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As novas religiões em Portugal Licenciatura de Sociologia Miguel Andrade Coimbra – 2010

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As novas religiões em Portugal

Licenciatura de Sociologia

Miguel Andrade Coimbra – 2010

As novas religiões em Portugal

Trabalho elaborado no âmbito da disciplina: Fontes de Informação Sociológica

Professor: Paulo Peixoto

Miguel Andrade Coimbra – 2010

INDÍCE

1. Introdução ------------------------------------------------------------- 1 2. Desenvolvimento ----------------------------------------------------- 3 2.1 Estado das artes ---------------------------------------------- 3 2.2 Descrição detalhada da pesquisa -------------------------- 9 3. Avaliação de página de internet ------------------------------------ 10 4. Ficha de leitura -------------------------------------------------------- 11 5. Conclusão -------------------------------------------------------------- 14 6. Referências bibliográficas ------------------------------------------- 15 Anexo I Página da Internet avaliada Anexo II Texto de suporte da ficha de leitura Anexo III DVD: “Jehovah´s Witnesses FAITH IN ACTION. PART 1: OUT OF DARKNESS” Anexo IV DVD: Transfusion Alternatives - Documentary Series

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1. Introdução

Quem é que nunca se questionou sobre a sua vida, sobre a existência de um criador do universo, ou até mesmo pelas escolhas das pessoas que nos rodeiam? Certamente todos nós, pois a simples condição de seres humanos que somos implica que façamos questões deste tipo. Devido a todas estas questões e muitas outras decidi escolher este tema, para o meu trabalho e como tal vou fazer um estudo sobre as Testemunhas de Jeová. Esta religião a meu ver, tem muito que se lhe diga sobre uma perspectiva sociológica porque, por vezes, algumas das suas crenças são postas em causa pela população, como por exemplo a questão destes crentes não aceitarem a transfusão de sangue em situação de perigo de vida. Mas a verdade é que há alguns princípios e crenças que fazem com que eles sigam esses ideais. Outro aspecto curioso sobre esta religião é o facto de ao contrário de muitas outras religiões, nomeadamente a católica, estes não aceitam figuras como objectos de adoração. Com este trabalho procuro também reflectir um pouco sobre a fé das pessoas e de que forma as crenças religiosas e as suas ideologias estão incorporadas na sociedade e até que ponto pessoas com crenças diferentes rejeitam a socialização umas com as outras. Pretendo então esclarecer:

Quem são as "Testemunhas de Jeová"? Onde terá tido início esta religião? Porque não aceitam Transfusões de Sangue? Porquê que não aceitam figuras como objectos de adoração? Até que ponto as pessoas com crenças em religiões diferentes rejeitam a socialização umas com as outras?

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As fontes de informação que utilizou na realização deste trabalho são principalmente testemunhos humanos, como por exemplo alguns praticantes desta religião. Também recorro a alguns manuais de estudo e revistas que eles próprios realizam. Para entender alguns dos seus princípios e compreendê-los, utilizo a Bíblia e dois DVDs cedidos pela congregação de Condeixa. Para poder estar mais familiarizado com o objecto de estudo, frequentei algumas reuniões da congregação de Condeixa. Nas várias reuniões que tive oportunidade de assistir, fui bem recebido e fiquei muito grato à disponibilidade dos crentes para me esclarecerem algumas dúvidas e inclusive ao empréstimo de matéria para concretização deste trabalho. A página Web que avalio fala de vários temas, inclusive problemas quotidianos que são explicados com base na religião, como forma de os ultrapassar. Esta página utiliza uma linguagem acessível para qualquer pessoa, mesmo as que não estão a par da matéria. Realizo também neste trabalho uma ficha de leitura sobre um capítulo do livro chamado: Imigração, Etnicidade e Religião. O papel das comunidades Religiosas na Integração dos Imigrantes da Europa do Leste de Helena Vilaça.

