WALQUIRIA DE MELLO DOROTEIO

CAPACITAÇÃO PARA ACS SOBRE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM ENFÂSE EM SAÚDE BUCAL

DEODÁPOLIS-MS

2011

WALQUIRIA DE MELLO DOROTEIO

CAPACITAÇÃO PARA ACS SOBRE SAÚDE BUCAL COM ENFÂSE EM SAÚDE BUCAL

Projeto de Intervenção apresentado à

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,

como requisito para conclusão do curso de Pós

Graduação à nível de especialização em

Atenção Básica em Saúde da Família.

Orientadora: Prof. Dra : Marisa Dias Rolan

Loureiro

DEODÁPOLIS- MS

2011

RESUMO

O presente estudo objetivou a elaboração de uma proposta de capacitação para ACS sobre Educação com ênfase em Saúde Bucal. Sendo o Agente Comunitário de Saúde (ACS), um profissional que possuí maior contato com o usuário e sua família, visando um atendimento de qualidade para os pacientes da ESF Santo Antônio, desenvolvemos a capacitação mediante ações educativas e participativas para os ACS. Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo através de dois questionários aplicados em módulos, no qual participaram 09 ACS. A partir da capacitação e dos resultados encontrados na aplicação dos questionários, percebeu-se que houve mudanças na abordagem aos pacientes durante as visitas domiciliares, sendo assim, os ACS começaram a perceber a importância do estilo de vida para manter uma perfeita saúde bucal e até mesmo a realização da triagem e encaminhamento do mesmo para a unidade e o acolhimento de toda a equipe dentro da unidade de saúde. Com a educação em saúde, e o conhecimento dos ACS em relação à saúde bucal, mostraram-se deficientes já que, a freqüência dos pacientes era reduzida por que os ACS, não conseguiam abordar os pacientes explicando a importância de visitas regulares ao dentista. Houve aumento na freqüência de comparecimento ao serviço de saúde na procura de serviços odontológicos. Diante de uma equipe nova, que realizou diversas capacitações, faz-se necessário uma educação continuada contínua para os ACS sobre educação em saúde, prevenção e promoção da saúde principalmente em Saúde bucal.

Palavras-chave: ACS, educação em saúde, Saúde da família.

INTRODUÇÃO

O agente comunitário de saúde- ACS é um personagem muito importante na complementação do Sistema único de Saúde, fortalecendo a integração entre os serviços de saúde da Atenção Primária à Saúde e a comunidade. (BRASIL,2009).

Segundo Figueiredo e Tonini, (2007) o cuidado com a saúde não é só de responsabilidade médica, mas, dos outros profissionais de saúde também, de uma forma coletiva ou individual, constituindo o alvo da atenção da equipe de saúde.

Conforme o reconhecimento do Ministério da Saúde, que a qualificação dos agentes deve ser permanente para melhor desenvolvimento de suas ações.

A educação em saúde, não está considerada como antes: um estímulo-resposta, queixa-conduta, ou um problema-intervenção de modo vertical, mas sendo uma ação horizontal. Educar é interagir em um determinado espaço: unidade, comunidade, para que o problema seja identificado, resolvido ou encaminhado para outras categorias. Baseada na teoria e prática, para que as barreiras sejam ultrapassadas pelos profissionais de saúde. (JUNIOR, 2003).

A saúde deve ser interesse de todos, principalmente da equipe de saúde: médicos, enfermeiros, auxiliares, agentes sanitários e ACS que vivem e permanecem muito próximos às comunidades, orientando, diagnosticando problemas relacionados à saúde. A equipe de saúde necessita de muito treino e habilidade para perceber, pensar, o que saber e o que fazer, para que, na prática coletiva os sujeitos com desvio de saúde tenham um acompanhamento digno de um ser humano. (PUPO, 2005).

O Ministério da Saúde confirma que o Programa Saúde da Família (PSF) foi criado em 1994 e tem como base para a promoção da saúde da família: a integralidade, a territorialização e a continuidade das ações em saúde. Esta definida como Estratégia prioritária para a organização e fortalecimento da Atenção Primária de Saúde no país. Por esta estratégia a atenção em saúde é realizada por uma equipe composta por profissionais de diferentes categorias multidisciplinares. (BRASIL, 2001 a).

Contudo, Garnelo, (2009), afirmam que a educação por ser um instrumento de transformação social, propicia a reformulação de hábitos e a aceitação de novos valores, assim como a melhora da auto-estima.

