VANTAGENS DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS NA...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL VANTAGENS DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS NA ENGENHARIA CIVIL ALIADA AO USO DA METODOLOGIA BIM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Amanda Forgiarini Balem Santa Maria, RS, Brasil 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

VANTAGENS DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS NA ENGENHARIA CIVIL ALIADA AO

USO DA METODOLOGIA BIM

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Amanda Forgiarini Balem

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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VANTAGENS DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS NA ENGENHARIA CIVIL ALIADA AO USO DA METODOLOGIA

BIM

Amanda Forgiarini Balem

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como

requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil.

Orientador: Prof. Juliana Pippi Antoniazzi

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

Curso de Engenharia Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

VANTAGENS DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS NA ENGENHARIA CIVIL ALIADA AO USO DA METODOLOGIA BIM

elaborada por Amanda Forgiarini Balem

como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________ Juliana Pippi Antoniazzi, Ms.

(Presidente/Orientadora)

____________________________________ Bernadete Trindade, Prof ª Drª

____________________________________ Larissa D. Kirchhof, Profª

Santa Maria, 10 de julho de 2015.

3

DEDICATÓRIA

À minha eterna professora, minha mãe,

que dedicou a vida à manutenção de uma família

unida e feliz, que me permitiu sonhar e acreditar

que esse sonho, por mais distante que seja,

possa vir a se realizar.

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AGRADECIMENTOS

À professora Juliana pela orientação, disponibilidade, paciência e motivação

que foram imprescindíveis para a realização do presente trabalho. Agradeço

também pela indicação do tema, cuja instigante atualidade me permitiu renovar as

esperanças em relação à evolução dos processos construtivos no Brasil.

Aos Engenheiros Levi Gil Coelho e Lucas Coradin, por dedicarem seu tempo

ao desenvolvimento deste trabalho e, principalmente, por compartilharem comigo

suas experiências e conhecimento.

Ao meu namorado, Eduardo, por todo auxílio e apoio, durante a realização

das diversas etapas de elaboração deste trabalho, que além da paciência, amor e

carinho, incentivou a buscar minha qualificação e crescimento profissional

permitindo que me tornasse uma pessoa mais realizada e confiante.

À minha família pelo apoio emocional e financeiro, sem os quais não teria

as ferramentas e recursos necessários para realizar uma faculdade e uma

monografia conforme as minhas expectativas; e, sobretudo ao meu pai, por ter

projetado uma figura profissional que pude me identificar e espelhar.

Finalmente, um agradecimento à minha irmã que, embora não tenha

participado muito da elaboração da minha monografia, foi a principal responsável

pela minha mudança para Porto Alegre.

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RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Engenharia Civil

Universidade Federal de Santa Maria

VANTAGENS DA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS NA ENGENHARIA CIVIL ALIADA AO USO DA METODOLOGIA BIM

AUTORA: AMANDA FORGIARINI BALEM ORIENTADORA: JULIANA PIPPI ANTONIAZZI

Data e Local da Defesa: Santa Maria, 10 de julho de 2015.

No cenário atual da construção civil, devido à grande demanda de obras e aos curtos prazos a elas estabelecidos, é recorrente a verificação de altos índices de retrabalhos nos canteiros. Este fator pode ser atribuído, muitas vezes, à carência de profissionais especializados em compatibilização de projetos e à negligência na execução dos projetos no canteiro de obra. Dessa maneira, o presente trabalho tem por objetivo, apresentar a importância do processo de compatibilização de projetos na Engenharia Civil, enfatizando os benefícios do sistema Building Information Modeling (BIM). A fim de alcançar os resultados almejados, o trabalho realiza uma pesquisa bibliográfica para que se torne possível conceituar e contrastar os assuntos técnicos estudados, bem como, embasar a pesquisa e guiar um estudo de caso. Assim, o estudo de caso visa exemplificar o objeto da pesquisa através de uma análise retrospecta em uma edificação multifamiliar, em fase de conclusão, na cidade de Porto Alegre/RS. Além disso, é realizada uma análise na plataforma Revit como forma de exemplificar a aplicação da metodologia BIM, uma vez que, projetos que usam essa plataforma tendem a apresentar maior vantagem competitiva por fornecerem melhor coordenação e qualidade. Assim, o estudo de caso realizado neste trabalho, bem como a revisão de conceitos acerca do assunto, comprovam as desvantagens e prejuízos gerados pela falta de compatibilização de projetos na construção civil que, com a utilização da metodologia BIM, na forma da plataforma Revit, por exemplo, tenderiam a ser mínimas ou até inexistentes

Palavras-chave: Compatibilização de projetos, Building Information Modeling,

Gerenciamento de projetos.

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ABSTRACT

Term Paper Civil Engineering Course

Federal University of Santa Maria

BENEFITS ON THE COMPATIBILITY BETWEEN PROJECTS IN CIVIL ENGINEERING ALLIED WITH THE USE OF METHODOLOGY BIM

AUTHOR: AMANDA FORGIARINI BALEM ADVISOR: JULIANA PIPPI ANTONIAZZI

Date and place: Santa Maria, 10 July 2015.

In the current scenario the construction field, due to the great demand for works and short deadlines to those, it recurs the high level of rework on the construction site. This factor occurs often to the lack of specialized professionals on project compatibility and the negligence that exists in theirs execution on the construction site. Therefore, the present study aims to show the importance of the process on the compatibility between projects in Civil Engineering, emphasizing the benefits of the Building Information Modeling (BIM). Thereby, in order to get the desired results, this work uses the literature to make possible to conceptualize and contrast the technical subjects studied, as well as base the research and guide a case study. Thus, the case study intends to illustrate by analyzing a multifamily building, nearing its conclusion, located in the city of Porto Alegre/RS. Furthermore, Revit platform performs the analysis for being an example of the application of the BIM methodology once projects that use this technology have a greater competitive advantage to obtain better coordination and quality. Under these circumstances, the case study in this work, as well as a review of concepts on the subject, make clear the disadvantages and losses generated by the lack of the compatibility between projects in the construction field that with the use of BIM methodology, like the Revit platform, would be minimal or even non-existent.

Keywords: Project Compatibility, Building Information Modeling, Project

Management.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Integração dos modelos 3D no SAI...........................................................24 Figura 2 – Fluxograma de Engenharia Simultânea.....................................................26 Figura 3 – Fluxograma de Engenharia Sequencial....................................................26 Figura 4 – Fluxograma BIM........................................................................................30 Figura 5 – Interligação entre os elementos envolvidos no processo de projeto e

construção...................................................................................................31 Figura 6 – Torre 2, Aurora, Colorado.........................................................................38 Figura 7 – Fluxograma BIM........................................................................................40 Figura 8 – Layout do Revit 2013................................................................................41 Figura 9 – Visão Sistêmica do Processo de Projeto..................................................43 Figura 10 – Reconstrução da viga da piscina............................................................45 Figura 11 – Reconstrução da viga da piscina............................................................45 Figura 12 – Reforço estrutural nos furos das coifas das cozinhas.............................46 Figura 13 – Tubo metálico para reforço.....................................................................46 Figura 14 - Reforço estrutural....................................................................................47 Figura 15 – Projeto Hidrossanitário contendo a tubulação de gás dentro do painel de medidores...................................................................................................................47 Figura 16 – Projeto Legal Reservatório Superior.......................................................48 Figura 17 – Projeto Executivo Reservatório Superior................................................48 Figura 18 – Detalhe da abertura na cortina................................................................49

Figura 19 – Detalhe da ventilação do estacionamento do subsolo no pavimento térreo..........................................................................................................................50

Figura 20– Projeto de formas do pavimento térreo sem esperas para a ventilação...................................................................................................................50 Figura 21 – Laje da casa de máquinas......................................................................51 Figura 22 – Casa de máquinas após reconstrução....................................................51 Figura 23 – Projeto de instalações hidrossanitárias do pavimento térreo com tubulação passando dentro da viga V48....................................................................52 Figura 24 – Projeto de formas do pavimento térreo sem esperas para passagem de tubulação hidráulica....................................................................................................52 Figura 25 – Armadura da viga V48 sem esperas para passagem da tubulação de água............................................................................................................................53 Figura 26 – Rebaixo do hall de entrada terminando no meio de áreas expostas a chuva direta................................................................................................................53 Figura 27 – Rebaixo do hall de entrada terminando no meio de áreas expostas a chuva direta................................................................................................................54

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Origens do problema da obra..................................................................20 Quadro 2 – Check List de compatibilização...............................................................24

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Capacidade de influência no custo final de um empreendimento...........14 Gráfico 2 – Investimento na fase de projetos x práticas convencionais.....................18 Gráfico 3 – Cadeia produtiva: perda por falta de interoperabilidade..........................19 Gráfico 4 – Nível de influência sobre os custos do empreendimento........................21 Gráfico 5 – Clico de vida do projeto de um produto em Engenharia sequencial e

Engenharia simultânea..............................................................................28 Gráfico 6 – Benefícios do BIM para empreiteiros.......................................................33 Gráfico 7 – Barreiras do BIM......................................................................................35 Gráfico 8 – Efeito do uso dos softwares x esforço de uso.........................................42 Gráfico 9 – Incompatibilidades mais comuns encontradas pelos entrevistados........55 Gráfico 10 – Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre compatibilização de projetos......................................................................................55 Gráfico 11 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre problemas decorrentes da falta de compatibilização de projetos................................................56 Gráfico 12 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre gerencia de projetos.................................................................................................................56 Gráfico 13 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre gerenciamento de informações..................................................................................56 Gráfico 14 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre planejamento da produção da obra............................................................................57 Gráfico 15 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre realização de reuniões para compatibilização de projetos..........................................................57 Gráfico 16 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre gerenciamento de projetos.........................................................................................57 Gráfico 17 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre a formação dos responsáveis pela compatibilização de projetos.................................58 Gráfico 18 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre percentual de desperdício em consequência da falta de compatibilização.................................58 Gráfico 19 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre a existência de um manual para auxílio na compatibilização.......................................58 Gráfico 20 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre estabelecimento de regras para a atividade de compatibilizar projetos....................58 Gráfico 21 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre como são estabelecidas as regras para compatibilização.........................................................59 Gráfico 22 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre os documentos utilizados para a compatibilização........................................................59 Gráfico 23 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre as ferramentas utilizadas para compatibilização...........................................................59 Gráfico 24 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre o número de compatibilizações.................................................................................................60 Gráfico 25 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre registro de não-conformidades oriundas da falta de compatibilização.......................................60 Gráficos 26 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre Engenharia Simultânea.............................................................................................60 Gráfico 27 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre FMEA.........................................................................................................................60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Origens dos problemas patológicos na construção civil .........................20 Tabela 2 – Funcionamento do método FMEA ...........................................................23

