CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO · receptores (...) conjunto disperso e não...
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1 INTRODUÇÃO
O interesse pela tradução jornalística me acompanha há tempo; por isso
como futuro tradutor, escolhi esse tema como forma de reflexão sobre a prática
tradutória, no gênero jornalístico. A forma como bons jornalistas tratam o texto e o
desenvolvem é empolgante, indicando a necessidade de quem mexe com esse tipo
de tradução de ter destreza e objetividade para levar a informação aos leitores de
modo imparcial, na medida do possível.
O texto jornalístico, por exemplo, não é muito extenso pelo fato de o jornal
estar em circulação diariamente, diferentemente das revistas que circulam, em
média, quinzenalmente. Por não ocupar muito espaço no jornal impresso, é
necessário que o jornalista e/ou tradutor tenham um bom domínio integral do
assunto e saibam definir todos os aspectos da matéria a ser impressa.
No campo tradutório a ordem de ser fiel ao texto deve ser cumprida com
seriedade quando tratamos de tradução jornalística. Se uma notícia é divulgada nos
Estados Unidos e existe alguém responsável por traduzi-la para o português, a
agilidade e fidelidade ao texto são indispensáveis. O tradutor não deve interferir de
forma que expresse sua opinião ou modifique o sentido da notícia, afinal, trate-se de
um fato e fato o próprio nome se auto-explica. Um único detalhe é que o tradutor, ao
se deparar com uma notícia que contenha informações que não soam de maneira
familiar aos leitores (da cultura alvo), deve, então, inserir uma nota explicativa para
situacionar a leitura e, dessa forma, explicitar o enfoque do texto.
Um exemplo interessante relacionado à tradução jornalística é o que
aconteceu no Haiti. Após toda a recente catástrofe, a imprensa mundial se mobilizou
para que se fizesse conhecido por todos de maneira abrangente o caos em que se
encontrava aquele país. Redes de televisão, mídia impressa, organizações não
governamentais, grandes empresas e pessoas influentes, valeram-se de todos os
recursos, cada qual em seu lugar, para auxiliar o país por meio de uma mobilização
global. Jornais importantes publicam grandes matérias, como por exemplo, o The
New York Times, que fez uma grande cobertura e tem suas matérias traduzidas para
inúmeros idiomas. Aqui no Brasil, um dos responsáveis por esse processo tradutório
é o Portal IG – Último Segundo, que contribuiu para que o leitor brasileiro se
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informasse de tudo aquilo que publicou o jornal norte-americano à época. Essa foi
uma das maneiras pela qual a tradução, além de cumprir seu papel, também
mobilizou algumas pessoas e entidades para que ajudassem a amenizar tamanha
dificuldade. É evidente que vários países cobriram todo o fato, porém, nossa
contribuição geral neste trabalho é salientar a importância de uma tradução
jornalística para a sociedade. Entre essas situações e outras, mesmo em meio a
inúmeros infortúnios e dificuldades, o Haiti recebeu donativos e auxílios oriundos de
diversos lugares do planeta, visando contribuir com uma possível reestruturação
daquele local.
Algum tempo depois, já na América do Sul, o Chile passou por um problema
parecido, embora de menores proporções. Um terremoto assolou o país fazendo
com que a imagem do turismo ficasse comprometida. Como é um país que recebe
muitos turistas (em especial, os brasileiros), a preocupação com a imagem turística,
por assim dizer, foi o alvo principal. Nesse caso, a imprensa brasileira, de forma
geral, tratou do assunto de outra forma, isto é, os textos que nos chegaram
traduzidos preocuparam-se em noticiar o fato, cumprindo o papel fundamental de
imprensa e, a partir de então, evitou noticiar mais acerca do terremoto que agravou
o país. A razão é simples: Brasil e Chile têm fortes e estreitos laços comerciais, em
evidência o turismo. Partindo desse pressuposto, pode-se entender que não seria
interessante para o Brasil massificar a tragédia ocorrida com seu parceiro comercial
e, ao se traduzir uma notícia com toda essa cena, não era interessante salientar os
fatos trágicos, possível falta de estrutura para receber turistas e outras situações que
acarretariam uma maior dificuldade entre as partes: Brasil e Chile, nesse caso.
Dessa forma, o tradutor trabalha com fragmentos da notícia, procurando ser objetivo,
ao mostrar ao leitor apenas o necessário da matéria divulgada. Observa-se que a
tradução, neste caso, serve de veículo que não só informa, mas filtra as informações
para que o leitor receba o conteúdo veiculado em outra língua, mas sob certas
limitações.
Parte-se do pressuposto de que a prática de tradução, de modo geral, atende
sempre a interesses culturais, políticos e sociais da cultura alvo. Considerando-se tal
pressuposto, defende-se a hipótese de que o universo cultural do leitor define
determinadas escolhas e/ou tendências do tradutor, gerando abordagens e efeitos
de sentidos distintos para um mesmo fato noticioso.
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Os objetivos propostos são contribuir para a análise e tradução de textos
jornalísticos, dando ênfase ao processo tradutório desde a notícia na língua de
partida até a língua de chegada — entendendo nessa pesquisa, como a tradução
feita pelo Portal IG – Último Segundo, de notícias do jornal The New York Times —,
na internet. Busca-se também auxiliar futuros profissionais de tradução para que
aprimorem seu objeto de estudo, trabalho e suas competências interpretativas ao
traduzir um texto jornalístico, especificamente, de internet.
A análise dos fragmentos de notícias traduzidas sobre o terremoto no Chile,
extraídos de reportagens do jornal The New York Times e comparadas com as
respectivas traduções para o português do Brasil será o foco do trabalho que se
divide em três partes: no primeiro capítulo traremos um breve histórico das
especificidades do texto jornalístico e dentro dele algumas considerações sobre a
tradução jornalística; no capítulo seguinte, explicita-se a metodologia empregada e
os procedimentos de análise que culminarão com a apresentação de fragmentos de
textos extraídos do jornal supracitado em comparação com suas traduções para o
português do Brasil, no terceiro capítulo. Assim, no próximo capítulo, esboça-se um
sucinto histórico do texto jornalístico para, em seguida, proceder a uma abordagem
do tema específico de nossa proposta que é a tradução jornalística.
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2 O TEXTO JORNALÍSTICO
O texto jornalístico apresenta inúmeras diferenças quando comparado a um
texto literário, como a concisão, objetividade e clareza no desenvolvimento do
assunto. Por ser um texto direcionado ao público de maneira geral, uma linguagem
direta e simples é adotada. A informação é o objetivo primordial de um texto
jornalístico, que também considera a formação de opinião dos leitores em geral.
Na definição do teórico da Comunicação Nilson Lage, no livro Linguagem
Jornalística (1990, p. 35), o texto jornalístico precisa ser submetido constantemente
à crítica, que remove o entulho e repõe vida às palavras. Para o autor,
O texto jornalístico procura conter informação conceitual, o que significa suprimir usos lingüísticos pobres de valores referenciais, como as frases feitas da linguagem cartorária. Sua descrição não se pode limitar ao fornecimento de fórmulas rígidas, porque elas não dão conta da variedade de situações encontradas no mundo objetivo e tendem a envelhecer rapidamente.
Para que um texto jornalístico mostre sua excelência, é preciso que o escritor
esteja envolvido de forma completa com aquilo que está em foco. Segundo Lima, “o
jornalista tem que estar a par das coisas, estar bem informado para poder informar.
É para isso que ele tem que viver no meio dos acontecimentos, em pleno fluxo vital”
(LIMA, 1990 p. 22).
