Consulta das Doenças da Cognição - Protocolo de Avaliação e Dados Preliminares
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VI JORNADAS DA UNIDADE DE NEUROPSICOLOGIA
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO E DADOS PRELIMINARES
DA CONSULTA DAS DOENÇAS DA COGNIÇÃO
Olga Ribeiro e Góis Horácio
17 de Dezembro de 2010
1
INTRODUÇÃO
É bem conhecido o aumento de casos de doenças dacognição na população mundial relacionado com o aumentoda longevidade humana
Calcula-se que a incidência anual dos estados demenciais
seja de 19,4 em 1000 pessoas (Manning, 2005)
Na Europa as demências afectam,
aproximadamente 5 milhões de pessoas
Estima-se que em breve, em Portugal, possam
existir cerca de 70 a 80.000 indivíduos envolvidos
2
3
INTRODUÇÃO
Pesquisas clínicas e científicas dos últimos anos têm
situado o seu foco no diagnóstico precoce, particularmente,
na fase de transição entre o envelhecimento normal e o
início do processo demencial
Esta fase, em que se inscreve um declínio da memória e
um funcionamento normativo em várias outras
áreas, sem que haja critérios para identificação da
presença de uma síndroma demencial é designada
por Défice Cognitivo Ligeiro (Petersen e col., 2008)
CARACTERIZAÇÃO DAS
DEMÊNCIAS
A Demência é uma afecção
neurológica que se caracteriza
essencialmente por diminuição das
capacidade cognitivas e alterações do
comportamento que conduzem a uma
perda progressiva de autonomia e da
capacidade para as actividades diárias,
profissionais e sociais.
Múltiplas são as suas causas
enquadrando diversos tipos
4
Alzheimer60%
Parkinson e DC Levy
10%
Vascular20%
Outras10%
Prevalência Relativa dos Principaistipos de Demência
Retirado de “Recomendações Terapêuticas para o
Tratamento da Demência” Novartis, 2009
CONSEQUÊNCIAS DOS
ESTADOS DEMENCIAIS
5
Estão associadas a deterioração do controlo emocional, do
comportamento social ou da motivação
Abrangem todos os níveis de interacções bio-psicossociais
interferindo com o normal funcionamento diário do doente e
família
Podem conduzir a importante incapacidade física, psiquiátrica e
social, bem como, a marcado desgaste e sobrecarga dos
respectivos cuidadores
O DIAGNÓSTICO PRECOCE
DAS DEMÊNCIAS
Há evidência significativa dos benefícios do diagnóstico
precoce para a instituição da terapêutica e apoio social aos
doentes com demência
O diagnóstico diferencial deve primeiramente identificar os
casos potencialmente reversíveis, de etiologias diversas
como: alterações metabólicas, intoxicações, infecções,
deficiências nutricionais, etc
Uma vez que o diagnóstico da demência é, acima de tudo,
um diagnóstico clínico os marcadores neuropsicológicos
têm uma importância fundamental
6
A CONSULTA DEDICADA ÀS
DEMÊNCIAS
7
A demência é uma situação semiológicamente complexa que
pressupõe uma avaliação e intervenção em multidomínios, que
inclua obrigatoriamente as vertentes cognitiva, funcional e
também a neuropsiquiátrica
Implica uma estruturação adequada das consultas com o apoio
de médicos com experiência na área e psicólogos treinados para
a avaliação cognitiva de idosos
Para fazer face à necessidade de avaliação e acompanhamento
médico especializado do número de indivíduos com queixas de
défice de memória e/ou de outra função cognitiva foi criada, em
Janeiro de 2010 a
Consulta das Doenças da Cognição do HEM - CHLO
A CONSULTA DAS DOENÇAS
DA COGNIÇÃO
Teve início em Janeiro de 2010
Inclui duas Neurologistas e uma Psicóloga com perfil em
Neuropsicologia
Realiza-se uma vez por semana
Estende-se a uma reunião mensal com a equipa da
Gerontopsiquiatria do DPSM da Ajuda – CHLO (inclui dois
Psiquiatras e um Psicólogo)
8
Estabeleceu-se protocolo de avaliação de primeira consulta, que abrange a Consulta de Neurologia e Neuropsicologia
O protocolo inclui instrumentos de avaliação cognitiva, comportamental, de personalidade e de actividades de vida diária
Procura despistar mudanças cognitivas e obter dados objectivos, normalizados e comparáveis intra e interindividualmente
Depois de feito o diagnóstico são propostas abordagens terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas em consonância com as orientações terapêuticas internacionais
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A CONSULTA DAS DOENÇAS
DA COGNIÇÃO
MÉTODO
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA CONSULTA DE NEUROPSICOLOGIA -
STANDARD
Escala de Demência de Blessed (de preferência só com o cuidador)
Avaliação Clínica da Demência (CDR)
Escala de Avaliação Cognitiva de Addenbrook Revista (ACE-R)
Escala de Depressão Geriática (GDS)
Corte dos “As”
Trail Making Test (TMT)
Vocabulário da WAIS III
10
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA CONSULTA DE
NEUROPSICOLOGIA
Se suspeita de Demência tipo Alzheimer
