CAUSAS EXTERNAS A MORBIMORTALIDADE DE ADOLESCENTESATENDIDOS NO PRONTO-SOCORRO DO HOSPITAL GETUacuteLIO VARGAS

EM TERESINA

RESUMO

INTRODUCcedilAtildeO Milhotildees de adolescentes satildeo vitimizados pela violecircncia e morremsilenciosamente por falta de miacutenimas condiccedilotildees de vida e futuro o que acarretaprejuiacutezos imensuraacuteveis a sociedade OBJETIVO Caracterizar os principais agravosa sauacutede por causas externas que acometem os adolescentes do Pronto Socorro (PS)do Hospital Getuacutelio Vargas (HGV) em Teresina ndash PI METODOLOGIA Esseestudo eacute uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa realizada com mil esete fichas de atendimento a adolescentes acometidos por agravos agrave sauacutede no PS doHGV durante o periacuteodo de marccedilo a agosto de 2003 Para a coleta de dados utilizou-se uma ficha contendo os dados sociais os de identificaccedilatildeo dos agravos e os deregistro de oacutebitos nesta clientela RESULTADOS A ocorrecircncia de agravos externosagrave sauacutede dos adolescentes no periacuteodo estudado foi de 425 sendo os de maiorocorrecircncia a faixa etaacuteria mais atingida foi o intervalo 16-18 (584) A maiorincidecircncia destes agravos verificou-se entre os estudantes (925) O tipo detratamento utilizado foi o cliacutenico (619) O dia de maior ocorrecircncia do atendimentofoi o Domingo (185) O registro de oacutebitos foi de 07 Sendo o turno diurno(619) o que apresentou o maior nuacutemero de atendimento a esta clientelaCONCLUSAtildeO O estudo possibilitou caracterizar os principais agravos agrave sauacutede porcausas externas que acometem os adolescentes no PS do HGV A ocorrecircncia deatendimento por agravos externos identifica aleacutem da vulnerabilidade ao risco ao qualestes estatildeo expostos uma aceitaccedilatildeo passiva de sua existecircncia pela sociedade e suaincorporaccedilatildeo em nosso dia-a-dia

Palavra Chave Adolescentes Agravos externos Morbimortalidade

SILVA Elene Maria CarvalhoMELO Antonio Araujo

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1

CAUSAS EXTERNAS A MORBIMORTALIDADE DE ADOLESCENTES NOPRONTO-SOCORRO DO HOSPITAL GETUacuteLIO VARGAS EM TERESINA-

PI

ABSTRACT

INTRODUCTION Millions of adolescents are victimized for the violence and theydie quietly for lack of low life conditions and future what carts immeasurabledamages the society 1 AIM AT to Characterize the main offences the health forexternal causes that they attack the adolescents of the Ready HeIp (PS) of theHospital Getuacutelio Vargas (HGV) in Teresina-PI METHODOLOGY That study is adescriptive research with quantitative approach accomplished with a thousand sevenservice records to adolescents attacked by offences to the health in the PS of HGVregarding he period of March to August of 2003 For the collection of data a recordwas used containing the social data the one of identification of the offences and theone of registration of deaths in this clientele RESULTS the occurrence of externaloffences to the adolescentsrsquo health in the studied period was of 425 being theone of larger occurrence was the traumas (360) following by the bodily harms(270) Accidents with vehicles (164) physical Aggressions (160) Poisoning(23) Burns (18) Scrape (05) The age group more reached was the interval16-18 (584) THE Iargest incidence of these offences was verified among thestudents (925) THE type of used treatment was the doctor (619) THE day oflarger occurrence of the service was Sunday (185) THE registration of deaths wasof 07 being the shift of the day (619) what presented the largest service numberthe this clientele CONCLUSION The studies made possible to characterize themain offences to the health for external causes that youthey attack the adolescents ofthe PS of HGV The service occurrence for external offences identifies besides thevulnerability to the risk to the which these are exposed a passive acceptance ofhisher existence for the society and hisher incorporation in our day by day

KEY WORDS Adolescents External causes

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CAUSAS EXTERNAS A MORBIMORTALIDADE DE ADOLESCENTESATENDIDOS NO PRONTO-SOCORRO DO HOSPITAL GETUacuteLIO VARGAS

EM TERESINA

SILVA Elene Maria CarvalhoMELO Antonio Araujo

INTRODUCcedilAtildeO

Embora o conceito de adolescecircncia seja relat ivamente recente na

histoacuteria da civilizaccedilatildeo a noccedilatildeo de adolescecircncia tem suas raiacutezes na

Greacutecia Ant iga Aristoacuteteles considerou os adolescente como

Apaixonados irasciacuteveis capazes de seremarrebatados por seus impulsos [ainda quetenham] altas aspiraccedilotildees Se o jovem comete umafalta eacute sempre no lado do excesso e do exagerouma vez que eles levam todas as coisa longedemais (GUumlNTHER 1999)

A adolescecircncia eacute uma fase do desenvolvimento humano ndash

segunda deacutecada da existecircncia ndash em cont inuidade ao processo dinacircmico

da evoluccedilatildeo caracterizado por grandes t ransformaccedilotildees crescimento

bioloacutegico mudanccedilas psicossociais e cognit ivas uma fase especial e

significat iva da vida na qual as descobertas e conquistas estatildeo

relacionadas com a afirmaccedilatildeo pessoal e busca de novas alternat ivas

Entretanto as aspiraccedilotildees a esses valores de bem-estar social tem sido

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3

sufocadas por manifestaccedilotildees adversas decorrentes do crescimento

desordenado das cidades da miserabilidade de grande faixa da

populaccedilatildeo e do aumento da violecircncia em todas as suas formas Aleacutem

disso concomitante agrave ideacuteia contemporacircnea de que a adolescecircncia eacute

fonte de grandes oportunidades circulam ideacuteias a noccedilatildeo de riscos que

sempre necessitam de atenccedilatildeo puacuteblica

O Brasil eacute hoje um paiacutes com 21249557 adolescentes Destes

10546314 satildeo do sexo feminino (496) 10703243 adolescentes do

sexo masculino (504) representando 125 do total da populaccedilatildeo

brasileira (UNICEF 2003)

