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RÚBENS PRINCE DOS SANTOS ALVES DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA DE SUBUNIDADE CONTRA O SOROTIPO 2 DO VÍRUS DENGUE BASEADA NA PROTEÍNA NÃO ESTRUTURAL 5 (NS5). Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências. São Paulo 2015

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RÚBENS PRINCE DOS SANTOS ALVES

DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA DE SUBUNIDADE CONTRA

O SOROTIPO 2 DO VÍRUS DENGUE BASEADA NA PROTEÍNA NÃO

ESTRUTURAL 5 (NS5).

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Microbiologia do

Instituto de Ciências Biomédicas da

Universidade de São Paulo, para obtenção

do título de Mestre em Ciências.

São Paulo

2015

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RÚBENS PRINCE DOS SANTOS ALVES

DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA DE SUBUNIDADE CONTRA

O SOROTIPO 2 DO VÍRUS DENGUE BASEADA NA PROTEÍNA NÃO

ESTRUTURAL 5 (NS5).

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Microbiologia do

Instituto de Ciências Biomédicas da

Universidade de São Paulo, para obtenção

do título de Mestre em Ciências.

Área de Concentração: Microbiologia

Orientador: Prof. Dr. Luís Carlos de Souza

Ferreira

Versão original

São Paulo

2015

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PROTOCOLO CEUA

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AGRADECIMENTOS

As primícias dos meus agradecimentos são dados a Deus, por me instruir, guiar e iluminar meu

trajeto. Obrigado pela sabedoria, pela vida, pela força de vontade de continuar caminhando, e

pela fé eu te agradeço por todas as coisas que o Senhor ainda me capacitará a desempenhar.

Ao Prof. Dr. Luís Carlos, pelo apoio dado em todo o desenvolvimento deste trabalho, pela

confiança, pelo exemplo de dedicação e o incentivo constante a busca da excelência.

Ao Dr. Jaime Amorim, meu amigo, conselheiro e parceiro, por todo empenho em me instruir,

desde quando cheguei ao grupo dengue. Obrigado por ser um exemplo de dedicação e liderança.

À Profa. Rita Ferreira, pelo carinho, apoio, concelhos, conversas e pelo bom humor em todas

as situações.

Á Profa. Beth Sbrógio e ao Prof. Sérgio Olávo, pelo exemplo, pela experiência compartilhada

e pelos concelhos sábios.

Ao grupo dengue, pela união, força de vontade e competência. Todos vocês foram de grande

importância no desenvolvimento desse trabalho, o considero fruto do nosso esforço coletivo,

obrigado por tudo.

A todos os atuais membros do LDV, em especial à minha “turma de mestrado”: Ewerton

Ferreira, Natiely Silva, Mari Cintra e Raíza Bizerra, parece que foi ontem quando tudo

começou. Obrigado pela amizade e carinho, amo todos vocês.

Aos antigos membros do LDV, Renata Damásio, Naína Garcia, Camila Santos, Wilson Barros,

Debora Costa, Roberto Neponuceno, Aislane, Giuliana, que de diferentes formas ajudaram,

compartilhando experiências e questionamentos.

Ao Eduardo Gimenes, por todo suporte em todos os tramites complicados e burocráticos que a

pesquisa envolveu, pelo seu empenho, dedicação exemplar e pelos cafés na copa.

À Loren, Lilian e Carol, por todo o apoio técnico prestado, o que facilitou muito o

desenvolvimento do presente trabalho.

Aos funcionários dos Biotérios da Parasitologia e Microbiologia, fundamentais para realização

de grande parte desse trabalho.

Aos meus pais, Florisvaldo Vianna e Norma Alves, pelo incentivo constante à evolução e ao

crescimento desde que era pequenino. Pelo apoio, zelo, confiança e amor, que me fazem o filho

mais orgulhoso do pai e da mãe que têm. Pelos muitos esforços feitos para apoiar meus sonhos,

mesmo que as vezes isso custassem os seus próprios, obrigado por sempre serem o melhor

exemplo para mim, amo vocês.

Aos meus irmãos Normando e Brenda, pelo carinho, compreensão, apoio orações e o aconchego

de poder ir pra casa e encontrar vocês, obrigado por nunca me deixarem esquecer ao lugar a

onde eu pertenço, amo os dois.

À toda minha família, em especial a tia Vanuza e o tio Cézar e seus filhos que são meus irmãos

de coração. Não tenho palavras para agradecer o apoio que vocês me deram logo que cheguei

aqui, o que vocês fizeram para mim não tem preço, obrigado por todo apoio e carinho.

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À Carol Nogueira, por ser a melhor namorada do mundo, pela compreensão, amor,

companheirismo, por sempre me apoiar, e me ajudar a ser melhor sempre. Obrigado por tudo,

te amo.

Aos meus amigos Leandro Brito, Daielle Bernardino, Monara Guimarães, Murilo Damasceno,

Laís Carolina, Kaio Teixeira, Paula Frontier, Renata Cruz, Hélic Passos, Dalva Adelina, Lennon

Pereira e todos os outros, pelo apoio e companheirismos, amo a todos.

Ao grupo SulFiato do coral USP, que me acolheram e me deram um escape da vida corrida e

complicada de cientista, me possibilitando momentos inesquecíveis de cantoria e alegria.

À minha regente, professora de piano e amiga Paula Crhistina Monteiro, pela paciência em me

ensinar, e por às vezes, ouvir meus desabafos nas aulas.

Aos meus amigos e amigas do Los Bullangueros de azul, vocês fizeram meus dias mais legais

e divertidos, esse ano tem mais.

Aos meus amigos e irmãos da Igreja Adventista do Sétimo dia do Jaguaré, aos amigos do GEA

e da Comunidade Adventista de Jovens Universitários (CAJU), pelas orações, amizades e pela

parceria.

Ao apoio financeiro da FAPESP que permitiu a realização e divulgação deste trabalho.

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“Follow the path of the unsafe, independent thinker.

Expose your ideas to the dangers of controversy.

Speak your mind and fear less the label of 'crackpot'

than the stigma of conformity. And on issues that

seem important to you, stand up and be counted at

any cost. ”

Thomas J. Watson Jr.

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RESUMO

ALVES, R. P. S. Desenvolvimento de uma vacina de subunidade contra o sorotipo 2 do

vírus dengue baseada na proteína não estrutural 5 (NS5). 2015. 69 f. Dissertação de

(Mestrado em Microbiologia) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2015.

A dengue é uma doença causada por quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV 1-4), com

milhões de pessoas afetadas em todo o mundo e um número significativo de mortes. Não há

nenhum tratamento eficaz ou abordagens vacinais capazes de prevenir a infecção. As estratégias

vacinais contra a dengue baseadas em proteínas não estruturais como antígenos têm

demonstrado serem mais seguras do que as baseadas em proteínas estruturais. Além disso,

respostas imunes celulares direcionadas a proteínas não estruturais desempenham um papel

importante no controle da replicação viral. A proteína não estrutural 5 (NS5) do vírus dengue é

a proteína mais conservada entre os quatro sorotipos e desempenha um papel crucial na

replicação viral. Neste estudo, foi gerada uma forma recombinante da NS5 expressa em E. coli

em quantidades elevadas e com propriedades antigênicas preservados em relação à proteína

nativa. As condições de cultura foram optimizadas, a fim de permitir a expressão dessa proteína

na forma solúvel. A imunização de camundongos Balb/c com a NS5 sozinha ou em combinação

com um adjuvante (poli (I:C)) promoveu o aumento da sobrevida de camundongos imunizados

após desafio intracraniano com a linhagem JHA1 de DENV2. A combinação da NS5 com poli

(I:C) emulsionado em Montanide 720 induziu a expansão de linfócitos T CD8+ específicos. Em

conjunto, os resultados indicam que a proteína recombinante NS5 preserva determinantes

antigênicos da proteína nativa e pode ser uma ferramenta útil para estudos sobre a biologia do

DENV, busca de drogas anti-viriais e desenvolvimento de vacinas.

.

Palavras-chave: Dengue. Vírus dengue. NS5. Vacinas. Adjuvantes imunológicos.

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ABSTRACT

ALVES, R. P. S. Development of a subunit vaccine against dengue virus serotype 2 based

on the non-structural protein 5 (NS5). 2015. 69 p. Master thesis (Microbiology) – Instituto

de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

Dengue fever is a disease caused by four dengue virus serotypes (DENV 1-4), affecting millions

of people worldwide and causing a significant number of deaths. There are no effective

treatments or vaccine approaches capable of preventing such infection. Anti-DENV vaccine

strategies based on nonstructural proteins as antigens have been shown to be safer than those

based on structural proteins. In addition, anti-DENV cellular immune responses against

nonstructural proteins have shown to play a major role in controlling viral replication. The

DENV nonstructural protein 5 (NS5), the most conserved protein among the four serotypes,

plays a crucial role in viral replication. In this study, we generated a recombinant form of

DENV2 NS5 expressed in E. coli in high amounts and with preserved antigenic properties with

regard to the native protein. Culture conditions were optimized in order to allow expression of

NS5 as a soluble protein. The immunization of Balb/c mice using this protein alone or in

combination with poly (I:C) led to increased survival after intracranial challenge with the

DENV2 JHA1 strain. The combination of the protein with poly (I:C) emulsified in Montanide

720 led to the activation of NS5-specific CD8+ T lymphocytes. Altogether, the results indicate

that the recombinant NS5 protein preserves antigenic determinants of the native protein and

may be a useful tool for studies dealing with the DENV's biology, search for anti-viral drugs

and vaccine development.

Keywords: Dengue fever. Dengue virus. NS5. Vaccines. Immunologic adjuvants.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Representação esquemática do genoma do vírus dengue. ....................................... 19

Figura 2 - Etapas do processo de replicação do DENV. .......................................................... 20

Figura 3 - Modelo do aumento da infecção do vírus dengue mediada por anticorpo. ............. 22

Figura 4 - Amplificação da sequência codificadora da NS5. ................................................... 35

Figura 5 - Construção do plasmídeo pGEM_NS5. ................................................................... 36

Figura 6 - Construção do plasmídeo pETNS5. ......................................................................... 37

Figura 7 - Teste de expressão da NS5 recombinante pela linhagem de E. coli BL21-DE3-RIL.

.................................................................................................................................................. 37

Figura 8 - Construção do pETNS5 a partir de um gene sintético. ............................................ 38

Figura 9 - Teste de expressão da NS5 recombinante em E.coli BL21-DE3-RIL em diferentes

condições de indução. ............................................................................................................... 39

Figura 10 - Purificação da NS5 recombinante por cromatografia de afinidade seguida de gel

filtração. .................................................................................................................................... 41

Figura 11 - Análise de antigenicidade da NS5 recombinante. ................................................. 42

Figura 12 - Avaliação da resposta humoral gerada em camundongos imunizados com NS5

recombinante. ........................................................................................................................... 43

Figura 13 - Análise da produção de INF-γ e TNF-α em células de baço de animais imunizados

com a NS5. ............................................................................................................................... 44

Figura 14 - Avaliação do efeito protetor gerado pela imunização com a proteína NS5 frente ao

modelo de encefalite induzida por DENV-2. ........................................................................... 44

Figura 15 - Representação esquemática do regime vacinal empregado. .................................. 45

Figura 16 - Avaliação da resposta humoral gerada pelas formulações vacinais. ..................... 46

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Figura 17 - Indução de ativação de linfócitos T CD8+ NS5-específicos. ................................ 47

Figura 18 - Proteção conferida aos camundongos imunizados com as vacinas baseadas em

NS5 contra encefalite induzida pelo DENV-2. ........................................................................ 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Diferentes tipos de candidatos vacinais contra a dengue e seus desenvolvedores. . 23

Tabela 2 - Peptídeos da NS5 restritos ao MHC classe I e II sintetizados e seus respectivos

alótipos...................................................................................................................................... 33

Tabela 3 - Rendimento de purificação da NS5 recombinante. ................................................. 42

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% - porcentagem

(-) ssRNA - RNA de simples fita com orientação negativa

(+) ssRNA - RNA de fita simples com orientação positiva

°C - graus celcius

AcK - Acetato de potássio

ADE - do inglês Antibody Dependent Enhancement

ANOVA - análise de variância

APC’s - células apresentadoras de antígenos

ATP - trifosfato de adenosina

BCA - Ensaio ácido bicinconínico

C - proteína do capsídeo

CTL - linfócito T citotóxico

DENV - virus Dengue

DENV-1 - sorotipo 1 do vírus dengue

DENV-2 - sorotipo 2 do vírus dengue

DENV-3 - sorottipo 3 do vírus denfue

DENV-4 - sorotipo 4 do vírus dengue

DL50 - dose letal para 50%

DNA - ácido desoxiribonucléico

DO600nm - densidade ótica linda a 600 nanômetros

dsRNA - RNA com dupla fita

E - proteína do envelope

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EIII - domínio 3 da glipoproteína do envelope

