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1 Dificuldades de Aprendizagem Definição de Dificuldades de Aprendizagem National Joint Committee of Learning disabilities(1988) “É uma designação geral que se refere a um grupo heterogéneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e na utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita, e do raciocínio matemático. Tais desordens consideradas intrínsecas ao individuo e presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida.Problemas na auto- regulação do comportamento, na percepção social e na interacção social podem coexistir com as DA. Apesar das DA ocorrerem com outras deficiências(ex. def. sensorial, mental, distúrbios sócio-emocionais) ou com influências extrínsecas(ex.diferenças culturais, insuficiente ou inapropriada instrução, etc.), elas não são resultado dessas condições”. Dificuldades na avaliação das DA Avaliar o QI é insuficiente; (Ex.QI 130 e pode ter discalculia ou dislexia); Não existe sincronia entre as avaliações dos psicólogos, os dados dos pediatras, os dos professores, etc.... Consideração da inteligência como a habilidade para aprender/ao contrário da inteligência como dispositivo modular composto por sistemas independentes de processamento da informação(competência cognitiva), que no caso das crianças com DA não funcionam sinergicamente(Fonseca 1991).

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Dificuldades de Aprendizagem

Definição de Dificuldades de

Aprendizagem – National Joint Committee of Learning

disabilities(1988)

� “É uma designação geral que se refere a um grupo heterogéneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e na utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita, e do raciocínio matemático. Tais desordens consideradas intrínsecas ao individuo e presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida.Problemas na auto-regulação do comportamento, na percepção social e na interacção social podem coexistir com as DA. Apesar das DA ocorrerem com outras deficiências(ex. def. sensorial, mental, distúrbios sócio-emocionais) ou com influências extrínsecas(ex.diferenças culturais, insuficiente ou inapropriada instrução, etc.), elas não são resultado dessas condições”.

Dificuldades na avaliação das

DA

� Avaliar o QI é insuficiente; (Ex.QI 130 e pode ter discalculia ou dislexia);

� Não existe sincronia entre as avaliações dos psicólogos, os dados dos pediatras, os dos professores, etc....

� Consideração da inteligência como a habilidade para aprender/ao contrário da inteligência como dispositivo modular composto por sistemas independentes de processamento da informação(competência cognitiva), que no caso das crianças com DA não funcionam sinergicamente(Fonseca 1991).

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Potencial de Aprendizagem/Rendimento escolar

� Discrepância entre a capacidade mental e o desempenho – QI > ou = a 80, e mau aproveitamento escolar.

� DA diferente de Deficiência mental educável(QI 50-55 a 70-75) – aqui não há discrepâncias.

� A criança com DA apresenta um QI dentro ou acima da média, mas um aproveitamento escolar baixo nalgumas áreas.

Identificação de crianças com Dificuldades de Aprendizagem

� Dividem-se em três fases:

� 1º. Idades pré-escolares (0 - 5 anos);2º. Início das actividades escolares (5 - 6 - 7 anos);3º. Os que já estão integrados na escola (+ de 8 anos).

Áreas de desenvolvimento� 1º. Grupo (0 - 5 anos)� Cognitiva � Motora � Linguagem � Autonomia � Socialização � As escalas de desenvolvimento mais usadas no nosso país,

são os programas PORTAGE - possui 450 itens e envolve os pais.

� Outras escalas de avaliação– Carolina – Griffiths – Brazelton

� Quando se aproxima dos 5 anos, utilizam-se testes mais rigorosos (ex.: Escala de Competências pré-escolares de Mª Vitória de la Cruz, wppsi, Reversal Test).

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2º. Grupo (5 - 6 - 7 anos)

� Identificam-se através de uma avaliaçãoinformal.

� Usam-se testes que permitam dar uma ideiada sua realização em relação ao currículo(Ex. BAPAE).

� É uma fase difícil de caracterizar-se ou dizerque uma criança tem Dificuldades deAprendizagem.

� Podem usar-se vários testes como a WISC.

3º. Grupo (+ de 8 anos)

� Nestas idades já se pode consideraruma definição de Dificuldades deAprendizagem.

� Neste caso temos que fazer umaavaliação das suas capacidadesintelectuais: avaliação compreensiva

� As dificuldades de aprendizagem podem ter a sua origem no desfasamento que algumas crianças têm em relação a outras da sua idade no inicio do 1º ciclo do Ensino básico.

� A Maturidade da criança é muito importante ser tida em conta como forma de prevenção.

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Dificuldades e Incapacidades de Aprendizagem

� Dificuldade:– Potencial de aprendizagem

integro e intacto;

– Não são portadoras de deficiências.

– O prefixo dis (disgrafia, dislexia, discalculia,etc.) envolve a noção de dificuldade, a que pode estar ligada ou não uma disfunção cerebral.

� Incapacidade:– Inclui problemas de

gravidade variável

– Compreendem perturbações que incidem sobre a recepção, a integração e a expressão de funsões práxicas e simbólicas que não estão ligadas nem a estados demenciais nem a lesões sensoriais periféricas, ou deficiências do aparelho motor periférico

Características Gerais das

Crianças com DA.

� Inteligência normal;� Adequada acuidade visual e auditiva;� Ajustamento emocional e perfil motor adequados;� Apresenta dificuldade de aprendizagem nos processos

simbólicos: (Fala, leitura, escrita, aritmética, etc...).� Inverte letras - «d» por «b», «u»por «n»; números «6»por «9»;

ou lê«bar» em vez de «dar».� Esquece-se com frequência;� Não aprende sequências – dias da semana, meses do ano, etc.� Fala em histórias fabulosas mas não consegue saber quantos

são 4+4.� Por vezes é tagarela e não pára de falar.

Características mais específicas

das Crianças com D.A.

� Problemas de atenção

� Problemas Perceptivos – Visuais e auditivos

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Características mais específicas

das Crianças com D.A.(cont.)

� Problemas emocionais;– “Traquinas”, “confabulosas”, “nervosas”, “desatentas”, “irrequietas”,

“manipulativas”, “irresponsáveis”;– Instabilidade emocional, dependência;– Inseguras, instáveis;– Ansiedade, agressividade reaccional;– Sentimentos de exclusão, de rejeição, de perseguição, de abandono, de

hostilidade e de insucesso;– Raramente pensam antes de agir(necessidade de gratificação imediata);

� Problemas de memória;� Problemas cognitivos – Os resultados de QI não verbal na WISC são

superiores ao verbal.� Problemas psicolinguisticos;� Problemas psicomotores.

Factores etiológicos das Dificuldades de Aprendizagem

� Podemos considerar três grandes grupos:

Orgânicas Educacionais AmbientaisDeterminado nº de factores:

�Pré-natais

�Peri, pós natais

�Hereditários

�Irregularidades bioquímicas

�Atrasos de maturação

�Estilos cognitivos

�Má nutrição

�Diferenças sócio-culturais

�Clima emocional adverso

�Dispedagogias

�Tóxicos

ambientais

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Pré-natais Mãe:

– Excesso de radiações – Idade muito avançada – Nº de filhos (muitos) hipotiroidismo – Insuficiência placentária– Droga, fumos (tabacos) – Medicamentos – Prematuridade

� Deficiências renais

Peri-Natais� Parto demorado;� Casos de separação prematura da placenta;� Trauma obstétrico - dá lugar a hemorragias (9% a

12% de todos os bebés sofreram um trauma obstétrico, diz Colletti (1979)).

Pós-Natais� Traumatismo craniano; � Danos cerebrais graves � Derrames cerebrais - lesões cerebrais;� Febres altas (indicadores de meningite, encefalite,

febris);� Desidratações;� Tumores cerebrais;

� Causas hereditárias– Estruturas cerebrais com diferentes padrões

de maturação. Tais factores podem sertransmitidos geneticamente ou seja - factoreshereditários.

� Causas de irregularidades bioquímicas– Podem dar origem a estados

comportamentais de hiperactividade ouhipoactividade que podem ser transmitidaspor via genética (não está provado).

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� Irregularidades bioquímicas:� - Hiperactividade provocada pela

alimentação� (Conservantes e corantes).� - Deficiências vitamínicas� - Desordens glandulares (Tem a ver com as

desigualdades hormonais)� Desigualdades hormonais que quando mais

cedo aparecerem na vida da criança, maishá a possibilidade de contraírem uma lesãocerebral. As mais conhecidas são:

� Tiróidais� Cálcicas

Factores Educacionais

� Atrasos de maturação� Maturação lenta visual, motora, fala ou de atenção.� São a base do desenvolvimento cognitivo e portanto,

devido a esta maturação lenta, combinada com osrequisitos do currículo escolar que nestes casosestarão a um nível de prontidão da criança, vãocausar problemas de maturação.

