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FACULDADE DE ECONOMIA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Crédito ao Consumo em Portugal
Cidália Ramos Coimbra, Dezembro 2007
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FICHA TÉCNICA
Título: Crédito ao consumo em Portugal
Autor: Maria Cidália da Silva Ramos
Ano do curso: 1º Ano de Sociologia
Nº de aluno: 20072951
Imagem da capa: Fonte: www.canalkids.com.br/bankids/imagens/soc_de_consumo.gif Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Fontes de Informação Sociológica sob a orientação do Professor Paulo Peixoto
Coimbra, Dezembro de 2007 Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
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INDICE
1. Introdução................................................................................................................................ 1
2. Estado das artes...................................................................................................................... 2
2.1. O consumidor e as razões que levam ao consumo........................................................... 2
2.2. O consumo e o acto de consumir ...................................................................................... 4
2.3. Significado do crédito......................................................................................................... 6
2.4. O crédito ao consumo em Portugal ................................................................................... 7
3. Descrição detalhada da pesquisa ....................................................................................... 10
4. Avaliação de uma página da Internet.................................................................................. 12
5. Ficha de leitura ...................................................................................................................... 14
6. Conclusão .............................................................................................................................. 19
7. Referências bibliográficas.................................................................................................... 21
Anexos
Anexo A: Página da Internet avaliada
Anexo B: Texto suporte da ficha de leitura
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1. Introdução
Este trabalho intitulado “Crédito ao consumo em Portugal”, realizado no
âmbito da disciplina de Fontes de Informação Sociológica, pretende abordar a
temática sobre o consumismo e sobre a problemática que isso acarreta nas
sociedades, nomeadamente os créditos que os indivíduos, independentemente
do género, contraem para satisfazer esses desejos de consumo, sejam eles
mais caprichosos ou mais necessários.
Neste âmbito, será feita uma abordagem acerca do significado do
complexo conceito de “consumismo”, assim como serão apresentadas algumas
das principais razões que levam os indivíduos ao acto de consumir.
Em seguida será apresentada uma breve definição acerca do não
menos complexo conceito de “crédito” e os motivos que levam os
consumidores a endividarem-se cada vez mais para “alimentar” esse vício que
devora as sociedades contemporâneas, como defendem alguns investigadores
no assunto (Marques e Frade, 2003).
Finalmente, e como não poderia deixar de ser, o caso português. Até
que ponto o crédito ao consumo se manifesta no nosso país? Quem se
endivida mais, os homens ou as mulheres? O que compram os portugueses
quando compram a crédito ou com que finalidade o adquirem? Tentei
responder de uma forma muito concisa a estas questões que, também pela
importância do assunto, me despertaram grande interesse.
É feita uma descrição detalhada da pesquisa efectuada para a
realização deste trabalho seguida por uma ficha de leitura acerca do artigo do
Professor Doutor Paulo Peixoto intitulado Sedução ao consumo. As novas
superfícies comerciais urbanas.
Por último serão apresentadas algumas conclusões acerca do assunto exposto
neste trabalho de forma a sintetizar aquilo que se pretendia aprofundar no
tratamento do tema.
2
2. Estado das artes
2.1. O consumidor e as razões que levam ao consumo
“Não se pode compreender o consumidor sem primeiramente nos
interessarmos pelo indivíduo (de acordo com a lei é «todo aquele a quem
sejam fornecidos bens ou prestados serviços, destinados a uso não profissional
por pessoa que exerça com carácter profissional uma actividade económica»)”
(Santos, 2007: 9).
Para podermos entender o consumidor, primeiramente devemos
reconhecê-lo como indivíduo, sujeito a transformações que se desencadeiam
nos sistemas de valores, mentalidades, aspirações e opiniões. Feita esta
análise estaremos em condições de avaliar as suas atitudes e comportamentos
como consumidor (Santos, 2007).
Ao adquirir o estatuto de consumidor ele é detentor de maior poder
aquisitivo e tempo para as necessidades secundárias dando luz às suas
aspirações, o que, por sua vez, acaba por influenciar o seu estilo de vida. Beja
Santos (1994: 18), considera que «o estilo de vida é ditado por um conjunto de
objectos a que se aspira e se vai preparando a motivação no ambiente
familiar».
Estilos de vida que se assumem pelo prestígio: pelo automóvel, o desejo
de dar uma habilitação superior aos filhos, as férias, entre outros (Santos,
1994).