Diversos fatores caracterizam a adolescecircncia como populaccedilatildeo de

risco tais como surgimento de doenccedilas que podem comprometer o

desenvolvimento ambiente familiar desest ruturado conviacutevio com

algum tipo de violecircncia abuso fiacutesico - tanto contra si mesmo (suiciacutedio

e acidentes) como contra os outros (homiciacutedios e agressotildees) - e o uso

de drogas (RESMINI 2003)

Marcondes (1991) comenta que ateacute as uacutelt imas deacutecadas os

adolescentes natildeo haviam merecido atenccedilatildeo especifica em relaccedilatildeo aos

cuidados com a sauacutede Fato talvez devido aos baixos iacutendices de

morbidade eou de mortalidade nesta faixa etaacuteria Poreacutem este enfoque

modificou-se causando interesse maior nesta classe

Os estudos sobre a caracterizaccedilatildeo da morbimortalidade entre os

adolescentes revelam um quadro marcado pelos altos iacutendices de mortes

violentas em especial homiciacutedios acidentes de tracircnsito suiciacutedios

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4

dentre outros Todos esses agravos a sauacutede satildeo preveniacuteveis e

dependem da implementaccedilatildeo de poliacutet icas puacuteblicas na aacuterea da sauacutede

(PIROTTA PIROTTA 1999)

Dados do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) de acordo com o

anuaacuterio Estat iacutest ico de Sauacutede do Brasil de 2001 indicam que as

principais causas de internaccedilatildeo por causas externas na populaccedilatildeo em

geral deveu-se a quedas (43) seguidas por acidentes de transportes

(17) Nas Regiotildees Sudeste e Sul as quedas responderam por cerca da

metade das internaccedilotildees enquanto que os acidentes de transporte foram

os de maiores proporccedilotildees nas regiotildees sudeste (20) e nordeste (19)

destacando-se o estado do Maranhatildeo 1 (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE

2003)

No Piauiacute somente no mecircs de fevereiro de 2003 os percentuais de

atendimento a adolescentes por causas externas corresponderam a

965 em relaccedilatildeo a todos os atendimentos do Pronto Socorro sendo

que 631 destes foram em adolescentes do sexo masculino (PIAUIacute

2003i)

A mortalidade por acidentes const itui problema de grande

magnitude com forte impacto soacutecio-econocircmico para a sociedade

Grupos de crianccedilas e adolescentes tecircm sido viacutet imas de diferentes t ipos

de acidentes e violecircncias Em 1999 o Brasil perdeu 21573 vidas de

jovens entre zero e dezenove anos de idade principalmente em

decorrecircncia de acidentes de tracircnsito e violecircncias interpessoais Aleacutem

1 anexo 1 tabela 01

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5

disto mais de 220000 internaccedilotildees hospitalares apenas no ano

passado abrangendo vaacuterias causas externas (JORGE 2003)

Os acidentes de tracircnsito de acordo com Ribeiro (2003)

representam a maior causa de morte entre os jovens geralmente

relacionados com o consumo de bebidas e outras drogas A

vulnerabilidade dos jovens a esse t ipo de acidente resulta da

imaturidade emocional e social assim natildeo se comportam

adequadamente quando dirigem um carro ou motocicleta

Outro dado importante decorrente da tensatildeo social potencialmente

localizada na faixa etaacuteria de 15 a 20 anos eacute o homiciacutedio que eacute

responsaacutevel pela morte de muitos outros jovens - em 1997 cerca de

seis mil adolescentes foram assassinados A morte por violecircncia aleacutem

de dor e sofrimento que provoca tem altos custos sociais A proacutepria

Organizaccedilatildeo Panamericana de Sauacutede como cita Saito (2001) refere

em recente relato sobre a sauacutede das Ameacutericas que A concentraccedilatildeo de

homiciacutedios e outros t ipos de violecircncia nos grupos mais jovens a

converte na principal causa de anos de vida potencial perdidos na

maior parte dos paiacuteses

Dados coletados em pesquisa realizados em um Pronto Socorro do

municiacutepio de Satildeo Paulo mostram um percentual de 30 do total de

atendimentos a clientela de zero a quinze anos sobre violecircncia

ut ilizando vaacuterios t ipos de armas (CHAVES 1987)

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6

No Piauiacute os iacutendices do Pronto Socorro do Hospital Getuacutelio

Vargas de atendimentos por violecircncias em 1992 principalmente

t raumat ismos foram de 125 em clientes de 13 a 18 anos Em outra

pesquisa realizada em 2000 este iacutendice subiu para 133 A mesma

autora comenta ainda que os dias de maior atendimentos destes

agravos se concentram nos finais de semana fato possivelmente

devido ao uso de substacircncias alcooacutelicas eou drogas (SANTOS et al

1992)

Uma banalizaccedilatildeo do uso de drogas por vaacuterios seguimentos

sociais como bandas de muacutesica movimentos art iacutest icos e algumas

defesas calorosas e puacuteblicas e o argumento de que todo mundo um dia

vai experimenta e que esse uso faz parte da adolescecircncia e que

portanto vai passar No entanto t rabalhos epidemioloacutegicos como o

de Celine (1997) citado por Bezerra e Linhares (1999) mostram que a

meacutedia brasileira de rdquoexperimentaccedilatildeo entre adolescentes foi de 07

para cocaiacutena 34 para maconha 173 para inalantes2

A disseminaccedilatildeo do uso do aacutelcool e drogas principalmente por

crianccedilas e adolescentes eacute um est imulador da criminalidade De acordo

com pesquisa realizada O primeiro contato com o aacutelcool se daacute em

meacutedia entre 13 e 14 anos no caso das drogas iliacutecitas entre 14 e 16

(ALMANAQUE ABRIL 2003)

