R$ 60 bilhões CTB (em %) = 50 + 60 x (100) = 25% 440

Carga Tributária Líquida é a Carga Tributária Bruta retirando-se as transferências feitas pelo governo às famílias e os subsídios cedidos às empresas. CTL = TI + TD – Tr – Subs x (100) PIB Exemplo:

PIB: R$ 440 bilhões TD: R$ 50 bilhões TI: R$ 60 bilhões Tr: R$ 36 bilhões Subs: 8 bilhões

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CTL = 50 + 60 – 36 – 8 x (100) = 15%

440 EXERCÍCIOS 1 – O que é Poupança, o que é Investimento e porque, macroeconomicamente, os dois têm que ser iguais? 2 – Das alternativas abaixo, qual se trata de investimento na macroeconomia? a) Certificado de Depósito Bancário (CDB); b) Poupança Banco Dellamura SA; c) Letras de Câmbio; d) Títulos do Governo, e) Compra de máquinas para a Dellamura Motors. 3 – (Cespe-UnB/Escrivão de Polícia Federal – 1999). Julgue a alternativa: o dinheiro depositado por uma família em uma caderneta de poupança, junto a um banco comercial, quando utilizado para comprar um apartamento usado, é computado como investimento. 4 – (Cespe-UnB/Economista Júnior – Petrobrás – 2001). A queda do valor das ações das empresas causa uma diminuição no investimento, reduzindo, assim, o produto interno bruto (PIB). Julgue esta alternativa. 5 – (NCE/Economista/Ministério das Cidades – 2005). Na medida do PIB, as importações do país: a) não entram no cálculo, pois não são produzidas no país; b) são contabilizadas com sinal positivo, pois são utilizadas na produção de outros bens; c) são contabilizadas, pois o PIB inclui a produção do exterior; d) são contabilizadas com sinal negativo, por estarem incorporadas nos demais componentes do PIB; e) não entram no cálculo, pois o PIB é medido pelo valor adicionado. 7 – (ANPEC – 2006) Sobre as contas nacionais, avalie as preposições em Verdadeiro ou Falso, além de justificar: b) O PIB corresponde ao valor adicionado de todos os bens e serviços produzidos em um país, sendo que, por valor adicionado, entende-se o valor da produção mais o consumo dos bens intermediários.

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c) No cálculo do PIB, não se considera a excessiva poluição dos ônibus de transporte urbano, que é um problema do setor. d) Por melhorar o bem-estar da população, contemplando uma demanda até então não atendida, o transporte público clandestino tem sido considerado no cálculo do PIB. 8 – O Produto Real de Piraporinha do Sul foi de US$ 1.500.000,00 em 2010. Em 2011 ocorreu uma inflação de 12%, além de um Produto Nominal de US$ 1.800.000,00. Qual é o Produto Real de Piraporinha do Sul em 2011, descontada a inflação?

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AULA 10 – O SETOR EXTERNO DA ECONOMIA

CÂMBIO

Taxa de Câmbio: É definida como o preço da moeda estrangeira em termos da moeda nacional ou vice-versa. A moeda estrangeira também é chamada de divisa. Tanto faz afirmar que um dólar americano vale dois reais (US$ 1,00 = 2,00) ou que um real vale meio dólar (R$ 1,00 = US$ 0,50). De tal forma, vejamos o caso brasileiro: o aumento da taxa de câmbio de US$ 1,00 = R$ 2,00 para US$ 1,00 = R$ 2,10 quer dizer que a moeda nacional, o real, se desvalorizou em relação à moeda estrangeira. Se fosse ao contrário, US$ 1,00 = R$ 2,00 para US$ 1,00 = R$ 1,80, dizemos que a moeda nacional se valorizou em relação à estrangeira.

Existem dois tipos de taxas de câmbio: flexíveis/flutuantes e as fixas. As taxas de câmbio flutuantes ou flexíveis são determinadas livremente

pelo mercado de divisas, ou seja, pela procura e oferta de moeda estrangeira. A procura por divisas é feita pelos importadores de bens e serviços, que quando compram de fora do país precisam pagar em moeda estrangeira. A oferta de divisas é feita pelos exportadores de bens e serviços, que quando vendem suas mercadorias ou serviços para o exterior recebem em moeda estrangeira e precisam converter esse montante de divisas em moeda nacional.