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Quadro para análise do modo e efeito de falhas ....................................72 Anexo B – Modelo de questionário utilizado nas entrevistas com engenheiros da construtora GPinheiro ................................................................................................73

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13

1.1Justificativa ..................................................................................................................... 15

1.2 Objetivos ......................................................................................................................... 15

1.3 Estrutura do Trabalho .................................................................................................. 16

2 METODOLOGIA ................................................................................................................. 17

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 18

3.1 O projeto: conceito e importância ............................................................................ 18

3.2 Compatibilização de projetos e suas vantagens ................................................. 21

3.3 Engenharia Simultânea: uma nova tendência (conceitos e vantagens) ........ 25

3.4 BIM: conceitos ............................................................................................................... 28

3.5 BIM: vantagens e desafios ......................................................................................... 32

3.6 Projetos integrados: o uso da plataforma BIM na gestão de projetos ........... 36

3.7 Software Revit: o que é, como funciona e como pode revolucionar a engenharia ............................................................................................................................. 39

4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 44

4.1 Incompatibilidades que ocasionaram erros .......................................................... 44

4.2 Aplicação do questionário aos envolvidos ........................................................... 54

4.3 Discussão dos resultados .......................................................................................... 61

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65

ANEXOS ................................................................................................................................. 72

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1 INTRODUÇÃO

A construção civil vem passando, nas últimas décadas, por um importante e

complexo processo de transformação, devido às condições econômicas do país e à

própria estrutura competitiva do setor. Esta transformação vem acontecendo a partir

do lançamento de novos softwares, com metodologias modernas de elaboração de

projetos, bem como novas técnicas construtivas mais ágeis e eficientes, que buscam

minimizar e reutilizar os resíduos da construção civil e, cada vez mais, atendem às

condições de segurança do trabalho.

Na construção civil, assim como em outros setores da indústria, os projetos

têm importância fundamental na qualidade final do produto e no prazo de execução

da obra. Além disso, Fabrício (2002) afirma que a concepção e o projeto também

estão atrelados a sustentabilidade do produto e eficiência dos processos.

Segundo a norma 13531/95 da Associação Brasileiras de Normas Técnicas

(ABNT), referente à Elaboração de Projetos de Edificações - Atividades Técnicas,

define-se como elaboração de projeto de edificações:

A determinação e representação prévias dos atributos funcionais, formais e técnicos de elementos de edificação a construir, a pré-fabricar, a montar, a ampliar, a reduzir, a modificar ou a recuperar, abrangendo os ambientes exteriores e interiores e os projetos de elementos da edificação e das instalações prediais. (ABNT, 1995).

Para Franco e Agopyan (1993), é durante a elaboração do projeto que são

tomadas as decisões que trazem maior repercussão nos custos, velocidade e

qualidade dos empreendimentos. Na carência de mudança do paradigma produtivo,

a construção civil tem buscado novos métodos gerenciais para garantir um

incremento real em produtividade, no qual se destaca a Modelagem da Informação

da Construção (Builiding Information Modeling).

As construtoras, em sua maioria, terceirizam a elaboração dos projetos,

subcontratando escritórios que estão fora de seus organogramas. Tal medida visa

reduzir os custos, porém muitas vezes, acaba por acarretar negligência de

comunicação e interoperabilidade entre os engenheiros projetistas e engenheiros de

obra. Assim, a elaboração de um projeto é compreendida como um custo, quando,

na verdade, deveria ser considerada um “investimento cujos retornos se darão na

maior eficiência de sua produção e na maior qualidade dos produtos gerados”

(MELHADO, 1994).

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O gráfico 1 mostra a capacidade de influenciar o custo final de um

empreendimento de edifício ao longo de suas fases.

Gráfico 1 – Capacidade de influência no custo final de um empreendimento (HAMMARLUND; JOSEPHSON, 1992)

Pesquisas com foco na elaboração simultânea de projetos na construção civil

vêm sendo cada vez mais difundidas. Apesar disso, ainda não estão sendo

aplicadas em grande escala, devido à dificuldade de manuseio e à falta de

conhecimento dos profissionais envolvidos.

Baseado na notória falta de comunicação entre projeto e execução nos

diversos setores envolvidos em um processo construtivo no ramo da engenharia,

faz-se necessário, cada vez mais, o estudo e aprimoramento de uma metodologia

e/ou ferramenta eficaz para unificação e compatibilização desses processos. Desta

forma, buscaria-se diminuir custos, agilizar os processos, profissionalizar a execução

e integrar a equipe.

Visando à melhoria dessa etapa do sistema construtivo e à minimização de

erros na execução de empreendimentos, além de revisar conceitos, o presente

trabalho buscará enfatizar os benefícios relacionados ao uso da ferramenta BIM na

compatibilização de projetos. Para isso, será apresentado e fundamentado o seu

processo de funcionamento e implantação, para, então, realizar-se uma análise

sobre o software Revit fabricado pela Autodesk, como ferramenta de aplicação da

metodologia BIM.

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1.1 Justificativa

No meio da construção civil, é crescente o índice de retrabalho devido à

carência de profissionais especializados em compatibilização de projetos e à

negligência na execução do projeto no canteiro de obra. É devido a esses fatos e

suas inúmeras consequências, que a engenharia civil perde qualidade de produção

gerando custos excessivos e desnecessários em uma construção.

Apesar do conhecimento das vantagens da compatibilização, os profissionais

especializados nas diversas disciplinas relacionadas a elaboração de projetos, ainda

impõem restrições ao uso de softwares mais atualizados que podem facilitar o

processo construtivo. Por isso, o estudo de caso realizado neste trabalho busca

apresentar informações acerca dos desperdícios no decorrer de uma edificação,

propondo soluções a partir de ferramentas modernas e mais eficientes.

1.2 Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo geral apresentar a importância do

processo de compatibilização de projetos na Engenharia Civil, enfatizando os

benefícios do sistema Building Information Modeling (BIM) como metodologia de

gerenciamento de projetos. Para isso, os objetivos específicos estabelecidos são:

- Elencar as vantagens da compatibilização de projetos;

- Apresentar os riscos da elaboração independente de projetos na construção

civil;

- Expor conceitos de Engenharia Simultânea;

- Expor conceitos e ferramentas disponíveis para a metodologia BIM;

- Relacionar a compatibilização de projetos com a metodologia BIM;

- Revisar conceitos do software Revit (Autodesk), baseado no uso da

metodologia BIM;

- Realizar um estudo de caso avaliando os principais problemas gerados em

uma obra, de um prédio residencial de dezenove pavimentos, localizada na cidade

de Porto Alegre/RS, pela incompatibilidade entre os projetos.

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1.3 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho foi estruturado em 3 capítulos principais precedidos por

uma introdução, primeiro capítulo, contendo motivações e a justificativa pela escolha

do assunto bem como os objetivos da pesquisa.

O segundo capítulo apresenta a metodologia e o terceiro apresenta uma

revisão bibliográfica contendo todo o embasamento teórico necessário para a

compreensão do tema, explicitando conceitos básicos de projeto, compatibilização

de projetos, engenharia simultânea, BIM e Revit.

O quarto capitulo contém o estudo de caso realizado sobre compatibilização

de projetos em uma obra na cidade de Porto Alegre bem como entrevistas

realizadas com profissionais da área de engenharia abordando o assunto.

O quinto capítulo é a conclusão, apresentando um fechamento com

discussões acerca dos resultados encontrados.

Por fim apresentam-se as referências bibliográficas e anexos.

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2 METODOLOGIA

A fim de alcançar os objetivos e solucionar as dúvidas relacionadas às

vantagens da compatibilização de projetos na Engenharia Civil, bem como

esclarecer as questões inerentes à metodologia BIM, o método de abordagem

utilizado neste trabalho é o dedutivo. Para Lakatos e Marconi (1991), o método

dedutivo consiste em partir de um raciocínio geral sobre determinado assunto e

atingir um resultado particular, através de um raciocínio dedutivo, que busca explicar

o conteúdo das premissas.

Para chegar aos resultados almejados, será utilizada a pesquisa bibliográfica

para que, através de fontes confiáveis e competentes, seja possível conceituar e

contrastar os assuntos técnicos estudados. Além disso, é empregada uma pesquisa

documental, quando, através de trabalhos similares em outros locais do Brasil e do

mundo, busca-se comparar os resultados a fim de ampliar as discussões e qualificar

os resultados da pesquisa.

Baseado nas premissas já elaboradas acerca das aplicações da

compatibilização de projetos e metodologia BIM, este trabalho almeja averiguar as

suposições propostas, aplicando, assim, o método de procedimento conhecido como

estudo de caso. Lakatos e Marconi (1991) definem estudo de caso como a análise

de determinados objetos, examinando o tema escolhido e observando os fatores que

o influenciaram.

Finalmente, com o objetivo de exemplificar o objeto de pesquisa, bem como

colocar em prática os resultados e suposições encontrados, será realizado um

estudo de caso em uma obra na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O

estudo de caso, para Gil (2008), traz uma metodologia menos rígida, requerendo

que o pesquisador planeje adequadamente os passos do estudo.

O estudo de caso em questão será realizado por meio de acompanhamento

da construção de um prédio residencial com dezenove pavimentos, na cidade de

Porto Alegre. O método aplicado será a sobreposição de projetos em 2D, para

encontrar possíveis inconsistências pela falta de compatibilização prévia. Dessa

maneira, será comparado os projetos Estrutural, Hidráulico, Arquitetônico e de

Furação, durante os meses de março a julho de 2015

18

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 O projeto: conceito e importância

A palavra projeto deriva do latim projetum, que significa antes de uma ação,

assim, projeto pode ser definido como uma ação prévia de um empreendimento,

pesquisa ou desenho de modo sistemático e planejado para alcançar um objetivo.

Ainda, segundo a Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (1992) “é um

conjunto de ações caracterizadas e quantificadas, necessárias à concretização de

um objetivo”.