� Ou seja:� CURRÍCULO = NÍVEL DE APTIDÃO

Estilos Cognitivos� Estilo cognitivo é a forma como o indivíduo

percebe se resolve os problemas que selhe deparam nos vários ambientes em queinterage.

� As capacidades do indivíduo estãointactas. Só que essas capacidadesbásicas são diferentes das outras criançasditas normais, quanto aos estilos decaptação de organização da informação ede memória.

– O Educador deverá experimentar várias estratégiasque se adaptem aos estilos de aprendizagem dacriança.

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Factores Ambientais

� Má nutrição e estimulação deficiente

� Problemas sócio - culturais

� Clima emocional adverso

� Dispedagogias

� Tóxicos ambientais

Má nutrição e estimulação deficiente

� Um dos primeiros factores que podem causar Dificuldades de Aprendizagem (D.A.), pode ser a má nutrição (criança ou mãe). As deficiências afectam a maturação do sistema nervoso central.

Problemas Sócio - Culturais

� Devido ao grande nº de filhos

� Ás condições de habitabilidade,

� Problemas de higiene

� cuidados médicos deficitários.

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Clima Emocional Adverso

� Provoca uma redução ou desatenção da criança.

� A desorganização familiar também está contida nesta causa.

� Também, a instabilidade emocional de um dos conjugues ou divórcio, pode criar um clima emocional adverso.

� O stress durante a gravidez também pode ser uma causa ou um factor para o feto.

Tóxicos ambientais

� Os fumos e álcool e essencialmente oCHUMBO contido nas tintas ou produtos,podem ser factores causadores de lesõescerebrais ligeiras e ou severas.

� Isto pode acontecer respirando aspartículas em suspensão no ar quecontém elementos tóxicos. Estes produtospodem causar D.A. ou deficiência mental.

Dispedagogias

� Ensino desadequado.� Preconceitos e expectativas dos professores.� Gostar mais de uma criança do que outra, pode

influenciar a aprendizagem (Mesmo sem querer).� Formação dos educadores e professores.� É importante que o educador e professor tenham em

conta o ambiente em que a criança interage.� Ter em conta os currículos, as diferenças das

crianças.

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Primeiras Consultas

• Pais junto com criança 30m

• Só criança 45m

• Ter atenção quem fala, quem monopoliza

• Observar interacção familiar

• Ter em conta forma como se sentam

• Explicar funcionamento das consultas (horários, pagamentos)

Entrevista

• Função de exploração e recolha de dados

• Função de Diagnóstico

• Tem um começo, um desenvolvimento e uma conclusão

Entrevista

• Delinear indicações terapêuticas, seguimento

• Com funções terapêuticas

• “O tratamento começa na primeira entrevista e o diagnóstico termina na última, com a despedida” Eulàlia Torres de Beà

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Anamnese• Dados Pessoais

• Caracterização do Pedido

• Gravidez

• Parto

• Estado do Recém-Nascido

• Factores do Desenvolvimento

• Adaptação Escolar

• Situação Actual

Instrumentos de Avaliação do Comportamento -Achenbach- CBCL, TRF, YSR, SCICA

• Modelo Multiaxial na avaliação de crianças e adolescentes:

• Eixo 1: relato dos pais, englobando uma entrevista clínica e o CBCL;

• Eixo 2: relato dos professores, englobando entrevista e TRF;

• Eixo 3: avaliação cognitiva, incluindo testes perceptivo-motores e testes de inteligência;

• Eixo 4: avaliação física e exame médico;

• Eixo 5: avaliação da criança através de observação, entrevista semi-estruturada (SCICA), YSR e testes de personalidade.

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CBCL – CHILD BEHAVIOUR CHECKLIST, ACHENBACH, 1991

� População: Crianças e jovens dos 4 aos 18 anos.� Utilização: Trata-se de uma escala a ser preenchida

pelos pais da criança ou adolescente. O tempo necessário é de cerca de 30 minutos.

� Variáveis Investigadas:IsolamentoQueixas somáticasAnsiedade/DepressãoProblemas SociaisComportamento AgressivoProblemas de PensamentoProblemas de AtençãoComportamento Delinquente

SCICA - ENTREVISTA CLÍNICA SEMI-ESTRUTURADA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES, M.S.ARAÚJO, M.GONÇALVES, M.J.TEIXEIRA, 1996

• População: Crianças e jovens dos 6 aos 18 anos.• Utilização: Trata-se de um guião de entrevista a ser aplicada à criança ou adolescente.

• O tempo necessário é de cerca de 60 minutos.

• Áreas de Funcionamento Gerais:• Actividades,escola, emprego;

• Amigos e relações familiares;

• Fantasias;

• Auto-percepção, sentimentos;

• Problemas relatados pelos pais/professores;

• Queixas somáticas, alcóol, drogas e problemas com a lei

� AUTOR: Maria Victoria de La Cruz� FORMA DE APLICAÇÃO: Individual ou

Colectiva� IDADE: 6 e 7 anos� DURAÇÃO: 60m� FUNDAMENTAÇÃO: Avaliação de alguns

aspectos considerados importantes para a aquisição de conhecimentos que se iniciam no 1ºciclo do Ensino Básico

BAPAE - Bateria de Aptidões para a Aprendizagem

Escolar

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BAPAE - Bateria de Aptidões para a Aprendizagem

Escolar

� PROVAS:– Compreensão Verbal (Vocabulário)

– Aptidão Numérica (Conceitos Quantitativos e Utilização de Números)

– Aptidão Perceptiva e Espacial (Relações Espaciais, Constância da Forma e Orientação Espacial)

BAPAE - Bateria de Aptidões para a Aprendizagem

Escolar

� COTAÇÃO:– A pontuação nas provas de Compreensão Verbal, Relações

Espaciais e Conceitos Quantitativos é o número de respostas correctas

– Nas provas de Constância da Forma e Orientação Espacial• 2 pontos por cada elemento se se marcaram a ou as figuras correctas

e nenhuma outra

• 1 ponto se a criança marcou uma só figura das 2 correctas e nenhuma outra

• 0 pontos se se marcaram uma ou duas figuras correctas e uma ou mais incorrectas ou se apenas marcaram figuras incorrectas

BAPAE - Bateria de Aptidões para a Aprendizagem

Escolar

� PONTUAÇÕES MÁXIMAS:– Compreensão Verbal 20 Pontos

– Aptidão Numérica 20 Pontos

– Aptidão Perceptiva (Relações Espaciais + Constância da Forma + Orientação Espacial) 50 Pontos

– TOTAL 90 Pontos

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Reversal Teste

� O propósito desta prova é apreciar se o aluno possui amaturidade necessária para aprender a ler; desta forma, pode serconsiderado um teste de prognóstico, a curto prazo, do êxito daleitura.

� O Reversal Test é constituído por 84 itens, cada item tem um parde figuras. Dos 84 pares 42 não são idênticos; destes 42 pares,20 apresentam uma simetria direita- esquerda, seis têm umasimetria cima-baixo, cinco têm uma simetria direita-esquerda ecima-baixo. Os 11 pares restantes são totalmente diferentes, nãopossuindo qualquer simetria.

� Instruções:” Marcar com uma cruz os desenhos que não sãoiguais”.

Reversal Teste

� 3. PONTUAÇÃO� Constituem erro:� As figuras idênticas cruzadas� As figuras não idênticas não cruzadas� Pontuação directa = 84 (total de figuras) -total de erros� Uma vez calculada a pontuação directa, recorre-se às tabelas

no sentido de verificar o percentil no qual se situa o sujeito.Nos casos em que a pontuação quantitativa resulte muito baixa,

devem analisar- se os erros cometidos: simetrias simples(direita-esquerda), simetrias duplas ( direita- esquerda, cima-baixo), figuras idênticas cruzadas, etc.

Nalguns casos a criança poderá não ter compreendido bem ainstrução, cruzando as figuras idênticas ao contrário dopretendido.