As taxas de câmbio fixas são fixadas pelo Banco Central (no caso do Brasil, o BACEN) que se compromete a comprar e vender qualquer quantidade de divisas a taxa que lhe interessar. Por exemplo, se o governo fixar a taxa de câmbio do dólar em US$ 1,00 = R$ 2,00, este preço prevaleceria no mercado pois nenhum comprador de dólar estaria disposto a pagar mais que dois reais para obtê-lo (já que pode comprar diretamente do BACEN a R$ 2,00) e nenhum vendedor estaria disposto a vender 1 dólar a menor que R$ 2,00, já que está garantido que o BACEN pagará este preço pela divisa. O câmbio fixo depende da quantidade de reservas internacionais que esse país possui, em caso de ataques especulativos. O governo brasileiro, durante a década de 1990, permitiu durante um certo período que as taxa de câmbio variasse num determinado intervalo, por exemplo entre R$ 1,00 e R$ 1,20. Esse tipo de regime é chamado de banda cambial. Vantagens e desvantagens:

A vantagem das taxas fixas é a segurança proporcionada aos agentes econômicos, facilitando as transações internacionais. Por exemplo, uma empresa pode comprar máquinas do exterior à prazo e saber que sua dívida será a mesma até o fim do contrato (se o real se desvalorizar frente ao dólar a sua dívida em real aumentaria). A desvantagem é que se a inflação interna ocorrer, as mercadorias estrangeiras ficarão mais baratas. O governo terá então que desvalorizar a moeda.

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Além disso, o governo não poderá usar a taxa de câmbio como instrumento de política econômica.

A vantagem das taxas flexíveis/flutuantes é que o Banco Central fica livre da tarefa de controlar a estabilidade do câmbio e pode fazer política econômica através da oferta e procura de moeda estrangeira. A desvantagem é que as taxas flexíveis estão sujeitas às ações especulativas de capitais externos. Os capitais especulativos não são lastreados em produção, ou seja, entram e saem de países diariamente.

Lembre-se: As desvalorizações da moeda nacional deixam as importações mais caras e as importações mais baratas. Já quando a moeda nacional é valorizada, as importações ficam mais baratas e as exportações mais caras.

Você se lembra quando US$ 1,00 = R$ 1,00? Você podia comprar coisas do exterior a preço baixo, pois o real era sobrevalorizado e tinha o mesmo valor que o dólar. Essa política desmoronou em 1999, quando o governo percebeu finalmente que as exportações brasileiras não poderiam concorrer no exterior - pois o real tinha o mesmo valor do dólar - e as mercadorias americanas, semelhantes às nossas, tinham o mesmo valor, já que 1,00 US$ = 1,00 R$. Então, não se iluda ao ouvir dizer que o Real vale mais que o Dólar, ou que o Euro vale mais que a Libra inglesa, etc.

No Brasil existem três tipos de negociação para o Dólar, a saber: Dólar Comercial: é o dólar oficial utilizado nas transações de comércio

exterior e de entrada e saída de recursos de empresas exportadoras ou importadoras. Essas operações são registradas no sistema Sisbacen, que ao final, de acordo com a entrada e saída, divulga a taxa de câmbio.

Dólar Turismo: é o dólar usado para emitir passagens, transações de turismo

no exterior e débitos em cartão de crédito realizados no exterior. Também é definido pelo Sisbacen.

Dólar Paralelo: é o dólar comercializado pelos doleiros, fora dos meios

oficiais, para atividades ilícitas e sem as satisfações legais ao Banco Central. O tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro são as principais atividades que utilizam o dólar paralelo.

O dólar ou qualquer outra moeda estrangeira possui o preço de compra e o

preço de venda. Se não existissem preços diferenciados, as corretoras não teriam ganho algum, por exemplo, comprando dólares a R$ 1,60 e vendendo esses mesmo dólares a R$ 1,60. Por isso a corretora comprará um dólar por R$ 1,55 e venderá essa divisa por R$ 1,60, ganhando assim R$ 0,05 em cada transação. Daí o preço de compra e o preço de venda.