É bastante perceptível, hoje, no setor da construção civil, a necessidade de se

aperfeiçoar o processo de concepção de projetos de edificações com intuito de

interagir com a execução nos canteiros de obras, isto é, “no sentido de otimizar e

agregar valor ao empreendimento como produto final” (MIKALDO JR; SCHEER,

2008). De acordo com (RODRIGUES, 1992 apud ALGAYER, 2014) projeto é um

processo que passa pelas etapas de idealização, simulação e implantação, com o

objetivo de trazer as ideias para a realidade. Já para a Engenharia Civil, o termo

representa um conjunto de informações (desenhos, especificações, etc.) que

instruem a implantação de um empreendimento (NASCIMENTO; SANTOS, 2001).

O gráfico 2 mostra a relação de maior investimento na fase de projetos x

práticas convencionais, demonstrando o potencial de redução de custos e de prazos

de obra que podem ser conseguidos com um maior investimento na área de

projetos.

Gráfico 2 – Investimento na fase de projetos x práticas convencionais (BARROS; MELHADO, 1993

apud MELHADO, 1994).

19

Também, o projeto se caracteriza por ser um processo elaborado por diversos

ramos específicos, como arquitetura, estrutura e instalações prediais (FABRÍCIO,

1998). Essas áreas possuem uma relação de hierarquia, em que, geralmente, o

projeto arquitetônico é o responsável pelas indicações a serem seguidas pelos

projetos de estruturas e instalações (MELHADO, 1997).

Nota-se que essa relação hierárquica faz com que uma etapa de projeto de

determinada especialidade, segundo Fabrício (1998), dependa do término da outra

etapa para então ser iniciada, separando a fase de concepção da edificação do

desenvolvimento do projeto. É, então, após o lançamento do empreendimento que é

feita a contratação dos demais projetistas participantes do processo de elaboração.

Sendo assim, estes não trabalham de maneira conjunta e o processo de projeto

acaba sendo segmentado e individualizado, como representa o gráfico 3.

Gráfico 3 – Cadeia produtiva: perda por falta de interoperabilidade (SUZUKI, 2015).

Além da falta de interoperabilidade entre os projetistas, outro fator importante

de ser destacado é a baixa qualidade dos projetos, o que muitas vezes acarreta

inúmeros retrabalhos. Estes fatores podem ser associados, dentre outros, à

exigência por parte do contratante em relação ao cumprimento de metas e prazos, o

que geralmente acaba resultando em efeitos contrários, uma vez que o retrabalho,

seja em projeto ou em obra, demanda custos e tempo adicionais à execução do

empreendimento. Para Miszura (2013), a crescente demanda de projetos

20

imobiliários no mercado fez com que a equipe de projeto se distanciasse cada vez

mais da prática da construção.

A partir disso, Vargas (2008) salienta que esse sistema favorece o

amadurecimento isolado de cada área em relação ao estudo de soluções conjuntas

para as incompatibilidades, logo, a sobreposição dos diferentes tipos de projeto

ocorre somente ao fim do projeto. Surge, então a necessidade de compatibilizar

projetos que já estão finalizados, desperdiçando tempo e energia com os

retrabalhos.

Além do desperdício de tempo, há o excesso de gastos não previstos

anteriormente. Muitos autores concordam que, para reduzir os custos da obra, a

atenção deve ser voltada para essa fase inicial do processo de projeto, pois nessa

etapa ainda é passível de se evitar erros e de acordo com Abrantes (1995) apud

Tavares Junior (2001), os projetos podem representar até 60% dos problemas da

obra, conforme demonstram as tabelas 1 e 2. Ainda, Picchi (1993) apud Novaes

(1998) destaca a importância do processo de projeto, por serem instrumentos da

garantia e do controle da qualidade do empreendimento.

Tabela 1 – Origens dos problemas patológicos na construção civil (ABRANTES, 1995 apud TAVARES JUNIOR, 2001).

Quadro 1 – Origens do problema da obra (MOTTEU; CONDE, 1989 apud MELHADO, 1994)

21

Portanto, a fase de projeto desempenha um papel muito relevante na

construção civil, uma vez que possibilita o mapeamento das probabilidades pré-

execução, bem como, o aprimoramento de métodos executivos e a detecção de

problemas, falhas e patologias, permitindo a redução de desperdícios e

maximizando os ganhos financeiros (SOUSA JUNIOR; MAIA; CORREIO, 2014).

O gráfico 4 representa o nível de influência sobre os custos do

empreendimento, a partir do qual é possível notar que o projeto exerce uma

considerável influência sobre os custos da edificação, pois ainda há muitas

alternativas existentes nessa etapa em que poucas despesas foram geradas

(TAVARES JUNIOR, 2001).

Gráfico 4 – Nível de influência sobre os custos do empreendimento (Souza et al., 1994).

3.2 Compatibilização de projetos e suas vantagens

Compatibilizar projetos é verificar se os componentes dos sistemas ocupam

espaços conflitantes entre si e, assim, garantir que os dados compartilhados tenham

conexão e sejam seguros até o término do projeto (GRAZIANO, 2003). Para isso, é

necessário a participação dos diversos projetistas envolvidos nas etapas de

planejamento e execução do empreendimento, o que resultará em maior

entendimento das etapas construtivas, permitindo, assim, a elaboração de projetos

com o menor número de incertezas e com a maior proximidade da realidade

(NOVAES, 1998).

22

De acordo com Rodriguez (2005), compatibilizar projetos é analisar, identificar

e corrigir interferências físicas entre as diferentes áreas de projeto de uma

edificação. Ainda, o SEBRAE/SINDUSCON – PR (1995) apud Callegari (2007)

define compatibilização de projetos como uma atividade de gerenciar e integrar

projetos, objetivando o melhor ajuste entre os mesmos, afim de alcançar os padrões

de qualidade de determinada obra.

O compatibilizador de projetos, portanto, é aquele que consegue

compreender o raciocínio conceitual e levar a informação dimensional para

discussão, tendo assim uma importância adicional além daquela de sobrepor

desenhos, até então comumente praticada (FERREIRA, 2001). Além disso, Kamei e

Ferreira (2002) acrescentam que as ações do compatibilizador podem interferir no

sucesso do empreendimento, por desconhecimento ou omissão. O sucesso do

empreendimento fica ainda mais comprometido quando não há a compatibilização

dos projetos, podendo ser evidenciados problemas de falta de qualidade, maior

índice de retrabalhos, alongamento dos prazos de execução da obra e acréscimo do

custo de construção (TAVARES JUNIOR et al, 2003).

Dentro do processo de compatibilização, quanto mais forem as sobreposições

entre o projeto arquitetônico e os demais projetos complementares, maior é o grau

de assertividade da etapa construtiva e maior é o esclarecimento das informações

entre os profissionais (FETZ, 2009). Horostecki (2014) salienta que “compatibilizar

projetos requer investimentos que podem representar de 1% a 1,5% do custo da

obra, mas gera diminuição de despesas que varia de 5% a 10% desse mesmo

custo”.

A relevância da compatibilização pode ser notada através dos desperdícios

que a falta desta pode causar. Rodriguez (2005) afirma que a falta de

compatibilização pode contribuir para a elevação de custos devido ao desperdício

com:

- “Superdimensionamento ou subdimensionamento dos sistemas”;

- “Atrasos e retrabalhos devido a interferências entre os projetos, ou por falta

ou incorreção de informações”;

- “Desperdícios de recursos materiais e de mão de obra para a operação e a

manutenção”.

23

Existem, portanto, alguns métodos para fazer a tão necessária

compatibilização de projetos, como, a sobreposição de projetos 2D em softwares de

CAD, integração de modelos 3D e o método Failure Mode and Effects Analysis

(FMEA) - Análise dos modos e efeitos de falhas, exemplificado através da tabela

representada pelo anexo A.

Criado em 1950, o método FMEA tem o objetivo de identificar possíveis

falhas, suas causas e efeitos (PUENTE et al, 2002). O método considera que:

- O trabalho de compatibilização não inclui revisão de projetos;

- A revisão de cada projeto é atribuição do projetista específico;

- O trabalho de compatibilização de projetos não pode incluir a ação de co-

projetar;

- O projeto é atribuição do projetista ao qual foi confiada a tarefa;

- O trabalho de compatibilização de projetos tem as dimensões para: fazer

seguir o plano estratégico do projeto; fazer seguir a pesquisa de mercado do

desenvolvimento do produto; fazer seguir a viabilidade técnico-econômica do

empreendimento; fazer seguir a construtibilidade do projeto para a obra e ser o

facilitador das ações dos projetistas. A tabela 2 faz um resumo de como funciona o

método FMEA, ficando evidente que a análise de falhas é feita de baixo para cima, o

que possibilita ações preventivas a estas falhas em potencial, proporcionando

melhorias ao processo de projeto. (HELMAN; ANDERY, 1995 apud TAVARES

JUNIOR, 2001).

Tabela 2 – Funcionamento do método FMEA (HELMAN; ANDERY, 1995 apud TAVARES JUNIOR, 2001).

24

Para Mikaldo Jr. e Scheer (2008) a verificação dos projetos pode ser realizada

a partir da sobreposição de plantas em 2D em software CAD, com auxílio de check-

list, bem como com uso de software de integração tridimensional. Como exemplo, a

AltoQi desenvolveu o SAI – Sistema de Análise de Interferências, que permite

detectar interferências físicas entre as várias disciplinas, devido à integração

tridimensional entre os demais softwares compatíveis: Eberick, Hydros e Lumine,

como mostra a figura 1 a seguir.

Figura 1 – Integração dos modelos 3D no SAI (MIKALDO JR; SCHEER, 2008).

Os quadros 2 e 3, a seguir, são modelos de check list usado para auxiliar a

compatibilização de projetos.

Quadro 2 – Check List de compatibilização (FONTENELLE, 2002).

25

O quadro 3 exemplifica como uma determinada empresa faz sua

compatibilização de projetos. Cada combinação (ex.: arquitetônico versus estrutural)

tem alguns itens específicos a serem verificados que geralmente são os que mais

revelam problemas de inconsistência. Então, o gerenciador de projetos usa esta

sequência como manual para facilitar o processo de sobreposição de desenhos e,

portanto, a visualização das incompatibilidades.

Quadro 3 – Check List de compatibilização de projetos (GIACOMELLI, 2014).

3.3 Engenharia Simultânea: uma nova tendência (conceitos e vantagens)

Surgida na década de 90 a expressão Engenharia Simultânea (Concurrent

Engineering – CE) engloba diversos conceitos que tem como objetivo o

encurtamento do tempo de produção de um bem pela indústria. Na construção civil,

evidencia-se que esse conceito trouxe novas ideias sobre o modo de se fazer um

melhor gerenciamento dos empreendimentos de construção e o exemplo de maior

aplicabilidade na construção é representando pelo que se batizou de Modelo de

Informações da Construção (FERREIRA, 2001).

