CONTEXTOS DE COMUNICAÇÃO: COMUNICAÇÃO EM...

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04-11-2014 1 PSICOLOGIA DA COMUNICAÇÃO Ciências da Comunicação Copyright, 2014© José Farinha, ESEC Aspectos gerais Definição de pequeno grupo Tipos de grupos Estrutura e Dinâmica de grupo Resolução de problemas em grupo CONTEXTOS DE COMUNICAÇÃO: COMUNICAÇÃO EM PEQUENOS GRUPOS 4-nov-14 Psicologia da Comunicação 2 Situação mais comum no nosso quotidiano; Cada vez mais presente na vida profissional; Grupos mais comuns: - Grupos tarefa. Aspectos gerais

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1

PSICOLOGIA DA COMUNICAÇÃOCiências da Comunicação

Copyright, 2014© José Farinha, ESEC

• Aspectos gerais• Definição de pequeno grupo• Tipos de grupos• Estrutura e Dinâmica de grupo• Resolução de problemas em grupo

CONTEXTOS DE COMUNICAÇÃO:

COMUNICAÇÃO EM PEQUENOS GRUPOS

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� Situação mais comum no nosso quotidiano;

� Cada vez mais presente na vida profissional;

� Grupos mais comuns: - Grupos tarefa.

Aspectos gerais

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Definição de pequeno grupo

� Definição de grupo:� Um conjunto de pessoas não forma

necessariamente um grupo.

� Um grupo tem normalmente:1. Uma estrutura;2. Uma certa durabilidade no tempo;3. Uma certa coesão;4. Um conjunto de normas.

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� Definição de pequeno grupo� Critério do número:

� Mínimo: - três elementos;� Máximo: - mais indefinido (15-20);

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� Critério dos atributos� Seis critérios (SHAW 1976)1. Percepções: - os membros de um grupo

pequeno percepcionam-se e influenciam-se mutuamente de forma directa e permanente;

2. Motivação: - os membros de um grupo pequeno retiram satisfação e sentem-se recompensados pela participação no grupo;

3. Objectivos: - os membros de um grupo pequeno trabalham em conjunto para um objectivo;

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4. Organização: - cada membro de um grupo pequeno desempenha um papel enquadrado na estrutura do grupo;

5. Interdependência: - a actuação de cada membro de um grupo pequeno depende dos outros membros;

6. Interacção: - Os membros de um grupo pequeno interagem directamente face a face.

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� Em resumo:� “(…) um pequeno grupo é um conjunto

determinado de pessoas que mantêm um certo nível de interacção, prosseguem um objectivo comum, adoptam papéis especializados, estão dependentes uns dos outros, identificam-se como parte do grupo e comunicam face a face.”

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� Quatro tipos de grupos:A. Grupos que se formam na base de uma

função social comum (família, grupos desportivos, etc.);

B. Grupos que se juntam na base da atracção interpessoal (grupos de amigos);

C. Grupos tarefa (os grupos de trabalho que se formam para realizar um trabalho para uma disciplina num curso superior);

D. Grupos terapêuticos, ou de desenvolvimento pessoal, (Grupos T, Círculos de Qualidade).

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Tipos de grupos

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Estrutura e Dinâmica de grupo

� Aspectos gerais� Problemática da distinção estrutura

/dinâmica:

� Distinção clássica:� ESTRUTURA: - resulta de uma determinada

definição da hierarquia das relações entre os elementos de uma unidade social;

� DINÂMICA: - a forma como o grupo funciona.

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� Tamanho do grupo:� Os grupos demasiado grandes tendem a ser

disfuncionais;

� Tamanho ideal? – Depende da tarefa;

� À medida que o tamanho do grupo aumenta, diminui a participação e a satisfação dos seus membros;

� Em grupos grandes a comunicação tende a organizar-se à volta de um número cada vez mais reduzido de elementos.

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� Características dos membros do grupo� Podem ser descritas a partir de um conjunto

de variáveis:� Idade. Nível e selectividade da interacção

aumenta com a idade;� Género. Relacionado com os estereótipos

ligados aos papéis sociais: - rapazes mais activos – tarefas; raparigas – relações interpessoais;

� Classe social. Relacionada com as expectativas;� Aptidões. Relacionado com a realização das

tarefas.

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� Coesão, socialização e normas grupais� Coesão grupal:

� Definição - “campo total de forças que actuam para que o os membros permaneçam no grupo.”

� Está positivamente relacionada com a produtividade, moral, e eficiência comunicativa;� Coesão demasiado baixa – falta de envolvimento

no trabalho do grupo;� Coesão demasiado alta – pensamento grupal

(Groupthink).