Reversal Teste

� Para facilitar a análise qualitativa dos erros, pode ter-se emconta o seguinte:

� - Itens totalmente diversos; não admitem alguma sobreposição:6, 10,24, 29,32,41, 44, 57,74, 78 e 79 (11 itens),

� - Itens de simetria dupla (cima-baixo, direita-esquerda);coincidem ou podem sobrepor-se mediante rotação sobre umduplo eixo horizontal-vertical: 11,23,64,66 e 76 (5itens),

� - Itens de simetria simples (cima-baixo); podem sobrepor-segirando sobre um eixo horizontal: 7,8, 16,46,48 e 77 (6 itens),

� - Itens de simetria simples (direita-esquerda); podem sobrepor-se girando sobre um eixo vertical: 1,2, 9,25,28, 33, 36, 39,43,47,52,58, 61,62, 68,70,72, 73, 81 e 84 (20 itens).

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Despiste e identificação precoce

das dificuldades de

aprendizagem� A identificação deve ser feita o mais precocemente

possível – a nível de pré-primária.

� A identificação não é um diagnóstico mas um processo de despistagem que visa uma intervenção pedagógica compensatória – Implica uma prescrição psicoeducacional.

� O objectivo é uma optimização do potencial de aprendizagem.

Factores a ter em conta na identificação precoce das

DA:

� Compreensão auditiva( compreensão dos significados das palavras;discriminação de pares de palavras;discriminação de frases absurdas; compreensão de histórias; compreensão de diálogos realizados na turma;memória de curto termo(palavras e frases);retenção de informação e execução de instruções verbais.);

� Fala(Vocabulário, organização gramatical;formulação de ideias;contar histórias;relatar factos, experiências e acontecimentos;descrição de figuras e ilustrações;explicação e fundamentação de opiniões;qualidade da voz e entoação;reprodução de canções, rimas e lenga-lengas, etc).

� Percepção visual(Discriminação; identificação;completamento;memória;coordenação visuomotora;figura fundo; constância da forma;posição e relação de espaço;escrutínio visual,etc.)

Factores a ter em conta na identificação precoce das

DA: (cont.)

� Orientação ( orientação espacial;apreciação das relações;lateralidade em si e nos outros; direccionalidade; ritmo; apreciação do tempo, etc...)

� Psicomotricidade ( equilibrio, imagem do corpo;imitação de gestos;desenho do corpo; agilidade; motricidade fina;manipulação de objectos, etc...);

� Criatividade ( tonicidade; espontaniedade; curiosidade; exploração; dramatização; modelação; pintura; desenho; invenção; imaginação; grafismos; etc...);

� Comportamento social (cooperação com outras crianças e com adultos; atenção;organização;auto-suficiência;actividade lúdica;responsabilidade;cumprimento de tarefas;etc...)

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Vantagens adicionais da identificação

precoce

� Orientação de pais;

� Detecção de sinais que escapam ao exame médico e psicológico e que podem ter importância para o processo de ensino aprendizagem;

� Predicção do potencial de aprendizagemvisando a sua maximização;

� Recomendação educacional precoce;

� Experimentação de processos de cooperação e de formação interdisciplinar entre vários técnicos;

� Evolução e desenvolvimento de processos e métodos pedagógicos;

Vantagens adicionais da identificação

precoce

� Prevenção de problemas de desenvolvimento;

� Diminuição das dispedagogia, reduzindo o abismo entre o que o professor oferece e aquilo que a criança pode revelar.

� Investigação sobre as variáveis receptivas, integrativas e expressivas da aprendizagem;

� Formulação de objectivos pedagógicos para satisfazer as necessidades da criança compensando as áreas fracas e reforçando as fortes, etc....

Em suma ....

� A finalidade da identificação precoce deve ser:– Compreender a criança na sua totalidade;

– Estudar o seu perfil intra individual;

– Diferenciar as suas áreas fortes, hesitantes e fracas;

– Desenhar um programa educacional individualizado (PEI);

� Deve acabar-se de vez com as atitudes de “ Deixa andar” ,“Esperar para ver”, “Ele há-de aprender” – como forma de deixar passar períodos preciosos para a criança aprender.

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Desenvolvimento das

pré-competências

da leitura e da escrita

O desenvolvimento da linguagemimplica:

• Compreensão auditiva

• Compreensão do significado daspalavras

• Compreensão de discussões na aula

• Retenção de informação

Propostas de actividades:

• Recontar histórias lidas peloprofessor ou pelo aluno;

• Fazer recados;

• Reconhecer absurdos;

• Descobrir antónimos esinónimos;

• Descobrir palavras quecomecem por sons sugeridoscomo pr, tr, fr, etc.;

• Descobrir palavras da mesmafamília;

• Descobrir palavras da áreavocabular;

• Contar novidades;

• Falar sobre um tema;

• Responder a questionários;

• Exprimir o que pensa e o quesente;

• Explicar situações vividas;

• Tirar conclusões;

• Fazer entrevistas, participarem debates;

• Conversas em grupo

Propostas de Jogos:

� Jogo do loto – saco com bolascom letras - depois deidentificar a letra descobre umapalavra que a contenha.

� Jogo da memória – mostraralguns objectos e depois dedescrever um desses objectos,terão de o identificar e escrevero seu nome.

� Dramatização - recontar ahistória e dramatizá-la.

� Jogo do telefone – passar amensagem inicial e ver comoesta termina

� Jogo das sequências – a partirde um determinado número depalavras dadas constrói frases.

� · Lengalengas e trava-linguas

� · Jogo do stop – retirar umaletra de um saco e dizer omáximo de palavras quecomecem com essa letra.

� · Jogo do quem é quem –descrever uma criança da turmae os colegas terão de adivinharquem é e escrever o seu nome.

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Psicomotricidade

Tem como objecto de estudo o homem, através doseu corpo em movimento e em relação ao seumundo interno e externo.

Está relacionada com o processo de maturação,sendo o corpo a origem das aquisiçõescognitivas, afectivas e orgânicas. É sustentadapelo movimento, intelecto e afecto.

Actividades

���� Esquema Corporal - O esquema corporal refere-se à capacidade de discriminar com exactidão aspartes do corpo, sustentar activamente todos osgestos que o corpo realiza sobre si mesmo esobre os objectos exteriores e organizar aspartes do corpo na execução de uma tarefa.

Actividades

• Jogo em suporte informático (clicarna parte do corpo correcta);

• “Toca e Foge” (há um perseguidorque tem de tocar nos colegas naparte do corpo que a professoramandar. Quem é tocado passa aperseguidor);

• “Rei Manda” (exercícios vários);• “Stop com Bola” (os alunos estão

dispersos pela sala, ao stop daProfessora, tocam com a bola naparte denominada);

• Usar balões (não deixar que o balãocaia no chão, tocando com a partedo corpo nomeada);

• Perceber os limites do corpopercorrendo com uma bola toda asuperfície corporal;

• Reconhecer as diferentes partesdo corpo com os olhosfechados;

• Identificar através de canções asdiferentes partes do seu corpo edos outros;

• Desenhar, pintar e completarfiguras do corpo humano;

• Recortar e montar puzzles comas figuras do corpo humano;

• Recortar e fazer dobragem docorpo humano;

• Fazer modelagens do corpohumano.

• Jogos múltiplos de movimento.

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Actividades

���� Lateralidade - A lateralidade constitui umprocesso essencial às relações entre amotricidade e organização psíquicaintersensorial. Representa a consciencializaçãointegrada e simbolicamente interiorizada dos doislados do corpo - lado esquerdo e lado direito - oque pressupõe a noção da linha média do corpo.Desse “radar” vão decorrer as relações deorientação face aos objectos, às imagens e aossímbolos, razão pela qual a lateralização vaiinterferir nas aprendizagens escolares demaneira decisiva.

Actividades para compreender a dominância lateral:

Mão: pegar no lápis, cortar com atesoura, pegar numa colher, pentear ocabelo, martelar, barrar o pão;

Pé: Pontapear a bola, subir para o banco;

Olho: Olhar através do óculo, dafechadura;

Ouvido: Escutar um relógio, um telefone;

Actividades para o desenvolver o reconhecimento lateral:“O Rei Manda”:Uma parte do corpo de determinado lado tocar num objecto, no

seu corpo e/ou no dos colegas;Movimentar à vontade os segmentos de um lado do corpo,

imobilizando os contrários;Em grupos de 6 com um balão, bater com a mão nomeada no

balão, evitando que ele caia;Consoante os sons que se definem (tambor e apito) mover uma ou

outra mão/pé;Reconhecer as partes simétricas no seu corpo e no outro (apertar

com a direita, a direita do colega);A partir de um eixo traçado colocar objectos à direita ou à

esquerda;Reconhecer numa imagem figuras à esquerda e à direita.

