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Complexidade Organizada e Gestão de Inteligente de Cidades Roberto Pinto www.robertopinto.com.br [email protected]

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Complexidade Organizada

e Gestão de Inteligente

de Cidades

Roberto Pintowww.robertopinto.com.br

[email protected]

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VISÃO MECÂNICA

*adaptado de Sousa Silva, Peláez e Romero

Visão dominante até meados do Séc. XVIII, com base em: astronomia de Johannes Kepler, Nicolau Copérnico e Galileu Galilei; física e matemática de Isaac Newton e René Descartes; geometria de Euclides de Alexandria.

Reforço: Positivismo e desenvolvimento da mecânica nos processos de produção Características

reducionismo, determinismo, linearidade e causalidade; Consequências Gerais

Leitura do mundo por lentes reducionistas, limitando as relações de causa e efeito a poucas variáveis;

Determinismo (se acontece A, então acontece B); Linearidade (da variável-causa para a variável-efeito); Monocausalidade.

Consequências para a Teoria das Organizações Primeiras Teorias (as teorias “duras”); Organizações como sistemas fechados, meros transformadores de insumos em produtos; Busca obsessiva da eficiência (metáfora do relógio).

Visão Mecanicista

Fonte: adaptado de Tôrres (2005. p. 2)

Foco em

Estrutura

e Tarefas

Decisões

de Cima para

Baixo

Pensamento

Linear

A → B

EficiênciaAutodomínio

Uma

Resposta

Certa

Partes

Comando

e Controle

3 VISÕES DE MUNDO*

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*adaptado de Sousa Silva, Peláez e Romero

Visão sempre presente, desde o surgimento da ideia de propriedade.

Reforço após a Revolução Industrial – desenvolvimento do Capitalismo

Até a década de 1970 – Organizações geram riqueza;

Final dos anos 1970 – Fim da época do industrialismo e início da globalização.

Características

Mundo percebido como mercado;

Prevalência das relações comerciais sobre as relações sociais;

A realidade “objetiva” é a realidade econômica;

Modelos de desenvolvimento centrados na demanda.

Consequências para a Teoria das Organizações

Organizações vistas como provedoras de bens e serviços;

As pessoas servem às organizações, e não o contrário;

Tecnociência – processos, produtos e serviços intensivos em conhecimento;

Busca obsessiva pela eficiência e eficácia, mas não pela efetividade.

VISÃO ECONÔMICA3 VISÕES DE MUNDO* Foco no

Mercado

Cliente

Lucro

Comando,

Controle,

Qualidade

Visão Econômica

Eficácia e

Competi-

tividade

Decisões

de Cima

para Baixo

Pensamento

Linear

A → B

Autodomínio

Uma

Resposta

que dê mais

Lucro

Partes

Fonte: adaptado de Tôrres (2005. p. 3)

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*adaptado de Sousa Silva, Peláez e Romero

Visão de natureza orgânica e espiritual Existente antes da dominação do Capitalismo; Resgatada a partir da década de 1960, no Ocidente;

Características Visão mais ampliada, aprofundada, transformada e diversificada; Mundo complexo e dinâmico, com múltiplas dimensões e funções

interconectadas, de forma espacial, temporal, ecológica, social, econômica, política, institucional, ética e estética;

O contexto é resultado de diferentes percepções dos diversos grupos de atores sociais;

Muitíssimas variáveis, que se influenciam mutuamente. Consequências para a Teoria das Organizações

Sustentabilidade (econômica, social, ambiental e cultural), diversidade, não-linearidade, interdependência, multicausalidade, equidade, participação, interação, construção, talentos humanos, solidariedade.

Inclusão da efetividade na busca por resultado.

VISÃO COMPLEXA3 VISÕES DE MUNDO*

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COMPLEXIDADE – origem da teoria*

Foram pesquisadores das ciências exatas e naturais (as mesmas que deram início à visão mecanicista) que fundaram as bases do que se

convencionou chamar de Teoria do Caos ou Teoria da Complexidade.Os marcos principais foram:

três artigos de Albert Einstein (1905): a) sobre o Movimento Browniano e existência do átomo; b) a luz não é somente onda, mas também contém partículas (fótons); c) Teoria Especial da Relatividade: espaço e tempo / matéria é energia.

*adaptado de Tôrres, 2005

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COMPLEXIDADE – origem da teoria*

Os marcos principais (continuação)descobertas dos físicos quânticos: átomos têm mais espaço que matéria, o que dá consistência à

matéria é a força das conexões entre os seus componentes; A matéria não existe em pontos físicos determinados, o que há

são possibilidades de existência, sendo que a realidade é incerta, imprecisa. Essa, a segunda grande mudança (Tôrres, 2005).

*adaptado de Tôrres, 2005

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COMPLEXIDADE – origem da teoria*

Os marcos principais (continuação)

decodificação do DNA por James Watson e Francis Crick (1953)

O mais importante é a informação;

Matéria, energia e relacionamentos estão a serviço do

armazenamento e transporte da informação;

A informação gera matéria, energia, relacionamentos, mais

informação, conhecimento e sabedoria.

*adaptado de Tôrres, 2005

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COMPLEXIDADE – origem da teoria*

Os marcos principais (continuação)

Modelo de simulação das evoluções climáticas de Edward Lorenz (anos 1960),

no qual dados os valores iniciais de ventos e temperaturas, obtinha-se a

previsão do tempo;

Lorenz imaginava que pequenas modificações nas condições iniciais

acarretariam alterações também pequenas na evolução do quadro como um

todo;

Descobriu que mudanças infinitesimais nas entradas poderiam ocasionar

alterações drásticas nas condições futuras do tempo, constatando que não

havia linearidade nem proporcionalidade nas relações de causa e efeito.