A Engenharia Simultânea (ES) é vista como um novo modo organizacional da

empresa para explorar, eficientemente, as potencialidades em ascensão de

equipamentos e softwares disponíveis para o desenvolvimento de produtos e

26

processos (KRUGLIANSKAS, 1993). De acordo com Melhado (1997), esse termo

surge da necessidade de resolver problemas de qualidade relacionados à fase de

uso, o aumento das exigências dos clientes as pressões de custo e a necessidade

de inovação.

As figuras 2 e 3 de Tavares Junior (2001) representam a diferença do modelo

de Engenharia Sequencial e Engenharia Simultânea, respectivamente. A partir delas

é possível notar no processo tradicional existe uma deficiência no que diz respeito à

integração entre as etapas e à troca sistemática de informações. Já com a

introdução da Engenharia Simultânea, como o próprio nome sugere, as execuções

das tarefas do processo de projeto são realizadas quase que simultaneamente.

Ainda com a nova metodologia, verifica-se que o desenvolvimento do projeto é feito

em paralelo com o desenvolvimento do produto (briefing).

Figura 2 – Fluxograma de Engenharia Simultânea (TAVARES JUNIOR, 2001).

Figura 3 – Fluxograma de Engenharia Sequencial (TAVARES JUNIOR, 2001).

Assim, o conceito de Engenharia Simultânea (ES), pode ser resumido como

sendo a “integração do projeto do produto e do processo em toda a empresa”.

(FINGER, 1993 apud BECKER; NICOLETTI, 2011) O objetivo desse processo,

segundo Broughton (1990), é reduzir tempo de produção e custo, adicionando

qualidade ao processo, integrando projeto e a manufatura devido ao paralelismo das

27

atividades. Mais detalhadamente é o desenvolvimento integrado de produtos e

processos que prioriza o atendimento ao cliente e suas expectativas, incluindo

valores de trabalho em equipe, como cooperação e compartilhamento, de maneira

que as decisões sejam tomadas no início do desenvolvimento do projeto incluindo

todas as perspectivas do ciclo de vida do empreendimento (ASHLEY, 1992 apud

PRASAD, 1996).

A ES sugere que, para a obtenção de um processo de melhoria contínua,

qualquer modificação sugerida em um projeto, seja analisada pela equipe de

trabalho antes de ser colocada em prática, pois dessa forma, todos os detalhes

considerados no projeto serão levados em conta sem modificar os padrões iniciais

estabelecidos com o cliente (MELLONI, 1998). Para isso, Dean e Susman (1991)

apud Melloni (1998) aconselham o desenvolvimento de um único departamento que

reúna os dois processos: de projeto e de fabricação, permitindo uma maior

integração com a existência de uma linguagem comum.

São inúmeras as vantagens da aplicação desse sistema de integração, como

um produto final de melhor qualidade considerando a manufaturabilidade na fase de

desenvolvimento, encurtamento do ciclo de concepção – desenvolvimento –

lançamento de um produto, conhecido como “time to market”, redução geral de

custos envolvendo projeto, processo e produto, melhorando a eficiência de todo

processo, evitando rejeitos e retrabalhos (GIFFI et al, 1990 apud MELLONI, 1998).

Para alavancar a essência da ES, conta-se hoje em dia, com a disponibilidade

de tecnologias de informação, com destaque para a internet, que facilitam as

atividades de colaboração e coordenação de projetos. Para isso são usados os

ambientes chamados “extranets” que são sistemas de gerenciamento de projetos

baseados na web (SANTOS; NASCIMENTO, 2002 apud MIKALDO; SCHEER,

2008), que tem por finalidade, melhorar a comunicação entre os demais projetistas

envolvidos no projeto. Então, simplificando, os benefícios estão relacionados à

economia de tempo, recursos e custos, consequência da minimização de equívocos

e retrabalhos no processo de projeto devido a uma integração entre projeto e

projetista.

O gráfico 5 mostra um comparativo do tempo de ciclo de vida do projeto de

um produto entre a Engenharia sequencial tradicional e a Engenharia simultânea.

28

Gráfico 5 – Clico de vida do projeto de um produto em Engenharia sequencial e Engenharia simultânea (KRUGLIANSKAS, 1993).

A partir da imagem é possível notar a economia de tempo que a ES oferece

ao processo, que concentra seus esforços na área de projetos.

A fim de evitar desperdícios na construção civil, esforços são direcionados

para a área projetual, conforme já foi relatado, constituindo o caminho crítico para a

obtenção de qualidade na construção, redução de tempo e custo. Para se obter êxito

na concepção e coordenação de projetos de um empreendimento, é necessária a

integração entre os diversos participantes do processo, (FABRICIO, 2002). A partir

disso a compatibilização se encaixa como um complemento das etapas de

realização de projetos encontrando falhas pela falta de integração dos projetos ou

engenharia simultânea.

3.4 BIM: conceitos

Com o surgimento de novas tecnologias, melhoras significativas têm sido

lançadas no mercado de softwares, com novas funções, novos layouts, integração

de informações e dados que podem ser importados e exportados. Uma dessas

novas tecnologias foi batizada como “Building Information Modeling – BIM”.

Conhecido como Modelagem da Informação da Construção ou Modelo Paramétrico

da Construção Virtual, além de ser um modelo de visualização do espaço projetado,

é um modelo digital que contém um banco de dados que agrega informações para

29

diversas finalidades, tais como aumento da produtividade e racionalização do

processo (CRESPO; RUSCHEL, 2007).

Mattos (2014) faz referência à evolução da modelagem BIM, que tem inovado

os campos da engenharia e arquitetura, permitindo uma visão mais clara e objetiva

de desenhos e projetos. Começando com o modelo 3D, em que há consolidação dos

projetos em um ambiente virtual em três dimensões, é possível identificar

inconsistências entre os projetos, o que facilita a manutenção e as alterações por

parte do projetista. Com a introdução da 4° dimensão, tornou-se possível ao gestor

de projetos acompanhar o avanço físico da construção, visto que os elementos

gráficos da construção passam a ser atrelados ao cronograma da obra.

Agregando ainda mais informações ao processo de projetos, Mattos (2014)

aborda a modelagem 5D, com a introdução da variável custo. A partir desse

elemento, é possível, através da parametrização dos objetos com seus respectivos

insumos de produção, atualizar automaticamente o orçamento da obra, na medida

em que são modificadas as demais pranchas do projeto. Com toda a evolução da

modelagem já descrita anteriormente, ainda existe a 6° dimensão. Essa grandeza

está relacionada com o gerenciamento do ciclo de vida do produto, ou seja, com o

BIM 6D é possível controlar a garantia dos equipamentos, planos de manutenção,

dados de fabricantes e fornecedores, custos de operação e até mesmo fotos.

Através das modelagens 3D, 4D, 5D e 6D o BIM está emergindo como um

novo potencial tecnológico, uma vez que possui todas as funções do CAD 3D aliado

à informações que permitem a confecção de tabelas de orçamentos, cronogramas e

especificações. Ao passo que o modelo 3D CAD traz apenas coleções de pontos,

linhas, formas 2D e 3D e volumes, no conceito de BIM tais parâmetros geométricos

podem também ter significado simbólico ou abstrato, assim como dados

quantitativos ou qualitativos (YAN; DAMIAN, 2008).

A figura 4 representa como funciona a plataforma BIM. A interoperabilidade é

vista como uma função que integra todas as disciplinas, sendo possível além da

construção virtual do objeto arquitetônico, quantificar, planejar, coordenar e

recuperar informações a qualquer fase do empreendimento. Além disso, segundo

Rosso (2011), a plataforma permite “verificar interferências, testar alternativas de

projeto e ensaiar o comportamento do modelo sob a ação de diversos agentes”.

30

Figura 4 – Fluxograma BIM (ROSSO, 2011)

O Modelo de Informações da Construção, possui um espaço onde ficam

armazenados dados que configuram uma base de dados ou mais conceitualmente

formulado, como um modelo de informações. Esse espaço é mais do que

necessário, uma vez que durante o processo de construção de um empreendimento

são gerados grandes volumes de informações de diversas fontes que precisam de

uma estrutura de dados para que possam ser armazenados organizadamente para

futuramente, alimentarem as fases do empreendimento (FERREIRA, 2001). O banco

de dados do sistema BIM, exibe a geometria dos elementos construtivos em 3

dimensões e ainda armazena seus atributos, transmitindo mais informações que um

software CAD, por exemplo (COELHO; NOVAES, 2008).

A partir disso, o BIM representa um novo caminho para a representação

virtual de Edificações, onde objetos reais são codificados para descrever e

representar componentes do real ciclo de vida da construção (CRESPO; RUSCHEL,

2007). Ademais, o sistema BIM, adota modelos paramétricos dos elementos

construtivos de uma edificação, o que permite alterações dinâmicas no modelo

gráfico, as quais são prontamente modificadas nas demais pranchas associadas,

assim como nas tabelas de orçamento e especificações. Dessa forma, o BIM difere

31

do sistema CAD, pois neste último, para a modelagem gráfica, usa-se um conjunto

de coordenadas, formando elementos de representação como portas, janelas etc.,

sendo que cada alteração feita nesse sistema implica em uma ação manual para

modificar as demais pranchas com objetos representados (COELHO; NOVAES,

2008). Ainda, outra diferença entre o BIM e o CAD, segundo Eastman et al. (2014), é

a possibilidade de os usuários, no BIM, “definirem estruturas mais complexas de

famílias de objetos e relações entre eles do que é possível com o CAD 3D, sem

recorrer a desenvolvimento em nível de programação de software“.

A figura 5 representa a interligação entre os elementos envolvidos no

processo de projeto e construção nos diferentes métodos, CAD e BIM.

Figura 5 – Interligação entre os elementos envolvidos no processo de projeto e construção (OLIVEIRA, 2015).

É possível dizer que na modelagem BIM, o desenho é “inteligente”, pois uma

vez que o desenho foi representado, o projetista atribui-lhe propriedades

(parametrização) que são salvas no mesmo arquivo eletrônico, gerando

automaticamente, a legenda da prancha e os quantitativos de materiais, que

posteriormente serão repassados para a equipe orçamentista (FARIA, 2007).

