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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL AVALIAÇÃO CRÍTICA DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE GESTÃO DE OBRAS NO RIO GRANDE DO SUL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Thamila Corrêa de Brum Santa Maria, RS, Brasil 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO CRÍTICA DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE GESTÃO DE OBRAS NO RIO GRANDE DO SUL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Thamila Corrêa de Brum

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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AVALIAÇÃO CRÍTICA DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE

GESTÃO DE OBRAS NO RIO GRANDE DO SUL

Thamila Corrêa de Brum

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria, como

requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil.

Orientador: Prof. Dr. Joaquim C. Pizzutti dos Santos

Co - orientadora: Profª Dra. Larissa Degliuomini Kirchhof

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

Curso de Engenharia Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

AVALIAÇÃO CRÍTICA DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE GESTÃO DE OBRAS NO RIO GRANDE DO SUL

Elaborado por Thamila Corrêa de Brum

como requisito parcial para obtenção de grau de Engenheira Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

Joaquim C. Pizzutti dos Santos, Dr. (Presidente/Orientador)

Alessandro Onofre Rigão, MSc. (UFSM)

Larissa Degliuomini Kirchhof, Dra. (UFSM)

Santa Maria, 09 de julho de 2015.

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AGRADECIMENTOS

Este pequeno espaço é dedicado a todas aquelas pessoas que de certa forma

contribuíram direta, ou indiretamente para que este trabalho fosse realizado. Nenhuma

história é feita só de protagonistas. Há sempre muita gente trabalhando conosco nos

bastidores das nossas vidas. Nada disso teria sido possível se não fosse pelo apoio,

carinho e confiança de pessoas muito queridas.

Dedico este trabalho aos meus pais, Antônio Carlos e Mary, e a meu irmão,

Stephan, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando e incentivando, e que são

também merecedores a todas as homenagens a serem aqui prestadas;

Obrigada a todos os professores pelos conhecimentos compartilhados, pelo

incentivo e por toda dedicação para com os alunos.

Ao meu namorado, por ser companheiro e aliviar as minhas angústias, tornando

a caminhada mais amena;

Meu muito obrigada à construtora analisada e em especial ao mestre de obras

pelo grande apoio dado, por não medir esforços para implementação do sistema

proposto e pela permissão dada para que fossem realizadas entrevistas com os

colaboradores.

Aos diversos engenheiros civis e colaboradores que responderam aos

questionários contribuindo com o desenvolvimento do trabalho e com a busca de

soluções para atrasos nas obras brasileiras e em especial a minha grande amiga a

Engenheira Civil Liege Kellermann pelo apoio incondicional.

Agradeço ao Professor Joaquim e a professora Larissa pela oportunidade,

incentivo e pelas valiosas contribuições para a realização deste trabalho.

Agradeço a Deus, na certeza de que, sem ele, nada disso seria possível.

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RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso

Curso de Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Maria

AVALIAÇÃO CRÍTICA DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE GESTÃO DE OBRAS NO RIO GRANDE DO SUL AUTORA: THAMILA CORRÊA DE BRUM

ORIENTADOR: PROF. DR. JOAQUIM C. PIZZUTTI DOS SANTOS CO-ORIENTADORA: PROF.ª DRA. LARISSA DEGLIUOMINI KIRCHHOF

Data e Local da defesa: Santa Maria, 09 de julho de 2015.

A perda de prazo estabelecida no início da obra compromete a viabilidade econômica, a

qualidade do empreendimento e traz prejuízos às partes envolvidas. Esse mercado está cada

vez mais competitivo e, com isso, as construtoras buscam estratégias para se destacar e

aumentar a produtividade, mantendo qualidade, custos e prazos estipulados. A investigação é

pertinente e, desta forma, o trabalho é justificado, tendo como objetivo investigar e avaliar os

motivos que levam ao não cumprimento dos prazos. O tema também é avaliado a partir de

Surveys Interseccionais. A nível estadual, através de aplicação de questionário em 28

construtoras; e aprofundado num segundo momento, através de entrevistas com colaboradores

da construtora X na cidade de Santa Maria, RS, o que permitiu melhor compreensão sobre o

tema, aproximando a teoria da prática e a investigação com o cotidiano da obra. Os atrasos

são divididos em dois grandes grupos: desculpáveis, que independem da vontade do

construtor, e não desculpáveis aqueles que podem ser evitados. Dos resultados obtidos,

destacaram-se as principais causas dos não cumprimentos dos prazos nas obras e a grande

maioria destes foram classificados como não desculpáveis. Um bom planejamento realizado

pelo profissional responsável, poderia se não acabar, mitigar estes atrasos. De forma a dar

mais credibilidade ao trabalho, os resultados obtidos são analisados e a solução proposta é

implantada no Residencial X, nesta cidade. Implantaram-se na obra, técnicas de planejamento,

conferindo às partes envolvidas uma ferramenta para tomar decisões de forma rápida e eficaz.

Palavras-Chave: Gestão de obra. Construção civil. Atrasos nas obras. Planejamento. Cronograma.

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ABSTRACT

Course Conclusion Work

Graduation Course of Civil Engeneering Federal University of Santa Maria

CRITICAL EVALUATION OF THE MAJOR CONSTRUCTION MANAGEMENT PROBLEMS IN RIO GRANDE DO SUL

AUTHOR: THAMILA CORRÊA DE BRUM ADVISER: DR. JOAQUIM C. PIZZUTTI DOS SANTOS

CO-ADVISER: DRA. LARISSA DEGLIUOMINI KIRCHHOF Date and Local of examination: Santa Maria, July, 09th, 2015.

The delay of the deadline established in the beginning of the construction compromises

the economic viability, the quality of the venture and brings losses to the stakeholders. This

market is ever more competitive and, therefore, construction companies pursue strategies to

stand out and increase productivity while keeping quality, costs and prescribed deadlines.The

research is pertinent and thus the work is justified, aiming to investigate and evaluate the

reasons why the failure to meet deadlines. The subject is also evaluated from Intersessional

Surveys. At the state level, by means of a questionnaire applied to 28 construction companies;

and deepened subsequently, by interviewing collaborators of X construction company in the city

of Santa Maria, which allowed better understanding about the topic, approaching theory and

practice and the investigation of the everyday work.The delays are divided into two major

groups: excusable, which are indepentend on the constructor will and the non-excusable delays,

that could be avoided.From the results, the main causes of non-compliance of the deadlines in

construction is highlighted and the majority of these were classified as non-excusable. Proper

planning carried out by civil engineer could, if not interrupt, mitigate these delays. In order to

give more credibility to the work, the results obtained are analyzed and proposed solutions are

implemented in Residential X in this city. Techniques for planning were implemented in the

construction, giving the stakeholders a tool to make quick and effective decisions.

Keywords: Construction Management. Construction. Construction delays. Planning.

Schedule.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Classificação dos atrasos...............................................................................14

Figura 2 - Atrasos mais frequentes no mundo................................................................19

Figura 3 - Localização do Residencial X........................................................................24

Figura 4 - Perspectiva da fachada do Residencial X......................................................25

Figura 5 - Planta humanizada dos apartamentos final 06 do Residencial X..................25

Figura 6 - Perspectiva da capela do empreendimento...................................................26

Figura 7 - Ilustração do jardim Zen do Residencial X.....................................................26

Figura 8 - Perspectiva da academia do Residencial X...................................................27

Figura 9 - Área de lazer do empreendimento, piscina....................................................27

Figura 10 - Perspectiva da sala de massagem do empreendimento.............................28

Figura 11 - Organograma da estrutura hierárquica da obra..........................................29

Figura 12 - Descrição das cidades onde foram realizadas as entrevistas.....................30

Figura 13 - Resultados obtidos sobre as 05 principais causas dos atrasos na obra......32

Figura 14 - Execução de verga moldada no local versus verga pré-moldada................35

Figura 15 - Diagrama com anos de experiência profissional..........................................36

Figura 16 - Condicionantes de atrasos da obra do Residencial X..................................37

Figura 17 - Responsáveis pelos atrasos........................................................................38

Figura 18 - Triângulo com as três variáveis envolvidas..................................................41

Figura 19 - Fluxograma com os princípios da metodologia do PMI...............................42

Figura 20 - Definição das atividades gerais no programa ANSYS.................................46

Figura 21 - Decomposição das atividades no programa ANSYS...................................47

Figura 22 - Cronograma da obra realizado no MS Project.............................................49

Figura 23 - Metas junho 2015.........................................................................................52

Figura 24 - Plano de metas do mês de junho no mural do vestiário..............................52

Figura 25 - Metas da semana e descrição das tarefas...................................................53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atrasos desculpáveis compensáveis x desculpáveis não compensáveis.....15

Tabela 2 - Principais causas de atrasos.........................................................................17

Tabela 3 - Principais atrasos observados no Residencial X1.........................................39

1 Não se identificou o nome do residencial por questões de sigilo da empresa.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PMI: Project Management Institute PPCI: Plano de Prevenção Contra Incêndio PMBOK: Project Management Base of Knowledment MDP: Método do Diagrama de Precedência

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................11 1.1. Justificativa ...................................................................................................... 13 1.2. Objetivos .......................................................................................................... 13 1.2.1. Objetivo geral ................................................................................................. 13 1.2.2. Objetivos específicos ...................................................................................... 13 1.3. Ordem de apresentação do trabalho ............................................................. 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 16 2.1. Conceitos gerais.............................................................................................. 16 2.1.1. Classificação dos atrasos............................................................................. 18 2.1.2. Causas dos atrasos........................................................................................ 21 2.1.3. Efeitos dos atrasos........................................................................................ 21

3. SURVEYS INTERSECCIONAIS.................................................................. 50 3.1. Survey interseccional em obras do Rio Grande Do Sul............................... 50 3.2. Survey interseccional na cidade de Santa Maria, RS................................... 50 3.3. Descrição geral da empresa e da obra escolhidas....................................... 50 3.4. Resultados obtidos.......................................................................................... 50

4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS..................................... 90

4.1. Survey interseccional em obras do Rio Grande do Sul............................... 50 4.2. Survey interseccional na cidade de Santa Maria, RS................................... 50 4.2.1. Identificação dos entrevistados............................................................. 4.2.2. Características das obras..................................................................... 4.2.3. Condicionantes dos atrasos das obras................................................ 4.3. Principais atrasos observados no residencial X.......................................... 50

5. TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO COMO SOLUÇÃO......................... 90

5.1. Conceitos gerais............................................................................................... 90 5.2. Soluções sugeridas.......................................................................................... 90

6. APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO ........................... 90

6.1. Considerações preliminares........................................................................... 90

7. CONCLUSÃO .................................................................................................. 90 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 92

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1. INTRODUÇÃO

Em todos os setores, as formas de atuação empresarial têm se modificado

bastante, pois nota-se uma redução de algumas margens de lucro das organizações e

clientes muito mais exigentes, aumentando, assim, a competitividade no setor.