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� Socialização grupal� Definição: - Processo de adaptação recíproca

entre o indivíduo e o grupo.� LEVINE & MORELAND (1994) propuseram um

modelo de socialização grupal:� Três processos psicológicos: - avaliação,

empenhamento e transição de papel;� Cinco etapas: - Investigação, socialização,

manutenção, res-socialização, recordação.

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ETAPA COMPORTAMENTODO GRUPO

COMPORTAMENTODO INDIVÍDUO

TRANSIÇÃODE PAPEL

RESULTADOFINAL DAETAPA

INVESTIGAÇÃO Recrutamento Reconhecimento Entrada Novo membro

SOCIALIZAÇÃO Tentativas para adaptar o indivíduo ao grupo

Tentativas para adaptar o grupo a si

Aceitação Membro efectivo

MANUTENÇÃO Negociação do papel: atribuição de um papel especializado dentro do grupo

Negociação do papel: aquisição de um papel especializado dentro do grupo

Possível divergência

Membro marginal

RES-SOCIALIZAÇÃO Assimilação Acomodação Saída Ex-membroRECORDAÇÃO Tradição Reminiscência Por vezes, estabilização

do empenhamento a um nível baixo.

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� Normas grupais� Definição: - conjunto de crenças partilhadas

acerca do que podem ser comportamentos aceitáveis e comportamentos inaceitáveis num determinado grupo;

� Podem ser explícitas e formais ou implícitas e informais;

� Cumprem uma função tanto ao nível individual como grupal:� Individual: quadro de referência

comportamental;� Grupal: Coordenação das acções individuais.

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� A posição do indivíduo no grupo está relacionada com a forma como adere às normas grupais (crédito idiossincrático).

� Os sistemas de controlo normativo são normalmente preferidos face aos sistemas de controlo individual.

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� Conformismo� Definição: - processo de adaptação de juízos ou normas pré-existentes no sujeito às normas de outros indivíduos ou grupos como consequência da pressão real ou simbólica exercida por este.

� Distinguir entre aceitação privada e submissão pública;

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� Aceitação privada: - condições:1. O indivíduo dá muita importância ao facto de

pertencer a um determinado grupo;2. A opinião dos outros está unanimemente

contra a sua opinião;3. A questão em jogo é relativamente ambígua;4. O grupo está pressionado para atingir uma

meta importante.� Submissão pública: - normalmente resulta

do desejo de evitar os aspectos desagradáveis dos conflitos.

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� Papel e estatuto� Papel: - padrão de comportamentos recíprocos esperados relativamente a pessoas que têm um determinado estatuto;

� Estatuto: - posição que um indivíduo ocupa num sistema hierárquico;

� O papel tem uma dimensão pessoal e uma dimensão social.

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Modelo das relações de papel de Katz & Khan (1987)

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� Papeis funcionais (efeito positivo)

� Têm a função de manter o grupo no rumo correcto para atingir os seus objectivos (normalmente a realização de uma tarefa ou a resolução de um problema);

� Duas categorias básicas:

A. Papéis orientados para a tarefa:

� Fornecedor de opiniões ou informações;

� Angariador de opiniões ou informações;

� Activador;

� A pessoa das ideias;

� Analisador.

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B.Papéis de manutenção:

� Escuta activa;

� Líder do jogo ou “mandador do baile”;

� Harmonizador;

� “Sentinela”;

� O gerador de compromissos;

� O relações-públicas.

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� Papeis de “auto-serviço” (efeito negativo)

� Têm um efeito negativo tanto no clima emocional do grupo como na sua capacidade para atingir os objectivos propostos.

� Agressor;

� Bloqueador;

� Competidor;

� O negociador pessoal;

� O brincalhão;

� O ausente;

� O monopolizador.

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� Influência social� Mudança através da comunicação;

� Vários níveis:� Atitudes;� Valores;� Comportamentos;

� Dois factores:1. Dimensão retórica da mensagem;2. Pessoas implicadas (influenciador e

influenciado).

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� Agente (influenciador): - poder social

1. Poder de recompensa;

2. Poder de punição;

3. Poder de referência;

4. Poder legitimado;

5. Poder de competência.

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� Sujeito alvo (influenciado): -influenciabilidade

Motivos Efeitos

Efeito social a influência mantém-se apenas enquanto houver vigilância

Relação com o agente a influência dura enquanto essa relação for sentida como importante

Adesão ao conteúdo influência permaneceindependentemente do agente-influenciador

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� As mudanças em atitudes, valores e comportamentos, estão relacionadas;

� As mudanças são facilitadas pela aprendizagem e pelo desequilíbrio (dissonância cognitiva).