2 anexo1 tabela 02

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O uso indiscriminado dessas drogas pode causar dependecircncia

fiacutesica eou psicoloacutegica aleacutem de tornar o adolescente mais suscept iacutevel

a situaccedilotildees de riscos principalmente a violecircncia fiacutesica

Em estudo realizado com adolescentes internados na Unidade de

Psiquiat ria do Hospital da PUCRS em 1992 Resmini (2003)

demonstrou que os adolescentes envolvidos com amigos problemaacutet icos

abusavam de aacutelcool ou drogas t inham sintomas depressivos e

comportamentos ant i-sociais e eram muito sensiacuteveis a perdas criacutet icas

e separaccedilotildees Estes adolescentes sent iam-se soacutes e t inham histoacuteria de

tentat ivas de suiciacutedio preacutevias ou de acidentes A tentat iva de suiciacutedio

tambeacutem esteve presente como um dos principais mot ivos que conduziu

agrave internaccedilatildeo do adolescente Quase um terccedilo dos adolescentes

internados apresentou histoacuteria de tentat iva de suiciacutedio no periacuteodo que

antecedeu a baixa

Muitas vezes o jovem pode tentar suiciacutedio de uma maneira

inconsciente envolvendo-se em acidentes automobiliacutest icos nos quais

comeccedilam com formas mais brandas por exemplo at raveacutes da ingestatildeo

de pequenas quant idades de comprimidos e evoluem em gravidade e

em potencial de causar a morte

No intuito de colaborar com o entendimento de tentat iva de

suiciacutedio Resmini (2003) elaborou o seguinte conceito

Um ato com variado grau de consciecircncia doindiviacuteduo em relaccedilatildeo a si proacuteprio compossibilidade de provocar dano fiacutesico que emdeterminadas circunstacircncias pode ser letal demodo que eacute potencialmente perigosa a suaexecuccedilatildeo quer pela intencionalidade

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autodest rut iva subjacente ou pelo desconhecimentodo indiviacuteduo sobre os riscos a que se expotildee e cujamotivaccedilatildeo situa-se no espectro que vai desde odesejo de acabar com a proacutepria existecircncia ateacute odesejo de com o ato modificar o ambiente soacutecio-familiar

A cada cinco minutos um jovem ndash preponderantemente do sexo

masculino - se suicida Atualmente pelo menos 100 mil adolescentes

cometem suiciacutedio em todo o mundo No Brasil em 1997 foram

regist rados 683 suiciacutedios na faixa etaacuteria de ateacute 19 anos o que

representa cerca de 10 do nuacutemero total de mortes por essa causa

(RIBEIRO 2003)

A Aacuterea de Sauacutede do Adolescente baseado no Ministeacuterio da Sauacutede

(2003) desde 1989 quando da criaccedilatildeo do Programa de Sauacutede do

Adolescente ndash PROSAD vem trabalhando com a percepccedilatildeo de que eacute

necessaacuterio uma poliacutet ica nacional integrada de atenccedilatildeo especifica aos

indiviacuteduos de 10 aos 20 anos voltada para a melhoria da qualidade de

vida desta populaccedilatildeo com a prevenccedilatildeo e reduccedilatildeo da morbimortalidade

As accedilotildees desse programa satildeo orientadas pelo princiacutepio de

integralidade das accedilotildees de sauacutede da necessaacuteria mult idisciplinaridade

no trato das questotildees de sauacutede e na integraccedilatildeo intersetorial e

interinst itucional dos oacutergatildeos envolvidos respeitando as diret rizes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS

Nenhuma organizaccedilatildeo eacute capaz isoladamente de realizar todas as

accedilotildees necessaacuterias para assegurar sauacutede e desenvolvimento para os

adolescentes Alianccedilas e parcerias satildeo essenciais para a criaccedilatildeo das

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condiccedilotildees de proteccedilatildeo do bem-estar e maximizaccedilatildeo dos potenciais de

todos eles

A concret izaccedilatildeo destas accedilotildees obedece aos direitos de sauacutede dos

adolescentes que traz em sua definiccedilatildeo os seguintes art igos

Eacute dever da famiacutelia da comunidade dasociedade em geral e do Poder Puacuteblico assegurarcom absoluta prioridade a efet ivaccedilatildeo dos direitosreferentes agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agraveeducaccedilatildeo ao esporte ao lazer agraveprofissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade aorespeito agrave liberdade e a convivecircncia familiar ecomunitaacuteria (Ministeacuterio da Just iccedila ndash ECA art 4O)

A crianccedila e o adolescente tecircm direito agraveproteccedilatildeo agrave vida agrave sauacutede mediante a efet ivaccedilatildeo depoliacutet icas sociais que permitam o nascimento e odesenvolvimento sadio e harmonioso emcondiccedilotildees digna de existecircncia (Ministeacuterio daJust iccedila ndash ECA art 7O)

Para o cumprimento do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente e a

efet iva conquista da cidadania eacute necessaacuterio envolver a comunidade e a

seguranccedila puacuteblica na elaboraccedilatildeo de projetos e programas a fim de

diminuir os atuais iacutendices de violecircncia entre e contra os adolescentes

A adolescecircncia configura-se tema recente de estudos das ciecircncias

meacutedicas A Enfermagem enquanto um campo de aplicaccedilatildeo teacutecnico-

cient iacutefica tem a sua frente o desafio de avanccedilar na construccedilatildeo de

conhecimentos e praacutet icas voltadas agrave promoccedilatildeo agrave sauacutede dos