As empresas, a fim de ganhar espaço no mercado de trabalho, buscam um

diferencial e investimentos em novas tecnologias. Percebe-se um aumento cada vez

maior da necessidade de se inovar e melhorar o sistema de produção.

Contudo, acompanhada desse crescimento, está a realidade de grande parte

das empresas brasileiras que apresentando grandes deficiências no sistema de gestão

dos seus intervenientes do processo de produção, tais como informações,

fornecedores e mão de obra, o que acarreta em atrasos da obra, cada vez mais

evidentes.

A falta de comprometimento com prazos determinados vem causando grandes

prejuízos e entregas incompletas.

Assim, a gestão de obra se torna um dos principais itens a serem estudados e

analisados na tentativa de mitigar esse problema na indústria da construção civil

brasileira.

Nesse contexto, nota-se a necessidade de novas ferramentas mais eficientes,

que possam ser aplicadas para o gerenciamento de obras, porém, devido ao caráter

único do produto desenvolvido pela construção civil, não é fácil adaptar uma solução

que seja eficaz na solução de todos os problemas que possam provocar atrasos.

Contudo, se de um modo preventivo, efetua-se uma identificação e

compreensão das causas, consequências e medidas de prevenção praticadas, poderá

ser possível fornecer ajudas e contribuições na minimização de atrasos e contribuir

para a melhoria da gestão e produtividade das empresas.

Sendo assim, apresenta-se neste trabalho o uso das ferramentas de

gerenciamento do tempo aplicado no planejamento de obras.

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1.1. Justificativa

O tema deste trabalho está vinculado a sua grande importância para o setor da

construção. A escolha se justifica já que seu estudo se faz essencial, auxiliando as

empresas para que consigam alcançar dois dos seus objetivos principais: a satisfação

do cliente e o retorno financeiro, de forma a conduzir as organizações a níveis mais

altos de competitividade.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo geral

Identificação e avaliação geral dos motivos que levam ao não cumprimento de

prazos na construção civil e proposta de aplicação de técnicas de planejamento.

1.2.2. Objetivos específicos

Avaliação do tema a partir de Survey Interseccional com Engenheiros

Civis, em nível de Rio Grande do Sul, a partir de aplicação de questionários, em

vinte e oito construtoras;

Survey Interseccional a partir de entrevistas com colaboradores de

construtora da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul;

Implantação de nova técnica de planejamento em uma construtora da

cidade de Santa Maria, RS, apresentando seus principais benefícios e

contribuições.

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1.3. Ordem de apresentação do trabalho

O presente trabalho apresenta-se na seguinte sequência:

Introdução: traz de forma sucinta o panorama sobre o qual o trabalho está

inserido, a justificativa e os objetivos do trabalho, bem como sua organização;

Revisão Bibliográfica: apresenta o conteúdo revisado de literaturas técnicas

que tratam de diversos conceitos acerca dos atrasos de obras, tais como sua

classificação, causas e efeitos;

Survey Interseccional: explica a forma como foram realizadas as aplicações

dos questionários utilizados na formação do conhecimento sobre o tema,

baseado na experiência profissional dos entrevistados a nível estadual, com

engenheiros civis; e a nível municipal, com colaboradores da construtora X;

Discussão e análise dos resultados: traz os problemas apontados nas

respostas dos questionários, a nível estadual e municipal, e mostra os principais

atrasos observados no Residencial X;

Técnicas de planejamento como solução: discute especificamente soluções

através do planejamento, e aplica na obra do Residencial X, em Santa Maria,

RS;

Conclusão: em posse das entrevistas e após aplicar as soluções de

planejamento no Survey Interseccional, apresentam-se as conclusões do

trabalho;

Referências Bibliográficas: fornece toda a bibliografia utilizada na pesquisa

para a realização deste trabalho.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

É fundamental que se tenha um grande planejamento e controle da produção,

para aumento da confiabilidade em obra, auxiliando para que a entrega da obra seja

bem-sucedida. Assim, torna-se possível alcançar os objetivos iniciais associados a uma

boa gestão da construção.

Carr (1993) observa diferenças entre o tempo estimado no cronograma da obra

e o tempo real levado para exercer determinada atividade, e o desempenho do projeto

referente ao processo produtivo da obra.

Segundo Cardoso (2001), o atraso de um projeto de construção é quase sempre

acompanhado por um aumento de custos. Ressalta-se que os custos de uma obra são

inicialmente estimados, tendo em conta o objetivo de se obter lucro.

Nota-se que, associado ao prejuízo com a demora da entrega da obra, também

se tem um período de trabalho superior ao previsto inicialmente ou o aumento do seu

custo associado à utilização de mais mão de obra e/ou equipamentos. Em função

disso, na tentativa de uma recuperação desses atrasos, o produto acaba sendo

prejudicado, na maioria das vezes, na sua qualidade final. Na visão do empreiteiro,

ainda pode haver o prejuízo no sentido de não se obter lucro na obra e ainda perder

oportunidade de executar novos projetos em função da descapitalização.

Visto isso, fica evidente que as empresas não desejam esses efeitos em seu

empreendimento. Prova disso, é que a aprovação ou reprovação do empreendimento,

que ocorre na fase de viabilidade do projeto, depende muito da margem de lucro

estimada nesta fase.

Segundo Stevens (2002), pode-se definir o sucesso em um empreendimento na

área da construção civil, como aquele que atinge sua meta e consegue atingir seus

objetivos definidos na fase de planejamento. É fundamental que a obra seja realizada

dentro do custo e do prazo definidos com o cliente, garantindo segurança e qualidade.

Neste primeiro capítulo, recolheu-se uma série de informações para que através

delas se pudesse desenvolver este trabalho, a fim de compreender melhor as

implicações dos fatores provenientes dos atrasos.

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2.1. Conceitos gerais

2.1.1. Classificação dos atrasos

Pela grande abrangência do tema atrasos, torna-se interessante que se discuta

sobre as suas diferentes classificações. Kraiem e Dieckmann’s (1988), por exemplo, as

classifica como “desculpáveis e não desculpáveis, compensáveis e não

compensáveis”. Neste trabalho adota-se a classificação atualizada por Trauner (1990),

que acrescenta a essa subdivisão as categorias: "concorrentes e não concorrentes e

atrasos críticos e não críticos", conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 - Classificação dos atrasos

I. Atrasos desculpáveis

Segundo Diecckmann’s (1988), pode-se considerar um atraso desculpável,

quando esse independe do controle do construtor, como exemplo, alterações nos

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projetos, condições climáticas bastante adversas, incêndios, situações inesperadas no

local da obra, cheias provocando a interrupção da entrega do material.

Cardoso (2010) classifica ainda os atrasos desculpáveis em: desculpáveis

compensáveis e desculpáveis não compensáveis. A definição de um atraso

compensável é bastante clara, trata-se daquele atraso que dará direito ao empreiteiro

de prorrogar o prazo e/ou terá auxílio financeiro para que seja compensado o atraso.

Apresenta-se, a reprodução da tabela resumo apresentada por ele.

Tabela 1 - Atrasos desculpáveis compensáveis x desculpáveis não compensáveis

ATRASOS

DESCULPÁVEIS COMPENSÁVEIS DESCULPÁVEIS NÃO

COMPENSÁVEIS

Falhas no financiamento;

Ordens tardias do dono da obra;

Atrasos na disponibilização do

terreno;

Interferência nos trabalhos pelo

dono da obra.

Epidemias;

Vandalismo;

Catástrofes naturais;

Condições atmosféricas;

Greves

Fonte: Adaptado do autor Cardoso (2010)

II. Atrasos não desculpáveis

Ao contrário dos atrasos desculpáveis, segundo Cardoso (2010), esses eventos

são previsíveis, e deveriam estar dentro do controle do empreiteiro. São exemplos

dessa modalidade: entregas atrasadas por parte do fornecedor; escassez de materiais;

mão de obra desqualificada; baixo desempenho de um subempreiteiro; assim como

problemas nos equipamentos.

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III. Atraso concorrente x não concorrente

A divisão entre atraso concorrente e não concorrente define-se pela

simultaneidade de atividades com atrasos em que, individualmente, cada atividade vai

afetar ou não afetar a data de conclusão da obra.

IV. Atraso crítico / não crítico

Existem atrasos em determinadas partes da obra que afetam todo o restante da

construção, são os chamados atrasos críticos. Existem outros que não irão influenciar a

conclusão do empreendimento, sendo classificados como não críticos. Por exemplo, o

atraso na concretagem de uma laje interfere diretamente no restante da obra, pois dela

depende a desforma, concretagem da próxima laje, início da alvenaria e assim por

diante, influenciando diretamente no cronograma e no prazo da obra, enquanto existem

outros atrasos que não afetarão no restante da obra, permitindo alterações entre suas

datas de início e fim, sem afetar o prazo final da obra.

2.1.2. Causas dos atrasos

Cardoso (2010) indica as principais causas dos atrasos nas obras em diferentes

países. São elas: atrasos relacionados com os materiais; atrasos relacionados com a

mão de obra; atrasos relacionados com a fiscalização; atrasos relacionados com o

contrato; atrasos relacionados com os empreiteiros; atrasos relacionados com os donos

de obras; atrasos relacionados com o projeto; atrasos relacionados com os

equipamentos; atrasos relacionados com fatores externos.

A tabela 2 a seguir, relaciona as causas mais comuns nos seguintes países

analisados pelo autor supramencionado: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos,

Gana, Hong Kong, Indonésia, Jordânia, Malásia, Nigéria, Tailândia, Portugal, Turquia,

Vietnã e Zâmbia.