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2.Desenvolvimento 2.1Estado das artes

Quem são as Testemunhas de Jeová? As Testemunhas de Jeová são membros de uma religião, que defende que o nome de Deus é Jeová. Esta religião tem princípios e ideais próprios, como todas as outras. Eles defendem a pregação, como forma de passar a mensagem do seu Deus e darem a conhecer a verdade que a sua religião defende. Têm uma reunião semanal, onde se juntam com os membros da sua congregação para realizarem um estudo sobre vários temas abordados, cujo objectivo é compreenderem melhor a Bíblia e terem um conhecimento mais aprofundado para poderem defender a sua mensagem na pregação. Os membros desta religião também defendem que as reuniões semanais são como um alimento espiritual para eles, servindo também para fortalecer sua fé e suas crenças. Habitualmente, ao Domingo as congregações reúnem os seus elementos para uma reunião conhecida por "Reunião Pública" onde é abordado um tema semanal. Uma vez por ano realiza-se uma Comemoração da morte de Cristo, conhecida na cristandade como Páscoa. As Testemunhas de Jeová têm em vários países um Betel, onde se encontram membros que se voluntariaram a viver lá, para se dedicarem a 100% à religião. É um lugar de onde são expedidos todo o tipo de publicações sobre esta religião. É importante referir que estes membros da religião Testemunhas de Jeová começaram por se chamar “Os Estudantes da Bíblia”, por volta de 1879/80, podemos dizer que o seu principal “fundador” foi Charles Taze Russell com base na informação que nos é dada no DVD (Torre de Vigilância, 2010). As Testemunhas de Jeová praticam o baptismo dos seus membros em Assembleias ou Congressos anuais, onde estes são totalmente submersos em água. Só é baptizado quem prova ter o conhecimento bíblico suficiente para tal, sendo feito antes um pré-requisito a cargo dos Anciãos.

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Onde terá tido início esta religião?

Segundo o DVD (Torre de Vigilância, 2010), esta religião iniciou-se nos Estados Unidos. Quando um casal de Irlandeses chegou aos E.U.A., teve cinco filhos, sendo que um deles teve por nome Russell. Russell perdeu os seus 4 irmãos, e por isso pensava muito no que acontecia às pessoas quando morriam. A maioria das religiões ensinava que Deus criou o Homem imortal e que ele fez o Inferno de fogo para atormentar os maus para sempre. Russell, acerca deste pensamento defendido pela maioria das religiões escreveu o seguinte, “Um Deus que usasse o seu poder para criar humanos, que previu e predestinou a serem atormentados eternamente, não poderia ser nem sábio, nem justo, nem amoroso. As suas normas seriam inferiores às de muitos Homens”. (Torre de Vigilância, 2010). Com o decorrer do tempo Russell começou a por questões sobre vários pensamentos e crenças da maioria das religiões, e por isso começou a estudar a Bíblia e a escrever várias linhas de pensamento. Pode-se dizer com base em toda a história que o DVD (Torre de Vigilância, 2010) nos mostra que Russell foi o grande pioneiro do grupo “Os Estudantes da Bíblia”. Podemos dizer por isso que o grande pioneiro desta religião foi Russell.

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Porquê que não aceitam a transfusão de sangue em caso de vida ou de morte?

As Testemunhas de Jeová defendem que o sangue é algo puro e concedido por Deus ao ser humano, e que por isso não deve ser transmissível. Quanto à questão da ética de deixarem morrer alguém ou até mesmo preferirem morrer, por não aceitarem a transmissão de sangue, as Testemunhas de Jeová defendem que há muitas formas de saírem com vida em casos de acidentes, sem terem que recorrer à transfusão de sangue. Segundo o livro: (Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 1990) Segundo o testemunho de Elsa Correia, que já esteve perante algumas cirurgias, e preferiu sempre recorrer a outros métodos, sem ser a transfusão de sangue, esta Testemunha de Jeová, da Congregação de Condeixa, afirma que na sua religião ninguém impede de utilizarem a transfusão de sangue, mas que eles próprios, preferem utilizar outros métodos e chegam mesmo a