Em comentário realizado para o Manual de Redação da Folha de São Paulo, a professora e jornalista Iraildes Dantas de Miranda define o texto jornalístico:
Um bom texto jornalístico depende, antes de mais nada, de clareza de raciocínio e domínio do idioma. Não há criatividade que possa substituir esses dois requisitos. Deve ser um texto claro e direto. Deve desenvolver-se por meio de encadeamentos lógicos. Deve ser exato e conciso. Deve estar redigido em nível intermediário, ou seja, utilizar-se das formas mais simples admitidas pela norma culta da língua. Convém que os parágrafos e frases sejam curtos e que cada frase contenha uma só idéia. Verbos e substantivos fortalecem o texto jornalístico, mas adjetivos e advérbios, sobretudo se usados com frequência, tendem a piorá-lo. O tom dos textos noticiosos deve ser sóbrio e descritivo. Mesmo em situações dramáticas ou cômicas, é essa a melhor maneira de transmitir o fato da emoção. Deve evitar fórmulas desgastadas pelo uso e cultivar a riqueza dos vocábulos acessíveis à média dos leitores. O autor pode e deve interpretar os fatos, estabelecer analogias e apontar contradições, desde que
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sustente sua interpretação no próprio texto. Deve abster-se de opinar, exceto em artigo ou crítica.
Segundo Gomes (2002, p. 19), antes de registrar e informar, “o jornalismo é
ele próprio um fato de língua”, cujo papel ou função na instituição social é organizá-
la discursivamente. Para Silva (2002, p. 8), a linguagem ou discurso jornalístico é um
elemento que auxilia a busca de respostas para compreender, o que denomina de
“matéria do jornalismo”. A inserção do texto jornalístico exige que os profissionais da
imprensa obedeçam a padrões institucionais estabelecidos, visando informar e
formar o cidadão. Apresentamos, a seguir, alguns desses padrões citados por Lage
(1997), demarcando a linguagem (ou o discurso jornalístico):
• Factual – busca se ater à veracidade dos fatos e à certeza das fontes.
Seu caráter informativo deriva de sua referencialidade, do contexto.
Corresponde à função descritiva da língua, aquela que se reporta ao
mundo objetivo dos acontecimentos, exterior ao processo de
comunicação, aquela que encontra na fotografia a comprovação do real.
Na opinião de Lage (1997, p. 38), a linguagem jornalística é a conciliação
entre a norma da língua padrão (vigente através dos manuais de redação)
e o registro coloquial: “ela é basicamente constituída de palavras,
expressões e regras combinatórias que são possíveis no registro
coloquial e aceitas no registro formal”. Para Gomes (2002, p. 20) “é a
confirmação da aliança social”, exercendo o que a autora chama de
“função testemunhal”;
• Objetiva – não é partidarista, mas imparcial, sem juízos pessoais;
informa ao invés de persuadir; é direta, simples, de fácil e rápida
compreensão pelo leitor; posiciona as informações mais importantes
primeiro. Sobre isso Lage (1997, p. 40) comenta: “A situação corrente em
jornalismo é a de um emissor falando para um grande número de
receptores (...) conjunto disperso e não identificado, cujo conhecimento só
é possível por amostragem estatística”. Tal fato pressupõe, segundo o
autor que, adjetivos testemunhais (grande salário, edifício alto, episódio
chocante) e aferições subjetivas devem ser eliminados, pois dependem
essencialmente do juízo e valores do jornalista e, substituídas por dados
que permitam ao leitor tirar suas próprias conclusões, ou seja, o
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jornalismo descreve, não classifica. Ainda segundo o autor, “o texto
jornalístico procura conter informação conceitual, o que significa suprimir
usos linguísticos pobres de valores referenciais”, evitando o uso de frases
feitas (LAGE, 1997, p. 36);
• Justa – Deve ouvir e investigar todos os lados e posições envolvidas
para, então, reportá-las igualmente, com equilíbrio. Não deve ser
intencionalmente vaga ou ambígua, nem tão pouco fazer pré-julgamentos.
• Acessível – Na opinião de Lage (1997, p. 38), a linguagem jornalística é
a conciliação entre a norma da língua padrão (vigente através dos
manuais de redação) e o registro coloquial: “ela é basicamente constituída
de palavras, expressões e regras combinatórias que são possíveis no
registro coloquial e aceitas no registro formal”. A princípio não utiliza
termos técnicos; porém, se utilizá-los, deve explicá-los, ou estabelecer
comparações para facilitar a compreensão do leitor sem, no entanto,
subestimá-lo empregando linguagem muito simplificada;
• O uso da terceira pessoa (ele/ela) é obrigatório porque fala de algo no
mundo, exterior ao emissor, ao receptor e ao processo de comunicação
em si, à retórica referencial apoiando-se no contexto (LAGE, 1997, p. 39).
Já os números, conferem alta confiabilidade, exatidão, apuração. Para
Gomes (2002, p. 21), isso equivale à função de vigilância exercida pela
imprensa (ou quarto poder, no sendo comum); um jornalismo de
observação e denúncia do exercício do poder. E, finalmente, quanto a
questões ideológicas, Lage admite que “as grandes e pequenas questões
da ideologia estão presentes na linguagem jornalística, porque não se faz
jornalismo fora da sociedade e do tempo histórico” (LAGE, 1997, p. 42).
Segundo Lima, citado anteriormente, a relação entre emissor/receptor
(jornalista/público leitor) deve ser priorizada: “pois a informação – como tradução
intensiva do acontecimento para a comunicação com o Outro, se desdobra em
informação. Isto é, em formação do público. (...) É a grande finalidade moral e social
do jornalista, que vai além da finalidade puramente informativa”. (LIMA, 1990, p. 22)
Já para Rossi (1988, p. 30), jornalista de renome, “a função do jornal ou de
qualquer publicação não é apresentar textos de grande originalidade, mas
simplesmente apresentar bons textos, com muita informação e rigorosa exatidão”.
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2.1 Breve histórico da tradução jornalística
O mundo vive num ciclo de mudanças. Tais mudanças acontecem nos
seguintes aspectos: cultural, moral, psicológico, social, econômico, literário,
comportamental, político, dentre outros. Em algumas situações as mudanças
irrisórias não alteram a rotina de um povo ou a maneira de pensar do mesmo; já em
outras, as mudanças podem ser radicais, e como tais, muitas situações tomam
rumos diferentes e inovadores.
O visionário Gutenberg viu que algo precisava ser modificado e, por
conseguinte, melhorado. Ele inventou a imprensa e as informações começaram a
ser movimentadas com muito mais velocidade. Um passo importantíssimo e
fundamental para que, eventualmente, a imprensa se fortalecesse e agregasse mais
conteúdos informativos. Já no século XIX a Revolução Industrial contribuiu para o
fortalecimento da imprensa, como de várias outras áreas, promovendo com mais
potencialidade a impressão de livros e buscando assim uma sistematização da mídia
impressa.
A tradução jornalística é, portanto, uma abordagem nova que se propõe à
ampliação de conceitos vigentes na área de tradução e do entendimento da tarefa
do tradutor, em textos jornalísticos de informação, invariavelmente sob a influência
de aspectos culturais e contextuais.
O tempo passou a dar as coordenadas de maneira mais intensa, pois os
computadores entraram em fase de criação, e assim, a troca de informações e o
envio das mesmas ficaram ainda mais rápidos. E, nas últimas cinco décadas, a
tecnologia teve um avanço tremendo (e continua até o presente momento)
provocando assim uma nova revolução social.
A internet está nas artérias da humanidade nos dias de hoje e, obviamente,
quando a inventaram, ela não tinha essa presença tão maciça. Tinha a serventia
somente para as universidades e bases militares americanas. O governo protegia
suas informações secretas e poderia acessá-las de qualquer outra localidade, pois
tais dados estavam ligados pela rede mundial de computadores. E, como toda
revolução passa por um processo gradativo de evolução, com a internet não foi
diferente. Assim, os jornais ganharam espaço na rede mundial de computadores e
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aqueles com maior circulação pelo mundo, foram vistos com bons olhos pela
tradução, para que chegassem a vários outros países via internet. Vivendo num
mundo globalizado onde grande parte das notícias é de interesse de inúmeros
leitores de todos os lugares do mundo, houve então, essa necessidade. A internet
teve sua explosão, por assim dizer, em meados dos anos noventa. Essa intensidade
de informações, globalização e tudo mais, abriram espaço para um canal muito
importante: justamente a tradução jornalística. Os grandes portais de notícias se
estabeleceram e, assim também, grandes revistas e jornais viram na rede mundial
de computadores uma chance de alcançar o leitor em qualquer lugar do mundo.