ELISA - Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay (ensaio imunoabsorvente ligado à enzima)

EU - unidades de endotoxina

FcyR - receptor da porção gama da imunoglobulina

FHD - febre hemorrágica da dengue

FSC-A - foward scatter-area (área de disperção frontal)

FSC-H - foward scatter-height (altura de dispersão frontal)

g - força centrífuga relativa

h - hora

HCV - virus da hepatite C

ICS - intracellular cytokine staining (marcação intracelular de citocina)

IFN-γ - interferon do tipo gama

IgG - imunoglobulina G

IgG1 - subclasse 1 da imunoglobulina G

IgG2a - subclasse 2a da imunoglobulina G

IPTG - isopropyl β-D-1-thiogalactopyranoside

Kam - canamicina

kb - kilobase

kDa - kilodaltons

LB - Luria Bertani Broth

LPS - lipopolisacarídeo

M - molar, 26;

M - proteína da membrana

m/v - relação massa/volume

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M720 - 10μg de NS5 e 50μg de poli (i; c) emulcionado em montanide 720

MHC - complexo principal de histocompatibilidade

min - minuto

ml - mililitro

mM - milimolar

MWCO - massa molecular de corte

ng - nanograma

NLS - do inglês Nuclear Localization Sequence (sequencia de localização nuclear)

nm - nanômetros

NS1 - proteína não estrutural 1

NS2a - proteína não estrutural 2a

NS2b - proteína não estrutural 2b

NS3 - proteína não estrutural 3

NS3H - domínio helicase da NS3

NS4a - proteína não estrutural 4a

NS4b - proteína não estrutural 4b

NS5 - proteína não estrutural 5

O.N - over night

o/w - óleo-em-água

OPD - o-Phenylenediamine

p/v - relação peso/volume

PAGE - polyacrylamide gel electrophoresis (eletroforese em gel de poliacrilamida)

pb - pares de bases

PBS - tampão salina fosfato

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PBST - tampão salina fosfato tween

pH - potencial hidrogeniônico

PMSF - phenylmethylsulfonyl fluoride

Poli (i: c) - formulação vacinal contendo 10μg de NS5 e 50μg de poli (i; c)

poli(I:C) - o adjuvante ácido polinosinico-policitidilico

prM - proteína prercusora da membrana

psi - libra por polegada quadrada

RER - retículo endoplasmático rugoso

RNA - ácido ribonucléico

rpm - rotações por minuto

SCD - síndrome de choque da dengue

SDS - sodium dodecyl sulfate (dodecil sulfato de sódio)

SNC - sistema nervos central

SSC-A - side scatter-area (área de disperção lateral)

TCR - T Cell Receptor (receptor de célula T)

Th - T helper

TLR - receptor do tipo toll

TNF-α - fator de necrose tumoral do tipo alfa

UTR - do inglês Untranslated Region

VLP - do inglês virus-like particles (particulas tipo vírus)

w/o - água-em-óleo

μg - micrograma

μl - microlitro

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 19

1.1 O vírus e a doença .................................................................................................................... 19

1.2 O desenvolvimento de vacinas contra a dengue ..................................................................... 21

1.3 Os adjuvantes vacinais ............................................................................................................. 25

2 OBJETIVO ............................................................................................................................... 27

2.1 Objetivo geral ........................................................................................................................... 27

2.2 Objetivos específicos ................................................................................................................ 27

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 28

3.1 Construção do plasmídeo pGEM_NS5 ................................................................................... 28

3.2 Transformação de E. coli DH5α quimiocompetente .............................................................. 28

3.3 Subclonagem da sequência da NS5 em pET28a a partir de gene sintético .......................... 29

3.4 Análise da expressão da proteína recombinante NS5 ............................................................ 29

3.5 Procedimentos para a purificação da NS5 recombinante ..................................................... 30

3.6 Ensaios de imunodetecção ....................................................................................................... 31

3.6.1 Teste de antigenicidade .............................................................................................................. 31

3.6.2 Titulação de anticorpos anti-NS5............................................................................................... 31

3.6.3 Ensaio de detecção por Western blot ......................................................................................... 31

3.7 Ensaio de imunização ............................................................................................................... 32

3.8 Detecção de células produtoras de IFN-γ e TNF-α por ELISPOT ....................................... 32

3.9 Ensaio de marcação Intracelular de IFN-γ em linfócitos T CD8+ ........................................ 33

3.10 Ética no uso de animais............................................................................................................ 33

3.11 Análises estatísticas .................................................................................................................. 34

4 RESULTADOS ........................................................................................................................ 35

4.1 Clonagem da sequência codificadora da NS5 em pGEM®-T Easy ..................................... 35

4.2 Subclonagem da sequência do pGEM_NS5 em pET28a ....................................................... 35

4.3 Teste de expressão do da NS5 .................................................................................................. 36

4.4 Subclonagem da sequência da NS5 para o vetor pET28a ..................................................... 37

4.5 Teste de expressão na Linhagem de E. coli BL21-DE3-RIL ................................................. 38

4.6 Purificação da NS5 recombinante ........................................................................................... 40

4.7 Avaliação da antigenicidade da NS5 obtida ........................................................................... 40

4.8 Avaliação da imunogenicidade e capacidade protetora da NS5 ........................................... 43

4.9 Avaliação da imunogenicidade de formulações vacinais baseadas em NS5 ......................... 44

4.10 Avaliação da capacidade protetora gerada pelas formulações ............................................. 48

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5 DISCUSSÃO............................................................................................................................. 49

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 55

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 56

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19

1 INTRODUÇÃO

1.1 O vírus e a doença

A febre da dengue é uma doença de caráter agudo, causada pelo virus Dengue (DENV),

um arbovírus componente do gênero Flavivirus pertencente à família Flaviviridae transmitido

por mosquitos do gênero Aedes (BHATT et al., 2013; GUZMAN et al., 2010). No ciclo urbano,

o DENV circula na forma de quatro tipos imunologicamente distinguíveis (sorotipos): DENV-

1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, que apresentam aproximadamente 30% de divergência na

sequência de nucleotídeos dos seus genomas (BLOK, 1985; CHAN et al., 1965; DIERCKS,

1959; MYERS et al., 1964; SMITH, 1956). A infecção por um deles confere resposta

imunológica protetora permanente contra o mesmo sorotipo e de curta duração contra os outros

sorotipos (GUZMAN et al., 2010; GUZMAN; HARRIS, 2014; SABIN, 1952; WHITEHEAD

et al., 2007).

Figura 1. Representação esquemática do genoma do vírus dengue. O genoma do vírus dengue é

composto por um RNA de fita simples com orientação positiva e possui aproximadamente 11 kB que

codifica 10 proteínas maduras, três estruturais: Capsídeo (C), Membrana (M) e Envelope (E) e sete

proteínas não estruturais (NS): NS1, NS2 A e B, NS3, NS4 A e B e NS5. Há duas regiões não traduzíveis

em ambas as extremidades da fita de RNA chamadas de UTR (do inglês Untranslated Region). Fonte:

Guzman, et al., 2010.

O DENV possui RNA genômico com aproximadamente 11 kb de fita simples com

orientação positiva flanqueada por duas UTR’s (do inglês Untranslated Region). Na

extremidade 5’ há uma estrutura de CAP tipo I (N7meGpppA2’Ome), responsável pela

iniciação da replicação em células eucarióticas e proteção contra RNA exonucleases

(HENDERSON et al., 2011; ZHOU et al., 2007). Outras estruturas conservadas na UTR da

extremidade 5’ é o large e short stem loop (SLA e SLB, respectivamente), sendo que a SLA

age como promotor da replicação sendo crucial na síntese do RNA viral, e a SLB medeia a

interação das extremidades 5’ com a 3’, induzindo a ciclização do RNA, situação fundamental

para replicação viral (YAP et al., 2007). Eletromicrografias demonstram que o vírion é esférico,

possuindo diâmetro de aproximadamente 500 Å, apresentando um núcleo eletrondenso

circundado por uma bicamada lipídica (KUHN et al., 2002). O genoma viral (figura 1) codifica

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três proteínas estruturais: do capsídeo (C), do envelope (E), e a proteína precursora de

membrana (prM), a qual sofre clivagem e origina a proteína de membrana (M); e sete proteínas

não-estruturais que são: NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a, NS4b e NS5 (RODENHUIS-ZYBERT

et al., 2010). Quando o mosquito transfere o vírus para o homem, ocorrem as etapas do processo

infeccioso e replicação viral (figura 2). Durante a infecção natural, as principais células-alvo de

infecção pelo vírus dengue são monócitos, macrófagos e células dendríticas (HALSTEAD et

al., 1980).

Figura 2. Etapas do processo de replicação do DENV. A primeira etapa no processo de infecção do

DENV é a ligação (1) ao receptor viral, seguido de endocitose mediada por receptor (2). O pH no interior

do endossomo é reduzido à medida que se aproxima do centro celular, o que induz a fusão da membrana

do vírus com a do endossomo (3), permitindo a liberação do RNA no citoplasma da célula (4). Em

seguida, a poli proteína viral é traduzida e maturada, e o RNA replicado pelo complexo de replicação

(5), resultando finalmente na morfogênese de novas partículas virais e liberação dessas partículas no

meio extracelular. RER: retículo endoplasmático rugoso; (+) ssRNA: RNA de fita simples com

orientação positiva; (-) ssRNA: RNA de fita simples com orientação negativa. Fonte: Amorim; Alves;

Ferreira, 2009.

O início do ciclo infeccioso do DENV depende, principalmente, da interação entre a

glicoproteína de envelope (E) e o receptor de membrana da célula alvo (BIELEFELDT-

OHMANN et al., 2001; CHEN, Y. et al., 1997; CRILL; ROEHRIG, 2001). Após a ligação, o

vírion é endocitado e dentro do endossomo tardio, com a redução do pH, há indução de

mudanças conformacionais da proteína E (ZHANG et al., 2015), o que consequentemente

proporciona a fusão do envelope viral com a membrana do endossomo e liberação do capsídeo

para o citoplasma celular (RODENHUIS-ZYBERT et al., 2010). Posteriormente, há

dissociação do capsídeo, liberação do RNA no citoplasma celular, tradução da poliproteína

viral, que é processada por um conjunto de proteases virais e celulares, dando origem ás

proteínas supracitadas na forma madura. A replicação do material genético é realizada pelo

domínio RNA-polimerase-RNA-dependente (RpRd) da NS5, porém, o processo como um todo

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depende do domínio MTAse da NS5, que juntamente com a NS3, participam da síntese do CAP

tipo I na porção 5’ da fita de RNA e desenovelamento do dsRNA (ACKERMANN; LUO et al.,

2008b; PADMANABHAN, 2001). Por fim, há morfogênese viral e liberação de novas

partículas infectantes (KUHN et al., 2002).

A infecção pelo DENV, após 4-8 dias de incubação, pode ser assintomática ou com

sintomatologia de caráter subclínico. No entanto, a doença se manifesta abruptamente em três

fase: febril, crítica e de recuperação. A fase crítica se inicia após a febre e o quadro patológico

que pode se manifestar por sinais como: dores de cabeça, mialgia, artralgia, vômitos e dor

abdominal aguda, bem como, o aumento da permeabilidade vascular, que podem gerar desde

raches cutâneos a choque hipovolêmico, coagulação intravascular disseminada e hemorragia

grave (GUZMAN; HARRIS, 2014; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). Devido ao

amplo espectro de sinais e sintomas que podem ser desenvolvidos na dengue, a organização

mundial de saúde (WHO, 2009), substituiu os termos febre hemorrágica da dengue (FHD) e

síndrome de Choque da dengue (SCD), pela classificação de dengue com sinais de alerta e

dengue com sinais de gravidades (WHO, 2009). Essa nova recomendação de classificação

possibilitou que a triagem em áreas endêmicas fosse melhorada, visto que, instituiu o uso de

outros sinais clínicos como indicativo de suspeita de dengue. Além disso, a decisão clínica para

o tratamento da dengue com sinais de gravidade se tornou mais rápida, visto que o

extravasamento de plasma deixou de ser uma característica sine qua non de dengue grave, de

modo que o início precoce de tratamento em dengue com sinais de gravidade reduz o risco de

morte de 20% para 1% (HORSTICK et al., 2012; SRIKIATKHACHORN et al., 2011).

