Artigo - Treino Cognitivo

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FACULDADE SÃO CAMILO PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS E PSICANÁLISE APLICADAS À EDUCAÇÃO A IMPORTÂNCIA DO TREINO COGNITIVO PARA A MELHORIA DO DESEMPENHO ACADÊMICO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de curso apresentado à coordenadoria de Pós-graduação da Faculdade São Camilo, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Neurociências e Psicanálise aplicadas à educação. Orientadora: Dra. Maria Amin de Oliveira Belo Horizonte Maio 2014

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artigo explicativo sobre treinos cognitivos

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FACULDADE SÃO CAMILO

PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS E PSICANÁLISE

APLICADAS À EDUCAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DO TREINO COGNITIVO PARA A MELHORIA

DO DESEMPENHO ACADÊMICO EM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Trabalho de Conclusão de curso

apresentado à coordenadoria de Pós-

graduação da Faculdade São Camilo,

como requisito parcial para obtenção do

título de Especialista em Neurociências e

Psicanálise aplicadas à educação.

Orientadora: Dra. Maria Amin de Oliveira

Belo Horizonte

Maio

2014

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RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar um trabalho de intervenção de treino

cognitivo em crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem. A abordagem

parte de pesquisas da área de Neurociências, com foco na relação entre o

desenvolvimento de funções executivas e desempenho cognitivo. A princípio, foi

realizado um levantamento da abordagem teórica sobre a definição de funções

executivas e sua associação com alguns transtornos de aprendizagem e análise de

programas de treino cognitivo, que possuem como objetivo a estimulação de habilidades

cognitivas. Em seguida, foi desenvolvido um protocolo de intervenção para treino

cognitivo, com um viés neuropedagógico, para estimular habilidades de atenção

alternada, memória de trabalho, planejamento, percepção, raciocínio lógico,

flexibilidade cognitiva e regulação emocional. A bibliografia utilizada aborda as

contribuições de diversos autores que trazem considerações importantes sobre o tema

como Cosenza (2011), Capellini et al (2010); Rotta et al (2006); Seabra (2013); Barkley

(1997), entre outros. Observa-se a necessidade de propor intervenções mais flexíveis

que atendam a necessidade específica do sujeito, em contraposição ao formato de

programas que possuem atividades engessadas que dificultam o olhar sobre a real

necessidade do paciente ou aluno.

Palavras chave: Treino cognitivo - funções executivas - neurociências

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INTRODUÇÃO

Para uma melhor compreensão do processo da aprendizagem, sob a perspectiva das

neurociências, é necessário conhecer o funcionamento do cérebro humano e as partes

mais ligadas á cognição. Não é pretensão deste trabalho analisar mais detalhadamente as

estruturas cerebrais.

O cérebro é responsável pela execução de respostas do organismo ao ambiente externo.

É através das sinapses que as informações sensoriais chegam até o Sistema nervoso

central, que é responsável por processar as mesmas e enviar respostas na forma de

comportamento. O cérebro é constituído por diversas partes que possuem funções

específicas. É dividido entre os hemisférios esquerdo e o direito sendo conectados por

um feixe de fibras nervosas chamado corpo caloso. O lobo frontal está associado ao

planejamento da atividade motora, articulação da fala, pensamento, organização,

planejamento, tomada de decisões, enfim tudo o que nos torna seres racionais,

diferenciados das outras espécies animais. O lobo parietal responde pela interpretação

das sensações e pela orientação do corpo. O lobo occipital interpreta a visão. Nos lobos

temporais a audição, as emoções e a memória são trabalhadas, fornecendo ao indivíduo

a capacidade de identificar e interpretar objetos ao recuperar informações passadas.

Cada lobo especializa-se numa dada função e nenhum consegue trabalhar isoladamente

(CONSENZA,2011).