Assim, os grandes jornais de outros países (salientamos o norte-americano The
New York Times) também viram nessa explosão virtual uma oportunidade para
alcançar seus leitores de mídia impressa e outros interessados. Como citamos
acima, por estarmos num mundo globalizado, as notícias que ocorrem no Japão, por
exemplo, podem interessar aos italianos. Assim como as notícias que ocorrem na
Rússia, podem interessar ao público leitor brasileiro. O Portal IG – Último Segundo,
que vamos abordar na presente pesquisa, acordou com o jornal norte-americano
The New York Times a realização da tradução das notícias divulgadas pelo jornal
para internet. Assim, os portais de internet seguem traduzindo os jornais do mundo
todo e passando as notícias para o público leitor interessado.
Portanto, as revoluções em todos os segmentos causam inovações. Na
tradução jornalística, impulsionaram mecanismos para que a informação chegasse
com velocidade, qualidade e estivesse presente em vários países, com acesso
facilitado para pessoas que se interessam por notícias que acontecem pelo mundo e
também assuntos regionais de determinado país ou região. Após esse breve relato
sobre a história da tradução jornalística, vamos salientar alguns pontos importantes
do texto jornalístico, suas características e peculiaridades que abrangem essa área.
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2.2 A tradução jornalística
Relacionar a importância do papel da tradução na área da comunicação, que
deve ser objetiva e precisa, num português informativo do texto.
A tradução tem um campo muito grande de atuação. Além de um
conhecimento cognitivo, o tradutor deve buscar meios técnicos de aprimoramento
para que o texto a ser traduzido seja compreendido e, a partir de então, trabalhado.
Wyler (2003, p. 36) descreve o primeiro ato de tradução da nossa história partindo
de um fato-fonte: a carta de Pero Vaz de Caminha, ao rei de Portugal, na qual
Caminha relata a chegada à nova terra, os habitantes, os atos de índios, certamente
teríamos o mesmo fato/evento descrito a partir de outra ótica peculiar,
provavelmente relatando o estranhamento aos costumes e modos dos portugueses.
Ao buscar uma análise para estudo da tradução jornalística, há certa
dificuldade com o tema, pois conteúdo escasso nessa área dificulta a pesquisa de
forma mais abrangente. José Guillermo Culleton, em sua tese, compartilha
informações que julgamos fundamentais para o entendimento do contexto no qual se
situa a tradução jornalística: “A falta de uma bibliografia específica para a tradução
jornalística é unanimidade entre os estudiosos da tradução. Num artigo publicado na
Internet, o professor de jornalismo Bernardino M. Hernando, da Universidad
Complutense de Madrid (2000) confirma a quase inexistência de textos ou livros
sobre o assunto:
Surpreendem os poucos sinais de interesse pelo jornalismo ligado à tradução para o campo de pesquisas linguísticas, mesmo que muitos artigos de jornal, por séculos, resultem em grande parte uma ligação próxima com a tradução.
Numa nota de rodapé, o mesmo autor acrescenta:
Na bibliografia mais completa sobre a tradução que conhecemos, a de Julio-César Santoyo (Santoyo, 1996ª), dos cerca de 5.000 títulos que trazem (livros e artigos), apenas uma dúzia de estudos referem-se a imprensa e tradução (Hernando, 2000). (Ambas as traduções são do autor).
Como até o presente momento a literatura especializada mostra apenas
estudos superficiais sobre a tradução de textos jornalísticos, existe a necessidade de
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investir numa pesquisa mais profunda, que poderia levar a uma análise de
tendências apresentadas pelos tradutores e de uma possível existência de praxe
tradutória na imprensa.
Como descrito acima, é necessária que a pesquisa nessa área seja mais
difundida para que, os pesquisadores, apresentem resultados mais abrangentes e,
dessa forma, deixem mais consistente a área de tradução jornalística.
A tradução jornalística é, portanto, uma abordagem nova que se propõe à
ampliação de conceitos vigentes na área de tradução e do entendimento da tarefa
do tradutor, em textos jornalísticos de informação, invariavelmente sob a influência
de aspectos culturais e contextuais.
2.3 A intersecção entre texto jornalístico e tradução
A tradução jornalística tem características que a diferencia da tradução de
não-ficção originadas nas peculiaridades da atividade jornalística como a busca pela
informação resumida e a falta de um contexto claro, deixando implícitos certos
dados. Estas particularidades muitas vezes dificultam o entendimento do texto de
chegada. Por isso, a necessidade da concisão e objetividade deve ser sempre
levada em consideração num processo tradutório no campo jornalístico. Para Nord,
a tradução deve conter o máximo de informações sobre os fatores situacionais da
recepção prospectiva do texto traduzido, tais como: o público idealizado ou os
possíveis receptores, tempo e lugar da recepção, meio, etc. Nord (1991, p. 28)
enfatiza:
A tradução é sempre realizada para uma situação alvo com seus fatores determinantes (receptor, momento e lugar da recepção, etc.), na qual o texto-alvo está possibilitado a cumprir certa função que pode e, de fato, deve ser especificada durante seu desenvolvimento.
Nord (1991, p. 4) entende a tradução como “comunicação intercultural”, que é
marcada culturalmente e tem seus propósitos baseados no leitor em prospecção. A
comunicação ocorre entre as duas culturas que estão envolvidas na transmissão da
mensagem, e o texto só poderá ser entendido e analisado dentro e em relação ao
contexto dessa comunicação.
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Culleton (2005, p. 32), traz uma citação que julgamos interessante de Osimo,
cujo professor faz uma análise detalhada dos problemas que envolvem a tradução
jornalística. Segundo Osimo (apud Culleton, 2005, p. 32):
À primeira vista, pode-se pensar que o texto jornalístico, ao expressar dados ou informar, é puramente denotativo, portanto, relativamente fácil de traduzir em termos de estilo e sintaxe, com algumas dificuldades no vocabulário eventualmente. Na verdade, os textos de um jornal são heterogêneos, para não mencionar a revista semestral, mensal ou semanal, que muitas vezes contêm muito poucos textos jornalísticos, ou seja, que poderiam perfeitamente parecer publicações não periódicas. (Tradução do autor).
O tradutor ao se deparar com um texto jornalístico para ser traduzido deve
levar em conta as características que enolvem tal tipo de texto. Analisando a ideia
de que o texto de jornal é objetivo e conciso, assim também deve ocorrer no
processo tradutório, passando ao leitor a notícia de maneira clara. Considerando a
intersecção da tradução e jornalismo em aspectos culturais, é importante que o
tradutor aborde tais aspectos, buscando situacionar o leitor, porém sem causar
interferencias na proposta da notícia.
No próximo capítulo, descrever-se-à a metodologia empregada na pesquisa e
os procedimentos de análise adotados.
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3 METODOLOGIA
A pesquisa fez uma breve revisão bibliográfica sobre o texto jornalístico e a
tradução jornalística. Em seguida, foi feita a seleção das notícias em inglês e a
localização de sua respectiva tradução. A fonte de notícia escolhida foi o jornal The
New York Times, de janeiro e fevereiro de 2010. Já as respectivas traduções das
notícias foram selecionadas no Portal IG – Último Segundo, das mesmas datas ou
próximas delas.
A temática escolhida para a análise refere-se a duas catástrofes de grandes
dimensões, o terremoto no Haiti (janeiro/2010) e o do Chile (fevereiro/2010).