Deste modo, a existência de diferentes tipos de consumidores está
directamente relacionado com os diferentes estilos de vida.
Só é possível avaliar os diferentes tipos de consumidores tendo em
conta as mudanças que ocorrem no âmbito do seu ambiente sócio-económico.
Mudanças essas que se registam num aumento do seu nível de escolaridade,
de educação, na independência da mulher a nível económico e profissional,
maior facilidade de acesso à informação, aumento da esperança de vida e a
existência de mais tempo livre tornando possível o acesso a um vasto leque de
opções no mercado de consumo. Estas mudanças são factores determinantes
3
nas razões que levam ao consumo e no modo como se consome e
consequentemente contribui, também, para o aparecimento de um novo
conceito de consumidor. Consumidores mais exigentes, empreendedores,
informados e com maior capacidade de decisão em tempo limite (Santos,
2007).
Podemos aferir que será uma mais-valia no contributo do alargamento
do mercado de consumo.
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2.2. O consumo e o acto de consumir
Beja Santos (1994: 48) define que «o consumo é um acto de aquisição
de um bem com vista ao seu uso».
Aos olhos de uns o consumo é visto como um acto de cidadania e
integração, aos olhos de outros como um vício que devora as sociedades
contemporâneas, o que reflecte um comportamento típico das sociedades que
assentam numa dinâmica de troca tendo por base a oferta e a procura de bens
com vista à satisfação das suas necessidades (Marques e Frade, 2003).
Quando falamos em consumo associamo-lo de imediato a uma função
económica, no entanto, é importante salientar também a sua função simbólica,
ele diferencia, personaliza, marca o grupo, torna evidentes as desigualdades
económicas e sociais. Este valor pode também estar relacionado com as
motivações, conjunto de impulsos e desejos que são inerentes ao acto de
consumir (Santos, 1994).
Consumir é adaptar os recursos disponíveis às exigências impostas pela
vida em comunidade, o que suscita comportamentos que levam à aquisição de
bens primários ou de necessidade vital (alimento, agasalho, abrigo) e bens
secundários, considerados todos aqueles que vão para além das condições
mínimas de sobrevivência da espécie (Marques e Frade, 2003). Consumir é
também um acto de grupo, no entanto, é praticado individualmente, simboliza
por um lado as necessidades sentidas pelo indivíduo num determinado tempo e
espaço e por outro lado exprime os padrões de comportamento na aquisição
de bens que são característicos de cada grupo social e que derivam de
necessidades sentidas pelo grupo de forma idêntica (Marques e Frade, 2003).
Daqui podemos concluir que o indivíduo é confrontado com a
necessidade de satisfazer o seu ser físico mas também o seu eu pessoal num
contexto social (Marques e Frade, 2003).
As condições intrínsecas ao ser humano, a sua temporalidade, o seu
contexto socio-económico, ditam exigências no consumo de bens por parte do
indivíduo e as alterações nas suas condições de vida, o aumento dos
rendimentos são determinantes no tipo de bens procurados, cada vez mais
novos e também eles cada vez mais inovadores, o que torna o acto de
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consumir complexo assim como o modo de o sustentar financeiramente
(Marques e Frade, 2003).
Deste modo, o crédito ao consumo é assim um reflexo de novos perfis
de consumo inerentes aos actuais padrões de consumo a crédito que, por sua
vez, têm a sua origem em determinantes de natureza económica, social,
demográfica e familiar (Marques e Frade, 2003).
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2.3. Significado do crédito
O crédito significa uma quantidade em dinheiro disponibilizada por uma
pessoa, uma entidade financeira ou um banco, por um determinado período. O
beneficiário do crédito deve pagar uma remuneração, designada por juro, como
contrapartida da disponibilização do dinheiro. Implica, geralmente, a prestação
de uma garantia ao banco, pela quantia emprestada. O crédito ao consumo,
geralmente, dispensa esta garantia e consequentemente implica uma taxa de
juro mais elevada.
Ao recorrer ao crédito, existe um compromisso a longo prazo. E no caso
do crédito ao consumo, deve-se agir de maneira a que o orçamento familiar
não seja prejudicado durante o prazo em que o crédito dure. O crédito implica o
pagamento de uma taxa de juro e, dessa atenuante, deve pensar
cuidadosamente antes de contrair um crédito.
