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FIOCRUZ UNIDADE CERRADO DO PANTANAL/UFMS UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL LEIDE ESPÍNDOLA CONVENTA HIPERTENSÃO ARTERIAL UM PROBLEMA NA SAÚDE DO PSF RURAL DO MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DO OESTE/MS PÚBLICA UMA REVISÃO DE LITERATURA 1

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FIOCRUZ UNIDADE CERRADO DO PANTANAL/UFMSUNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL

LEIDE ESPÍNDOLA CONVENTA

HIPERTENSÃO ARTERIAL UM PROBLEMA NA SAÚDE DO PSF RURAL DO MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DO OESTE/MS PÚBLICA UMA REVISÃO DE LITERATURA

São Gabriel do Oeste/MS

2011

LEIDE ESPÍNDOLA CONVENTA1

HIPERTENSÃO ARTERIAL UM PROBLEMA NA SAÚDE DO PSF RURAL DO MUNICIÍPIO DE SÃO GABRIEL DO OESTE/MS

PÚBLICAUMA REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em. Atenção Básica em Saúde da Família, apresentada à Banca Examinadora da FIOCRUZ – Unidade Cerrado Pantanal Profª/Tutora Beata Catarina Langer.

São Gabriel do Oeste/MS2011

LEIDE ESPÍNDOLA CONVENTA

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DEDICATÓRIA

Dedico esta conquista a minha tutora Beata, que se não fosse por seu imenso apoio e esforço, não estaria este trabalho e curso concluídos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS, pelas oportunidades de crescimento

moral, espiritual, intelectual e profissional, por sua presença em todos os

momentos de minha vida.

E com certeza, mais uma vez, agora em forma de agradecimento á

minha tutora Beata Catarina Langer, pelos conselhos, apoio, disposição e

perseverança sobre minha pessoa.

Aos meus colegas: Rafael Palhares, Ana Alice e Frederico Brait, que me

incentivaram com palavras de apoio e nas tarefas e por todos os momentos

que passamos juntos na especialização.

A toda equipe de multiprofissionais envolvida no Sistema HIPERDIA, do

PSF Rural no município de São Gabriel do Oeste.

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“Toda melhoria que realizamos em

nós, É melhoria na estrada que

somos chamados a percorrer”.

ANDRÉ LUIZ.

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SUMÁRIO

1. Introdução....................................................................................................2. Justificativa.................................................................................................3. Hipertensão arterial....................................................................................3.1 A epidemiologia da hipertensão arterial...................................................3.2 HA como fator de risco para as doenças cardiovasculares. ...................3.3 Fatores de risco para HA e as medidas de controle................................3.3.1 Controle de peso.................................................................................. 3.3.2 Adoção de hábitos alimentares saudáveis............................................3.3.4 Abandono do Tabagismo......................................................................3.3.5 Prática de Atividade Física Regular.....................................................3.4 Hipertensão em população especiais da área de unidade de saúde da família VII - zona rural...................................................................................3.4.1 Negros e miscigenados........................................................................3.4.3 Crianças e Adolescentes......................................................................3.4.4 Anticoncepcionais ou Terapia Hormonal com Estrogênios..................3.4.5 Obesidade.............................................................................................3.4.6 Diabetes Mellitus...................................................................................3.4.7 Dislipidemia...........................................................................................3.4.8 Acidente Vascular Cerebral..................................................................3.4.9 Doença Arterial Coronariana................................................................3.4.10 Insuficiência Cardíaca........................................................................3.4.11 Doença Renal Crônica.......................................................................3.5 Inserções da HA no Campo da Saúde....................................................3.6 HA sob a Ótica das Necessidades de Saúde..........................................3.7 HA e o Programa da Saúde da Família -PSF..........................................3.8 Educação e Saúde e a HÁ.......................................................................3.9 Avaliação e resultado do programa H A...................................................4. Objetivo......................................................................................................5. Estratégia..................................................................................................6. Município de São Gabriel do Oeste...........................................................6.1 Caracterizações do município.................................................................6.1.1 Histórico................................................................................................6.1.2 Aspecto demográfico.............................................................................6.1.3 Dinâmica populacional..........................................................................

8101313141820212223

2525262627272828282929303134363941434848485252

6.1.4 Aspectos gerais – Infra- estrutura........................................................ 536.1.4.1 Água e saneamento...........................................................................6.1.5 Coleta de lixo..........................................................................................7. Rede de atendimento..................................................................................7.1 Unidades de saúde....................................................................................7.2 Redes hospitalar........................................................................................7.2.1 Hospital municipal José Valdir Antunes de Oliveira................................7.2.2 Unidade hospitalar de atendimento especializado...................................7.2.3 Rede de privado.......................................................................................7.2.3.1 Hospital São Francisco........................................................................

535354545555555656

6

8. Estrutura da secretária municipal de saúde.................................................8.1 PSF rural....................................................................................................9 Conclusão......................................................................................................10 Referência....................................................................................................

56596061

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem uma razão especial de ser. Ele responderá

questões básicas para uma resolutividade maior no tratamento de pessoas

com problema de HA.

Fator que preocupa os gestores de saúde, pois é o responsável

pela equipe que atua diretamente nesse grupo de pessoas, fazendo com que

esse grupo passe a desenvolver atividades que antes o agravo limitava.

Os aspectos psicológicos, espirituais, sociais e físicos do ser

humano devem ser levados em consideração não somente a doença

diagnosticada. As reações de uma pessoa inteira passam a ser o foco e estas

refletem as experiências vivenciadas no contexto familiar, social e individual.

No processo de restabelecimento do paciente, a educação em saúde tem um

papel importante.

A falta, muitas vezes de um suporte teórico dos profissionais que

atuam nesta área, sempre foi questionada, pois a prática costumeira era de

realizar somente a interação medicamentosa nas unidades e orientações

individuais no momento da consulta médica.

Com o advento do Programa de Controle da HA – HIPERDIA

traçaram-se planos estratégicos de acordo com as necessidades identificadas

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pelo paciente. Dessa forma, desenvolveu-se então um trabalho de educação

em saúde com a população de baixo poder aquisitivo da área de abrangência

da Unidade de Saúde da Família VII, Zona Rural de são Gabriel do Oeste.

Observou-se, no entanto que apesar da Unidade de Saúde oferecer

a medicação, ter um médico, uma enfermeira, o acompanhamento dos ACS,

palestras normais do programa, a hipertensão ocupa o primeiro lugar de

atendimento de urgência e emergência, o que já havia sido constatado antes

da implantação do programa.

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JUSTIFICATIVA

Este estudo foi desenvolvido como revisão de literatura sobre

hipertensos, da área de abrangência da Unidade Básica da Saúde da Família

VII – Zona Rural, de São Gabriel do Oeste, Estado de Mato Grosso do Sul, e

avaliou o resultado do Programa de Controle de Hipertensão Arterial – HA,

junto aos pacientes hipertensos desta unidade, quanto à adoção de estilo de

vida saudável favorável à saúde pelo hipertenso.

A avaliação de quaisquer programas de saúde é fundamental para

desenvolver de forma consistente e realista estratégias políticas para que

alcancem resultados eficientes para os indivíduos que são alvos dos mesmos.

A preocupação com a HA decorre da importância que ela contribui

para a morbi-mortalidade das doenças cardiovasculares, doenças essas que

quando não são mortais levam, com freqüência a invalidez parcial ou total do

indivíduo com graves repercussões para ele e sua família e onerando a própria

seguridade social.

Constatamos que a HA:

a) Aumenta sete vezes o risco de acidente vascular cerebral;

b) O risco de infarto do miocárdio é três vezes maior;

c) É a causa mais comum de insuficiência cardíaca;

10

d) Associa-se em 60 á 80% com aneurismas.

Dentre os fatores de risco cardiovasculares, a HA é um dos mais

importantes, afetando quase 20% da população acima de 20 anos ( BRASIL,

1999 a; OLIVEIRA, 2000; POLLOCK; WILMORE, 1993).

Doenças cardiovasculares são aquelas que acometem o aparelho

circulatório e vêem representando a primeira causa mortis na grande maioria

dos paises desde primeira metade do século passado ( CHOR, 1999).

Para compreender melhor sobre o que vem a ser HA, convém definir

Pressão Arterial (PA). PA é a pressão exercida pelo sangue na parede dos

vasos sanguíneos, ela é o produto do débito cardíaco versus a resistência

vascular periférica.

Na busca de soluções para o problema, em face da importância que

a hipertensão arterial assume dentre as doenças cardiovasculares a Divisão

Nacional de Doenças Crônico-degenerativas o Ministério da Saúde elaborou o

Programa Nacional de Controle da Hipertensão Arterial.