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Tabela 2 - Principais causas de atrasos

(continua)

Ará

bia

Sa

ud

ita

Em

ira

do

s Á

rab

es U

nid

os

Ga

na

Ho

ng

Ko

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Ind

on

és

ia

Jo

rdâ

nia

Ma

lás

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Nig

éri

a

Po

rtu

ga

l

Ta

ilâ

nd

ia

Tu

rqu

ia

Vie

tnã

mb

ia

Alterações de

ordens e

suspensão dos

trabalhos por

ordem do dono

da obra

x x

x

x x x

x

x

Planejamento e

controle

inadequados

x

x

x x

x

x

x x

x

x

x

Inexperiência do

empreiteiro

x

Falta de

comunicação

entre as equipes

de trabalho

x x

x x

Baixa

produtividades

x

x

x

x

x

x x

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(conclusão)

Ará

bia

Sa

ud

ita

Em

ira

do

s Á

rab

es U

nid

os

Ga

na

Ho

ng

Ko

ng

Ind

on

és

ia

Jo

rdâ

nia

Ma

lás

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Nig

éri

a

Po

rtu

ga

l

Ta

ilâ

nd

ia

Tu

rqu

ia

Vie

tnã

mb

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Problemas

financeiros x x x

x

x x

x

x

Problemas com

os

subempreiteiros

x x x

Escassez de

mão de obra

x

x x

x

x x

Falta de

materiais

x

x

x

x

x

x x

x x

Atraso na

entrega de

materiais

x

x x

x

Equipamentos

com problema

x x

Tecnologia

ultrapassada

x

Questões

burocráticas

x x

Condições

climáticas

x x

x x

Fonte: Cardoso (2010, p. 63)

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Ilustram-se então, na Figura 2, os atrasos que aparecem no maior número de

países analisados por Cardoso (2010):

Figura 2 - Atrasos mais frequentes no mundo Fonte: Cardoso (2010, p. 78)

Conforme observa-se pelo gráfico, fica claro que a grande maioria dos atrasos

foram classificados como não desculpáveis, sendo que um bom planejamento realizado

pelo engenheiro civil poderia se não acabar, mitigar esses atrasos.

2.1.3. Efeitos dos atrasos

O efeito do atraso depende muito do tipo de obra, pois o impacto gerado pelo

atraso, nem sempre será diretamente proporcional a sua duração. Segundo Williams

(2003), existem obras que só podem ser executadas em intervalos restritos de tempo,

citando, como exemplo, estações do ano, e um atraso por menor que seja, pode

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acarretar que a conclusão da obra só ocorra, um ano após o previsto, gerando grandes

prejuízos.

O atraso no cronograma traz problemas a todos os envolvidos no processo,

sejam eles donos de obras, construtores, trabalhadores ou compradores.

Os empreiteiros saem prejudicados, na maioria das vezes, por este aumento nos

custos, uma vez que o atraso provoca aumento da jornada de trabalho ou acréscimo no

prazo final da obra, ou ainda colocação de mais mão de obra ou maquinários, na

tentativa de recuperar o prazo. Acarretando em alguns casos, até empate na parte do

capital, além de perder possíveis oportunidades de trabalho em novos projetos, por ter

se descapitalizado e não ter capital para investir.

Os donos de obras perdem, pois deixam de gerar receitas com vendas, aluguéis

de espaços e, em alguns casos, prejuízos econômicos com compensações ao

construtor.

O comprador do imóvel sai prejudicado muitas vezes por contar com o prazo

para sair do aluguel e ir morar no apartamento próprio. Ou seja, por não poder usar a

instalação no período previsto e muitas vezes por ter prejuízos na qualidade final da

obra.

Conclui-se que os principais efeitos dos atrasos na obra, segundo Trauner

(1990), são: redução da margem de lucro; aumento total do custo da obra;

complexidade no processo de gestão; aumento do custo relacionado ao equipamento e

material; necessidade de mais trabalho; problemas no orçamento.

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3. SURVEYS INTERSECCIONAIS

Denomina-se Surveys Interseccionais, segundo Babbie (1999) os dados que são

coletados em uma amostra do público de interesse, num determinado momento, cujas

informações são válidas para descrever uma população maior.

Realizaram-se duas Surveys Interseccionais buscando implementar ferramentas

de gestão para melhoria e diminuição dos atrasos das obras. A primeira em nível de

Rio Grande do Sul, aplicando questionários a vinte e oito construtoras do estado,

atentando-se para a experiência de engenheiros civis, a fim de descobrir, quais são as

principais causas dos atrasos mais frequentes. Buscando também, entender como as

empresas estão lidando com essa realidade.

No segundo momento, o estudo voltou-se para a cidade de Santa Maria, Rio

Grande do Sul, onde escolheu-se uma construtora específica para que o trabalho fosse

realizado. Então, entrevistou-se colaboradores da empresa em questão, a fim de contar

com suas experiências e relatos profissionais acerca dos principais atrasos nas obras.

O grande diferencial entre as duas Surveys foram: nível de abrangência, sendo

uma a nível estadual e a outra, municipal; e grau de instrução dos entrevistados, visto

que a primeira entrevistou engenheiros civis, e a segunda, colaboradores da obra.

3.1. Survey interseccional em obras do Rio Grande do Sul

Nesta etapa do estudo, entrevistou-se profissionais do ramo da construção civil,

que atuam em diversas partes do estado. Realizou-se o estudo, através da elaboração

de um questionário com perguntas dirigidas a estes profissionais. O modelo de

questionário foi retirado do livro Cardoso (2005), e encontra-se no anexo A deste

trabalho. Em virtude de muitos entrevistados não autorizarem a divulgação de sua

entrevista, concordando apenas em contribuir com a análise geral dos resultados, no

Anexo A, divulga-se apenas as entrevistas as quais a publicação foi autorizada, porém,

a análise dos resultados referida no capítulo 4, condiz com as vinte e oito entrevistas

realizadas.

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Organizou-se as perguntas em quatro partes, sendo elas: características das

obras que atua; causas dos atrasos mais frequentes; análise de falhas no setor de

projeto e planejamento; e problemas com mão de obra e gerenciamento.

Os critérios para a escolha pelo modelo elaborado por Cardoso (2005) foram

pelo fato de a entrevista ser de curta duração, fazendo com que os entrevistados não

se cansassem respondendo. A estratégia organizada pelo autor, fez com que o

entrevistado respondesse primeiro as perguntas mais simples, a fim de que este fosse

se ambientando, e só depois disso, passando para as perguntas mais específicas,

contribuindo com a confiabilidade das respostas.

Os resultados obtidos encontram-se no capítulo 4, item 4.1.

3.2. Survey interseccional na cidade de Santa Maria, RS

Para que fosse possível entender melhor e esclarecer bem o tema abordado no

trabalho, buscou-se aprofundar no tema, selecionando uma construtora da cidade de

Santa Maria, com o objetivo de realizar entrevistas com os colaboradores com base

nas suas experiências e opiniões pessoais, uma vez que são fundamentais para a

correta percepção dos fatores de influência na construção.

As perguntas realizadas para os colaboradores da construtora se encontram no

anexo B deste trabalho.

Foram realizadas reuniões às segundas-feiras, com os colaboradores, sobre as

principais causas dos atrasos, a fim de avaliar os procedimentos que são aplicados na

empresa hoje, através da sua importância, para na sequência aplicar melhorias.

Como objetivos do questionário, buscou-se:

Através dos colaboradores, analisar as necessidades da construtora;

Obter a informação de uma forma válida, espontânea e segura, para isso as

entrevistas foram feitas “face-to-face”, para que não houvesse a possibilidade de

pedir ajuda para terceiros para responder as perguntas;

Atentar para que o colaborador não tente colocar a empresa ou seu próprio

cargo numa situação mais favorável, fugindo da realidade;

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Não apresentar perguntas em que fosse mais fácil concordar com a afirmação,

do que responder de forma verdadeira.

O questionário está organizado em cinco partes distintas:

1a parte: Identificação do colaborador: informações como o cargo desempenhado e

tempo na empresa.

2a parte: Características da obra: área de trabalho e prazos contratuais.

3a parte: Foi realizada uma avaliação das causas que dão origem aos atrasos,

verificando a frequência de ocorrência e seu grau de influência no restante da obra.

Para facilitar a interpretação final do questionário, os atrasos foram divididos em 9

grupos, são eles: contrato; projeto; cliente; fiscalização; construtor; mão de obra e

equipamentos; material; segurança e outros causas.

4a parte: Consequência dos atrasos: Na opinião dos colaboradores, como o atraso de

uma atividade irá repercutir no restante.

5a parte: Medidas para compensar os atrasos: De que forma, na visão do colaborador,

poderiam ser compensados os atrasos. Possibilitou-se também, que eles sugerissem

melhorias no sistema de organização implementado.

Desta forma, foi proposto para a empresa Construtora X, a participação na

pesquisa do presente trabalho, o que foi aceito por sua diretoria, com ressalva da

publicação das respostas, autorizando tão somente o resultado colhido nas entrevistas,

conforme, se visualiza no Capítulo 04, item 4.2.

3.3. Descrição geral da empresa e da obra escolhidas

A Construtora X atua no ramo da construção civil em Santa Maria há 20 anos,

possuindo foco em edifícios residenciais de 01 ou 02 dormitórios, para estudantes,

idosos ou famílias pequenas. Uma empresa que trabalha com coerência entre suas

práticas construtivas e os valores que destacam sua presença no mercado. A

incorporadora acredita na qualidade das construções de bens duráveis entregues no

prazo e com materiais adequados.

Preza pela integridade, das relações comerciais e humanas estabelecidas e trata

com seriedade a construção de cada imóvel, desprendendo a mesma atenção,

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independentemente do valor ou padrão. Uma empresa que acredita na inovação e na

solução de problemas para o desenvolvimento de projetos dinâmicos.

O empreendimento escolhido, é uma edificação multifamiliar, está localizado na

Rua José Bonifácio 2551, bairro Centro, na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul.

A área hachurada na Figura 3 indica a localização do Residencial X.

Figura 3 - Localização do Residencial X Fonte: Google Earth

A obra conta com 150 apartamentos, 03 lojas, 13 andares, 03 subsolos, capela,

piscina, salão de festas, sala de massagens, espaço zen e academia. As Figuras 4 e 5

ilustram, respectivamente, a fachada principal e a planta humanizada dos

apartamentos com final 06 do Residencial X.