O recurso ao crédito deve ser considerado em algumas situações,
nomeadamente, quando se planeia comprar um bem de alto valor, e para o
qual não possui o dinheiro na totalidade, como, por exemplo, a compra de
casa; no caso de querer pagar os estudos; ou até mesmo para dar resposta a
uma situação inesperada, que não pode ser ultrapassada apenas com o
ordenado.
Apesar de algumas das facilidades que o crédito oferece, não devemos
deixar de ponderar a ajuda da família, a entidade empregadora ou os amigos.
Em qualquer situação podem existir situações que o levem a pensar a não
aceder ao crédito ao consumo, por exemplo, quando há a previsão de que o
orçamento familiar, antes ou depois do crédito, não lhe permite enfrentar
quaisquer outros imprevistos ou ainda quando existem sinais negativos que
irão pôr em risco o orçamento familiar, durante a duração do crédito e
principalmente, se tem ao seu encargo filhos ou noutras situações o facto de
ser reformado (MoneyBasic S.A., 2005).
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2.4. O crédito ao consumo em Portugal
O crédito aos consumidores é um fenómeno novo no nosso país, data
apenas da década de noventa, no entanto, é ainda mais recente do que na
generalidade dos países europeus (Marques e Frade, 2003).
O crédito ao consumo também designado por crédito “informal” veio
substituir outras formas de antecipação de rendimentos já existentes, como os
cheques pré-datados ou as vendas a prestações (Marques et al, 2000).
A procura de crédito ao consumo é um fenómeno das sociedades
modernas que está relacionado com aspectos económicos, sociais e culturais.
Assim os indivíduos que recorrem ao crédito de consumo caracterizam essa
procura mediante a taxa de desemprego, rendimento das famílias, taxas de
juro, poupança, taxa de inflação, quadro jurídico e fiscal, preferências, estilos
de vida e valores culturais privilegiados (Marques et al, 2000).
O perfil do utilizador do crédito ao consumo incide maioritariamente em
indivíduos do sexo masculino, sendo que os autores (Marques et al, 2000),
referem que o grupo etário que mais recorre ao crédito situa-se entre os 35-44
anos, seguindo-se o grupo dos 25-34 anos e finalmente o grupo dos 45-54
anos de idade.
Verifica-se menor afluxo no recurso ao crédito por parte de indivíduos
pertencentes a classes sociais com menores rendimentos, nomeadamente,
domésticas, desempregados reformados/pensionistas e estudantes. Por outro
lado, os indivíduos pertencentes a classes médias/superiores são os que
acedem com maior frequência ao crédito para aquisição de bens e serviços
(Marques et al, 2000).
Os consumidores de créditos dirigem a sua procura para determinado
tipo de bens e serviços tais como automóveis/motas, obras em casa,
electrodomésticos, mobiliário e equipamentos informáticos, sendo os grupos
etários mais jovens ou os mais velhos os que normalmente recorrem ao crédito
automóvel e as mulheres recorrem mais ao crédito para obras em casa,
mobiliário e electrodomésticos. O endividamento incide na aquisição de
automóvel / mota e obras em casa neste leque de bens (Marques et al, 2000).
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É importante referir que a principal forma de endividamento em Portugal
está relacionada com o crédito para comprar casa ou a construção de
habitação própria.
O consumo ao crédito em Portugal tem vindo a aumentar, atribuindo-se
este aumento ao facto de este ter perdido a conotação negativa de pobreza e
de se ter vulgarizado. Para tal situação muito têm contribuído as instituições
financeiras com bastante publicidade, com o intuito óbvio de angariar clientes,
dando-lhes assim a possibilidade de acesso ao crédito com mais frequência e
também para a aquisição de bens cada vez mais diversificados (Marques e
Frade, 2003).
A poupança não é uma prática recorrente para a maioria dos indivíduos,
isto porque, os factores relacionados com a aquisição de créditos ao consumo
estão relacionados com a diminuição dos níveis de poupança, não havendo
expectativas favoráveis, com uma evolução futura, desejada para os
rendimentos das famílias. Esta situação leva a que as famílias tenham um
endividamento, que está acima dos seus rendimentos não dando lugar a
perspectivas que visem a poupança (Marques et al, 2000).
Esta análise permite-nos conhecer a natureza do consumismo. O
consumo de bens satisfaz necessidades objectivas e, por consequência, tem
sempre um ponto de saturação, ou seja, a sua procura termina após a
satisfação da necessidade inicial.