A grande dificuldade é que na maioria das vezes o programa é

implantado na unidade sem que ocorra o aumento de funcionários, sem

material suficiente para as atividades educativas e em alguns casos a falta de

medicamentos e de espaço suficiente para a realização das atividades

inerentes ao programa. Por muitas vezes fazendo que o programa se resuma a

verificação da PA e consulta médica, não sendo possível realizar o

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acompanhamento e a evolução desses pacientes e nem fazer um trabalho de

educação em saúde adequado.

Não se pode negar o esforço do Ministério da Saúde em acabar com

o modelo tradicional, formulando novas estratégias para atender ao setor na

área da atenção à saúde, buscando a reorientação do modelo assistencial

praticado nesses serviços.

Entre esses esforços destaca-se o Programa de Saúde da Família

(PSF) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que buscam medidas

simples e racionais para ampliar o acesso da população aos cuidados básicos

de saúde.

Para a efetiva mudança do modelo assistencial faz-se necessário

uma reorganização do processo de trabalho de todos os profissionais de

saúde, com o acolhimento do cliente, através da escuta qualificada, com o

compromisso de identificar as reais necessidades de saúde e propor soluções

e criar vínculo com o cliente (FRANCO. MERHY, 199).

A garantia de saúde à população é tarefa de todas as áreas de

governo e da sociedade. Segundo VERAS (1988) é necessário um contínuo

diálogo entre a equipe de saúde e a comunidade para que as atividades

desenvolvidas tenham êxito. Já que estes fatores que estão ligados aos

aspectos externos, aos serviços, tais como fatores econômicos, sociais e

culturais (PINHEIRO; CAMARGO JUNIOR, 2000).

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3. HIPERTENSÃO ARTERIAL GERAL

3.1 A epidemiologia da hipertensão arterial;

A HA é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo.

Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de

doenças cardiovasculares, cérebro vascular e renal, sendo responsável pelo

menos por 40% das mortes por doença coronarianas e, em combinação com a

diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. Com o critério atual do

diagnóstico da HA. (PA 140/90 mmHg), a prevalência urbana adulta brasileira

varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade. A principal relevância da

identificação e controle da HA reside na redução das suas complicações tais

como:

Doença cérebro-vascular;

Doença arterial coronariana;

Insuficiência cardíaca;

Doença renal crônica;

Doença arterial periférica.

Os profissionais de saúde da rede básica têm importância primordial

na estratégia de controle da HA, quer na definição do diagnóstico clínico e da

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conduta terapêutica, quer nos esforços requeridos para informar e educar o

paciente hipertenso como fazê-lo seguir o tratamento.

É preciso ter em mente que a manutenção da motivação o paciente

em não abandonar o tratamento é uma batalha árdua que o profissional de

saúde enfrenta diariamente em relação ao paciente hipertenso. Outro fator

complicador é que o paciente hipertenso apresenta também outras morbidades

como diabetes, dislipidemia e obesidade, o que traz implicações importantes

nos termos de gerenciamento das ações terapêuticas necessárias para o

controle eficaz das condições crônicas, cujo tratamento exige perseverança,

motivação e educação continuada.

3.2 HA como fator de risco para as doenças;

A preocupação com a HA decorre da importância que ela contribui

para a morbi-mortalidade das doenças cardiovasculares, doenças essas que

quando não são mortais levam, com freqüência a invalidez parcial ou total do

indivíduo com graves repercussões para ele e sua família e onerando a própria

seguridade social .

Constatamos que a H A:

e) Aumenta sete vezes o risco de acidente vascular cerebral;

f) O risco de infarto do miocárdio é três vezes maior;

g) É a causa mais comum de insuficiência cardíaca;

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h) Associa-se em 60 á 80% com aneurismas.

Doenças cardiovasculares são aquelas que acometem o aparelho

circulatório, tais como acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca,

cardiopatia isquêmica, entre outras. Essas doenças vêm representando a

primeira causa mortes na grande maioria dos paises desde a primeira metade

do século passado.

A mortalidade causada pelas doenças cardiovasculares cresce

progressivamente com a elevação da faixa etária, sendo a mais atingida a

população que têm acima de 50 anos de idade, mesmo assim representa o

percentual de 20% dos óbitos de adultos jovens entre 20 a 49 anos, o que nos

leva a crer que é um grave problema de saúde pública.

Os fatores de risco não devem ser confundidos com o conceito de

causa oriunda das doenças infecciosas. A importância de um destes fatores na

determinação da doença, bem como a possibilidade de modificá-la deve ser

avaliada considerando a força de associação dos mesmos e a prevalência dos

casos.

Para compreender melhor sobre o que vem a ser HA, convém definir

Pressão Arterial (PA). PA é a pressão exercida pelo sangue na parede dos

vasos sanguíneos, ela é o produto do débito cardíaco versus a resistência

vascular periférica. A HA vem a ser a síndrome caracterizada pela presença

de níveis elevados desta pressão. Tanto no débito cardíaco quanto no

periférico, que podem ser influenciados por vários fatores que vão interferir nos

níveis pressóricos, que podem levar a HA.

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HA é definida como pressão arterial sistólica maior ou igual 140

mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg em

indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva.

O quadro abaixo apresenta a pressão arterial para adultos com mais

de 18 anos. Os valores limites de pressão arterial para crianças e adolescentes

de 01 a 17 anos constam de tabelas especiais que levam em consideração

idade e o percentil de altura em que o indivíduo se encontra.

Quadro 01- Classificação da pressão arterial em adultos

Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg)

Normal < 120 < 80

Pré-hipertensao 120-139 80-89

Hipertensão

Estágio 1 140-159 90-99

Estágio 2 >= 160 >= 100

Fonte: Cadernos 7 da Atenção Básica de HA / 2006

O valor mais alto da sistólica ou diastólica estabelece o estágio do

quadro hipertensivo.

Quando as pressões sistólicas e diastólicas situam-se em categorias

diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação do estágio.

A fisiopatologia da hipertensão dos casos, esta longe de ter uma

definição clara. Em torno de 90 % dos casos o diagnóstico é de hipertensão

essencial ou idiopática, ou seja, são de origem desconhecidas. Ela pode ser

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resultado de fatores genéticos, de uma dieta com altos teores de sódio, da

obesidade, da inatividade física, do estresse psicológico, de uma combinação

desses fatores, ou de outros ainda a serem conhecidos ou determinados.

A hipertensão essencial é desencadeada por um processo

multifatorial que inclui:

Fatores genéticos: a hereditariedade comum;

Mecanismos neuro-humorais: possível insensibilidade dos

barorreceptores à hipertensão,

Fator eletrolítico: o mecanismo da bomba de sódio e sua

participação na potencializarão de reatividade vascular;

Esteróides: os minerais, corticóides têm importante

participação na regulação do metabolismo de sódio;

Auto-regulação: a existência de um fator intrínseco

participando do mecanismo de vaso constrição;

Reações imunológicas: o vaso constrição prolongada e

significativa leva a necrose arterial glomerular e esta a uma

reação auto-imune, que age na resistência vascular periférica;

Sistema renina-angiotensina: produz variações no volume

homeostático e na atividade vaso constritor.

As complicações da hipertensão podem ser a encefalopatia

hipertensiva, acidente vascular cerebral: hemorrágico, isquêmico,

arterosclerótico; hipertrofia ventricular esquerda (coração); edema agudo do

pulmão e insuficiência cardíaca. O desenvolvimento da insuficiência cardíaca é

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em geral, devido a superposição de isquemia miocárdica em coração já

atrofiados pela sobre carga pressórica.

Outras complicações: nefropatia hipertensiva, retinopatia

hipertensiva, infarto agudo do miocárdio, aneurisma e doença vascular

periférica.

3.3 Fatores de riscos para a HA e as medidas de controle

No caso específico da HA as medidas para a normalização dos

níveis de pressão, objetivo do tratamento, implicam modificação no estilo de

vida, ou seja, buscam a neutralização dos fatores de risco. E assim, o objetivo

da ação da saúde que era remediar a doença, ganha um novo objetivo: a

prevenção e o controle dos fatores de risco.

As medidas de controle de HA que podem ser adotadas são

chamadas de medidas higiênico-dietéticas, quais sejam:

Abolição do tabagismo;

Abolição ou redução do consumo de bebidas alcoólicas;

Dieta adequada ou mudança de hábitos alimentares;

Redução da ingestão do sal;

Redução do peso corporal nos obesos;

Realização de exercícios físicos aeróbicos;

Diminuição do estresse;

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Redução de ingestão de gorduras (ácidos graxos e colesterol);

Aumento do teor de fibras na alimentação.