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Actividades

���� Orientação Espacial - A orientação espacial é oconhecimento das dimensões espaciais, tanto noespaço do corpo como no espaço circundante; éa habilidade de avaliar com precisão a relaçãoentre o corpo e o ambiente.

� Cabra- Cega;� Caça ao tesouro;� Percorrer labirintos;� Grupos de 5 elementos: cada grupo

tem uma bola de cor diferente. Osalunos correm dispersos e ao sinaldo Professor vão para junto da suabola;

� Colocar objectos espalhados etrabalhar a noção de à frente, atrás,em cima, em baixo, em que osalunos se devem colocarcorrectamente;

� Formar pares: os alunos correm demão dada com o colega, ao som doapito afastam-se e continuam acorrer após novo apito voltar ajuntar-se;

� Verificar a relação de tamanhos(figuras geométricas, portas, flores,árvores);

� Organizar pontos para formarfiguras geométricas;

� Formar um comboio com ascrianças e perguntar quem está àfrente / atrás / ao centro;

� Dramatizar uma história;

� Ordenar uma história em bandadesenhada;

� Construir puzzles;

� Detectar os símbolos iguais /imagens iguais (em igual posição);

� Rectângulos com divisórias, commotivos diferentes para memorizare representar;

� Identificar os pontos cardeaisvirando-se para eles a partir de umaroda desenhada no chão;

� Tangran (figuras geométricas e simétricas).

Actividades para o desenvolver a orientação espacial:

Actividades

���� Orientação Temporal - A orientação temporalrefere-se à consciência do tempo que seestrutura sobre as mudanças percebidas ecaracteriza-se pela ordem, distribuiçãocronológica, e pela duração dos eventos;

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� Dramatização de umahistória;

� Dar um conjunto deactividades à criança,dizendo as que ela fazantes, durante e depois dealgo;

� Preencher quadros deaniversários / tempo /presenças;

� Descrever o fim-de-semana,visitas de estudo, férias, …;

� Relacionar festastradicionais com a respectivaépoca do ano;

� Distinguir passado /presente / futuro comreferência às estações doano;

� Relatar histórias simplescom sequência;

� Ordenar bandasdesenhadas;

� Completar frisos numa barracronológica.

Actividades para o desenvolver a orientação temporal:

Dificuldades de aprendizagem

� Leitura;

� Escrita;

� Cálculo.

Problemáticas mais Problemáticas mais comunscomuns

�Dislexia�Disortografia�Disgrafia�Discalculia�Hipercinesia�Défice de Atenção

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DISLEXIADISLEXIA

�Segundo Victor da Fonseca (1999) a dislexia é uma dificuldade duradoura da aprendizagem da leitura e aquisição do seu mecanismo, em crianças inteligentes, escolarizadas, sem quaisquer perturbação sensorial e psíquica já existente.

DISLEXIADISLEXIA

�As crianças disléxicas têm uma compreensão leitora deficiente. Quando lêem, recordam-se essencialmente das cadeias de palavras letra – a - letra, mas não conseguem lembrar-se dos termos exactos nem dos seus significados (Smith, 1983).

Dislexia

� Afecta mais os meninos que as meninas;� É uma situação em que a criança é incapaz de ler com a

mesma facilidade com a qual lêem os seus iguais, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada.

� Critchley levantou as seguintes premissas:– A dificuldade para ler persiste até á idade adulta.– Os erros na leitura e na escrita são de natureza peculiar e

específica.– Existe uma incidência familiar de tipo hereditário.– A dificuldade associa-se também à interpretação de outros

símbolos.

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DISLEXIADISLEXIAAs Crianças com Dislexia podem apresentar As Crianças com Dislexia podem apresentar

uma ou mais das seguintes características:uma ou mais das seguintes características:

� Incapacidade de aprender e recordar palavras visionadas;

� Escrita reflexo – escrevem palavras do fim para o inicio. Por exemplo, “ajuda” poderia surgir como “aduja”;

� Dificuldade em soletrar;

DISLEXIADISLEXIA

� Falta de organização ao nível de materiais;� Dificuldade em seleccionar as palavras

adequadas para comunicar, a nível oral e escrito;

� Não exibem prazer na leitura;� Dificuldades em escrever quando um texto

lhes é ditado;� Inversão de letras e de palavras;

DISLEXIADISLEXIA

�Dificuldades em guardar e recuperar nomes de palavras escritas;

�Memória visual pobre, quando estão em causa símbolos linguísticos

�Movimento errático dos olhos quando lêem;

�Dificuldades de processamento auditivo;

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24

DISLEXIADISLEXIA

� Dificuldades em aplicar o que foi lido a situações sociais ou de aprendizagem;

� Caligrafia ilegível;

� Confusão entre as vogais ou substituições de uma consoantes (como “amigo” e “anigo”);

� Falta de destreza visual

CAUSAS

Factores Genéticos :

� Este distúrbio tende a ser mais frequente entre os membros da mesma família.

� Complicações durante a gestação e dificuldades pré-natais.

Causas

Factores Neurológicos:� Défice visual como causa do atraso de

leitura.� Conflito entre os dois hemisférios

cerebrais, sendo este factor uma explicação para a escrita em espelho.

� Estruturação espácio-temporal defeituosa.

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25

� Hemisfério Esquerdo:LinguagemMatemáticaLógica

� Hemisfério Direito:Habilidades espaciaisReconhecimento facialVisualização mentalMúsica

Causas

Factores Cognitivos:

� Défice na inteligência espacial, dificuldade em distinguir a figura e o fundo, ou incapacidade de interpretação dos símbolos.

� De natureza afectivo-motivacional ou de personalidade; os indivíduos obsessivos, perfeccionistas ou ansiosos são mais vulneráveis.

Causas

Factores do Meio Ambiente:� Constata-se que a família bem como o

meio e as experiências escolares, e podem ser determinantes no aparecimento e manutenção destes distúrbios.

� Encontram-se em todos os estratos sociais.

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Características Gerais

� Inversão total ou parcial de palavras e números (ex: sol – los);

� Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras com significado diferente (ex: travessa – atravessava);

� Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras;

Características GERAIS

� Dificuldade em soletrar e escrever correctamente;

� Limitações na leitura e escrita ,com muitos erros ortográficos e uma qualidade da caligrafia bastante deficiente;

� Dificuldade na compreensão de textos;

� Velocidade de leitura mais lenta, com omissões de linhas do texto e/ou sons;

Características Gerais

� Confusão de letras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço (ex: b e d; ajuda – aduja)

� Dificuldade em diferenciar letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos (ex: d – t);

� Problemas na distinção entre a direita e a esquerda e dificuldades de coordenação de motora;

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27

Características GERAIS

� Dificuldade de concentração e períodos de atenção mais curtos;

� Dificuldade de memória imediata ou dificuldades na memorização visual de objectos, palavras ou letras;

� Dificuldade em aprender séries (como por exemplo os dias da semana) e em relacionar cronologicamente os acontecimentos.

Características gerais

� Incapacidade de aprender e recordar palavras visionadas;

� Falta de organização a nível de materiais;

� Não exibem prazer na leitura;� Falta de destreza manual;� Dificuldade em aplicar o que foi lido a

situações sociais ou de aprendizagem.

Tipos

Dislexia visual (dislexia diseidética): caracteriza-se por dificuldades de natureza visual e espacial relacionando-se com a percepção gestáltica.

Os principais sintomas são:� leitura silabada, sem conseguir realizar a

aglutinação e síntese; � fragmentação e/ou troca por equivalentes fonéticos; � maior dificuldade no processo de leitura

relativamente à escrita.

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28

Tipos

Dislexia Disfonética (dislexia auditiva): caracteriza-se por dificuldades de descodificação de sons associados a letras.

Os principais sintomas são:� trocas de fonemas e grafemas; � alterações na ordem das letras e sílabas;� omissões e acréscimos; � substituições de palavras por sinónimos, ou trocas

de palavras por outras visualmente semelhantes. � permutas semânticas, com mutação de uma palavra

por outra de sentido idêntico.

Tipos

Dislexia Aléxica (dislexia visuoauditiva):caracteriza-se principalmente por deficiência na leitura, não atingindo a capacidade de escrita.