Estudos recentes mostram que 96 milhões de casos anuais podem ter sintomas com

severidade suficiente para alterar a rotina do indivíduo infectado (BHATT et al., 2013) e

segundo estudos anteriores, cerca de 500 mil casos evoluem para forma grave. A taxa de

mortalidade nestes grupos chega a 10% (50 mil) em indivíduos hospitalizados e 30% (150 mil)

em indivíduos não hospitalizados (BARRETO; TEIXEIRA, 2008; GUZMAN et al., 2010

PONGSUMPUN et al., 2008; WHITEHEAD et al., 2007). Estas informações deixam clara a

urgente necessidade de desenvolvimento de uma vacina para controle desta doença.

1.2 O desenvolvimento de vacinas contra a dengue

Diversas estratégias têm sido exploradas para produzir uma vacina efetiva na prevenção

da dengue. No entanto, o desenvolvimento de uma vacina eficaz tem como principais limitações

a necessidade e a dificuldade de se produzir uma vacina tetravalente eficiente e segura. Essa

característica é um fator crucial no desenvolvimento dessa vacina, visto o grande número de

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22

evidencias experimentais e epidemiológicas que indicam que numa infecção secundária por um

sorotipo diferente da primeira infecção, a replicação viral seria exacerbada pela facilitação de

infecção de células imunológicas por uma via dependente de anticorpos sub-neutralizantes

gerados durante a primeira infecção (figura 3). Este processo denominado ADE (do inglês

Antibody Dependent Enhancement) proporciona o aumento da carga viral e intensifica a

resposta inflamatória, sendo associado também ao desenvolvimento das formas de dengue com

sinais de gravidade (HALSTEAD et al., 1977, 1980; HALSTEAD; O’ROURKE, 1977;

HALSTEAD, 1979). Logo, vacinas monovalentes oferecem riscos quanto à segurança frente a

infecções por DENV diferente do sorotipos vacinal.

Figura 3. Modelo do aumento da infecção do vírus dengue mediada por anticorpo. Esse fenômeno ocorre

quando anticorpos heterotípicos, formados durante uma infecção primaria com o DENV, ligam-se à

partícula viral de outro sorotipo de DENV numa infecção subsequente. Os anticorpos da infecção

primária não podem neutralizar o vírus eficazmente. Em vez disso, o complexo anticorpo-vírus se liga

aos receptores chamados receptores Fcγ (FcγR) em monócitos circulantes. Os anticorpos ajudam o vírus

infectar estas células de forma mais eficiente resultando num aumento global da carga viral. Adaptado

de Whitehead, et al., 2007.

Estratégias vacinais variadas foram desenvolvidas para o controle da dengue (tabela 1).

A utilização de partículas virais atenuadas fez parte dos primeiros esforços no desenvolvimento

da vacina, entretanto, a possibilidade de indução de uma resposta imunológica desequilibrada

contra os quatro sorotipos virais e o risco de reversão das cepas vacinais atenuadas de DENV

para as formas virulentas e o risco claro de ADE são preocupações significativas

(WHITEHEAD et al., 2007). As abordagens utilizando vírus quimérico vivo são as estratégias

vacinais mais aprimoradas atualmente. Entretanto, os resultados de um teste clínico recente

demonstraram a geração de proteção parcial não equilibrada entre os sorotipos e a compreensão

de que a soroconverção não é isoladamente um correlato de proteção (DURBIN et al., 2013;

GUZMAN; HARRIS, 2014; MLADINICH et al., 2012; WEISKOPF et al., 2014).

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Tabela 1. Diferentes tipos de candidatos vacinais contra a dengue e seus desenvolvedores.

Diversos grupos empenham-se no desenvolvimento de abordagens baseadas nas vacinas

de DNA (COSTA; FREIRE; ALVES, 2006; COSTA et al., 2007, 2011; WU et al., 2003a),

porém, os riscos de geração de autoimunidade bem como a geração de tolerância ao antígeno

continuam sendo os principais riscos associados a esse tipo de abordagem (KLINMAN et al.,

2000). Já as vacinas de subunidade, embora, por definição, necessitem de adjuvantes para

desencadear efeito protetor, induzem respostas imunológicas consideráveis e fornecem

flexibilidade quanto às vias de administração (AMORIM et al., 2012; PANG, 2003). Portanto,

as vacinas de subunidade, como as usadas neste trabalho, são mais seguras e de mais fácil

aprovação quando comparadas às vacinas de DNA e com o vírus.

Tipo de Candidato Vacinal Referências

1.Virus vivo atenuado

1.1 Vírus atenuado por cultura de células (BHAMARAPRAVATI; YOKSAN,

1989; VAUGHN et al., 1996;

KANESA-THASAN et al., 2003;

SANCHEZ et al., 2006)

1.2 Vírus atenuado por mutagênese (MEN et al., 1996; DURBIN et al.,

2001; TROYER et al., 2001;

WHITEHEAD; FALGOUT; et al.,

2003)

2. Vírus quimérico

2.1 Vírus quimérico com Vírus da febre amarela (CAPEDING et al., 2011; GUY;

SAVILLE; LANG, 2010; GUY et

al., 2011; MORRISON et al., 2010)

2.2 Vírus dengue inter-sorotipo (BLANEY et al., 2004, 2008;BRAY;

LAI, 1991; OSORIO et al., 2011;

WHITEHEAD et al., 2003b)

3. Vírus inteiro inativado e purificado (PUTNAK et al., 1996; SIMMONS

et al., 2010)

4. Vacinas de subunidade (CHIANG et al., 2011 CLEMENTS

et al., 2010; GUZMÁN et al., 2003;

KELLY et al., 2000)

5. Vacinas de DNA (APT et al., 2006; BECKETT et al.,

2011; DANKO; BECKETT;

PORTER, 2011; RAVIPRAKASH et

al., 2006)

6. Vetores virais expressando antígenos da dengue (BRANDLER et al., 2007;

HOLMAN et al., 2007; RAJA et al.,

2007; RAVIPRAKASH et al., 2008;

WHITE et al., 2007;)

7. VLP (ARORA et al., 2013; MANI et al.,

2013; TANG et al., 2012;)

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As proteínas não estruturais são interessantes como antígenos alvos para uma vacina,

visto o alto grau de conservação entre os sorotipos, a grande imunogenicidade das mesmas, e o

risco nulo de indução de ADE, visto que essas proteínas não compões o vírion. As principais

proteínas não estruturais do DENV são: NS1, NS3 e NS5. A NS1 é uma glicoproteína de 46-

55 kDa, que pode ser associada à membrana citoplasmática, ou ainda, ser secretada para o meio

extracelular e apesar de sua função biológica não ter sido totalmente elucidada, sabe-se que é

altamente imunogênica (AVIRUTNAN et al., 2007a, 2011b; GAO et al., 2008). Dentro dos 26

anos desde o primeiro relato da NS1 em uma formulação vacinal, diversos trabalhos

demonstram a capacidade dessa proteína em gerar proteção em modelo murino (AMORIM et

al., 2012a; FALGOUT et al., 1990; HENRIQUES et al., 2013; WU et al., 2003b; ZHANG et

al., 1988). É válido ressaltar que há algumas evidencias in vitro e in vivo que em condições

altamente inflamatórias, a NS1 pode estar envolvida em fenômenos de autoimunidade, o que

torna questionável o uso dessa proteína em formulações vacinais (AMORIM et al., 2014;

AVIRUTNAN et al., 2007b, 2011a; MLADINICH et al., 2012).

A NS3 tem massa molecular de aproximadamente 70 kDa apresentando um domínio

serino-protease (~18kDa) na região N-terminal e helicase (~ 52 kDa) na região C-terminal

(LESCAR et al., 2008). A sua função biológica é vital para o ciclo viral, visto que há atuação

tanto na clivagem da poli proteína resultante da tradução do RNA viral, bem como na função

helicase que em conjunto com a NS5 promovem a replicação viral, sendo portanto, primordiais

na biologia do patógeno (LUO; XU; HUNKE; et al., 2008). A NS3H se estende entre os

aminoácidos 169-618, apresenta um sítio ATPase e por ser solúvel (diferente do domínio

protease da NS3 e da proteína inteira) pode ser mais facilmente obtida (COSTA et al., 2011).

Um fato relevante é que a NS3H conserva epítopos capazes de gerar uma resposta celular

citotóxica (SPAULDING et al., 1999a) como foi visto no uso de linhagens vacinais de

Salmonella Typhimurium como vetor para plasmídeos que continham um epítopo CTL

específico presente na NS3H que se estendia entre os aminoácidos 298 e 306.

A NS5 do DENV é uma proteína de aproximadamente 109 kDa que apresenta no

mínimo dois domínios: os resíduos de 1 a 368 da região N-terminal que compõem a 2’-O-

metiltransferase, e os resíduos de 405 a 900 que compõem uma RNA polimerase dependente

de RNA (BHATTACHARYA et al., 2009). A região inter-domínios possui duas NLS (do inglês

Nuclear Localization Sequence) bem caracterizadas que direcionam a proteína para o núcleo

(TAY et al., 2013; FRASER et al., 2014a). Ela é processada pela via de proteassoma, quando

então são produzidos e apresentados os epítopos específicos para linfócitos T, os quais são bem

conservados entre os quatro sorotipos virais. De fato, foi visto que formulações vacinais

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tetravalentes com vírus dengue atenuado levam à resposta citotóxica direcionada

principalmente a essa proteína (WEISKOPF et al., 2014). A referida proteína não está associada

a partículas virais livres e, provavelmente, não induz a formação de anticorpos anti-DENV

facilitadores de infecção. Há ainda evidências relacionadas ao reconhecimento da NS5 como

importante alvo na geração resposta imune celular em macacos Rhesus infectados com o

DENV-2. Linfócitos capazes de reconhecer especificamente epítopos da NS5 exibiam perfil

polifuncional (MLADINICH et al., 2012). Esse estudo foi pioneiro no uso da NS5 na forma

recombinante como antígeno alvo em formulações vacinais contra a dengue.

1.3 Os adjuvantes vacinais

No geral, um adjuvante pode ser definido como um aditivo ou veículo que melhora a

resposta imune adaptativa ou estimula o sistema imunológico inato de forma a induzir

eficientemente os efeitos imunológicos desejados (SCHIJNS; LAVELLE, 2011). Os adjuvantes

podem ser classificados em 3 tipos baseados no seu modo de ação (BRUNNER et al., 2010):

Os adjuvantes do tipo A são, em sua maioria, derivados de patógenos e atuam por uma via

imunoestimulatória específica nas células apresentadoras de antígenos (APC’s) pela indução de

sinais de perigo. Idealmente, pela escolha do sinal correto de perigo, as APC’s podem ser

programadas a induzirem uma resposta imunológica ajustada ao patógeno ao qual pertence o

antígeno vacinal. Em contraste, os adjuvantes do tipo B promovem aumento da apresentação

de antígenos (TEMMERMAN et al., 2011). Um clássico adjuvante desse tipo é o hidróxido de

alumínio. Esse sal mineral é amplamente empregado em pesquisas e o único adjuvante viável

para vacinas administradas em seres humanos no continente americano (AGUILAR;

RODRÍGUEZ, 2007). Ainda dentro dessa classificação se têm: emulsões de óleo-em-água

(o/w) e água-em-óleo (w/o), lipossomos, nanopartículas e micropartículas. Como é sabido,

esses adjuvantes promovem o prolongamento da apresentação do antígeno via formação de

depósito, proteção contra degradação, facilitação de entrega antigência direta nos linfonodos,

aumento da captação por APCs e indução de apresentação cruzada. É importante ressaltar que

a ausência de um agente imunoestimulatório pode resultar no favorecimento da tolerância

imunológica ao antígeno (BRUNNER et al., 2010). Em contraste, os adjuvantes do tipo C

promovem um sinal de perigo, porém sem a necessidade ativação das APCs, como exemplo se

pode citar o Interferon do tipo 1 e o fator de necrose tumoral na sua forma solúvel em

combinação a antígenos (BON, LE et al., 2001; KAYAMURO et al., 2009).

O RNA dupla-fita (dsRNA) é um sinal de perigo associado à infecção viral. Diversos

dsRNAs sintéticos, como poli (I:C12U), ou ácido polinosinico-policitidilico, comumente

denominado como poli (I:C), eficientemente mimetiza o dsRNA viral. Isso faz desse composto

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um potencial candidato a adjuvante do tipo 2 para vacinação contra infecções virais. Como

sabido, dsRNA são ligantes do receptor do tipo Toll (TLR) 3 que, por sua vez, se localiza na

membrana do compartimento endossomal da maioria das APCs (DESMET; ISHII, 2012;

TAKEUCHI; AKIRA, 2010).

