CURSO DE ADMINISTRAÇÃO -...

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FACULDADE LUTERANA SÃO MARCOS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - BACHARELADO CAPTAÇÃO DE RECURSOS E GESTÃO FINANCEIRA - UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA PAROLLAR MÓVEIS FILIPE ANTUNES GIL Alvorada 2013/1

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FACULDADE LUTERANA SÃO MARCOS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - BACHARELADO

CAPTAÇÃO DE RECURSOS E GESTÃO FINANCEIRA - UM ESTUDO DE

CASO NA EMPRESA PAROLLAR MÓVEIS

FILIPE ANTUNES GIL

Alvorada 2013/1

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FACULDADE LUTERANA SÃO MARCOS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO - BACHARELADO

CAPTAÇÃO DE RECURSOS E GESTÃO FINANCEIRA - UM ESTUDO DE

CASO NA EMPRESA PAROLLAR MÓVEIS

FILIPE ANTUNES GIL

Artigo Científico como requisito para

obtenção do título de Bacharel em

Administração pela Faculdade Luterana

São Marcos.

Professora orientadora: Rita Correa

Alvorada, Junho, 2013

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RESUMO Este artigo apresenta um estudo de caso na empresa Parollar Móveis que atua no ramo varejista de móveis residenciais e escritório. A empresa vem passando por problemas na sua gestão financeira, que acaba resultando em uma baixa lucratividade. Com isso limitou-se responder a problemática do estudo: até que ponto é vantagem para a empresa, estar sendo subsidiada por empréstimos e aportes financeiros de terceiros? O objetivo deste estudo é sugerir à adoção de medidas a gestão financeira para que possa reverter o quadro deficitário que vem apresentando. A pesquisa realizada quanto aos fins foi exploratória e descritiva, e quanto aos meios foi estudo de caso classificado em bibliográfica e

documental. Diante da bibliografia baseada em autores consagrados na área foi possível desenvolver ações que possam colaborar para reversão do panorama atual que a empresa se encontra. Com base nos dados coletados foram aplicados indicadores de endividamento, rentabilidade e atividade com a finalidade de diagnosticar a situação em que a empresa se encontrava. Os resultados obtidos neste artigo através dos indicadores utilizados demonstraram a carência da gestão financeira da empresa no que tange ao uso de ferramentas de gestão. Baseado nas necessidades evidenciadas na empresa e nas ações necessárias a serem adotadas por meio dos métodos consultados foi sugerido algumas ações que possam contribuir com a gestão de finanças da empresa. Palavras-chave: Gestão Financeira. Indicadores. Rentabilidade. Endividamento

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INTRODUÇÃO

Cada vez mais a administração financeira esta diretamente ligada à sobrevivência de uma empresa, seja qual for o mercado em que atue. A administração financeira vem mostrando sua grande importância para as empresas, sendo elas grandes ou pequenas. Evidencia que a importância de uma administração financeira eficiente, é parte fundamental do presente e do futuro de uma organização, pois esta traz consigo, ferramentas que auxiliam na tomada de decisão, que bem interpretadas, possam produzir um equilíbrio entre o investimento e o retorno esperado.

Para se destacar diante de um cenário cada vez mais concorrido e competitivo como é o caso do comercio varejista de moveis, as empresas devem usar técnicas para controlar seus recursos de forma planejada e correta, iniciando pelo conhecimento do que é vital para tornar o negocio competitivo e rentável.

O uso de algumas ferramentas permite que o administrador financeiro possa ter o entendimento e saber realmente se o caminho, no qual esta percorrendo, é o correto a seguir e para que isso ocorra, mais especificamente, carece aferir a rentabilidade do negócio.

O fluxo de caixa é a ferramenta que possibilita ao administrador financeiro planejar, organizar, dirigir e controlar os recursos financeiros oriundos das atividades da empresa. Também chamado, fluxo dos recursos financeiros, é instrumento adequado para acompanhar o alvo que o gestor financeiro busca atingir, ou seja, a lucratividade. Esta ferramenta é de grande valia no intuito de gerir as finanças, planejá-las e chegar à tomada de decisão, de forma fundamentada em resultados almejados.

É importante ressaltar, que para um negocio se manter no mercado de forma sólida, necessita-se que este seja rentável e lucrativa. Também é importante que este tenha a capacidade de gerar riquezas para seus sócios ou acionistas. Justamente, através da contabilidade tem-se o auxilio neste controle.

A presente pesquisa apresentará um estudo na empresa Parollar Móveis, atuante no ramo do comercio varejista de moveis. A empresa iniciou suas atividades dentro em um cenário turbulento e desafiador, nada animador para iniciar um novo empreendimento, em meio à crise financeira mundial que se estendeu do ano de 2008 e sentem-se reflexos até hoje na economia mundial.

Com todas as forças negativas da economia, a empresa, visando uma fatia de mercado que carecia de um diferencial competitivo que se acreditava ter condições de oferecer, foi inaugurada em maio de 2009 na cidade de Alvorada. Empresa de sociedade limitada que tem como característica a administração familiar. Com o propósito inicial em atender o público das classes C e D, viu o negocio prosperar. Preocupada em manter a qualidade de atendimento, acompanhar a crescente demanda de vendas e a procura por produtos mais sofisticados e modernos, ampliou sua área física de 300m² para 750m² no ano de 2011. Consequência disto, aumentou seu mix de produtos, tendo capacidade de oferecer mais produtos e consequentemente também atingir clientes antes não atendidos das classes A e B.

Devido à empresa ter literalmente dobrado de tamanho após o seu segundo anos de vida, evidenciou carências administrativas que refletiram de forma negativa financeiramente, visto que a mesma passou por dificuldades

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financeiras no final do ano de 2011, tendo que recorrer ao aporte de capital de terceiros para sanar os efeitos do descompasso financeiro. Tal atitude perdura até hoje, diante de qualquer necessidade de capital. Preliminarmente apurou-se que a gestão financeira da empresa não utiliza nenhum tipo de ferramenta para nortear o setor financeiro, o que acaba dificultando a tomada de decisão por parte do gestor.

A questão em que se coloca aos gestores da empresa citada é limitada a saber: até que ponto é vantagem para a empresa, estar sendo subsidiada por empréstimos e aportes financeiros de terceiros?

Para responder a este questionamento, o presente estudo traz como objetivo identificar qual a rentabilidade da empresa, propondo a gestão financeira, uma administração munida de técnicas capazes de auxiliar na tomada de decisão e evitar subsídios financeiros que possam vir a comprometer o seu futuro.

Os objetivos específicos são as etapas necessária para atingir as ações que trazem a solução para o problema, lista-se a seguir:

Identificar os custos e despesas e as receitas;

Compilar a contabilidade gerencial;

Montar o fluxo de caixa;

Sugerir ações de melhorias objetivando melhor desempenho da organização.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capitulo apresentaremos conceituados autores utilizados para embasar os estudos e pesquisas sobre o tema, bem como, citaremos as obras bibliográficas consagradas nas áreas de administração financeira, contabilidade gerencial e índices de rentabilidade. 2.1. Administração Financeira

Para Assaf Neto e Lima (2011, p.11) “a administração financeira é um campo de estudo teórico e prático que objetiva, essencialmente, assegurar um melhor e mais eficiente processo empresarial de captação e alocação de recursos de capital”

Os autores complementam ainda que a administração financeira não esta envolvida apenas com o problema da falta de recursos, mas também com a realidade operacional e pratica da gestão de finanças, assumindo uma definição muito maior e mais ampla.

Neste sentido, Gitman (2010, p.3) afirma que “o campo de fianças é amplo e dinâmico, afetando diretamente todas as pessoas e organizações.” O autor complementa seu raciocínio, afirmando que as finanças se traduzem em “a arte e a ciência de administrar o dinheiro”, porque pessoas físicas ou jurídicas na sua grande maioria manuseiam dinheiro, seja ganhando, gastando ou investindo.

Conforme Ross et al (2002), as finanças são os recursos investidos na empresa que tenham capacidade de gerar caixa, criando valor para esta e que

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por sua vez, tenha a finalidade de criar valor para o proprietário, onde estará refletido de modo muito simples no balanço patrimonial.

Groppelli (2010, p. 3) conceitua que “finanças são as aplicações de uma série de princípios econômicos e financeiros para maximizar a riqueza ou o valor total de um negocio”. O autor também entende que os administradores financeiros são parte importante para empresa e ajudam a melhorar o seu valor.

Brigham e Houston (1999) destacam que a importância da administração financeira, esta cada vez mais presente nas empresas, pois tem seu reflexo nos seus diretores que ao iniciarem suas carreiras procuram áreas ligadas a finanças do que outra área funcional qualquer.