*adaptado de Siffert, 2006

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Segundo Siffert (2006):

A mensagem de incerteza e imprevisibilidade foi estendida ao mundo do dia-a-dia;

Teoria do Caos ou Teoria da Complexidade são termos genéricos pelos quais ficou conhecido o novo modelo de funcionamento das coisas;

A nova abordagem tem sido aplicada a todos os ramos do conhecimento humano, "da previsão do tempo ao mercado de ações, das colônias de cupins à Internet“;

Além da multi-causalidade, não há proporcionalidade entre efeitos e causas: grandes efeitos podem ter origem em pequenas causas;

O comportamento aparentemente aleatório dos sistemas mais complexos obedece a certa regularidade;

Há ordem no caos, o que permite prever o estado mais provável de um sistema, mesmo não sendo sempre possível estabelecer o momento exato da mudança.

TEORIA DA COMPLEXIDADE –entendendo

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COMPLEXIDADE E GESTÃO

• Os princípios da Termodinâmica (Mayer, Joule, Helmholtz e August, Séc. XIX) que tratam das relações entre

calor, energia e trabalho repercutiu nas ciências, inclusive sobre os estudiosos das organizações e os

economistas.

• A Teoria Geral de Sistemas também se apropriou do princípio de que todo sistema tende a desorganização

e morte, pela perda de energia (entropia).

• Mas Ilya Prigogine (Prêmio Nobel de Química de 1977), comprovou que alguns sistemas, em situações

fronteiriças ao caos, desenvolvem mecanismos de auto-reorganização.

• Como diz Siffert (2006. p. 2): “sistemas complexos que se adaptam são redes (networks) de agentes

individuais que interagem para criar um comportamento autogerenciado, mas extremamente organizado e

cooperativo [...] respondem ao feedback que recebem do ambiente e, em função dele, ajustam seu

comportamento. Aprendem da experiência e embutem o aprendizado na estrutura mesma do sistema.

Aproveitam as vantagens da especialização, sem cair na rigidez burocrática.”

• Essa nova compreensão está sendo apropriada pelas Ciências de Gestão.

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COMPLEXIDADE ORGANIZADA

Em contraposição aos modelos positivistas-reducionistas, e com ajuda de novos equipamentos e softwares, os pesquisadores passaram a trabalhar com modelos com um número astronômico de variáveis;

Esses modelos se enquadram no que Warren Weaver (1961) denomina Complexidade Desorganizada e não são adequados para a tomada de decisão;

Os modelos de algumas aplicações, como é o caso das Ciências de Gestão, devem se encontrar entre os extremos da simplicidade (pouquíssimas variáveis) e da desorganização (muitíssimas variáveis).

Segundo Weaver, esses modelos atuam numa zona intermediária, denominada Complexidade Organizada.

Para as Ciências da Gestão, trabalhar na zona de Complexidade Organizada requer abandonar a ilusão de que o controle pode ser exercido de forma absoluta, como se espera que aconteça quando se trabalha com modelos reducionistas.

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COMPLEXIDADE ORGANIZADA E GESTÃO DE CIDADES

A compreensão da impossibilidade de exercer controle absoluto é crucial na gestão de cidades.

As cidades são verdadeiros organismos. São sistemas vivos, onde a reorganização decorre das contradições entre ordem e caos, a partir da “leitura” que os cidadãos fazem da sua realidade, confrontando necessidades e desejos vis-a-vis o interesse e a capacidade que a gestão pública demonstra no sentido de atendê-los.

O cidadão se mobiliza no sentido de satisfazer aos desejos e necessidades individuais e de grupos.

Daí, não haver como o gestor de uma cidade exercer controle sobre o comportamento e as escolhas dos cidadãos.

Os modelos de gestão baseados nas funções clássicas de Administração requerem uma atualização, considerando essa abordagem mais próxima da realidade, trazida pela Complexidade Organizada.

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PlanejarOrganizarComandarCoordenarControlar

Entender EstimularInteragir

CompartilharObservar

CONTROLE PÓS OPERAÇÃO

- Complexidade

SEM CONTROLE+ Complexidade

Organizações Públicas e Privadas Cidades e Redes

PlanDo

CheckAct

CONTROLE NA OPERAÇÃOAlguma Complexidade

MODELO PROPOSTOGestão Inteligente de Cidades, sob a Complexidade Organizada

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MODELO PROPOSTOGestão Inteligente de Cidades, sob a Complexidade Organizada• ENTENDER, procurando acumular conhecimento sobre a evolução dos diferentes atores e

ligações entre estes, sem reducionismos e sem a pretensão de antecipar e controlar o futuro, mas entender a evolução das diferentes trajetórias.

• ESTIMULAR, no sentido de induzir a busca de direções que se estabeleçam para os gestores e para os outros atores do sistema complexo em uma trajetória coevolutiva.

• INTERAGIR, porque em ambientes de auto-organização a colaboração passa a ser a lógica predominante para os processos evolutivos.

• COMPARTILHAR, para estabelecer uma lógica não excludente de uso de recursos, principalmente as informações e o conhecimento.

• OBSERVAR, levando em conta que é preciso considerar que “há ordem no caos” e que ela precisa ser observada e compreendida, além de compreender que o controle absoluto é uma ilusão.

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PRINCIPAIS REFERÊNCIAS