Para Dourado et al, ( 2009), a Educação em Saúde bucal tem papel relevante na prevenção dos problemas bucais, pois leva o indivíduo a ter consciência das doenças que podem acometer a boca e das medidas preventivas para sua prevenção. A motivação e a educação em saúde são de extrema importância na promoção de saúde bucal da população. É importante enfatizar a co-responsabilidade dos ACS na promoção e manutenção das condições de saúde bucal de sua comunidade.

O medo de ir ao dentista, a rejeição ao tratamento odontológico ou mesmo um a visita ao consultório são observados, pois as pessoas são pouco informadas e só procuram a Unidade de saúde quando sentem dor; sendo o trabalho de educação e prevenção em saúde bucal de extrema relevância no contexto atual.

Nesse contexto a Atenção a Saúde bucal foi necessária por ser de suma importância a educação em saúde bucal, devido às constantes afecções que acometem a população, o desconhecimento sobre cuidados necessários de higiene bucal representa um fator a ser considerado, uma vez que a informação, embora disponível nas grandes mídias, não chega à população da mesma forma e, dificilmente é aprendida de forma a produzir conhecimento e autonomia em relação aos cuidados com a saúde.

No município de Deodápolis existem 04 ESF e 28 ACS concursados, muitos deles nunca haviam trabalhado com comunidade, cerca de 12.000 habitantes, num primeiro momento foi realizado um capacitação para todos os ACS, incluindo todos os programas da Atenção Básica, exceto Saúde Bucal, percebeu-se então a necessidade de realizar uma capacitação para os mesmos, pois a queixa da população e dos próprios ACS era grande, devido a ausências dos pacientes e o desconhecimento dos trabalhadores da unidade.

Diante do exposto, o objetivo desse estudo está no desenvolvimento de atividades e ações educativas para 09 ACS, num primeiro momento, (devido a dificuldade dos próprios ACS estarem presentes, justamente pela jornada de trabalho pela distância das ESF). A iniciativa da abordagem multidisciplinar, será por meio da teoria e da prática através da atuação dos personagens, criando o hábito de pensar e o agir desenvolvendo ações de educação e percepção mediante visitas domiciliares na população da ESF Santo Antônio.

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REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Características do Município:

O município de Deodápolis, criado em 13 de maio de 1976, está na Região Centro Oeste e pertence a MRG- 11- Iguatemi, possuí os distritos de Lagoa Bonita, Porto Vilma e Vila União.Tem como limites: Ao Sul o município de: Glória de Dourados,Ao Leste: o município de Ivinhema, ao Norte os municípios de: Rio brilhante e Angélica, e ao Oeste: os municípios de Fátima do Sul e Dourados.

Sua população segundo IBGE, através do último senso de 2010, cerca de 12.000 habitantes, essa população está distribuída mediante regiões compreendidas nas 04 áreas das ESF, sendo que esse trabalho foi realizado na área da ESF Santo Antônio que compreende uma população de 4040 habitantes.

2.2 AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE- ACS

O Ministério da Saúde criou em 1991, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde- PACS, em seguida construiu um novo modelo assistencial, com a criação do Programa Saúde da Família. O ACS tem, em alguns casos, conseguido participação em alguns Conselhos Municipais de Saúde, aumentando a pressão das reivindicações populares junto a órgãos contínuos de representação da comunidade. O acesso a informações estratégicas, a articulação com profissionais de saúde mais conscientes e com organizações sensíveis aos problemas da comunidade, a eventual acessória de movimento de base, fazem do agente um legítimo representante da saúde. (BRASIL, 1995).

A inserção do ACS como força de trabalho do Sistema único de Saúde – SUS vem definir a proposta do Ministério da Saúde em relação aos ACS, ou seja, a prestação de cuidados primários de saúde, aumentando a cobertura do atendimento á população. Sendo o ACS um integrante da equipe de saúde é que lhe dá a função de educar as pessoas para cuidar de sua própria saúde. (MENDES, 2001).

Segundo a Lei Federal nº 10.507 10 de julho de 2002, que criou a Profissão dos Agentes Comunitários de Saúde, que estabelece os seguintes requisitos: residir na área que atuar haver concluído com aproveitamento curso básico de qualificação para ACS e haver concluído o ensino fundamental.

Silva ( 2001), identificou que, o ACS não utiliza instrumentos de tecnologia, mas, faz uso de saberes paras as diferentes dimensões do seu trabalho. Essa diferença faz com que ele trabalhe com o senso comum, tornando-se o observador da equipe, sendo o que realiza a captação das necessidades, identificando prioridades e detecção de casos de riscos para a equipe.