Os procedimentos de análise seguirão o processo de cotejamento entre
notícia em inglês e em português, buscando semelhanças e diferenças, muitas
vezes bastante sutis no enfoque dado à situação tratada.
Dessa forma, traremos sempre o texto original, extraído das fontes
supracitadas, em seguida a respectiva tradução também já indicada.
3.1 Descrição do corpus
O corpus consiste de duas notícias, extraídas do jornal The New York Times
em inglês e suas respectivas traduções para o português. Elas foram selecionadas
por tratarem de temáticas semelhantes: catástrofes ambientais. A primeira delas, de
grande dimensão foi o terremoto no Haiti (janeiro/2010); a segunda, também
catastrófica foi o terremoto do Chile (fevereiro/2010);
1. THE NEW YOR TIMES. “Haiti’s Children Adrift in World of Chaos”.
Disponível em: http://www.nytimes.com/2010/01/27/world/americas/27children.html
2. PORTAL IG – Último Segundo. “Terremoto do Haiti deixa crianças à deriva
em um mundo de caos.” Disponível em:
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/nyt/terremoto+do+haiti+deixa+criancas+a+deri
va+em+um+mundo+de+caos/n1237592079105.html
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3. THE NEW YORK TIMES. “A Devastating Earthquake”. Disponível em:
http://www.nytimes.com/2010/02/world/americas/chile/earthquake.html
4. PORTAL IG – Último Segundo. “Um terremoto devastador”. Disponível em:
ultimosegundo.ig.com.br/terremoto...chile/terremoto...chile.../n1237584578768.html
No próximo capítulo apresentaremos alguns exemplos de fragmentos de
textos extraídos do jornal The New York Times, para, em seguida discutirmos as
traduções apresentadas pela imprensa brasileira e nossas considerações sobre o
assunto.
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4 ANÁLISE: FRAGMENTOS
A proposta que apresento neste trabalho é uma breve análise resultante da
comparação entre fragmentos de notícias extraídas do jornal The New York Times
em sua versão para internet e suas respectivas traduções realizadas pelo Portal IG –
Último Segundo, também divulgadas na internet. A análise visa ratificar a hipótese
da pesquisa de que é o universo cultural do leitor da língua de chegada que vai
definir as escolhas e/ou tendências de quem traduz; daí que para um mesmo fato,
pode haver abordagens e efeitos de sentido distintos. A abordagem do tradutor do
fato trabalhado envolve algumas situações que chamaremos atenção e, assim,
vamos buscar contribuir para seguir a proposta apresentada neste estudo.
Vamos reproduzir os fragmentos de notícia em inglês e português e, em
seguida, tecer alguns comentários. Começaremos com nosso primeiro recorte do
jornal norte-americano The New York Times: “Haiti’s Children Adrift in World of
Chaos”.
4.1 FRAGMENTO 1:
Haiti’s Children Adrift in World of Chaos
CROIX DES BOUQUETS, Haiti — Not long after 14-year-old Daphne Joseph escaped her collapsed house on the day of the earthquake, she boarded a crowded jitney with her uncle and crawled in traffic toward the capital, where her single mother sold beauty products in the Tête Boeuf marketplace. “Mama,” she said she repeated to herself. “Mama, I’m coming.” Abandoning the slow-moving jitney, Daphne, petite and delicate, got separated from her uncle and jumped onto a motorcycle-for-hire. She arrived alone at a marketplace in ruins and ran, in her dusty purple sandals, toward a pile of debris laced with “broken people,” she said.
TRADUÇÃO
Terremoto do Haiti deixa crianças à deriva em um mundo de caos
Pouco depois que Daphne Joseph, de 14 anos, escapou dos escombros de sua casa no dia do terremoto, ela embarcou em um ônibus abarrotado ao lado de seu tio e se arrastou em trânsito lento para a capital, onde sua mãe solteira vendia produtos de beleza na feira Tete Boeuf.
"Mamãe", ela repetia. "Mamãe, eu estou chegando”.
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Ao sair do coletivo, Daphne se perdeu de seu tio e pegou um moto-táxi. Ela chegou sozinha na feira em ruínas e correu para uma pilha de escombros cheia de "pessoas quebradas", ela disse.
4.1.1 Análise do fragmento: – Estratégia tradutória empregada:
omissão.
Nessa primeira parte, vemos uma tradução que se preocupou em relatar o
fato apenas, sem qualquer descrição da personagem. Como a notícia feita pelo
jornal americano valeu-se de uma forma de narrativa, descrevendo a garota Daphne
e sua trajetória em busca da mãe, a qual ela não encontrou com vida. A intenção
parecia seguir uma linha cronológica para situar o leitor e enfatizar o acontecimento,
ou seja, a orfandade da criança. As falas da garota e todas as sensações relatadas
pelo The New York Times foram também reproduzidas de maneira eficaz pelo Portal
IG – Último Segundo. No entanto, o embora buscasse seguir normas que um texto
jornalístico exige, de objetividade e clareza para situacionar o leitor, deixou a
desejar, no sentido que, omite as descrições. O jornal americano apresenta a
descrição detalhada da garota, com suas sandálias roxas empoeiradas, cita que é
uma garota pequena e delicada, salientando toda essa fragilidade que, por sua vez,
é omitida pelo tradutor. Talvez por pensar que não houvesse necessidade de
detalhar, tirando assim o foco da garota e apenas colocando na situação em si?
Qual a finalidade do tradutor em não mostrar ao leitor todo o cenário da notícia,
omitindo fatos que marcam a personagem principal salientada em detalhes pelo
jornal americano?
4.2 FRAGMENTO 2
Haiti’s Children Adrift in World of Chaos
Two weeks after the earthquake, with the smell of death still fouling the air, children can be seen in every devastated corner resiliently kicking soccer balls, flying handmade kites, singing pop songs and ferreting out textbooks from the rubble of their schools. But as Haitian and international groups begin tending to the neediest among them, many children are clearly traumatized and at risk.
“There are health concerns, malnutrition concerns, psychosocial issues and, of course, we are concerned that unaccompanied children will be exploited by unscrupulous people who
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may wish to traffic them for adoption, for the sex trade or for domestic servitude,” said Kent Page, a spokesman for Unicef.
TRADUÇÃO
Terremoto do Haiti deixa crianças à deriva em um mundo de caos - Portal IG - Último Segundo
Duas semanas depois do terremoto, com o cheiro de morte ainda impregnado no ar, crianças podem ser vistas em cada canto devastado de forma resistente jogando futebol, empinando pipas, entoando músicas populares e coletando livros de ensino de escolas desmoronadas. Mas conforme grupos haitianos e internacionais começam a cuidar dos mais necessitados entre elas, muitas crianças se mostram claramente traumatizadas. "Há preocupações de saúde, preocupações de desnutrição, questões psicossociais e, claro, nós tememos que crianças desacompanhadas sejam exploradas por pessoas sem escrúpulos que podem querer traficá-las para adoção, para o comércio sexual ou para a servidão doméstica", disse Kent Page, porta-voz da Unicef.
4.2.1 Análise do fragmento: – Estratégia tradutória empregada:
erros de tradução e/ou amenização.
O recorte acima relata que, um tempo após a tragédia, as crianças podiam
ser vistas de forma resistente, com suas brincadeiras e jogos, cantando canções
populares. Nesse aspecto o Portal IG – Último Segundo traduziu o termo “resiliently”
por “resistentes”, quando na verdade, o termo em inglês propõe que as crianças
estavam enfrentando toda a situação adversa de maneira paciente, sem maturidade
o suficiente para compreender tudo o que a catástrofe envolvia, justamente com um
comportamento infantil, e não de forma resistentes como se compreendessem todo
o contexto e complicações resultantes da catástrofe. Em outro momento, o tradutor
coloca o termo “ferret out” como “coletar”, amenizando o real sentido da expressão
em inglês, que afirma, na matéria, que as crianças estavam desenterrando os livros
dos escombros, onde antes, havia uma escola. Na sequência, temos a tradução de
algumas palavras ditas pelo porta-voz da Unicef, Kent Page, onde ele relata sobre
os riscos que essas crianças correm, seja na exploração do mercado sexual ou
servidão doméstica. O tradutor usou alguns termos que gostaríamos de salientar. No
original, “unaccompanied children” foi traduzido por “crianças desacompanhadas”.