Gitman (2010, p.4) argumenta que “os administradores financeiros são responsáveis pela gestão dos negócios financeiros de organizações de todos os tipos: financeiras ou não, abertas ou fechadas, grandes ou pequenas com ou sem fins lucrativos”. O atual administrador financeiro está ativamente inteirado com o desenvolvimento da empresa e a implementação de estratégias empresariais que objetivam o crescimento da empresa e o melhoramento no ranking competitivo. 2.2. O Papel do Administrador Financeiro

De acordo com Groppelli (2010, p.5) “um administrador emite sinais favoráveis aos investidores ao estabelecer um registro de demonstrativos financeiros seguros, mostrando retornos com um crescimento rápido e continuo, com um nível mínimo de risco”.

Assaf Neto e Lima (2011) discorrem mostrando que as finanças ao evoluir identificam no administrador financeiro a necessidade de que sua visão venha permear por toda empresa elevando suas estratégias competitivas, uniformes e crescimento futuro. Na concepção dos autores “o administrador no contexto atual não pode assumir posições menos envolventes de centrar suas preocupações unicamente nos mecanismos de captação de fundos e aplicações na atividade da empresa”. (ASSAF e LIMA, 2011, p.11).

Ross et al (2002, p. 26) acreditam “que a tarefa mais importante de um administrador financeiro seja, criar valor nas atividades de investimento, financiamento e gestão de liquidez da empresa”. Seguindo esta linha de raciocínio os autores ainda evidenciam que o gestor de finanças tem duas maneiras de criar valor para empresa: uma delas é adquirindo ativos que produzam mais do que oneram; outra é vender instrumentos financeiros que venham produzir mais entradas de caixa do que custam. “Assim a empresa deve gerar mais caixa do que consome” concluem Ross et al (2002, p.26).

Para Gitman (2010) o administrador financeiro tem a missão de atingir os objetivos dos proprietários da empresa, pois atingindo a meta chegaram ao sucesso financeiro e profissional, para tanto é de grande importância que o administrador financeiro conheça os objetivos dos donos do negocio.

Brigham e Houston (1999) destacam como o objetivo principal da administração, é a busca da maximização do valor da empresa. Para alcançar este objetivo os administradores exercem papel importante tendo uma compreensão geral de como os negócios são organizados, como determinar as taxas de juros, entender como funciona o sistema tributário e da utilização dos dados contábeis para analisar e avaliar o desempenho da empresa.

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2.3. A Importância da Contabilidade na Gestão Financeira

Gropelli (2010) traz a tona a importância, da contabilidade na gestão financeira, o autor entende que ela é impressa por auxiliar os gestores na tomada de decisão através dos relatórios que demonstram o estado em que a empresa se encontra.

Gitman (2010, p.9) contribui ao afirmar que “as atividades de finanças e contabilidade estão intimamente relacionadas e via de regra, se sobrepõem. Na verdade, muitas vezes é difícil distinguir a administração financeira da contabilidade”. O autor ressalta que existem duas diferenças entre a contabilidade e a administração financeira:

Ênfase nos fluxos de caixa: a contabilidade aborda o regime de competência que se baseia em relatar dados para medir o desempenho da empresa, avalia a situação financeira, preparar demonstrações financeiras que reconhecem as receitas no momento das vendas e reconhecem as despesas no momento em que são incorridas.Já a administração financeira adota o regime de caixa que compreende reconhecer as receitas e as despesas somente quando efetivamente há entradas e saídas de caixa.

Tomada de decisão: os contabilistas reúnem seus esforços para apurar e apresentar os dados à gestão de finanças, que por sua vez avaliam as demonstrações identifica a necessidade de desenvolver mais dados e tomam as decisões pertinentes.

Brigham e Houston (1999, p.28) afirmam que, entretanto, “se você

compreende como e porque surgiu a contabilidade, e como são utilizadas as demonstrações financeiras poderá visualizar melhor o que esta acontecendo e por que a informação contábil é tão importante”. 2.4.Estrutura do Capital

No Brasil usamos o termo capital para referir o total de fundos da empresa independentemente de sua maturidade, o capital total de uma empresa é composto de duas partes: capital próprio e capital de terceiros.

Assaf Neto e Lima (2011, p. 525) “A estrutura de capital de uma empresa refere-se à composição de suas fontes de financiamento, oriundas de capitais de terceiros e de capitais próprios”.

Gitman (2010) define estrutura de capital como sendo uma das áreas financeiras mais difíceis de tomar decisão por causa da interação com outras áreas das finanças. Justifica que “decisões equivocadas de estrutura de capital podem resultar em um custo de capital elevado, reduzindo assim, o valor presente liquido (VPL) dos projetos e fazendo com que o numero maior deles seja inaceitável”. (GITMAN, 2010, p.482)

Ross et al (2002, p.275) acreditam que uma empresa deve escolher sua estrutura de capital, quando “a mudança da estrutura de capital altera o modo pelo qual uma empresa distribui seus fluxos de caixa”. Segundo os autores, uma das vantagens das empresas que decidem recorrer à capital de terceiros é o fato que os encargos sobre esses empréstimos são considerados, uma

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despesa dedutível para fins de imposto de renda e de contribuição social, ou seja, acabam tendo uma vantagem tributária frente às empresas que utilizam apenas capital próprio. Por isso o administrador financeiro deve simular com muito cuidado a fonte de seu recurso, pois considerando as vantagens tributárias, muitas vezes o capital de terceiros pode ser mais vantajoso que o capital próprio.

Para Ross et al (2002), a moderna teoria de finanças traz consigo a distinção do capital próprio é capital de terceiros que na verdade é uma distinção básica. Os títulos de uma empresa geralmente representam direitos, que dependem ou estão atrelados ao valor da empresa.

Segundo Assaf Neto e Lima (2011), é fundamental que para tomar determinadas decisões financeiras, tenha-se, um estudo preliminar da estrutura de capital. Com o objetivo de maximizar a riqueza, a organização deve selecionar uma composição das vertentes de financiamento que possibilite a diminuição do custo médio ponderado de capital (WACC).

De acordo com Brigham e Houston (1999) é aceito que a estrutura de capital possa mudar ao longo de um período, à medida que as condições mudam, toda via em qualquer momento a gerência deva ter em mãos uma estrutura de capital especifica. Se o grau de endividamento da organização estiver abaixo do nível que se deseja, será provável que o capital para expansão será levantado com a emissão de títulos da divida, de forma que, se o índice de endividamento estiver sobre o desejado, provavelmente usará o capital dos acionistas.

Assaf Neto e Lima (2011, p.527) relatam que “a decisão de estrutura de capital altera o risco financeiro da empresa, o qual é proveniente da decisão de financiamento com dividas ou recursos próprios”. Os autores ainda destacam que o estudo da estrutura de capital esta diretamente ligada ao custo de capital total da empresa. O conceito de estrutura ótima de capital esta vinculada à proporção de recursos próprios e de terceiros a ser mantido pela empresa afim de maximizar a riqueza dos acionistas. Nota-se a existência de diversas opiniões, no que tange a teoria de finanças diante da existência ou não de uma estrutura ótima de capital, isto é, uma estrutura composta de financiamento que venha promover a redução do custo total (WACC) ao seu valor mínimo.

Na visão de Assaf Neto e Lima (2011, p. 530) “a teoria convencional admite que, mediante uma combinação adequada de suas fontes de financiamento, uma empresa pode definir um valor mínimo para seu custo total de capital”. Os autores complementam evidenciando que uma empresa, ao minimizar seu custo de capital, tem como reflexo, maior rentabilidade de seus projetos de investimentos, e que através disso a empresa pode maximizar o seu valor de mercado.

O gráfico da Figura 1. mostra o comportamento da teoria convencional:

Figura 1: Estrutura do capital convencional

K0

Fonte: Assaf Neto e Lima, 2011, p.531

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Onde: P = recursos de terceiros permanentes; PL = recursos próprios permanentes; Ke = custo de capital próprio; Ki = custo de capital de terceiros; K0 = custo de capital próprio se a empresa fosse financiada somente por

capital próprio; WACC = custo de capital total da empresa. Segundo Assaf Neto e Lima (2011), é possível a firmar que a teoria

convencional admita que a empresa eleve seu endividamento até um ponto especifico, considerado ponto ótimo onde o valor do WACC é mínimo. Toda via, a teoria convencional evidencia que, tendo a estrutura de capital de uma empresa e seu risco, é perfeitamente possível extrair seu WACC mínimo e como consequência obtém a sua estrutura de capital ótima.

Para Brigham e Houston (1999) a estrutura de capital ótima é o equilíbrio entre o risco e o retorno que maximiza o valor da empresa e sugerem quatro fatores principias para decisão sobre a estrutura de capital, conforme mostra Figura 2:

Figura 2: Fatores que influenciam nas decisões e estrutura de capital desejado

Fonte: Adaptado de Brigham e Houston 1999 p.449

De acordo com Brigham e Houston (1999, p. 450) “esses quatro pontos

determinam em grande parte a estrutura de capital se desejada, mas as condições de operação podem fazer a estrutura de capital realizada desviar da desejada”.