Podemos referir que actualmente existe um acréscimo de créditos ao
consumo relacionados com o lazer, férias e despesas de saúde das famílias,
que reflecte uma mudança do estilo de vida por parte dos indivíduos. A procura
do crédito também está associada a factores demográficos e à condição de
pobreza que já não são oposição, devido ao efeito da globalização e à redução
do tempo de trabalho que permite mais disponibilidade para o consumo.
As determinantes comerciais constituem um factor relevante de
influência no consumo. As grandes superfícies comerciais especializadas,
coincidem com a expansão do crédito e a grande oferta comercial.
Existem diversos gabinetes de informação e de apoio ao consumidor,
que estão disponíveis em caso de necessidade de aconselhamento, e que
direccionam os indivíduos, junto de pessoal especializado que apurará se o
9
acesso ao crédito foi efectuado em conformidade com a lei, e se existe modos
de ajustamento e redução no total das prestações a pagar.
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3. Descrição detalhada da pesquisa
Numa primeira fase de escolha do tema para o meu trabalho, foi-me
apresentado um leque de opções, em que optei pelo tema sobre o Crédito ao
consumo em Portugal. Considerando que é um assunto muito interessante e
bastante actual, isto porque, tanto a nível de comunicação social ou mesmo
conhecendo pessoas que utilizam os créditos, senti-me familiarizada com o
tema.
A posteriori, tentei procurar o máximo de informação sobre o tema
recorrendo primeiramente à Biblioteca da Faculdade de Economia,
possivelmente por ser o lugar onde já fiz outras pesquisas, e de certa maneira,
sentia-me familiarizada com o local, o que me deu mais confiança na hora de
pesquisar a bibliografia. Encontrei na biblioteca uma revista que despertou o
meu interesse, uma Revista Crítica de Ciências Sociais, onde encontrei um
texto escrito pelo professor da cadeira Doutor Paulo Peixoto, datado de 1995, e
que se intitula “A sedução ao consumo”, que utilizei para a realização da ficha
de leitura. Depois alarguei a minha pesquisa e dirigi-me ao CES, onde
encontrei revistas relacionadas com o tema, nomeadamente, “Uma sociedade
aberta ao crédito” de Maria Marques e Catarina Frade (2003), e os livros “O
endividamento dos consumidores”, de Maria Marques, Vítor Neves, Catarina
Frade, Flora Lobo e Paulo Pinto (2000) e o “O Livro dos Consumidores”, de
Beja Santos (1994). De seguida, pesquisei na livraria Bertrand e encontrei um
livro de Beja Santos (2007), “Somos aquilo que consumimos”. A partir desse
momento comecei a ler a bibliografia, e deparei-me com algumas dificuldades
em organizar a informação e como deveria estruturar o trabalho. No entanto,
comecei por perceber os pontos que eram importantes para o desenvolvimento
do trabalho e comecei a seleccionar o que era mais pertinente. Depois tive de
utilizar o recurso à Internet para fazer a avaliação do Site, onde identifiquei a
página que me despertou mais interesse pela forma como estava estruturada.
http://www.moneybasics.pt/credits_n_spendings/what_is_credit.html.
Procurando uma imagem para colocar na capa do meu trabalho fiz uma
pesquisa em www.google.pt com as palavras-chave “crédito” e “consumo” e
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encontrei uma gravura em formato de caricatura que achei pertinente utilizar
por transmitir a ideia presente no meu trabalho.
Consciente das minhas limitações, tenho que reconhecer que tudo o que
fui apreendendo nas aulas, aliada a uma grande força de vontade, e a muito
trabalho, consegui concretizar o meu objectivo que foi concluir o trabalho da
melhor maneira que sei e que pude.
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4. Avaliação de uma página da Internet
Na realização deste trabalho de fontes foi-nos pedido para avaliar uma
página web. Entre todas as páginas que pesquisei a que mais considerei
pertinente dado o tema do crédito ao consumo em Portugal foi:
http://www.moneybasics.pt/credits_n_spendings/what_is_credit.html.
No meu entender, é uma página com uma vasta gama de informação no
que diz respeito ao controlo mais sensato dos fundos disponíveis pelos
indivíduos e à forma como devem gerir as suas finanças.