Nesse caso, o tradutor poderia trazer um termo mais adequado para o português,
como “crianças que perderam os pais”, por exemplo. Essa é uma sugestão apenas.
No geral, o Portal IG – Último segundo traduziu de forma jornalística, sem interferir
com opinião pessoal em textos informativos e/ou relatos e demonstrou objetividade
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para com o leitor. O jornal americano trouxe na notícia essa infeliz ligação entre
crianças órfãs e o mercado de pessoas inescrupulosas que traficam menores para o
comércio sexual e/ou trabalho.
4.3 FRAGMENTO 3
Haiti’s Children Adrift in World of Chaos
Child-welfare organizations have focused their initial efforts on orphaned children and those who have been separated from their families. They started Tuesday to compile a registry, sending workers into the streets to collect information for a database, in which each child would be assigned a numbered file to help track their cases, said Victor Nyland of Unicef, a senior adviser for child protection and emergencies. Such a registry was used in the Indonesian province of Aceh after the 2004 tsunami to help reunite separated families.
TRADUÇÃO
Terremoto do Haiti deixa crianças à deriva em um mundo de caos
Organizações de bem-estar da criança têm concentrado seus esforços iniciais nos órfãos e naqueles que estão separados de suas famílias. Na terça-feira, eles começaram a compilar um registro, enviando voluntários às ruas em busca de informação para um banco de dados no qual cada criança terá uma arquivo numerado para ajudar a localizar o seu caso, disse Victor Nyland da Unicef. Tal registro foi usado na província indonésia de Aceh após o tsunami de 2004 pra ajudar a reunir famílias separadas.
4.3.1 Análise do fragmento: – Estratégia tradutória empregada:
literalidade.
No começo do fragmento, vemos que a notícia fala que organizações têm
buscado ajudar essas crianças necessitadas, e, uma das formas, é a de organizar
um arquivo para que eles possam cuidar e localizar cada caso de maneira
específica, auxiliando assim as crianças. Na tradução, o tradutor apenas omitiu a
função que ocupa Victor Nyland, da Unicef, que faz parte do conselho de proteção a
crianças em casos emergenciais, como o do Haiti, que estamos tratando nessa
pesquisa. Nesse recorte, o tradutor usou da literalidade. Passou o fragmento com
clareza e objetividade, traduzindo as citações e detalhes que o jornal americano
salientou na notícia.
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4.4 FRAGMENTO 4
Haiti’s Children Adrift in World of Chaos
In this city, Daphne was one of 25 newly orphaned children in the care of a local organization called Frades, a collective that does everything from providing microloans to serving hot meals.
“I know we can’t replace their parents,” said Pierre Joseph, a psychologist there. “It’s an intimate loss. But we will do our best to help these kids have a future. We will find a way to create an orphanage for them.”
Early this week, the children, ages 4 to 14, slept huddled together for warmth under bed sheets slung over branches in a tent city on the paved grounds of a damaged school. Young adults took turns looking after them. During the day, the counselors brought them to a walled construction site strewn with rusty cans and broken glass — the only private space they could find — and tried to distract them with singing and clapping games.
4.4.1 Análise do fragmento: – Estratégia tradutória empregada:
omissão.
O recorte acima foi totalmente omitido pelo Portal IG. Aqui o jornal norte-
americano fala sobre o trabalho que equipes de psicólogos realizam, buscando dar
auxílio às crianças. Tais profissionais reconhecem que é impossível substituir os
pais das crianças, mas sim para ajudá-los nesse caos aparentemente sem limites.
Alguns jovens haitianos também prestam auxílio às crianças necessitadas. Eles
buscam formas de entretenimento com os pouquíssimos recursos disponíveis.
Nesse caso, o tradutor preferiu não fazer a tradução. Seria audacioso afirmar o
motivo pelo qual o profissional não realizou a tradução. Será que o tradutor julgou
que a o trabalho de tradução era suficiente? Qual o real motivo de simplesmente não
traduzir um fragmento de notícia? Se, como trouxemos nos aspectos teóricos do
nosso estudo, o texto jornalístico deve ser objetivo e claro, assim como sua
tradução, por quê o tradutor não cumpriu esse requisito ao omitir o último trecho da
notícia?
Considerações finais sobre a tradução dos fragmentos selecionados a partir do terremoto no Haiti.
A tradução realizada pelo Portal IG – Último Segundo da matéria publicada na
internet pelo jornal The New York Times enfatizou os procedimentos que a Unicef
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adotou para a ajuda e proteção das crianças que perderam seus entes queridos no
desastre que assolou o Haiti. A notícia destaca uma breve narrativa do fato e coloca
em evidência algumas pessoas que viveram aquele momento trágico. O tradutor, por
sua vez, fez uma tradução concisa, abordando os principais fragmentos da notícia
para dar ao leitor uma visão de contexto e, a partir daí, finalizar a tradução como que
ele julgou adequado, afinal, houve omissão no último trecho. Em outros momentos
ele preferiu por não traduzir alguns pontos, como detalhes da notícia, por exemplo, e
também houve equívoco na tradução de alguns termos que, no original, foram
bastante detalhados pelo jornal The New York Times. Ele também evidenciou o
trecho da matéria em que trata das ações da Unicef (citados na análise acima) e de
outras organizações que visam auxiliar os desamparados, especialmente as
crianças e adolescentes que se encontravam em situação absolutamente insegura.
Como citado no início dessa pesquisa, subentende-se que o tradutor fez com
que a atenção do texto se dividisse em duas etapas fundamentais de compreensão
para o leitor. A primeira é deixar exposta a situação a garota se encontrava, após
isso ele salienta a necessidade do país na melhoria de seus recursos de saúde
pública e cuidados com os desamparados oriundos do terremoto, conforme texto
original. Na segunda parte ele chama a atenção para o trabalho realizado pelas
organizações que buscam cuidar, ou ao menos colaborar, com esse quadro trágico.
Para o leitor, ao se deparar com uma sequência de informações sobre atos
humanitários, a ideia é levá-lo a mínima reflexão sobre o assunto e, de preferência,
tomar partido em ajudar.
Pensando em termos de quantidade de palavras, a estratégia de omissão se
confirma ainda mais quando nos deparamos com os números. O trabalho de
tradução realizado mostra a que o texto original publicado pelo jornal norte-
americano The New York Times contém 1.164 palavras, já o texto traduzido para o
português pelo Portal IG – Último Segundo trouxe apenas 398 palavras. A que se
deve tal fator? A tradução representa aproximadamente 33,5% de toda a matéria.
Por ser um texto de caráter informativo será que o tradutor entendeu que
aproximadamente 1/3 da tradução seria suficiente para que o leitor captasse o
objetivo da notícia e entendesse com clareza? Deixamos aqui uma questão para
reflexão em cima da redução no processo tradutório em textos jornalísticos. Será
que essa redução/omissão tem algum objetivo? Se sim, qual seria?
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Vamos agora para a análise do recorte jornalístico do segundo texto do jornal The New York Times: “A Devastating Earthquake”. Em seguida, traremos os recortes, suas respectivas traduções e vamos tecer alguns comentários.
4.5 FRAGMENTO 5
A Devastating Earthquake
The toll from the February 8.8-magnitude earthquake — mostly in the country's main wine-growing area — has been estimated at 279. In scenes reminiscent of the frantic rescue efforts following January's less intense but far more deadly earthquake in Haiti, rescuers with trained dogs and search equipment hunted through the rubble of collapsed houses and apartment buildings in search of survivors. In the waning days of presidency, Ms. Bachelet dispatched thousands of troops to the hardest-hit areas to restore order and help distribute aid.