“ (…) Caso a perda seja rápida e acentuada, cai a pressão arterial da pessoa, e ela pode entrar em choque. O que se precisa basicamente é que se faça cessar a hemorragia e se restaure o volume do sistema circulatório. Isso impedirá o choque e manterá em circulação as restantes hemácias e outros componentes do sangue. A reposição do volume do plasma pode ser conseguida sem se usar sangue total ou plasma sanguíneo. Diversos líquidos que não contêm sangue constituem eficazes expansores do volume do plasma. O mais simples de todos é a solução salina, que é tanto barata como compatível com o nosso sangue. Existem também líquidos dotados de propriedades especiais, tais como a dextrana, o haemaccel, e a solução de lactato de Ringer. A hidroxietila de amido (HES; amido-hidroxietil) é mais recente expansor do volume do plasma e “pode ser seguramente recomendado para aqueles pacientes (queimados), que objetem a produtos de sangue”. (Journal of Burn Care & Rehabilitation, Janeiro/Fevereiro de 1989) Tais líquidos apresentam vantagens definitivas.”

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considerarem o tratamento à base da transfusão de sangue, como algo já de certa forma ultrapassada/primitiva.

Porquê que não aceitam figuras como objectos de devoção?

As Testemunhas de Jeová defendem a ideia de que a adoração de imagens deve ser encarada como algo “detestável”, segundo o livro: (Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 2005) Marcel Vidinha chega mesmo a dizer: “Têm olhos mas não vêem, têm boca mas não falam”, para se referir, aos objectos de devoção, nomeadamente as figuras que são maioritariamente utilizadas para esse efeito. As Testemunhas de Jeová consideram também que a oração tem de ser algo puro, que não necessite da inspiração visual de objectos. Chegam mesmo a considerar que as figuras de devoção põem em prova a verdadeira crença em Deus, utilizando o argumento de que se Deus existe porque necessitaram de ver algo para manterem a sua fé firme?

(…) “ Mas é Deus quem nos diz como ele deve ser adorado, e a Bíblia ensina que ele não quer que usemos imagens. (Êxodo 20:4, 5; Salmo 115:4:8; 1 João 5:21) Portanto, você poderá tomar posição em favor da adoração verdadeira destruindo quaisquer itens ligados á adoração falsa que talvez possua. Esteja decidido a encará-los como Jeová os encara - como algo “detestável”. – Deuteronômio 27:15.”

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Até que ponto as pessoas com crenças em religiões diferentes têm dificuldade na socialização umas com as outras?

A meu ver, segundo as apreciações que fiz durante o meu curto percurso de vida, posso dizer que as pessoas com crenças em religiões diferentes na maioria das vezes deparam-se comum obstáculo à socialização entre elas. Nunca me esqueço de um episódio que me aconteceu quando tinha cerca de nove anos, ao chegar a Coimbra, estava a jogar à bola com os meus amigos de manhã, quando nos convidaram a assistir à missa local e aceitámos. Quando entrei na igreja deparei-me com muitas pessoas a olharem para mim e pensei que fosse por ser um miúdo muito pequeno, com uma bola debaixo do braço. Ao chegar a casa, a minha avó chateou-se comigo depois de eu ter dito que tinha ido à missa. A razão por se estar a chatear comigo era pelo simples facto de eu ter ido vestido de fato de treino para a missa. Hoje penso que neste simples acontecimentos foram postas em causa algumas formas de socialização, nomeadamente a integração e respeito pela diferença do outro e de certa forma o desenvolvimento do sentimento de acolhimento. Esta foi uma experiência vivida por mim, de certo que muitas pessoas terão experienciais idênticas. É claro que não posso tirar uma conclusão apenas por uma experiência, mas através de várias apreciações que fiz e certos raciocínios que concluí, fui-me apercebendo deste fenómeno. No caso desta religião que estudei apercebi-me que as pessoas não favorecem que os seus fiéis se casem “fora da verdade”, esta expressão para eles significa, segundo o contexto, pessoas que não têm a mesma crença. De certa forma, este facto para além de por em questão o casamento, põe também em causa de certa forma a liberdade de escolha, mesmo não havendo impedimento por parte dos outros fiéis, deste acontecimento e também quanto ao nível de socialização. Ocorrendo um caso desses, os anciãos desta religião (os membros responsáveis pelas congregações) podem tirar certos benefícios de pessoas que se casem fora da verdade, nomeadamente subirem à tribuna e lerem ou darem a oração nas reuniões, por exemplo, segundo o testemunho de Marcel Vidinha, que é um membro da congregação de Condeixa.