Então, para a realização da modelagem de processos e atividades no

sistema BIM, é necessária uma minuciosa identificação de todos os insumos que

fazem parte do processo de desenvolvimento do produto e a compreensão do seu

inter-relacionamento, precedência e contexto, além da utilização de uma

terminologia adequada, que alcance todos os envolvidos no desenvolvimento do

produto (ARAUJO et al, 2001 apud ROMANO; BACK; OLIVEIRA, 2001). Assim, tem-

se um modelo transparente, em que pode-se observar e conhecer o modo de

funcionamento e consequentemente aperfeiçoá-lo.

32

Além disso, o modelo BIM possui, segundo Silva (2012), “níveis de

detalhamento (LOD – Level of Detail) em função de dados disponíveis, dos objetivos

imediatos e do investimento que se pretende realizar”. Como, por exemplo, o LOD

100 Modelo de Estudo de Massa, o LOD 200 Modelo de Anteprojeto, LOD 300

Modelo para Projeto Executivo, LOD 400 Modelo para construção e LOD 500

Modelo para Manutenção.

3.5 BIM: vantagens e desafios

A modelagem de informações da construção é a criação e o uso de

informações, coordenadas, consistentes e computadas sobre o projeto e a

construção de uma edificação. A capacidade de manter essas informações

atualizadas e acessíveis em um ambiente digital integrado, oferece aos arquitetos,

engenheiros e construtores uma visão geral clara do projeto, que contribui para

diversos outros fatores comentados a seguir (CADS, 2015).

O principal benefício do modelo BIM é consequência da habilidade de

partilhar um único modelo digital integrado e consistente, que tem capacidade de

suportar todos os aspectos no ciclo de vida do projeto na construção (CRESPO;

RUSCHEL, 2007). Devido a esse compartilhamento de informações em um só

modelo digital, as equipes de profissionais envolvidos podem comunicar melhor suas

ideias e ações, difundindo o seu conhecimento e permitindo uma melhor

compreensão dos profissionais acerca dos objetivos do empreendimento (BLANCO,

2011).

De acordo com Ferreira (2007), o sistema BIM reflete suas vantagens muito

além da modelagem de um produto, pois procura englobar todos os aspectos

relativos ao empreendimento, desde produtos e processos, até a documentação.

Desse modo, sua implantação em um escritório de projeto, altera o modo

convencional de trabalho. Além disso, para Tavares Junior (2001), a Modelagem da

Informação da Construção é sensivelmente relevante para a integração do processo,

devido a comunicação mais clara entre os profissionais envolvidos, e para o

gerenciamento da informação no processo de construção civil.

Ainda, simplificando, para Eastman et al. (2014) o BIM promove a

colaboração entre os participantes do projeto de forma mais clara, minimizando

33

erros e modificações em obra, resultando em um processo de entrega mais eficiente

e confiável, reduzindo o tempo e o custo total da edificação

O gráfico 6 mostra a percentagem de empreiteiros que citam benefícios do

BIM como um dos três principais para a sua empresa. Destaca-se, em primeiro

lugar, a redução de erros e omissões, devido ao compartilhamento de informações

em um único projeto; seguido de colaboração com proprietário/empresa de projeto

pois a comunicação entre ambos é mais clara e eficiente; em terceiro lugar, fica o

aprimoramento da imagem organizacional, pois com know-how na área a empresa

ganha vantagem competitiva em suas estratégias de marketing; e, em quarto lugar,

a redução dos retrabalhos, devido a existência da edificação virtual.

Gráfico 6 – Benefícios do BIM para empreiteiros (SMARTMARKET REPORT, 2012)

Outra grande potencialidade do BIM é a alteração do cronograma de obra,

que é feita com a geração automática de plantas, cortes e elevações nos locais

desejados pelo usuário, reduzindo o tempo que seria usado para a execução desses

desenhos manualmente (OLIVEIRA, 2015). Como o sistema BIM prevê essa

integração de informações de planejamento aos projetos em 3D, é possível planejar

cada etapa construtiva em um tempo específico e que se aproxima da realidade e

obter o histograma de produção por tipo de serviço, tornando o cronograma mais

assertivo e garantindo um controle maior sobre os prazos da obra (BLANCO, 2011).

Além disso, este sistema tem a habilidade de eliminar inconsistências entre

plantas, cortes e elevações, uma vez que os desenhos são gerados a partir de um

modelo. Ainda nesse contexto, segundo Blanco (2011), com BIM é possível reduzir a

redundância de informações na modelagem e o potencial de erro nas várias etapas

da construção devido a inserção de diversas informações em um único projeto e o

34

compartilhamento dessas entre os usuários envolvidos no processo. Isso ocorre pelo

fato de o empreendimento ser construído virtualmente, podendo-se antecipar

incompatibilidades entre os desenhos.

Ainda, Oliveira (2015) afirma que, devido à parametrização dos materiais e de

informações como custo e tempo de execução, a metodologia BIM torna o

planejamento da obra mais detalhado e de fácil acesso às equipes que o

interpretarão, à medida em que torna a obra mais organizada, minimizando o tempo.

Dessa forma, a necessidade de retrabalhos e mudanças durante a construção são

reduzidas, o que ocorre, também, devido ao processo de se edificar virtualmente o

empreendimento. Como consequência da parametrização, é possível também,

tornar as estimativas de custo mais precisas. Uma vez que, dessa forma, cada item,

insumo e material é quantificado automaticamente pelo software, reduzindo o

trabalho braçal e a margem de erro (BLANCO, 2011).

Devido ao fácil acesso a informação e a integração entre elas, com a

aplicação da metodologia BIM, é possível obter uma visualização mais ampla da

obra, com maior produtividade além de menor tempo de execução e redução de

custos (LEÃO DE LIMA et al, 2014). Ainda de acordo com Blanco (2011), a

plataforma permite além da troca de experiências, o estudo de sequencias

construtivas, a simulação de alternativas tecnológicas e uma melhora na logística do

canteiro de obras, resultando no aumento da produtividade.

Entretanto, mesmo com todos os benefícios citados anteriormente, há muita

restrição ao uso, por parte de projetista e empresários que alertam para a

complexidade dos softwares BIM. Em uma pesquisa realizada por Han Yan e Peter

Damian em 2008, no Reino Unido e Estados Unidos os resultados são os seguintes:

cerca de 40% dos entrevistados nos EUA e 20% dos entrevistados no Reino Unido

acreditam que os gastos de tempo e recursos humanos para o processo de

implantação são muito caros, além disso, os entrevistados alegam que faltam

estudos que comprovem o real benefício da metodologia. Ainda, a resistência à

mudança, ao novo e ao desconhecido, está sempre presente, ainda mais quando os

arquitetos e engenheiros, caso dos entrevistados, se dizem satisfeitos com os

tradicionais métodos de projeto (YAN; DAMIAN, 2008).

O gráfico 7 representa um gráfico com as principais barreiras para a adoção

dessa metodologia:

35

Gráfico 7 – Barreiras do BIM (YAN; DAMIAN, 2008)

Pode-se extrair, a partir do gráfico 7, que a maior restrição ao uso se refere ao

tempo e aos recursos humanos envolvidos para a sua implementação. Aliado a isso,

os custos com direitos autorais e treinamento das equipes ficam em segundo lugar

nos índices da pesquisa.

Segundo Faria (2007), a maior barreira ao uso da tecnologia é o tempo gasto

com a aprendizagem, que pode ser de até um ano, fazendo com que os escritórios

de engenharia e arquitetura percam um pouco de produtividade nesse período. Para

Pedro Maló, do Instituto de Desenvolvimento de Novas Tecnologias de Portugal

(Faria, 2007), o processo de aprendizado é dividido em 3 etapas, sendo a primeira

aprender a desenhar no BIM, a segunda é realizar as trocas simples entre os

projetistas envolvidos, e a terceira e última etapa é a integração com orçamento e

cronogramas.

Uma outra fonte acerca dos desafios da implementação da metodologia BIM é

Tse e Wong (2005), que enumeram:

- Variação do modelo arquitetônico, através do uso correto da metodologia

BIM;

- Problemas na adaptação de objetos ao projeto;

- Customização dos objetos restrita;

- Tempo despendido para a modelagem devido à complexidade da

ferramenta;

- Limitação no treinamento e no apoio técnico;

36

- Gastos extras para aquisição de módulos complementares;

- Indisponibilidade gratuita de aquisição do software.

3.6 Projetos integrados: o uso da plataforma BIM na gestão de projetos

Coordenar projetos é um desafio. Coordenar projetos a partir da

implementação de uma nova metodologia de planejamento é um desafio ainda

maior. A evolução dos sistemas BIM e seu emprego por empresas nacionais e

internacionais é uma realidade atualmente, permitindo a adoção de sistemas

colaborativos para dar apoio à gestão do processo de projeto na construção civil

(COELHO; NOVAES, 2008).

Como prova da eficácia desta plataforma na gestão de projetos, Leão de Lima

et al. (2014) encontraram na Reserva Camará, grande empreendimento da região

metropolitana de Recife (PE), uma boa expectativa de redução de tempo, retrabalho

e custos, com a detecção de erros percebidos durante a fase de projeto. Além disso,

houve considerável aceitação por parte das empresas, bem como dos projetistas,

visto que o nível de detalhamento da plataforma BIM resultou em correção de

incompatibilizações ainda na fase de projeto.

Outro estudo que, desde as fases iniciais de concepção, englobou o BIM

como ferramenta preferencial de transmissão de informações foi realizado por Lino,

Azenha e Lourenço (2012) junto ao Terminal de Cruzeiro do Porto de Leixões, em

Portugal. Esse trabalho obteve resultados referentes aos benefícios trazidos pela

modelagem estrutural, que, por meio de medições exatas de elementos de grande

dimensão da obra, cuja quantificação seria mais difícil com o emprego de outra

tecnologia, elevaram o trabalho colaborativo e integraram as tecnologias de

informação.

Uma pesquisa realizada por Azevedo (2009), aplicou a metodologia BIM nos

processos de projeto e construção do Centro de Saúde de Macedo de Cavaleiros,

em Portugal. Os resultados obtidos referem-se à detecção das incongruências de

projeto existentes, evitando retrabalhos, assim como tabelamento da quantidade de

materiais necessários para a execução da obra, reduzindo gastos em excesso.

Os fluxos de trabalho e processo facilitados devido à interoperacionalidade

proporcionada pelo BIM são, também, resultados positivos encontrados em outro

estudo de caso, realizado por Antunes (2013). No trabalho foi aplicada a

37

metodologia BIM em uma habitação unifamiliar na cidade de Braga, Portugal,

comprovando suas potencialidades, entre as quais estão: capacidade de realizar

diversas especialidades, tendo como base a mesma informação, evitando

inconsistências; capacidade de associar ao modelo planejamentos da obra, sendo

possível reduzir tempo de construção; capacidade de comunicar com o Microsoft

Excel para a estimativa de custo, minimizando gastos na construção de edificações.