A combinação de adjuvantes do tipo A (imunoestimulador) com B (sistema de entrega)

se mostra como uma estratégia promissora na proteção de ambos, antígeno e do

imunoestimulador, contra degradação. Inclusive, já foi sugerido que a apresentação de um

antígeno fagocitado é mais eficiente quando co-formulado com um imunoestimulador

(BLANDER; MEDZHITOV, 2006; SCHLOSSER et al., 2008). Algumas formulações já foram

desenvolvidas para a entrega do antígeno e poli (I:C). Como demonstrado em modelo murinho,

o Montanide ISA 720, cria uma emulsão w/o, com o poli (I:C) capaz de desencadear uma

resposta Th1 potente e persistente, com a proliferação de linfócitos T CD8+ antígenos-

específicos (JIN et al., 2007). O que contrasta com formulações contendo apenas o M720 como

adjuvante, onde houve uma notável polarização Th2 (JIN et al., 2007). O poli (I:C) formulado

em emulsão com o Montanide ISA 720 promoveu a indução da polarização Th1 mais

eficientemente que o poli (I:C) apenas, fenômeno atribuído à rápida degradação do poli (I:C)

livre por ribonucleases (HAFNER et al., 2013).

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27

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo geral

Desenvolver uma vacina de sub-unidade baseada na versão recombinante da NS5

do DENV-2 contra o vírus dengue.

2.2 Objetivos específicos

Produzir a forma recombinante da NS5 em modelo de expressão em E. coli;

Avaliar as propriedades antigênicas e imunogênicas da NS5 obtida;

Avaliar o potencial da NS5 recombinante como antígeno vacinal pela indução

de resposta adaptativa protetora frente a um desafio letal com DENV-2 em

camundongos imunocompetentes.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Construção do plasmídeo pGEM_NS5

A sequência da NS5 foi inicialmente amplificada por reação de PCR, a partir de um

amplicon de dsDNA que contém a sequência codificadora da NS5 do DENV-2 cepa JHA1

utilizando os primers: FwNS5BamHI (AAGCGAGGATCCGGAACTGGCAACATAGG) e

RvNS5XhoI (AATGTTCTCGAGCCACAGGACTCCTGCCT). O produto da reação foi

então purificado com o kit Ilustra™ GFX™ (GE Healthcare Life Sciences) e, em seguida, foi

realizado a reação de ligação ao vetor pGEM®-T Easy utilizada a razão molar inserto/vetor de

3:1 e as condições da reação seguiram as instruções do fabricante (Promega). O produto de

ligação foi usado para transformar E. coli DH5α quimiocompetente, e após a extração do DNA

plasmidial, foi feito a confirmação da clonagem por restrição com as endonucleases PvuI,

BamHI e XhoI (Fermentas). A banda correspondente a 2706pb de um dos clones foi excisada

do gel, purificada com o kit Ilustra™ GFX™ e ligada ao vetor de expressão pET28a(+)

previamente digerido com as enzimas de restrição BamHI e XhoI . Para a reação de ligação foi

utilizada a razão molar inserto/vetor de 3:1 e as condições da reação seguiram as instruções do

fabricante para o uso da T4 DNA ligase (Fermentas).

3.2 Transformação de E. coli DH5α quimiocompetente

Para a reação de transformação por choque térmico, alíquotas de 100 μl de células E.

coli DH5α quimiocompetentes foram preparadas, conforme protocolo descrito por Sambrook

& Russell (2001), misturadas a 10 μl de reação de ligação e colocadas em banho de gelo por 15

min. Após esse período as alíquotas foram incubadas em banho-maria a 42 °C por 45 seg e

novamente em banho de gelo por 5 min. Imediatamente após o choque térmico foram

acrescentados 800 μl de meio LB (Luria Bertani Broth- 1% triptona, 0.5% extrato de levedura,

171 mM NaCl, pH 7.0) à alíquota e as células transformadas foram incubadas por 1h a 37 ºC

sob baixa agitação (80 rpm) em agitador orbital. Um volume de 100 μl da transformação foi

inoculado em placa de Petri contendo meio LB sólido (triptona 1%, NaCl 1%, extrato de

levedura 0,5%, ágar 2%) adicionado de canamicina (50 μg/ml). As placas foram incubadas em

estufa a 37 ºC durante aproximadamente 18 h até o aparecimento de colônias. O transformante

recombinante foi confirmado por análise de restrição do plasmídeo, segundo métodos descritos

por Sambrook e Russell (2001). O plasmídeo foi extraído pelo método de lise alcalina e

submetido a tratamento com as endonucleases de restrição BamHI e XhoI (Fermentas) de

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acordo com as orientações do fabricante. Os perfis de restrição foram visualizados em gel de

agarose 0,8% (m/v).

3.3 Subclonagem da sequência da NS5 em pET28a a partir de gene sintético

Foi feito o desenho e síntese de um gene sintético cuja sequência codifica a proteína

NS5 da cepa JHA1 de DENV2, flanqueada pelos sítios de restrição BamHI a montante do início

da sequência e XhoI a jusante de seu final. O serviço de síntese, clonagem e sequenciamento

foi realizado pela empresa GenScript USA Inc., resultando no plasmídeo pUC57-NS5-Kam. O

gene da NS5 contido no vetor pUC57-Kan-NS5 foi retirado deste plasmídeo com as

endonucleases de restrição BamHI e XhoI (Fermentas) de acordo com as orientações dos

fabricantes. O vetor de expressão pET28a(+) foi previamente digerido com as mesmas enzimas.

Os produtos das digestões foram submetidos à eletroforese em gel de agarose 0,8% (m/v) e

corados com brometo de etídeo. A banda contendo o fragmento correspondente ao gene da NS5

digerido foi excisada do gel e posteriormente purificada utilizando-se o kit ilustraTM GFXTM,

conforme instruções do fabricante. Para a reação de ligação foi utilizada a razão molar

inserto/vetor de 3:1 e as condições da reação seguiram as instruções do fabricante para o uso da

T4 DNA ligase (Fermentas). E. coli DH5α quimiocompetentes foram transformadas com o

produto da ligação. A subclonagem foi confirmada por reação de PCR usando os iniciadores

específicos da NS5, e o plasmídio construído denominado pETNS5.

3.4 Análise da expressão da proteína recombinante NS5

Para a expressão da proteína NS5 recombinante utilizou-se a linhagem de E. coli Bl21

(DE3) RIL (BHATTACHARYA et al., 2009; YAP et al., 2007). A linhagem transformada com

o plasmídeo pETNS5 foi cultivada por aproximadamente 18 h em meio LB com canamicina

(50 µg/ml). Após esse período foi feito um inoculo com diluição inicial de 1:100, feitos em 50

ml de meio LB, e mantido a 37 °C sob agitação (200 rpm) até a fase de crescimento exponencial

(DO600nm 0,5 para indução à 37 °C ou 2,0 para indução à 18 °C), feita então a indução com

IPTG na concentração final de 0,5 mM, sendo a indução realizada a 18 °C sob agitação de 200

rpm por 16 h ou a 37 ºC sob agitação de 200 rpm por 4 h. Foram retiradas amostras para análise

antes da adição de IPTG (cultura não induzida) e após a indução. Após esse período a cultura

foi centrifugada a 8000 x g por 5 min, o sobrenadante descartado e as células suspensas em

tampão de lise (20 mM Na2PO4, 0,5 M NaCl, 50 mM L-arginina, 50 mM L-ácido glutâmico,

10 mM MgSO4, 5 mM Imidazol, 5 mM β-mercaptoetanol, 1 mM de PMSF 10% glicerol, pH

7,0). As bactérias foram lisadas por sonicação e o extrato resultante foi centrifugado a 16000 x

g por 30 min, separando-se a fração solúvel (sobrenadante) da fração insolúvel, a qual foi

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tratada com tampão fosfato contendo ureia a 8 M. As amostras recolhidas foram centrifugadas

a 8000 x g por 1 min, o sobrenadante descartado, o material foi dissolvido em tampão de

amostra para eletroforese em gel de poliacrilamida e incubado a 100 °C por 10 min.

Quantidades semelhantes de amostra foram aplicadas nos poços e submetidas à eletroforese em

gel de poliacrilamida. Após o término da corrida o gel foi corado com Comassie Blue conforme

descrito por Sambrook e Russell (2001).

3.5 Procedimentos para a purificação da NS5 recombinante

A linhagem BL21 (DE3) RIL albergando o plasmídeo pETNS5 foi cultivada em 1 litro

de meio LB contendo 50 µg/ml de canamicina a 37 ºC até uma densidade ótica de 2,0 a 600

nm. O IPTG foi adicionado para uma concentração final de 0,5 mM, a temperatura ajustada

para 18 °C e as células foram colhidas 16 h mais tarde após centrifugação (12857 x g por 10

min). As células sedimentadas foram suspensas em tampão de lise e submetidas à lise mecânica

(600 psi por 15 min) em um homogeneizador modelo APLAB-10 (ARTEPEÇAS, Brasil). Após

a centrifugação (20670 x g por 60 min), a fração solúvel foi recuperada e filtrada em um aparato

Stedim Sartorius com um filtro de acetato de celulose com poros de até 0,22 µM (Biotech). Em

seguida, a fração foi submetida à cromatografia de afinidade ao níquel usando uma coluna

HistrapTM HP (GE Healthcare Life Sciences), previamente equilibrada com tampão A (20 mM

Na2PO4, 0,5 M NaCl, 10% glicerol e pH 7,0), num fluxo de 1,0 ml/min no cromatógrafo AKTA

AVANT (Amershan Pharmacia Biotech). A coluna foi lavada novamente com tampão A e, em

seguida, foi usado um sistema de steps definidos de tampão B (20 mM Na2PO4, 0,5 M NaCl,

10% glicerol, 1 M de Imidazol, pH 7,0) usando-se 150, 300, 500 e 1000 mM de Imidazol para

eluição da proteína e coleta da mesma em alíquotas de 2 ml cada. As frações coletadas foram

submetidas à eletroforese em SDS-PAGE, a proteína purificada foi dialisada para o tampão

Tris-NaCl pH 8.0 (Tris 50 mM, NaCl 500 mM, glicerol 10% e pH 8.0) utilizando-se membrana

de diálise com ponto de corte de 3 kDa (SnakeSkin™ Dialysis Tubing 3.000 MWCO, Pierce)

e em seguida, submetida a gel filtração em coluna Superdex 200 10/300 GL (GE Healthcare)

previamente equilibrada com o tampão Tris-NaCl pH 8.0. As amostras de cada etapa de

purificação foram quantificadas pelo método de BCA (BCA Protein Assay Kit, Pierce) segundo

instruções do fabricante. Os níveis de endotoxina presente na proteína recombinante

proveniente desse sistema de expressão em de Escherichia coli, foi realizado empregando o

kit Limulus Amebócyte Lysate LAL QCL-1000 (Lonza). As amostras apresentaram quantidades

<0,02 EU/ug de proteína, abaixo dos valores permitidos para formulações vacinais utilizando

proteínas recombinantes < 3.6 EU/100 µL da formulação vacinal (MALYALA; SINGH, 2008)

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31

3.6 Ensaios de imunodetecção

3.6.1 Teste de antigenicidade

A antigenicidade da proteína recombinante foi testada por ensaio de ELISA (Enzyme

Linked Immuno Sorbent Assay). Microplacas de poliestireno Maxisorp (Nunc®) foram

sensibilizadas por 16 h a 4 °C com a proteína NS5 (100 ng/poço) tratada termicamente por 20

min a 100 °C ou sem o tratamento térmico. As placas foram lavadas três vezes com tampão

fosfato-salina (PBS) contendo 0,05% de Tween-20 (PBST) e bloqueadas com 1X PBST

contendo 3% de leite desnatado, durante 1 h a 37 ºC. Após novo ciclo de lavagem (3x), as

amostras de soros de humanos positivos para DENV-2 foram adicionadas aos poços, diluídas

em série (1:2) iniciando em 1:50, e incubadas a temperatura ambiente por 1 h e 30 min. Depois

de um novo ciclo de lavagem (3x), o anticorpo secundário anti-IgG de camundongo conjugado

à peroxidase (Sigma Aldrich®, St. Louis, Missouri, USA) na diluição (1:10000) foi adicionado

aos poços e novamente incubado. Após a lavagem final, as placas foram reveladas com tampão

citrato de sódio (pH 5.8) contendo OPD, 12% H2O2 e a reação foi parada após a adição de 50

µl de H2SO4 2 M. A leitura da densidade óptica foi realizada a 492 nm em leitor de placa

(Multiscan MS- Labsystems).