O tratamento não medicamentoso da HA está indicado para todos os

pacientes hipertensos. Ressalta-se que, os hipertensos com PA diastólicas

menores que 104 e sem lesões de órgãos, podem ser tratados unicamente

com medidas higiênico-dietéticas (BRASIL, 1993: COOPER, 1987; COOPER,

1991). “O tratamento medicamentoso, para esses pacientes, só estará indicado

caso aquelas recomendações não se mostrem eficazes ao fim de seis meses

ou apareçam lesões em órgãos-alvo” (BRASIL, 1993, P. 157). É importante

conhecer como essas medidas podem estar controlando a pressão arterial e a

maneira adequada de praticá-las.

3.3.1 Controle de Peso

O excesso de peso é um fator predisponente para a hipertensão.

Estima-se que 20% a 30% da prevalência da hipertensão podem ser

explicadas pela presença do excesso de peso. Todos os hipertensos com

excesso de peso devem ser incluídos em programas de redução de peso. A

meta é alcançar um índice de massa corpórea (IMC) inferior a 25 Kg/m² e

circunferência de cintura inferior a 102 com para os homens e 88 cm para as

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mulheres, embora a diminuição de 5% a 10% de peso corporal inicial já seja

capaz de produzir redução da pressão arterial.

Independentemente do valor de IMC, a distribuição de gordura, com

localização predominantemente no abdome, está freqüentemente associada à

insulina e elevação da pressão arterial. Assim, a circunferência abdominal

acima dos valores de referência é um fator preditivo da doença cardiovascular.

A redução da ingestão calórica leva à perda de peso e à diminuição da pressão

arterial, mecanismo explicado pela queda da insulinêmica, redução da

sensibilidade ao sódio e diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo

simpático. (BRASIL, p. 25; 2006).

A obesidade segundo BEVILÁQUA et al (1993), atua sobre diversas

doenças das seguintes maneiras:

Aumentando sua incidência (estas são mais suscetíveis a

determinadas moléstias);

Aumentando a severidade da própria doença;

Aumentando o número e a severidade das complicações da

doença;

Aumentando o número e a intensidade dos sintomas

causados pela doença.

BEVILÁQUA et al (1993, p. 1993), ainda afirma que a obesidade é

um fator agravante da HA ao declarar que, entre as doenças que podem ser

agravadas pela obesidade, incluímos diabetes mellitus, a doença vascular

hipertensiva, aterosclerose e varizes de membros inferiores”.

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3.3.2 Adoção de hábitos alimentares saudáveis

A dieta desempenha um papel importante no controle da HA. Uma

dieta com conteúdo reduzido de teores de sódio (< 2,4g/dia, equivalente a 6

gramas de cloreto de sódio), baseada em frutas, verduras e legumes, cereais

integrais, leguminosas, leite e derivados desnatados, quantidade reduzida de

gorduras saturadas, trans e colesterol mostrou ser capaz de reduzir a pressão

arterial em indivíduos hipertensos. (BRASIL, p. 25; 2006).

A dieta rica em proteínas não é limitada ao hipertenso, a menos que

haja comprometimento da função renal. Pode fazer uso da proteína vegetal,

principalmente da soja, que ainda ajuda na redução do nível de colesterol.

3.3.3 Redução de consumo e bebidas alcoólicas

A relação entre o alto consumo de bebida alcoólica e a elevação da

pressão arterial tem sido relatada em estudos observacionais e a redução de

álcool pode reduzir a pressão arterial em homens normotensos e hipertensos

que consomem grandes quantidades de bebidas alcoólicas. Recomenda-se

limitar a ingestão de bebida alcoólica a menos de 30 ml /dia de etanol para

homens e a metade dessa quantidade para as mulheres, preferencialmente

com as refeições. Isso corresponde, para o homem a ingestão diária de no

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máximo 720 ml de cerveja (uma garrafa); 240 ml de vinho (uma taça) ou 60 ml

de bebida destilada (uma dose). Aos pacientes que não conseguem se

enquadrar nesses limites de consumo sugere-se o abandono do consume de

bebidas alcoólicas. (BRASIL, p. 26; 2006).

O consumo de álcool pode levar a miocardiopatia alcoólica,

caracterizada pelo declínio da função miocárdica, com progressiva hipertrofia e

dilatação das câmaras cardíacas. A hipertensão também causa hipertrofia do

miocárdio, e deste modo, o uso do álcool acaba agravado o quadro do

cardiopata.

3.3.4 Abandono do Tabagismo

O risco associado ao tabagismo é proporcional ao número de

cigarros fumados e à profundidade da inalação. Parece ser maior em mulheres

do que em homens. Em avaliação por MAPA, a PA sistólica de hipertensos

fumantes foram significativamente mais elevados dos que os não fumantes,

revelando o importante efeito hipertensivo transitório do fumo, portanto, os

hipertensos que fumam, devem ser repetidamente estimulados a abandonar

esse hábito por meio de aconselhamento e medidas terapêuticas de suporte

especificas. (BRASIL, p. 27; 2006).

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O Ministério da Saúde recomenda que sejam implementadas ações

que levem o paciente fumante a deixar de fumar. (BRASIL, 1993). Os estudos

de POLOCK E WILMORE (1993) demonstram dados sobre os efeitos do

tabagismo.

O risco e a freqüência dos ataques cardíacos são maiores

entre os tabagistas, aumentando de acordo com o número de

cigarros fumados;

O número de ataques cardíacos é inferior entre aqueles que

pararam de fumar em comparação com os que ainda fumam;

Foram identificados mecanismos que relacionam os

componentes do tabagismo à lesão arterial, com subseqüente

desenvolvimento de arteriosclerose.

3.3.5 Prática de Atividade Física Regular

Os exercícios físicos para o controle da HA e prevenção de

complicações devem ser baseados nos movimentos de baixa ou média

intensidade e de longa duração. Os exercícios devem ser aeróbicos, que

incluam as caminhadas, corridas, natação e andar de bicicleta.

A recomendação da atividade física baseia-se no parâmetro de

freqüência, duração, intensidade e modo de realização. Portanto a atividade

física realizada pelo menos 30 (trinta) minutos, de intensidade moderada na

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maior parte dos dias da semana (cinco) de forma contínua e acumulada. A

orientação deve ser clara e objetiva. As pessoas devem incorporar atividades

rotineiras como: caminhar, subir escadas, realizar atividades domésticas

dentro e fora de casa. Optar sempre que possível pelo transporte ativo nas

funções diárias, que envolvam 150 minutos/semana (equivalente a 30 minutos

realizados em 5 dias da semana). (O efeito da atividade de intensidade

moderada realizada de forma acumulada é o mesmo daquela realizada de

maneira contínua, isto é 30 minutos podem ser realizados em uma única

sessão ou em duas sessões de 15 quinze) minutos (manhã e tarde) ou ainda,

em três sessões de dez minutos (manhã, tarde e noite).

De forma prática, a atividade física moderada é aquela que pode ser

mantida a conversação. Por exemplo, uma caminhada com passo acelerado,

com a percepção de aumento de freqüência cardíaca e respiratória, sem

impedir a possibilidade de diálogo com outras pessoas. Isso quer dizer

atividade não pode ser fatigante, pois deixaria de ser moderada e passaria a

ser intensa (BRASIL, p. 27; 2006).

A participação em qualquer programa de exercícios exige atenção a

uma série de fatores, tais como calçados e vestimentas, as fases de

aquecimento e resfriamento do corpo, cuidados com os fatores ambientais

como calor, frio e umidade, que, se não respeitadas podem colocar o pacientes

em situações desagradáveis e até de riscos. É importante receber orientação

para a realização adequada dos exercícios, pois os exercícios podem variar de

acordo com a idade e o sexo.

24

3.4 Hipertensão em populações especiais da área de abrangência

da unidade de saúde da família VII – zona rural;

3.4.1 Negros e miscigenados

Nos negros, a prevalência e a gravidade da hipertensão são maiores,

o que pode estar relacionado a fatores étnicos e/ou socioeconômicos. Em

nosso país predominam os miscigenados, que podem diferir dos negros quanto

às características da hipertensão. Não há evidencias de ações diferenciadas da

medicação entre esta população (BRASIL, p. 33; 2006).

3.4.2 Idosos

Estima-se que pelo menos 65% da população dos idosos brasileiros

são hipertensos. A maioria apresenta elevação isolada ou predominante

sistólica, aumentando o pulso, que mostra forte relação com eventos

cardiovasculares. Para o tratamento deste grupo além da estratificação do risco

é necessária a avaliação de comorbidades e do uso de medicamentos. O

objetivo do tratamento é a redução gradual da pressão para níveis abaixo de

140/90mmhg. Em alguns pacientes é difícil reduzir a pressão, mesmo com

adesão do paciente ao programa.