Matrizes Progressivas de Raven Coloridas; Figura complexa de Rey; ADAS – cog e
não cog
Se suspeita de Demência de Corpos de Lewy/associada a Parkinson
Bateria de Avaliação Frontal (FAB)
Se suspeita de Demência Fronto-Temporal
Inventário de Comportamento Frontal (FBI); Bateria de Avaliação Frontal (FAB)
Se suspeita de Demência Semântica
Exame de Linguagem
Se suspeita de Demência Vascular
Bateria de Avaliação Frontal (FAB); Vadas/Mattis
11
MÉTODO
Avaliaram-se 56 doentes
no decurso de 2010, 24
do sexo masculino e 36
do sexo feminino
Dos 56 doentes, a maioria
tinha como escolaridade o
primeiro ciclo do ensino
básico
12
AMOSTRA
Masculino43%
Feminino57%
Género
0
5
10
15
20
25
30
7
28
36 6 6
Nº
de S
uje
ito
s
Escolaridade
AMOSTRA
Em 54 dos doentes, a
sintomatologia inicial
declarou-se, entre os 70
e os 80 anos de idade
Nos mesmos 54 doentes a
forma de instalação da doença
ocorreu maioritariamente de
forma insidiosa lenta
13
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Insidiosa Rápida
Insidiosa Lenta Abrupta
4
48
2
Nº
de S
uje
ito
s
Forma de Instalação da Doença
0
5
10
15
20
25
30
35
]40-50] ]50-60] ]60-70] ]70-80]
2
8
13
31
Nº
de S
uje
ito
s
Escalão Etário
Idade do Início dos Sintomas
AMOSTRA
Em 47 dos 54 doentes a progressão da doença foi
gradual
14
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Progressão Gradual
Agravamento em Degraus
Flutuante Sem Progressão
47
30
4
Nº
de S
uje
ito
s
Forma de Evolução da Doença
No tocante ao valor da Escala de Avaliação do Estado
Mental (MMSE), dos 56 doentes, 30 encontravam-se
abaixo do ponto operacional de corte, podendo
considerar-se como tendo defeito cognitivo
15
RESULTADOS
0
5
10
15
20
25
30
22 24 27
Nº
de S
uje
ito
s
Valores Operacionais de Corte (VOC)
Escala de Avaliação do Estado Mental -MMSE
Nº Sujeitos Abaixo de VOC
Nº Sujeitos Acima de VOC
Dos mesmos 56 doentes, a maioria, 45% apresentava um
valor na Escala de Avaliação da Demência de Grau
Incipiente
16
RESULTADOS
Nenhum25%
Incipiente45%
Ligeira21%
Moderada7%
Severa2%
Escala de Avaliação da Demência - CDR
RESULTADOS
A maior parte dos doentes revelava ausência de deterioração
mental (41%) quando tida em conta a Escala de
Deterioração de Blessed preenchida fundamentalmente
junto dos cuidadores
17
Normal41%
Não Discriminativo
36%
Deterioração23%
Escala de Deterioração de Blessed
A maioria dos sujeitos não apresentava indicadores
depressivos quando avaliados pela Escala de
Depressão Geriátrica - GDS
18
RESULTADOS
Ausência de Depressão
68% Depressão Ligeira
43%
Escala de Depressão Geriátrica - Yeasavage
A Avaliação Cognitiva de Addenbrook (ACE-R) permitiu
concluir que 59% dos doentes apresentava um perfil de
demência e 21% de Défice Cognitivo Ligeiro
19
Normativo20%
DCL21%
Demência59%
Avaliação Cognitiva de Addenbrook
RESULTADOS
20
CONCLUSÃO
O estudo efectuado sendo preliminar permite constatar que,
nesta população, o incremento das queixas sintomáticas
aconteceu no escalão etário mais elevado coincidindo com
as referências da literatura que apontam para o aumento
da incidência de quadros demenciais, nomeadamente da
Doença de Alzheimer, em função da progressão da idade
.
Relativamente ao sexo, as mulheres foram as mais
referenciadas à consulta, confirmando os estudos de
prevalência que indicam que o risco de desenvolvimento
desta patologia é 1,5 a 2 vezes superior neste género.
A literacia correspondeu na maioria a 4 anos
assumindo-se como um dos preditores de uma baixa
reserva cognitiva (Massano, 2009)
21
CONCLUSÃO
Os dados obtidos na Escala de Deterioração de Blessed
através da análise subjectiva dos cuidadores, assumem
valores psicométricos que indicam a ausência de
deterioração cognitiva na maioria dos indivíduos em
conformidade com os dados obtidos na Avaliação Clínica
da Demência (CDR), onde predomina o Grau Incipiente
22
CONCLUSÃO
Estes valores, contudo, poderão corresponder a sintomas
pré-clínicos de demência uma vez que 30 dos 56 doentes
avaliados apresentavam valores indiciadoras de defeito
cognitivo (MMSE abaixo do ponto de corte), confirmado
pela Escala Cognitiva de Addenbrook onde a maioria dos
sujeitos apresentava mesmo um perfil de demência
68% não manifestaram indicadores de risco depressivo
23
CONCLUSÃO
Concluímos ser possível melhorar progressivamente a
avaliação do perfil obtido para cada indivíduo, adquirindo
dados normalizados e comparáveis entre indivíduos e
entre grupos, no sentido de cumprir o objectivo de apurar o
diagnóstico o mais precocemente possível e propor
abordagens terapêuticas farmacológicas e não
farmacológicas em consonância com as orientações
terapêuticas internacionais
24
CONCLUSÃO
25
Apostar na
prevenção primária
Programa de apoio
ao doente e
cuidador
CONCLUSÃO
Avaliação
Neuropsicológica
Reabilitação
Neuropsicológica