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BALANÇO DE PAGAMENTOS

Balanço de Pagamentos (BP) é o registro sistemático das transações entre residentes e não-residentes de um país durante determinado período de tempo. É o registro contábil de todas as transações de um país com o resto do mundo, como exportações e importações de bens e serviços, recebimento e envio de rendas para o exterior, entrada e saída de capitais, etc.

Os residentes de um país são: a) as pessoas físicas, nacionais ou não, cujo centro de interesse é o país, ou seja, pessoas que vivem permanentemente no país (incluindo os estrangeiros que trabalham no país), os funcionários em serviço no exterior (oficiais de chancelaria, diplomatas etc.) e demais pessoas que se encontram transitoriamente fora do país em viagens de negócios, educação (bolsista de pós-graduação) e o turista brasileiro no exterior. b) Pessoas jurídicas de direito privado sediadas no país, isto é, empresas nacionais ou multinacionais instaladas no país, ex: sucursais ou filiais de empresas estrangeiras no Brasil e instituições norte-americanas de ensino aqui instaladas. c) as embaixadas do país no mundo, ex: embaixada brasileira em Paris, embaixada brasileira em Buenos Aires. d) todos os órgãos públicos do país.

Os não-residentes no país são: a) turista estrangeiro no país. b) empresas nacionais instaladas fora do país (ex: filial da Gerdau no Chile e a filial da Camargo Corrêa em Angola). c) as embaixadas estrangeiras no país (ex: embaixada americana em Brasília). d) todos os órgãos e instituições de outros países.

Obs: as transações que só envolvem residentes de um país não entram no BP (turismo interno). O BP de um país retrata transações entre residentes e não-residentes desse país. Os organismos internacionais (Banco Mundial, FMI, ONU) não são considerados residentes em nenhum país.

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ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS MEDIDO EM US$ BILHÕES 1 – Balanço Comercial Exportações de Mercadorias (FOB) Importações de Mercadorias (FOB) 2 – Conta Serviços e Rendas Fretes e seguros Outros Serviços Viagens Internacionais Juros Lucros 3 – Transferências Unilaterais Correntes Donativos Recebidos 4 – Balanço de Transações Correntes (1 + 2 + 3) 5 – Conta Capital e Financeira Empréstimos Investimentos Diretos Amortização Refinaciamento Reinvestimento 6 – Erros e Omissões 7 – Balanço de Pagamentos 8 – Variação de Reservas

+ 48,5 - 33,0 - 2,1 - 3,8 - 1,2 - 6,2 - 4,8 + 1,7 + 2,5 + 6,3 - 9,2 + 1,5 + 1,2

+ 15,5

- 18,1

+ 1,7 ___________

- 0,9

+ 2,3

0 ___________

+ 1,4

- 1,4

1- Exportações e Importações FOB: FOB (free on board), inclui todas as despesas para colocar a mercadoria a bordo do veículo.

2- Juros: pagamentos e recebimentos de juros da dívida externa. Lucros: lucros recebidos ou enviados.

3- Reparações de guerra ou donativos para ajuda à catástrofes 4- Saldo em Conta Corrente do Governo. 5- Empréstimos recebidos ou cedidos; investimentos diretos recebidos ou

realizados fora do país; Amortização da Dívida Externa; Refinanciamento de dívida; reinvestimento de lucros.

6- Geralmente é insignificante; transações que não foram corretamente contabilizadas.

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7- Saldo do Balanço. Se positivo, entrada de divisas foi maior; se negativo, saíram mais divisas.

8- Se o saldo do BP foi negativo, as reservas internacionais do país diminuíram. Se não há como compensar, empréstimos deverão ser feitos. Se positivo, aumento de reservas do país.

Quando o Balanço de Pagamentos se mostra deficitário, algumas medidas devem

ser tomadas como correção. São elas: a) desvalorização da taxa de câmbio, isto é, uma desvalorização da moeda

nacional. (as importações ficam mais caras e diminuem, as exportações ficam mais baratas no exterior).

b) redução do nível de atividade econômica, isto é, recessão. (de forma a diminuir as importações).

c) aumento da taxas de juros (para atrair investimentos estrangeiros). d) restrições tarifárias e não-tarifárias às importações. e) subsídios às exportações. f) restrições à saída de capitais.