Os principais sintomas são:� inabilidade de leitura muito acentuada;� dificuldades a nível da análise fonética das

palavras, bem como na apreensão de letras e palavras completas.

TiposDislexia Audiolinguística: caracteriza-se por

perturbações articulatórias, problemas em denominar e qualificar objectos e erros nos processos de leitura e escrita.

Os principais sintomas são:� leitura silabada;� inexistência de pontuação e acentuação

adequadas;� inversões cinéticas, provocando dificuldades de

compreensão;� não descriminação auditiva de palavras com

sons semelhantes levando a representações gráficas incorrectas;

� dificuldade na correspondência entre grafemas e fonemas.

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29

Tipos

Dislexia Visuoespacial: caracteriza-se por dificuldades na orientação direita – esquerda, problemas no reconhecimento de objectos familiares pelo tacto e lacunas na codificação da informação visual.

Os principais sintomas são:� leitura silábica e precipitada, originando invenções de palavras

que não constam no texto;� escrita de fraca qualidade no que diz respeito a forma,

tamanhos e margens;� inversões de letras e palavras; � escrita invertida ou em espelho.

ÁREAS DE AVALIAÇÃOÁREAS DE AVALIAÇÃO

�Percepção�Auditiva�Visual�Motricidade�Disfunção cerebral�Dominância lateral�Funcionamento cognitivo� Psicomotricidade

ÁREAS DE AVALIAÇÃOÁREAS DE AVALIAÇÃO

�Esquema corporal�Défices espácio-temporais�Funcionamento psicolinguístico�Linguagem�Leitura�Leitura e escrita�Escrita�Desenvolvimento emocional

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30

Ficha de observação de um

disléxicoAlguns destes sintomas presentes:

� Problemas relacionados com o parto: anoxia, hipermaturidade, prematuridade, baixo peso;

� Doença infecto-contagiosa que tenha produzido no sujeito um período com convulsões ou perda da consciência;

� Atraso na aquisição da linguagem e/ou perturbações na articulação.

� Atraso na locomoção.

� Problemas de lateralidade.

Problemas de leitura e escrita(mais comuns nos disléxicos)

� Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças subtis de grafia: e-c;f-t;h-n;i-j;m-n;v-u;etc.

� Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço:b-d;b-p;b-q;d-b;d-p;d-q;n-u;w-m;a-e.

� Confusão com letras que possuem um ponto de articulação comum, e sons acusticamente próximos: d-t;j-x;c-g;m-b;m-b-p;v-f.

� Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em;sol-los;sal-las;pal-pla.

� Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar, com diferentes significados:soltou-salvou;

� Contaminações de sons;

� Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras: casa por casaco;

� Repetições de sílabas, frases ou palavras;

� Pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a liha ao ler;

� Excessivas fixações dos olhos na linha;

� Soletração defeituosa:reconhece letras isoladamente, mas não a palavra como um todo, ou então lê a palavra sílaba a sílaba, ou ainda o texto palavra por palavra;

� Problemas de compreensão.

� Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais.

Provas que permitem discriminar indivíduos com dislexia

� Amplitude da memória de curto prazo (e.g., McCrory et al., 2000; Paulesu et al., 2001)

� Leitura de palavras (Edil)

� Leitura de pseudo-palavras (Edil)

� Leitura de textos (edil)

� Ortografia (e.g., Ramus et al., 2003)

� Velocidade de escrita (e.g., Hatcher et al., 2002)

� Nomeação rápida em série (e.g., Ramus et al., 2003)

� Fluência fonémica (e.g., Hatcher et al., 2002)

� Consciência articulatória (e.g., Griffiths & Frith, 2002)

� Indicação da sílaba tónica (e.g., Paulesu et al., 2001)

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31

O Exame do disléxico – Exame

da Leitura.

� Teste exploratório da dislexia específica:– Objectivos: - Situar o nível de leitura da criança com base na

leitura de sílabas de crescente complexidade. – Explorar sinais disléxicos na leitura oral. – Utilizar os resultados como guia para o tratamento correctivo individual.

– Idade – dos sete anos e meio aos 10 anos.

– I – Nível de Leitura• 1º Nível de Leitura

– Nome da Letra

» b m c l a g d p s e q n

– Som da Letra

» l s q r t e j v d m

– Sílabas directas com consoantes de som simples

» sa te mo lu ri fa

O Exame do disléxico – Exame

da Leitura2º Nível de Leitura

– Sílabas directas com consoantes de duplo sentido no som » co ci ga ge cu gi ce

– Sílabas directas com dígrafos» cha rri lha ssa cho nha

– Sílabas directas com consoantes seguidas de “u”mudo» gue qu gui que

– Sílabas directas com consoantes de duplo som conforme a posição na palavra

» aso ura ora isso– Sílabas indirectas de nível simples

» is ac in em ul ar– Sílabas indirectas de nível complexo

» ob et ap ex af ad– Sílabas complexas

» til pur mos cam sec lin– Sílabas com ditongos de nível simples

» Mia lão pua feu nio rou

3º Nível de Leitura

– Sílabas com ditongos de níveis complexos

» lian reis viol siap boim siec

– Sílabas com com grupos consonantais de nível simples

» bra flr gro dru cle tri

– Sílabas com com grupos consonantais de nível complexo

» Glus pron tris plaf bleu frat

– Sílabas com com grupos consonantais e ditongos de nível simples

» brio crue trau glio pleu drie

– Sílabas com grupos consonantais e ditongos de nível complexo

» crian flaus prien cluos triun trial pleor

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� II – Erros Específicos– 1 – Letras passíveis de serem confundidas pelo som no inicio

da palavra

chado – j s ch v c f d t l n - deco

fido – f j v b s b ch p j g – bodio

tarpo – c q t m d c r j m g - gupa

boso – b m t f p g m b j f - matu

polo – s t b m p g s j q c – querpo

mite – s m n l b l j r m ch – ruba

2 – Letras passíveis de serem confundidas por grafia semelhante

Nomino honado deste alhedo rechido chaquilho laqueta sagueso quiguifi ifjuti vouate quelamo

3 – Inversões de letras

bado dipo babe quebo quido dudo bapi quipi dubopi pebade numo saute

4 – Inversões de palavras completas

las sol se el las nos los al es son le sal

5– Inversões de letras dentro da palavra:

parta fruta torta plumão turco trono balcão negar sabre calvo nobel pardo

6 – Inversões de ordem da sílaba dentro da palavra

toma saco dato tapa tala cabo sopa toga saca choca cala caro

Análise qualitativa dos resultados:

1 – Nível de leitura

1º nível de leitura – nível elementar de leitura – (1º semestre o 1º ano)

2º Nível de leitura – Final do 1º ano do E.B.

3 º Nível de leitura – Corresponde ao 2º ano do E.B. A criança deve conseguir então ler qualquer material de forma independente.

2- Erros Específicos

1- A criança não disléxica com mais de sete anos e meio, de inteligencia normal e que já tenha feito o 1º ano, apresentará uma folha de resposta sem erros, ou apenas com 1 ou 2 erros.

2 – A criança disléxica apresentará erros nos diferentes itens, segundo a intensidade da sua dificuldade. O número de erros não se relaciona com a idade do sujeito mas com a gravidade do problema.

3- O disléxico típico revelará mais de um erro na maioria dos itens, especialmente no 1 e no 5.

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33

b) Indicações para observar a qualidade da leitura oral:

1. É capaz de ler sem dificuldade a maioria das palavras?

2. Modula a palavra antes de pronunciá-la?

3. Que tipo de leitura faz: Expressiva, coloquial, vacilante, palavra por palavra, silaba por sílaba?

4. É capaz de ler respeitando as frases ou unidades de pensamento?

5. É capaz de ler parágrafos completos em forma ritmada e fluída?

6. Proporciona á leitura a entoação e ênfase apropriadas, respeitando os sinais de pontuação e expressão?

7. A velocidade que imprime á leitura é nomal, rápida ou lenta demais?

8. A criança emprega o mesmo tom de voz que utiliza na conversa coloquial?

9. A postura da criança é natural, sem tensões manifestas?

10. Possui hábitos tais como assinalar a linha com o dedo e movimentar a cabeça enquanto lê?

Avaliação da velocidade de

leitura silenciosa

� Texto “Os três irmãos”– A criança tem 5 minutos para ler, depois

diz onde ficou e contamos o número de palavras lidas pela criança e divide-se por cinco(minutos) para saber o número de palavras lidas num minuto.