Para Assaf Neto e Lima (2011) na prática não há uma estrutura de capital em um ponto fixo, chamado ponto ótimo, evidencia-se com grande frequência a exigência de ajustes no capital, pois com um mercado dinâmico e os negócios cada vez mais competitivos fica difícil fixar o ponto ótimo, geralmente determina-se um período ótimo afim de buscar se aproximar do WACC mínimo.

Modigliani e Miller (apud Assaf Neto e Lima, 2011) mostram que os autores defendem uma teoria contrária a teoria convencional de estrutura de

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capital, os autores visualizam um cenário hipotético de um mundo sem impostos, neste caso o custo de capital de uma empresa não sofreria alteração mesmo que haja modificação em sua estrutura de financiamento. Para Eles, não há uma estrutura de capital ótima, independente de qual seja a proporção de recursos de terceiros ou próprios mantidos, segundo os autores, o valor da empresa permanecerá inalterado. 2.5. Capital

De acordo com Gitman (2010, p.286) “o termo capital refere-se aos recursos de longo prazo de uma empresa. Todos os itens do lado direito do balanço patrimonial, com exceção do passivo circulante, são fontes de capital”.

Para Brigham e Houston (1999, p.87),em contraponto a opinião de Gitman (2010), afirmam que “o total do capital de terceiros inclui tanto o passivo circulante como o exigível a longo prazo”.

2.5.1.Capital Próprio

Gitman (2010) atribui os recursos de longo prazo fornecidos pelos proprietários da empresa como sendo, o capital próprio na estrutura de capital. Ao invés de distribuir sob forma de dividendos os lucros da empresa aos acionistas, a empresa pode reter para si, ou buscar no mercado externo a venda de ações ordinárias ou preferenciais.

De acordo com Assaf Neto e Lima (2011, p. 500) “o custo do capital próprio, representado por Ke, revela o retorno desejado pelos acionistas de uma empresa em suas decisões de aplicação de capital próprio”.

Segundo Padoveze (2012, p.184) para calcular o custo do capital próprio considera-se a equação a seguir:

𝐾𝑒 =𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑎𝑜𝑠 𝐴𝑐𝑖𝑜𝑛𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜

Sendo: Ke = Capital Próprio Para Padoveze (2004) a remuneração as fontes de capital próprio são

provenientes na sua grande maioria dos lucros residuais, após o pagamento dos juros aos financiadores externos. Se por ventura não houver lucros residuais, os acionistas não contemplarão a distribuição de lucros. O autor também define que “os lucros pagos aos acionistas são denominados de dividendos ou lucros distribuídos. São considerados como renda variável, por serem lucros residuais”. (PADOVEZE, 2004, p.113)

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2.5.2.Capital de Terceiros

Gitman (2010, p.286) afirma que “o capital de terceiros abrange todo endividamento de longo prazo incorrido, inclusive as obrigações”.

Assaf Neto e Lima (2011) denotam que se a empresa, ao manter empréstimos e financiamento, acaba por cavar passivos onerosos, que por sua vez, definem o custo de capital de terceiros. Como indica Padoveze (2012, p. 184) este custo de capital está representado por Ki e apresenta-se o calculo diante da formula:

𝐾𝑖 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜𝑠 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠

Sendo: Ki = custo de capital de terceiros; Para Padoveze (2004) as fontes do capital de terceiros deve ser

remunerado diante dos termos contratuais, com os juros ou prêmios, mesmo que a organização tenha tido ou não lucros o bastante para honrá-los. E estes podem ser considerados como renda fixa. 2.6.Alavancagem

De acordo com Padoveze (2004) a palavra alavancagem, é originada do conceito da física, onde tem sua utilidade para obter-se de um resultado fim em uma relação mais do que proporcional ao esforço investido. Caracteriza-se alavancagem quando em dado momento houver um determinado aumento de volume do índice de atividade, a organização obtém um aumento no índice de lucro.

Para Gitman (2010) a alavancagem é o resultado do uso de ativos ou fundos a custo fixo que multiplicam os retornos aos proprietários da empresa. De forma que quando elevada pode resulta em maior retorno e risco, igualmente se diminuída ambos são reduzidos.

Existe três tipos básicos de alavancagem, a alavancagem operacional que é a relação entre a receita de vendas e o seu Lucro Antes dos Juros e do Imposto de Renda (LAJIR), a alavancagem financeira que trata da relação do LAJIR e o Lucro Liquido por Ação Ordinária (LPA) e alavancagem total que diz respeito à relação entre a receita de vendas e o seu LPA. 2.6.1.Alavancagem Financeira

Como explica Ross, et al (2002, p.48) “a alavancagem financeira esta associada à intensidade com a qual a empresa utiliza recursos de terceiros, em lugar de recursos próprios”.

Assaf Neto e Lima (2011) definem alavancagem financeira como sendo o resultado por se pegar recursos de terceiros emprestados a certo custo, se investidos em ativos a outra taxa de retorno: os proprietários retêm este saldo

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que por sua vez pode alterar para mais ou para menos, o retorno sobre o patrimônio liquido.

Na visão de Padoveze (2004, p.114) “a alavancagem financeira significa a possibilidade de os acionistas da empresa,obterem maiores lucros para suas ações, com o uso mais intensivo de capital de terceiros, ou seja, empréstimos”.

Ross et al (2002) argumentam que a proporção de capital de terceiros de uma empresa é denominada alavancagem financeira, e uma empresa é alavancada quando em sua estrutura de capital contenha algum capital de terceiros. Como uma empresa alavancada necessita fazer pagamentos de juros, mesmo que tenha tido ou não vendas, a alavancagem financeira refere-se aos custos fixos de financiamento da empresa.

Padoveze (2004) aponta no quadro abaixo a relação da estrutura de capital com a alavancagem financeira.

Figura 3: Relacionamento entre estrutura do passivo e alavancagem financeira.

Fonte: Padoveze 2012 pg. 183.

No raciocínio de Padoveze (2004) a estrutura de capital tem dois tipos

de renda dos financiamentos. As despesas fixas são os juros devidos ao capital de terceiros e o lucro advindo do capital próprio considera-se renda variável. Contudo, ao existir gastos fixos de juros leva ao fenômeno da alavancagem financeira. 2.6.2.Grau de Alavancagem Financeira (GAF)

Gitman (2010, p.476) define que o grau de alavancagem financeira “é o valor numérico da alavancagem financeira da empresa. Seu calculo é muito parecido com o do grau de alavancagem operacional. A equação a seguir apresenta uma abordagem para a obtenção do GAF”.

𝐺𝐴𝐹 =𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅

𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅 − 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠

Sendo: GAF = Grau de alavancagem financeira; LAJIR = Lucro antes de juros e imposto de renda. Como explica Gitman (2010) sempre que a variação percentual no LPA

for maior que a variação percentual no LAJIR, ocorrerá alavancagem

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financeira. Portanto se o grau de alavancagem financeira for superior a 1, existirá alavancagem financeira. 2.7. Indicadores

Neste subcapítulo serão apresentados alguns instrumentos como índices e métodos de cálculos fundamentais para análise e monitoramento de uma empresa. 2.7.1. Endividamento

O endividamento de uma organização é dado através da quantia de recursos de terceiros utilizados por ela para gerar lucros.

Gitman (2010, p.55) argumenta sobre o risco da organização quando tem um endividamento em longo prazo dizendo que “quanto maior o endividamento, maior o risco de que a ela se veja impossibilitada de honrar esses pagamentos contratuais”.

Para Assaf Neto e Lima (2011, p.526) “quanto maior for à participação de dívidas na estrutura de capital, maior o risco da organização; e, pelo menor custo dos fundos de terceiros em relação aos fundos próprios, menor o custo total de capital (WACC)”.

Para Assaf Neto e Lima(2011) o administrador financeiro deve se ater em minimizar o custo de capital, contudo para atingir esse objetivo o administrador financeiro precisa definir a melhor composição da estrutura de capital.

Na ótica de Brigham e Houston (1999, p.86) “as empresas com baixos graus de endividamentos apresentam menor risco, mas também abrem mão da oportunidade de alavancar seu retorno sobre o patrimônio liquido”.

Gitman (2010) refere dois tipos de medidas gerais de endividamento:

O grau de endividamento: é a medida do montante de divida em relação a outros valores importantes do balanço patrimonial. Uma medida bem comum do grau de endividamento é o índice de endividamento;

Capacidade de serviços de dívidas: é o reflexo da capacidade que a empresa tem para honrar pontualmente os pagamentos necessários durante a vigência de uma divida. Os índices de coberturas são usualmente utilizados para pagamentos de determinados encargos fixos.

Alguns dos principais indicadores de endividamento estão descritos a

baixo:

Índice de endividamento geral: mede a proporção do ativo total financiada pelos credores da organização. Quanto mais elevado for o índice, maior o montante de capital de terceiros utilizado para gerar lucros. Segue a formula para cálculo:

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í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 =𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Índice de cobertura de juros: é a medida da capacidade da empresa de honrar com seus pagamentos contratados de juros. O indicador de cobertura de juros calcula-se através da formula:

í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 =𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅

𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠

O dado LAJIR é o mesmo que lucro operacional representado na

demonstração de resultados.