Estudos mostram que o tratamento da hipertensão nos idosos reduz

a incidência do déficit cognitivo. Hipertensos com mais de 80 anos e com

cardiopatia associada devem ser tratados. Por outro lado à terapia 25

medicamentosa de idosos com mais de 80 anos e sem comorbidades

cardiovasculares está sob investigação (BRASIL, p. 33; 2006).

3.4.3 Crianças e Adolescentes

Prevalência da HA em crianças e adolescentes pode variar de 2% a

13%, sendo obrigatória a medida anual da PA a partir dos três anos de idade.

Alem da avaliação habitual em consultório é necessária a medida rotineira no

ambiente escolar.

Atenção especial deve ser dada a essa faixa etária, pois quanto mais

alto for o valor da PA e mais jovem for o paciente maior será a possibilidade de

a HA ser secundária com maior prevalência das causas renais (BRASIL, p. 34;

2006).

3.4.4 Anticoncepcionais ou Terapia Hormonal com Estrogênios

A hipertensão e duas ou três vezes mais comum nas usuárias de

anticoncepcionais orais, sobretudo entre as mais idosas e obesas. Em

mulheres acima de 35 anos e fumantes, o anticoncepcional oral está contra

indicado. O aparecimento da HA durante o uso desse medicamento impõe a

interrupção imediata da medicação, o que em geral, normaliza a pressão

arterial em alguns meses (BRASIL, p. 34; 2006).

26

3.4.5 Obesidade

A HA e obesidade, em especial a obesidade central, com acúmulo de

gordura visceral, frequentemente associados à dislipidemia, intolerância, e

glicose, compõe a chamada síndrome metabólica, que é acompanhada de

resistência à insulina e hiperinsulinêmica. Reduzir o peso em 5%, restrição

dietética e prática de exercícios físicos são fundamentais para o controle

pressórico além de atuar favoravelmente sobre a tolerância à glicose e o perfil

lipídico (BRASIL, p. 34; 2006).

3.4.6 Diabetes Mellitus

A prevalência em diabéticos e pelo menos duas vezes maior do que

na população em geral. Em razão de uma possível disautonomia, a pressão

arterial em diabéticos deve ser medida nas posições deitada, sentada e em pé.

Na diabete tipo 1 a HA se associa a neuropatia diabética e o controle de

hipertensão é crucial para retardar a perda da função renal. No diabetes tipo 2,

a HA se associa a resistência da insulina e ao alto risco cardiovascular.

Estudos revelam a necessidade da redução da HA sobre a morbi-mortalidade

cardiovascular e as complicações micro vasculares relacionados à diabetes.

Recomenda-se manter a pressão a níveis inferior a 130/80 mmHg e a 125/75

mmHg, caso haja proteinúria maior que 1g/24 horas. Não há restrição de

medicamentos hipertensivos ao diabético. Os diuréticos, no entanto devem ser

usados em baixas doses (BRASIL, p. 34; 2006).

27

3.4.7 Dislipidemia

É freqüente a associação da dislipidemia com a HA, junta

representam mais de 50% do risco atribuído a doença arterial coronariana. A

abordagem não medicamentosa, com modificação do estilo de vida, cuidados

alimentares, a redução de peso e exercícios físicos regulares é obrigatória

(BRASIL, p. 35; 2006).

3.4.8 Acidente Vascular Cerebral

O tratamento com inibidores, diuréticos, beta bloqueadores é

benéfico para a prevenção primária do acidente vascular cerebral – AVC. A

diminuição da PA deverá ser gradual e cuidadosa em idosos com AVC ou com

ataque isquêmico transitório – AIT, ou que apresentam estenose ou oclusão

das artérias cervicais ou intracranianas, pelo risco de perfusão cerebral. Após a

fase agudam o s hipertensos devem ser mantidos com níveis de pressão

inferiores a 140/90 mmHG (BRASIL, p. 35 2006).

3.4.9 Doença Arterial Coronariana

Em hipertensos com doença arterial coronariana objetiva-se o

controle gradual da PA a atingir níveis inferiores a 140/90mmHg. É fundamental

o controle de outros fatores de risco cem como o uso de ácido acetilsalisílico

(BRASIL, p. 35; 2006).

28

3.4.10 Insuficiência Cardíaca

A HA pode promover alterações estruturais no ventrículo esquerdo, com ou

sem isquemia coronária, contribuindo para o desenvolvimento de insuficiência

cardíaca com função sistólica preservada ou não.

Medidas não farmacológicas são muito importantes, como a redução

do sal e exercícios físicos. Os diuréticos devem ser usados para o controle da

HA e retenção líquida (BRASIL, p. 36; 2006).

3.4.11 Doença Renal Crônica

A HA é uma das principais causa de doença renal crônica – DRC no

Brasil. Nesses pacientes é fator de risco para a doença cardiovascular e

morbidade e mortalidade. Na época as necessidades de terapia renal

substitutiva - TRS, cerca de 80% ou 90% dos pacientes são hipertensos. A

principal ação para retardar a progressão é o controle rigoroso da PA.

A terapia anti-hipertensiva em paciente portadores de DRC visa:

Reduzir a pressão arterial pra níveis abaixo de 130/85mmhg;

Reduzir o risco cardiovascular;

Reverter ou limitar a progressão da doença renal, e;

Reduzir os níveis de proteinúria.

29

Nos pacientes com proteinúria acima de 1,0g/dia recomenda-se

atingir a pressão arterial abaixo de 125/75 mmHg, pois se observa uma menor

taxa de declínio da função renal. (BRASIL, p. 36; 2006).

3.5 Inserções da HA no Campo da Saúde

A utilização do conceito de campo de saúde definido por LALONDE

(1974) permite uma análise mais detalhada da hipertensão arterial. Os quatro

componentes que se integram e que condicionam o estado de saúde permitem

a identificação dos fatores de risco, possibilitando assim o planejamento da

intervenção, de modo a obter um melhor resultado da ação. Os componentes

são:

Biologia Humana: incluem os eixos relacionados com a saúde que

se manifestam no organismo como conseqüência da constituição orgânica da

pessoa, incluindo a herança genética, processos de amadurecimento e

envelhecimento, os sistemas orgânicos, contribuindo para doenças crônicas

como a diabetes, artrite e HA.

Meio Ambiente: inclui fatores externos ao indivíduo. Estes não

podem garantir por si mesmo a pureza dos alimentos, tampouco está em suas

mãos o controle da contaminação do ar e o ruído ambiental. O desemprego, o

meio de transporte inadequado causa estresse psicossocial. Lembrando

sempre que o estresse é um fator de risco para a HA.

30

Estilo de Vida: é o conjunto de decisões que o indivíduo toma em

relação a sua saúde e sobre a qual mantém certo controle. Sob esta ótica as

más decisões e os hábitos pessoais prejudiciais são riscos à saúde que tem

origem no próprio indivíduo. Na HA o estilo de vida contribui muito para o

controle ou não. Se a pessoa faz exercícios ou não, se alimenta

adequadamente ou não, etc. O engajamento do paciente no tratamento com

mudanças no estilo de vida é fundamental para a manutenção dos níveis

pressóricos no padrão de normalidade e estabelecimento da resistência

orgânica.

Organização dos Serviços de Saúde: consiste na qualidade e na

relação entre as pessoas e os serviços de saúde. Inclui a prática da medicina,

enfermagem, ação dos ACS, os medicamentos, etc. Há um gasto elevado no

tratamento das enfermidades e muitas vezes seriam possíveis prevenir, se a

causa da doença estiver nos componentes anteriores. Os serviços de saúde

estão se adequando para prestar assistência/atendimento as necessidades de

saúde destes indivíduos, voltando sua ações para a educação em saúde, para

tornar o indivíduo capaz de realizar seu auto cuidado.

3.6 HA sob a Ótica das Necessidades de Saúde

Coletivo, pois são resultados do estilo de vida de cada pessoa. Sua

condição de vida, sua historia e da comunidade a que pertence. Estas

necessidades podem ser definidas pelo momento que a pessoa estiver

vivendo. Sendo assim o hipertenso precisa saber o momento em que pode 31

realizar exercícios físicos, para As necessidades de saúde devem ser

compreendidas no campo individual e evitar danos e também ter acesso

facilitado ao pronto atendimento de uma Unidade de Saúde ou Hospital.

O vínculo entre os profissionais da equipe multidisciplinar e os

usuários do sistema precisa ser efetivo, fazendo assim uma ponte de acesso

às necessidades de saúde do outro. Nessa relação a busca do conhecimento e

compreensão da necessidade do indivíduo e o ouvir no sentido de perceber o

todo é imprescindível.