3.6.2 Titulação de anticorpos anti-NS5

No ensaio de ELISA para titulação dos anticorpos NS5-específicos microplacas de

poliestireno Maxisorp (Nunc®) foram sensibilizadas por 16 h a 4 ºC com a proteína NS5

(100ng/poço). Os procedimentos do ensaio foram os mesmos que os descritos no tópico acima,

porém utilizando-se os soros dos camundongos imunizados. Para calcular os títulos de

anticorpos NS5-específicos foi realizada análise de regressão linear (R2 >0,96).

3.6.3 Ensaio de detecção por Western blot

Ensaios de Western blot foram realizados usando anticorpo monoclonal (GT361)

comercial (Genetex) que reconhecem especificamente a NS5 de dengue 2, usando-se a diluição

1:5000. Como tampão de bloqueio foi utilizado PBSµµT 1x com 5% de leite desnatado.

Anticorpos anti-IgG de camundongos produzidos em cabra conjugados com a peroxidase

(Southern Biotechnology) na diluição 1:3000 em tampão de bloqueio, foram usados como

anticorpos secundários, e os procedimentos feitos de acordo a protocolos previamente descritos

(SAMBROOK; RUSSELL, 2001).

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32

3.7 Ensaio de imunização

Camundongos machos da linhagem Balb/c com 6 a 8 semanas de idade foram utilizados

para os ensaios de imunização e foram obtidos junto ao Biotério de Isogênicos da Parasitologia-

ICBII/USP. O protocolo de imunização consistiu da administração subcutânea em 3 doses da

formulação vacinal com intervalo de 15 dias entre as doses. Para os primeiros experimentos

realizados foi administrado 100 μl/dose contendo 10 µg de NS5 ou apenas o veículo PBS estéril

como controle. Em ensaios posteriores foram incluídos adjuvantes à formulação, logo, além do

grupo NS5, a proteína foi combinada a 50 μg de poli (I:C) (grupo Poli (I:C) ), ou 50 μg de poli

(I:C) + M720 (30:70 água em óleo) (grupo M720), ou 22 μg Alúmen (gel adsorvente de

hidróxido de alumínio comercializado pela empresa Reheis) (grupo Alum), usando como tempo

de adsorção 20 min. Amostras de sangue foram coletadas um dia antes de cada dose e duas

semanas após a última dose. Os soros dos animais foram recolhidos após a coagulação do

sangue a 37 ºC por 30 min e retração do coágulo a 4 ºC por 30 min, seguida de centrifugação

refrigerada a 3.000 x g por 15 min. As amostras de soros foram estocadas a -20 ºC até realização

de ensaio de ELISA.

3.8 Detecção de células produtoras de IFN-γ e TNF-α por ELISPOT

Os ensaios de ELISPOT (do inglês Enzyme-Linked ImmunoSpot) foram feitos com a

intenção de observar a produção de IFN-γ e TNF-α a partir de estímulo com peptídeos da NS5

restritos ao MHC de classe I ou II nos animais imunizados apenas com a proteína. Os peptídeos

usados foram desenhados in silico usando o algoritmo descrito em (LUNDEGAARD et al.,

2008; MOUTAFTSI et al., 2006; WANG et al., 2008, 2010) para o halotipo H2-Kd e H2-Dd e

sintetizados pela BioMatik© (tabela 2). Duas semanas após a última dose vacinal, os animais

foram eutanasiados e seus baços removidos, processados e suas células utilizadas no ensaio. As

células totais do baço (2x105 células/poço), foram cultivadas em placa de 96 poços (Millipore)

previamente sensibilizadas com anticorpo de captura para INF-γ ou TNF-α (BD Biosciences)

na concentração de 10 µg/ml. As células foram incubadas por 48 h na presença ou ausência do

pool de peptídeos restritos ao MHC de classe I ou II (100 ng/poço). Após a estimulação, as

células foram descartadas e a placa lavada 3 vezes com PBS e 5 vezes com PBST seguido da

incubação com anticorpo monoclonal biotinilado de camundongo contra INF-γ ou TNF-α (BD

Biosciences) na concentração final de 2 µg/ml. Após 16 h, a placa foi novamente lavada e feita

a conjugação à estreptavidina marcada com peroxidase (BD Biosciences) (200 ng/poço) por 2

h a 25 °C. Após a lavagem, foi feita a revelação com solução de diaminobenzidina por 30 min.

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Os spots foram contados com o auxílio de uma lupa. O teste t-Student foi usado para comparar

as medias de spots entre o grupo controle e o imunizado com NS5.

Tabela 2. Peptídeos da NS5 restritos ao MHC classe I e II sintetizados e seus respectivos

alótipos.

Sequência de aminoácidos Alótipo

MHC classe I

CSHHFHEL H2-Dd

YAQMWSLM H2-Dd

LGARFLEF H2-Kd

MYFHRRDL H2-Kd

MHC classe II

AQMWSLMYFHRRDLR H2-Iad

KKVRSNAALGAIFTD H2-Ied

3.9 Ensaio de marcação Intracelular de IFN-γ em linfócitos T CD8+

A marcação foi realizada com células do sangue periférico ou baço de camundongos

imunizados 14 dias após a administração da última dose vacinal, ou 30 dias após o desafio. As

células foram tratadas por 5 min com AcK e então centrifugadas a 500 x g por 5 min. As células

foram incubadas a uma concentração de 1x106 células/poço por 6 h a 37 °C com suplemento

de 5% de CO2 na presença de Brefeudina A e Monoensina (GolgiPlus; BD Biosciences) e

ausência ou presença do pool de peptídeo de NS5 MHC classe I. As células foram então

incubadas por 30 min a 4 °C com anticorpo anti-CD3 (clone 17A2) conjugado a Pe-Cy5, anti-

CD4 (clone RM4-5) conjugado a BV605 e anti-CD8 (clone 53-6.7) conjugado a BB515. Após

fixação com paraformaldeído 4% a 4 °C por 10 min e permeabilização com solução de saponina

0,5% por 20 min a 4 °C, as células foram tratadas com anticorpo anti-IFN-γ (clone XMG1.2)

conjugado a PE por 30 min a 4 °C. As células foram resuspendidas em PBS + 2% de soro fetal

bovino, e examinadas por citometria de fluxo utilizando o aparelho LSR Fortessa (BD

Biosciences). Os dados foram analisados com o uso do programa FlowJo.

3.10 Ética no uso de animais

Todos os experimentos que envolveram o uso de camundongos estavam de acordo com

os Princípios Éticos de Experimentação Animal adotado pela Sociedade Brasileira de Ciências

de Animais de Laboratório (SBCAL) e foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de

Animais (CEUA).

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34

3.11 Análises estatísticas

Foi realizada a análise de variância (ANOVA) com posterior uso do teste de comparação

múltipla de Bonferroni. As análises estatísticas entre dois grupos foram realizados por test t-

Student. A análise entre as curvas de sobrevivência pelo teste estatístico de Mantel-Cox A

significância estatística foi considerada sempre que p < 0,05.

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35

4 RESULTADOS

4.1 Clonagem da sequência codificadora da NS5 em pGEM®-T Easy

Inicialmente, a sequência codificadora da NS5 foi amplificada em reação de PCR, a

partir de um fragmento de DNA que continha a sequência da NS5. A reação de amplificação

resultou em um amplicom com tamanho molecular aproximado de 2706 pb compatível com o

tamanho esperado para sequência da NS5 (figura 4). O fragmento de DNA amplificado foi

purificado e clonado no vetor pGEM T-easy, conforme instruções do fabricante, e o produto da

ligação foi introduzido na linhagem DH5α de E. coli. A inserção da sequência foi confirmada

por meio de análise de restrição do DNA plasmidial extraído após lise alcalina. A reação de

restrição, empregando as enzimas BamHI, XhoI e PvuI, gerou três bandas: uma maior de 2706

pb relativa ao inserto e duas bandas menores com 1727 e 1096 pb, respectivamente,

correspondentes ao vetor pGEM T-easy (figura 5). A construção foi então denominada de

pGEM_NS5.

Figura 4. Amplificação da sequência codificadora da NS5. A sequência da NS5 foi amplificada por

reação de PCR a partir de um fragmento de DNA gerado para sequenciamento da cepa de DENV-2

JHA1. A reação produziu um amplicom com 2.706 pb, correspondente à sequência da NS5 acrescida

dos sítios de restrição para as endonucleases BamHI XhoI. M, 1 kb DNA ladder (O’Gene RulerTM

Fermentas

); C-, controle negativo da reação.

4.2 Subclonagem da sequência do pGEM_NS5 em pET28a

Para a subclonagem no vetor de expressão pET28a (Novagen®) o fragmento

correspondente ao gene NS5 foi liberado do vetor pGEM_NS5 por digestão com as

endonucleases BamHI, XhoI e PvuI. A banda correspondente à sequência de NS5 foi excisada

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e extraída do gel, e após a purificação, foi ligada no vetor pET28a previamente digerido com

BamHI e XhoI. A digestão do DNA plasmidial do clone recombinante com essas enzimas

permitiu confirmar a subclonagem. A análise de restrição apresenta o fragmento correspondente

à sequência da NS5 liberada do vetor resultante pETNS5 após tratamento com BamHI e XhoI

(figura 6).

Figura 5. Construção do plasmídeo pGEM_NS5. (a) Representação esquemática do plasmídeo

pGEM_NS5, representando a origem de replicação, os genes relevantes bem como os sítios de restrição

usados para a análise estão representados. (b) Screening dos plasmídeos extraídos das bactérias

transformadas com o produto de ligação (clones de #1-#6) digeridos com BamHI, XhoI e PvuI e análise

eletroforética em gel de agarose (0,8%), gerando 3 bandas quando a clonagem foi positiva: a maior com

2.706 pb correspondente a sequência da NS5, e duas menores (1.727 e 1.096 pb) correspondente ao

vetor. M, 1kb DNA ladder (O’Gene RulerTM

–Fermentas

).

4.3 Teste de expressão do da NS5

Após a confirmação da presença íntegra do inserto codificador da NS5 no vetor de

expressão pET28a, foi realizado o teste de expressão da NS5 recombinante (107kDa) usando a

linhagem de E. coli BL21-DE3-RIL. Foi feito o cultivo da linhagem e a indução da expressão

com IPTG por 4 h a 37 ºC com rotação de 200 rpm. Amostras da cultura foram retiradas antes

e após a indução, bem como preparadas amostras das frações proteicas solúvel e insolúvel da

cultura induzida. A análise eletroforética dessas frações em SDS-PAGE (figura 7), revelou a

expressão de uma proteína com aproximadamente 50 kDa, massa molecular menor do que o

valor esperado (107 kDa). Análises por sequenciamento demonstraram que havia erros na

sequencia obtida, de modo, que um códon de parada foi inserido na sequência clonada, o que

inviabilizou o seguimento da purificação, visto que não foi possível expressar a proteína integra.

Desse modo, optou-se pela síntese sintética da sequência codificadora da NS5.

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Figura 6. Construção do plasmídeo pETNS5. (a) Representação esquemática do plasmídeo pETNS5,

representando a origem de replicação, o promotor, os genes relevantes bem como os sítios de restrição

usados para ligação do inserto. (b) Screening dos plasmídeos extraídos das bactérias transformadas com

o produto de ligação (clones de #1-#3) por restrição com BamHI e XhoI, com subsequente análise

eletroforética em gel de agarose (0,8%), gerando duas bandas quando a clonagem foi positiva: a maior

com 5 kb, correspondente ao vetor digerido e a menor 2,7kb, correspondente a sequência da NS5. M, 1

kb DNA ladder (O’Gene RulerTM

–Fermentas

).

Figura 7. Teste de expressão da NS5 recombinante pela linhagem de E. coli BL21-DE3-RIL. SDS-

PAGE de amostra com extrato total da cultura da linhagem de E. coli antes e após a indução com IPTG,

bem como a fração solúvel e insolúvel da cultura induzida a 37 °C, 200 rpm por 4 h. Amostras: M,

marcador molecular (PageRuler); 1, extrato celular total antes da indução; 2, extrato celular total após 4

horas de indução; 3, fração proteica solúvel após indução; 4, fração proteica insolúvel após indução.