Índice de Participação do Capital de Terceiros:

Warren, et al (2008, p.533) explica que “os direitos sobre os ativos totais de uma empresa estão divididos em dois grupos direito dos credores e direitos dos proprietários”. Segundo o autor a relação dada entre o total dos direitos dos credores e proprietários é medida pelo índice de participação do capital de terceiros, esta medida indica a margem de segurança dos credores e também a capacidade de a organização suportar os descompassos financeiros. Essa relação pode ser expressa como a razão entre um e outro como se observa a seguir:

𝑃𝐶𝑇 =𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

Matarazzo (1998, p.159) explica que a interpretação a ser feita é de

quanto menor, melhor é para empresa. O Autor tambem refere que índice indica “quanto a empresa tomou de capital de terceiros para cada R$1,00 de capital investido”.

2.7.2. Rentabilidade Para Padoveze (2004), a rentabilidade é e deve ser considerada uma

das melhores análises a ser feita dos demonstrativos contábeis. Refere ainda à sobrevivência e o sucesso de uma empresa, se deve a continuidade adequada de seu indicador de rentabilidade.

Segundo Brigham e Houston (1999, p.89) “A rentabilidade é o resultado de uma serie de políticas e decisões. (...) os índices de rentabilidade mostram os efeitos combinados da liquidez, da gestão de ativos e do endividamento sobre os resultados operacionais”.

Para Gitman (2010), uma ferramenta muito popular para avaliação de rentabilidade é a demonstração de tamanho comum, ela mostra com grande frequência de três índices de rentabilidade.

São três os índices encontrados:

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Margem de lucro bruto: mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas que permanece após a empresa deduzir o valor dos bens vendidos. Quanto maior a margem de lucro bruto, melhor. A margem de lucro bruto é calculada da seguinte forma:

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑏𝑟𝑢𝑡𝑜 = 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 − 𝐶𝑀𝑉

𝑟𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠

Margem de lucro operacional: mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas remanescentes após a dedução de todos custos e despesas exceto juros, imposto de renda e dividendos de ações preferenciais. A margem de lucro operacional é calculada por:

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙

𝑟𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠

Margem de lucro líquido: mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas remanescentes após a dedução de todos os custos e despesas, inclusive juros e impostos e dividendos de ações preferenciais. A margem de lucro líquido é calculada da seguinte forma:

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 =𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑝/ 𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑜𝑟𝑑𝑖𝑛á𝑟𝑖𝑜𝑠

𝑟𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠

Padoveze(2004, p.224) defende a separação da análise de rentabilidade

em dois grandes grupos:

Análise da geração da margem de lucro: considera o desempenho operacional da organização, diante do conceito de giro do ativo, que mostra maior ou menor necessidade de margem operacional sobre as vendas.

Análise da destinação dos lucros: tem a alavancagem de capital de terceiros, para aumento da rentabilidade do capital próprio.

2.7.3. Atividade

Gitman (2010, p.53) discorre ao dizer que “os índices de atividade medem a velocidade com que diversas contas se convertem em vendas ou caixa”. Para o autor há uma grande diversidade de índices a disposição do gestor financeiro, que variam em índices que medem a atividade das principais contas do circulante, inclusive estoque, bem como contas a receber e a pagar.

Gropelli (2010) defende que é dada importância do giro dos estoques para uma empresa uma vez que estes são ativos circulantes menos líquidos. Complementa o autor ao dizer que a empresa tem os recursos imobilizados em estoques, e torna-se vantajoso vendê-los o mais rápido possível para liberar o

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caixa para outros fins. Considera-se um uso eficaz desses ativos quando temos um índice alto do giro de estoques.

Segundo Ballou (2006) calcula-se o índice de giro de estoques através da seguinte fórmula:

𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 (𝐺𝐸) =𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑖𝑠

𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑀é𝑑𝑖𝑜

O autor destaca outra forma de saber a capacidade da empresa de

converter em caixa é calculando seu período médio de estoque através da fórmula:

𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 (𝑃𝑀𝐸) = 360 𝐷𝑖𝑎𝑠

𝐺𝐸

O autor chama atenção para o cuidado que devemos ter ao interpretar

os resultados obtidos com os índices de giro de estoque, destaca que deve ser levado em consideração o setor que esta sob análise uma vez que estes índices podem variar muito de setor para setor. 2.7.4. Giro do Ativo

De acordo com Matarazzo (1998) giro do ativo é um índice que mostra qual a rentabilidade dos capitais investidos, bem como, o quanto a empresa obtém de rendimentos diante dos investimentos empregados, dessa forma mostra o grau econômico da empresa. O autor refere a formula a seguir:

𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 =𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜

O resultado indica o quanto à empresa vendeu para cada R$1,00 de

investimento total. A interpretação a ser feita é que quanto maior o indicador melhor é. Para Matarazzo (1998, p.182) uma empresa alcança o sucesso a partir do momento que a mesma tenha em primeiro lugar um volume de vendas adequado. O autor conclui ao dizer que “o volume de vendas tem relação direta com o montante de investimentos. Não se pode dizer que uma empresa esta vendendo pouco ou muito olhando-se apenas para o valor absoluto de suas vendas.”

Para Padoveze (1997, p.151) a finalidade do indicador do giro do ativo é mostrar a velocidade com que investimento total se transforma em vendas. O autor ainda acrescenta que ”quanto mais vendermos, quanto mais rápido for o ciclo operacional , mais possibilidades teremos de incrementar a rentabilidade.”

Segundo o autor o índice fundamental que mede a produtividade financeira do capital investido é o giro do ativo total.

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2.8.Contabilidade

Marion(2004, p.26) enfatiza que “a contabilidade é o instrumento que fornece o Maximo de informações úteis para tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões”.

No entendimento de Greco e Arend (2011), a contabilidade tem por natureza registrar, estudar e interpretar os fatos financeiros e econômicos que atingem a situação do patrimônio seja pessoa física ou jurídica. Ao usuário apresenta-se a situação patrimonial através de tradicionais demonstrações contábeis e relatórios de execução específicos diante da sua finalidade. 2.8.1.Contabilidade Gerencial

A contabilidade gerencial busca suprir a necessidade de informações dos gestores financeiros da organização para tomada de decisão. Bruni (2010, p.55) complementa que “a contabilidade financeira conjuga o verbo no passado enquanto a contabilidade gerencial conjuga os verbos no futuro, preocupando-se com o que ocorrerá em função de uma decisão tomada”.

Bruni (2010) ressalta que a contabilidade gerencial objetiva a decisão e análise das suas consequências. Se para contabilidade financeira há diferença entre custos e despesas, já a contabilidade gerencial preocupa-se em distinguir gastos que sofram os efeitos de uma determinada decisão tomada diante dos gastos que nada sofrem.

Para Sergio de Iudicibus (apud Padoveze, 2004), a contabilidade gerencial tem por característica, mesmo que superficial o enfoque especial dedicado a diversas técnicas e procedimentos contábeis tratados e consagrados na contabilidade financeira e contabilidade de custos e na análise de balanços e etc., se colocados em uma ótica diferente, em um grau mais analítico ou no formato de apresentação e classificação diferenciada, de modo a que auxiliem os gestores das organizações e seus processos.

Segundo Bruni (2010) e Padoveze (2004) convergem à idéia de que a contabilidade gerencial tem por objetivo preparar os relatórios que contenham informações relevantes e auxilie a gestão preparando o ambiente para tomada de decisão, para os autores a contabilidade gerencial tem como norte o processo decisório e a análise das suas consequências.

Para Associação Nacional dos Contadores dos Estados Unidos, através de seu relatório nº1ª, “contabilidade gerencial é o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras utilizadas pela administração para planejamento, avaliação e controle dentro de uma organização e para assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos. (PADOVEZE, CLOVIS LUIS, 2004, p.11).

Segundo Bruni (2010) a contabilidade gerencial torna-se necessária,

pois traz a adaptação das informações geradas pela contabilidade financeira que possibilita um processo mais coerente para tomada de decisões, com isso, dar-se origem a contabilidade gerencial caracterizada em um enfoque diferenciado que confere varias técnicas e procedimentos contábeis, com objetivos opostos, minuciosos ou com forma de apresentação e classificação

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diferenciada, dando suporte aos gestores da entidade em seu processo decisório.

2.8.2. Demonstrações Contábeis (Balanço, DRE, DFC)

Segundo IBRACON (NPC 27) as demonstrações contábeis são um retrato da posição patrimonial e financeira da situação monetária de uma entidade em determinada data e das operações feitas por ela ao fim desta data. As demonstrações contábeis em seu uso geral têm por objetivo fornecer informações da posição patrimonial e financeira da empresa, estas demonstrações tem por resultante o fluxo financeiro da organização, que são utilizadas para tomada de decisão. As demonstrações contábeis evidenciam os resultados, diante dos recursos disponibilizados a administração.