adolescentes em todos os niacuteveis de sauacutede

Neste contexto em uma tentat iva de demonstrar uma possiacutevel

vulnerabilidade desta faixa etaacuteria a determinados agravos a sauacutede

decidiu-se realizar esta pesquisa para que os profissionais de sauacutede

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10

envolvidos com o atendimento de urgecircncia e emergecircncia desta

clientela possam conhecer os aspectos epidemioloacutegicos desses

agravos de maneira a fundamentar-se cient ificamente a assistecircncia a

ser prestada agraves viacutet imas aleacutem de nortear o ensino e a pesquisa

Com a ident ificaccedilatildeo dos principais agravos pode-se criar projetos

educat ivos para implantaccedilatildeo ou implementaccedilatildeo de medidas de

prevenccedilatildeo e controle destes

Almejamos com este t rabalho a definiccedilatildeo da caracterizaccedilatildeo dos

principais agravos a sauacutede por causas externas que acometem os

adolescentes atendidos no Pronto Socorro do Hospital Getuacutelio Vargas

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11

METODOLOGIA

Para realizaccedilatildeo desta pesquisa utilizou-se o meacutetodo descritivo com uma

abordagem quantitativa

A pesquisa descritiva conforme Rauen (1999) objetiva conhecer descobrir e

observar fenocircmenos procurando descrevecirc-los Andrade (1999) acrescenta que uma

das caracteriacutesticas desta pesquisa eacute a teacutecnica padronizada da coleta de dados

realizada principalmente mediante questionaacuterios e da observaccedilatildeo sistemaacutetica sendo

que seus resultados natildeo satildeo manipulados pelo pesquisador

A interpretaccedilatildeo de evento de uma determinada situaccedilatildeo eacute importante pois a

partir disto pode-se realizar medidas eficazes que beneficiam toda uma populaccedilatildeo E

utilizando-se o meacutetodo descritivo torna possiacutevel o estudo generalizado pois ele

permite utilizar de certa forma um pequeno grupo ou amostra e a partir deste

deduzir as caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo da qual a amostra foi retirada

O meacutetodo quantitativo caracteriza-se pelo emprego daquantificaccedilatildeo tanto nas modalidades de coleta deinformaccedilatildeo quanto no tratamento delas por meio de teacutecnicasestatiacutesticas desde as mais simples como percentual mediadesvio padratildeo as mais complexas coeficiente de correlaccedilatildeoanaacutelise de regressatildeo (RICHARDSON 1999)

A pesquisa quantitativa permite organizar uma pesquisa que envolva um

grande nuacutemero de variaacuteveis que possibilita a garantia e precisatildeo dos resultados

assim como especificar o grau de relaccedilatildeo entre elas Segundo Oliveira (1999)

significa quantificar opiniotildees dadas nas formas de coleta de informaccedilotildees assim

como tambeacutem o emprego de recursos e teacutecnicas estatiacutesticas

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12

Esta abordagem contribui para a descoberta do problema estudado por meio

da anaacutelise dos seus resultados Eacute possiacutevel afirmar tambeacutem que a pesquisa quantitativa

tem maior poder de generalizaccedilatildeo dos achados cientiacuteficos do que as de natureza

qualitativa favorecendo uma maior probabilidade de certeza nas conclusotildees

O local da realizaccedilatildeo do estudo foi o Pronto Socorro do Hospital Getuacutelio

Vargas em Teresina - PI Ele foi escolhido por ser o uacutenico hospital do Piauiacute que

presta assistecircncia de emergecircncia de meacutedia e alta complexidade a clientes procedentes

da cidade de Teresina do interior piauiense e outras regiotildees do meio norte do Brasil

permitindo a diversidade da amostra escolhida

Foi utilizada uma amostra acidental De acordo com Richardson (1999) este

tipo de amostra eacute um subconjunto da populaccedilatildeo formado pelos elementos que se

pode obter

Foram coletados dados (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estatiacutestico) de

atendimentos de sauacutede aos adolescentes no periacuteodo de marccedilo a agosto de 2003 este

foi selecionado por haver um sistema de informatizaccedilatildeo no preenchimento das fichas

de atendimento no ato da admissatildeo dos clientes facilitando a coleta de dados e

diminuindo o risco de uma maacute leitura das fichas

A amostra total foi composta por mil e sete adolescentes com idade de 12 a

18 anos que foram acometidos de agravos agrave sauacutede durante esse intervalo de tempo

Sendo retirado dessa amostra somente os adolescentes viacutetimas de agravos externos

que totalizaram 428 A idade escolhida foi baseada no regimento do Estatuto da

Crianccedila e do Adolescente ndash ECA segundo a lei nordm 806990 (MINISTEacuteRIO DA

JUSTICcedilA 1991)

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A coleta de dados foi feita atraveacutes de uma ficha contendo oito itens que dizem

respeito aos dados sociais dos clientes identificaccedilotildees dos agravos e ocorrecircncia de

oacutebitos 3

Eacute importante esclarecer que todos os dados coletados foram previamente

autorizados pela diretoria geral do Hospital Getuacutelio Vargas4

Para atingirmos os objetivos do trabalho foram analisados todos os itens

expostos acima relacionando a ocorrecircncia do agravo Havendo uma validaccedilatildeo da

informaccedilatildeo anterior agrave anaacutelise final a qual foi comparada com os iacutendices nacionais

Os dados analisados mediante comparaccedilatildeo com o referencial teoacuterico e os

resultados dispostos em tabelas

3 anexo 24 anexo 3

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14

RESULTADOS

No Pronto Socorro do Hospital Getuacutelio Vargas (HGV) foram

regist rados no periacuteodo estudado um total de mil e sete ocorrecircncias de

atendimento por agravos agrave sauacutede a clientes com faixa etaacuteria de 12 a 18

anos Entende-se por agravo interno qualquer perturbaccedilatildeo da sauacutede de

causa somaacutet ica e externo todo injuacuteria ao organismo que tem suas

origens no exterior do corpo

Tabela 01 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina - PI Segundo o t ipo deagravo Marccedilo a agosto de 2003

Tipos de Agravos Nordm

Agravos Internos 246 575

Agravos Externos 182 425

Total 428 1000

Fonte SAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estat iacutest ico)