TRADUÇÃO
Um terremoto devastador
O número de mortos do terremoto de magnitude 8,8 em fevereiro atingiu principalmente a área mais movimentada do país. Em cenas fortes que lembram resgates após um intenso terremoto, mostram os profissionais fazendo as buscas com cães treinados e todos os equipamentos necessários entre os escombros de casas destruídas e prédios, em busca de sobreviventes. Nos últimos dias de Presidência, Bachelet mandou milhares de soldados para as áreas mais afetadas para restaurar a ordem e ajudar a distribuir a ajuda.
4.5.1 Análise do fragmento.
No recorte acima temos o início de uma matéria sobre o terremoto que
devastou o Chile no começo de 2010. O tradutor passou algumas informações,
porém, omitiu outras. Na notícia original temos a seguinte afirmação: “The toll from
the February 8.8-magnitude earthquake — mostly in the country's main wine-growing
area — has been estimated at 279”. O jornal norte-americano detalhou a magnitude
do terremoto e o número de mortes ocasionadas pelo mesmo. Já na tradução feito
pelo Portal IG, constatamos que o tradutor limitou-se a falar sobre a magnitude e
não falou sobre o número de mortos. Ele afirma que houve mortes, porém, prefere
não detalhar: “O número de mortos do terremoto de magnitude 8,8 em fevereiro
atingiu principalmente a área mais movimentada do país”. Na parte final do recorte
acima, ele deixa a tradução conforme o original, salientando que o governo está se
movendo para buscar melhorias e que o presidente mandou milhares de soldados
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para as áreas mais afetadas para trabalharem na restauração da ordem e também
para auxiliarem as pessoas que carecem de ajuda.
4.6 FRAGMENTO 6
A Devastating Earthquake
Many people in Santiago, a city of 6 million, wonder if their lives will ever be the same. Unsightly and unsafe camps, primarily occupied by Peruvian immigrants, have sprouted across the capital's historic center. In poor neighborhoods on the northern outskirts of the capital, thousands of people have been waiting for schools to reopen and basic services to be restored.
Two weeks after the disaster, President Piñera took the oath of office in March — shortly after three major aftershocks shook the building where his inauguration ceremony took place. Beyond addressing the widespread damage, his government is facing a major and perhaps protracted economic slowdown.
TRADUÇÃO
Um terremoto devastador
Nos bairros pobres da periferia, zona norte da capital, milhares de pessoas estão esperando para reabrir as escolas e restaurarem os serviços básicos.
4.6.1 Análise do fragmento
No fragmento acima, o tradutor optou por não realizar a tradução. No trecho,
o jornal The New York Times cita a sensação de alguns moradores, que questionam
se a vida voltará a ser a mesma de antes. Também fala da insegurança em que se
encontram e a ocupação de alguns imigrantes nas localidades. Nota-se aqui, que o
Portal IG apenas traduziu o trecho em que fala acerca dos bairros pobres da capital,
onde milhares de pessoas esperam reabrir escolas e aguardam também a
restauração de alguns serviços básicos. Aqui também, ressaltamos o fato de que o
profissional da tradução opta por deixar fragmentos inteiros sem traduzir. Seria,
porventura, uma busca na preservação da imagem do país? Para que, por exemplo,
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turistas brasileiros não se assustem tanto com o terremoto e continuem
freqüentando o país vizinho? Afinal, Brasil e Chile são países com relações turísticas
fortes. Pressupomos que não há interesse em relatar todos os fatos, devido a virem
denegrir a imagem do país, contribuindo para a queda no turismo.
4.7 FRAGMENTO 7
A Devastating Earthquake
Most economists are betting that Chile’s prudent economic management leading up to the disastrous quake, and the intense rebuilding effort now needed in some parts of the country, will help it weather the economic shocks better than most countries could. But for a few months at least, a major slowdown is expected in several Chilean industries, including fishing, pulp and paper, wine and agriculture. Seaside areas like Talcahuano that were ravaged by the tsunami could take much longer to pick themselves back up, perhaps a decade to repair its housing and ports.
TRADUÇÃO
Um terremoto devastador
A maioria dos economistas aposta que uma gestão econômica prudente no Chile, após o terremoto, e o esforço de reconstrução intensa agora, são necessários em algumas partes do país, e ajudará o governo em tempos de choques econômicos, mais do que a maioria dos países pode ajudar. Mas por alguns meses, pelo menos, uma desaceleração maior é esperada em várias industriais do Chile, incluindo a pesca, a celulose de papel, o vinho e a agricultura.
4.7.1 Análise de fragmento.
No trecho final da matéria, o jornal americano destaca a capacidade de
reação do Chile, por meio de uma gestão prudente e os esforços que o país deverá
fazer para sua reconstrução, segundo opinião de alguns economistas. Comenta
também que, a desaceleração nos setores industriais é inevitável, citando algumas
áreas. Trazendo para nossa análise feita pelo Portal IG, o tradutor, evidenciou
exatamente o que estava na matéria original. Que, em suma, o Chile tem totais
condições de se restabelecer e que o fato de algumas áreas serem afetadas é
inevitável. Deixamos também aqui mais uma pergunta para reflexão: Afinal, omitir
alguns fatos desagradáveis e números infelizes, como o de mortes e evidenciar que
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o governo chileno está se mobilizando e o país pode retomar as rédeas com uma
gestão prudente, é apenas redução de tradução ou existe algo que o tradutor
preferiu não traduzir, ou não evidenciar?
Considerações finais sobre a tradução dos fragmentos selecionados a partir do terremoto no Chile.
O fragmento de notícia acima trabalhou com o fato ocorrido no Chile, um
terremoto que causou inúmeros danos sociais, econômicos e políticos. O jornal
americano The New York Times publicou uma matéria abrangente, explicitando
alguns pontos de dificuldade do país sul-americano. No fragmento original, o escritor
faz uma comparação com o terremoto que assolou o Haiti, dizendo que o ocorrido
no Chile teve um número de mortes maior que o haitiano, fato este não traduzido
para os leitores brasileiros. Outro ponto que gostaríamos de salientar é que no texto
original o escritor fala sobre a expectativa dos próprios chilenos com relação à
qualidade de vida, ou pior, à preocupação dos moradores com o mínimo de
condições sustentáveis para viverem no Chile. Este trecho também foi omitido pelo
tradutor, que buscou não destacar os fatores mais trágicos nessa matéria.
Como já comentado, sabe-se que Brasil e Chile são parceiros comerciais,
principalmente quanto ao turismo. A presença de visitantes brasileiros nas cidades
chilenas sempre foi muito intensa e lucrativa. Parte-se do pressuposto de que o
tradutor procurou demonstrar duas intenções básicas em seu trabalho de tradução.
A primeira é a de informar o público leitor sobre a situação que o país sul-americano
se encontrava, deixando assim seu papel como informante realizado; a segunda
entende-se que ele buscou não explicitar alguns detalhes que, eventualmente,
pudessem prejudicar de alguma forma a relação dos países ou a opção dos turistas
brasileiros pelo Chile, visto que, ao se desenhar um quadro trágico demais, a
demanda turística e o interesse por novos visitantes sofreria abalos e o país sentiria
ainda mais.
Outro aspecto que chama atenção é que nenhum momento as zonas
costeiras, como o balneário de Viña del Mar e a cidade de Talcahuano — regiões
altamente turísticas e as mais afetadas pelo desastre — sequer foram mencionadas
na tradução para o Brasil. Seria apenas na questão de redução e objetividade do
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texto jornalístico ou o tradutor foi influenciado por coerções econômicas e/ou
políticas?
Conforme defendemos, escolhas de quem traduz não são neutras e na
tradução jornalística, principalmente, há aspectos culturais, econômicos e sociais
sempre determinando o que pode, deve ou não ser traduzido para certa cultura alvo.