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Figura 4 - Perspectiva da fachada do residencial X Fonte: Construtora X

Figura 5 - Planta humanizada dos apartamentos final 06 do Residencial X Fonte: Construtora X

As Figuras 6 e 7 ilustram, respectivamente, a perspectiva da capela do empreendimento e o jardim zen do Residencial X.

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Figura 6 - Perspectiva da capela do empreendimento Fonte: Construtora X

Figura 7 - Ilustração do jardim Zen do Residencial X

Fonte: Construtora X

As Figuras 8 e 9 ilustram, respectivamente, a perspectiva da academia e a área

de lazer com piscina do empreendimento.

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Figura 8 - Perspectiva da academia do Residencial X Fonte: Construtora X

Figura 9 - Área de lazer do empreendimento, piscina

Fonte: Construtora X

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A Figura 10 ilustra a perspectiva da sala de massagem do empreendimento.

Figura 10 - Perspectiva da sala de massagem do empreendimento

Fonte: Construtora X

O prazo previsto no contrato para a entrega da obra aos compradores foi de

vinte e dois meses (22 meses).

Tendo em vista que o projeto da edificação aproveitou o máximo legal de

utilização do terreno, permitido pela prefeitura Municipal de Santa Maria, foi necessária,

a divisão da execução em 02 partes, direita (bloco da frente, apartamentos de 02

dormitórios) e esquerda (bloco dos fundos, apartamentos de 01 dormitório). Esta foi a

única alternativa encontrada pela direção da obra para que fosse possível ter espaço

para implantar o canteiro de obras, armazenar os materiais e equipamentos

necessários e permitir o acesso de caminhões. Essa escolha foi vantajosa para o

aumento de produtividade e rapidez no acesso dos materiais.

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A estrutura organizacional da obra, encontra-se descrita na Figura 11 a seguir:

Figura 11 - Organograma da estrutura hierárquica da obra

Além desses colaboradores descritos, a obra conta com um engenheiro

responsável pela execução do projeto. Conta também com uma arquiteta que trata das

alterações do projeto, a fim de agilizar o processo, e uma engenheira civil, que ajuda no

controle do andamento da obra. Ambas trabalham 20 horas por semana. Toda a obra

está sendo executada em regime de trabalho em horário normal de oito horas diárias e

cinco dias semanais.

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4. RESULTADOS OBTIDOS

4.1. Survey interseccional em obras do Rio Grande do Sul

Realizaram-se no total, vinte e oito entrevistas em diversas partes do estado do

Rio Grande do Sul, conforme demonstrado na Figura 12. Foram selecionadas cinco

destas entrevistas, a fim de ilustrar o trabalho, e encontram-se no Anexo A. Vale

ressaltar que para a análise dos resultados obtidos, levou-se em conta as vinte e oito

entrevistas realizadas.

Figura 12 - Descrição das cidades onde foram realizadas as entrevistas

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Na primeira etapa da entrevista, quando questionados sobre o tipo de

empreitada, observou-se que dos 28 entrevistados, 22 apresentam mão de obra mista,

enquanto que apenas 02 afirmaram por administração e 04 com mão de obra própria.

Na segunda fase da entrevista, os fatores apontados pelos profissionais quanto

aos descumprimentos de prazos, as principais razões identificadas foram:

Definição equivocada das sequências das atividades;

Falta de materiais na obra ou atraso da entrega dos mesmos: falta material na

obra por erros no setor de compra ou por atraso na entrega dos mesmos;

Cronograma mal dimensionado: muitas vezes são desconsiderados

imprevistos ou mesmo fatores que são previsíveis, como o período das chuvas;

Retrabalhos: ocorrem quando as sequências das atividades não foram

definidas corretamente, quando o material empregado não é o mais adequado, quando

a atividade foi mal executada, entre outros;

Falta de foco nas atividades prioritárias do momento ou até mesmo dificuldade

de identifica-las: atividades que poderiam ser postergadas (não afetam prazo final do

cronograma) são executadas em detrimento da execução de atividades prioritárias, que

afetam o prazo final do cronograma;

Necessidade de se executar atividades não previstas previamente no

cronograma: falhas na identificação de todas as atividades necessárias para a

execução do projeto;

Falta de mão-de-obra especializada;

Utilização de equipamentos inadequados ou falta de equipamentos

adequados;

Dificuldade de interação entre as diferentes frentes de trabalho: a obra é

executada por diversas equipes de trabalho especializadas e, geralmente, as

atividades de uma equipe são afetas pelas atividades de outras;

Projetos arquitetônicos incompletos: as obras são iniciadas sem todos os

projetos finalizados ou quando finalizados, os projetos estão mal detalhados;

Problemas de adequação as normas de segurança do trabalho: os serviços

são paralisados pelos fiscais de segurança da empresa ou governo porque as normas

de segurança do trabalho não estão sendo cumpridas pelos trabalhadores;

Fundações: muitas vezes se encontra algo inesperado nesta etapa, como

dutos, aterros, lençóis freáticos, entre outros;

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Alterações de projeto em pleno andamento da obra: o projeto é alterado no

meio da obra, adicionando atividades ao cronograma;

Canteiro de obra mal planejado: a disposição do canteiro é mal planejada,

ocasionando a perda de materiais, maior tempo para chegada de materiais às estações

de serviço, entre outros.

Então, a fim de sintetizar o estudo, selecionou-se os cinco itens mais frequentes

nas entrevistas apontados pelos engenheiros civis, como as principais causas dos

atrasos nas obras, os quais estão representados, por porcentagem na Figura 13:

0 5 10 15 20 25 30

Condição climática

Mão de obra

Fornecedores de materiais

Projeto

Fiscalização

CAUSAS DOS ATRASOS NAS OBRAS

Figura 13 - Resultados obtidos sobre as 05 principais causas dos atrasos nas obras

Percebe-se na Figura 13, que os maiores motivos de atrasos são as condições

climáticas, seguido do não cumprimento de prazo pelos fornecedores de materiais,

mão de obra variável e desqualificada, alterações no projeto pelos projetistas devido às

incompatibilidades e fiscalização dos ministérios, apontando falta de segurança na obra

ou outros fatores.

% % % % % % %

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Ainda na Figura 13, fica claro que a grande maioria dos atrasos foram

classificados como não desculpáveis, sendo que um bom planejamento realizado pelo

engenheiro civil poderia se não acabar, mitigar esses atrasos.

Ressalta-se que deve-se ter cuidado com o resultado da pesquisa, uma vez que

pode ter sido favorável ao empreiteiro, por ser constituída por subordinados dos

empreiteiros e direção da obra.

Com relação ao grau de influência medido por cada engenheiro, através de suas

experiências, não foi possível chegar a uma conclusão, pois se visualizou uma falha no

questionário, visto que as respostas apresentadas eram muito vagas. Isso deveu-se ao

questionário não possuir delimitação nas respostas, deixando vagas as assertivas dos

engenheiros. Percebeu-se que teria sido interessante realizar um pré-teste para

identificação de falhas e ajustes na elaboração do questionário. Assim, no Survey

Interseccional na cidade de Santa Maria com os colaboradores, este erro foi corrigido,

propondo aos entrevistados que pontuassem de 01 a 04, quanto à frequência de

ocorrência e quanto ao seu grau de influência no atraso global da empreitada, sendo

01 nada frequente ou nada influente e 04 muito frequente ou muito influente.

Apesar dessas observações, acredita-se que estes fatos não prejudicaram a

confiabilidade e credibilidade do resultado obtido.

A pesquisa apontou que “deficiências nos projetos” está entre os cinco itens

mais relevantes ocasionadores de atrasos. Isso ocorre, pois muitas vezes o projeto de

um edifício é visto como um custo antes da obra iniciar, visto como despesa que

deverá ser reduzida ao máximo, já que o recurso financeiro para execução da obra, só

é disponibilizado quando o projeto for aprovado pela prefeitura. Enquanto que a

interpretação deveria ser contrária, deve-se ver o projeto como um investimento e

dedicar mais tempo a sua elaboração.

Conforme Melhado e Violani (1992), o projeto na maioria das vezes, é pouco

aprofundado, e seu conteúdo cumprindo apenas as exigências legais, tornando-o,

meramente indicativo, passando muitas das decisões para serem tomadas na obra.

Segundo Melhado e Violani (1992), na fase de projeto o adiamento ou até

mesmo a falta de tomada de decisões, acarreta numa quantidade enorme de retrabalho

e erros para os colaboradores, gerando um grande desperdício e refletindo na

qualidade da construção a ser entregue.

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Além disso, segundo Otávio (2004), tem-se problemas na compatibilidade.

Muitas vezes, o que acontece é a união de vários profissionais desenvolvendo projetos

de diferentes especialidades, (arquitetônico, instalações, PPCI e estruturas) ao mesmo

tempo e em locais diferentes, ocorrendo que só na hora de iniciar a execução esses

projetos são reunidos, gerando incompatibilidades, prejudicando a qualidade da obra,

causando prejuízo material e de produtividade.

Nas entrevistas, pode-se perceber que a maioria afirma que é comum receber

projetos incompatíveis, entre projetos arquitetônicos e estruturais ou estruturais e

instalações. Outro problema detectado é que os projetos não são bem detalhados para

poderem ser executados. Foram citados problemas em projetos arquitetônicos sem

previsão de shafts, não especificação do fechamento da área de manutenção (local

material e cotas).

Conclui-se que para evitar esses tipos de problemas com projetos, devemos

dedicar mais tempo aos mesmos, para que possam ser mais bem desenvolvidos e com

compatibilização entre os diferentes profissionais. Esse processo evitaria paradas em

obra, improvisação ou soluções equivocadas, prevenindo-se de retrabalhos.

Outro item levantado nos questionários foi a falta de mão de obra qualificada.

Nas entrevistas, 75% dos engenheiros apontaram a dificuldade em contratar

empregados aptos a trabalhar em obras como um dos cinco maiores responsáveis.

Com a escassez de mão de obra, tem-se como impacto a elevação dos custos

de execução do empreendimento, pois para que se tenha um bom profissional, as

construtoras acabam pagando até 50% acima do piso que a categoria determina.