2.3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE

A educação é um instrumento de transformação social, não só a educação formal, mas toda ação educativa que propicie a reformulação de hábitos, aceitação de novos valores e que estimule a criatividade. Considerar a educação em saúde como disciplina de ação significa dizer que o trabalho será dirigido para atuar sobre o conhecimento das pessoas, para que elas desenvolvam juízo crítico e capacidade de intervenção sobre suas vidas e sobre o ambiente com o qual interagem e, assim, criarem condições para se apropriarem de sua própria existência. ( TAVARES, 2003).

Segundo Angelo, Bousso (2011), a transmissão do conhecimento técnico-científico não pode ser considerada como uma benesse assistencial ou ato de favor dos detentores, tanto do poder como do conhecimento. As pessoas devem ter acesso fácil, oportuno e compreensível a dados e informações de qualidade sobre sua saúde (desde o prontuário médico ou ficha clínica) e sobre as condições de vida de sua comunidade, cidade, município, estado e país.

O exercício clínico é uma prática que deve ser repetida na coletividade para que estudantes e profissionais desenvolvam habilidades para captar no outro, na família ou na comunidade, o tom certo para implementar suas ações.( OLIVEIRA,2003).

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OBJETIVO GERAL

METODOLOGIA

Esse trabalho foi realizado com o propósito de elaborar um projeto de capacitação de ACS da ESF Santo Antônio com carga horária de 40 horas, divido em quatro módulos.

Sendo entregue a SMS, solicitação da Capacitação dos ACS, por meio de coleta de dados e utilização espaço comunitário ( Centro de Convivência do Idoso), a capacitação aconteceu mediante o uso de materiais elaborados pelas pesquisadoras e também mediante o uso de material de apoio literatura e manuais sobre saúde bucal.

A literatura repassada para os ACS teve um objetivo exposto: transmitir informações sobre higiene bucal, promoção da saúde e prevenção das doenças bucais de maior ocorrência nos domicílios e orientação das famílias sobre higienização, auto cuidado e utilização de medicamentos prescritos pelos profissionais de saúde.

A capacitação teve duração de quatro horas, divididas em quatro módulos, e após cada módulo foi aplicado questionários para avaliar o aproveitamento de cada ACS. A cada módulo apresentado foi realizado dinâmica em grupo para estimular a percepção dos ACS sobre cada tema apresentado, no final das dinâmicas eram abordadas perguntas referentes ao aprendizado e como eles se sentiram durante a aplicação da dinâmica apresentada. Percebeu-se o entrosamento do grupo, e o aproveitamento das dinâmicas facilitando ao instrutor a exposição do tema apresentado

O primeiro módulo foi apresentado no dia 16 de junho de 2011 as 07 horas da manhã no Centro de Convivência do Idoso, no município de Deodápolis. Foi a distribuição de um pasta contendo material para uso durante os quatro módulos, incluindo o manual sobre saúde bucal, realizada apresentação com dinâmica onde todos os ACS se apresentaram e disseram suas expectativas sobre a capacitação. Aplicação de questionário para avaliação do conhecimento geral dos ACS sobre saúde bucal e principais doenças bucais. Apresentação da palestra por meio de Datashow , com o tema “ Saúde bucal por meio do ciclo de vida do indivíduo, finalizando com complementação de perguntas e dúvidas apresentadas pelos ACS.

O segundo módulo foi apresentado no dia 22/07/2011, com apresentação, dinâmica com o grupo, e distribuição de questionário sobre o módulo anterior ( Apêndice I), realizamos a apresentação da fita de vídeo Mensagens de uma Equipe, entrega dos questionários e comentários sobre a palestra e o filme.

O terceiro módulo realizamos no dia 18/08/2011, formação de grupos e apresentação de fichas para o cadastramento e entrevista domiciliar, realizada apresentação em slides sobre as atribuições dos ACS sobre saúde bucal, a enfermeira enfatizou o desenvolvimento de todos como equipe e a importância da conscientização e

colaboração de todos, aplicação do instrumento de avaliação em forma de questionário ( Apêndice 2).

O quarto módulo realizado no dia posterior ao terceiro módulo, devido as intensas atividades do grupo, sendo então no dia 19/08/2011, formação de grupos, debate com o tema “Como Promover o Acesso do Usuário a Assistência Odontológica na ESF”, foi desenvolvida com o grupo encenações divididas em três fases: 1 a Captação do ACS no domicílio, 2 Problemática do acesso, 3 atendimento humanizado e resolutivo. A apresentação dos trabalhos foi filmada, fotografada e realizada no próprio local da capacitação, encerramento realizado com a distribuição dos certificados de conclusão do curso.