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Todas as pessoas são colocadas entre “a espada e a parede”, em certas situações da sua vida, mas quando as pessoas são crentes/praticantes de uma determinada religião surge em alturas da vida um grande dilema entre seguir os seus ideais religiosos ou as suas vontades e desejos. Quando este dilema surge é posta em questão a sua liberdade, não só por a pessoa em si poder estar a quebrar os seus ideais, mas também por esta pensar no que as outras pessoas poderão pensar ou como a poderão penalizar pela sua escolha. Após estes factos e raciocínios, concluo que, infelizmente, o facto de ser crente de uma determinada religião põe em causa, inconscientemente, a socialização com pessoas de diferentes crenças. Gostava que um dia as sociedades conseguissem ultrapassar este tabu.

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2.2Descrição detalhada da pesquisa Em primeiro lugar desloquei-me à congregação de Condeixa para assistir a algumas reuniões, e pedi ao praticante desta religião, Marcel Vidinha, que me desse um estudo sobre a sua religião, Testemunhas de Jeová. Assim sendo estudei o livro introdutório: “O QUE A BÍBLIA Realmente ENSINA?” (Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 2005) para perceber qual a ideologia religiosa deles e estar a par das suas crenças. As Testemunhas de Jeová cederam-me vários livros intitulados de “Despertai” e “Sentinela” devido à diversidade de informação contida nas diversas revistas e em manuais e DVDs facultados, deparei-me com o problema da selecção de informação. O facto da densidade do tema fez com que eu tivesse de escolher uma forma de abordar várias problemáticas ligadas à religião e à sociedade em si, para que não induzisse as pessoas em informações tendenciosas ou facciosas. Decidi então tentar definir o tema e problematizá-lo, com questões que tivessem maior relevância em termos sociológicos. Foi aí que então comecei a sentir a força e dimensão do trabalho que estava a realizar. Eu guardava comigo a visão de que as pessoas crentes tinham uma grande dificuldade na aceitação de conhecerem outras religiões diferentes da sua. No entanto depois de fazer a minha ficha de leitura, deparei-me com ideias completamente inovadoras e que viriam a pôr em causa este meu raciocínio.

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3. Avaliação de página de internet Página de internet avaliada: < http://www.watchtower.org/t/index.html Esta página aborda várias questões que expõe também de uma maneira simples e de fácil acesso. A linguagem utilizada nela é simples, o que permite dirigir a informação nela contida, a um número vasto de pessoas e não propriamente a pessoas apenas especializadas. A página apresenta um visual atractivo e com cores e imagens alegres. Esta página pode ser considerada ampla quanto à sua rede de informação e os seus temas são tratados detalhadamente, no que toca ao seu critério de profundidade. O conteúdo desta página Web parece ter alguma fiabilidade, pois não encontrei datas erradas nem possíveis trocas de nomes dos autores. No que toca ao critério da integridade da informação desta página Web, eu considero que de certa forma a linguagem utilizada, apesar de ser muito acessível, é tendenciosa, pois remete sempre os leitores para crenças desta religião, o que já era de esperar. Contudo para mim, seria mais fácil se a página utilizasse uma linguagem de certa forma parcial, pois não teria medo de fazer interpretações tendenciosas. No entanto, escolhi esta página Web porque, para além de ser criada por esta religião, também está, de certa forma, dirigida para todos os interessados na procura de informação sobre ela, e encontram aqui também, uma boa fonte de pesquisa para várias questões que possam surgir.