4.4 Subclonagem da sequência da NS5 para o vetor pET28a

O plasmídeo pETNS5 foi construído a partir da ligação do inserto codificador da NS5

do vírus dengue cepa JHA1 ao vetor de expressão induzível por IPTG pET28a(+) (figura 8). O

inserto foi obtido pela digestão do plasmídeo PUC57-Kan-NS5 usando as endonucleases

BamHI e XhoI, liberando um fragmento de 2706 pares de bases (pb). O inserto foi ligado ao

vetor de expressão pET28a(+) previamente digerido com as endonucleases supracitadas, de

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modo que o produto obtido dessa reação foi usado na transformação de E. coli DH5α

quimiocompetentes. Após o cultivo em meio seletivo, os transformantes foram submetidos à

extração plasmidial, seguido de análise por reação de PCR usando primer específicos,

demonstrando a amplificação da sequência da NS5 em todos os clones testados. O

sequenciamento do inserto confirmou a sequência correta do gene clonado no vetor plasmidial.

Figura 8. Construção do pETNS5 a partir de um gene sintético. Em (a) é mostrado esquematicamente a

construção do vetor pUC57-Kan-NS5 que alberga a sequência gênica da NS5 flanqueada com os sítios

de restrição para as endonucleases BamHI e XhoI. A digestão com ambas as enzimas liberou o incerto

com 2.706 pb, posteriormente ligado ao vetor pET28a, também digerido da mesma forma, resultando

no plasmídeo pETNS5. Em (b) Screening dos transformantes (#1-#8) por amplificação por PCR usando

primers específicos, seguida de análise eletroforética em gel de agarose (0,8%). M, 1 kb DNA ladder

(O’Gene RulerTM –Fermentas); C-, controle negativo da reação.

4.5 Teste de expressão na linhagem de E. coli BL21-DE3-RIL

Após a confirmação da presença íntegra do inserto codificador da NS5 no vetor de

expressão pET28a(+), foram realizados os testes de expressão da NS5 recombinante (107 kDa)

usando a linhagem de E. coli BL21-DE3-RIL em duas condições de cultivo diferentes, de modo

a ser determinada a melhor condição de expressão da proteína de interesse (figura 9). De fato,

tanto na condição de 4 h de indução a 37 °C, como O.N. a 18 °C, a proteína recombinante foi

expressa, sendo encontrada tanto na fração solúvel quanto insolúvel em ambas as condições,

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39

porém, havia uma quantidade considerável na fração solúvel na segunda condição. Esse

resultado é coerente com os dados encontrados na literatura no que diz respeito à expressão

dessa proteína em E. coli (BHATTACHARYA et al., 2009; HANLEY et al., 2002; YAP et al.,

2007).

Optou-se em utilizar a segunda condição de indução, pois a recuperação da proteína a

partir do extrato solúvel não exige etapas adicionais de solubilização, e por isso, facilitando as

etapas seguintes de purificação. Para confirmação da expressão da proteína recombinante na

condição escolhida, os extratos bacterianos foram submetidos à análise por Western blot

utilizando o anticorpo monoclonal GT361 (Genetex, USA, Inc.) que reconhece especificamente

a NS5. Conforme indicado na figura 5, uma proteína com massa molecular de aproximadamente

107 kDa correspondente à NS5 foi detectada. Também foram detectadas proteínas referentes a

prováveis produtos de degradação da proteína de interesse.

Figura 9. Teste de expressão da NS5 recombinante em E.coli BL21-DE3-RIL em diferentes condições

de indução. Amostra da cultura foram submetidas à eletroforese (SDS-PAGE) antes e após a indução

com IPTG bem como a fração solúvel e insolúvel da cultura induzida. a) condição de indução: 18 °C,

200 rpm, 16 h. b) condição de indução: 37 °C, 200 rpm, 4 h. Nas partes c) e d) western blot usando

como primeiro anticorpo um monoclonal anti-NS5 em amostras obtidas de acordo com as condições de

indução a e b, respectivamente. M, marcador molecular; 1, extrato celular total antes da indução; 2,

extrato celular total após o período de indução; 3, fração proteica solúvel após indução; 4, fração proteica

insolúvel após indução.

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40

4.6 Purificação da NS5 recombinante

Com a utilização do segundo método de indução, foi possível aumentar o rendimento

da purificação do antígeno (figura 10). Resumidamente, a fração solúvel de 1 litro de cultura

da linhagem que expressa a NS5, cultivada com IPTG por 16 h, foi submetida à cromatografia

de afinidade ao níquel. Após ligação da proteína à coluna, a mesma foi eluída com

concentrações crescentes de Imidazol, a saber, 150, 300, 500 e 1000 mM (figura 10 a),

observando-se um pico de eluição de 669 mAU entre 300 e 500 mM de Imidazol. As frações

eluídas foram submetidas à SDS-PAGE e aquelas que continham a NS5 foram reunidas e

dialisadas contra o tampão Tris-NaCl pH 8.0 (Tris 50mM, NaCl 500 mM, glicerol 10% e pH

8.0).

Em seguida o produto da diálise foi submetido à cromatografia de exclusão de tamanho

em coluna Superdex 200 10/300 GL (GE Healthcare) equilibrada com o tampão Tris-NaCl pH

8.0. Na figura 6 b, observa-se o resultado da cromatografia onde se observa três picos de

eluição: o primeiro é referente a contaminantes com massas moleculares diversas (97 min),

seguido do pico referente à NS5 (107 kDa) com tempo de retenção de 113 min e um último

pico com tempo de retenção de 143,74 min referente a um produto de degradação de 35 kDa

(figura 10 b). Para cada processo de purificação foi feita a quantificação das proteínas totais, de

modo que ao final de todo o processo foi possível calcular o rendimento da obtenção da NS5

recombinante nessas condições (tabela 2). Foram obtidos 7,64 mg de proteína purificada para

cada litro de cultura, resultado superior aos valores descritos anteriormente

(BHATTACHARYA et al., 2009; TAN et al., 1996), e os níveis de endotoxina dosados estavam

sempre entre 0,5 e 2,0 EU/mL, que são valores inferiores ao limite máximo permitido em

formulações vacinais para humanos (MALYALA; SINGH, 2008).

4.7 Avaliação da antigenicidade da NS5 obtida

A antigenicidade da proteína recombinante foi testada por ELISA usando como

anticorpo primário o soro de humano infectado para a detecção da NS5 recombinante (figura

11). Como pode ser observado, o soro foi capaz de reconhecer a proteína que não sofreu

tratamento térmico, enquanto que a reatividade é estatisticamente menor quando se usa a

proteína que foi tratada termicamente (100 °C por 10 min), demonstrando que a proteína

recombinante preserva antígenos conformacionais da proteína nativa. A proteína recombinante

obtida também foi passível de detecção pelo ensaio de western blot utilizando-se como

anticorpo primário um monoclonal anti-NS5 comercial, previamente caracterizado (figura 9

c,d).

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Figura 10. Purificação da NS5 recombinante por cromatografia de afinidade seguida de gel filtração. A

fração solúvel referente a 1 litro de cultura de BLNS5 induzida foi submetida a dois processos seguidos

de purificação. a) após a ligação da amostra à coluna de níquel foi feita a eluição com concentrações

crescentes de Imidazol: 150 mM, 300 mM, 500 mM e 1 M. As frações eluídas foram misturas e

dialisadas com o tampão Tris-NaCl (Tris 50 mM, NaCl 500 mM, glicerol 10% e pH 8,0). b) O produto

dialisado foi submetido à gel filtração, resultando em três picos de eluição em 97 min, correspondente

a contaminantes; em 113 min, correspondente à proteína NS5 integra e 143 min, correspondente a um

produto de degradação. Foi feito o SDS-PAGE das frações eluídas seguido de coloração por coomassie

blue em ambas as cromatografias.

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Tabela 3. Rendimento de purificação da NS5 recombinantea.

a- Rendimento para cada etapa de purificação da NS5 recombinante, referente a 1 litro de cultura de BL21-

DE3-RIL-NS5 induzida;

b- Concentração da NS5 em nanograma por microlitro em cada amostra, obtida pelo método de BCA

(Pierce® BCA protein assay kit, Thermo scientific);

c- Amostra obtida do pool de frações da cromatografia de afinidade que continham a NS5;

d- Amostra referente ao pós-diálise do pool de frações obtidas da cromatografia de afinidade;

e- Amostra referente ao produto da gel filtração

f- GST-NS5 do DENV-1

g- Domínio polimerase da NS5 do DENV-3

Figura 11. Análise de antigenicidade da NS5 recombinante. Comparação do reconhecimento por soro

de paciente infectado com DENV-2 em fase convalescente por ELISA, usando proteína recombinante

NS5 tratada a 100 °C por 20 minutos (linha vermelha) ou não tratada (linha azul). Em cada poço foram

adsorvidos 200 ng de NS5 em sua respectiva condição. Foi utilizado o teste estatístico de análise de

variância de duas vias, seguido do teste de Bonferroni, onde *** corresponde a p<0,001.

Momento da análise [ng/µl]b mg/L Rendimento

Pós cromatografia de afinidadec 2380,12 20,23 -

Pós diálised 1643,28 19,68 97,28%

Pós gelfiltraçãoe 294,28 7,64 37,80%

NS5 (mg/L) obtida previamente (TAN

et al., 1996)f - 0,5 -

NS5 (mg/L) obtida previamente (YAP et

al., 2007)g - 3,0 -

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4.8 Avaliação da imunogenicidade e capacidade protetora da NS5

Uma vez obtida à proteína purificada, iniciou-se o protocolo de imunização em 3 doses,

com intervalos de duas semanas entre as doses, em camundongos Balb/c machos, de 6 a 8

semanas, utilizando-se a via subcutânea. Os animais foram divididos em dois grupos de

imunização (n=10): o grupo controle, onde foi administrado o veículo vacinal (PBS) e o grupo

onde foi administrado 10 µg de NS5. A coleta de sangue para avaliação dos títulos de IgG

específicos foi feito 14 dias após cada dose vacinal administrada. Duas semanas após a última

dose, os animais foram submetidos a eutanásia para coleta do baço para detecção de células

produtoras de IFN-γ e TNF-α, ou desafiados com uma dose letal de DENV-2 JHA1.

Quando se compara os títulos de IgG obtidos entre o grupo vacinado e o controle,

observa-se que os títulos de IgG total especifico contra NS5 é significativamente diferente após

a terceira administração (p<0,001) (figura 12). Ao fim do protocolo vacinal, foi possível

observar a produção significativamente maior de IFN-γ pelas células do baço dos animais

imunizados com NS5 após estímulo com os peptídeos restritos ao MHC de classe II e TNF-α

quando após estímulo com o pool de peptídeos restritos a ambas as classes de MHC (figura 13).

A análise da sobrevivência dos animais frente a um desafio letal com DENV-2, num modelo de

encefalite, demonstrou que a NS5 sozinha é capaz de gerar aumento de sobrevida nesse modelo,

visto que as curvas de sobrevivência do grupo imunizado e grupo controle são diferentes

(p<0.0018) (figura 14).

Figura 12. Avaliação da resposta humoral gerada em camundongos imunizados com NS5

recombinante. Camundongos Balb/c foram imunizados por via subcutânea com 10 µg de NS5 (n=10)

em três doses com intervalos de 15 dias entre as doses. Antes de cada dose, os soros dos camundongos

foram titulados em ELISA para o reconhecimento de NS5 e os títulos foram expressos como média ±

DP. Como tratamento estatístico foi feito a análise de variância de duas vias, seguido do teste de

Bonferroni, onde *** corresponde a p<0,001.

1° d

ose

2° d

ose

3° d

ose

0

100

200

300

1000

1250

1500

1750

2000NS5

PBS

***

Tit

ulo

de

Ig

G N

S5-e

sp

ecíf

ico

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Figura 13. Análise da produção de INF-γ e TNF-α em células de baço de animais imunizados com a

NS5. Após 14 dias da última dose do regime vacinal foi feita a análise da produção de INF-γ e TNF-α

em células do baço dos camundongos imunizados pelo ensaio de ELISPOT, usando como estímulo um

pool peptídeos NS5 específicos restritos ao MHC de classe I (a) ou classe II (b). Foi usado o teste T para

comparação das médias de unidades formadoras de spots (UFSs) de cada citocina, seguido do teste de

Mann-Whitney, onde * corresponde a p<0,05.

Figura 14. Avaliação do efeito protetor gerado pela imunização com a proteína NS5 frente ao modelo

de encefalite induzida por DENV-2. Os camundongos (n=8-10) foram desafiados pela via intracraniana

usando-se 2 vezes a DL50 do DENV-2 cepa JHA1, duas semanas após a terceira dose vacinal. A

sobrevivência foi monitorada diariamente durante 15 dias após o desafio. Dados representativos de 3

experimentos feitos de forma independentes, mas com resultados semelhantes. Foi usado o teste

estatístico de Mantel-Cox para comparação das curvas de sobrevivência, onde p=0,0018.