Os agravos agrave sauacutede por causas externas totalizaram 425 de

todos os atendimentos destes clientes conforme TABELA 01 Essa

percentagem revela os altos iacutendices de exposiccedilatildeo ao risco gerando

incapacidades e t irando muitas vezes precocemente a vida privando

o indiviacuteduo do mais baacutesico e inalienaacutevel direito humano e a sociedade

de um grande potencial

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15

Segundo Jorge (2003) para diminuir essas ocorrecircncias precisa

haver poliacutet icas puacuteblicas com at itudes principalmente educat ivas para

atuar em niacutevel de prevenccedilatildeo desses agravos tais como palest ras sobre

combate a violecircncia as drogas a precoce permissatildeo pelos pais para

dirigir carros ou pilotar motos

Tabela 02 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina-Pi Segundo a faixa etaacuteriaMarccedilo a agosto de 2003

Faixa Etaacuteria Nordm

12 ndash 13 anos 85 1986

14 ndash 15 anos

16 ndash 18 anos

Total

93

250

428

217

584

1000

Fonte SEME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estat iacutest ico)

Verifica-se de acordo com o TABELA 02 que o maior nuacutemero de

atendimentos concentrou-se no intervalo de 16-18 anos (5841) Presume-se que eacute

nessa faixa etaacuteria que os adolescentes tecircm mais liberdade e autonomia para praacutetica

de seus atos Eacute quando os pais permitem as saiacutedas noturnas dirigirem o veiacuteculo da

famiacutelia e passarem mais tempo fora de casa

Eacute notaacutevel tambeacutem o aumento do consumo de bebidas alcoacuteolicas e drogas

entre eles Este haacutebito associado agrave conduccedilatildeo de veiacuteculo muitas vezes sem preacutevia

habilitaccedilatildeo judicial pode ocasionar graves acidentes

A proacutepria noccedilatildeo de invencibilidade tiacutepica dos adolescentes torna-os mais

susceptiacuteveis ao risco Para os jovens correr riscos desafiar as autoridade e quebrar

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16

regras estabelecidas satildeo na maioria das vezes objetivos mais importantes do que os

sentidos de autopreservaccedilatildeo e da cidadania (RIBEIRO 2002)

Tabela 03 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina-Pi Segundo o Sexo Marccedilo aagosto de 2003

Sexo Nordm

Masculino 296 6916

Feminino

Total

13

42

3084

1000

Fonte SAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estat iacutest ico)

A anaacutelise evidenciou uma predominacircncia de sexo masculino

(6916) em relaccedilatildeo ao sexo feminino (3084) nos atendimentos por

agravos externos conforme mostra a TABELA 03

No sexo masculino de acordo com Ribeiro (2002) os acidentes

de transito representam a maior causa de morte entre jovens

geralmente relacionada com o consumo de bebidas e outras drogas

A primeira questatildeo que emerge sobre a sauacutede da populaccedilatildeo

jovem como confirma Ramos et al (2000) relaciona-se com violecircncia

acidentes automobiliacutest icos e uso de drogas que abrangem em maior

nuacutemero a populaccedilatildeo do sexo masculino Outro aspecto relevante eacute o

da violecircncia sexual a qual a mulher se encontra mais vulneraacutevel

Atualmente acidentes de tracircnsito homiciacutedios e suiciacutedios satildeo

responsaacuteveis por 75 dos oacutebitos ocorridos entre adolescentes do sexo

masculino (RIBEIRO 2002)

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17

Cabe salientar que essa conclusatildeo pode estar associada ao

privileacutegio de ult rapassar limites concedido agravequela populaccedilatildeo em

contraposiccedilatildeo agrave feminina a qual eacute imposta pela sociedade uma certa

imagem de fragilidade

Tabela 04 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina-Pi Segundo a ProcedecircnciaMarccedilo a agosto de 2003

Procedecircncia Nordm

Teresina 274 6378

Interior do Estado 80 1869

Outros Estados

Total

75

428

1753

1000

Fonte SAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estat iacutest ico)

A maior percentagem de atendimentos encontra-se entre os clientes residentes

em Teresina Infere-se a partir dessa informaccedilatildeo que o fator preponderante para tal

resultado eacute a estrutura soacutecio-econocircmica caracteriacutestica das capitais brasileiras

Como comenta Almeida (2000) nas grandes cidades haacute sempre um

conformismo condenaacutevel em relaccedilatildeo agrave violecircncia em virtude de predominar a ideacuteia

de que o mal natildeo tem cura e este eacute o preccedilo do progresso

Observou-se um equiliacutebrio na quantidade de atendimento aos adolescentes

provenientes do interior do Piauiacute e de outros estados Percebe-se desta forma a

grande precariedade no sistema de urgecircncia e emergecircncia nestes locais sendo que os

clientes numa tentativa de obter uma assistecircncia mais eficaz deslocam-se para a

capital podendo esta accedilatildeo incorrer numa superlotaccedilatildeo dos leitos e diminuir a eficaacutecia

da assistecircncia prestada

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18

Tabela 05 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina-Pi Segundo a ProfissatildeoMarccedilo a agosto de 2003

Profissatildeo Nordm

Estudante 396 925

Lavrador 12 28

Outros

Total

20

428

47

1000

Fonte SAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estatiacutestico)

Observa-se a part ir da TABELA 05 que em relaccedilatildeo a profissatildeo a

maior porcentagem de atendimentos situa-se entre os estudantes

(9252)

Segundo o ECA Art 53 ndash cap IV A crianccedila e o adolescente tem

direito a educaccedilatildeo visando ao pleno desenvolvimento da sua pessoa o

preparo para o exerciacutecio de cidadania e qualificaccedilatildeo para o trabalho

(MINISTEacuteRIO DA JUSTICcedilA 1991)