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4. Ficha de leitura Título do livro: Imigração, Etnicidade e Religião: O papel das Comunidades Religiosas na Integração dos Imigrantes da Europa de Leste. Autora do livro: Helena Vilaça Local onde se encontra: Biblioteca da Casa da Cultura da Camara Municipal de Coimbra Data da publicação: Dezembro de 2008 Local de edição: Rua Álvaro Coutinho, n.º14, 1150-025 Lisboa Páginas: 63-76 Capítulo: 4: Integração Religiosa e Integração Social

Data de Leitura: Dezembro de 2010

A autora dá-nos a conhecer quais foram os procedimentos técnico--metodológicos, dos inquéritos realizados, ao público-alvo. É retirada a conclusão que quanto mais sólida é a identidade religiosa dos indivíduos, maior é a predisposição deles para a aceitação da diversidade. È notório que há o objectivo de concluir se a igreja tem ou não um papel na integração social dos imigrantes. A Igreja é-nos remetida para uma visão por parte dos imigrantes como uma resposta aos problemas deles, e como uma integradora destes na sociedade portuguesa. A Igreja é também uma forma de reencontrar conterrâneos, dos imigrantes e onde estes podem combater ausências afectivas. A autora deste livro, Helena Vilaça, é doutorada em Sociologia desde 2003, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É Investigadora do Instituto de Sociologia da FLUC (Centro de Estudos Sociais s. d.).

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As áreas de interesse da autora são as minorias religiosas, os valores e o pluralismo religioso e étnico. O capítulo 4 deste seu livro tem como título e tema principal a Integração Religiosa e Integração Social. É orientado por uma série de inquéritos e dados estatísticos. Este livro foi deveras um grande apoio ao meu trabalho, pois encontrei nele, de certa forma, outra perspectiva que não tinha antes, na força da fé, no caso destes imigrantes e no papel que a Igreja tem na integração dos indivíduos na sociedade. Com este capítulo a autora pretende explicar de que forma a integração religiosa, dos imigrantes do Leste em Portugal, tem um papel muito importante na integração dos mesmos na sociedade portuguesa, que para mim considero um ponto forte deste capítulo, pois foi uma ideia inovadora para mim, porque nunca tinha pensado neste aspecto positivo, ligado à religião. Do mesmo modo é também transmitida de forma clara como não só a Igreja tem este papel importante, de integração social, como também a confiança dos imigrantes nas instituições portuguesas. A autora demonstra neste capítulo como a Igreja é vista para muitos dos seus crentes como uma resposta aos seus problemas. Antes de realizar a leitura deste livro, nomeadamente do capítulo 4, partia do pressuposto de que os indivíduos que tinham uma identidade religiosa sólida teriam mais dificuldade em aceitar a diversidade religiosa de outros cidadãos, com crenças totalmente diferentes. Mas no entanto a autora comprova, estatisticamente, que ocorre exactamente o contrário, e isso foi para mim, sem dúvida um ponto forte deste livro, porque deparei-me com uma ideia que para mim, foi inovadora e nunca antes tinha pensado. Ao mesmo tempo acabo por achar que um ponto fraco deste livro foi o facto de não haver nenhuma referência acerca da facilidade ou não da socialização de indivíduos de crenças e religiões diferentes. Concluí portanto que quanto mais sólida é a identidade religiosa, maior é a predisposição do indivíduo para aceitar a diversidade e que a Igreja tem um papel muito importante como um espaço de integração social dos imigrantes. Através dos dados estatísticos cheguei também à conclusão que, dos imigrantes do Leste, são os Ucranianos que mais se sentem parcialmente ou muito isolados na sociedade portuguesa, pois estes são os que menor número de familiares têm no país de acolhimento. Deparei-me também com a ideia inovadora de que os imigrantes têm enorme confiança na igreja, comparativamente às restantes instituições.