A página é constituída por vários itens de informação, nomeadamente, a
definição do que é um crédito, as garantias do crédito, quando é que devemos
recorrer a ele, os diferentes tipos de crédito, como funcionam os cartões de
crédito, etc. Um sem número de informações que se tornam úteis para quem
quer recorrer a esta modalidade de financiamento.
Na realidade, em termos de leitura, o site é bastante acessível, podendo
ser consultado por qualquer pessoa, em qualquer computador desde que
esteja ligado à Internet.
Um ponto que me parece positivo no site é que está escrito em
português, o que facilita a leitura de quem não está familiarizado com outras
línguas, nomeadamente o inglês.
Em termos de estética e imagem da página é bastante leve e discreta,
apresentando cores, bastante suaves e ligeiras, sem grandes extravagâncias.
A data de edição do site remonta a Junho de 2005, já não tão recente,
no entanto, considero-a bastante completa e actualizada no que respeita aos
conteúdos. Porém, considero pertinente esclarecer que este site tem como
único propósito disponibilizar informação sem fins comerciais, nem contém
nenhum conselho financeiro, jurídico ou relacionado com impostos. O site dá
informações específicas aconselhando os internautas a consultar entidades
especializadas na área dos créditos, e tendo o cuidado de não tomar nenhuma
decisão com base no conteúdo da página, isto porque é uma abordagem geral.
Fazendo uma análise geral deste site, concluo que dentro dos vários que
consultei na Internet este foi o que me despertou maior interesse, dada a
diversidade de informação que fornece, quebrando com a rotina dos sites que
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só têm como objectivo a venda de produtos e serviços relacionados com
créditos, cartões, facilidades de pagamentos. Um sem fim de vantagens que na
minha opinião devem ser sempre analisadas com muita prudência, dado que a
Internet pode, de facto, ser um instrumento bastante útil, mas que pode,
também, apresentar publicidade e informação fraudulenta.
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5. Ficha de leitura
Título da publicação: Revista Crítica de Ciências Sociais
Autor: Paulo Peixoto
Local onde se encontra: Biblioteca da F.E.U.C
Data de publicação: 1995
Número: 43
Local de edição: Coimbra
Título do capítulo: Sedução ao consumo. As novas superfícies comerciais
urbanas.
Cota: 1137
Nº de páginas: 147-169
Assunto: As novas superfícies comerciais e urbanas
Palavras-chave: Consumo, consumidor.
Data de leitura: Dezembro de 2007
Observações: Nenhuma a registar
Notas sobre o autor: Professor Paulo Peixoto
1994 - Licenciatura em Sociologia pela Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra.
1997 - Mestrado em Sociologia pela Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra.
2007 – Doutoramento em Sociologia pela Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra.
Presidente da Direcção do SNESup (Sindicato Nacional Ensino
Superior).
Investigador permanente do Centro de Estudos Sociais.
Professor Auxiliar na Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra.
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Ficha de leitura
Resumo
Este texto é baseado num estudo feito em Portugal sobre a
modernização dos padrões, e os novos ambientes de consumo, onde se
associa o consumo e o lazer.
É de facto uma realidade que no nosso país nos últimos dez anos tem-
se verificado ao surgimento, desenvolvimento e modernização de alguns
espaços comerciais, entre os quais podemos nomear os hipermercados,
centros comerciais e afins. Estes espaços comerciais actualmente fazem parte
de uma dinâmica social que remete para transformações dos paradigmas
culturais.
Estrutura
Numa primeira abordagem do texto encontramos que o autor faz uma
análise das mudanças dos paradigmas culturais. No caso específico, dos
espaços onde regularmente nos movimentamos e a forma como esses
espaços têm influência na nossa vida ao longo do tempo.
Seguidamente, refere espaços que vão ao encontro de práticas culturais
e económicas que fazem parte de um mundo globalizado em que Portugal não
é excepção. Fala especificamente das novas superfícies comerciais.
Posteriormente, fala do caso português e até que ponto as grandes
superfícies comerciais tiveram uma grande adesão dos consumidores, apesar
de o nosso poder de compra não ser dos mais abundantes, comparando-nos
com outros países, no entanto existe um sem número de ofertas, que
combinado com outros factores, nomeadamente, o espaços esteticamente bem
cuidados, o ambiente agradável que incita o consumidor a comprar, mesmo
sendo desnecessário.