Os usuários ao estimar os fluxos financeiros e os resultados futuros da organização, contam com estas informações, e outras contidas nas notas explicativas das demonstrações contábeis.

Um conjunto completo de demonstrações contábeis inclui os seguintes componentes:

Balanço patrimonial;

Demonstração do resultado;

Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, podendo ser substituído pela demonstração das mutações do patrimônio líquido;

Demonstração dos fluxos de caixa;

Demonstração do valor adicionado, se divulgada pela entidade;

Notas explicativas, incluindo a descrição das práticas contábeis.

Para Marion (2004), os relatórios contábeis são informados através de dados coletados pela contabilidade, de forma resumida e ordenada estes relatórios tem uma periodicidade em sua apresentação. Pode-se destacar dentre os inúmeros relatórios que há em contabilidade aqueles que têm obrigatoriedade diante da legislação brasileira. Estes relatórios são popularmente conhecidos como demonstração financeira ou dependendo da situação de seu uso são conhecidos como demonstrações contábeis.

Assaf Neto e Lima (2011, p. 188) as demonstrações contábeis equivalem a um conjunto de informações apuradas e divulgadas pelas empresas, revelando os vários resultados de seu desempenho em um exercício social. Através das demonstrações, é possível obter conclusões sobre a efetiva situação da empresa.

2.8.3.Balanço Patrimonial

Conforme Lei 6.404/76 (artigos 176 a 182 e artigo 187) e NBC T.3, o

balanço patrimonial é constituído pelo ativo, pelo passivo e pelo patrimônio líquido.

O ativo são todos os bens, os direitos e aplicações de recursos sobre o controle da empresa, com a capacidade de gerar benefícios econômicos futuros, com origem nos eventos ocorridos.

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No passivo estão compreendidas as origens de recursos chamadas de obrigações para com terceiros, e a eventual ocorrência da necessidade de ativos para a sua liquidação de algum evento incorrido.

O patrimônio líquido são recursos próprios da entidade, o valor do patrimônio líquido é dado da diferença positiva entre o valor do ativo e o valor do passivo. Quando a diferença do entre o passivo e o ativo, for maior favorável ao passivo esta resultante deverá ser denominada passivo a descoberto. Diante deste resultado deve-se substituir, a expressão patrimônio líquido por passivo a descoberto.

Segundo Greco e Arend (2011, p.79) “o balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar quantitativa e qualitativamente, a posição patrimonial e financeira da entidade em determinada data”.

De acordo com Marion (2004, p. 52) “o balanço patrimonial é o mais importante relatório gerado pela contabilidade. Através dele pode-se identificar a saúde financeira e econômica da empresa no fim do ano ou em qualquer data prefixada”. O autor completa que “o termo ativo pressupõe algo positivo, dinâmico, que produz que gera riqueza e o termo passivo, ao contrario, da uma idéia de negativo, dividas, obrigações”.

Para Greco e Arend (2011, p. 80) “o ativo compreende as aplicações de recursos representadas por valores, direitos e bens. Os componentes do ativo são classificados de acordo com a destinação específica, que varia segundo os fins da entidade”.

Na visão de Marion (2004), o ativo é o conjunto de bens e direitos pertencentes à empresa. São itens positivos do patrimônio; o ativo traz benefícios que proporcionam ganho para empresa.

O ativo quanto a sua estruturação e apresentação, é dividido em (art. 178, §1º):Ativo Circulante; e Ativo Não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. As contas são ordenadas no ativo por ordem crescente de liquidez, as mais líquidas primeiro e as menos líquidas depois.

Estão representadas no passivo as obrigações da empresa, inclusive financiamentos para aquisições de direitos do ativo permanente (art. 180). No passivo, as contas são classificadas nos seguintes grupos: Passivo Circulante; e Passivo Não circulante. As contas que compõem o passivo são dispostas em ordem crescente dos prazos de exigibilidade, as mais exigíveis primeiro e as menos exigíveis abaixo; 2.8.4.Demonstração do Resultado do Exercício

Segundo as Normas Brasileiras de contabilidade – NBC-T-3, a determinação do resultado, observado o principio de competência, evidenciara a formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as receitas e os correspondentes custos e despesas.

Na visão de Assaf Neto e Lima, (2011, p. 195) “o DRE tem como finalidade exclusiva apurar o lucro ou prejuízo de exercício; depois, esse resultado é transferido para lucros ou prejuízos acumulados”. O autor ainda cita que “o demonstrativo engloba as receitas, as despesas, os ganhos e as perdas do exercício, apurados por regime de competência independentemente, por tanto de seus pagamentos e recebimentos”.

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Para Greco e Arend (2011, p.95) “a demonstração do resultado apresentara as receitas e os ganhos do período, independentemente de seu recebimento, e os custos, despesas, encargos e perdas pagos ou incorridos, correspondentes a esses ganhos e receitas”.

Diante do artigo 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações) instituiu a demonstração do resultado do exercício.

Conforme determinação da lei citada acima, as empresas devem discriminar na demonstração do resultado do exercício as seguintes contas: a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

O dispositivo no art. 187 da lei n. 6.404/76, alterado pela lei n. 11.638/2007 e Lei n. 11.941, de 27/5/2009, a demonstração do resultado do exercício discriminará:

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Figura 4: Demonstração do resultado do exercício

Fonte: Lei n. 11.941, de 27/5/2009.

Ross, et al (2002, p. 41) defendem que “quando, ao analisar uma

demonstração de resultado, o administrador financeiro deve ter em mente os princípios contábeis geralmente aceitos, os itens não monetários, prazo e custo”.

Marion (2004) defende que a forma cientifica perfeita de apuração de resultado é a demonstração do resultado do exercício, baseado no regime de competência.

Zdanowicz (2004) relata em seus estudos sobre fluxo de caixa a comparação entre a demonstração de resultado do exercício e fluxo de caixa, dizendo que o demonstrativo de resultado do exercício leva em consideração os fatos de vendas e compras ocorridas durante o período, sem considerar os prazos para recebimento ou pagamento dos mesmos. Já o fluxo de caixa reconhece as entradas e saídas de recursos das vendas e compras, independentemente do período em que foram originados. 2.8.5.Fluxo de Caixa

Zdanowicz (2004) refere o fluxo de caixa como um instrumento de grande importância para gestão financeira de uma empresa, justifica que esta

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ferramenta acaba tornando-se essencial para administração do disponível e sucesso da empresa, tanto no planejamento como no controle financeiro. Através do fluxo de caixa é possível antever possíveis necessidades de captar recursos para saldar credores como a sobra de um montante mesmo que tenha um prazo espremido para se fazer investimentos e gerar receita.

Zdanowicz (2004, p. 40), conceitua de forma resumida, quase pode abordar o fluxo de caixa como sendo “o instrumento de programação financeira, que corresponde às estimativas de entradas e saídas de caixa em certo período de tempo planejado”. 2.8.6.Demonstração do Fluxo de Caixa

A demonstração do fluxo de caixa mostra a movimentação da empresa referente aos seus recebimentos e pagamentos bem como as atividades de investimentos e financiamentos.

Conforme Greco e Arend (2011), a demonstração do fluxo de caixa é utilizada com o propósito de informar mudanças ocorridas na posição financeira da empresa no decorrer do seu exercício social, detalhando individualmente se, originadas de suas operações de investimentos ou de financiamentos.

Groppelli (2010) argumenta que o demonstrativo do fluxo de caixa é um relatório que concede uma análise que detalha o modo como foi gerado o caixa, além de indicar como se deu sua utilização no gerenciamento de cada etapa de um negocio. O autor enfatiza que o demonstrativo do fluxo de caixa abastece os administradores com uma ferramenta de grande importância, pois através dela podemos controlar e ter um melhor entendimento de como os fatores externo e políticas internas exercem influencia a organização.

Assaf Neto e Lima (2011, p.198) acreditam que se pode elaborar a demonstração do fluxo de caixa através de dois métodos.

Discrimina-se a seguir a estrutura resumida dos dois métodos:

Figura 5: Método direto

Fonte: Assaf Neto e Lima2011 p. 1998

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Método direto: é a elaboração da demonstração do fluxo de caixa, a partir de ocorrências de movimentações diretas no caixa da empresa, mostrando todos os itens que resultaram em entradas e saídas de caixa.

Figura 6: Método indireto

Fonte: Assaf Neto e Lima 2011 p. 1998

Método indireto: a demonstração do fluxo de caixa é elaborada a partir

do resultado, isto é lucro ou prejuízo.

3. METODOLOGIA Este capitulo tem por objetivo descrever a metodologia que foi

empregada no presente artigo, aplicamos um estudo de caso na empresa Parollar Móveis.