4.9 Avaliação da imunogenicidade de formulações vacinais baseadas em NS5

Os resultados demonstraram que a NS5, apesar de imunogênica, não foi capaz de

conferir proteção contra encefalite induzida por DENV-2, de modo que novas formulações com

diferentes adjuvantes foram testadas. Os animais foram divididos em 6 grupos de imunização

2 4 6 8 10 12 14

20

40

60

80

100PBS

NS5

p=0,0018

Dias após o desafio

So

bre

viv

ên

cia

(%

)

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(n=10): o grupo controle (grupo PBS), a proteína sem adjuvante (grupo NS5), a NS5 adsorvida

ao hidróxido de alumínio (grupo Alum), a proteína com o poli (I:C) (grupo Poli (I:C)), as

últimas duas formulações usam além do poli (I:C) e a proteína o adjuvante Montanide 720®

(30:70 água-em-oléo) (grupo M720). O protocolo vacinal consistiu na administração

subcutânea de três doses de cada formulação com intervalos de duas semanas entre as doses. A

coleta de sangue para avaliação de títulos de anticorpos específicos e sub classe de IgG foi feita

14 dias após cada dose. Após 14 dias da última dose, os animais foram submetidos a um desafio

letal com DENV-2 ou eutanasiados e as células do baço cultivadas e submetidas ao ensaio de

ICS (figura 15).

Figura 15. Representação esquemática do regime vacinal empregado. As formulações foram

administradas em três doses com intervalos de 15 dias entre as doses. Amostras de soro foram coletadas

um dia antes de cada dose de imunógeno. O desafio letal e cultivo das células do baço para marcação

de citocinas intracelulares foram feitos 15 dias após a administração da última dose.

Os títulos de IgG que reconhecem especificamente a NS5 após a terceira dose foram

estatisticamente maiores que o título obtido após a primeira dose em todas as formulações

vacinais testadas. Ao se observar os títulos referentes à terceira dose vacinal, o grupo M720

gerou maiores títulos de IgG NS5 específicos (figura 16 a e b). Quanto as concentrações médias

das sub-classes IgG1 e IgG2a, foi possível observar diferentes perfis para cada formulação

(figura 16 c). As formulações que continham apenas a NS5 e que combinavam a proteína ao

hidróxido de alumínio (NS5 e Alum, respectivamente) tiveram a relação IgG1/IgG2a maiores

que 1. A formulação contendo Alum induziu uma produção significativamente maior da sub-

classe IgG1 antígeno-específico (p<0,05). De modo contrário, as formulações que continham

além da proteína o poli (I:C) sozinho ou emulsificado em montanide 720 (as formulações Poli

(I:C) e M720, respectivamente), geraram uma relação menor que 1 entre as sub-classes, sendo

que a formulação M720 induziu uma produção significativamente maior da sub-classe IgG2a

antígeno-específico (p<0,05).

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46

Figura 16. Avaliação da resposta humoral gerada pelas formulações vacinais. O soro dos animais foi

individualmente submetido ao teste de ELISA para o reconhecimento da NS5. Os resultados expressos

com a média ± desvio-padrão. (a) Títulos de IgG NS5-específicos gerados após a administração das

diferentes formulações vacinais nas 3 doses de imunização (b) Títulos de IgG NS5-específicos gerados

após terceira dose. (c) Concentrações das subclasses de IgG NS5-específicas geradas pelas formulações

após a terceira dose vacinal. A relação entre as subclasses de IgG1 e IgG2a NS5 específicas estão

representadas acima no gráfico. O valor do título ou concentração obtidos no grupo PBS foi subtraído

dos valores obtidos nos grupos de imunização. Dados representativos de no mínimo dois experimentos

independentes, com resultados semelhantes. Nos gráficos A e B, foi feita a análise de variância seguido

do teste de Bonferroni, e na figura C foi feito o teste T comparando as medias das concentrações das

subclasses de IgG dentro de cada grupo vacinal (***p<0,01; **p<0,1; *p<0,5).

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47

As evidências de geração de resposta imunológica do tipo celular especifica foi avaliada

pela estimativa percentual da população de linfócitos T CD8+ capazes de produzir IFN-γ

quando estimulados com peptídeos derivados da proteína NS5 restritos ao MHC do tipo I. Para

o isolamento da população de linfócitos CD3+ CD8+ (figura 17 a), foi usado uma estratégia

clássica de análise (TUNG et al., 2007). A formulação contendo M720 foi capaz de promover

a ativação de linfócitos T CD8+ específicos (figura 17 b), cujo o valor percentual é

estatisticamente maior que os valores gerados pela formulação Alum e o grupo controle (p <

0,05).

Figura 17. Indução de ativação de linfócitos T CD8+ NS5-específicos. A estratégia de análise para

identificação da população de linfócitos T CD8+ produtores de interferon-γ após estímulo específico

com NS5 foi feita como mostrada em (a), onde, após a se fazer a janela de aquisição de linfócitos (SSC-

A/FSC-A) a partir de células únicas (singlets: FSC-H/FSC-A), separou-se a população que expressa

CD3, seguido da separação da população de marcada com CD8 e dessa população, as células que

expressaram interferon-γ. A frequência de linfócitos T CD8+ IFN-γ+, dentro da população de linfócitos

T CD3+ CD8+ foi estimada após duas semanas após a última dose vacinal. Foi usado para a análise o

teste de Bonferroni para comparações múltiplas, onde * se refere a p < 0,05.

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48

4.10 Avaliação da capacidade protetora gerada pelas formulações

Após a realização do protocolo de imunização, os camundongos foram desafiados com

2 vezes a DL50 do DENV-2 cepa JHA1, pela via intracraniana, como descrevemos

anteriormente (Amorim, et al. 2012). A observação de mortalidade nesses animais foi feita por

22 dias após o desafio em mais de dois experimentos independentes (figura 18). Os grupos

Alum e M720 tiveram a curva de sobrevivência semelhante ao grupo controle (PBS), não sendo,

portanto, capaz de induzir uma resposta protetora ou aumento de sobrevida aos animais. Os

grupos NS5 e Poli (I:C) tiveram a sobrevida aumentada em relação ao grupo controle (p<0,01),

sendo que o último grupo promoveu a sobrevivência de 10% dos camundongos submetidos ao

desafio.

Figura 18. Proteção conferida aos camundongos imunizados com as vacinas baseadas em NS5 contra

encefalite induzida pelo DENV-2. Os camundongos Balb/c (n=10) foram desafiados pela via

intracraniana usando-se 2 vezes a DL50 do DENV-2 cepa JHA1, duas semanas após a terceira dose

vacinal. A sobrevivência foi monitorada diariamente durante 22 dias após o desafio. Dados

representativos de três experimentos feitos de forma independente, mas com resultados semelhantes.

Foi usado o teste estatístico de Mantel-Cox, onde p=0,0021 quando se compara a curva de sobrevivência

do grupo Poli (I:C) em relação ao grupo PBS e p=0,0031 quando se compara o grupo NS5 ao grupo

PBS.

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

20

40

60

80

100 PBS

NS5

Alum

Poli (i:c)

M720

p<0,01

Dias após o desafio

So

bre

viv

ên

cia

(%

)

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5 DISCUSSÃO

A febre da dengue é a principal arbovirose que atualmente atinge seres humanos e

embora a doença seja conhecida por mais de 70 anos, não há ainda tratamentos efetivos contra

a doença, bem como, formulações vacinais disponíveis e capazes de conferir proteção frente à

infecção. Nesse contexto, o uso da NS5 em sua forma recombinante como antígeno alvo numa

formulação vacinal contra a dengue, se mostra como uma alternativa promissora, visto que a

proteína não é estrutural, o que anula as chances de aumento da infecção por anticorpos de

reatividade cruzada sub-neutralizantes. Além disso, essa proteína é a mais conservada proteína

entre os quatro sorotipos, implicando em altas chances de uma vacina tetravalente. De fato,

resultados recentes de um teste em seres humanos, demonstrou que formulações tetravalentes

usando o vírus atenuados direciona à resposta imune celular majoritariamente contra epitopos

conservados da NS5 (WEISKOPF et al., 2014). Nesse trabalho, foram testadas formulações

vacinais baseadas na NS5 do DENV-2 cepa JHA1, na sua forma recombinante, administrada

sozinha ou juntamente com diferentes adjuvantes, com o objetivo de controlar a encefalite

induzida pelo DENV-2 em modelo murino. A produção da proteína foi feita em E. coli e

purificada a partir da fração solúvel da cultura induzida, o que representa uma vantagem no

caso de um escalonamento de produção, visto que não há necessidade de procedimentos

adicionais de redobramento proteico, como nos casos onde a proteína se encontra na fração

insolúvel.

O uso de dois etapas de purificação resultou na obtenção da proteína com alto grau de

pureza. Além disso, o uso de utensílios e soluções com baixos níveis de endotoxina resultou na

obtenção de um antígeno recombinante produzido em uma bactéria gram-negativa que possuía

níveis aceitáveis de LPS (0,5 e 2,0 EU/mL), fator muitas vezes limitante no uso de proteínas

recombinantes produzidas em bactérias gram negativas (SCHWARZ et al., 2014; WAKELIN

et al., 2006). Outro fator relevante quanto à obtenção da NS5 foi o rendimento. O valor obtido

foi de 2-14 vezes maior do que aqueles relatados em outros trabalhos de purificação de formas

recombinantes da NS5 de DENV-2 em modelo procarioto (TAN et al., 1996; YAP et al., 2007).

Esse fato está relacionado à temperatura, momento e duração da indução. Trabalhos anteriores

demonstraram que a NS5 é toxica à E. coli, resultando na parada de crescimento da cultura

quando a proteína é expressa em grandes quantidades (ACKERMANN; PADMANABHAN,

2001). Com base nessa informação, optou-se em modificar o protocolo descrito por

Bhattacharya e colaboradores (2009), de modo que a indução com o IPTG foi feita quando a

cultura atingiu a densidade ótica (600 nm) de 2. Em combinação ao cultivo em baixa

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temperatura por um período de 16 h que favorece o aumento do rendimento por: (i) diminuir as

interações hidrofóbicas, indutoras de formação de corpúsculos de inclusão; (ii) reduz a taxa de

síntese e cinética de dobramento proteico, favorecendo na qualidade estrutural; (iii) induz

menor expressão de proteases específicas (VOULGARIDOU et al., 2013).

Apesar de ter sido usado um modelo bacteriano de expressão, a proteína purificada a

partir da fração solúvel preservou características antigênicas, como demonstrado pelo

reconhecimento da proteína não tratada termicamente por soro de paciente. O reconhecimento

é perdido quando a proteína é tratada por calor, evidenciando a conservação de epitopos

conformacionais na proteína recombinante obtida nesse trabalho. Além disso, a proteína foi

reconhecida por um monoclonal NS5-especifico comercial e previamente caracterizado como

ligante da região final da NS5 de DENV-2 (posição de ligação entre os resíduos de aminoácidos

829-900 da NS5 de DENV-2) no ensaio de western blot.

A análise da imunogenicidade da proteína obtida foi feita pela administração subcutânea

de três doses de 10µg da NS5 purificada, comparando-se, a princípio, os títulos de anticorpos

geradas após cada dose em comparação com o grupo controle, onde foi administrado apenas o

veículo vacinal (PBS). Foi possível observar que a proteína obtida é imunogênica, visto que

após 3 administrações, os títulos de IgG antígeno-específicos são estatisticamente diferentes do

grupo controle. A NS5 recombinante obtida atende aos 4 parâmetros tidos como preditivo de

imunogenicidade: (i) grande peso molecular, (ii) complexidade química, (iii) solubilidade

(relativo a ser hidro degradável) e (iv) ser não-próprio (DINTZIS et al., 1976; ELGERT, 2009).

Foi observado também a produção in vitro de TNF-α e INF-γ por células do baço dos

camundongos imunizados, mediante estímulos específicos com peptídeos derivados da NS5,

restritos ao MHC de classe I e II (SCHWARZ et al., 2014; WAKELIN et al., 2006; WRIGHT

et al., 1990) . Ao término do protocolo vacinal os animais foram desafiados com uma dose letal

do DENV cepa JHA1 pela via intracraniana. A análise das curvas de sobrevivência dos dois

grupos, mostrou que a NS5 foi capaz de induzir um aumento significativo na sobrevida dos

animais. Esses resultados mostraram que a NS5 recombinante tem potencial como antígeno

vacinal contra a dengue, de modo que os esforços subsequentes seriam em desenvolver

formulações baseadas na NS5 que induzissem um maior efeito protetor dentro desse modelo de

desafio.