No caso específico da tradução da tragédia chilena para o contexto brasileiro, a fim
de não influenciar as relações turísticas entre os países envolvidos.
Em contrapartida, como se observou nos fragmentos traduzidos da catástrofe
haitiana, o tradutor, de modo geral, escolheu descrever melhor a situação, mas
dando ênfase às personagens infantis para captar atenção humanitária e auxílio
financeiro, aspectos tão importantes neste momento.
Com relação à quantidade de palavras traduzidas, o trabalho de tradução
mostra que o texto original do jornal The New York Times, contém 278 palavras. Já
o texto traduzido para o português pelo Portal IG – Último Segundo traz 178
palavras. Isso representa uma tradução de aproximadamente 64% da notícia
original. Como comentamos acima, partimos do pressuposto de que o tradutor não
tenha levado em conta apenas a redução em sua tradução, e sim, o fato de não
evidenciar algumas informações que, eventualmente, viessem a desagradar o
público leitor e, assim, prejudicar a imagem do Chile, que por sua vez, é um parceiro
comercial do Brasil.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme indicado na introdução, a pesquisa tinha o propósito de analisar
fragmentos de notícias traduzidas sobre o terremoto no Haiti e Chile, extraídos de
reportagens do jornal The New York Times e compará-las com as respectivas
traduções para o português do Brasil, feitas pelo Portal IG – Último Segundo. Após a
apresentação dos recortes e traduções, teceríamos alguns comentários. Ao nos
depararmos com matérias como os fragmentos trazidos, o tradutor delineia e
sistematiza a tradução para que a mesma siga os parâmetros do texto de partida e
as especificações do gênero jornalístico; ou seja, o tradutor deve primar pela
objetividade e informação, mas também pela formação da opinião do público leitor.
Pela análise, nota-se a importância de uma tradução concisa, objetiva e de caráter
informativo. As informações estão circulando a todo o momento e o tradutor é o
veículo por onde passa a informação quando ela vem de outros países. Tais
informações precisam ser passadas com rapidez e objetividade. Partindo do
pressuposto de que os textos trazem junto de si marcas culturais muito fortes, o
tradutor se vê na condição de trabalhar o texto num bom português, que, de fato, é o
que vai situacionar o leitor e fornecer aquilo que ele julga imprescindível. Diante
disso, é importante se pensar que a tradução jornalística, por mais que apregoe
objetividade e neutralidade, não está isenta das marcas de quem traduz e se molda
pelos interesses e pela cultura de chegada. O que fica evidente é a interferência não
só do tradutor, mas de aspectos econômicos, sociais e políticos que estão sempre
balizando o trabalho de quem traduz.
Após a breve análise feita, confirma-se a hipótese de que o universo cultural
do leitor define determinadas escolhas e/ou tendências do tradutor, gerando
abordagens e efeitos de sentidos distintos para um mesmo fato noticioso.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARROJO, Rosemary. Oficina de Tradução – A Teoria na Prática. 5ª Ed. São Paulo-SP: Ática, 1986.
FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. 13º Ed. São Paulo-SP: Contexto 1996.
GOMES, Mayra Rodrigues. Jornalismo e Ciências da Linguagem. São Paulo, Hacker Editores, Edusp, 2000.
LAGE, Nilson. A estrutura da notícia. São Paulo: Ática, 1998.
LAGE, Nilson. Teoria e Técnica do Texto Jornalístico. 1º Ed. São Paulo-SP: Campus, 2005.
LIMA, Alceu Amoroso. O Jornalismo como gênero literário. São Paulo: EDUSP, 1990.
NORD, Christiane. Text Analysis in Translation – Theory, Methodology, and Didactic Application of a Model for Translation-Oriented Text Analysis – Rodopi: Amsterdam – Atlanta, GA, 1991.
POSSENT, S. Discurso, Estilo e Subjetividade. 4º Ed. São Paulo-SP: Martins Editora, 2008.
ROSSI, Clovis. O que é jornalismo. São Paulo: Brasiliense, 1988.
SINCLAIR, John. Corpus, Concordance, Collocation. Oxford University Press, 1991.
SOUSA, Jorge Pedro. Teoria da notícia e do jornalismo. Chapecó: Argos, 2002.
VENUTI, Lawrence. A invisibilidade do tradutor, tradução de Carolina Alfaro. Rio de Janeiro: Grypho, 1995.
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7 ANEXOS
7.1 Anexo I
Haiti’s Children Adrift in World of Chaos
The New York Times
By DEBORAH SONTAG
CROIX DES BOUQUETS, Haiti — Not long after 14-year-old Daphne Joseph escaped her collapsed house on the day of the earthquake, she boarded a crowded jitney with her uncle and crawled in traffic toward the capital, where her single mother sold beauty products in the Tête Boeuf marketplace. “Mama,” she said she repeated to herself. “Mama, I’m coming.” Abandoning the slow-moving jitney, Daphne, petite and delicate, got separated from her uncle and jumped onto a motorcycle-for-hire. She arrived alone at a marketplace in ruins and ran, in her dusty purple sandals, toward a pile of debris laced with “broken people,” she said.
Growing closer, she saw her mother, lifeless. She froze, she said, eventually watching as her mother’s body was dumped in a wheelbarrow and her only parent vanished into the chaos.
“I wanted to kill myself,” Daphne said in a whisper.
Haiti’s children, 45 percent of the population, are among the most disoriented and vulnerable of the survivors of the earthquake. By the many tens of thousands, they have lost their parents, their homes, their schools and their bearings. They have sustained head injuries and undergone amputations. They have slept on the street, foraged for food and suffered nightmares.
Two weeks after the earthquake, with the smell of death still fouling the air, children can be seen in every devastated corner resiliently kicking soccer balls, flying handmade kites, singing pop songs and ferreting out textbooks from the rubble of their schools. But as Haitian and international groups begin tending to the neediest among them, many children are clearly traumatized and at risk.
“There are health concerns, malnutrition concerns, psychosocial issues and, of course, we are concerned that unaccompanied children will be exploited by unscrupulous people who may wish to traffic them for adoption, for the sex trade or for domestic servitude,” said Kent Page, a spokesman for Unicef.
Many children, like Daphne, bore direct witness to horror or survived destruction that killed their relatives, their schoolmates and their teachers. But even those who did not are experiencing vertigo. When the ground shifted beneath them, the landscape of their universe changed forever, and not just at home: 90 percent of schools in the capital, Port-au-Prince, are damaged or destroyed, according to Unicef.
“The children of Haiti, unless they get help, they will have lost their childhoods, their innocence,” Elisabeth Delatour Préval, Haiti’s first lady, said Tuesday, pledging to get schools running as soon as possible, a daunting challenge.
Many children are struggling to make sense of what they are experiencing. Danielle Schledy, 13, who has been living with her family in the courtyard of a destroyed primary school in Port-
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au-Prince, said she kept telling her parents that the earthquake was “not the end of the world.”
Then, in her soiled turquoise dress and chipped pink nail polish, she skipped over to where her mother, Margarita Dayitus, who had bloody and infected wounds covering her body, lay in misery on the ground.
“I am sad about my mom,” Danielle said.
Poor, middle-class and affluent children are all destabilized, even those who get to spend nights indoors. Marie Alice Craft, a school psychologist, said her 11-year-old daughter had been sleeping with her — in a bed at a relative’s intact house — and waking up with a start when her mother got up to use the bathroom.
“She plays, she smiles, she laughs but she doesn’t want to be alone,” Ms. Craft said, adding that “a lot of group therapy” would be needed to make the children of Haiti feel safe again.
Child-welfare organizations have focused their initial efforts on orphaned children and those who have been separated from their families. They started Tuesday to compile a registry, sending workers into the streets to collect information for a database, in which each child would be assigned a numbered file to help track their cases, said Victor Nyland of Unicef, a senior adviser for child protection and emergencies. Such a registry was used in the Indonesian province of Aceh after the 2004 tsunami to help reunite separated families.