Como consequência, também se observa a racionalização de algumas etapas da

construção, por exemplo, elementos pré-moldados de concreto e estruturas metálicas

para fazer a cobertura, reduzindo o número de colaboradores necessários na obra.

Na Figura 14, exemplifica-se uma racionalização de etapa da obra como

alternativa a redução da dependência de um grande número de funcionários, e da

redução do tempo de execução, visto que o próprio assentador pode posicionar a verga

pré-moldada na alvenaria, ao invés de pelo processo tradicional, interromper suas

atividades para aguardar a outra equipe montar a fôrma, posicionar a ferragem,

concretar e curar o concreto. Assim ganha-se tempo, garante-se qualidade e diminui-se

o número de mão de obra necessária, reduzindo também os atrasos.

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Figura 14 - Execução de verga moldada no local versus verga pré-moldada

Fonte: Isatto et al. (2000)

Observou-se que diminuir o número de trabalhadores e otimizar o tempo para a

execução da obra é o que a maioria dos engenheiros responsáveis entrevistados

deseja.

4.2. Survey interseccional na cidade de Santa Maria, RS

4.2.1. Identificação dos entrevistados

Conclui-se que a grande maioria dos colaboradores apresenta até 10 anos de

experiência profissional, sendo 27% apresentando até 05 anos de experiência, além de

um quadro de funcionários bastante novo relativo à obra que será apresentada no item

4.2.2, como demonstrado na Figura 15.

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0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 a 5 6 a 10 11 a 15 16 a 20 > 20

ANOS DE EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL COLABORADORES RESIDENCIAL SÃO PIO

Figura 15 - Diagrama com anos de experiência profissional: porcentagem x anos de serviço

4.2.2. Características das obras

A Construtora X é especializada na área de habitação multifamiliar, com clientes

do setor privado. A realização das obras independe da época do ano e as obras

acontecem durante o ano inteiro. As obras da empresa possuem duração média de 02

anos e concentram-se na cidade de Santa Maria, RS, Brasil, em meio urbano, ou seja,

junto de concentrações de população, com foco na região central da cidade.

4.2.3. Condicionantes dos atrasos das obras

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Figura 16 - Condicionantes de atrasos da obra do Residencial X

Percebe-se através da Figura 16, que o maior motivo de atraso é o não

cumprimento de prazo pelos fornecedores de materiais, seguido das condições

climáticas adversas e alterações no projeto pelos projetistas devido à

incompatibilidade.

Ainda na Figura 16, fica claro que a grande maioria dos atrasos foi classificada

como não desculpáveis, sendo que um bom planejamento realizado pelo engenheiro

civil poderia se não acabar, mitigar estes atrasos. A Figura 17 apresenta os principais

responsáveis pelos atrasos.

% % % % % % %

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Figura 17 - Responsáveis pelos atrasos

Conclui-se da Figura 17, que os maiores responsáveis pelos atrasos são os

fornecedores de materiais, seguidos do projetista, atrasos de subempreiteiros (mão de

obra terceirizada), e escassez de mão de obra e equipamentos.

Ressalta-se que deve-se ter cuidado com o resultado da pesquisa, visto que

pode ter sido favorável ao empreiteiro, por ser constituída por subordinados dos

empreiteiros e direção da obra. Apesar desta observação, acredita-se que isto não

prejudicou a confiabilidade e credibilidade do resultado das entrevistas.

Ficou constatado que a realização de inquéritos mostrou-se ser uma boa

ferramenta na obtenção de dados que permitiram quantificar a frequência de ocorrência

e grau de influência dos fatores intervenientes na obra que mais influenciam a data de

conclusão das obras, bem como o caso para eventuais atrasos.

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4.3. Principais atrasos observados no Residencial X

Acompanhou-se a obra de março a junho de 2015 e notou-se o aparecimento de

atrasos causados por diversos fatores. A tabela a seguir, demonstra os principais

atrasos, suas consequências e medidas tomadas para compensá-lo.

Tabela 3 - Principais atrasos observados no Residencial X

TIPO CAUSA EFEITO MEDIDA

CLIMA Chuva Atraso na

concretagem Trabalho extra no sábado

EQUIPAMENTOS Falta de

fôrma

Atraso na

concretagem dos

pilares

Reunião com o diretor da empresa

solicitando um novo conjunto de

fôrmas metálicas e execução

provisória de fôrmas de madeira.

PROJETO

Falta de

diálogo

entre os

projetistas

Demora na

tomada de

decisões e

alternativas

construtivas

Contratação de arquiteta fixa na obra

para resolver e alterar o projeto

fazendo ajustes necessários e troca

de arquiteto na próxima obra.

MATERIAIS

Atraso na

entrega

da

ferragem

Fabricante devido

a acidente de

trabalho e troca

de pessoal,

fazendo o corte e

dobra em outra

cidade, não mais

em Santa Maria.

Reunião com diretor da obra e

decisão de compra de máquinas

para que o corte e dobra fosse

realizado na própria obra.

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5. TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO COMO SOLUÇÃO

5.1. Conceitos gerais

Segundo o Project Management Institute (PMI, 2004), é essencial no processo

de gestão, conseguir fazer a integração do âmbito do empreendimento com prazos e

custos determinados no contrato, relacionando as seguintes variáveis envolvidas:

tempo, custo e âmbito, conforme Figura 18.

Figura 18 - Triângulo com as três variáveis envolvidas

Ainda seguindo as diretrizes de PMI (2008), os prazos e custos devem estar

integrados de forma que o empreendimento a ser conduzido esteja planejado de forma

sistemática e organizada. A metodologia é fundamentada nos princípios

esquematizados na Figura 19.

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Figura 19 - Fluxograma com os princípios da metodologia do PMI

5.2 Soluções sugeridas

Apresenta-se neste item possíveis soluções para os fatores mais relevantes

relatados nas entrevistas, referentes aos problemas de atraso, qualidade e custos na

construção civil. Com o objetivo de melhorar a didática, as soluções foram separadas

de acordo com cada processo ou etapa do gerenciamento do tempo do projeto.

De uma maneira geral, conforme sugerido pelo Project Management Base of

Knowledment (PMBOK) (PMI, 2008), as definições equivocadas das sequências das

atividades, a dificuldade de interação entre as diferentes frentes de trabalho,

retrabalhos e o tempo ocioso de mão-de-obra, por falta de frente de trabalho, podem

ser evitados pela determinação das dependências e as aplicações de antecipações e

esperas. A determinação das dependências irá definir quais atividades dependem

obrigatoriamente uma da outra, evitando o erro na sequência de execução das

atividades e, consequentemente, o retrabalho, pois nenhuma atividade seria iniciada

quando o término de sua predecessora fosse obrigatório. A dificuldade de interação

entre as diferentes frentes de trabalho também poderia ser prevenida à medida que se

estabelecesse que nas transferências entre frentes de trabalho, além de se respeitar os

términos das atividades, as mesmas deveriam ocorrer somente quando todas as

entregas tenham sido executadas. Quanto ao tempo ocioso de mão-de-obra por falta

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42

de frente de trabalho, poderia se prever antecipações e esperas no cronograma com o

objetivo de acelerar uma atividade sucessora ou retardá-la e minimizar ao máximo as

perdas.

A maioria dos fatores apontados como problema nas entrevistas está

relacionada ao processo do gerenciamento do tempo. Com o objetivo de tornar a etapa

mais clara, o tópico foi dividido, em quatro etapas, conforme MAFFEI (2007).

Calendário de recursos: Informa quais os recursos estão disponíveis durante o período

das atividades e por quanto tempo, poderia evitar o tempo ocioso de equipamentos,

máquinas e mão-de-obra, além da falta de materiais e equipamentos por falhas na

aquisição ou até atrasos de entregas.

Dados publicados: Por meio dessas publicações oficiais de índices de produção,

poderia se evitar ou minimizar os retrabalhos, a opinião especializada ajuda na

estimativa dos recursos a partir do momento em que define a qualidade mínima dos

recursos (diminui retrabalhos), a utilização dos equipamentos em cada etapa (evita

atrasos) e a mobilização da mão-de-obra para a obra e suas atividades (permite um

tempo de dedicação adequado).

Análise de alternativas: Quase todas as atividades executadas em um canteiro de

obras têm métodos alternativos para sua realização. Essas alternativas incluem

automatização ou não da tarefa, capacidade de trabalho da mão-de-obra (contratar

uma equipe altamente especializada) e tamanhos ou tipos diferentes de máquinas e

ferramentas. Portanto, juntamente com a opinião especializada, a análise de

alternativas permite a definição da técnica de trabalho mais adequada, de quais

equipamentos/ferramentas compensam ou necessitam ser utilizados, qual alternativa

produtiva deve ser adotada e quais compensam ser automatizadas. Todo o processo

analisa o custo-benefício das alternativas com o objetivo de maximizar os resultados

relacionados a prazo, custo e qualidade da obra.

Estimar as durações das atividades: Conforme o PMBOK (PMI, 2008), estimar a

duração das atividades é o processo de quantificação do número de períodos de

trabalho que serão necessários para terminar as atividades específicas. Grande parte

dos problemas de uma obra pode ser evitada neste processo. Os atrasos podem

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ocorrer também quando há um mau dimensionamento da duração das atividades,

alteração do projeto em pleno andamento da obra ou quando surgem imprevistos. A

opinião especializada, por meio da análise de profissionais da área com experiências

passadas, pode utilizar as estimativas análogas e paramétricas para estimar um tempo

de duração das atividades mais próximo da realidade. As atividades prioritárias de uma

obra não são identificadas ou não são executadas com a devida atenção necessária. A

falta de foco nas mesmas poderia ser eliminada com o uso do método do caminho

crítico que segundo PMBOK (PMI, 2008), permite identificar quais as atividades

possuem folga total igual à zero, ou seja, seu atraso irá necessariamente atrasar o final

da obra e as atividades com folga. Portanto, o caminho crítico identifica as atividades

prioritárias, permitindo o direcionamento dos recursos, em detrimento das atividades

com folga, quando ocorrem atrasos, permitindo a manutenção do cronograma original.

Logo, elaborar o cronograma levando em conta os recursos e suas limitações,

permite um maior aproveitamento dos mesmos.