A metodologia utilizada serviu para nortear o presente artigo e seu desenvolvimento, afim de, proporcionar um melhor esclarecimento e elucidar dúvidas frente aos objetivos a alcançados, esperados com esta pesquisa.

Segundo Vergara (2010) propõem dois tipos de pesquisa, quanto aos fins e quanto aos meios.

De acordo com Vergara (2010) quanto aos fins, esta pesquisa foi descritiva, exploratória e por sua vez explicativa, pois tratou de analisar a parte documental da empresa que mostrou registros de exercícios anteriores bem como os principais desembolsos com a finalidade de saber os motivos de a empresa recorrer à capital de terceiros e sugerir eventuais ações para redução dos custos gerados por essas práticas.

Para Vergara (2010) quanto aos meios o artigo é um estudo de caso, que pôde ser classificado em pesquisa documental e bibliográfica. Documental, pelo fato de tratar de dados internos que foram disponibilizados pela empresa e outros documentos, relatórios, agendas de anotações diárias e outros demonstrativos contábeis. Bibliográfica, porque a pesquisa teve base em fontes junto a literatura especializada, artigos e revistas cientifica.

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Yin (2005, p.32) afirma que “o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especificamente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos”.

A pesquisa e análise do presente artigo foi baseada nos registros contábeis, demonstrações financeiras e informações obtidas do sistema de automação comercial utilizado pela empresa do período iniciado em julho de 2012 a junho de 2013. O sistema Wshop de informações gerenciais que a empresa usa contempla todos os setores integrados em uma única interface, com capacidade de gerar inúmeros relatórios para uso da gestão.

As limitações do método, segundo Vergara (2009), são quando antecipadamente se possa apresentar as possíveis limitações e avessos que o projeto poderá apresentar. Pelo fato de a área pesquisada ser a esfera financeira da empresa, é possível que haja precipitações em algumas informações. Torna-se necessário explanar que não foi possível o calculo de alguns indicadores como Grau de alavancagem em virtude do sistema consultado não oferecer dados suficientes para análise.

Para tanto, é viável dizer que caso haja falta de algum documento, comprovante ou dado, se realizará uma media do período, a fim de chegar ao objetivo da pesquisa. 4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A empresa Parollar Móveis, atuante no ramo do comercio varejista de móveis. Iniciou suas atividades em maio de 2009 na cidade de Alvorada. Empresa de sociedade limitada que tem como característica a administração familiar. Com o propósito inicial em atender o público das classes C e D, viu o negocio prosperar. Preocupada em manter a qualidade de atendimento, acompanhar a crescente demanda de vendas e a procura por produtos mais sofisticados e modernos, ampliou sua área física de 300m² para 750m² no ano de 2011. Consequência disto aumentou seu mix de produtos, tendo capacidade de oferecer mais produtos e consequentemente também atingir clientes antes não atendidos das classes A e B.

Devido à empresa ter literalmente dobrado de tamanho após seu segundo ano de vida, evidenciou carências administrativas, o que nos leva ao desenvolvimento do presente artigo que tem por finalidade identificar a razões pelas quais a empresa tem mostrado seus números negativos.

Com o objetivo de identificar as razões pelas quais a empresa demonstra essas dificuldades na gestão de finanças propõe-se que através das informações extraídas de registros e sistema de informações gerenciais que a mesma possui, montar as demonstrações de fluxo de caixa e resultado bem como os balancetes mensais. 4.1. Descrição dos dados coletados

Diante do Quadro 1 abaixo, segue a demonstração do fluxo de caixa que fora analisada no período mostra os seguintes resultados:

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Quadro 1: Demonstração do Fluxo de Caixa

Fonte: Elaborado pelo autor

Conforme mostra o quadro 2 os balancetes mensais que apresentaram

os seguintes números:

Quadro 2: Balancetes julho 2012 à junho 2013

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da empresa Parollar Móveis.

Conforme quadro 3 segue abaixo a demonstração de resultado do

período analisado:

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Quadro 3: Demonstrativo de Resultado sintetizado

Fonte: Elaborado pelo autor

4.2 Análise dos dados A seguir apresentaremos as análises dos dados que tiveram maior

representatividade nas demonstrações e balancetes mensais. Estas análises foram construídas através de tabelas, quadros e gráficos produzidos com base nos dados levantados e aplicação dos indicadores supracitados no referencial teórico deste artigo.

4.2.1 Análise da demonstração do fluxo de caixa A demonstração do fluxo de caixa é instrumento de suma importância na

gestão financeira de uma empresa, como já referido pelo autor Zdanowicz (2004). Com base nesta informação, na demonstração apresentada no quadro 2 cabe destacar a conta de antecipação de recebíveis.

Percebe-se que no período analisado a empresa necessitou por diversas vezes usar este tipo de recurso para conciliar seus ingressos e desembolsos. Vale ressaltar que o meio utilizado pela empresa torna-se muito oneroso quando comparado a possibilidade de aportes captados através dos sócios como evidenciado na tabela 1:

Tabela 1: Comparativo Capital de Terceiros x Capital Próprio

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da empresa Parollar Móveis

A tabela 1 evidenciou que os recursos captados no mercado financeiro

aplicados a uma taxa media de mercado de 13%a.m. mais o IOF de 0,38% são

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extremamente elevados ao comparamos se os mesmos valores fossem aportados pelos sócios a uma remuneração de 2% ao mês que é superior às praticadas no mercado financeiro atual.

Caso esta forma de captação fosse adotada pela empresa o reflexo seria positivo gerando uma economia de 85% no custo final destes financiamentos. O percentual de 2% foi definido como base em uma remuneração de empréstimo considerando a hipótese dos sócios aportarem os valores necessários, pois sabemos que quando se trata de um investimento de longo prazo, como um aporte de capital por parte dos sócios, temos que considerar uma taxa diferenciada, muitas vezes acima das taxas praticadas no mercado financeiro, isto em virtude do “risco” que envolve um aporte de capital.

Outra opção a ser considerada pela empresa seria a captação através de bancos federais que incentivam o uso desses recursos com taxas subsidiadas, temos como exemplo o BNDES e a Caixa Econômica Federal que ofertam estes recursos chegando à taxa média de 0,94% ao mês, mas podendo chegar à taxa de 0,83% ao mês se oferecer garantias ou aval dos sócios.

Um dos motivos por recorrer a recursos de terceiros e o estudo de hipóteses de captação destes recursos em instituições como supracitadas, se dá pelo descompasso dos ingressos, conforme a tabela 2. As receitas estão praticamente concentradas em prazos dilatados, quando os recebimentos a vista representam apenas 27,24% do total das entradas no período de junho de 2012 a julho de 2013.

A seguir apresentamos a análise feita das entradas apresentada na demonstração do fluxo de caixa, onde podemos evidenciar a relação das receitas a prazo com as receitas a vista conforme mostra a tabela 2:

Tabela 2: Entradas 2012/2 à 2013/1.

Fonte: Elaborado pelo autor

Ao explorarmos de forma mais detalhada as contas que compõem as

entradas do período estudado podemos destacar a conta banco que representa as entradas oriundas de vendas a prazo, tem uma maior representatividade frente à conta caixa que entende-se todas as vendas avista, quando relacionadas nota-se que em aproximadamente 73% das vendas, a empresa tem operado na modalidade a prazo, fator que pode estar contribuindo para necessidades de capital já apuradas. 4.2.2 Análise dos balancetes

Ao analisarmos dados do ativo extraídos dos balancetes da empresa

conforme gráfico 1, nos chama atenção a conta estoque que vem crescendo continuamente.

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É visto que em julho de 2012 o estoque da empresa estava na ordem de 261 mil reais e no final do período junho de 2013 encontramos o valor de 422 mil reais, chegando a casa de aproximadamente 60% de aumento se comparado o estoque final em junho de 2013 ao estoque inicial em julho de 2012.

Gráfico 1: Evolução do Estoque

Fonte: Autor com base nos balancetes de junho/2012 a julho/2013.

Esses números podem demonstrar o descontrole nas compras da

empresa, pois as vendas não evoluíram de forma a acompanhar as compras denotando estabilidade e consequente disparidade, o que não justifica o crescimento nos níveis de estoque.

No quadro 4 destacamos a conta Contas a Receber que demanda atenção uma vez que apresenta números crescentes evidenciando um índice de 153% de aumento nesta conta, comparado os períodos final de junho/2013 ao inicial julho/2012, como mostra o quadro 4.

Quadro 4: Volume Contas a Receber

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da empresa Parollar Móveis

Podemos entender que frente a este aumento de 153% da conta contas

a receber que a empresa esta criando uma linha tendenciosa assumindo uma postura onerosa ao financiar as compras de seus clientes, fornecendo-os prazos longos. Como visto na tabela 2 o volume de vendas a prazo já representam aproximadamente 73% das receitas.

Isso pode evidenciar uma espécie de carência do setor comercial, como por exemplo: a falta de treinamento, que diante da objeção do cliente é ofertado prazo máximo no anseio de vender.