Do ouvir nasce um processo de educação, tanto ao indivíduo, quanto

do próprio educador. A educação em saúde passa a ser o instrumento para a

construção da autonomia sobre o seu modo de viver, podendo estar buscando

mais satisfatoriamente o atendimento de suas necessidades de saúde.

O usuário, ao procurar o serviço de saúde para resolver seu agravo,

precisa encontrar uma equipe que compreenda suas necessidades

apresentadas e, portanto necessita de um atendimento especifico. Essas

necessidades de saúde é que fazem com que o indivíduo sinta a presença do

agravo e procure os serviços de saúde para resolvê-lo.

Existem as necessidades de saúde sentidas, mas não exprimidas, ou

seja, o indivíduo sente que tem o problema de saúde, mas não procura os

serviços para resolvê-lo. Muitas vezes por razões diversas (dificuldade de

acesso, automedicação, negligência, tabus, falta de informação, etc.), não

32

recorrem ao serviço oferecido. Esses indivíduos precisam ser alcançados pelo

serviço de saúde, e a forma mais fácil é através da ação dos ACS e da Equipe

de Saúde da Família – ESF. Se o conceito de necessidade de saúde for

incorporado pela equipe, ela passará a “enxergar” e “ouvir” melhor, e assim se

abrirá inúmeras possibilidades de ação.

Há necessidades de saúde que não são sentidas, ou seja, apesar do

problema existir, o indivíduo não vê a alteração como um problema. Os

indivíduos, por terem crenças, vivenciam, valores diferenciados apresentam

percepções e enfrentam diferentemente o problema, às vezes por

desconhecimento da necessidade de se fazer exames periódicos para

detecção de câncer uterino. (TAMAKI, 1985: CHAVES, 1980).

A equipe de saúde, para compreender e atender adequadamente

deve conhecer o mundo do outro, para encontrar maneira de alcançar a

satisfação dessa necessidade.

O profissional de saúde precisa identificar as necessidades de saúde

nas suas mais variadas formas, conhecer a realidade da área de atuação,

identificando os fatores de risco, sinais e sintomas, promovendo a saúde com

trabalho voltado para a melhora de vida de sua população adscrita,

possibilitando a essa população maior autonomia na busca da qualidade de

vida.

33

Os pequenos atos do cotidiano dão perfil novo à assistência, quando

articulados entre os trabalhadores e os usuários da Unidade, onde os mesmos

são sujeitos de um mesmo processo, o de produção da saúde.

A educação em saúde visa essas necessidades de saúde, pois ela

quem dá o norte para o indivíduo realizar seu auto cuidado. Isso não implica

que o individuo será o único a ter o que fazer pela sua saúde, mas que com o

conhecimento adquiridos e apoio da equipe de saúde, poderá identificar suas

necessidades e procurar satisfazê-las.

3.7 HA e o Programa da Saúde da Família - PSF

Na busca pela solução de problema de saúde e em face da

importância que a hipertensão arterial assume dentre as doenças

cardiovasculares, a Divisão Nacional de Doenças Crônico Degenerativas do

Ministério da Saúde implantou o Programa HIPERDIA. O manual que orienta o

programa na Unidade de Saúde traz dados sobre a relevância da HA para a

saúde pública, técnicas de verificar a pressão, orientações sobre as mudanças

de estilo de vida, atividades educativas, orientações para as consultas médicas

e encaminhamentos a serem adotados pela equipe.

A grande dificuldade é que muitas vezes o programa é implantado na

unidade sem que haja aumento de funcionários, material educativo para

realizar as ações educativas, deficiência de espaço físico, demora na aquisição

34

de medicamentos. O que acarreta em simples consulta de verificação de

pressão e consulta médica, não sendo possível acompanhar devidamente a

evolução desses pacientes e nem o trabalho educativo adequado.

As dificuldades encontradas na implantação desse programas podem

decorrer da administração única e vertical e, desse modo, atravessam os

serviços de saúde de forma individualizada e desintegrada.

As ações do Ministério da Saúde têm sido importantes e marcadas

pela elaboração de programas voltados mais para as ações primárias de

prevenção. Em algumas cidades tem se mostrado pouco eficaz devido a não

adesão das Unidades de Saúde e dos próprios pacientes.

O conjunto de ações centradas no tratamento curativo ainda

prevalece, por sua capacidade de resolutividade na prevenção de danos

maiores, reduzindo a letalidade de algumas doenças, sem interferir no padrão

de ocorrência dessas doenças, além do alto custo desse modelo assistencial.

Os esforços do Ministério da Saúde em acabar com o modelo

tradicional, formulando novas estratégias para atender ao setor na área da

atenção à saúde, buscando uma reorientação do modelo assistencial praticado

nesses serviços.

Esta estratégia é o Programa Saúde da Família - PSF e o Programa

de Agentes Comentários de Saúde – PACS, que através de medidas simples e

35

racionais ampliam o acesso da população aos cuidados básicos de saúde,

além de instrumentalizar os indivíduos e a comunidade a realizarem o auto

cuidado e participar na avaliação da saúde e definição das necessidades e

prioridades de ação além de prover assistência médica e medicamentos. É

bem verdade que sempre se encontrará dificuldades para sua implementação,

tendo em vista a complexidade dos atores ali envolvidos.

Para a mudança do modelo assistencial faz-se necessário uma

reorganização do processo de trabalho dos profissionais de saúde, com o

acolhimento a o usuário, através da escuta qualificada, com compromisso de

identificar suas necessidades e propor soluções, a criatividade posta serviço do

outro e ainda a capacidade de estabelecer o vínculo. Por isso há a

necessidade que essa mudança se inicie na porta de entrada desse sistema, a

Unidade Básica de Saúde.

A garantia de saúde à população é tarefa de todas as áreas de

governo. É necessário, no entanto um diálogo entre a equipe e a comunidade

local para que se alcance êxito.

3.8 Educação e Saúde e a HA

“A educação em saúde engloba oportunidades conscientemente

construídas para o aprendizado, envolvendo alguma forma de comunicação

que objetiva aumentar o “analfabetismo em saúde”, incluindo o aumento de

36

conhecimento e o desenvolvimento de habilidades de vida que conduzam à

saúde individual e da comunidade” (SOUSA, 2001 a, p. 81).

O problema ou situação de saúde resulta de condicionantes que

exigem a contribuição de diferentes áreas de conhecimento, necessitando

interação da equipe multidisciplinar e do usuário na análise crítica de suas

causas, práticas e determinantes. Deve-se realizar uma busca conjunta de

alternativas e soluções para modificar essa relação e do ambiente em que elas

se dão.

A educação em saúde é a grande saída para a transformação da

realidade social da comunidade. Sendo necessário um planejamento, no qual

se realiza primeiramente o diagnóstico da situação de saúde, neste caso

analisa-se o número de hipertensos e o índice de mortalidade decorrente dele,

para que se possa controlar a pressão arterial. A ação deve ser planejada para

promover a saúde não só do hipertenso, mas de toda a população com fatores

de risco.

Deve-se, porém observar as causas e questioná-las: Por que as

pessoas sofrem desse mal? Qual o estilo de vida? Existem dificuldades

financeiras para se ter uma alimentação saudável? Falta conhecimento e

acesso as informações para a melhora da saúde? Após estas observações

verificar se o serviço oferece medicamento adequado ao agravo, atendimento

médico, de enfermagem, visita domiciliar pelos ACS e equipe multidisciplinar,

atividades educativas.

37

Conhecer os determinantes que motivam, estimulam, favorece,

possibilitam ou predispõe a prática, e os fatores epidemiológicos é que irão

traçar as ações educativas e decisão de mudança de hábitos do hipertenso.

É necessário ter em mente os seguintes elementos:

Educação

Conhecimento – olhar / ver

Compreensão – associar / reconhecer / relacionar

Sensibilização – sentir / acreditar / envolver-se

Decisão – analisar / julgar/ aceitar / habilitar

Esses elementos são importantes para compreender as passagens

que acontecem desde o contato com a informação até a tomada de decisão.

A sensibilidade é a fase onde a pessoa sente a importância daquele

assunto em sua vida, valoriza esse conhecimento adquirido e começa a

38

mobilizar-se para a tomada de decisão. Esta é à hora onde o conhecimento

adquirido é tido como verdadeiro e é aceito. Apesar de tomada a decisão, a

mudança pode não acontecer, pois os fatores externos podem impedir que

essas mudanças se efetivem.

Constantemente assiste-se a discussão sobre a elitização da cultura

e sobre o acesso do povo aos bens de cultura. Assim pode-se pensar na

cultura moderna, no poder político e neoliberalista. E em contraste percebe-se

uma dominação e a exclusão social que as camadas populares são

submetidas.