– No final faz-se perguntas para aferir a compreensão da criança.

AVALIAÇÃO DA LEITURAAVALIAÇÃO DA LEITURAAVALIAÇÃO DA LEITURAAVALIAÇÃO DA LEITURA2º PERÍODO

NOME: _____________________________________________________ NOME: _____________________________________________________ NOME: _____________________________________________________ NOME: _____________________________________________________

PROFESSOR:_______________________PROFESSOR:_______________________PROFESSOR:_______________________PROFESSOR:_______________________

Data Voz Tom Ritm

o

Articul

ação

Pou

co

clar

a

Cla

ra

Expres

sivo

Inexpress

ivo

Len

to

Rápi

do

Inadeq

uado

Adequ

ado

Defici

ente

Razoáv

el

B

oa

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34

Intervenção na DislexiaIntervenção na Dislexia

� Educação multissensorial- Apoia-se sobretudo num programa fonológico

que consiste na aprendizagem de unidades básicas de sons, formadas por letras individuais ou por combinações de letras.

� Educação psicomotora- Apoia-se num programa de actividades psicomotoras que pretende que a criança tome consciência do esquema corporal e, a partir deste, do espaço, da afirmação da lateralidade, da dissociação de movimentos, que exercite a memória e a atenção, e que relaxe.

Intervenção na DislexiaIntervenção na Dislexia

� Intervenção Psicolínguística

- Recepção Auditiva

- Recepção Visual

- Associação Auditiva

- Associação Visual

- Expressão Verbal

- Encerramento gramatical

Intervenção na DislexiaIntervenção na Dislexia

�Treino da Leitura e da Escrita- exercícios de grafia com uma componente espacial introduzindo variações em formas e tamanhos.- Exercícios de auto-correcção de cópia e ditado, comparando o que se escreveu com o modelo correcto

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DISLEXICOS FAMOSOS

Albert Einstein

Agatha Christie

Tom Cruise

Thomas A. Edison

Leonardo DaVinci

Whoopi Goldberg

Walt Disney Cher

Pablo Picasso

Orlando Bloom

Keira Knightley

DISORTOGRAFIADISORTOGRAFIA� A disortografia pode definir-se como “o

conjunto de erros da escrita que afectam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia” (Garcia Vidal, 1989, p.227).

� Ao falar-se da disortografia, deixa-se de lado a problemática grafomotora –traçado, forma e direccionalidade das letras – colocando-se a ênfase na aptidão para transmitir o código linguístico falado ou escrito por meio dos grafemas ou letras correspondentes.

DISORTOGRAFIADISORTOGRAFIA

�Respeitando a associação correcta entre os fonemas (sons) e os grafemas (letras), as peculiaridades ortográficas de algumas palavras em que essa correspondência não é tão clara (palavras com “b” ou “v”, palavras sem “h”, e as regras de ortografia).

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CAUSAS DA CAUSAS DA DISORTOGRAFIADISORTOGRAFIA

�Causas do tipo perceptivo

�Causas do tipo intelectual

�Causas do tipo linguístico

�Causas do tipo afectivo - emocional

�Causas do tipo pedagógico

CAUSAS DA CAUSAS DA DISORTOGRAFIADISORTOGRAFIA

TIPO PERCEPTIVOTIPO PERCEPTIVO� Deficiências na percepção e na memória visual e

auditiva. � Tais dificuldades podem ocasionar problemas na

discriminação dos sons dos fonemas (discriminação auditiva), na retenção do estimulo sonoro para posterior transcrição (memória auditiva), ou podem interferir com a evocação de algumas peculiaridades ortográficas que, não respeitando a correspondência grafema – fonema, se apoiam na memoria visual (palavras escritas com “b” ou com “v”, com ou sem “h”);

CAUSAS DA DISORTOGRAFIACAUSAS DA DISORTOGRAFIA

TIPO INTELECTUALTIPO INTELECTUAL� Défice ou imaturidade intelectual. Um baixo nível

de inteligência geral determina, em muitos casos, o fracasso ortográfico, uma vez que, para a realização de transcrições correctas, são necessárias certas operações de carácter lógico –intelectual, que facilitam o acesso à aprendizagem do código de correspondências grafema – fonema e o conhecimento e a distinção dos diversos elementos linguísticos (sílaba, palavra, frase), que permitem dar sentido ao enunciado escutado e isolar adequadamente as componentes de uma frase.

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CAUSAS DA DISORTOGRAFIACAUSAS DA DISORTOGRAFIA

TIPO LINGUÍSTICOTIPO LINGUÍSTICO

�Problemas de linguagem (dificuldades na articulação).

�Deficiente conhecimento e utilização do vocabulário

TIPO AFECTIVO TIPO AFECTIVO -- EMOCIONALEMOCIONAL

�Baixo nível de motivação. O papel da motivação é essencial no momento da escrita

DISORTOGRAFIADISORTOGRAFIA

TIPO PEDAGÓGICOTIPO PEDAGÓGICO

� As Dispedagogias ou noopatias aparecem com frequência como um factor chave na etiologia das dificuldades da escrita. O próprio método de ensino pode ser inadequado por utilizar técnicas tão prejudiciais como o ditado, ou por não se ajustar às necessidades diferenciais e individuais dos alunos, não respeitando o ritmo de aprendizagem do sujeito.

CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DISORTOGRÁFICASDISORTOGRÁFICAS

� Erros de carácter linguístico –perceptivo

� Erros de carácter visuoespacial� Erros de carácter visuoanalítico� Erros relativos ao conteúdo� Erros referentes às regras de ortografia

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CLASSIFICAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DA DISORTOGRAFIA (Tsvetkova,1977 e DISORTOGRAFIA (Tsvetkova,1977 e Luria, 1980)Luria, 1980)

� Disortografia Temporal

� Disortografia Perceptiva -Cinestésica

� Disortografia Cinética

� Disortografia Visuoespacial

� Disortografia Dinâmica

� Disortografia Semântica

� Disortografia Cultural

Disortografia TemporalDisortografia Temporal�A criança não é capaz de ter uma percepção clara e constante dos aspectos fonémicos da cadeia falada com a correspondente tradução fonémica e a ordenação e separação dos seus elementos.

Disortografia Disortografia Perceptiva Perceptiva --CinestésicaCinestésica

�O défice centra-se na incapacidade para analisar correctamente as sensações cinestésicas que intervêm na articulação. Esta incapacidade impede a criança de repetir com exactidão os sons escutados, verificando-se substituições no ponto e no modo de articulação dos fonemas.

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Disortografia CinéticaDisortografia Cinética

�A sequência fonémica do discurso encontra-se alterada. Esta dificuldade de ordenação e sequenciação dos elementos gráficos origina erros de união -separação

DisortografiaVisuoespacialDisortografiaVisuoespacial

�Consiste numa alteração perceptiva da imagem dos grafemas ou conjunto de grafemas. Aparecem rotações ou inversões estáticas (p/b, d/q), substituições de grafemas com formas parecidas (m/n, a/o) e confusão de letras de grafia dupla (ch/x, s/z)

Disortografia DinâmicaDisortografia Dinâmica

�Verificam-se alterações na expressão escrita das ideias e na estruturação sintáctica das orações. No entanto, estas dificuldades denominam-se frequentemente disgramatismo.

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Disortografia SemânticaDisortografia Semântica

�A análise conceptual, necessária para o estabelecimento dos limites das palavras, encontra-se alterada, assim como a utilização dos elementos diacríticos ou sinais ortográficos.

Disortografia CulturalDisortografia Cultural

�Radica numa grave dificuldade na aprendizagem da ortografia convencional ou de regras.

ÁREAS DE AVALIAÇÃOÁREAS DE AVALIAÇÃO

� Erros Ortográficos frequentes� Percepção e discriminação auditiva� Percepção e discriminação visual� Percepção espacial� Percepção temporal� Memória auditiva� Memória visual� Vocabulário da criança� Problemas de linguagem (articulação)� Inteligência geral

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Intervenção na Intervenção na DisortografiaDisortografia

Para a intervenção e reedução da disortografia Para a intervenção e reedução da disortografia podepode--se utilizar uma variedade de técnicas e se utilizar uma variedade de técnicas e recursosrecursos:

� Inventários cacográficos� Ficheiro cacográfico� Exercícios para a percepção, discriminação

e memória auditiva� Exercícios para a percepção, discriminação

e memória visual

Intervenção na DisortografiaIntervenção na Disortografia

� Exercícios destinados a fomentar e melhorar a percepção e a estruturação espacial.