EXERCÍCIOS 1 – Defina câmbio fixo, flutuante e banda cambial. 2 – A economia de Pirapora Ocidental possui a seguinte taxa de câmbio para com os Estados Unidos da América: 1,00 U$D --- 2,20 P$L, onde U$D são dólares e P$L são pirs. Se essa paridade mudar para 1,00 U$D --- 1,90 P$L, o que acontece com as exportações de Piraporinha Ocidental? E com as importações? 3 – (Anpec – 2007). Julgue a afirmativa: No regime de câmbio fixo, o Banco Central determina o valor da taxa de câmbio e se compromete a comprar e vender divisas à taxa estipulada. 4 – (Esaf/AFTN – 1989). Quanto à taxa de câmbio, julgue a alternativa abaixo: Uma desvalorização da taxa de câmbio implica aumento dos preços dos produtos importados. 5 – (Esaf/AFTN/1994). É correto afirmar que, tudo o mais permanecendo constante, uma alteração na taxa de câmbio, no sentido da desvalorização da moeda nacional: a) implica desestímulo às exportações do país; b) implica desestímulo às importações do país; c) é neutra quanto aos seus efeitos sobre os saldos do Balanço de pagamentos do país; d) é sempre maior que a desvalorização nominal da taxa de câmbio; e) é sempre igual à desvalorização da taxa de câmbio.

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6 – (Economista/Coderne – 2005). A taxa de câmbio expressa o preço da moeda estrangeira em termos da moeda nacional. Uma valorização cambial tende a: a) reduzir a competitividade das exportações e a favorecer a redução das importações; b) aumentar a competitividade das exportações e a favorecer a redução das importações; c) reduzir a competitividade das exportações e a favorecer o aumento das importações; d) aumentar a competitividade das exportações e a favorecer o aumento das importações. 7 – (Esaf/AFRF/2000). São medidas que tendem a corrigir déficits no balanço de pagamentos: a) elevação do nível de atividade econômica, redução das taxas internas de juros, desvalorização da taxa de câmbio; b) redução do nível de atividade econômica, redução no nível geral de preços, elevação das taxas internas de juros; c) redução do nível de atividade econômica, redução das taxas internas de juros, desvalorização da taxa de câmbio; d) elevação do nível de atividade econômica, redução das taxas internas de juros, redução no nível geral de preços internos; e) elevação do nível de atividade econômica, elevação das taxas internas de juros, elevação no nível de preços internos.

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AULA 11 – O LADO MONETÁRIO DA ECONOMIA

MOEDA

Nas sociedades antigas o comércio era baseado no escambo, que era a troca de uma mercadoria diretamente por outra. Mas, o que acontecia se eu tivesse um boi e quisesse adquirir 10 quilos de trigo?

Ocorre que as civilizações passaram a utilizar uma mercadoria que fosse de aceitação geral na sociedade, para se usar como intermediária nas trocas. O gado, o sal e finalmente os metais (ferro, cobre, bronze) eram chamados de moedas-mercadorias, podendo ser transportados e divididos. Ocorre que a abundância desses materiais prejudicava a circulação dessas mercadorias. Para se solucionar esse problema começaram a ser utilizados os metais nobres (prata e ouro), que eram escassos o suficiente para conservar valor. Então as moedas passaram a ser cunhadas em ouro e prata, para evitar as falsificações e facilitar a circulação num determinado país. Mas se um negócio tivesse quer ser feita a longas distâncias, havia ainda o problema dos transportes e assaltos, muito comuns na Idade Média. Surgiram então as casas de custódia, que guardavam as moedas dos cidadãos e forneciam um certificado de depósito, que depois passaram a ser usados como moeda, dando direito ao seu titular de retirar junto à casa de custódia a quantidade de ouro ou prata representada no papel. Esses certificados eram chamados de moeda-papel. A partir do século XIX o governo assumiu a responsabilidade de emitir moeda. Essa moeda era lastreada (garantida) pela quantidade de metais preciosos que o país possuía. A moeda continuava a ser moeda-papel e a sua conversibilidade em ouro ou prata era garantida pelo Estado. Porém, a quantidade de trocas foi crescendo de modo absurdo, mas a quantidade de metal precioso não acompanhou essa expansão. Passou-se a adotar a conversão parcial e depois a moeda se desmaterializou-se por completo. Hoje, não nenhum lastro de metais preciosos em relação a moeda e esta é totalmente fiduciária, ou seja, baseada na confiança da sociedade e na produção de bens e serviços. A moeda fiduciária, sem lastro, hoje é denominada de papel-moeda e é formada pelas moedas metálicas e notas que circulam livremente no país. MOEDA ESCRITURAL: A moeda escritural é representada pelos depósitos do público nos bancos comerciais e que são movimentados pelos seus titulares através de cheques e hoje em dia pelos cartões de débito. O depósito no banco é a moeda, mas o cheque não! O cheque é apenas uma autorização de saque. Se o cheque fosse moeda todas as pessoas podiam emitir, bastando preencher cheques sem fundo.