A parte do cérebro responsável pela cognição é o córtex pré frontal, onde ocorre a

tomada de decisão e as orientações para que o organismo possa responder aos estímulos

do meio ambiente. É também responsável pelo planejamento e por funções complexas

como memória, atenção, consciência, linguagem, percepção e pensamento. Há também

um órgão muito importante para a aprendizagem, o sistema límbico, responsável pelos

comportamentos instintivos, pelas emoções e pelos impulsos básicos ligados à

sobrevivência. Suas fibras nervosas se conectam a outras áreas do encéfalo, em especial

ao córtex frontal inferior interferindo na expectativa, sistema de recompensa e na

tomada de decisões.

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O nosso cérebro está em constante mudança. Esse processo é definido como a

neuroplasticidade, ou seja, a propriedade de modificar as conexões entre os neurônios.

A aprendizagem se dá através de experiências que permitem a reorganização da

estrutura do nosso cérebro. A plasticidade cerebral, ou seja, o conhecimento de que o

cérebro continua a desenvolver-se, a aprender e a mudar, até à senilidade ou à morte

também altera nossa visão de aprendizagem e educação.A cada experiência novas redes

se formam, estruturando a capacidade mental do indivíduo, para produzir mecanismos

comportamentais importantes para a sobrevivência ou o sucesso nas interações com

diversos ambientes (Guerra, 2010).

Pressupõe-se, então, que para estimular o aprendizado é necessário considerar o bom

funcionamento do cérebro, tendo em vista a capacidade do indivíduo de exercer bem

algumas habilidades que interferem diretamente na memorização e articulação de

informações necessárias para o bom desempenho acadêmico. É necessário que o

professor ou o profissional que lida com o conhecimento observe a funcionalidade

cognitiva da criança ou adolescente para assim trabalhar com o potencial específico de

cada aluno e criando estratégias para estimular habilidades comprometidas.

Com base nas explicações acima o presente trabalho tem por objetivo esclarecer sobre a

importância da utilização do treino cognitivo, que consiste em estimular habilidades

cognitivas e a autorregulação emocional, para fomentar o potencial intelectual de

crianças e adolescentes que possuem transtornos ou dificuldades de aprendizagem. A

elaboração do artigo parte de experiências clínicas, em atendimentos com um programa

específico de mediação neurocognitiva, em pacientes que apresentam algum grau de

disfunção executiva, devido a fatores neurológicos, como é o caso de pessoas com o

TDAH - transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, ou ainda, fatores emocionais

e comportamentais, com a presença de prejuízos acadêmicos, apesar de possuírem

capacidade intelectual adequada.

O trabalho de treino cognitivo consistiu em realização de atividades lúdicas e exercícios

direcionados para estimular habilidades como atenção, memória, organização e

planejamento, funções executivas essenciais para que o aluno possa aprender de forma

eficiente e autônoma. A partir dessa prática buscou-se organizar um pequeno protocolo

de atividades que orientem profissionais da área clínica ou escolar a estimular

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habilidades específicas, a fim de diminuir os prejuízos causados por estas inabilidades

no cotidiano escolar.

1. FUNÇÕES EXECUTIVAS E APRENDIZAGEM

Estudos relacionados a Neurociências e aprendizagem apontam para a necessidade do

conhecimento do funcionamento do cérebro, visando assim, articular metodologias de

ensino com as estruturas neurológicas específicas. O ato de aprender não se resume

simplesmente na absorção de informações e memorização. Há outros processos

importantes nas etapas da aprendizagem que devem ser considerados. Estudos

acadêmicos sobre a relação entre Funções Executivas e desempenho escolar apontam

para a importância em considerar a relação direta entre o desempenho de ambos. Lima

et al (2009), juntamente com outros autores, apresenta um trabalho em que avalia

crianças e adolescentes sem dificuldades de aprendizagem em testes padronizados de

Funções executivas e compara com as habilidades escolares. Em sua explicação sobre o

trabalho ele alega que:

O desenvolvimento das habilidades escolares (leitura, escrita, cálculo) está relacionado diretamente com a organização de diferentes funções corticais, tais como a atenção e as funções executivas. Por exemplo, a leitura pressupõe inicialmente a capacidade de selecionar uma área específica do campo visual, o processamento de informações relevantes e o filtro das informações irrelevantes dos distratores. Isto é, a atenção visuoespacial age como filtro que acentua as informações do alvo (facilitação) e suprime informações dos objetos distratores (inibição) ou ambos. Dessa maneira, no processo de leitura é necessária a integração das informações do processamento visual (discriminação, organização visual e visuo-espacial) dos símbolos gráficos (grafemas/letras),auditivo/linguístico (decodificação fonológica, conversão grafema-fonema) e requerem capacidade e controle atencional e a mediação das funções executivas.

Portanto pode-se inferir que para o bom aprendizado é necessário atentar para todas as

partes do cérebro envolvidas na execução de tarefas acadêmicas. Tanto a habilidade de

leitura quanto a de cálculos matemáticos, funções básicas para o desenvolvimento

escolar, estão relacionadas a outras funções, sendo que a atenção é a primordial. Um

estudante que não consegue manter a atenção, provavelmente vai falhar em várias

tarefas, mesmo que não possua dificuldades para aprender.

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A atenção pode ser definida como capacidade de direcionamento dos processos mentais, de modo que o indivíduo atende aos estímulos que são considerados relevantes e ignora os irrelevantes à tarefa desempenhada. Esta função pode ser dividida em: seletiva, sustentada, alternada e dividida (LIMA et al 2009).

O artigo em questão prioriza o trabalho de estimulação de Funções executivas (FEs),

que são componentes específicos do nosso cérebro, possibilitando nossa interação com

o mundo externo, frente às mais diversas situações que vivenciamos. Por meio delas o

pensamento é organizado, levando em conta as experiências e conhecimento prévios

armazenados na memória, assim como as expectativas em relação ao futuro, sempre

respeitando o contexto individual. Dessa forma, pode-se estabelecer estratégias

comportamentais e dirigir as ações de uma forma objetiva, mas flexível, que permita,

ao final, chegar ao objetivo desejado.

Há uma gama de definições para as FEs. Segundo Seabra “as funções executivas podem ser definidas como um conjunto de processos cognitivos e metacognitivos que, juntos, permitem que o indivíduo possa se envolver (com sucesso) em comportamentos complexos e direcionados a metas” (SEABRA & DIAS, 2013, p.9).

A definição mais comum é a de Fuster (1997) que define as FEs “como um conjunto de

funções responsáveis por iniciar e desenvolver uma atividade com objetivo final

determinado.”

Segundo Seabra & Dias (2013) as principais habilidades que integram o conjunto das

funções executivas são: planejamento, flexibilidade cognitiva, memória de trabalho,

atenção seletiva, controle inibitório e monitoramento ou metacognição.

Em relação aos transtornos de aprendizagem e sua associação com as funções

executivas o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é a doença

neurológica mais comum em que se verifica claramente os prejuízos acadêmicos

decorrentes da dificuldade em sustentar a atenção em tarefas que exigem esforço

mental. Alguns autores associam o TDAH a uma síndrome disexecutiva, (BARKLLEY,

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1997), ou seja, apresenta um conjunto de prejuízos relacionados a dificuldade em

utilizar as funções que incluem raciocínio, lógica, estratégias e tomada de decisões,

além de manter ações permanentes de controle mental. Este conjunto de funções tem um

papel central na organização e no planejamento de todas as nossas ações, pois auxiliam

na manutenção de iniciativa, estabelecimento de objetivos, monitoramento de tarefas

por meio do autocontrole através da revisão das estratégias de acordo com o plano

original (modulação do comportamento).