Os resultados confirmam que a maior parcela dos jovens

encontram-se em at ividade escolar Situaccedilatildeo ideal para um processo de

conscient izaccedilatildeo com objet ivo de prevenccedilatildeo agrave exposiccedilatildeo desses jovens

aos agravos agrave sauacutede Como a prevenccedilatildeo destes eacute uma accedilatildeo

transcendental eacute importante que a educaccedilatildeo seja o alicerce no

combate agrave violecircncia Outras at ividades complementares importantes

como as praacutet icas de esportes as produccedilotildees art iacutest icas diminuem a

ociosidade colaborando na prevenccedilatildeo dos agravos externos Para Filho

et al (2003) buscar formas de conciliar a educaccedilatildeo e propiciar maior

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19

part icipaccedilatildeo e em desenvolvimento dos jovens e pais com as

necessidades baacutesicas de sobrevivecircncia das famiacutelias brasileiras

melhorariam esses iacutendices de violecircncias Algumas empresas e grupos

comunitaacuterios vecircm desenvolvendo experiecircncias exitosas mediante a

ut ilizaccedilatildeo da muacutesica esporte e teat ro o que contribui sobremaneira

para atenuar o grave problema de violecircncia entre os adolescentes

Tabela 06 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina-Pi Segundo o motivo doatendimento Marccedilo a agosto de 2003

Motivo do Atendimento Nordm

Acidentes 84 164

Agressatildeo Fiacutesica 81 160

Envenenamentointoxicaccedilatildeo 12 23

Estupro 3 05

Lesatildeo Corporal 138 270

Traumat ismos 184 360

Queimaduras 9 18

Total 511 1000

Fonte SAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estat iacutest ico)

O estudo evidenciou conforme a TABELA 06 que os agravos

externos sofridos pelos adolescentes com maior frequumlecircncia foram

traumat ismos perfazendo um total de 36 dos atendimentos no Pronto

de Socorro Em 1998 a mortalidade de crianccedilas e adolescentes que

sofreram traumat ismo por quedas no Brasil foram de 477 no total de

ocorrecircncias (JORGE 2003) A quedas foram as principais causa dos

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20

acidentes ocasionando traumat ismo craniano polit raumat ismo e

fratura de membros

As lesotildees corporais de acordo com o estudo perfazem 27 A

preocupaccedilatildeo com este t ipo de agravo eacute a possiacutevel incapacidade que

podem surgir na clientela estudada

Os acidentes ocorridos totalizaram 164 incluindo acidentes de

transportes domeacutest icos e de trabalho Jorge (2003) mencionava que a

mortalidade no Brasil por acidentes de transporte soacute em 98 era de

5565 viacutet imas e que os nuacutemeros os uacutelt imos tenderiam a crescer Sendo

que no Piauiacute do total de 1231 viacutet imas de acidentes de tracircnsito 71

foram adolescentes no periacuteodo de julho de 2003 (PIAUIacute 2003) A

vulnerabilidade desses jovens a esses t ipos de acidentes conforme

Ribeiro (2003) resulta na imaturidade emocional e social assim natildeo

se comportam quando dirigem carros ou motocicletas

No Brasil regist ram-se 410 mil acidentes de trabalho por ano que

matam 3 mil brasileiros e custam R$ 32 bilhotildees ao paiacutes Por dia satildeo

pelo menos oito t rabalhadores que morrem em consequumlecircncia de

acidentes eou doenccedilas do trabalho e esta conta pode ser muito maior

jaacute que natildeo inclui os 40 milhotildees de brasileiros da economia informal

O regist ro de agressatildeo fiacutesica por arma de fogo e branca foi de

16 A utilizaccedilatildeo de armas no ato de agressotildees mostra a gravidade do

risco que a sociedade vive no dia-a-dia Sendo que a maior

preocupaccedilatildeo eacute sempre a perda da vida frente irreversibilidade da

morte A morte de jovens por violecircncia aleacutem da dor e sofrimento que

provocam tem altos custos sociais A violecircncia fiacutesica (SAITO 2001)

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21

geralmente deixa marcas nas esferas psiacutequicas agravante este por

vezes imponderaacuteveis

Tabela 07 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina-Pi Segundo o tratamentorealizado Marccedilo a agosto de 2003

Tipo de Tratamento Nordm

Cliacutenico 265 6192

Ciruacutergico

Total

163

428

381

1000

Fonte SAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estat iacutest ico)

Analisando os dados da TABELA 07 pode-se perceber a predominacircncia do

atendimento cliacutenico (6192) dispensado aos adolescentes Observa-se tambeacutem que

a utilizaccedilatildeo do tratamento ciruacutergico possui iacutendices consideraacuteveis Este tipo de

tratamento quando utilizado reflete a gravidade do problema evidenciando muitas

vezes o uso de armas (fogo ou branca) que aumentam o risco de morte

As causas externas representam importante parcela de mortalidade em todos

os paiacuteses do mundo Conforme Alves e Franccediloacuteia (2003b) estima-se que para cada

morte violenta atribuiacuteda a um acidente ocorrem cerca de 200 casos de lesotildees natildeo

fatais que geram incapacidades permanentes necessitando agraves vezes de mais

internaccedilotildees ciruacutergicas na tentativa de amenizar as sequumlelas

O tratamento ciruacutergico quando utilizado apresenta-se como uma agressatildeo ao

organismo onde muitas vezes os clientes devem se adaptar a uma vida de

restriccedilotildees durante um longo periacuteodo Considerando que nesta faixa etaacuteria o

organismo e a personalidade estatildeo em pleno desenvolvimento esse tratamento pode

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22

levaacute-lo a algumas perturbaccedilotildees psicossociais que podem acarretar problemas futuros

Segundo Alves e Franccediloacuteia (2003a) atualmente dois por cento da populaccedilatildeo mundial

estaacute incapacitada devido a acidentes

Tabela 08 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina-Pi Segundo o dia da semanaMarccedilo a agosto de 2003