Ao estar atuando nessa realidade complexa não é possível educar

sem um diálogo adequado e sem estar aprendendo, sendo educado também

pelo meio. Essa forma contundente de relação entre o educador e o educando:

“o educador não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é

educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa.

Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em

que os ‘argumentos de autoridade’ já não valem” (PAULO FREIRE, 1979, P.

78).

3.9 Avaliação e resultado do programa H A

Na avaliação do programa de controle á hipertensão arterial ficou

concluída que sem um planejamento, um diagnóstico da situação de saúde do

39

paciente, um conhecimento do que o motiva, o estimula, os fatores

epidemiológicos e o que o possibilita a serem hipertensos não existem

condição de um tratamento.

Os idosos são os quem mais sofrem com a HA cerca de 65% da

população brasileira,no tratamento além da estratificação do risco é necessária

a avaliação de comorbidades e do uso de medicamentos.

Em crianças e adolescentes quando ocorrer a HA a atenção é

especial, pois os riscos de sem uma doença secundária com maior prevalência

das causas renais.

Os hipertensos com PA diastólicas menores que 104 e sem lesões

de órgãos, podem ser tratados unicamente com medidas higiênico-dietéticas

tornando mais simples o tratamento

Após examinar todos os casos que pode ocorrer à doença notou – se

que é necessário reeducar a população nos seus atos alimentares, em praticar

uma atividade física, assim dando o norte para o indivíduo realizar seu auto

cuidado, com o conhecimento adquiridos e apoio da equipe de saúde, poderá

identificar suas necessidades e procurar satisfazê-las.

Busca - se romper definitivamente com o modelo centrado no

conceito de saúde negativo, que entende saúde como ausência de doença,

para praticar um modelo de assistência baseado no conceito saúde como

qualidade de vida. Para isso é necessário empenho e paciência.

40

4 Objetivo

Ao identificar uma má qualidade de vida da população hipertensa, foi desenvolvido um programa de controle de hipertensão arterial em uma unidade básica de saúde do município de São Gabriel do Oeste.

Sendo a hipertensão desencadeada por diversos processos multifatorial sendo alguns:

Fatores genéticos: a hereditariedade comum; Mecanismos neuro-humorais: possível insensibilidade dos

barorreceptores à hipertensão; Esteróides: os minerais, corticóides têm importante participação na

regulação do metabolismo de sódio; Entre outros.

O profissional de saúde da rede básica tem importância primordial na

estratégia de controle da HA, quer na definição do diagnóstico clínico e da

conduta terapêutica, quer nos esforços requeridos para informar e educar o

paciente hipertenso como fazê-lo seguir o tratamento. O objetivo agora é a

prevenção e o controle dos fatores de risco. O controle de HA que podem ser

adotadas é chamado de medidas higiênico-dietéticas, quais sejam:

Abolição ou redução do consumo de bebidas alcoólicas; O

consumo de álcool pode levar a miocardiopatia alcoólica,

caracterizada pelo declínio da função miocárdica, com

progressiva hipertrofia e dilatação das câmaras cardíacas. A

hipertensão também causa hipertrofia do miocárdio, e deste

41

modo, o uso do álcool acaba agravado o quadro do

cardiopata.

Dieta adequada ou mudança de hábitos alimentares; A dieta

desempenha um papel importante no controle da HA. Uma

dieta com conteúdo reduzido de teores de sódio (< 2,4g/dia,

equivalente a 6 gramas de cloreto de sódio), baseada em

frutas, verduras e legumes, cereais integrais, leguminosas,

leite e derivados desnatados, quantidade reduzida de

gorduras saturadas, trans e colesterol mostrou ser capaz de

reduzir a pressão arterial em indivíduos hipertensos.

Redução da ingestão do sal;

Entre outros.

O tratamento não medicamentoso da HA está indicado para todos os

pacientes hipertensos. Ressalta-se que, os hipertensos com PA diastólicas

menores que 104 e sem lesões de órgãos, podem ser tratados unicamente

com medidas higiênico-dietéticas. “O tratamento medicamentoso, para esses

pacientes, só estará indicado caso aquelas recomendações não se mostrem

eficazes ao fim de seis meses ou apareçam lesões em órgãos-alvo”. É

importante conhecer como essas medidas podem estar controlando a pressão

arterial e a maneira adequada de praticá-las.

42

5 Estratégia Saúde da Família

O SUS vem romper com o modelo de atenção à saúde anterior, na

medida em que todos passam a ter direito de acesso aos serviços, onde o

controle social é possível através da garantia da participação popular; com uma

assistência de enfoque epidemiológico e voltado para a promoção à saúde.

Tal sistema único tem como objeto a saúde: não àquela definida

simplesmente pela ausência de doença com seus desdobramentos

hospitalocêntrico e medicocêntrico e subordinação à oferta de serviços. Mas a

saúde entendida como um requisito para o exercício pleno da cidadania e que

envolve individuo, coletivo e ambiente com todas as suas inter relações.

(ANDRADE, 2001, p. 164)

Apesar de estar amparado por lei, na prática ainda existem

resquícios do modelo assistencial médico-privatista, que tem como demanda

características principais da demanda espontânea com atenção a área

curativa e com programas e campanhas muitas vezes individualizadas e

desintegradas a realidade.

O PSF nasce então para mudar a estratégia e o modelo de

assistência à saúde na prática, tendo por base os princípios do SUS. A

atenção ao PSF é voltada à família, que é entendida como um todo dentro do

seu contexto físico e social, deixando de ser centrado no indivíduo, mas sim

na família como um todo para que seja saudável.

43

Essa visão permite a equipe perceber o processo saúde-doença e a

ver novos horizontes de ação que vão além da prática curativa.

O PSF busca romper definitivamente com o modelo centrado no

conceito de saúde negativo, que entende saúde como ausência de doença,

para praticar um modelo de assistência baseado no conceito saúde como

qualidade de vida. Para isso é necessário empenho e paciência.

A equipe do PSF precisa alcançar a população, para que ela

participe das ações de saúde direcionadas a ela, suas necessidades

compreendendo a importância de participar e garantir seus direitos e também

conhecer seus deveres.

O modelo centrado no médico, não eleva o nível de saúde da

população adscrita, pois visa somente o indivíduo e não o coletivo. No PSF a

equipe multidisciplinar precisa entender a princípio a importância de cada um

na equipe de acordo com a área de atuação do mesmo.

O contato com a realidade da comunidade atendida proporciona o

conhecimento da mesma e as formas de identificar as reais necessidades de

saúde da família/comunidade para atuação mais adequada e que permita

realmente elevar o nível de saúde.

44

Há necessidade de mudar a essência do PSF, a arquitetura foi

adequada ao novo modelo que atenda as necessidades reais das ações

educativas e preventivas de saúde.

Cada equipe é composta minimamente por um médico, um

enfermeiro, um ou dois auxiliares de enfermagem, um cirurgião dentista, um

auxiliar de consultório odontológico e até 07 ACS. O número estimado de

família para todos os ACS é de 150 (cento e cinqüenta) e para a equipe em

torno de 3.500 (três mil e quinhentos) pessoas.

Cada equipe tem uma área de atuação territorial definida e dividida

em micro áreas. A equipe como um todo tem atribuições específicas

determinadas pela portaria ministerial que institui o programa, dentre as quais

visitas domiciliares e ações educativas em grupos específicos. Estas ações

quando implantada retrata o diagnóstico real da população adscrita sendo

assim um trunfo para a mudança do modelo assistencial antes utilizado.

O programa conta com incentivos das esferas estaduais e federais,

para a promoção dessas mudanças.

O ACS é morador da área em que a equipe atua, passando a fazer

parte do sistema local de saúde.

As principais atribuições do ACS são:

Melhorar através de seu trabalho a capacidade da população

a cuidar de sua saúde, transmitindo conhecimentos e

45

proporcionando a ligação da comunidade com o serviço local

de saúde;

Fortalecer a ligação entre a equipe e a comunidade adscrita;

Garantir a integração com a equipe em que está inserido.

O melhor caminho para o ACS alcançar seus objetivo no trabalho é o

seu conhecimento com a comunidade na qual trabalha. Seu primeiro passo é

realizar o reconhecimento da população, através de levantamento detalhado

em cada domicílio e do cadastro das famílias.

No seu cotidiano ela irá acompanhar as modificações que ocorrerem

nos dados deste cadastro, que é atualizado mensalmente. Através do qual irá

saber onde requer maior atenção da equipe, quantas crianças, gestantes,

desnutridos, puerperais, idosos, portadores de necessidades especiais,

portadores de patologia dentre as quais a Hipertensão Arterial, objeto de nosso

estudo. Identifica também as condições de moradia, saneamento básico, coleta

de lixo, situação de trabalho e renda dos moradores.