O TDAH é um dos transtornos mais conhecidos e discutidos na atualidade,

principalmente na esfera escolar. O diagnóstico só pode ser realizado por uma equipe

multidisciplinar, composta de neuropsicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos e o

neurologista ou psiquiatra para fechamento do laudo. Apesar disso, o professor possui

um papel muito importante na descoberta do transtorno, pois a observação da criança ou

adolescente em sala de aula, comparando-o com seus pares, fornecem claras evidências

dos prejuízos que denunciam uma disfunção neurológica.

Estudiosos apontam alguns aspectos do transtorno com o gene da dopamina tipo 2 e o

gene transportador da dopamina e o D4RD. Dessa forma pode-se esperar que aqueles

indivíduos que apresentam uma maior vulnerabilidade ao transtorno possam apresentar

sintomas significativos apenas a partir do momento em que a demanda ambiental passa

a ser maior. Em crianças, por exemplo, esse fato pode ocorrer apenas a partir de uma

terceira ou quarta série do ensino fundamental, em que as habilidades relacionadas à

função executiva, como planejamento, organização e persistência de foco atencional,

tornam-se ainda mais imprescindíveis para a realização de tarefas escolares (CAPELLINI

et al, 2010,p.22).

No tratamento do TDAH além da terapia medicamentosa há indicação para

acompanhamento de terapias comportamentais e cognitivas. Também orientação para os

pais e adaptações na escola, com o objetivo de montar uma estrutura que atenda as

especificidades da criança ou adolescente.

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A disfunção executiva não é exclusividade do TDAH. Há outros transtornos como o

autismo e a esquizofrenia em que se verificam dificuldades significativas nas funções

cognitivas. Pessoas sem nenhum problema neurológico também podem apresentar

falhas na utilização das funções executivas. Por essa razão faz-se necessário recorrer a

avaliações padronizadas para mensurar o funcionamento do sistema nervoso em pessoas

que apresentam queixas com relação à execução de tarefas diárias.

As avaliações das funções executivas são realizadas por profissional capacitado,

geralmente o neuropsicólogo que utiliza baterias padronizadas. Segundo Seabra & Dias

(2012) os objetivos principais são: auxiliar na identificação de lesão, avaliar a extensão

e a natureza de dificuldades em crianças com lesões conhecidas de modo a sugerir

intervenções, avaliar resultados de intervenção ou reabilitação, auxiliar no diagnóstico

de transtornos de aprendizagem, compreender o perfil cognitivo do paciente, etc.

Após a indicação de problemas cognitivos há a necessidade de intervenções

direcionadas para melhorar as funções prejudicadas por fatores neurológicos ou sociais.

O treinamento das habilidades comprometidas em pessoas com distúrbios deve ser feito

por profissional capacitado para tal função, sendo importante que se estabeleça um

vínculo afetivo e de confiabilidade com o paciente. A complexidade dos materiais

utilizados, bem como das exigências, seguem uma progressão do mais simples para o

mais elaborado, respeitando-se as características pessoais. O objetivo é capacitar o

indivíduo ou expandir as competências já existentes para a determinação de objetivos,

como planejá-los e executá-los, como conferir os vários momentos intermediários desse

processo, avaliar a possibilidade de modificações e, finalmente, obter o produto

desejado.

Os programas de treinamento de habilidades cognitivas foram criados para responder às

demandas escolares e clínicas de métodos alternativos para desenvolvimento do

potencial intelectual em indivíduos que apresentam ineficiência no processo de

aprendizagem. Nestes programas procura-se promover uma forma de aprendizado em

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que o aluno não é tratado como mero receptor de conteúdos, mas um indivíduo capaz de

interagir de forma autônoma com o conhecimento.

Segundo Leandro Almeida, autor de um dos programas de desenvolvimento cognitivo e

estudioso sobreo assunto:

Para aprender, o aluno precisa entender, organizar, armazenar e evocar a

informação. São processos cognitivos básicos a qualquer aprendizagem e

realização cognitiva. Um aluno com dificuldades de atenção, de permanência

na tarefa, de visualização dos pormenores numa gravura ou de comparação

de diferenças e semelhanças entre duas situações verbais ou escritas,

certamente apresentará grandes dificuldades na captação da informação que

lhe é apresentada e na sua apreensão. Assumindo-se aprendizagem não como

mero registro de informação, mas como construção de conhecimento, certo

que sem esse registro não se avança no conhecimento.nesse sentido importa

ajudar o aluno a atender, a percepcionar e a organizar a informação

(ALMEIDA, 2002, p. 157).