Num outro momento, o texto está presidido para um estudo de caso,
especificamente, na cidade de Coimbra, em novos espaços comerciais que
surgiram nesta cidade, nomeadamente o Coimbra Shopping e a Baixa de
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Coimbra. O objectivo do estudo foi conhecer até que ponto a renovação dos
espaços comerciais criam impacto sobre as práticas e códigos de consumo.
Existe assim, uma ligação binomial entre lazer e consumo. Na
perspectiva desta análise podemos dizer que na prática de consumo existem
motivações tanto objectivas como subjectivas.
O tipo de abordagem que foi feita no Coimbra Shopping para o estudo
de caso sobre as transformações recentes nas áreas comerciais foram os
inquéritos e no que diz respeito ao método utilizado na Baixa de Coimbra foi a
observação participante. Recorreram-se a inquéritos feitos junto dos
comerciantes e de uma avaliação/recenseamento dos comércios localizados
nessa zona.
Começando por analisar a baixa de Coimbra, situa-se em pleno centro
histórico da cidade, também ligada ao comércio, ou actividades ligadas ao
sector financeiro. A requalificação do centro histórico e em especial o eixo
pedonal, do qual depende a sua afirmação como centro de comércio
especializado e qualificado, em que o sucesso reside também na inovação e
adaptação aos novos modos de consumo e modos de vida que surgem, veio
revitalizar estas funções. Num espaço, onde nos monumentos e na arquitectura
dos edifícios mais cuidados se instalaram funções de equipamento pessoal de
marcas de prestigio. As montras que ocupam quase toda a fachada com
artigos expostos de qualidade e a sua apresentação decorativa torna-se
atractiva, fazendo que o comportamento do consumidor seja condicionado pelo
ambiente estético em que se processa o consumo, sendo também um espaço
de sociabilidade e interacção, capaz de funcionar como um “centro comercial a
céu aberto”, sendo esse espaço um objecto consumível.
No centro histórico, existem prédios de habitação que são geralmente
habitados por uma população idosa e de baixos recursos socio-económicos,
em que a degradação dos imóveis comparativamente com os espaços
comerciais, se apresentam desactualizados. Outras características acentuadas
no espaço é a pouca limpeza que se observa na zona da baixa e a falta de
parqueamentos que comparativamente com o Coimbra Shopping proporciona
um amplo espaço de estacionamento.
Com relação ao Coimbra Shopping, situado numa zona residencial da
cidade, responde a uma moderna lógica de consumo, direccionado para
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abranger um elevado número de consumidores, proporcionando um parque de
estacionamento gratuito, como as instalações, a animação oferecida, como um
vasto número de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços.
O Coimbra Shopping reúne em si, tipos de comércio e serviços
simbolicamente representativos dos modos de vida das sociedades de
consumo. A variadíssima expansão destes espaços de venda marcou a
transformação nos padrões de consumo, a satisfação das necessidades
diferenciadas num só espaço comercial e revela-nos a evolução das práticas
de consumo da sociedade.
A diversificação da oferta, seja dos produtos, como do ambiente em que
são comprados, dependem mais do ambiente em que se consome que das
características dos produtos.
No que diz respeito à classe média, foi a impulsionadora das
transformações culturais que proporcionaram a diversidade das práticas de
consumo. E o consumidor tradicional, geralmente feminino, deu lugar a práticas
familiares que associa o consumo e o lazer, em espaços onde interagem
actividades comerciais ligadas a cuidados pessoais e esplanadas,
desenvolvendo num só espaço parecenças com os existentes em espaços
públicos.
Estes espaços, são elementos centrais na reprodução de estilos de vida
e importantes nas dinâmicas culturais, mas também são manipuladores de
práticas consumistas, cujo objectivo é a produção de capital, através de
ambientes que levem os indivíduos a fazer parte da dinâmica cultural global do
consumo.
Desta forma, podemos enfatizar que o consumo assumiu um carácter
pouco racional, em que deixou de ser analisado e ponderado para se tornar
irreflectido, em que o peso dos valores afectivos nas práticas de consumo leva
a afiançar que a sedução é a forma de dominação mais divulgada enquanto
manipulação cultural e que contém em si a pior das formas de dominação. O
envolvimento do indivíduo na cultura global do consumismo confere-lhe um
carácter de ostentação de comportamento de consumo, numa forma de
construção de uma identidade individual e social, como forma de inclusão
social, pretendendo agradar apenas pelo seu aspecto externo, e assim, tornar-
se parte da sociedade de consumo.