As falhas na supervisão e no controle da obra, atrasos e alterações de projeto

em pleno andamento da obra podem diminuir significantemente o seu impacto final nos

resultados finais da obra, por meio de um controle do cronograma efetivo e do uso de

softwares de gerenciamento de projetos que permitem o acesso a informações

atualizadas e analisa o desempenho e as variações, de acordo com os padrões

estabelecidos previamente. É importante ressaltar também que esses softwares

permitem o foco na execução das atividades prioritárias, definidas previamente no

desenvolvimento do cronograma e evidenciados pelo caminho crítico.

Vale ressaltar que a utilização de uma base de conhecimento de lições

passadas em projetos e opiniões especializadas, podem diminuir os efeitos das falhas

nos projetos.

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6. APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO

Este capítulo irá abordar a aplicação prática de técnicas de planejamento em

obra específica da cidade de Santa Maria, RS.

A construtora X, por estar sempre em busca de crescimento e melhorias, aceitou

participar do desenvolvimento deste trabalho, tendo em vista a sua implementação, a

fim de contribuir para que se evite os atrasos.

A escolha da obra do Residencial X deve-se à obra ainda estar em andamento,

o que possibilita mais vantagens na aplicação do estudo. Além disso, pela

oportunidade, da autora estar presente no dia-a-dia da obra, tendo-se assim, maior

contato com o andamento da obra, possibilitando maior compreensão e noção da

realidade.

Os resultados obtidos com as entrevistas foram peças chaves para chegar a

essa solução de implantar na empresa, técnicas de planejamento, controle e

monitoramento das atividades, dos colaboradores e dos materiais a fim de que não se

perca prazo, qualidade e lucro previstos para o empreendimento.

Podemos definir planejamento, conforme Goldman (1997), como um método,

para que uma futura ação seja antecipada, materializando-a através de eficazes meios,

com o objetivo de diminuir tempo de execução, custos e incertezas.

Após as entrevistas, notou-se que quem fazia o controle dos pedidos de

materiais e prazo de execução, era o próprio mestre de obras, sem registros formais.

Segundo Goldman (1997), é imprescindível a adoção de um sistema que

garanta que as metas sejam cumpridas durante a execução do empreendimento. O

planejamento auxilia na contratação de pessoal e fornecedores, na compra de

materiais e na execução das atividades.

Mostrou-se para a empresa que com o planejamento, garante-se que os

serviços sejam realizados no prazo previsto, além de diminuir o tempo e que os

materiais sejam desperdiçados.

A partir disso, com o grande empenho do diretor da empresa e do mestre de

obras, conseguiu-se implantar o cronograma e planejamento de atividades e recursos

da empresa, a fim de evitar o surgimento de atrasos na fase construtiva.

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Contratou-se a Costablanca Construções, com sede na Espanha, em abril de

2015, representada pelo Engenheiro espanhol Carlos, para realizar, através de um

trabalho conjunto, o cronograma e novo orçamento da obra.

Optou-se ainda que a apresentação do planejamento fosse de forma resumida e

simples, sem muitos detalhes, a fim de evitar falhas, pois segundo a experiência dos

engenheiros da Costablanca Construções, quanto maior o número de detalhes, maior a

possibilidade de não se conseguir fazer o acompanhamento.

O cronograma da obra é peça fundamental do projeto, pois além de ser um

instrumento de controle e comunicação para toda a equipe, é também a principal

ferramenta para gerenciamento do tempo, haja vista que mostra facilmente os serviços

e as dependências entre eles. Ele norteará todo o restante do projeto, sendo muito

importante para o gerenciamento da obra como um todo, especialmente para a mão-

de-obra.

Definiu-se as atividades a serem executadas e suas dependências, conforme

ilustrado nas Figuras 20 e 21 respectivamente, aliadas à técnica construtiva, laje

nervurada plana com isopor e vedação com bloco celular, bem como seus recursos e

suas durações a fim de desenvolver o cronograma e, posteriormente, controlá-lo.

Figura 20 - Definição das atividades gerais no programa

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Figura 21 - Decomposição das atividades no programa

Após esta etapa, definiu-se o sequenciamento das atividades que, segundo Kim

(2009), é definido conforme a dependência que surge quando ela interfere na atividade

sucessora.

O método de apresentação dos diagramas de rede do cronograma adotado foi o

Método do Diagrama de Precedência (MDP), o qual possui quatro relacionamentos

lógicos, ou dependências: término para início, término para término, início para início e

início para término.

Segundo o PMBOK (PMI, 2008, p. 139), o MDP inclui quatro tipos de

dependências ou relações lógicas:

Término para início (TI). O início da atividade sucessora depende do término da

atividade predecessora.

Término para término (TT). O término da atividade sucessora depende do término da

atividade predecessora.

Início para início (II). O início da atividade sucessora depende do início da atividade

predecessora

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Início para término (IT). O término da atividade sucessora depende do início da

atividade predecessora. No MDP, o término para início é o tipo mais comumente usado

de relação de precedência. A relação de início para término é raramente usada.

Por isso, os processos de sequenciamento de atividades e determinação de

dependências são muito importantes para o gerenciamento do tempo em projetos de

construção civil, pois existem muitas dependências obrigatórias entre as atividades a

serem executadas e um correto gerenciamento dessa parte, permite a identificação do

caminho crítico (o que realmente não pode atrasar na obra) e também das atividades

que podem ser executadas paralelamente.

Então começou-se a estimar a duração das atividades, que conforme o PMBOK

(PMI, 2008) trata-se do processo de estimativa do número de períodos de trabalho que

serão necessários para terminar as atividades específicas.

As entradas para as estimativas de duração da atividade se originaram do

mestre de obras que estava mais familiarizado com a duração das atividades.

As ferramentas e técnicas utilizadas nesse processo, segundo Kim (2009), são a

opinião especializada (com base na experiência dos participantes em projetos

anteriores) e estimativas análogas (usa-se a duração real de uma atividade similar

realizada num projeto anterior para projetar a duração da atividade atual).

De maneira geral, os serviços são executados por trabalhadores que têm

diferente desempenho entre si. Estabelecer durações de atividades que levem em

conta essas diferenças torna o cronograma mais real. Nos canteiros de obras, quando

os prazos são apertados, perde-se qualidade e quando são mais flexíveis, geram-se

atrasos.

Após, os conhecimentos obtidos através das entrevistas, mas principalmente, da

experiência do mestre de obras, foi posto em prática para definir e compor as

atividades e seus respectivos prazos.

Sabendo-se que o planejamento é um dos fatores principais para que se consiga

cumprir prazos e custos estipulados, adotou-se o Critical Path Method, no diagrama de

Gantt em Microsoft Project, conforme demonstrado na Figura 23, a fim de que se tenha

um controle permanente da execução da obra.

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Figura 22 - Cronograma da obra realizado no MS Project

Notou-se também, problemas com relação à contratação de serviços e

recebimento de materiais. A partir disso, implantou-se na empresa um cronograma de

materiais como ferramenta de gestão, a fim de prever falhas e buscar soluções para

não comprometer custos e prazos.

O PMBOK (PMI, 2008) define que o processo estimativo de tipos e quantidades

de itens como equipamentos, pessoas, entre outros, que serão usados em certa

atividade, é conhecido como estimativa dos recursos das atividades. Na construção

civil, a falta de recursos para a realização das atividades propostas afeta diretamente o

cronograma e os custos da obra. A falta de material, por exemplo, além de gerar

atraso, gera aumento dos custos e insatisfação, pois a mão-de-obra fica impossibilitada

de executar suas atividades programadas.

O pedido dos materiais deve ser feito de forma que eles estejam disponíveis na

hora que precisar, não tendo que pagar preços abusivos, devido ao não cumprimento

do pedido na data certa, mas que também por outro lado, não se acumule grande

estoque na obra, afinal, para o dono da obra a falta de circulação de capital não é

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interessante, pois impede investimentos em outras frentes, além da possibilidade de

quebras e perdas do material, por ficar muito tempo estocado.

Para isso, criou-se, com auxílio da pesquisa, dos conhecimentos do mestre de

obras e da quantificação do projeto, um cronograma de prazos para pedido de

materiais, por exemplo, o bloco celular, já contendo quantos blocos serão pedidos e

suas especificações.

Além da coordenação do planejamento global da obra, foi sugerida a aplicação

de metas a curto prazo e o controle dessas atividades, a fim de melhorar o

cumprimento dos prazos e o percentual de tarefas concluídas.

Para isso, os colaboradores foram divididos em equipes: azul, verde, amarelo,

marrom, vermelho, branca e laranja.

A equipe azul é composta por trabalhadores da parte estrutural referente ao

bloco esquerdo, no qual se situam os apartamentos de 01 dormitório. Os da equipe

verde possuem a mesma função, porém com relação à edificação da direita, que

contempla os apartamentos de 02 dormitórios. Amarela refere-se aos colaboradores

que cuidam para o controle e comando da grua, responsáveis pelo transporte de

cargas e abastecimento de material no local indicado, para que o restante dos serviços

tenha andamento. A equipe marrom é composta pelos ferreiros, os quais devem

montar as armaduras da estrutura e posicionar no local certo, fazendo as amarrações

necessárias. Os vermelhos são responsáveis especificamente pela parte estrutural das

escadas. A equipe branca é formada por carpinteiros que montam e desmontam as

fôrmas de toda a estrutura. Por fim, os laranjas comandam a parte de alvenaria.

Organizou-se o controle do andamento dos trabalhos por equipes, e as

atividades por dia, sendo que foram estabelecidas metas semanais a serem cumpridas.

Ao concluir todas as tarefas da semana, recebia-se um adesivo dourado, ao concluir

parcialmente, prata e ao não concluir a etiqueta seria bronze.

Possibilitou-se ainda que fossem colocadas observações na planilha, com

relação ao por que a tarefa não foi concluída, causa do atraso, ou ainda por qual a

razão não foi bem executada, para o caso de algumas dessas situações terem

ocorrido.

Este sistema de metas é demonstrado nas Figuras 23, 24 e 25.

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Figura 23 - Metas junho 2015

Figura 24 - Plano de metas do mês de junho no mural do vestiário

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Figura 25 - Metas da semana e descrição das tarefas

Realizou-se uma apresentação para os colaboradores, mostrando como seriam

realizadas e avaliadas as metas da semana e explanou-se sobre a premiação no final

do ano, com medalha para os integrantes da equipe com maior número de etiquetas

douradas. Aliada a ela, apresentou-se o método do caminho crítico que permite que

todos na obra conheçam claramente as atividades que nunca poderão atrasar e as

atividades que possuem folga, podendo superar adversidades que sempre acontecem

por meio de uma correta alocação de recursos.