2. PROTOCOLO DE ATIVIDADES DE TREINO COGNITIVO

Com o intuito de atender a necessidade de se pensar em um programa de atividades que

compreenda a especificidade do sujeito e uma melhor interação entre terapeuta e

paciente propõe-se uma nova abordagem de treino cognitivo.

Para esclarecer melhor sobre a estrutura do trabalho realizado em contexto clínico com

pessoas da faixa etária de 6 a 20 anos, foi organizado um protocolo apresentando o

material, a habilidade que é trabalhada e o objetivo da utilização do mesmo nas sessões

que giram em torno de 50 minutos semanais e em programas que variam entre 18 a 22

sessões, para verificação de resultados pontuais, conferidos na melhora do desempenho

escolar e/ou na reavaliação a partir de testes padronizados.

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O protocolo está subdividido em subitens de acordo com as áreas trabalhadas, a saber,

habilidades cognitivas, leitura e escrita, cálculo matemático e verificação de resultados.

Tal organização se justifica pela necessidade de facilitar o acompanhamento e o

controle do que é desenvolvido na sessão.

2.1 Jogos para estimular habilidades cognitivas

Habilidade Material *

Atenção alternada:

capacidade de intercalar a

atenção entre duas

informações.

Colortec – jogo em que é solicitado articular a atenção em 3 comandos

intermitentes.

Atenção seletiva –

capacidade de selecionar a

informação principal e

resistir a distratores

externos.

Mancala – propõe uma série de comandos e exige atenção na elaboração de

estratégias para atacar o adversário.

Lince – consiste em procurar uma figura em cartas contendo várias

imagens.

Atenção sustentada –

capacidade de manter a

atenção por um período

prolongado

Jogo da velha 3D. Consiste em articular 3 bolinhas da mesma cor em uma

linha reta imaginária em uma estrutura em 3 planos do tradicional jogo da

velha.

Percepção visuoespacial-   capacidade de perceber a posição de dois ou mais objetos em relação uns aos outros ou em relação ao seu

próprio eu.

Dominó sensorial

Atividades direcionadas para percepção de formas diversas. Quadrados

coloridos, Percepção visual 5 pinos,Percepção visual bolinhas,Percepção

visual cruzes

Tangram

Memória de trabalho –

capacidade de manter a

informação em mente e

também transformá-la ou

integrá-la com outras

informações

Jogo Imobiliário de cartaz. Consiste em articular as cartaz considerando os

objetivos e as regras propostos no início do jogo

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Planejamento – habilidade

de elaborar e executar um

plano de ação e de estipular

os passos necessários para

se atingir um objetivo

Mancala, xadrez, Torre de Hanói, Ta te ti, Hora do Rush

Regulação emocional –

capacidade de reconhecerr e

nomear as próprias emoções

e modular sua expressão de

forma adaptativa ao

contexto

Atividades direcionadas a regulação da emoção do programa de intervenção

em funções executivas PIAFEX

Flexibilidade cognitiva –

capacidade de mudar o foco

e de considerar diferentes

alternativas para a resolução

de problemas.

Mancala

Percepção visual 5 pinos

Torre de Hanoi

Jogo Travessia do rio

Controle inibitório –

capacidade de controlar o

comportamento quando ele

é inadequado

Atividades direcionadas do PIAFEX

Raciocínio Lógico Jogos Boole – Atividades que estimulam a lógica pela dedução e

organização das informações.

* Os materiais apresentados são apenas uma pequena amostra para exemplificar como

exercitar determinada habilidade. Há muitos outros jogos que podem ser usados com a

mesma finalidade.