� Exercícios para a percepção linguística-auditiva- Exercícios de consciencialização do

fonema isolado

Intervenção na DisortografiaIntervenção na Disortografia

- Exercícios de consciencialização da sílaba- Exercícios de soletração- Exercícios de reconhecimento e

repetição de palavras de dificuldade, tamanho e abstracção crescentes.- Exercícios de formação de famílias

de palavras

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Intervenção na Intervenção na DisortografiaDisortografia

�Exercícios para a correcção dos erros específicos de ortografia natural.

- Na substituição de um fonema por outro, pode-se efectuar exercícios de discriminação do primeiro e/ou segundo fonema do par confundido.

Intervenção Psicopedagógica Intervenção Psicopedagógica na Disortografiana Disortografia

- Na substituição de letras semelhantes (e/a; a/o; b/d; p/q), pode-se realizar exercícios para a comparação das letras que são alvo de confusão, manipulação e experiência com as letras, através de recorte, picotado, pintura, etc.- Nas omissões e adições de letras, exercícios manipulação e experiências com as letras ou sílabas usualmente acrescentadas ou omitidas, reconhecimento visual da letra ou sílaba omitida ou acrescentada, escrita das letras e sílabas omitidas ou acrescentadas, de forma isolada, e depois em palavras ou frases.

Intervenção Psicopedagógica Intervenção Psicopedagógica na Disortografiana Disortografia

- Nas inversões e rotações, exercícios de verificação cuidada da leitura das sílabas, insistindo na análise silábica e na importância da ordem dos fonemas, exercícios de diferenciação e reconhecimento visual das sílabas ou grupos silábicos que se inverte.

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Intervenção Psicopedagógica Intervenção Psicopedagógica na Disortografiana Disortografia

- Nas uniões e separações, exercícios de análise rítmica, exercícios de conteúdo lexical.

�Exercícios para a correcção dos erros de ortografia visual.

�Exercícios para a correcção dos erros nas regras de ortografia.

Intervenção Psicopedagógica Intervenção Psicopedagógica na Disortografiana Disortografia

- Escrita de letras maiúsculas, exercícios de escrita de nomes próprios, detecção de erros em frases escritas com minúsculas, e correcção das falhas em palavras que exigem maiúsculas.

- Escrita de “n” em vez de “m” antes de “p” ou “b”, exercícios de memorização da regra, exercícios de completar palavras que faltem o “m” ou “n”, exercícios de formação de palavras que contenham o grupo “mb” ou “mp”.

Intervenção Psicopedagógica Intervenção Psicopedagógica na Disortografiana Disortografia

- Substituição de “r” por “rr”, exercícios de discriminação de /r/ e /rr/ na leitura, exercícios de completar palavras “r” ou “rr”, comparação de pares de palavras em que a confusão r-rr dá origem a uma alteração semântica – caro –carro, para – parra, coro – corro.

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DISGRAFIADISGRAFIAO conceito é abordado em dois contextos:O conceito é abordado em dois contextos:�� O contexto neurológico relativo às afasias. Aqui O contexto neurológico relativo às afasias. Aqui

incluemincluem--se fundamentalmente as agrafias, que se fundamentalmente as agrafias, que constituem uma manifestação das afasias e implicam constituem uma manifestação das afasias e implicam anomalias do grafismo, as quais representam, de anomalias do grafismo, as quais representam, de certo modo, equivalentes articulatórios da certo modo, equivalentes articulatórios da linguagem.linguagem.

�� A abordagem funcional da disgrafia. Neste caso, A abordagem funcional da disgrafia. Neste caso, tratatrata--se de perturbações da escrita que surgem em se de perturbações da escrita que surgem em crianças, e que não correspondem a lesões cerebrais crianças, e que não correspondem a lesões cerebrais ou problemas sensoriais, mas a perturbações ou problemas sensoriais, mas a perturbações funcionais.funcionais.

DISGRAFIADISGRAFIA

Para se alcançar uma execução caligráfica correcta, Para se alcançar uma execução caligráfica correcta, a criança deve:a criança deve:

� Encontrar o seu próprio equilíbrio postural e a forma menos tensa e cansativa de segurar o lápis;

� Orientar o espaço sobre o qual tem de escrever, e a linha sobre a qual vai colocar as letras – da esquerda para a direita;

� Associar a imagem da letra ao som e aos gestos rítmicos que lhe correspondem.

CAUSAS DA DISGRAFIACAUSAS DA DISGRAFIA

�causas do tipo maturativo

�causas caracteriais

�causas pedagógicas

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CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DISGRÁFICAS GERAISDISGRÁFICAS GERAIS�Uma postura gráfica incorrecta.

�Forma incorrecta de segurar o instrumento com que se escreve.

�Deficiências de preensão e pressão.

�Ritmo de escrita muito lento ou excessivamente rápido.

CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DISGRÁFICAS ESPECÍFICASDISGRÁFICAS ESPECÍFICAS

�Letra excessivamente grande – por movimentos anómalos do braço, e porque a criança segura o lápis muito em cima – ou pequena –devido a movimentos exclusivos dos dedos e porque segura o lápis muito em baixo.

CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DISGRÁFICAS ESPECÍFICASDISGRÁFICAS ESPECÍFICAS

�Forma das letras, que pode depender do sentido das unidades rítmicas encarregadas de controlar o movimento gráfico, ou do seu tamanho, inclinação e espaçamento. Em algumas ocasiões ou disgráficos distorcem ou simplificam de tal forma as letras, que estas ficam irreconhecíveis, tornando-se a escrita praticamente indecifrável.

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CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DISGRÁFICAS ESPECÍFICASDISGRÁFICAS ESPECÍFICAS� Inclinação. Pode observar-se tanto ao nível da linha – afastamento – como ao nível da letra. Em muitos casos, estes erros podem dever-se a uma excessiva inclinação do papel ou a uma total ausência de inclinação, o que também não é recomendável.

CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DISGRÁFICAS ESPECÍFICASDISGRÁFICAS ESPECÍFICAS� Espaçamento das letras ou das palavras.

As letras podem aparecer desligadas, ou, pelo contrario, sobrepostas e ilegíveis, o que também pode suceder com as palavras. Neste caso chegam a confundir-se os limites entre os vocábulos, por não serem respeitados os espaços.

CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DISGRÁFICAS ESPECÍFICASDISGRÁFICAS ESPECÍFICAS� Traçado. O tipo de traçado

depende em larga medida da pressão exercida sobre o lápis e sobre o seu bico. Os traços podem ser exagerados e grossos, ou demasiado suaves, quase imperceptíveis.

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CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS DISGRÁFICAS ESPECÍFICASDISGRÁFICAS ESPECÍFICAS

�Ligações entre as letras. Por vezes a criança não executa as uniões entre as letras de forma adequada, distorcendo as ligações. Estas ligações inapropriadas dos grafemas podem dever-se ao desconhecimento dos mesmos, ou a erros nos movimentos necessários para a sua execução (rotações do pulso).

ÁREAS DE AVALIAÇÃOÁREAS DE AVALIAÇÃO

�Grafismo (erros específicos)�Aspectos motores gerais�Controlo segmentar�Coordenação dinâmica das mãos

�Lateralidade�Esquema corporal

ÁREAS DE AVALIAÇÃOÁREAS DE AVALIAÇÃO

�Coordenação visuomotora

�Organização espácio-temporal

�Personalidade

�Inteligência

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Intervenção Psicopedagógica Intervenção Psicopedagógica na Disgrafiana Disgrafia

� Técnicas não-gráficas Reeducação de todos aspectos psicomotores que

configuram as destrezas necessárias a uma correcta execução motora do acto da escrita.

� Técnicas gráficas Destinam-se a melhorar habilidades motoras

muito concretas – distensão motora, controlo de movimentos, etc. Utiliza-se duas técnicas distintas: as técnicas pictográficas e as técnicas “scriptográficas”

Intervenção Psicopedagógica Intervenção Psicopedagógica na Disgrafiana Disgrafia

�Seguindo as orientações de Linares (1993) e Portellano Pérez (1985), a intervenção pode ter quatro fases:

a) reeducação psicomotora de base, que aborda os seguintes aspectos:

- Relaxamento global e segmentar.- Coordenação dinâmica geral.