Some children who have nobody willing to look after them will be taken to one of three orphanages in the capital where Unicef is establishing interim care centers — that process began Monday with 60 children — or to safe spaces being established by other organizations.
In this city, Daphne was one of 25 newly orphaned children in the care of a local organization called Frades, a collective that does everything from providing microloans to serving hot meals.
“I know we can’t replace their parents,” said Pierre Joseph, a psychologist there. “It’s an intimate loss. But we will do our best to help these kids have a future. We will find a way to create an orphanage for them.”
Early this week, the children, ages 4 to 14, slept huddled together for warmth under bed sheets slung over branches in a tent city on the paved grounds of a damaged school. Young adults took turns looking after them. During the day, the counselors brought them to a walled construction site strewn with rusty cans and broken glass — the only private space they could find — and tried to distract them with singing and clapping games.
Daphne smiled occasionally as she watched the younger children, but mostly she looked stunned. When she told her story, she spoke so softly that she was barely audible. She explained that after she had watched her mother’s body being carted away, she wandered Port-au-Prince in a daze. A distant relative found her and put her in a taxi back to Croix des Bouquets, where she has nothing, she said.
“He told me to be tough,” she said, tears rolling down her cheeks.
She and her mother had lived with her uncle, but her uncle was shattered by his sister’s death — “They had to tie him up to calm him down,” Daphne said — and her uncle’s wife did
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not want her to stay with them. “She has always been mean to me,” Daphne said. “When I would get water, she’d tell me to use a coconut shell and not to dirty one of her glasses.”
Shortly after midday, the volunteers, who had been scraping together their own money to feed the children, gave them their first food of the day: sweet coffee and bread. Later, they fed them rice and beans. Then Mazen Haber, child protection officer with Save the Children, showed up with a large houselike tent and promised to find some mattresses, too.
Watching a dozen grown-ups struggle to erect the tent, Daphne said that adults had told her not to think about her mother. But she could still feel her presence, she said, “like a wind at my back.”
She said she was happy to be with the other children — the sisters with the wilted bows in their hairs, the tiny boys with the terror-stricken eyes — but she said she felt sorry that most had lost both parents.
“Before the earthquake, I only had but Mama,” she said.
Em seguida, a tradução para o português feita pelo Portal IG – Último Segundo para
internet:
Terremoto do Haiti deixa crianças à deriva em um mundo de caos
Portal IG - Último Segundo
Pouco depois que Daphne Joseph, de 14 anos, escapou dos escombros de sua casa no dia do terremoto, ela embarcou em um ônibus abarrotado ao lado de seu tio e se arrastou em trânsito lento para a capital, onde sua mãe solteira vendia produtos de beleza na feira Tete Boeuf.
"Mamãe", ela repetia. "Mamãe, eu estou chegando."
Ao sair do coletivo, Daphne se perdeu de seu tio e pegou um moto-táxi. Ela chegou sozinha na feira em ruínas e correu para uma pilha de escombros cheia de "pessoas quebradas", ela disse.
Ao se aproximar, ela viu sua mãe, sem vida. Ela gelou, ela disse, eventualmente vendo o corpo de sua mãe ser colocado em um carrinho de mão e desaparecer no caos.
"Quis me matar", Daphne disse em um sussurro.
As crianças do Haiti, que representam 45% da população, estão entre os mais desorientados e vulneráveis sobreviventes do terremoto. Milhares perderam seus pais, suas casas, suas escolas e seu propósito.
Elas sofreram ferimentos e passaram por amputações. Elas dormiram nas ruas, mendigaram por comida e tiveram pesadelos.
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Duas semanas depois do terremoto, com o cheiro de morte ainda impregnado no ar, crianças podem ser vistas em cada canto devastado de forma resistente jogando futebol, empinando pipas, entoando músicas populares e coletando livros de ensino de escolas desmoronadas.
Mas conforme grupos haitianos e internacionais começam a cuidar dos mais necessitados entre elas, muitas crianças se mostram claramente traumatizadas.
"Há preocupações de saúde, preocupações de desnutrição, questões psicossociais e, claro, nós tememos que crianças desacompanhadas sejam exploradas por pessoas sem escrúpulos que podem querer traficá-las para adoção, para o comércio sexual ou para a servidão doméstica", disse Kent Page, porta-voz da Unicef.
Organizações de bem-estar da criança têm concentrado seus esforços iniciais nos órfãos e naqueles que estão separados de suas famílias. Na terça-feira, eles começaram a compilar um registro, enviando voluntários às ruas em busca de informação para um banco de dados no qual cada criança terá uma arquivo numerado para ajudar a localizar o seu caso, disse Victor Nyland da Unicef.
Tal registro foi usado na província indonésia de Aceh após o tsunami de 2004 pra ajudar a reunir famílias separadas.
Algumas crianças que não têm ninguém disposto a cuidar delas serão levadas a um dos três orfanatos da capital onde a Unicef está estabelecendo centros de cuidados interinos ou para espaços seguros estabelecidos através de outras organizações.
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7.2 Anexo II
A Devastating Earthquake
The New York Times
By JEFFREY D. SACHS
The toll from the February 8.8-magnitude earthquake — mostly in the country's main wine-growing area — has been estimated at 279. In scenes reminiscent of the frantic rescue efforts following January's less intense but far more deadly earthquake in Haiti, rescuers with trained dogs and search equipment hunted through the rubble of collapsed houses and apartment buildings in search of survivors. In the waning days of presidency, Ms. Bachelet dispatched thousands of troops to the hardest-hit areas to restore order and help distribute aid.
Many people in Santiago, a city of 6 million, wonder if their lives will ever be the same. Unsightly and unsafe camps, primarily occupied by Peruvian immigrants, have sprouted across the capital's historic center. In poor neighborhoods on the northern outskirts of the capital, thousands of people have been waiting for schools to reopen and basic services to be restored.
Two weeks after the disaster, President Piñera took the oath of office in March — shortly after three major aftershocks shook the building where his inauguration ceremony took place. Beyond addressing the widespread damage, his government is facing a major and perhaps protracted economic slowdown.
Most economists are betting that Chile’s prudent economic management leading up to the disastrous quake, and the intense rebuilding effort now needed in some parts of the country, will help it weather the economic shocks better than most countries could. But for a few months at least, a major slowdown is expected in several Chilean industries, including fishing, pulp and paper, wine and agriculture. Seaside areas like Talcahuano that were ravaged by the tsunami could take much longer to pick themselves back up, perhaps a decade to repair its housing and ports.
Em seguida, a tradução para o português feita pelo Portal IG – Último Segundo para
internet:
Um terremoto devastador
Portal IG - Último Segundo
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O número de mortos do terremoto de magnitude 8,8 em fevereiro atingiu principalmente a área mais movimentada do país. Em cenas fortes que lembram resgates após um intenso terremoto, mostram os profissionais fazendo as buscas com cães treinados e todos os equipamentos necessários entre os escombros de casas destruídas e prédios, em busca de sobreviventes. Nos últimos dias de Presidência, Bachelet mandou milhares de soldados para as áreas mais afetadas para restaurar a ordem e ajudar a distribuir a ajuda.
Nos bairros pobres da periferia, zona norte da capital, milhares de pessoas estão esperando para reabrir as escolas e restaurarem os serviços básicos.
A maioria dos economistas aposta que uma gestão econômica prudente no Chile, após o terremoto, e o esforço de reconstrução intensa agora, são necessários em algumas partes do país, e ajudará o governo em tempos de choques econômicos, mais do que a maioria dos países pode ajudar. Mas por alguns meses, pelo menos, uma desaceleração maior é esperada em várias industriais do Chile, incluindo a pesca, a celulose de papel, o vinho e a agricultura.
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