2.2 Material lúdico para estimular leitura e escrita

Material para alfabetização Alfabeto de madeira, bingo de letras, Soletrando, domínó de letras

e figuras.

Dominó fonêmico Jogo para estimulação da consciência fonológica

Livros de histórias Coleção Estrelinha – Apresenta histórias contendo sílabas simples

quanto as complexas. As frases são curtas; há predomínio de

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períodos simples, com ocorrência eventual de coordenação.

Dados de histórias Dados com figuras para estimular a escrita de frases.

2.3 Material lúdico para o cálculo matemático

Bingo matemático Dados com números de 1 a 10 e um tabuleiro com vários números

aleatórios.

Cartas de multiplicação Cartas com operações de multiplicação e resultados

Dominó de multiplicação soma e

subtração

Peças com operações diversas: multiplicação, divisão, soma e

subtração e respostas para serem associadas

Histórias matemáticas Construção de Histórias lúdicas contendo cálculos diversos com o

objetivo de trabalhar a linguagem matemática

Trilha para resolução de cálculos Jogo de trilhas com problemas e cálculos matemáticos.

Quadro para auxiliar nas

dificuldades matemáticas

Quadro grande imantado e peças com números, sinais e incógnitas

coloridas com o objetivo de trabalhar procedimento matemático

Tábua de Pitágoras em madeira

Jogo “Mais Um” Tabuleiro que permite a compreensão do procedimento matemático

para resolver cálculos de adição com unidades, dezenas e centenas.

2.4 Técnicas específicas para estimular a leitura*

Cloze Consiste em exercícios de compreensão da leitura a partir de omissões

de palavras ou vocábulos para serem preenchidos de forma a dar

coerência ao sentido do texto.

Imagem mental Consiste em estimular a construção de imagem mental a partir leitura

de um texto com o objetivo de se produzir significado particular sobre

a informação recebida.

Mapa Mental É a formatação de diagramas sistematizados para auxiliar na

organização de informações e auxiliar na memorização de conteúdos.

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Leitura Compartilhada Técnica de leitura em que o leitor levanta hipóteses durante o

processo da compreensão do texto.

Técnica das cores Técnicas de colorir informações de forma sistematizada com o

objetivo de memorização.

* Algumas técnicas são resultados de práticas no atendimento clínico ou de

informações recebidas em cursos de capacitação.

2.5 Apostila de exercícios para verificação do resultado da intervenção

Coleção Manual Papaterra

Fernanda Papaterra Limongi)

Livros de exercício que têm como objetivo ativar habilidades

cognitivas como: raciocínio lógico, atenção, memória, criatividade e

compreensão.

Aprender a Compreender

Organizadoras: Carmem Silva,

Estela Marques, Quézia

Bombonato e Thaís H.F.

Pelliccioti.

Exercícios de Linguagem e cognição. Possui aspectos cognitivos

como seriação,, raciocínio ou habilidades numéricas.

Programa de Neurociência –

lntervenção em Leitura e Escrita

Rafael Silva Pereira (2011)

Atividades para estimulação cerebral com o objetivo de melhorar a

capacidade de memória, atenção, linguagem, raciocínio lógico e visão

espacial.

Page 14: Artigo - Treino Cognitivo

3. DISCUSSÃO DOS DADOS

Repensando-se as propostas de intervenções sob uma perspectiva menos técnica e mais

voltada para o sujeito, foi organizado um protocolo de atividades a partir de um trabalho

multidisciplinar (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia e neurologia) na organização de

materiais específicos para atender diversos casos de dificuldades de aprendizagem no

espaço clínico.

Sendo assim, buscou-se materiais que despertassem o interesse dos pacientes pelo

tratamento. Os jogos de estratégias foram adaptados para atender a especificidade dos

usuários e alguns materiais foram produzidos pela equipe. Paralelamente, foram

utilizados outros materiais encontrados em congressos e já em uso por outros

profissionais.