Outro estudo de caso foi realizado nos anos de 2006 e 2007 na cidade de

Mountain View, California, Estados Unidos, por Eastman et al. (2014) e trouxe a

aplicação da metodologia BIM em um edifício de consultórios médicos e

estacionamentos. O objetivo principal era reduzir o tempo total de duração do

empreendimento e, para tanto, a construção foi iniciada antes de o projeto detalhado

ser concluído.

Eastman et al. (2014) expuseram que os benefícios almejados com o uso de

um modelo virtual de projeto alcançavam clientes, projetistas e construtora. O

cliente, de forma mais ampla, à medida que haveria um maior entendimento de

como a facilidade serviria aos pacientes, médicos e enfermeiros; os projetistas,

quanto à redução de conflitos e interferências na obra, baseados na influência da

construtibilidade; e a construtora e os subempreiteiros, na busca pela maneira mais

eficiente de construir e planejar.

Com o término da obra, Eastman et al. (2014) encontraram como resultado

alguns atrasos, causados pelo detalhamento inadequado e erros no modelo 3D.

Apesar disso, relataram que o empreendimento obteve muito sucesso, já que a

produtividade foi de 15 a 30% acima do padrão da indústria.

Na concepção do novo Centro de Alfabetização Springfield, na Pensilvânia, a

metodologia BIM, foi a opção escolhida para o desenvolvimento dos projetos da

edificação. A equipe de análise de desempenho, que avaliou a implementação do

BIM, revela que a interoperabilidade provou ser uma chave para a produtividade e

que os softwares utilizados permitiram uma troca eficiente de informações com o

BIM, evitando redundâncias. Os resultados obtidos também dizem respeito a relação

projetista versus cliente, uma vez que a comunicação entre ambos foi melhorada,

devido à existência de um “feedback” do cliente, o qual é colocado no modelo de

projeto e alterado em tempo real. O autor concluiu que, a melhoria na comunicação

e a capacidade de evitar onerosas revisões de projeto ao final do cronograma, em

38

um ambiente integrado, melhorou significativamente a produtividade e garantiu a

qualidade dos serviços executados (SMARTMARKET REPORT, 2008).

Outro trabalho realizado com a utilização da metodologia BIM foi o da

Universidade do Colorado – Denver Health Sciences Center, conforme ilustra a

figura 6. Esta pesquisa fez uma comparação com duas torres construídas por

diferentes contratantes e, portanto, diferentes metodologias, sendo possível

comparar seus desempenhos. A plataforma BIM foi usada ao longo das fases do

projeto e planejamento da torre 2. Uma vez que o modelo de construção BIM

começou a tomar forma, verificou-se um planejamento eficiente e uma significativa

economia de tempo. Além disso, notou-se uma maior velocidade na revisão de

projetos para posterior aprovação permitindo um adiantamento dos serviços a serem

realizados na obra e assim, otimizando o cronograma. A otimização resultou em dois

meses de adiantamento para o final da construção da torre 2, que ainda foi

concluída 6 meses antes do término da construção da torre 1. Uma comparação

entre as duas torres, evidenciou o fato de que mais decisões foram tomadas no

início do projeto na torre 2, que evitou a existência de posteriores inconsistências e,

portanto, retrabalhos, que geram custos e tempo não previsto (SMARTMARKET

REPORT, 2009).

Figura 6 - Torre 2, Aurora, Colorado (SMARTMARKET REPORT, 2009)

39

Com base na revisão bibliográfica realizada em trabalhos com a aplicação da

metodologia BIM em estudos de caso, é perceptível que, o sistema tem trazido boas

expectativas de economia de tempo e recursos, porém torna-se difícil mensurar os

resultados concretos, isto é, de uma maneira objetiva. Isso acontece devido ao fato

da implantação do BIM ser muito recente na maioria das empresas, sendo difícil

fazer o levantamento de dados que quantifiquem seus benefícios. Apesar disso, a

plataforma BIM, segundo autores dos estudos acima citados, revela-se um

promissor modelo de desenvolvimento de projetos, cronogramas e orçamentos, com

um grande potencial de aplicabilidade em todos setores da construção civil. Esse

potencial é comprovado pela entrevista realizada pela Editora PINI em 2013 com

588 participantes das áreas de construção e projeto, em que 90% dos entrevistados

pretende usar a tecnologia BIM em até 5 anos.

3.7 Software Revit: o que é, como funciona e como pode revolucionar a engenharia

Hoje tem-se disponíveis no mercado, além do Revit, softwares BIM de várias

empresas, como por exemplo, o ArchiCad da Graphisoft, o Bentley Architecture da

Bentley Systems e o VectorWorks da Nemetscheck sendo que todos permitem a

exportação com um formato de arquivos de dados de arquitetura aberta, uma

linguagem comum para que haja troca entre os diversos modelos, conhecida como

IFC (Industry Foundation Classes). O Revit é um dos softwares disponíveis no

mercado para design de projeto mais difundidos (VENDRAMINI, 2012) que foi

desenvolvido para a Modelagem da Informação da Construção, o qual inclui

recursos para projeto de arquitetura, de engenharia estrutural e de construção.

Produzido pela Autodesk em 2000, a plataforma Revit consiste em um sistema de

modelagem e documentação de projetos, que contém desenhos e tabelas

necessários para a construção de uma edificação (CADS, 2015).

A figura 7, retirada do próprio site da Autodesk, representa as etapas que

compõe a plataforma BIM no ciclo de vida das edificações. Faz parte desse ciclo de

vida o programa de necessidades, a etapa de projeto conceitual em 3D, os projetos

detalhados, as análises térmicas, acústicas etc., a burocracia da documentação, a

fabricação dos produtos necessários para a construção, a modelagem 4D, ligada ao

cronograma da obra, a modelagem 5D ligada diretamente ao orçamento da

40

edificação. Dá-se início, então, à construção propriamente dita e, após isso, à fase

de modelagem 6D, contemplando a operação e manutenção do empreendimento.

Ainda há a fase de demolição e renovação, fechando o ciclo. Dessa forma, o

fluxograma traduz o funcionamento de uma plataforma BIM, através do software

Revit da Autodesk.

Figura 7 – Fluxograma BIM (Autodesk Revit, 2016)

Para a integração de todos os projetos, a Autodesk criou além do Revit

Architecture de modelagem 3D, o Revit MEP de instalações Hidráulicas e elétricas,

Revit Structure de estruturas e Revit LT que é um software econômico de BIM.

Nesses modelos, todas as folhas de desenhos, vistas 2D e 3D e tabelas consistem

em representações das informações do modelo de construção. Ou seja, enquanto se

utiliza as tabelas e desenhos, automaticamente o Revit coleta essas informações

sobre o projeto e distribui as mesmas para as outras representações. Dessa forma o

mecanismo de alteração paramétrica do Revit dispensa o trabalho manual.

O programa é dividido em famílias de objetos da construção como, por

exemplo, paredes, pisos, portas, etc. Cada elemento desses, tem suas propriedades

paramétricas fixas, onde o usuário pode somente modificar valores. Porém, em

alguns casos de elementos com fórmulas embutidas que remetem a um

comportamento do objeto modelado, dizemos que o elemento é inteligente, porque

age conforme a parametrização definida pelo usuário anteriormente.

41

Além dessas características da plataforma, há ainda mais facilidades como a

identificação de quais elementos devem ser representados com espessuras grossas,

médias e finas, a alteração automática conforme a mudança da escala, das alturas

de textos, cotas e símbolos, execução automática de cortes e fachadas conforme

comando do projetista e a nomeação e numeração automática dos desenhos nas

pranchas. Ainda é possível gerar, automaticamente, maquetes eletrônicas com foto

realismo e animação gráfica. A figura 8 representa o layout do software Revit 2013:

Figura 8 – Layout do Revit 2013 (Revit, 2013).

Mesmo com todos os benefícios, o software ainda possui elevado custo,

tornando-se oneroso para algumas empresas, o que acaba por dificultar a

implantação devido ao custo, ao tempo de implementação e aprendizado e à cultura

enraizada da utilização do AutoCAD nos escritórios. Porém, o valor do software

consegue repor, em pouco tempo, o investimento colocado sobre ele (JUSTI, 2008).

O gráfico 8, ainda de acordo com Justi (2008), representa o efeito do uso dos

softwares versus o esforço de uso, na comparação do Revit, com AutoCad e

AutoCad Architeture. Logo se percebe que com a utilização do Revit obtem-se mais

efeito com menos esforço, ou seja, mesmo que o tempo para adaptação dos

42

usuários, seja relativamente extenso, os resultados após sua implantação serão

rápidos e satisfatórios, garantindo a credibilidade do software no meio construtivo.

Gráfico 8 – Efeito do uso dos softwares x esforço de uso (JUSTI, 2008).

A plataforma se tornará uma tendência devido às inúmeras facilidades

encontradas com sua utilização, tais como:

- Menores prazos de entrega de projetos, ou seja, economia de tempo;

- Coordenação mais alinhada evitando erros de graficação;

- Redução de custos;

- Maior produtividade devido ao uso de um único modelo digital;

- Trabalho de maior qualidade devido a integração entre equipes;

Assim, projetos que usam a plataforma Revit Building possuem uma maior

vantagem competitiva, pois, fornecem melhor coordenação e qualidade e ainda

contribuiem para uma maior interação entre engenheiros, arquitetos e os demais

componentes da equipe (JUSTI, 2008).

A figura 9 representa a ideia, sugerida por Melhado (2005), de como uma

equipe multidisciplinar, formada por todos os agentes participantes do processo de

desenvolvimento de uma edificação, deve se relacionar, a partir de uma visão

sistêmica do projeto.

43

Figura 9 – Visão Sistêmica do Processo de Projeto (MELHADO et al., 2005).

44

4 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso foi realizado por meio do acompanhamento da obra de

construção de um prédio residencial com dezenove pavimentos, situado à Rua

General Caldwell, número 966, na cidade de Porto Alegre no período compreendido

entre março e julho do ano de 2015.

O respectivo acompanhamento tinha como função precípua o relato das

principais inconsistências do projeto, oriundas, principalmente, da ausência do

emprego de compatibilização de projetos. Nesse sentido, tornam-se evidentes os

custos gerados com o retrabalho e o consequente desperdício de tempo.