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FUNÇÕES DA MOEDA: Intermediária das trocas: É a sua função principal. Deve ter a confiança e aceitação geral dos agentes econômicos. Medida de valor: Os valores dos bens e serviços transacionados na economia são expressos em quantidade de moeda, através dos preços. Reserva de valor: Se não for gastar toda a sua renda com bens, ele pode guardar a sobra em forma de moeda nos bancos. MEIOS DE PAGAMENTO: É o volume da oferta de moeda em circulação na economia. São divididos em quatro grupos: M1: papel-moeda em poder do público + depósitos à vista nos bancos; M2: M1 + poupança + títulos privados (depósitos a prazo, letras cambiais, hipotecárias e imobliárias, CDB); M3: M2 + fundos de renda fixa + operações compromissadas com títulos públicos baseados na SELIC e, M4: M3 + títulos públicos federais, estaduais e municipais. DEMANDA POR MOEDA É a quantidade de moeda que o setor não-bancário (público e empresas) retém. Em geral a moeda é retida para:

a) Demanda de moeda para transações: dia-a-dia, consumo, alimentação, etc... b) Demanda de moeda por precaução: público e empresa precisam de moeda

para realizar pagamentos imprevistos; c) Demanda de moeda por especulação: a moeda é retida observando-se o

comportamento da rentabilidade dos títulos. Embora não apresente rendimentos, tem a vantagem de ter liquidez imediata, viabilizando novas aplicações.

Os dois primeiros motivos dependem diretamente do nível de renda. Já a especulação é realizada de acordo com a taxa de juros: quando a taxa de juros está alta, o custo de reter moeda torna-se alto; as pessoas preferem desfazer-se dela, comprando outros ativos. Quando a taxa de juros está baixa, o custo de se reter moeda torna-se baixo e a rentabilidade dos ativos também fica baixa. As pessoas podem “especular”, retendo a moeda à espera de um possível aumento nos juros.

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SISTEMA FINANCEIRO Para a captação de poupanças e, portanto, a realização de investimentos, o sistema financeiro de um país deve ser forte, consolidado e inspirar confiança. É essa confiança que garante a intermediação financeira entre os poupadores (agentes econômicos superavitários) e investidores (agentes econômicos deficitários). O sistema financeiro é dividido em cinco grandes mercados: A - Mercado Monetário: são as operações de curtíssimo prazo, visando suprir as necessidades de caixa dos agentes econômicos, entre eles as instituições financeiras. Estão incluídas as operações de open Market, hot-money, CDIs (certificados de depósitos interbancários; b – Mercado de Crédito: atende a demanda de crédito para aquisição de bens de consumo duráveis e do capital de giro das empresas. Esse mercado é determinado principalmente pelas instituições bancárias, embora o governo também atue através da Caixa Econômica e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social); c - Mercado de Capitais (Mercado de Valores Mobiliários): supre as exigências de recursos de médio e longo prazos, principalmente com a realização de investimentos de bens de capital pelas empresas. Nesse mercado são negociados na maioria das vezes os títulos de médio e longo prazo (debêntures e ações). Também são negociados títulos que se derivam do valor de outros títulos (derivativos) como opções e mercado futuro. d – Mercado Cambial: nesse mercado são realizados a compra e venda de moeda estrangeira, visando necessidades como importação, exportação e viagens. Todas as operações no mercado cambial devem ser realizadas por instituições financeiras. e – Mercado de Seguros, Capitalização e Previdência Privada: nesse mercado são captados recursos para a proteção a riscos (seguro), capitalização, aposentadoria, e pensões (previdência privada).