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Ao fim do cabo a igreja funciona quase como uma espécie de família alargada para os imigrantes, pois é nela que eles podem combater com ausências afectivas, de familiares mas ao mesmo tempo reencontrarem-se com os seus conterrâneos. Descobri que a individualização e privatização da religiosidade para o indivíduo, pode ser muito importante na medida em que o indivíduo declara ser religioso à sua maneira. A meu ver a ideia principal que retive deste livro foi que a Igreja tem um forte papel na integração dos indivíduos imigrantes. No entanto, mantenho a questão problemática de se os indivíduos praticantes de uma religião têm a mesma facilidade de socialização para com indivíduos não crentes, não praticantes ou com indivíduos que não tenham as mesmas crenças. Sobre este ponto de vista, até que ponto a crença numa religião é ou não um factor divergente da socialização entre indivíduos com crenças diferentes?

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5. Conclusão Durante a realização deste trabalho, deparei-me com alguma dificuldade quanto à transparência de informação, pois, por vezes, tive de analisar se o que eu estava a utilizar era ou não, de certa forma, tendencioso, ou até mesmo falacioso. É importante ter a noção que sou de certa forma imparcial, quanto a este tema que escolhi, mas no entanto sobre o ponto de vista sociológico, foram surgindo algumas questões que eu próprio me sentida dentro delas. Este envolvimento ajudou-me quanto à dedicação na recolha bibliográfica e na procura de informação. Durante algum tempo realizei uma observação directa, participante, ao frequentar algumas reuniões.

Na minha opinião, acho que este tema é deveras importante para conseguirmos ultrapassar algumas mentalidades, das nossas sociedades actuais e julgo que deviam ser realizados mais trabalhos sobre a relação da crença religiosa com a integração e socialização dos indivíduos.

Com o estudo que realizei para conseguir elaborar este trabalho, posso dizer que tive de certa forma uma formação pessoal, na medida em que me surgiram aspectos novos, novas linhas de pensamento, e também certas barreiras que aprendi a ultrapassá-las.

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6. Referências bibliográficas Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (1990), Como Pode o Sangue Salvar a Sua Vida?. New York: Watchtower Bible and Tract Society Of Pennsylvania.

Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (1993), Testemunhas de Jeová. Proclamadores do Reino de Deus. New York: International Bible Students Association.

Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (2005), O Que A Bíblia Realmente Ensina?. New York: New York: Watchtower Bible and Tract Society Of Pennsylvania.

Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (2010), Jehovah´s witnesses. FAITH IN ACTION. Part 1: Out of Darkness. New York: Watchtower Bible and Tract Society Of Pennsylvania. (em DVD)

Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (s. d.), Web site oficial das Testemunhas de Jeová. Página consultada no dia 1 de Dezembro de 2010, disponível em <http://www.watchtower.org/t/index.html

Centro de Estudos Sociais (s. d.), “Sem título”. Página consultada a 16 de Dezembro de 2010, acedida em http://www.ces.uc.pt/oportunidades/documentos/Cv_Helena_Vilaca.pdf

Jornalesp (s.d.), “Sem título”. Página consultada a 1 de Dezembro de 2010, acedida em < http://jornalesp.com/wp-content/uploads/2009/04/jesus-cristo-2.jpg

Parkin, Frank (2000), Max Weber. Oeiras: Celta Editora, Lda.

Vilaça, Helena (2008), Imigração, Etnicidade e Religião. O papel das comunidades Religiosas na Integração dos Imigrantes da Europa do Leste. Lisboa: Alto-Comissariado Para a Imigração e Diálogo Intercultural

Anexo I

Página da Internet avaliada

Anexo II

Texto de suporte da ficha de

leitura

Anexo III

DVD “Jehovah´s Witnesses FAITH IN

ACTION. PART 1: OUT OF DARKNESS”

Anexo IV

DVD

Transfusion Alternatives - Documentary Series