A metodologia utilizada foi a sobreposição de desenhos em 2D, para justapor

camadas a fim de se identificar visual e manualmente possíveis interferências. A

partir disso, fez-se a comparação entre os projetos Hidráulico, Estrutural,

Arquitetônico, Elétrico e de Furação.

Ademais, foram realizadas reuniões semanais em conjunto com os

engenheiros responsáveis, os quais viabilizavam uma análise mais próxima e

competente da evolução do projeto.

4.1 Incompatibilidades que ocasionaram erros

A maior parte dos erros, concentrados muitas vezes na parte estrutural, foram

adequados diretamente na própria obra, uma vez que, anteriormente ao estudo de

caso, não se fazia nenhum tipo de compatibilização prévia de projetos. Dessa forma,

seguem listadas as incompatibilidades encontradas, com suas respectivas soluções:

a) Falta de compatibilização do projeto estrutural com o projeto paisagístico e

projeto da piscina. Nesse caso, o projeto arquitetônico e o paisagístico

contemplavam o espelho d’água e a piscina no mesmo nível, porém no projeto

estrutural constava uma viga invertida na borda do espelho d’água. A viga foi

concretada, e quando pronta, impossibilitou que área da piscina ficasse conforme o

projeto paisagístico que havia sido vendido para os clientes. O problema foi

resolvido quebrando a viga e concretando tudo novamente no mesmo nível para

ficar conforme o projeto paisagístico, figuras 10 e 11. Além do trabalho de quebrar a

viga é importante salientar que a piscina já estava em processo de

impermeabilização, ou seja, foi necessário remover a manta de impermeabilização e

45

recolocá-la posteriormente. O custo aproximado para este retrabalho foi de 15 mil

reais e o tempo de atraso foi de aproximadamente 1 mês, retardando a realização

de outros serviços e o trabalho da equipe de impermeabilização, que já havia

finalizado os serviços na obra.

Figura 10 – Reconstrução da viga da piscina (Arquivo pessoal).

Figura 11 – Reconstrução da viga da piscina (Arquivo pessoal).

46

b) Falta de compatibilização entre projeto estrutural e projeto de furação.

Como não foram previstos os furos da coifa da cozinha, fez-se necessário um

reforço estrutural para possibilitar a execução dos mesmos, figura 12, 13 e 14. Esse

problema gerou para a empresa um custo aproximado de 8 mil reais, entre projeto e

reforço estrutural, um atraso de 3 semanas de obra com equipes adicionais

trabalhando aos sábados. Então é possível concluir que o custo extra não se

concentra apenas no valor do projeto e do reforço, conforme citado anteriormente,

mas também, no tempo gasto com o retrabalho e o deslocamento de equipe para

trabalhar aos sábados.

Figura 12 – Reforço estrutural nos furos das coifas das cozinhas (Arquivo pessoal).

Figura 13 – Tubo metálico para reforço (Carbonite Gpinheiro)

47

Figura 14- Reforço estrutural (Carbonite Gpinheiro)

c) Falta de compatibilização entre projeto elétrico e projeto de gás. Nesse

caso havia tubulações de gás passando nos painéis de medidores de energia

elétrica, figura 15. As adequações foram apenas desvios na tubulação de gás, a qual

passou pela lateral do painel de medidores. Não gerou custos adicionais

significativos nem atraso na execução da obra, mesmo assim, gerou um retrabalho

desnecessário.

Figura 15 – Projeto Hidrossanitário contendo a tubulação de gás dentro do painel de medidores

(Carbonite Gpinheiro).

48

d) Falta de compatibilização entre o projeto legal e o projeto executivo. O

projeto executivo apresentava uma altura da caixa d’água superior à apresentada no

projeto legal, o qual foi aprovado na prefeitura, figura 16 e 17. O erro foi constatado

antes do mesmo ser executado e foi adequado em obra com revisão do projeto

arquitetônico.

Figura 16 – Projeto Legal Reservatório Superior (Carbonite Gpinheiro).

Figura 17 – Projeto Executivo Reservatório Superior (Carbonite Gpinheiro).

49

e) Falta de compatibilização entre projeto estrutural e projeto de ventilação.

Nesse caso não foi prevista uma abertura de 1mx1m para ventilação mecânica do

estacionamento na cortina de contenção e agora terá que ser feito um reforço

estrutural para possibilitar a quebra da estrutura para execução desta ventilação. O

atraso previsto é de 1 semana e o custo estimado é de 4 mil reais. Figuras 18,19 e

20.

Figura 18 – Detalhe da abertura na cortina (Carbonite GPinheiro)

50

Figura 19 – Detalhe da ventilação do estacionamento do subsolo no pavimento térreo (Carbonite GPinheiro)

Figura 20 – Projeto de formas do pavimento térreo sem esperas para a ventilação (Carbonite GPinheiro).

51

f) Falta de compatibilização entre o projeto estrutural e o projeto dos

elevadores. A laje da casa de máquinas não foi construída conforme a capacidade

de carga prevista no projeto estrutural, logo, teve que ser refeita atrasando a

montagem dos elevadores, figuras 21 e 22. A revisão do projeto levou 1 mês para

ser elaborada, mais 3 semanas para reconstrução da laje. Os custos se limitam a R$

6250,00.

Figura 21 – Laje da casa de máquinas (Carbonite GPinheiro)

Figura 22 – Casa de máquinas após reconstrução (arquivo pessoal)

g) Falta de compatibilização do projeto estrutural com o projeto de instalações

elétricas e hidrossanitárias. Não foi previsto no projeto estrutural os furos das

esperas das tubulações hidráulicas e elétricas do subsolo, térreo e segundo

pavimento. Os projetos foram atualizados, os reforços dos furos foram executados

com um custo de R$ 25000,00 e, mesmo que não tenham gerado atrasos no

52

cronograma da obra, foi necessário o deslocamento uma equipe para realizar o

trabalho. Figuras 23,24 e 25.

Figura 23 – Projeto de instalações hidrossanitárias do pavimento térreo com tubulação passando dentro da viga V48 (Carbonite GPinheiro)

Figura 24 – Projeto de formas do pavimento térreo sem esperas para passagem de tubulação hidráulica (Carbonite GPinheiro)

53

Figura 25 – Armadura da viga V48 sem esperas para passagem da tubulação de água (Carbonite

GPinheiro)

h) Falta de compatibilização entre o projeto estrutural e o de

impermeabilização na laje do térreo onde os rebaixos para impermeabilização foram

locados de forma errônea no projeto estrutural, fazendo com que os rebaixos

terminassem no meio de áreas expostas a chuva direta, o que vai contra a boa

prática da engenharia, figuras 26 e 27. A solução adotada foi o acréscimo de 7 cm

de contrapiso, terminando a impermeabilização em local adequado.

Figura 26 – Rebaixo do hall de entrada terminando no meio de áreas expostas a chuva direta (arquivo pessoal).

54

Figura 27 – Rebaixo do hall de entrada terminando no meio de áreas expostas a chuva direta (arquivo pessoal).

4.2 Aplicação do questionário aos envolvidos

Foi realizada uma entrevista com dez engenheiros experientes na área de

gerência de obras da construtora Gpinheiro e da Nacional Engenharia cujo

questionário adaptado encontra-se no ANEXO B do presente trabalho. Os resultados

se somam com os apresentados no estudo de caso apresentado. Dentre os

problemas encontrados pelos entrevistados, os mais comuns são:

- Falta de compatibilização entre projeto de furação e projeto estrutural,

acarretando na falta de furos na estrutura de concreto, portanto, sendo necessária a

execução de reforço estrutural;

- Falta de compatibilização entre projeto estrutural e hidráulico;

- Falta de compatibilização entre projeto estrutural e de gás em laje zero, em

que as linhas de gás deveriam cruzar sobre vigas extremamente carregadas na

armadura negativa não sobrando espaço para a tubulação de gás;

55

- Falta de compatibilização entre projeto estrutural e a impermeabilização;

onde os rebaixos necessários para a impermeabilização eram inexistentes ou

estavam em locais inadequados.

Os gráficos refletem os resultados encontrados pelos entrevistados com base

em suas trajetórias profissionais:

Gráfico 9 – Incompatibilidades mais comuns encontradas pelos entrevistados

Gráfico 10 – Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre compatibilização de projetos

56

Gráfico 11 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre problemas decorrentes da falta de compatibilização de projetos.

Gráfico 12 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre gerencia de projetos.

Gráfico 13 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre gerenciamento de informações.

57

Gráfico 14 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre planejamento da produção da obra.

Gráfico 15 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre realização de reuniões para compatibilização de projetos.

Gráfico 16 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre gerenciamento de projetos.

58

Gráfico 17 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre a formação dos responsáveis pela compatibilização de projetos.

Gráfico 18 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre percentual de desperdício

em consequência da falta de compatibilização.

Gráfico 19 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre a existência de um manual para auxílio na compatibilização.

Gráfico 20 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre estabelecimento de regras para a atividade de compatibilizar projetos.

59

Gráfico 21 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre como são estabelecidas as regras para compatibilização.

Gráfico 22 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre os documentos utilizados para a compatibilização.

Gráfico 23 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre as ferramentas utilizadas para compatibilização.

60

Gráfico 24 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre o número de compatibilizações.

Gráfico 25 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre registro de não-conformidades oriundas da falta de compatibilização.

Gráficos 26 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre Engenharia Simultânea.

Gráfico 27 - Resposta dos entrevistados acerca do questionamento sobre FMEA.

61

De acordo com os participantes, apesar de reuniões frequentes durante o

processo de elaboração de projeto com auxílio de manuais de gerenciamento e o

uso de sistemas de gerenciamento de informações como construtivo e carbonite, os

problemas ocorridos devido à falta de compatibilização não são poucos. Os fatores

que mais influenciam na geração dessas incompatibilidades são principalmente de

ordem técnica, isto é, pela falta de treinamento em engenharia simultânea e FMEA,

porém ainda existem problemas de ordem cultural e organizacional.

Como a maioria dos entrevistados só tinha conhecimento teórico acerca da

engenharia simultânea é possível constatar que não fazem o uso da plataforma BIM,

a qual poderia evitar ou pelo menos minimizar a quantidade de inconsistências

encontradas por eles no processo de compatibilização de projetos.