INFLAÇÃO

A inflação pode ser definida como sendo uma alta persistente e generalizada dos preços numa economia.

Essa alta deve ser geral, ou seja, todos os produtos devem sofrer acréscimos em seus preços. Como o Nível Geral de Preços reflete as flutuações de todos os bens e serviços realizados pela economia, a inflação também pode ser definida como sendo uma elevação persistente no nível geral de preços ao longo do tempo. No Brasil, o índice oficial de preços é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor

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Amplo), um índice do IBGE, computado pelas famílias que ganham de 1 a 40 salários mínimos. Ele é medido entre o 1º e o 30º dia do mês

As fontes de inflação costumam ser as seguintes: a – tipos de estrutura de mercado (monopólios, oligopólios, concorrência

monopolística), que traduz a capacidade dos setores em repassar aumentos de custos aos preços dos produtos e serviços;

b – grau de abertura da economia ao comércio exterior: quanto mais aberta a economia à competição externa, maior a concorrência e menores os preços dos produtos;

c – organização trabalhista: quanto maior o poder de barganha dos sindicatos, maior a capacidade de obter ajustes de salários acima dos índices de produtividade, pressionando assim os preços.

Alguns problemas ocasionados pela inflação são a perda do poder aquisitivo dos

salários, a indexação dos salários (correção com base na inflação, que tende a perpetuá-la), perda da confiança do público, desorganização dos mercados de capitais e do setor público.

Existem dois tipos de inflação: a inflação de demanda e a inflação de custos. Inflação de demanda: é a inflação causada pelo aumento da Demanda Agregada. Pode ocorrer pelo aumento de investimentos, aumento dos gastos do governo, aumento das exportações, redução dos impostos, redução das importações e aumento da oferta de moeda. Inflação de Custos: é a inflação causada pela diminuição da Oferta Agregada. Pode ocorrer pelo aumento dos salários acima do aumento da produtividade (sindicatos fortes), aumento de preços agrícolas (desgraças naturais), e elevação dos preços de produtos importados. A inflação brasileira ocorrida nos anos de 1970-80 foi tida como um tipo especial, denominado inflação inercial. As causas para esse tipo de inflação englobam muito outros fatores de ordem conjuntural e estrutural, como a existência dos monopólios, oligopólios e choques internacionais. EXERCÍCIOS 1 – Faça uma síntese a respeito do surgimento da moeda. 2 – Quais são as funções da moeda? 3 – Qual é a importância do sistema financeiro? 4 – Em qual mercado se encontra as transações com títulos do governo?

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5 – Explique a demanda de moeda para especulação. 6 – No seu entendimento, a inflação brasileira existente até 1994 era uma inflação de custos ou de demanda? 7 – Qual é o índice oficial de preços no Brasil? 8 – Quais são os inconvenientes causados pela inflação?

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AULA 12 – O SETOR PÚBLICO

Vimos que após a Grande Depressão econômica que se iniciou em 1929, o papel do estado na economia mudou drasticamente. O antigo pensamento de que a “mão-invisível” regularia o mercado foi por terra. O estado tomou medidas drásticas para manter o nível de renda e emprego, atuando de forma decisiva na demanda agregada. Além do emprego, as guerras, os fatores políticos e sociais, além da previdência social fizeram com que os governos entrassem de forma decisiva nas economias.

O setor público, e, portanto o estado, fornece bens que o mercado não consegue fornecer (bens públicos). Vejamos outras funções decisivas do estado:

a – Função alocativa: está associada ao fornecimento de bens e serviços que

não são oferecidos pelo mercado. Esses bens são chamados de bens públicos, e não excluem qualquer indivíduo do seu consumo. Esse é o chamado “princípio da exclusão”.

b – Função distributiva: o governo “teria” que funcionar como redistribuidor de renda, retirando recursos dos segmentos mais ricos da sociedade e transferindo para os menos favorecidos. Essa distribuição pode ocorrer através de diferentes alíquotas de impostos ou através de subsídios.

c – Função estabilizadora: está diretamente relacionada à intervenção do estado na economia, para alterar níveis de emprego e estabilidade de preços. Essa intervenção é feita pelos instrumentos de política macroeconômica.