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4.2.3 Análise da Demonstração de Resultado do Exercício Com base na tabela 3, especificamente nas vendas do período,

observou-se que as mesmas se mantiveram estáveis e que a conta despesas administrativas igualmente não sofreu variação mantendo-se na proporção aproximada de 20% frente ao acumulado das vendas no período como visto na tabela 3:

Tabela 3: Venda Bruta X Despesas Administrativas

Fonte: Autor com base na demonstração de resultado.

Pode-se entender que não houve um comportamento desordenado das

despesas administrativas, ao ponto de se entender que a mesma não foi à causa por comprometer o resultado da empresa; no entanto se somados ao CMV, sabemos que são inadequadas à receita da empresa, portanto será sugerida uma revisão destas despesas.

Analisando a tabela 3 podemos visualizar que o primeiro semestre de 2013 ficou abaixo do segundo semestre de 2012, onde podemos analisar na demonstração do fluxo de caixa que essa queda se deu em função da diminuição do quadro de colaboradores da empresa, que refletiu na conta despesas administrativas.

4.2.4 índice de Atividade Visto a relevância dos índices de atividade, a seguir analisaremos

índices resultantes de cálculos feitos através das informações obtidas diante das demonstrações evidenciadas acima. Apresentaremos índices de giro do estoque bem como o giro do ativo.

Conforme supra referenciado estes índices são de suma importância, pois, medem a velocidade com que os ativos se convertem em caixa.

4.2.4.1 Giro de Estoque Considerando que o giro dos estoques mede quantas vezes nosso

estoque é renovado durante o ano, e trazendo esse cálculo para dentro do nosso estudo, verificamos que a empresa finalizou esse período com o estoque girando 4,5 vezes ao ano. Isso significa que a empresa está operando com estoque para 81 dias, como mostra o calculo realizado com base nos dados da demonstração de resultados e dos balancetes:

𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 =𝑉𝐸𝑁𝐷𝐴𝑆 𝐴𝑁𝑈𝐴𝐼𝑆

𝐸𝑆𝑇𝑂𝑄𝑈𝐸 𝑀é𝐷𝐼𝑂=

1.153.790,70

341.983,81= 4,5

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Não podemos dizer que é um número ruim, mas o fato é que quanto maior for o giro do estoque durante o ano, melhor. Algumas atividades empresariais conseguem inclusive trabalhar com o mínimo de estoque físico, que quando calculamos o giro, verificamos um número superior a 12 vezes, ou seja, a empresa tem um estoque menor do que 30 dias.

4.2.4.2 Giro do Ativo Chegamos ao resultado do giro do ativo na razão das vendas liquidas

pelo ativo e obtivemos os números representados no gráfico 3 que mostram um resultado desfavorável no que tange ao giro do seu ativo, conforme a interpretação de Matarazzo (1998), este índice representa o quanto a empresa vendeu para cada um R$1,00 investido no seu ativo total. Sendo assim podemos mostrar diante do gráfico 3 que o nível do giro do ativo vem em queda, de agosto de 2012 até maio de 2013 apontando um arremetida em junho de 2013 esse fato se dá devido ao pequeno aumento nas vendas de junho como mostra o demonstrativo de resultado da empresa.

Gráfico 2: Giro do Ativo

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da empresa Parollar Móveis

Notamos que a empresa tem seus números em declínio se comparados

os períodos inicial 2012/2 e final 2013/1, razão disso pode estar relacionado ao aumento do seu ativo, mais precisamente da conta contas a receber como evidenciado no quadro 4 e dos estoques como mostra o gráfico 1, o índice baixo de giro do ativo nos remete a concluir que estamos aumentando nosso ativo para suportar as vendas, o que acaba sendo prejudicial ao caixa.

Obtivemos o resultado de R$0,34 em agosto de 2012 e finalizamos com R$0,22 em junho de 2013 de rentabilidade para cada R$1,00 investido no seu ativo, esses resultados comparados demonstram uma queda de 65% nos rendimentos da empresa.

4.2.5 indicadores de endividamento Os indicadores de endividamento evidenciam o quanto à empresa utiliza

de capital de terceiros para gerar lucros, conforme Gitman (2010) a atenção

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para estes índices deve ser extrema, visto que quanto mais elevado for o endividamento, maior será o risco da empresa se ver com dificuldades para honrar com o pagamento dos seus credores. Em suma, o descontrole desse índice pode conduzir a empresa a uma situação de insolvência.

4.2.5.1 Endividamento e Participação do Capital de Terceiros O gráfico 3 nos remete uma visão plena dos índices de endividamento

da empresa. Analisando brevemente, fica claro o crescente avanço paulatino destes índices. Isso se da pelo fato de haver em paralelo uma maior utilização de capital de terceiros, obtidos a fim de equiparar as receitas e desembolsos mensais, com isso equilibrando o fluxo de caixa. Estes números embasam as consequências do aumento da conta fornecedores, evidenciada nos balancetes demonstrados no quadro 2. Em junho de 2013 o resultado apurado foi de R$0,73 de dividas com terceiros para cada R$1,00 do ativo total quase o dobro do valor indicado no período inicial de julho de 2012 quando apresentou R$0,40.

Gráfico 3: Indicadores de Endividamento e Participação do Capital de Terceiros

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da empresa Parollar Móveis

Esses números trazem certa preocupação, porém nos remete a reflexão

quando analisadas as palavras dos autores Brigham e Houston (1999) que descorem sobre o assunto e enfatizam que os graus de endividamento baixos apresentam menor risco, toda via pode-se estar perdendo a oportunidade de alavancar o retorno sobre o patrimônio liquido.

Também representado no gráfico 3 o índice de participação do capital de terceiros, mostra uma linha crescente no período analisado, no ano de 2012. O mês de dezembro foi o que se mostrou com maior representatividade, isto em função do aumento de compras a fim de respeitar o período sazonal, logo em 2013 também na expectativa de aumento nas vendas do mês de maio houve um excedente nas compras. Cumpre destacar que o mês de maio é o mês de aniversario da empresa período no qual é feito um trabalho diferenciado com mais propagandas e promoções que se espera uma venda comparada as

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vendas de final de ano. É importante ressaltar que o crescimento do endividamento em curto prazo como apresentado pela empresa não é a melhor forma de buscar capital. A empresa poderia ter adotado uma estratégia diferente, como achatar o mensal e estender a longo prazo tendo a finalidade de minimizar o risco.

É notório que os índices estão acima do normal, pois a empresa vem alavancando seus estoques ao passo que as vendas não apresentam crescimento compatível. E isso deve ser evitado para que haja uma reversão neste quadro.

4.2.6 indicadores de rentabilidade A seguir apresentamos os resultados que expõem os números obtidos

decorrentes dos cálculos realizados com base nas demonstrações expostas acima. Na tabela 4 objetivo é expor os percentuais das margens de lucro bruto, lucro operacional e lucro líquido bem como suas variações.

Tabela 4: Resultado Indicadores de Rentabilidade

Fonte: Autor com base nos dados da empresa Parollar Móveis

No gráfico 4 apresentaremos a mesma demonstração que traz os

indicadores de rentabilidade, onde os mesmos serão interpretados e comentados individualmente ao decorrer.

Gráfico 4: Indicadores de Rentabilidade

Fonte: Autor

4.2.6.1 Margem de Lucro Bruto

É a medida do percentual para cada R$1,00 de vendas que permanece

após a dedução do custo das mercadorias vendidas, este indicador pode ser

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analisado dizendo que quanto maior for sua margem melhor. Para a empresa em estudo estes indicadores tiveram valores acentuados mostrando-se positivos no período estudado.

Toda via ao analisarmos o gráfico 4 podemos perceber que a linha da margem de lucro bruto comportou-se de forma irregular oscilando entre 10% e 40% com picos de até 50% formando um desenho como de dente de serra. Isso pode ser explicado pelo fato de os resultados para esse indicador serem obtidos através da subtração do custo das mercadorias vendidas do total de entradas, logo se divide esse resultado pelas entradas. Como o podemos ver na demonstração do fluxo de caixa da empresa o CMV flutuou durante o período por isso o comportamento da linha do indicador.

Mas ainda não podemos dizer que essa margem atende as necessidades da empresa, pois neste ponto ainda não é possível sabermos se cobre os custos fixos e demais despesas.

4.2.6.2 Margem de lucro Operacional A margem de lucro operacional é a medida percentual para cada R$1,00

de vendas remanescentes depois de subtraídos todos os custos, resumidamente podemos dizer que é o resultado que a empresa deixa após suas atividades principais. Nesse caso a empresa estudada ficou abaixo em muitos meses mostrando um resultado médio de 7 postos percentuais negativos. O que acaba por ficar longe do ideal, porque sempre se deseja que na etapa operacional a empresa apresente um resultado positivo, pois este indicador serve para mostrar se a operação “se paga”. Estes números são preocupantes e cabe à empresa rever alguns conceitos como: a política de compras, ofertas de produtos obsoletos, corte de custos desnecessários a fim de atenuar estes resultados deficitários.