Dia da Semana Nordm Domingo 79 1846

Segunda Feira 56 1308

Terccedila Feira 42 981

Quarta Feira 48 1121

Quinta Feira 77 1799

Sexta Feira 61 1425

Saacutebado

Total

65

428

1519

10000

Fonte SAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estat iacutest ico)

O intervalo de tempo no qual eacute verificado um maior nuacutemero de

atendimentos inicia-se na quinta e termina na segunda-feira Entre

esses dias de maior regist ro desses agravos eacute o domingo conforme

TABELA 08 Eacute possiacutevel considerar que a demanda durante esse dia

refere-se tanto a praacutet ica do lazer da populaccedilatildeo em geral que contribui

para a ocorrecircncia de agravos externos agrave sauacutede devido o maior

consumo de aacutelcool como a ocorrecircncia de transferecircncia de clientes de

hospitais da periferia e ateacute mesmo de outras cidades Havendo

necessidade de equipe de profissionais para a realizaccedilatildeo de uma

assistecircncia integral

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23

Faz-se necessaacuterio um melhor planejamento da escala da equipe

de Enfermagem visando oferecer cuidados cada vez mais adequado agraves

necessidades do cliente e a eficaacutecia da assistecircncia seja garant ida no

ato da admissatildeo do cliente (SANTOS COELHO 2000)

Tabela 09 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina-Pi Segundo o nuacutemero deOacutebitos Marccedilo a agosto de 2003

Oacutebito Nordm

Sim 3 07

Natildeo

Total

425

428

993

1000

Fonte SAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico Estat iacutest ico)

A part ir dos dez anos de idade comeccedila a crescer o nuacutemero de

viacutet imas de homiciacutedios Segundo Abromovici e Waksmas (2003) a

porcentagem se intensifica entre os 15 e 19 anos e aumentou de 22

entre 1979 e 1981 para 53 atualmente

Dos oacutebitos ocorridos ente jovens de 15 a 19 anos 72 satildeo por

causas externas (homiciacutedios suiciacutedios e mortes por acidentes de

transito) o que reduz em pelo menos trecircs anos a expectat iva meacutedia de

vida dos homens brasileiros (UNICEF 2003) No Brasil em nuacutemeros

absolutos os oacutebitos prat icamente dobraram nos uacutelt imos 15 anos

(ALVES FRANCcedilOacuteIA 2003b)

A ocorrecircncia de oacutebitos segundo a TABELA 09 eacute de 07 Os

iacutendices de oacutebitos se relacionam diretamente com a gravidade do

agravo acomet ido e a qualidade da assistecircncia prestada Pode-se

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24

inferir que o Hospital Getuacutelio Vargas oferece um atendimento eficaz e

preparado para a manutenccedilatildeo da vida de seus clientes at raveacutes de

medidas terapecircut icas de meacutedia e alta complexidade

Estes nuacutemeros natildeo levam em consideraccedilatildeo os clientes que natildeo

chegam a receber assistecircncia meacutedica e muitas vezes morrem antes de

serem levados ao hospital

Como todos os agravos agrave sauacutede por causas externas satildeo

previsiacuteveis ndash afirma Jorge (2003) - Deve-se conhecer as reais causas

dos acidentes e violecircncias podemos ter um panorama o mais real

possiacutevel para que sejam elaboradas programas especiacuteficos para a

prevenccedilatildeo dessas causas

Tabela 10 Dist ribuiccedilatildeo de adolescentes atendidos no Pronto Socorrodo Hospital Getuacutelio Vargas de Teresina-Pi Segundo o horaacuterio doatendimento Marccedilo a agosto de 2003

Horaacuterio Nordm

Diurno 265 6192

Noturno

Total

163

428

3808

10000

Fonte SAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estat iacutest ico)

A analise da TABELA10 demonstra maior regist ro de

atendimentos durante o periacuteodo diurno Deduz-se que isso ocorra

devido agrave transferecircncia de clientes de hospitais da periferia e de outras

cidades ao HGV por ser este o uacutenico que oferece atendimento de alta

e meacutedia complexidade pelo SUS com profissionais cient ificamente

capacitados e conscientes de seu trabalho

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25

A rot ina diaacuteria da Enfermagem eacute constante e exige conhecimento

teacutecnico e cient ifico para a sua eficaacutecia jaacute que a assistecircncia a ser

prestada requer urgecircncia emergecircncia caracterizando-a como dinacircmica

imprevista e peculiar a cada indiviacuteduo Devendo exigir elevados

padrotildees de eacutet ica e desempenho profissional dos membros da equipe

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26

CONCLUSAtildeO

Nesse estudo realizado com os adolescentes atendidos no Pronto Socorro do

Hospital Getuacutelio Vargas evidenciou-se os atendimentos a vitimas acometidas por

agravos externos agrave sauacutede demonstrando quatildeo os jovens estatildeo expostos aos fatores de

riscos principalmente os do sexo masculino no periacuteodo transitoacuterio da adolescecircncia agrave

fase adulta A maioria deles (638 ) satildeo provenientes da proacutepria capital Por outro

lado houve uma equiparaccedilatildeo entre os provenientes do interior do estado e de estados

vizinhos que por requisitarem um atendimento de maior qualidade deslocam-se agrave

Teresina

A pesquisa demonstra em outro aspecto que a maioria dos adolescentes

atendidos satildeo estudantes Reforccedilando a ideacuteia de que a educaccedilatildeo pode ndash e deve ndash atuar

no sentido de promover a prevenccedilatildeo de agravos atraveacutes de poliacuteticas e programas de

conscientizaccedilatildeo dos fatores de risco

A percentagem desses agravos no periacuteodo estudado correspondeu a 425

Deste nuacutemero extraiu-se uma maior ocorrecircncia de traumatismos (360) seguidos

de lesotildees corporais (270) Acidentes automotivos (164) Agressotildees fiacutesicas