As atribuições básicas dos ACS são:

1. Realizar e atualizar o cadastro das famílias;

2. Participar na realização do diagnostico demográfico, perfil

sócio econômico da comunidade;

3. Realizar o acompanhamento da micro área de risco;

4. Realizar visitas domiciliares;

46

5. Realizar a vigilância em saúde nas crianças acompanhando

seu desenvolvimento;

6. Monitorar as doenças de notificação compulsória;

7. Realizar ações educativas nos grupos de risco;

8. Apoiar inquéritos epidemiológicos e investigação de curtos nas

áreas adscritas;

9. Acompanhar pacientes cadastrados portadores de agravos

que requerem uso continuo de medicação, e;

10.Demais ações e atividades a serem definidas de acordo m a

prioridade local.

O trabalho do ACS e essencialmente educativo, e a educação em

saúde deve valorizar a diversidade e heterogeneidade dos grupos sociais, a

intercomunicação entre as diferentes classes sociais, estimulando o

compromisso e o diálogo entre elas, aproveitando o saber popular e o

científico. Nesse contexto a atividade do ACS é de mediador entre esses dois

sabores, garantindo o acesso da comunidade aos serviços de saúde e

favorecendo a modificação dos fatores condicionantes que produzem a

morbimortalidade.

47

6 MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DO OESTE

6.1 CARACTERIZAÇÕES DO MUNICÍPIO

6.1.1 Histórico

Como ocorreu em quase todo o Mato Grosso do Sul, os primeiros

desbravadores eram criadores de gado. Estes, em São Gabriel do Oeste,

foram oriundos do Estado de Minas Gerais.

Por volta de 1885, acreditava-se que a região era propícia à criação

de gado em seus pastos nativos e a agricultura seria apenas para a

subsistência.

Dessa época, até o início da década de 1970 não ocorreram grandes

mudanças na forma de explorar a terra. No início da década de 70,

incentivados pelo Instituto Brasileiro do Café, desenvolveu-se a cafeicultura.

Em 1973, alimentada pela cultura de café e com o processo de

asfaltamento da BR 163, trecho Campo Grande – Cuiabá, a região evolui e

torna-se um povoado, em razão da dinâmica empreendedora de fazendeiros

que vislumbraram o futuro.

Em 1975, a cafeicultura começa a declinar devido as grandes geadas

ocorridas neste ano e então se volta a dar atenção à pecuária, nessa mesma

48

época incentiva-se a cultura de soja, que perdura até hoje, fazendo do

município um dos principais produtores de soja do Estado.

Pela Lei nº. 3784 de 30/09/1976, São Gabriel do Oeste torna-se

Distrito, resultante do desmembramento de Ponte Vermelha, município de

Camapuã. Em 1980, através da Lei nº. 74 de 12/05/801, o então Governador

do Estado Sr. Marcelo Miranda Soares, criava o município de São Gabriel do

Oeste, com áreas dos municípios de Bandeirantes, Camapuã, Rio Negro e Rio

Verde de Mato Grosso, tendo como área territorial de 3.866,10 Km².

O elevado crescimento populacional através de agricultores

provenientes do sul do país, tendo como conseqüência a sua emancipação

deve-se principalmente ao grande avanço da soja. Nesta época armazéns

públicos e privados são instalados para armazenar a produção da soja.

Após longos anos com a crise da agricultura, os produtores do

município passam a investir na suinocultura comercial, e atraem para a região

investimento da Cooperativa Central Oeste Catarinense, que adquiriu um

frigorífico em construção, realizando novos investimentos, torna-o unidade de

industrialização de suínos, com abate aproximado de 800 suínos/dia. Oferece

em torno de 500 empregos diretos, a maior parte de sua produção é exportada

para os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Hoje o município conta com atividades no ramo agrícola, pecuária,

indústria e comércio. Tem uma população aproximada de 20.360 habitantes.

49

Segundo dados 81,03% da população residem na zona urbana e 18.97 % na

zona rural.

O município de São Gabriel do Oeste está instalado na microrregião

homogênea do Alto Taquari, na porção Centro-Norte do Estado do Mato

Grosso do Sul, apresenta uma extensão territorial de 3.866,10 m², a uma

altitude de 693 metros acima do nível do mar.

Possui como limites:

Ao norte: município de Coxim – 112 km;

Ao Sul: município de Bandeirantes – 67 km;

Ao Oeste e Noroeste: município de Rio Verde – 57 km;

Ao Leste e Sudeste: município de Camapuã – 82 km.

São Gabriel do Oeste é cortado pela rodovia BR 163, que dá acesso

a Rio Verde de Mato Grosso e ao Estado de Mato Grosso ao norte e ao sul a

capital do estado, Campo Grande, que fica a 138 km e ao estado de São Paulo

e Paraná.

Essa característica tem forte influência nos dados de mortalidade por

acidente de trânsito, devido a essa proximidade da rodovia as vítimas são

encaminhadas a rede hospitalar do município, as quais muitas vêem a óbito,

elevando o número de óbitos por causas externas.

50

O município apresenta dois distritos denominados: Ponte Vermelha e

Areado, distantes da sede 20 e 35 km respectivamente.

São Gabriel do Oeste, pertence à Bacia do Rio Paraguai, e a sub

bacias de Miranda, Aquidauana e Taquari. Nascem no município os rios Coxim

e Aquidauana e os córregos Brejão, Baixadão e Bonito, outros rios passam

pelo município como Jauru, Santo Antonio, Novo e outros córregos como

Bauru, Cabeleira Comprida, Macaco, Morro Alto, Retirinho e Sucuri.

O rio Aquidauana serve de divisão com o município de Corguinho, o

rio Novo e o rio Coxim com o município de Rio Verde, o rio Jauru com o

município de Coxim e o rio Coxim com o município de Camapuã.

Segundo dados da Prefeitura Municipal de são Gabriel do Oeste, o

município apresenta uma topografia plana em cerca de 50 % de sua área total

e ondulada nas demais regiões.

O clima é tropical combinado com a condição de planalto e topografia

plana torna-se bastante aprovável, permitindo o desenvolvimento da agricultura

moderna e bem desenvolvida, sua temperatura média varia entre 25º e 30º G.

O chapadão de São Gabriel, extensa superfície pendi plana, possui

posição geográfica individualizada, visto que se ressalta em meio a um relevo

mais rebaixado e dissecado.

51

6.1.2 Aspectos Demográficos

Densidade Demográfica: 5,26 hab/km² (2007)

População Alfabetizada – 85,5 % na zona urbana e 76 % na zona

rural

Evasão escolar: 6,15%

6.1.3 Dinâmica populacional

Com o objetivo de preservar os patrimônios históricos, culturais e

artísticos de São Gabriel do Oeste, foi criada a Fundação de Cultura de São

Gabriel do Oeste – FUNGAB, em 1991. Esta entidade é responsável pela

promoção da integração entre o setor público municipal, a comunidade,

entidades, clubes culturais e esportivos, sendo atualmente presidido pelo

senhor Aldino Antonio Sangalli.

Os principais eventos que ocorre no município, referem-se à

comemoração do aniversário de São Gabriel do Oeste, festa do leitão no rolete

e o Baile do Chopp e Festa do Laço.

52

6.1.4- Aspectos Gerais- Infra Estrutura

6.1.4.1 Água e Saneamento

As condições ambientais e sanitárias das moradias são na sua

maioria boa; com abastecimento de água de excelente qualidade com 100% de

cobertura de abastecimento pela rede pública.

O tratamento de água e feito através da cloração e fluoretação

garantindo uma água de qualidade 24 horas ao dia.

O sistema de esgoto está projetado para atender uma população de

até 32.000 (trinta e dois mil) habitantes, dimensionado para os próximos 20

(vinte) anos. Sua rede coletora de esgoto tem 46.376 m (quarenta e seis mil,

trezentos e setenta e seis metros) de extensão.

6.1.5. Coleta de Lixo

A coleta e a coleta seletiva são realizadas diariamente, pela

Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos. O mesmo é levado até a

Cooperativa Art. e Vida onde é reciclado. O lixo hospitalar é recolhido

separadamente e após é incinerado em local próprio. O lixo impróprio para

reciclagem é aterrado.