Podemos verificar no gráfico 4 que o mês de dezembro de 2012 foi o mês que apresentou o índice mais baixo do período analisado, justifica-se pois neste mês há uma concentração maior nas despesas com propagandas, salários e pagamentos de fornecedores onde o custo operacional acaba sendo mais alto que nos outros meses.

É visto, que em uma análise mais aprofundada, a empresa deveria buscar identificar quais linhas de produtos estão com resultado deficitário e quais produtos estão com um custo elevado ao nível que a loja trabalha.

4.2.6.3 Margem de lucro líquido Este indicador esta relacionado ao êxito financeiro da empresa em

relação ao lucro obtido com as suas vendas após análise dos resultados elencados na tabela 4 tivemos uma media de 3% negativos no lucro liquido da empresa no período analisado, esse número nos chama a atenção, pois identifica que a empresa atuou com resultado negativo no período e revela a necessidade de ações que tenham a finalidade de reverter este quadro.

Este resultado não nos surpreende, uma vez que a empresa já mostra números negativos na etapa operacional, ou seja, tomar medida para rever esse resultado é uma decisão que deve ser analisada de imediato, a fim de evitar a insolvência da empresa. Embora tenha apresentado uma média

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negativa os resultados nos chamam a atenção nos períodos de fevereiro e março de 2013, pois tiveram resultados positivos 25% e 5% respectivamente na margem de lucro líquido mesmo tendo um resultado operacional negativo, isso devido ao resquício de caixa herdado do mês anterior como podemos ver na demonstração do fluxo de caixa.

4.2.8 Custo Capital Próprio x Custo Capital de Terceiros Diante do cálculo realizado para obtenção do custo do capital próprio

tivemos o lucro disponível para os sócios apurado em R$ 47.509,30 negativos divididos pelo capital próprio de R$ 188.327,73 tendo a razão entre estes dois números encontramos o valor de 25% negativos, onde podemos entender que nessa situação o capital próprio não está sendo remunerado, e ao contrário, está sofrendo uma perda de 25% no período estudado.

Já o custo do capital de terceiros é obtido através da divisão do custo anual de juros pelo capital de terceiros onde foi apurado no período analisado o valor de R$19.328,47 e R$495.545,46 sucessivamente, chegando ao resultado de apenas 4%, mas isso se deve ao fato de que o maior financiamento está sendo fornecedores, que não cobra encargos no seu parcelamento.

Porem se considerarmos as despesas financeiras apenas sobre empréstimos, verificamos que o custo do capital alavancado no mercado financeiro foi de fato 24% no período analisado, que representa um custo significativamente alto para uma pequena empresa, chegamos a este resultado na divisão do custo anual dos juros pelos empréstimos realizados no período.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dos dados levantados, identificamos os custos e as despesas

bem como as receitas da empresa Parollar Móveis no período proposto de análise. E diante destes dados foi possível compilar a contabilidade gerencial a fim de expor os balancetes mensais, o demonstrativo de resultado como também montar a demonstração do fluxo de caixa da empresa.

Por meio destes números podemos fazer as análises e evidenciar as carências na gestão de finanças que levaram a empresa a apresentar resultados negativos no seu fluxo de caixa, onde acabou levando a empresa recorrer ao uso de capital de terceiros, tendo como finalidade honrar os compromissos com seus credores. Com tudo podemos ver que o uso dos recursos utilizados pela empresa tem um custo muito elevado comprado a outras alternativas.

Neste estudo utilizamos indicadores como forma de análise dos números levantados, que tiveram seus resultados expostos em gráficos e tabelas para facilitar o entendimento e avaliação, no anseio de obter um diagnóstico confiável dos fatores responsáveis pela situação em que a empresa se encontra.

Podemos observar que a empresa tem adotado uma maneira onerosa para se alavancar acarretando em custos elevados para sua estrutura. Foi visto que os custos do capital de terceiros mostrou-se muito acima frente ao capital próprio e outras opções ofertadas no mercado com taxas bem acessíveis e prazos favoráveis à necessidade da empresa.

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No estudo da demonstração do fluxo de caixa podemos observar que a empresa adota uma política de vendas voltada a concessão de prazos para seus clientes, ficou evidente que o setor comercial da empresa apresenta uma falta de treinamento e praticas de negociação com seus clientes, pois ao que parece a empresa no anseio de realizar a venda usa como subterfúgio a oferta de prazos mais longos a fim de facilitar, diminuir o desembolso mensal do cliente, mas por outro lado acaba por criar dificuldades em sua liquidez.

Frente aos balancetes mensais, analisamos a conta estoque, pode-se observar que a pessoa responsável pelas compras não utiliza o sistema da empresa para fins de suporte, onde as compras acabam acontecendo de forma empírica causando um descontrole no setor, impactando diretamente o financeiro da empresa. Também podemos observar que os setores de compras e financeiro não se comunicam para fins de consulta se o ato a ser executado pode interferir nas obrigações que a empresa já contempla.

Prova disso é que no período estudado evidenciou-se um aumento da conta estoque de aproximadamente 60% chegando ao numerário aproximado de 422 mil reais, quase três vezes o valor das vendas, esta é outra causa do descompasso financeiro.

Como podemos analisar o giro dos estoques da empresa apresentou um numero baixo de 4,5 vezes a rotação completa de seus estoques tendo uma media de estoque para suportar oitenta e um dias de vendas, este numero comprova a má atuação nas compras realizadas pelo responsável.

Igualmente o setor comercial da empresa não opera de forma coerente com o estoque, pois observando os números poderia estar criando ações que tenha a finalidade de enxugar o estoque.

Os índices de endividamento da empresa mostraram um crescimento proporcionalmente não tão rápido, mas que chama a atenção, a empresa no inicio do período analisado tinha um índice de 0,44 para cada 1 real devido já no final do período apresentou 0,73 para cada um real devido. Justifica-se pelo aumento do volume do capital de terceiro nos negócios da empresa.

A rentabilidade apresentada pela empresa não foi uma surpresa uma vez que os resultados encontrados no demonstrativo de resultado e demonstração do fluxo de caixa já anunciavam números deficitários que acabaram por comprovar a ausência de gestão financeira.

Toda via mesmo tendo apresentado resultados negativos é importante ressaltar que não significa que a Empresa Parollar Móveis esteja entrando no caminho a sua insolvência, uma vez que a empresa é muito bem conceituada frente a instituições financeiras bem como a seus fornecedores e clientes o que de certa forma contribuem para que isso não venha ocorrer. Vale mencionar que números preliminares obtidos após o período estudado já mostram uma reação da empresa frente às dificuldades evidenciadas no presente estudo.

Mesmo assim as informações obtidas através das análises dos dados imprimem uma fotografia com números negativos da gestão financeira da empresa que evidenciaram a ausência de controles financeiros por parte dos seus gestores, que teve seu reflexo no fluxo de caixa deficitário apresentado. Por vez vemos a necessidade de ações com caráter emergencial a fim de reverter à condição atual da empresa.

Analisando as informações apresentadas, recomendam-se ações que poderão colaborar para a arremetida do crescimento da empresa Parollar Móveis bem como melhorar seus indicadores financeiros:

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1. Rever prioridades de custos fixos e variáveis e consequentemente implantar medidas de austeridade para atenuar os resultados aspirados;

2. Aperfeiçoar a mão de obra do setor de compras proporcionando a empresa profissionais capacitados à negociação.

3. Promover ações comerciais que venham fomentar as vendas a vista em relação as vendas a prazo. Por consequência aumentar a disponibilidade de caixa.

4. Equalizar os níveis de estoque em relação ao de venda para que dessa forma não haja o descompasso que hoje compromete a receita da empresa;

5. Readequação do mix de produtos, levando em consideração a curva abc de produtos procurados e manter um estoque de segurança de produtos curva a.

6. Buscar linhas de crédito e produtos bancários mais atraentes com taxas de juros baixos, para eventual necessidade de capital.

7. Profissionalizar a gestão financeira com a contratação de um profissional na área.

Concluímos este estudo, recomendando a introdução de ferramentas e

indicadores financeiros vistos no presente artigo na gestão financeira da empresa Parollar Móveis para que possa auxiliar a tomada de decisão.

Este trabalho não tem a pretensão de extinguir o assunto e incentiva a continuidade de estudos relacionados ao tema que demonstra extrema importância para empresa.

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APÊNDICE A – PLANILHA FLUXO DE CAIXA JUL/2012 - JUN/2013.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ADMINISTRAÇÃO.

TEMA: CAPTAÇÃO DE RECURSOS - UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA PAROLLAR MÓVEIS.

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APÊNDICE B – PLANILHA DRE JUL/2012 - JUN/2013.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ADMINISTRAÇÃO.

TEMA: CAPTAÇÃO DE RECURSOS - UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA PAROLLAR MÓVEIS.