O conjunto de atividades lúdicas tem como objetivo principal perceber a funcionalidade

cognitiva do paciente e o perfil psicológico, pois o jogo possibilita a interação do

paciente com o mediador e também permite conhecer as respostas espontâneas do

paciente diante de situações problema.

A organização das intervenções consiste na verificação e estimulação de habilidades e

depois um momento de auxílio com estratégias diversas para a memorização de

conteúdos escolares. No final de cada sessão é sugerido utilizar exercícios para

verificação de respostas à intervenção.

As intervenções de treino cognitivo em clínicas são também uma forma de auxílio para

o fechamento de diagnóstico – após avaliações com testes padronizados é indicado a

intervenção e após algumas sessões já pré determinadas é analisado a resposta a esta

intervenção (RI). De acordo com o resultado obtido o diagnóstico de transtorno

específico de aprendizagem é consolidado ou afastado.

Page 15: Artigo - Treino Cognitivo

Há que se observar que a programação não é fixa, visto que a demanda é subjetiva.

Observa-se ainda, que frequentemente são trabalhadas diferentes habilidades cognitivas

em um mesma situação de intervenção, uma vez que uma habilidade está subjacente à

outra, conforme o material utilizado. Cada material lúdico, portanto, é utilizado para o

desenvolvimento de habilidades cognitivas específicas, de acordo com o objetivo do

mediador.

Ressalta-se que a utilização de materiais lúdicos contribui para estabelecer uma

interação entre mediador e paciente, desenvolvendo, com isso, habilidades de forma

espontânea, as quais são posteriormente verificadas através de exercícios que buscam o

desenvolvimento da compreensão e do raciocínio.

Page 16: Artigo - Treino Cognitivo

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Protocolo de atividades de Treino cognitivo é um trabalho que comprovou sua

eficácia, tanto no ambiente escolar, através da melhora do desempenho acadêmico,

quanto nas reavaliações das funções executivas de pessoas que apresentaram resultados

significativos de prejuízos nas habilidades cognitivas.

Há casos de crianças e adolescentes que apresentavam, inicialmente, baixa auto-estima

e, ou resistência a qualquer forma de aprendizado e que, quando estimulados a

desenvolver habilidades cognitivas, através de jogos ou atividades lúdicas, aprenderam

a reconhecer o potencial que possuem, sentindo-se mais estimulados a lidar com tarefas

acadêmicas. Observa-se que o trabalho de estimulação de habilidades cognitivas pode

contribuir para auxiliar a pessoa a criar estratégias compensatórias, para lidar com suas

limitações. A utilização do protocolo sugerido acima resultou em experiências positivas

na intervenção de pacientes com diagnóstico de TDAH, Dislexia e Deficiência

intelectual.

O papel do mediador, como observador da especificidade do paciente ou aluno, é

crucial para o bom resultado do trabalho, pois cada pessoa possui características ou

condições específicas para aprender ou lidar com o outro.

Ressalta-se que a intervenção na reeducação de funções executivas também podem

contribuir para preparar crianças e adolescentes a lidar com situações de conflito, já que

interferem em habilidades importantes para auxiliar no comportamento adaptativo,

como a flexibilidade cognitiva, o controle inibitório e a regulação das emoções.

O protocolo de atividades é apenas um esboço que serve de direcionamento para

elaborar programas de abordagem Neuropedagógica para estimulação, reeducação ou

reabilitação de funções executivas. Observa-se que o presente tema abordado requer

mais pesquisas que se dediquem ao estudo de atividades que abarquem as necessidades

Page 17: Artigo - Treino Cognitivo

ora apresentadas, no que se refere às habilidades cognitivas, assim como ao

acompanhamento de seus resultados. Propõe-se, com isso, dar continuidade ao presente

trabalho, com o objetivo de acompanhar sua aplicabilidade e resultados.

Page 18: Artigo - Treino Cognitivo

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Page 19: Artigo - Treino Cognitivo

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