Paralelo a esse trabalho, manteve-se, um controle do cronograma, tendo como

objetivo ajustar o planejamento frente às adversidades e, em alguns casos, mudar o

caminho crítico original.

De acordo com a definição do PMBOK (PMI, 2008), controlar o cronograma é

acompanhar o curso do projeto pela linha de base do cronograma como referência,

tornando atuais os progressos e gerenciamento das mudanças. Alguns itens são

fundamentais para o controle do cronograma, tais como, atualização do cronograma do

projeto, influências que geram mudanças no cronograma, além do gerenciamento das

mudanças quando ocorridas.

O cronograma estando atualizado possibilita verificar o progresso real do projeto

e o trabalho restante a ser terminado. Na obra, o controle efetivo do cronograma,

permite análises de desempenho e de variação, além de ajustes da execução das

atividades de maneira que não prejudique ou prejudique em menor escala o prazo final

da obra.

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6.1. Considerações preliminares

Com a anterior descrição das características da obra, foi possível conhecer

alguns dos processos da gestão de prazos e custos, bem como compreender, na sua

extensão, o funcionamento de todo o sistema produtivo da construção.

Em algumas ocasiões, foi possível acompanhar o processo de pedido de

prorrogação de prazo realizado pelo proprietário da obra, desde o acontecimento do

problema que acarretou no atraso, até a autorização de aumento de tempo.

Feita a devida observação e avaliação necessária dos procedimentos de gestão

de prazos e custos presentes na empresa, constatou-se que em nível de planejamento

existe um processo de estimativa de custos bastante sólido, baseado nos valores da

orçamentação e na experiência da equipe de produção.

No que tange ao acompanhamento de trabalhos, observa-se que após a

implementação do sistema de metas e medalhas, conseguiu-se a presença de

procedimentos capazes de fazer uma boa medição e controle de trabalhos e, ainda,

uma atualização periódica bastante elevada para algumas das áreas de produção.

Não restam dúvidas que para que se tenha um melhor controle e planejamento

da obra e do sistema produtivo é mais do que necessário a concordância e apoio dos

principais envolvidos na execução da obra, pois sem os mesmos, os dados obtidos não

serão confiáveis.

A elaboração de relatórios semanais que, de uma forma sucinta, resumem o

estado de execução das atividades e eventuais tarefas em atraso, mostram resultados

muito positivos para a eficiência e eficácia do setor produtivo.

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7. CONCLUSÃO

Mesmo com tantos estudos observados acerca do tema, nota-se que o atraso

ainda é um problema frequente. Sabe-se que acabar completamente com atrasos

ainda é uma realidade muito distante, mas pode-se, com estudos como este, aprender

a compensá-los e evitá-los ao máximo.

No presente trabalho, a fim de delimitar o tema proposto foi definido três

objetivos específicos chegando ao entendimento de que a falha no cumprimento dos

prazos traz hoje para as obras, uma grande diminuição da margem de lucro dos

empreendimentos. Sendo assim, o grande desafio é que o triângulo apresentado neste

trabalho, composto por custo, tempo e qualidade, esteja em equilíbrio. Fato que não

ocorre, quando se tem atrasos, pois normalmente como efeitos têm-se a perda de

qualidade, visto o menor tempo para executar as tarefas e o aumento do custo da obra,

por exemplo, colocando mais funcionários para executar a atividade.

Ao cumprirmos o objetivo 01, Survey Interseccional em 28 construtoras do

estado do Rio Grande do Sul, concluiu-se que o maior motivo de atraso são as

condições climáticas, seguido de falta material na obra por erros no setor de compra ou

por atraso na entrega dos mesmos, falta de mão-de-obra especializada, projetos

arquitetônicos incompletos: as obras são iniciadas sem todos os projetos finalizados ou

quando finalizados, os projetos estão mal detalhados ou incompatíveis com os projetos

estruturais e hidrossanitários.

Observou-se também, que está surgindo uma racionalização da construção,

como consequência da falta de mão de obra qualificada. Os empreendedores optam

por sistemas construtivos com formato mais industrializado, que precisam de um

número menor de profissionais para a execução das atividades.

Já no segundo objetivo proposto, em específico, no Survey Interseccional com

colaboradores do Residencial X da Construtora X em Santa Maria, RS, foi possível

verificar que na opinião deles o maior motivo de atraso é o não cumprimento de prazo

pelos fornecedores de materiais, seguido das condições climáticas adversas e

alterações no projeto pelos projetistas devido à incompatibilidade.

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Em ambos os Surveys Interseccionais, fica claro que a grande maioria dos

atrasos é classificada como não desculpável, sendo que um bom planejamento

realizado pelo engenheiro civil poderia se não acabar, mitigar esses atrasos.

Através do objetivo três, utilização de novas técnicas de planejamento no

Residencial X da Construtora X, percebeu-se na prática, que o interessante é dividir

responsabilidades, e não centralizar na Figura do mestre de obras, por exemplo. O

ideal é que sejam designados profissionais para controlar os materiais, as ferramentas,

os equipamentos, os pedidos e custos. Ao planejarmos bem e mantermos essas

tarefas organizadas e em dia, levamos para o empreendimento o equilíbrio do triângulo

prazo, qualidade e custo, atingindo o objetivo da empresa.

Observou-se que foi possível, mesmo em pouco tempo de implantação, evitar o

tempo ocioso de equipamentos, máquinas e mão-de-obra, além de minimizar a falta de

materiais e equipamentos por falhas na aquisição ou atrasos de entregas, minimizando

assim os atrasos e otimizando os lucros. A identificação das atividades prioritárias

permitiu o direcionamento dos recursos, em detrimento das atividades com folga no

prazo, no caso de atrasos, permitindo assim a manutenção do cronograma original.

Logo, elaborar o cronograma levando em conta os recursos e suas limitações,

permitiu um maior aproveitamento dos mesmos.

Os objetivos esperados com este trabalho foram atingidos, visto que se

apresentou o embasamento teórico, os problemas relacionados foram vistos na prática

por meio do resultado de questionários e entrevistas, observando de perto não apenas

a teoria, como também a prática. E por fim, aplicando a ferramenta de gerenciamento

do tempo no planejamento da obra do Residencial X, discutindo e analisando seus

maiores benefícios, no controle de prazo, custo e qualidade da obra.

Como trabalhos futuros, sugere-se continuar a análise da implantação de novas

técnicas de planejamento na obra do Residencial X, para ver o progresso no

gerenciamento após 01 ano de aplicação da ferramenta de gerenciamento do tempo,

demonstrada neste trabalho.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9. ANEXOS

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Anexo A - Questionário 01

Nome do entrevistado: Gustavo Pedroso Navarro Empresa: Cyrela Cargo: Diretor de engenharia 1ª Parte - Caracterização da Obra

i. Qual o tipo de empreitada? (Mão de obra própria, mista ou por administração) R: mista

ii. Qual o perfil do cliente do empreendimento? R: majoritariamente casais jovens.

iii. Qual o prazo de construção do empreendimento? R: 24

iv. Local da Obra. R: Porto Alegre

2ª Parte - Causas de atrasos frequentes

i. Quais as principais causas que dão origem a atrasos? R: Mão de obra desqualificada, falha de planejamento, projetos deficientes

ii. Qual a frequência de ocorrência destas causas? R: variável

iii. Qual o grau de influência? R: determinante

3ª Parte - Problemas de Projeto e Planejamento

i. Quais as principais falhas ocasionadas pelo setor de projetos? R: incompatibilidades e falta de especificação

ii. Qual a frequência que tais falhas ocorrem? R: não saberia informar. Mas não é pouco.

iii. Quais os principais problemas decorrentes do setor de planejamento? R: erro na determinação de prazo da obra

iv. Qual a frequência destas falhas? R: entrevistado não soube responder

4ª Parte - Falta de Mão de Obra e falhas no gerenciamento de obras

i. Vê alguma falha, falta ou problema com a mão de obra? R: baixa qualificação e grande rotatividade.

ii. Qual o principal problema? R: baixa qualificação.

iii. O gerenciamento de obra apresenta algum problema? R: Sim.

iv. Qual? R: Descumprimento de procedimentos operacionais e gerenciais.

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Anexo A - Questionário 02

Nome do entrevistado: JOÃO GUSTAVO MALDANER Empresa: SERRA CONSTRUÇÕES Cargo: SÓCIO - PROPRIETÁRIO 1ª Parte - Caracterização da Obra

i. Qual o tipo de empreitada? (Mão de obra própria, mista ou por administração) R: Mão de Obra

ii. Qual o perfil do cliente do empreendimento? R: Classe média-alta

iii. Qual o prazo de construção do empreendimento? R: 3 anos

iv. Local da Obra. R: Tapera-RS

2ª Parte - Causas de atrasos frequentes

i. Quais as principais causas que dão origem a atrasos? R: Falta de mão de obra e excesso de precipitações no início da obra

ii. Qual a frequência de ocorrência destas causas? R: Alta

iii. Qual o grau de influência? R: 100%

3ª Parte - Problemas de Projeto e Planejamento

i. Quais as principais falhas ocasionadas pelo setor de projetos? R: Demora na aprovação dos projetos

ii. Qual a frequência que tais falhas ocorrem? R: Baixa frequência

iii. Quais os principais problemas decorrentes do setor de planejamento? R: Falta de cooperação dos colaboradores

iv. Qual a frequência destas falhas? R: Média

4ª Parte - Falta de Mão de Obra e falhas no gerenciamento de obras

i. Vê alguma falha, falta ou problema com a mão de obra? R: Falta de mão de obra especializada

ii. Qual o principal problema? R: Comprometimento e interesse dos iniciantes

iii. O gerenciamento de obra apresenta algum problema? R: Não

iv. Qual? R: -

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Anexo A - Questionário 03

Nome do entrevistado: Empresa: J Freitas Engenharia Ltda Cargo: Gerente de Obras 1ª Parte - Caracterização da Obra

v. Qual o tipo de empreitada? (Mão de obra própria, mista ou por administração) R: Mista

vi. Qual o perfil do cliente do empreendimento? R: Fundos privados de investimento - origem china

vii. Qual o prazo de construção do empreendimento? R: 7 meses

viii. Local da Obra. R: Gravataí - RS

2ª Parte - Causas de atrasos frequentes iv. Quais as principais causas que dão origem a atrasos?