4.3 Discussão dos resultados

Não foram poucos os problemas encontrados em apenas cinco meses de

acompanhamento da execução da obra Sunset Hall. Além disso, os entrevistados

também evidenciaram uma gama de erros na execução de suas obras dentro e fora

da construtora Gpinheiro, tornando ainda mais evidente a inúmera quantidade de

retrabalhos gerados pela má compatibilização de projetos ou pela falta dela na

concepção de edificações.

Então, a partir dos resultados encontrados, é possível afirmar que não há

somente desperdício de tempo, mas também um custo adicional significativo ao

valor total da obra. Valor esse estimado, de acordo somente com os dados que se

fizeram possíveis levantar, em R$ 58.250,00 reais, englobando os valores de

atualização de projetos, de reconstrução/reforços das estruturas em questão e de

mobilização de equipes adicionais fora de horário de expediente. O tempo

desperdiçado foi dissolvido em horas extras de trabalho e contratação de equipes

complementares, não sendo suficiente para gerar atrasos no prazo de entrega da

obra, o qual permanece para novembro de 2015.

A partir disso e das vantagens acerca da plataforma BIM, fica claro que a falta

de um gerente de projetos capacitado e especialista na Modelagem da Informação

da Construção evitaria ou, no mínimo, reduziria a quantidade de erros devido à falta

62

de compatibilização de projetos, bem como, minimizaria os custos de construção e o

desperdício de tempo. Assim, a obra teria um custo bruto menor, podendo reduzir o

valor de venda dos apartamentos e aumentando o poder de compra dos clientes.

Nesse caso o cronograma permaneceu intacto, porém em casos em que a

contratação de equipes adicionais não é possível devido a restrições no orçamento,

o tempo de execução da edificação seria sensivelmente alterado, resultando em

atrasos no prazo de entrega do empreendimento além de insatisfação dos clientes.

63

5 CONCLUSÃO

O sonho da casa própria ou de um negócio autônomo faz parte da esfera de

prioridades do brasileiro, na medida em que representa “status” e estabilidade.

Contudo, além das adversidades naturais que podem permear qualquer

empreendimento – como ausência e má gestão de recursos, instabilidade

econômica, entre outros – a construção civil traz ainda suas dificuldades peculiares.

Nesse sentido, é possível afirmar com tranquilidade que, em grande parte dos

investimentos, existem problemas durante a execução da obra, com probabilidade

de contratempos e eventuais modificações do projeto original, além da ausência da

compreensão do cliente acerca do resultado final da obra.

Tais fatores comprometem o bom andamento da obra, assim como a relação

entre o profissional e o consumidor, além de, inúmeras vezes, resultar na

insatisfação desse último e o consequente descrédito no ramo da construção civil.

Portanto, após alguns meses de pesquisa – tanto teórica quanto empírica – é

possível concluir que apesar das barreiras e dificuldades verificadas para a

implementação da plataforma BIM, atualmente é inegável o fato de que essa será,

em pouco tempo, indispensável para a obtenção de uma modelagem eficiente e de

fácil compreensão para clientes, projetistas, construtores e empreiteiros.

Como consequência de um significativo investimento em aprimoramento e

aprofundamento das técnicas da metodologia BIM, é cada vez maior o número de

usuários que comprovam suas vantagens. A título de exemplo podem ser citados a

economia de tempo e custos, além da maior satisfação do cliente, porquanto ele

poderá visualizar o resultado final do seu projeto com meses de antecedência, de

modo a tornar essa ferramenta essencial para a evolução do método de construção

atual.

A compatibilização de projetos é uma prática muito importante para a

obtenção de qualidade de construção, tanto pela otimização de recursos e quanto

pela confiabilidade no cronograma, não podendo ser menosprezada enquanto

técnica. Torna-se importante ressaltar, além disso, que esse sistema organizacional

também estará contribuindo com a sustentabilidade do planeta, uma vez que,

conforme já mencionado, evita-se inúmeros retrabalhos e desperdícios de materiais,

lembrando que o concreto, com sua vasta emissão de gás carbônico, é considerado

um dos grandes vilões ao meio ambiente.

64

Desta forma, as peculiaridades do estudo de caso realizado neste trabalho,

bem como as minúcias evidenciadas com a aplicação do questionário comprovam

as consequências negativas que poderiam advir em razão dada a falta da

compatibilização de projetos na construção civil, as quais tenderiam a ser mínimas

ou até inexistentes com a utilização da metodologia BIM.

Embora sejam de fácil percepção os benefícios trazidos pela metodologia

referida, vale ressaltar que as referências na língua portuguesa a respeito dessa

temática são restritas a artigos e estudos de casos, mostrando-se ainda mais

escasso o material referente a literatura conceitual. Hodiernamente, o único livro

traduzido para o português é o “Manual de BIM” de Eastman e colaboradores, o que

limita substancialmente a amplitude da pesquisa.

A despeito da raridade das fontes de pesquisa, a quase totalidade dos

trabalhos se referem ao BIM como uma nova tendência, de modo que já se pode

afirmar que quem optar por ficar a parte dela perderá competitividade e credibilidade

no mercado de trabalho.

As vantagens desse sistema abrangem não apenas os engenheiros e

arquitetos - usuários direitos dos softwares BIM, mas também, e sobretudo, os seus

clientes, os quais terão acesso, desde o início da obra, a uma perspectiva realista do

seu empreendimento, uma vez que ele será edificado virtualmente.

Então, com o intuito de difundir e ampliar essa inegável tendência do

mercado, além de modernizar as técnicas de construção e facilitar a relação entre

profissionais e clientes, recomenda-se que as Universidades Brasileiras introduzam

em suas grades curriculares, principalmente nos cursos de engenharia civil e

arquitetura, pesquisas na área de novos processos de gerenciamento construtivo.

Dessa forma, mostra-se imprescindível, também, estimular a realização de

palestras, disciplinas complementares de graduação, bem como workshops de

softwares de modelagem da construção, possibilitando a inserção dos alunos no

mercado de atualidades de tecnologias da informação.

65

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ANEXOS ANEXO A – Quadro para análise do modo e efeito de falhas (CYMBALISTA, 1992

apud FREITAS; COLOSIMO, 1997).

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ANEXO B - Modelo de questionário utilizado nas entrevistas com engenheiros da

construtora GPinheiro (TAVARES JUNIOR, 2001 – adaptado).

QUESTIONÁRIO:

1) Qual o seu conhecimento sobre compatibilização de projetos? ( ) Somente teórico. Ainda não utilizei. ( ) Prático. Utilizo em minhas obras. ( ) Não tenho conhecimento. 2) Em sua experiência profissional já houve casos de problemas decorrentes de não ter sido feita a compatibilização de projetos? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, especifique. 3) Com base na sua experiência sobre gerência de projetos na construção de edificações, quais empecilhos apareceriam devido à compatibilização de projetos? ( ) Culturais – criação de equipes multidisciplinares. ( ) Técnicos – treinamento em engenharia simultânea e FMEA. ( ) Organizacionais – sistematização de informações. ( ) Outros – especifique: 4) Durante a sua participação no desenvolvimento de projetos, você trabalhou com algum sistema de gerenciamento de informações? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo especifique. 5) O planejamento da produção da obra, a seleção do sistema de tecnologia e os projetos de produção devem ser realizados em qual fase ? ( ) Após a conclusão do projeto executivo. ( ) Durante o desenvolvimento do projeto do produto. ( ) Não executa. 6) Caso tenha participado de reuniões para compatibilização de projetos como foram feitas estas reuniões? ( ) Reuniões freqüentes durante a elaboração dos projetos. ( ) Reuniões esporádicas. ( ) Reuniões a cargo dos projetistas. ( ) Não participou. 7) Assinale a(s) afirmativa(s) que melhor caracteriza(m) a situação de gerenciamento de projetos em empresas nas quais já trabalhou. ( ) Existe profissional específico dentro da empresa responsável pelo gerenciamento e pela compatibilização de projetos. ( ) O gerenciamento e a compatibilização de projetos são feitos pelo proprietário da empresa.

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( ) O engenheiro de obra é quem faz o gerenciamento dos projetos. ( ) A empresa contrata profissional específico para esta atividade. 8) O profissional envolvido nos projetos que fica responsável pela compatibilização dos mesmos, tem a formação de: ( ) Arquiteto. ( ) Engenheiro de obras. ( ) Engenheiro calculista. ( ) Engenheiro projetista de instalações. ( ) Outro. Especifique. 9) Você tem algum dado sobre o percentual de desperdício que é consequência da falta de compatibilização de projetos? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo especifique. 10) Nas atividades de compatibilização de projetos que você participou, existia um manual para orientação deste serviço? ( ) Sim ( ) Não 11)Você acha necessário o estabelecimento de regras para a atividade de compatibilização de projetos? ( ) Sim ( ) Não 12) Na resposta anterior em caso afirmativo, como seriam estabelecidas essas regras para compatibilização de projetos? ( ) Manual específico de compatibilização de projetos. ( ) Manual de gerenciamento de projetos. ( ) Regras informais. ( ) Outros. Especifique. 13) Para a realização da compatibilização de projetos quais os documentos utilizados? ( ) Projeto arquitetônico. ( ) Projeto estrutural. ( ) Projeto elétrico. ( ) Projeto hidráulico / incêndio. ( ) Projeto sanitário. ( ) Projeto de gás. ( ) Projetos de produção. ( ) Caderno de encargos. ( ) Orçamento. ( ) Outros. Especifique. 14) De acordo com o seu conhecimento profissional que tipos de ferramentas já foram utilizadas na compatibilização de projetos? ( ) Autocad

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( ) Engenharia Simultânea ( ) FMEA ( ) FTA ( ) Outros. Especifique. 15) Qual o número de compatibilizações de projetos a ser realizado para solucionar os problemas de falta de integração entre os mesmos? ( ) Uma – na fase de projeto executivo. ( ) Duas – nas fases de anteprojeto e projeto executivo. ( ) Três – nas fases de estudo preliminar, anteprojeto e projeto executivo. ( ) Mais de três – especifique. 16) No desenvolvimento dos projetos que você participou as não-conformidades oriundas da falta de compatibilização de projetos foram registradas? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo especifique como. 17) Que tipo de conhecimento você tem sobre Engenharia Simultânea? ( ) Somente teórico, ainda não utilizei. ( ) Prático, já utilizei em meus trabalhos. ( ) Não tenho conhecimento. 18) Que tipo de conhecimento você tem sobre FMEA? ( ) Somente teórico, ainda não utilizei. ( ) Prático, já utilizei em meus trabalhos. ( ) Não tenho conhecimento