53

7 REDE DE ATENDIMENTO

7.1 UNIDADES DE SAÚDE

O município conta com 08 (sete) Unidades Básicas de Saúde -

UBS, com atendimento do PSF e saúde bucal, desenvolvendo os programas

abaixo relacionados:

Programa de Imunização;

Programa de Tuberculose;

Programa de Hanseníase;

Programa Bolsa Alimentação;

Programa de Saúde Mental:

Programa de Reidratarão Oral e Monitorizarão de

Doenças Diarréicas;

Programa de Prevenção do CA Cérvico - Uterino e

do CA de mama;

Programa SIS Pré – Natal;

Programa de Atendimento ao Diabético;

Programa de Atendimento ao Hipertenso;

Planejamento Familiar;

Programa Controle de Endemias;

Programa DST/AIDS;

54

Vigilância Sanitária;

Fonoaudióloga;

Oftalmologia;

Psicologia;

Nutricionista e,

Odontologia

7.2 Redes hospitalar

7.2.1 Hospital municipal José Valdir Antunes de Oliveira

O Município conta com um hospital municipal com 34 (trinta) leitos, onde são

realizados procedimentos de urgência e emergência, cirurgias, consultas de

especialidades médicas, internações, exames de ultrassom, RX,

eletrocardiograma, fisioterapia, endoscopia e outros procedimentos inerentes a

atendimento hospitalar.

7.2.2 Unidade Hospitalar de Atendimento

Especializado

Realiza atendimento especializado nas áreas de otorrinolaringologia,

fonoaudióloga, pediatria, cardiologia, urologia, dermatologia, ginecologia,

consultas de especialidades médicas, exames de ultrassom, RX,

55

eletrocardiograma, fisioterapia, e outros procedimentos inerentes a

atendimento ambulatorial.

7.2.3 Rede privada

7.2.3.1 Hospital São Francisco

Este hospital atende a população com médicos especialistas,

bioquímicos e funcionários de nível médio. Atende pacientes particulares e

outros planos de saúde.

8 Estrutura da secretária municipal de saúde

Estrutura da Secretaria Municipal de Saúde - SMS foi estabelecida

pela Lei 310/96, alterada pelas Leis nº 505/2002 de 20 de dezembro de 2002 e

277/2004 de 29 de dezembro de 2004:

Art.14 - “Compete à Secretaria Municipal de Saúde a Assistência à

Saúde da população, obedecendo aos preceitos constitucionais do Sistema

Único de Saúde - SUS e demais prerrogativas legais inerentes ao setor em

56

conformidade com as leis orgânicas da saúde; a assistência médica e

odontológica; a realização de pesquisas sobre a saúde para promoção de

qualidade de vida; execução de políticas de educação em saúde; execução de

serviço de fiscalização sanitária de conformidade com a legislação específica

pertinente; a promoção de saneamento básico em conjunto com os órgãos

competentes; propor políticas de saúde em conformidade com as demais

esferas, bem como, o Programa de Governo do Executivo Municipal”;

Art. 15- A Secretaria Municipal de Saúde desenvolverá suas

atividades através dos seguintes órgãos:

I.Departamento de Assistência à Saúde;

II. Coordenadoria de Atenção Básica;

III. Coordenadoria de Atenção Hospitalar;

IV. Coordenadoria de Controle, Regulação, Avaliação e

Auditoria.

V. Coordenadoria do NASI - Núcleo de Assistência a Saúde

do Idoso

VI. Departamento de Vigilância à Saúde;

VII. Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica;

VIII. Coordenadoria de Vigilância Sanitária;

IX. Coordenadoria de Vigilância Ambiental;

X. Departamento de Administração e Finanças;

XI. Coordenadoria de Apoio Administrativo;

XII. Coordenadoria de Informações de Desempenho da Saúde.

XIII. Unidades Básicas de Saúde

57

a) UBS- Central

b) UBS- Rural

c) UBS- Bairro Milani

a) UBS- Jardim Gramado;

b) UBS- Redondo;

c) UBS- Fênix;

§ 1º - Atuará como órgão de assessoramento e deliberação à

Secretaria Municipal de Saúde o Conselho Municipal de Saúde. Órgão

colegiado de caráter permanente, deliberativo e soberano em suas decisões,

com função de deliberar no âmbito municipal sobre a formulação e

implantação, acompanhamento, fiscalização e avaliação das ações de saúde

que serão desenvolvidas anualmente priorizando aquelas estabelecidas no

Plano Municipal de Saúde, orientando os programas e projetos na área de

saúde na Lei Orçamentária Anual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei do

Plano Plurianual, verificando o cumprimento das metas previstas e programas

de governo executados e, ainda examinando os resultados quanto à eficácia da

gestão orçamentária e financeira dos recursos destinados à saúde.

§ 2º - Atuarão na função de execução conjunta das ações de saúde

diretamente vinculados à Secretaria Municipal de Saúde as entidades indiretas

municipais do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE e a Fundação de

Saúde Pública do Município de São Gabriel do Oeste - FUNSAÚDE”.

58

8.1 PSF Rural

O Psf Rural encontra-se localizado no centro da cidade do Município

de São Gabriel do Oeste. As ruas são todas asfaltaltadas, implantado rede de

esgoto, possui água encanada e luz elétrica. A população é na maioria de

renda econômica baixa e trabalham como empregados nas fazendas do

Município, onde também moram principalmente na época de plantio e colheita

nas fazendas. A população que freqüenta a Unidade de Saúde é conhecida, ou

seja, a maioria retorna ao mínimo todos os meses pra atendimento médico e ou

pegar medicação controlada passando por avaliação da enfermeira que verifica

os SSVV, pois os mesmos não possuem na sua maioria carros á disposição

para vir a cidade, entre os que possuem a média de atendimento é de 3 (três)

consultas/mês pois esses em sua maioria julgam que suas necessidades não

foram atendidas, ora por não ter condições de comprar a medicação, ora pela

própria desintegração familiar, impedindo que a saúde seja restabelecida.

Sendo que a abordagem ao hipertenso é feita em 67% dos casos através da

visita domiciliar geralmente na primeira visita e no preenchimento da ficha A.

59

9 Conclusão

A Hipertensão Arterial está cada vez acometendo mais número de

pessoas em todo Brasil.

Segundo, Mascarenhas CHM et al.2006, a hipertensão arterial é um

dos grandes problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo a

Sociedade Brasileira de Hipertensão, esta patologia é crônica, não

transmissível, de natureza multifatorial que compromete fundamentalmente o

equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores vasoconstritores, levando a

elevação da pressão arterial para números acima dos valores considerados

normais (140/90 mmHg).

Não sendo diferente ao Município de São Gabriel do Oeste, atenção

para com as diferentes causas desse agravo é importante para que o paciente

tenha uma vida saudável, tanto física quanto mental, o que não acontece

quando não há oferta de serviço especializado. Os hipertensos precisam de

amparo e atenção dos familiares, amigos, equipe multidisciplinar para o

acompanhamento e educação sobre o estilo de vida para melhor convívio com

á patologia. O convívio familiar é muito importante quando o paciente

apresenta esse agravo. A integração da equipe com o paciente e os familiares

é que fazem o diferencial no tratamento do hipertenso, fazendo com que os

esforços dispensados para a identificação e tratamento dos casos e o

encaminhamento aos profissionais adequados sejam mais bem acatados pelo

indivíduo portador de HÁ.

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10 REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS e Diabetes Mellitus – DM – Brasília, caderno 7,

Brasília , p. 9-19 2001 ap. 05, 09. 2001

CHOR, D. ET AL. Doenças cardiovasculares: panorama da mortalidade no

Brasil. In: MINAYO, M.C.S. (org.). Os Muitos Brasis: Saúde e população na

década de 80. 2 ed. Rio de Janeiro: ABRASCO, 199. P. 57-86.

FRANCO, T. B.; MERHY, E. E. PSF: Contradições de um programa destinado à mudança do modelo tecnoassistencial. [199] Não publicado.

Material reprografado.

PINHEIRO, R.; CAMARGO JUNIOR, K. R. de. Modelos de atenção à saúde:

demanda inventada ou oferta renovada? Algumas considerações sobre

modelos de intervenção social em saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio

de Janeiro, v. 10, n.1, p 101-19, 2000.

POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença:

avaliação e prescrição para a prevenção e reabilitação. 2 ed. Rio de Janeiro:

MEDSI, 1993

SALES, Cybele de Moura; Adoção das Medidas de Controle da Hipertensão Arterial. Trabalho Monográfico. 2002. Não publicado. Material reprografado.

VERAS, F. M. F. Atenção primária em saúde. In: ROUQUAROYOL, M. Z.

Epidemiologia & Saúde. 3. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1988. P.439-447

.

Mascarenhas (ARRUMAR DENTRO DAS NORMAS DA ABNT) CHM et al;

ADESÃO AO TRATAMENTO NO GRUPO DE HIPERTENSOS DO BAIRRO JOAQUIM ROMÃO-JEQUIÉ/BA. Trabalho Artigo cientifica. 2006. Material

reprográfico

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BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS e Diabetes Mellitus – DM – Brasília, caderno 7,

Brasília , p. 9-19 2001 ap. 05, 09. 2001

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