Já os tributos são constituídos por taxas, contribuições de melhoria e

impostos. Já falamos sobre impostos diretos e indiretos. Vejamos as outras denominações:

a – Impostos Regressivos: são os impostos em que o aumento na

contribuição é proporcionalmente menor que o aumento da renda. É o caso dos impostos indiretos, como o ICMS e IPI, que incidem sobre o preço da mercadoria. É claro que o rico leva vantagem sobre o pobre.

b – Impostos Progressivos: são impostos em que o aumento na contribuição é proporcionalmente maior que o aumento na renda. Esse tipo de imposto deveria onerar relativamente mais os indivíduos com maior poder aquisitivo. É o caso do Imposto de Renda.

DÉFICIT PÚBLICO O resultado do setor público é de déficit quando os gastos do governo são

maiores que a arrecadação de tributos, caso contrário ocorre superávit. Os três conceitos de resultado do setor público são:

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a – Resultado Primário do Setor Público: é apenas diferença entre receitas e despesas não-financeiras, não soma as despesas com juros das dívidas anteriores;

b – Resultado Nominal do Setor Público: além da diferença entre receitas e despesas não-financeiras, no resultado nominal deve-se levar em conta o gasto de juros com as dívidas anteriores (que o governo precisa pagar regularmente);

c – Resultado Operacional do Setor Público: o resultado operacional é igual ao nominal, descontando-se a inflação do período.

Dada uma situação de déficit público, a primeira medida a ser tomada

geralmente é a de uma política fiscal contracionista, composta por aumento de impostos e corte de gastos. Em casos mais graves esse déficit deve ser financiado por meio de recursos extrafiscais, como:

a – Emissão de moeda: a União (tesouro nacional) pede emprestado ao

Banco Central. É a chamada monetização da dívida, que é altamente inflacionária; b – Venda de títulos da dívida pública ao setor privado. Esse expediente

troca títulos do governo por moeda em circulação, mas aumenta a dívida do governo no longo prazo, por causa dos juros do endividamento.

ORÇAMENTO PÚBLICO Historicamente os orçamento público costuma ser classificado em Orçamento

Tradicional e Orçamento Moderno. Orçamento Tradicional: abrangeu quase todo o século 19, iniciando na

Inglaterra. Nessa época o orçamento tinha por finalidade manter o equilíbrio nas contas públicas, havendo grande resistência à participação do Estado na economia pela escola liberal. Nesse caso o gasto público não possuía importância em termos econômicos.

Orçamento Moderno: com a Grande Depressão de 1929 o liberalismo econômico chega ao fim, fazendo o Estado abandonar sua neutralidade e agir contra a crise. O pensamento keynesiano deu ao governo a responsabilidade de manter a atividade econômica, nem que para isso se devesse incorrer em déficits.

ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL A partir da Constituição de 1988 a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

passou a compreender as metas e prioridades da administração pública federal. O orçamento geral da União é formado pela soma do orçamento fiscal, orçamento das estatais, orçamento da seguridade social e renúncias fiscais (isenções, anistias, subsídios). Deve ser encaminhado ao Congresso Nacional até oito meses antes do encerramento do ano.

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Além do orçamento geral da União, de extrema importância é a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 1998. Essa lei estabeleceu limites para despesas com os funcionários públicos de 50% do orçamento para União e 60% para os Estados e Municípios, além de impor limites às despesas feitas pelos administradores em final de mandato. EXERCÍCIOS 1 – Explique as três principais funções do Estado. 2 – Disserte sobre o problemas fiscais das economias da Grécia e EUA. 3 – Disserte sobre as possíveis causas de um déficit público. 4 – Explique a monetização da dívida pública. 5 – Qual é a diferença entre o resultado primário do setor público e o resultado nominal? 6 – O IR é um imposto progressivo. Disserte sobre seu alcance e alíquotas.