(160) EnvenenamentoIntoxicaccedilotildees (23) Queimaduras (18) e Estupros

(05) Diante dos dados eacute necessaacuteria a relaccedilatildeo de que a conscientizaccedilatildeo de que

todos estes fatores de risco satildeo preveniacuteveis e deveria ser o alicerce principal das

campanhas sociais promovidas pelas autoridades do paiacutes

Ainda que os nuacutemeros de vitimados por agravos externos sejam elevados e

que ocorram principalmente nos finais de semanas no periacuteodo diurno o tipo de

tratamento estabelecido a eles em sua maioria eacute cliacutenico Evidenciando assim que os

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27

agravos sofridos em sua maioria natildeo satildeo tatildeo graves E que a qualidade da assistecircncia

agrave sauacutede prestada eacute eficaz pois o nuacutemero de oacutebitos totaliza apenas 07 dos

atendidos

Diante desse quadro seria viaacutevel que populaccedilatildeo em geral se mobilizasse

com o intuito de se conscientizar da responsabilidade que lhes compete a

preservaccedilatildeo da vida humana Lembrando-se que esse papel natildeo eacute restrito aos

profissionais da aacuterea da sauacutede Esta deve ser entendida como uma questatildeo

multidisciplinar e intersetorial a fim de que seja possiacutevel precaver os adolescentes

dos fatores de riscos ao qual estatildeo expostos Portanto eacute imprescindiacutevel a anaacutelise do

complexo causal que lhes daacute origem para que os esforccedilos sejam cientificamente

dirigidos aos fatores determinantes do processo Para tal eacute necessaacuterio conhecer bem

as situaccedilotildees mais frequumlentes os principais fatores de riscos envolvidos e a eficaacutecia

das diversas formas de intervenccedilotildees preventivas

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28

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SAITO M I Adolescecircncia e Violecircncia IN Adolescecircncia prevenccedilatildeo

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UNICEF a voz dos adolescentes Disponiacutevel em

ht tpwwwuniceforgbr Acesso em 04122003

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32

ANEXOS

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33

ANEXO 1

TABELA 01 Total de oacutebitos que acometeram os adolescentesatendidos por causas externas no ano 1998 no Brasil

Causa CID 10 ndash Capitulo XX Total de Oacutebitos de 0 a 19

anos

Freq

Total de Causas externas 21692 100

109 Agressotildees 7174 33

103 Acidentes de Transportes 5565 25

105 Afogamentos e submersotildees acidentais 2751 12

112 Todas as outras causas externas 2534 11

110 Eventos cuja intenccedilatildeo eacute indeterminada 2043 9

108 Lesotildees autoprovocadas voluntariamente 706 3

104 Quedas 477 2

106 Exposiccedilatildeo agrave fumaccedila fogo e chamas 336 15

111 Intervenccedilotildees legais ndash operaccedilotildees 4 001

107 Envenenamentos Intoxicaccedilotildees 12 0005

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo sobre Mortalidade (SIM) CENEPIMS

ndash 1998

TABELA 02 Distribuiccedilatildeo do uso de algumas drogas utilizadas por adolescentes emcapitais brasileiras

Drogas SatildeoPaulo

PortoAlegre

Fortaleza

Rio deJaneiro Recife Brasiacutelia

Solventes 46 44 10 9 31 28Maconha 38 22 15 35 18 21Cocaiacutenaderivados 29 10 1 15 1 17

Ansioliacutetico 1 0 7 0 11 2Anticolineacutergicos 0 0 1 1 5 2

Antiinflamatoacuterios 0 1 1 0 0 1

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34

Aacutelcool 37 29 30 38 21 52Tabaco 58 61 29 49 34 50

Fonte ltht tpwwwimagenslinraibgifgt

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35

ANEXO 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUIacuteCENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDEDEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PRINCIPAIS AGRAVOS Agrave SAUacuteDE POR CAUSAS EXTERNASQUE ACOMETEM OS ADOLESCENTES ATENDIDOS NO

PRONTO SOCORRO DE UM HOSPITAL ESCOLA DETERESINA-PI

FICHA Nordm 01

PRONTUAacuteRIO Nordm_______________

FAIXA ETAacuteRIA ( ) 12-13( ) 14-15( ) 16-18

SEXO ( )Masculino( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA ( ) Teresina( ) Interior do Piauiacute( ) Outros estados

OCUPACcedilAtildeO PROFISSIONAL_________________________________MOTIVO DOATENDIMENTO____________________________________________

TIPO DE TRATAMENTO ( )Cliacutenico( )Cirurgia

DIA DA SEMANA DO ATENDIMENTO ( ) Domingo( ) Segunda-Feira( ) Terccedila-Feira( ) Quarta-Feira( ) Quinta-Feira( ) Sexta-Feira( ) Saacutebado

OacuteBITO ( ) Sim( ) Natildeo

HORAacuteRIO ( ) Diurno

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36

( ) Noturno

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37

ANEXO 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUIacuteCENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDEDEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

OFIacuteCIO 0103

Sra Diretora Joana Zeacutelia Arcoverde

Solicitamos de V Srordf a autorizaccedilatildeo para coletarmos dados doSAME (Serviccedilo de Arquivo Meacutedico e Estat iacutest ico) deste hospital parasubsidiar pesquisa cient iacutefica ndash Causas externas A morbimortalidadede adolescente atendidos no pronto socorro do Hospital GetuacutelioVargas em Teresina-Pi que seraacute realizada pelos acadecircmicosregularmente matriculados no 8ordm periacuteodo do curso de Enfermagem daUniversidade Federal do Piauiacute Elene Maria Carvalho Silva Antonioe Arauacutejo de Melo A pesquisa estaraacute sob nossa responsabilidade eorientaccedilatildeo da Prof MESTRANDA Francinete Paula Silva DantasAvelino

Certo de que seremos atendidos em vosso pleito subscrevemosatenciosamente

Prof MESTRANDA Francinete Paula Silva Dantas Avelino

Autorizo

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