R: a) Problemas de projeto; b) Condições climáticas; c) Relação de interdependência de tarefas que muitas vezes não estão no

nosso escopo – sobreposição de tarefas de várias empresas; v. Qual a frequência de ocorrência destas causas?

R: a) Problemas de projeto – 1 vez; b) Condições climáticas – várias vezes ( fenômeno el nino); c) Relação de interdependência de tarefas que muitas vezes não estão no nosso escopo – sobreposição de tarefas de várias empresas – várias vezes;

vi. Qual o grau de influência? R: a) Problemas de projeto – médio; b) Condições climáticas – Alto; c) Relação de interdependência de tarefas que muitas vezes não estão no nosso escopo – sobreposição de tarefas de várias empresas - Alto;

3ª Parte - Problemas de Projeto e Planejamento

v. Quais as principais falhas ocasionadas pelo setor de projetos? R: a) Falhas técnicas (problemas estruturais e de desempenho); b) Falhas geométricas (problemas na utilização); c) Falhas de especificação de materiais (vida útil).

vi. Qual a frequência que tais falhas ocorrem?

R: a) Falhas técnicas: 3 vezes b) Falhas geométricas: 1 vez

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c) Falha de especificação de materiais: 1 vez. vii. Quais os principais problemas decorrentes do setor de planejamento?

R: a) Caminho crítico; b) Dimensionamento de prazo das atividades e da obra; c) Entrega de materiais na obra na hora correta – suprimentos

d) Qual a frequência destas falhas? R: A) Caminho crítico – 1 vez; B) Dimensionamento de prazo das atividades e da obra – 1 vez; C) Entrega de materiais na obra na hora correta – suprimentos – 5 vezes;

4ª Parte - Falta de Mão de Obra e falhas no gerenciamento de obras

v. Vê alguma falha, falta ou problema com a mão de obra? R: a) Qualificação da mão de obra; b) Quantidade da mão de obra; c) Produtividade da mão de obra.

vi. Qual o principal problema?

R: a) Qualidade do trabalho; b) Atraso da obra e das tarefas; c) Custo da obra.

vii. O gerenciamento de obra apresenta algum problema?

R: Sim

viii. Qual? R: A realização de reuniões semanais com todos os empreiteiros e setores envolvidos para alinhamento favoreceriam a comunicação entre as empresas – problema: comunicação entre as empresas e gerenciamento global das diversas tarefas.

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Anexo A - Questionário 04

Nome do entrevistado: Liege Kellermann Empresa: Tasca e Zanella Engenharia Cargo: Gerente de Obras

1ª Parte) Caracterização da Obra

i. Qual o tipo de empreitada? (Mão de obra própria, mista ou por administração)

Empreitada global. Construtora somente fornece projetos e administra a obra.

ii. Qual o perfil do cliente do empreendimento?

Classe média.

iii. Qual o prazo de construção do empreendimento?

Dezembro/2015

iv. Local da Obra.

Santa Maria - RS

2ª Parte) Causas de atrasos freqüentes

i. Quais as principais causas que dão origem a atrasos?

Falta de mão de obra qualificada; atraso na entrega de material por fornecedores;

alterações de projeto; deficiências no setor de planejamento.

ii. Qual a frequência de ocorrência destas causas?

Quinzenal.

iii. Qual o grau de influência?

Alto.

3ª Parte) Problemas de Projeto e Planejamento

i. Quais as principais falhas ocasionadas pelo setor de projetos?

Projetos entregues fora do prazo ideal; falta de compatibilidade de projetos, o que

causa alterações não previstas na obra.

ii. Qual a frequência que tais falhas ocorrem?

Mensalmente.

iii. Quais os principais problemas decorrentes do setor de planejamento?

Falta de antecipação; atuação no curto prazo.

iv. Qual a frequência destas falhas?

Quinzenal.

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4ª Parte) Falta de Mão de Obra e falhas no gerenciamento de obras

i. Vê alguma falha, falta ou problema com a mão de obra?

Sim.

ii. Qual o principal problema?

Falta de mão de obra qualificada; falta de comprometimento especialmente por

colaboradores mais jovens; indisposição para trabalhar.

iii. O gerenciamento de obra apresenta algum problema?

Sim.

iv. Qual?

Necessidade de gerenciamento em mais de uma obra, o que

impossibilita atenção exclusiva à obra em questão.

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Anexo A - Questionário 05

Nome do entrevistado: RODRIGO NUNES Empresa: CONSTRUTORA RPP Cargo: ENGENHEIRO CIVIL 1ª Parte - Caracterização da Obra ix. Qual o tipo de empreitada? (Mão de obra própria, mista ou por administração)

R:MISTA x. Qual o perfil do cliente do empreendimento?

R:FAMÍLIAS PEQUENAS xi. Qual o prazo de construção do empreendimento?

R:DOIS ANOS xii. Local da Obra.

CAXIAS DO SUL 2ª Parte - Causas de atrasos frequentes vii. Quais as principais causas que dão origem a atrasos?

R: CLIMA INFLUENCIA MUITO P\CADA DIA DE CHUVA DEPENDENDO DA FASE DA OBRA SOMAM-SE ATE TRES DIAS PARA COMPENSAR, FORNECEDORES ATRASOS OU MERCADORIAS TROCADAS, SERVIÇOS TERCERIZADOS, FISCALIZAÇAO ORGAOS (LINCENÇA, ADEQUAÇOES SEGURANÇA) E PROJETOS ENTRE OUTRAS.

viii. Qual a frequência de ocorrência destas causas? R:CONSTANTEMENTE.

ix. Qual o grau de influência? R: DEPENDENDO DE TAIS FATORES, PODE INFLUENCIAR 50% NOS ATRASOS.

3ª Parte - Problemas de Projeto e Planejamento viii. Quais as principais falhas ocasionadas pelo setor de projetos?

R:CONFERENCIA DE TODOS OS PROJETOS (COMPLEMENTARES X ARQ X ESTRUTURAL) DEFINÇAO DE IDEIAS ANTES DE DAR INICIO AO EMPREENDIMENTO.

ix. Qual a frequência que tais falhas ocorrem? R:NOS PRIMEIROS 20% DA OBRA ISSO PODE OCORRER.

x. Quais os principais problemas decorrentes do setor de planejamento? R:UM PLANEJAMENTO MUITO EMCIMA DA HORA, DEFINÇAO DE CONTRATOS COM F0RNECEDORES, ATENDENDO CADA ETAPA DE SERVIÇO NO MOMENTO CERTO, IMPERICIA DOS SETORES E SISTEMAS UTILIZADOS.

xi. Qual a frequência destas falhas? R:QUASE SEMPRE SE REPETE ESSAS FALHAS PRINCIPALMENTE NOS CONTRATOS COM FORNECEDORES QUE DEIXAM DE ATENDER POR FALTA DE TEMPO OU POR NÃO SEREM PUNIDOS DE MANEIRAS CORRETIVA.

4ª Parte - Falta de Mão de Obra e falhas no gerenciamento de obras

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ix. Vê alguma falha, falta ou problema com a mão de obra? R:FALTA DE MAO DE OBRA QUALIFICADA E COM EXPERIENCIA.

x. Qual o principal problema? R:NO GERAL O FATOR PSICOSSOCIAL E PSICOLOGICO SÃO PRINCIPAL PROBLEMA NO QUE SE REFERE A MOTIVAÇAO PARA O COMPRIMENTO DAS ETAPAS PRE DESTINADAS.

xi. O gerenciamento de obra apresenta algum problema? R: FALTA DE PREVISAO(EXPERIENCIA), SISTEMAS DE EXECUÇAO NÃO DEFINIDOS, OPINIOES DIVERSAS NAS ETAPAS.

xii. Qual? R:O NÃO COMPRIMENTO DOS PRAZOS E METAS

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Anexo B - Questionário aplicado aos colaboradores

(continua) 1a parte – Identificação do colaborador

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DO COLABORADOR

0 a 5 anos 6 a 10

anos

11 a 15

anos

16 a 20

anos Superior a 20 anos

FUNÇÃO DESEMPENHADA NA OBRA DO RESIDENCIAL X

2a parte – Causas dos atrasos

rrência

e quanto ao seu grau de influência no atraso global da empreitada.

Frequência de ocorrência:

1 Nada frequente

2 Pouco frequente

3 Moderadamente frequente

4 Muito frequente

Grau de influência:

1 Nada influente

2 Pouco influente

3 Moderadamente influente

4 Muito influente

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(continuação)

CAUSAS DOS ATRASOS FREQUÊNCIA

DE

OCORRÊNCIA

GRAU

DE

INFLUÊNCIA

1 2 3 4 1 2 3 4

CONTRATO

Alteração do endereço da obra

Erros no caderno de encargos

PROJETO

Projeto de execução inadequado

Dúvidas na interpretação do projeto

Condições do terreno não previstas

Dificuldade na comunicação com os projetistas

Inexperiência da equipe projetista

Falta de reposta do projetista

CLIENTE

Atraso de pagamentos

Atraso na tomada de decisões pelo dono da obra

Alterações na execução

COORDENAÇÃO DA OBRA

Controle da qualidade

Tempo de espera para aprovação de inspeções

Alvará não aprovado pela prefeitura

Capacidade técnica

Método da construção

Supervisão inadequada

Falha no processo construtivo

Prazo mal calculado para as atividades

MÃO DE OBRA E EQUIPAMENTOS

Mão de obra capacitada

Produtividade da mão de obra

Disponibilidade de equipamentos

Manutenção e reparo dos equipamentos

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(conclusão)

MATERIAL

Qualidade do material

Quantidade de material

Prazo de entrega dos materiais

Pedido de aprovação dos materiais

Localização da zona de estoques

Espaço disponível para executar as tarefas

SEGURANÇA

Condições de segurança do trabalho

Acidentes

OUTROS FATORES

Condições climáticas

Problemas com vizinhos

OUTROS

QUAL SUA SUGESTÃO PARA MELHORARMOS O ANDAMENTO DA OBRA?