Diferentes adjuvantes foram associados à NS5 e administrados pela via subcutânea em

camundongos Balb/c. Cada uma das formulações testadas foi capaz de gerar títulos de IgG

específicos anti-NS5 com diferentes magnitudes, sendo que o uso combinado de poli (I:C) e

proteína emulsionados em Montanide 720 (formulação M720), induziu maiores títulos de IgG

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anti-NS5. Para a formulação NS5 e Alum, a relação entre IgG1 e IgG2, foi superior a 1,

sugerindo uma ativação de resposta Th2, resultado que está de acordo ao esperado para

antígenos proteicos exógenos (AMORIM et al., 2012a; SIMMONS et al., 2010; WOODLAND,

2004) e sobre a modulação induzida por esse adjuvante em formulações vacinais (BRUNNER;

JENSEN-JAROLIM; PALI-SCHÖLL, 2010; GUPTA; SIBER, 1995; SCHIJNS; LAVELLE,

2011). Para as formulações Poli (I:C) e M720, a relação entre IgG1 e IgG2a foi menor que 1,

indicando a indução de IgG anti-NS5 específicos com predominância da subclasse IgG2a, o

que sugere um perfil Th1 de resposta, o que está em concordância com resultados já descritos

sobre as características desses adjuvantes (BRUNNER; JENSEN-JAROLIM; PALI-SCHÖLL,

2010; FIELD et al., 2010; GUPTA; SIBER, 1995; JIN et al., 2007; SCHIJNS; LAVELLE,

2011; WADA; KOHARA; YASUTOMI, 2013). Esses resultados em conjunto, demonstram

que as formulações foram imunogênicas e que os adjuvantes funcionaram em promover a

potencialização da resposta, demonstrado pelos valores de títulos de IgG, e promoveram a

modulação esperada, demonstrada pelas diferentes relações entre subclasses de IgG

(MOSMANN; COFFMAN, 1989).

Como demonstrado anteriormente, o perfil Th1 de resposta está relacionado a indução

de linfócitos T citotóxicos específicos (KEDZIERSKA et al., 2006; MLADINICH et al., 2012;

NORDLY et al., 2011; SALEM et al., 2009; SPAULDING et al., 1999b). As indicações da

ativação no braço de resposta celulares induzidas por algumas das formulações levou à

investigação da indução de linfócitos T CD8+ específicos produtores de IFN-γ. As células de

baço dos animais imunizados duas semanas após o protocolo de imunização foram

imunofenotipadas com os marcadores CD3 e CD8, que são respectivamente o TCR (do inglês

T Cell Receptor) que é o marcador de linfócitos T e o co-receptor que, juntamente com o TCR,

estão intimamente associados ao MHC do tipo I. Portanto, esses marcadores caracterizam a

população de linfócitos do tipo T efetores ou citotóxicos. Juntamente com a imunofenotipagem

foi realizada a marcação intracelular de IFN-γ após estimulo específico com peptídeos

provenientes da NS5, restritos ao MHC de classe I. Os resultados obtidos nesse trabalho

demonstraram que a formulação vacinal M720 foi capaz de induziu a expansão de linfócitos T

efetores específicos contra a NS5 do DENV-2, resultado que está em concordância com o perfil

de subclasses de IgG gerados e o tipo de resposta esperada para essa combinação de adjuvantes

( HAFNER; CORTHÉSY; MERKLE, 2013; JIN et al., 2007).

O uso da NS5 do DENV como antígeno vacinal é inédito. Entretanto, essa e outras

proteínas não estruturais são alvos promissores contra a infecção por vírus estreitamente

relacionados com o DENV, como é o caso do vírus da hepatite C (HCV) (JIN et al., 2007;

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WADA et al., 2013). Jin e colaboradores (2007) demonstraram que o uso da proteína não

estrutural 3 do HCV em combinação com o poli (I:C) emulsionado em Montanide 720 gerou

uma resposta imunológica com perfil Th1 que foi específica, potente, duradora e capaz de gerar

linfócitos T citotóxicos efetores em camundongos. Assim sendo, os dados aqui demonstrados

estão em consonância com a literatura.

O entendimento exato da interação entre diversos vírus neurotrópicos e o sistema

nervoso central (SNC), ainda representa um desafio importante no entendimento da patogênese

desencadeada por diversos vírus (CHAKRABORTY et al.). Essa complexa relação é marcada

pela necessidade do patógeno ser capaz de replicar com mínimo dano tecidual e exposição ao

sistema imune, bem como o hospedeiro deve ser capaz de interromper a replicação do vírus,

causando danos diminutos às células do SNC, principalmente os neurônios dado a sua vital

importância no contexto sistêmico e a sua capacidade limitada de regeneração (CHEVALIER

et al., 2011). Além disso, o SNC é tido como um sítio imunologicamente “privilegiado”, visto

a presença da barreira hematoencefálica e a ausência de um drenador linfoide associado.

Entretanto, o sistema imunológico pode controlar infecções nesse tecido, porém, à custa de

dano tecidual irremediável pela inflamação desencadeada (GALEA et al., 2007).

Em trabalhos anteriormente publicados, descrevemos o uso de um isolado clínico do

DENV-2 como modelo de estudo da dengue. Essa cepa, denominada JHA1, é letal a

camundongos imunocompetentes quando inoculada por via intracraniana, gerando um quadro

de encefalite acompanhado de distúrbios hematológicos (AMORIM; PEREIRA BIZERRA; et

al., 2012). No presente trabalho foi possível observar um efeito de aumento de sobrevida

significativo induzido pela imunização com a proteína NS5 ou quando combinada ao poli (I:C),

frente a um desafio intracraniano letal com JHA1. Entretanto, não houve correlação entre

capacidade da formulação de induzir a geração linfócitos T citotóxicos (CTL’s) e proteção,

visto não haver diferença entre as curvas de sobrevivência do grupo M720 e o grupo controle

dentro do modelo desafio empregado usado nesse trabalho.

Dentre todos os mecanismos efetores na eliminação viral pelo sistema imune, os

linfócitos T CD8+ recebem destaque, devido às suas funções na proteção primária do hospedeiro

contra doenças de caráter infeccioso (CLAASSEN et al., 2013; MOSEMAN; MCGAVERN,

2013; REMAKUS; SIGAL, 2013; SCHUCH et al., 2014; WORTZMAN et al., 2013). Os

CTL’s, podem desencadear morte celular via reconhecimento específico de peptídeos

apresentados no contexto de MHC de classe I, em vias líticas, pela liberação de perforinas e

granzimas ou pela via Fas/Fas-ligante (KÄGI et al., 1996; LANCKI et al., 1989, 1991;

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53

NAGLER-ANDERSON et al., 1989; WILLIAMS; ENGELHARD, 1996). A morte celular

pode ocorrer também pela produção e liberação de citocinas antivirais pelos linfócitos T CD8+,

como o IFN-γ e o TNF-α (BINDER; GRIFFIN, 2003; KNICKELBEIN et al., 2008).

Como o reconhecimento do complexo peptídeo-MHC I é fundamental no estímulo das

funções efetoras dos CTL’s, os neurónios foram considerados por muito tempo como

invulneráveis à ação dessas células do sistema imune, visto que não expressam moléculas de

MHC I (JOLY et al., 1991). Entretanto, já se é sabido que essas moléculas são expressas nessas

células durante um quadro inflamatório local (SHATZ, 2009), o que torna neurônios potenciais

alvos de linfócitos T citotóxicos no contexto de encefalite causada por vírus, por exemplo. Além

disso, evidencias ex vivo e in vitro, demonstraram que neurônios podem ser atacados pelas vias

citolíticas desses linfócitos em diferentes modelos murino de encefalite (BIEN et al., 2002;

MEDANA et al., 2001). Assim sendo, a resposta celular contra a dengue baseada apenas em

linfócitos T CD8+ efetores pode não ser passível de correlação com a proteção quando o modelo

utilizado para desafio se baseia na indução de encefalite, o que pode levar à subestimação dos

resultados obtidos, como por exemplo, a formulação M720 desenvolvida nesse trabalho, que

foi capaz de induzir uma potente resposta imunológica, evidenciada tanto pela indução de altos

títulos de IgG antígeno-específica, bem como a expansão linfócitos T CD8+ específicos, porém,

não havendo correlação com a proteção.

O papel desempenhado por linfócitos T CD4+ tem sido descrito para diversas encefalites

virais, como por exemplo, na infecção de cavalos pelo vírus da encefalite equina Venezuelana

(VEEV), onde demonstrou-se que a transferência adotiva de células T CD4+, mas não de células

T CD8+, em camundongos primados com o VEEV promoveu proteção à encefalite induzida em

camundongos susceptíveis à infecção (YUN et al., 2009). A importância da atuação de células

T CD4+ no controle em infecções com Flavivirus é bem descrita na literatura (LIU;

CHAMBERS, 2001; MURALI-KRISHNA et al., 1996; SITATI; DIAMOND, 2006). Há

demonstrações experimentais que células T CD4+ específicas contra o vírus do oeste do Nilo

(WNV) exibem atividades antivirais por meio de secreção de citocinas antivirais, ou por

citotoxicidade direta, sendo suficiente na geração de proteção em modelo murino (BRIEN et

al., 2008; SITATI; DIAMOND, 2006). Assim sendo, a proteção ou o aumento de sobrevida no

modelo desafio utilizado nesse trabalho, pode estar relacionada ao aumento de células T CD4+

específicas, o que torna questionável a utilização de modelos de encefalite na avaliação de

formulações vacinais contra dengue, visto que diversas evidências recentes, apontam para as

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células T CD8+ especificas como parte importante na proteção contra a infecção pelo DENV

(DURBIN et al., 2013; RIVINO et al., 2013, 2015; WEISKOPF et al., 2014)

Apesar de não termos observado proteção completa dos animais imunizados no modelo

de dengue empregado nesse estudo, a proteína NS5 recombinante aqui obtida é um reagente

com potencial de uso amplo. A proteína tem sido valiosa em plataformas de estudo de antivirais

tetravalentes contra a dengue, visto que essa proteína é central no processo de replicação viral

e é altamente conservada entre os sorotipos (COUTARD et al., 2014; FRASER et al., 2014b;

LESCAR et al., 2008). Além dessas características, a NS5 realiza atividades enzimáticas

complexas que não ocorrem nas células hospedeiras, que são a atividade de metiltrasferase e

RNA polimerase RNA-dependente, assim sendo, drogas contra ela desenvolvidas tendem a ter

maior toxicidade seletiva, o que não ocorre para proteína NS3, cujas funções são dependentes

da capacidade de hidrólise de ATP, função amplamente compartilhada por diversas enzimas da

célula hospedeira. Além disso, como é sabido, a NS5 no estado: hipofosforilado interage

fortemente com a NS3, sendo essa interação fundamental na iniciação da replicação e

alongamento do RNA viral em transcrição. No estado hiperfosforilado, a proteína interage com

diversas proteínas celulares envolvidas em vias de sinalização antivirais, tanto no citoplasma

quanto no núcleo. Desta forma, drogas desenvolvidas no intuito de inibir interações

proteína/proteína devem compor um painel de antivirais contra a infecção pelo vírus dengue

(CHEN, C. et al., 1997; TAKAHASHI et al., 2012; TAY et al., 2015).

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6 CONCLUSÕES

Os objetivos almejados para desenvolvimento da presente dissertação foram alcançados

e as conclusões obtidas foram:

A forma recombinante da proteína NS5 do DENV-2 foi obtida com alto

rendimento em sistema procarioto a partir da fração solúvel. A proteína preserva

epitopos conformacionais presentes na sua forma nativa.

A proteína NS5 recombinante aqui obtida é imunogênica quando

administrada pela via subcutânea, induzindo a geração de IgG antígeno-especifica,

produção de TNF-α e IFN-γ por células imunológicas e aumento de sobrevida em

modelo de desafio com DENV-2 cepa JHA1.

A imunogenicidade da NS5 foi potencializada pela adição de adjuvantes

em um protocolo vacinal, desencadeando uma resposta humoral sistêmica com perfis

de modulação adequado para cada formulação, entretanto nenhum dos adjuvantes

induziu sobrevida maior que a induzida pela proteína sozinha.

A formulação M720, que continha além da proteína os adjuvantes poli

(I:C) emulsificado em Montanide 720, foi capaz de ativar linfócitos T CD8+

específicos, fato que não foi correlacionado com aumento na proteção ao desafio

intracraniano com a linhagem JHA1 de DENV2.

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REFERÊNCIAS

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