Todos os indivíduos que participaram da capacitação aprovaram a mesma e referiram maior segurança para o enfretamento de problemas apresentados durante as visitas domiciliares e maior entrosamento com os diversos profissionais da unidade de saúde.

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

Os resultados apresentados dizem respeito ao estudo realizo junto aos ACS, da ESF Santo Antônio.

De acordo com os dados sócio-situacionais, foram entrevistados 10 ACS, sendo

que 90% eram mulheres e 10% homens.

A maioria dos entrevistados eram casados ( 50%), união estável (30%) e 10%

solteiro, religião (30%) católicos e (70%) evangélicos.

Dos entrevistados apenas 10% estudam atualmente.

Tabela 1 – Dados sócio-situacionais apresentados no primeiro módulo, Deodápolis – MS,

2011.

O ACS como uma de suas atribuições é o da promoção da saúde, participando

na área de abrangência, através do trabalho educativo, do estímulo e da participação da

comunidade, focando a qualidade de vida sempre. Ao notar as necessidades de

atualizações em alguns conteúdos, pois alguns trabalham há muito tempo e precisavam de

atualizações principalmente sobre saúde bucal. (FILHO, 2002).

A capacitação proposta para o agente comunitário de saúde reforçava a atividade assistencial, apesar de estar constantemente confrontado com situações de desigualdade social e ausência de direitos, para as quais a área de saúde não tem um saber sistematizado nem instrumentos adequados de trabalho e gerência. Nestes casos, seu desempenho não dependia da apropriação do saber dos demais membros da equipe, e sim do senso comum, de Deus e até mesmo dos recursos das famílias e da comunidade. (SILVA, DALMASO, 2002).

De acordo com Pedrosa & Telles (2001), a capacitação compreende o

treinamento introdutório para o trabalho com orientações que proporcionam a integração

entre os membros da equipe e organização do trabalho. Muitas vezes, o treinamento não

acrescenta novidades e não é suficiente para introduzir o trabalho por não oferecer

visualização mais prática.

A capacitação mesmo com as orientações sobre territorialização, trabalho em

equipe, atividades atribuídas a cada membro, pode não ser suficiente porque não permite

a compreensão exata de como funciona o Programa, devendo a capacitação acontecer

antes de se estruturar a equipe, mas só com o trabalho diário que irá acrescentar novas

experiências e conhecimento para a equipe.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se pela literatura que o trabalho em equipe é a base para ações integrais na saúde e para atender com qualidade as necessidades dos usuários de acordo com cada situação e experiência já adquirida.

A equipe de saúde da ESF tem o compromisso de promover a saúde e elevar a qualidade de vida da população, não só com intervenções epidemiológicas e sanitárias, mas considerando o contexto biopsicossocial do ser humano.

A equipe presta assistência integral, efetiva, contínua e com qualidade, considerando a perspectiva da família, por meio de abordagem interdisciplinar, planejamento de ações, organização do trabalho, compartilhamento das decisões.

Os resultados do presente de trabalho mostraram que a capacitação realizada para os ACS sobre saúde bucal é algo que deve ser priorizado, pois através dela é que teremos condições de fazer uma prevenção das doenças bucais. Os ACS irão trabalhar como multiplicadores de informações sobre a saúde bucal das pessoas. Tivemos a preocupação de preparar aulas teóricas e práticas para os mesmos, buscando ajudá-los na divulgação das doenças orais que são acometidas pela má higiene bucal. Em decorrência da tamanha necessidade de uma educação em saúde por parte da população, que procuramos a integração com a Secretaria de saúde e em conjunto realizar essa Capacitação e através de uma abordagem humanística, mais próxima da realidade social que grande parte dos problemas de doença de cárie acometem as populações poderão ser minimizados.

Podemos concluir que o trabalho proposto: possuí estratégias educativas e motivacionais simples, de baixo custo, portanto podem ser aplicadas à realidade da comunidade, tem proporcionado aos ACS um bom nível de conhecimento sobre saúde bucal, propiciando uma participação mais ativa junto à população.

APÊNDICES

APÊNDICE 1

Primeiro questionário respondido no 2º encontro.

APÊNDICE 2

2 QUESTIONÁRIO RESPONDIDO NO FINAL DO CURSO

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