� Liderança� Liderança como uma qualidade pessoal ou

como uma variável funcional;� Não existe um padrão fixo de qualidades

pessoais do líder.� 2 dimensões:� Líderes orientados para a tarefa;� Líderes orientados para a relação.

� A qualidade da liderança tem muitas vezes a ver com a forma como são realizadas em simultâneo estas condições.

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� Três estilos de liderança:1. Democrático: - Directivos, mas têm em conta

as opiniões do grupo. Orientados para a tarefa e para as relações interpessoais.

2. Autoritário: - Directivos, seguem a sua visão. Orientados para a tarefa.

3. Laissez-faire: - Não directivos. Orientados para a relação.

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� Aptidões do líder:1. Aptidões ao nível do comportamento

pessoal. O líder eficaz:� É sensível aos sentimentos do grupo;� Identifica-se com as necessidades do grupo;� Aprende a escutar com atenção;� Evita criticar ou ridicularizar sugestões de

membros do grupo;� Ajuda cada membro a sentir-se importante e

necessário;� Não deverá entrar em controvérsia.

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2. Aptidões de comunicação. O líder eficaz :� Certifica-se que toda a gente compreende não

só que é necessário, mas também porquê;� Faz com que uma boa comunicação com o grupo

seja algo rotineiro no seu trabalho.3. Aptidões em equidade. O líder eficaz

reconhece que:� Todos os membros são importantes;� A liderança deverá ser partilhada, não é um

monopólio;� Um líder cresce quando as funções de liderança

são distribuídas.

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4. Aptidões de organização. O líder eficaz ajuda o grupo a:� Desenvolver objectivos a longo e a médio

prazo;� Dividir grandes problemas em problemas

pequenos;� Partilhar oportunidades e responsabilidades;� Planear, agir, fazer o seguimento e avaliar.

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5. Aptidões de auto-exame. O líder eficaz:� Está ciente das motivações que guiam as suas

acções e as dos membros do grupo;� Está ciente dos níveis de hostilidade e de

tolerância dos membros do grupo para que sejam tomadas as medidas adequadas para prevenir o aparecimento de problemas;

� Está ciente do comportamento de pesquisa de factos dos membros do grupo;

� Ajuda os membros do grupo a tomarem consciência das suas próprias forças, atitudes e valores.

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Resolução de problemas em grupo

� A eficácia dos grupos depende do tipo de tarefa.

� Pontos positivos do trabalho em grupo:� Maior soma total de conhecimentos e

informações� Mais importante quando a quantidade de

conhecimento é um factor crítico;� Mesmo os membros com menos conhecimentos

podem ser necessários.

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� Maior número de abordagens a um problema� Mais importante quando a criatividade ao nível

das abordagens ao problema é um factor relevante;

� Limita a tendência a cada pessoa tentar aplicar na resolução do problema a solução mais do mesmo.

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� Participação na solução dos problemas aumenta a aceitação� Diminui o estigma da decisão individual;� Especialmente significativo em situações que

exigem cooperação e participação.� Melhor compreensão da decisão

� Evita a fase da comunicação da decisão;

� Especialmente significativo em situações que exigem cooperação e participação.

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� Pontos negativos da resolução de problemas em grupos� Pressão social

� Pode levar ao conformismo;� Especialmente significativa em problemas de facto;

� Soluções consensuais podem não ser as mais correctas.

� Valência de soluções (relação entre comentários negativos e positivos a cada solução)� A valência é independente da sua qualidade

objectiva;� Soluções com valências mais positivas podem

impedir o apoio a soluções posteriores;� Pode ser afectado por manipuladores de

opinião.

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� Domínio individual� O líder tem um poder acrescido na avaliação

das soluções; � Pode enviesar a tomada de decisão a partir de

factores pessoais;� Meta secundária conflituante: vencer a

discussão� Os indivíduos estão mais preocupados em que a

sua solução seja a adoptada do que em adoptar a solução mais correcta.

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� Pontos que podem ser negativos ou positivos dependendo da capacidade do líder� Desacordo� Criar desacordo sem criar ressentimentos;� Aumentar as soluções cooperativas.

� Interesses conflituantes versus interesses mútuos� Obter uma definição mútua do objectivo do

trabalho do grupo.

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� Disposição para correr riscos� Aumentar a criatividade ao nível da decisão

grupal;� Explorar várias alternativas.

� Necessidade de tempo� Maior no trabalho de grupo;� Dar tempo necessário à discussão.

� Quem muda?� Relacionado com a distribuição do poder no

grupo;� As hierarquias podem entrar em conflito com os

recursos de informação de cada membro.

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