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Actualmente os espaços de consumo funcionam como espaços de
integração social e estimulam um certo afastamento com a ordem social,
oferecendo uma atmosfera atractiva que contribui para alterar os
comportamentos dos consumidores, e ao mesmo tempo, incitar a criação de
novos espaços de sociabilidade.
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6. Conclusão
Após o desenvolvimento deste trabalho sobre o crédito ao consumo em
Portugal retirei as seguintes ideias que considero pertinente salientar:
● O Consumismo em Portugal tem-se vindo a verificar como uma atitude
de consumir produtos ou serviços de forma pouco ponderada, devido à
influência e publicidade exercida nos indivíduos. As formas de exploração dos
agentes e da sociedade são representadas pelo consumismo
fundamentalmente pelas sociedades desenvolvidas.
● Podemos considerar pertinente dizer que os consumidores
actualmente são avaliados tendo em consideração mudanças no âmbito socio-
económico, aumento do nível de escolaridade, a independência da mulher
tanto a nível profissional como económico, maior acesso à informação,
aumento da esperança de vida e a existência de mais tempo livre que facilita o
acesso a um vasto leque de opções. Estas mudanças contribuíram para o
aparecimento de um novo conceito de consumidor, nomeadamente,
consumidores mais exigentes, empreendedores, informados e com maior
capacidade de decisão em tempo limite.
● No que respeita a Portugal, dispomos de estilos e de uma cultura de
consumo que divide o indivíduo entre a fragmentação e a globalização. Assim,
temos um país com menos poder de compra, relativamente com os nossos
parceiros europeus, uma economia de serviços com uma crescente
dependência da globalização e das preocupações locais. Esta reflexão leva-
nos a concluir que a nossa identidade é uma evidência que resulta da
disposição do global e a aceitação do local (Santos, 2007-9-10).
● A poupança não é uma prática recorrente para a maioria dos
indivíduos, isto porque, a aquisição de créditos ao consumo estão relacionados
com a diminuição dos níveis de poupança, não havendo expectativas
favoráveis, com uma evolução futura, para os rendimentos das famílias. Esta
situação leva a que as famílias tenham um endividamento, que está acima dos
seus rendimentos não dando lugar a perspectivas que tendam para a
poupança (Marques et al, 2000).
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● O crédito ao consumo surgiu como um fenómeno da sociedade
moderna e que está associado a aspectos sociais, culturais e estilos de vida.
Valores estes privilegiados pelos consumidores.
● O fenómeno do crédito ao consumo é independente do sexo ou idade
e actualmente existe um aumento de créditos ao consumo relacionados com o
lazer, férias e despesas de saúde das famílias, que reflecte uma mudança do
estilo de vida por parte dos indivíduos.
● O endividamento das famílias portuguesas está sobretudo relacionado
com o crédito à habitação, verificado nas últimas décadas, com a liberalização
do mercado, e com o surgimento de novas instituições bancárias, trazendo
benefícios em termos de concorrência a quem quiser beneficiar de
empréstimos. Contudo, os indivíduos estão mais prudentes pois existe mais
acesso à informação sobre estes créditos que podem levar a
sobreendividamentos.
● Com o crescimento dos créditos torna-se cada vez mais difícil para as
famílias ter poupanças.
21
7. Referências bibliográficas
a) Livros
- Marques, Maria; Neves, Vítor; Frade, Catarina; Lobo, Flora; Pinto, Paulo,
(2000), O endividamento dos consumidores. Coimbra, Edição Almedina.
- Santos, Beja (1994), O livro dos consumidores. Venda Nova, Bertrand.
- Santos, Beja (2007), Somos aquilo que consumimos. Lisboa, Stória Editores,
Lda.
b) Revistas
- Marques, Maria; Frade, Catarina (2003), “Uma sociedade aberta ao crédito”.
Sub Judice – Justiça e Sociedade, 24, 27-29.
- PEIXOTO, Paulo (1995), “A sedução ao consumo. As novas superfícies
comerciais”. Revista Critica de Ciências Sociais, 43, 147-169.
c) Webgrafias
− MoneyBasic (2005), “MoneyBasics Portugal - Controlar melhor as suas
finanças” Página consultada a 19 de Dezembro de 2007,
<http://www.moneybasics.pt>.