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AULA 13 – ECONOMIA DOMÉSTICA Vamos fugir um pouco dos grandes agregados macroeconômicos e das empresas em geral, para focarmos nosso estudo nas finanças pessoais e do dia-a-dia dos gastos das pessoas físicas. Esse ramo do estudo é chamado de economia doméstica. A regra para que seus indicadores econômicos pessoais girem sempre da melhor maneira possível é a mesma usada nas empresas e no governo: nunca gastar mais do que se ganha. Pode parecer até tolo dizer isso, mas muita gente acaba não seguindo essa regra principal.

Vamos primeiro às dicas para não se envolver com o chamado “vermelho”, ou seja, a dívida. Depois veremos o que fazer para resolver a situação, caso você se descuide. Por último, vejamos as possibilidades mais fáceis de guardar e fazer o dinheiro que sobra do seu orçamento se multiplicar.

a) Para não entrar no vermelho: 1- Organizar numa planilha eletrônica ou numa lista simples, todos os seus gastos do mês. Isso pode ser chato, mas vai evitar que os gastos principais sejam desviados. Quem se endivida não tem noção de como isso pôde ocorrer. 2 – Não compre por impulso. Pergunte a si mesmo se você realmente necessita daquele bem ou serviço que está prestes a empatar o dinheiro. 3 – Não ande o tempo todo com cartões de crédito ou débito no bolso. Num shopping, por exemplo, isso pode ser fatal. 4 – Não ligue para os hábitos dos outros. Se o seu colega comprou um vídeo game ou um novo televisor de 50 polegadas, não pense que você também pode comprar a qualquer momento. Observe as suas condições, e se precisar mesmo, poupe por alguns meses. 5 – Não se iluda com pequenos parcelamentos. No final, eles fazem muita diferença. 6 – Se for para ficar devendo, faça qualquer coisa, menos pagar o mínimo no cartão de crédito. b) Para sair do vermelho: 1 – Elimine os produtos supérfluos. 2 – No supermercado, escolha marcas pouco conhecidas. Leve uma lista detalhada de quais produtos comprar, e a obedeça cegamente. 3 – Tente negociar. Não tenha vergonha. Se não vive sem a TV a cabo, negocie um pacote menor. Se deve no banco, negocie um parcelamento que caiba no bolso. O gerente não vai querer se arriscar em perder tudo. 4 – Evite almoçar ou jantar fora de casa. Nessa época de vacas magras, evite ir ao shopping.

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5 – Reduza o tempo de banho e preste atenção aos gargalos de energia elétrica. Você pode pagar metade da conta de luz, se tiver empenho. Não se pendure no telefone e tente diminuir os gastos com o celular. 6 – Fique apenas com um cartão de crédito. Muitos cartões de crédito não demonstram nada, apenas resultam em descontrole. 7 – Se estiver devendo no cartão de crédito ou no limite, pague com um empréstimo pessoal. As taxas serão bem menores. 8 – Não se preocupe. Você vai ter que reduzir o padrão de vida por alguns meses, mas vai conseguir se reeducar financeiramente. Com certeza não repetirá os mesmo erros. c) Para guardar e multiplicar as sobras do orçamento: 1 – Lembre-se que é sempre bom ter algum dinheiro guardado para emergências, como de saúde, possíveis gastos com casa ou carro, além de desemprego. 2 – Não mergulhe no discurso antigo de nossos pais, de que “sobrou tem que colocar na poupança”. A poupança paga juros quase que irrisórios. Dependendo da inflação do período, você pode não obter juros reais. 3 – Converse com seu gerente de banco. Renda Fixa, como CDBs e títulos públicos são opções tranqüilas e garantidas. Não pense que é complicado. 4 – Se quiser diversificar, aplique também em Renda Variável. Só não se esqueça que você não é especialista no mercado de ações (nem eles são capazes de adivinhar os movimentos do mercado). Você não vai querer passar mal quando as ações começarem a cair, por isso, não coloque todos os ovos na mesma cesta. 5 – Não se iluda com boatos ou “dicas”. Converse com o seu gerente. Lembre-se, não existem “barbadas”. 6 – Pense sempre no futuro. Faça um plano de previdência privada, ou um plano educacional para os filhos. 7 – Tome cuidado com a velha máxima de que “investir em imóvel é o melhor negócio”. De 2009 para cá, os imóveis subiram muito. Analistas mais céticos acreditam que esse movimento deve chegar ao fim em breve. Portanto, seja cauteloso.