Intervenção Psicopedagógica Intervenção Psicopedagógica na Disgrafiana Disgrafia

- Esquema corporal

- Controlo postural e equilíbrio

- Lateralidade

- Organizaçção espácio-temporal.

b) Reeducação psicomotora diferenciada para:

- Controlo segmentar

- Coordenação dinâmica das mãos

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Intervenção Psicopedagógica Intervenção Psicopedagógica na Disgrafiana Disgrafiac) Reeducação visuomotora, destinada a

melhorar a coordenação óculo-manual.d) Reeducação do grafismo, que poderá

incluir:- Reeducação grafomotora preparatória- Correcção de erros específicos do

grafismo, referente aos seguintes aspectos: forma, tamanho, inclinação, espaçamento, ligações.

Caso PráticoCaso Prático

Data da 1ºconsulta: 22.05.03

Idade: 8 anos

Sexo: Feminino

Escolaridade: 2º ano

Motivo consulta: Enviada pela professora devido as dificuldades apresentadas na leitura e na escrita, vai reprovar de ano.

Caso PráticoCaso Prático

1. Anamnese PsicopedagógicaHistória do desenvolvimento- Gravidez – desejada e aceite- Nº de semanas – 38 semanas- O estado emocional da mãe, durante e

após a gravidez foi estável- O parto foi normal com ventosas, durou 8

horas.

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Caso PráticoCaso Prático

Desenvolvimento psicomotor:

- Sentou-se e andou pela primeira vez aos 7m e 13m respectivamente.

Desenvolvimento da linguagem:

- Disse as primeiras palavras aos 14 meses (mãe, pai).

- As primeiras frases surgiram aos 20 meses.

Desenvolvimento emocional:

- Revela-se uma criança muito insegura, com baixa autoestima.

Caso PráticoCaso Prático

História Clínica:

- Vê e ouve bem.

- Não apresenta nenhum problema de saúde.

História Escolar:

- Entrou aos 6 anos para a escola

- Raramente falta à escola

- Existem mais duas crianças com problemas idênticos, na sua sala de aula.

- Apresenta dificuldades de aprendizagem desde a 1º classe.

Caso PráticoCaso Prático

História Social:

- As condições sócio-económicas são razoáveis.

- Não existe na família nenhum caso de dificuldades de aprendizagem.

- A mãe é auxiliar de acção educativa e o pai é padeiro.

- Tem uma irmã de 3 anos, que adora.

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Caso PráticoCaso Prático

2º e 3º consulta: Avaliação e Diagnóstico- A criança teve que executar provas de percepção

visual e auditiva. Nas provas de percepção visual ocorreram muitas falhas.

- Realizou o teste das Matrizes progressivas de Raven (1962), e obteve uma boa capacidade de raciocínio.

- Realizou provas de execução de ordens, para se avaliar a dominância lateral.

- Provas para a psicomotricidade, existindo alguma falhas nas noções espácio temporais.

Caso PráticoCaso PráticoFuncionamento psicolinguístico

- A criança apresenta características disléxicas em palavras, faz omissões (por ex. gande em vez de grande), inversões (por ex. tarbalho em vez de trabalho), substituições (vata em vez de bata), adições (roere em vez de roer).

- A leitura é lenta, sem ritmo, com leitura parcial de palavras, perda da linha que está a ser lida. É pouco compreensiva.

Caso PráticoCaso Prático

- Na análise da escrita, apresentou uma fraca qualidade na letra, manipulando mal o lápis, e a posição da folha estava incorrecta.

- Na execução de uma pequena composição, demonstrou criatividade, respeitando os aspectos sintácticos, mas evidenciou muitos erros.

- Apresentou erros, sendo os mais significativos, as omissões de letras (cico em vez de circo), inversões em sílabas inversas ou compostas (choquolate em vez de chocolate, me em vez de em).

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Caso PráticoCaso Prático

Concluí-se que a criança apresenta:

- Problemas de orientação direita-esquerda

- Disgrafia ou fraca qualidade da letra

- Erros de leitura que implicam aspectos visuais, por exemplo inversões na posição das letras.

- Erros ortográficos

Tem Dislexia Visuoespacial.

Caso PráticoCaso Prático

IntervençãoExercícios para o desenvolvimento da lateralidade e

orientação espacial:� Reconhecer direita e esquerda em desenhos;� Percorrer percursos;� Reconhecer desenhos orientados para a direita e

para a esquerda;� Seguir direcções dadas;� Perceber orientações em figuras que giram;� Executar traçados seguindo orientações.

Caso PráticoCaso Prático

Exercícios para o desenvolvimento da percepção e memória visual:

� Distinguir letras com formas equivalentes;� Fazer a correspondência entre desenhos iguais;� Fazer a correspondência entre as letras ou

conjuntos iguais;� Colorir desenhos ou letras iguais entre si ou a um

modelo;� Identificar uma dada letra num texto;� Completar com elementos em falta;� Identificar o número de vezes que um elemento

se repete;

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Caso PráticoCaso Prático

� Identificar semelhanças ou diferenças entre desenhos;

� Seleccionar as letras que formam palavras;� Identificar elementos em falta;� Perceber figuras num fundo;� Memorizar pormenores em desenhos;� Descobrir palavras iguais ao modelo;� Seleccionar conjuntos a partir de um critério

dado;� Fazer sopa de letras.

Caso PráticoCaso Prático

Exercícios para o desenvolvimento da leitura-escrita:

� Assinalar a palavra correcta;� Recordar os “casos especiais” da leitura;� Completar espaços com palavras;� Identificar palavras;� Escrever palavras cruzadas;� Ler frases, compreendendo o sentido;� Separar palavras e ler as frases.

Caso PráticoCaso Prático

Após quatro meses de Intervenção e Reeducação a criança evolui significativamente e passou para a 3º classe.

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Discalculia� Kocs (apud García, 1998) classificou a discalculia em seis

subtipos, podendo ocorrer em combinações diferentes ecom outros transtornos:

1. Discalculia Verbal - dificuldade para nomear asquantidades matemáticas, os números, os termos, ossímbolos e as relações.

2. Discalculia Practognóstica - dificuldade paraenumerar, comparar e manipular objectos reais ou emimagens matematicas.

3. Discalculia Léxica - Dificuldades na leitura de símbolosmatemáticos.

4. Discalculia Gráfica - Dificuldades na escrita de símbolosmatemáticos.

5. Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazeroperações mentais e na compreensão de conceitosmatemáticos.

6. Discalculia Operacional - Dificuldades na execução deoperações e cálculos numéricos

De acordo com Johnson e Myklebust a criança comdiscalculia é incapaz de:

•Visualizar conjuntos de objectos dentro de umconjunto maior;•Conservar a quantidade: não compreendem que 1quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas.•Sequenciar números: o que vem antes do 11 e depoisdo 15 – antecessor e sucessor.•Classificar números.•Compreender os sinais +, - , ÷, ×.•Montar operações.•Entender os princípios de medida.•Lembrar as sequências dos passos para realizar asoperações matemáticas.•Estabelecer correspondência um a um: não relacionao número de alunos de uma sala à quantidade decarteiras.•Contar através dos cardinais e ordinais.

Dificuldades de Aprendizagem

não verbal

� Desordem neurológica profunda , causado por disfunções existentes no circuito cerebral e que resulta em défices significativos;

� A criança responde bem a um ambiente calmo, restrito, sossegado e bem organizado, um professor interessado é muito importante.

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Dificuldades de Aprendizagem

não verbal

BibliografiaBibliografia

Fonseca, V. (1999). Insucesso escolar - Abordagem Psicopedagógica das Dificuldades de Aprendizagem (2º ed). Lisboa: Âncora editora.

Garcia Vidal, J. (1989). Manual para la Confección de Programas de Desarrollo Individual, vol. II. Madrid: EOS.

Linares, P. (1993). Educación Psicomotriz y Aprendizaje Escolar. Motricidad y Disgrafia. Madrid: Polibea

Portellano Pérez, J. A. (1985), La Disgrafia. Concepto Diagnóstico y Tratamento de los Trastornos de Escritura. Madrid: CEPE

Smith, F. (1983), Comprensión de la lectura: Análisis Psicolinguístico de la Lectura y su Aprendizagem. México: Trillas

Torres, R. M. R. & Fernández P. (2001). Dislexia, Disortografia e Disgrafia. Lisboa: Mcgraw-Hill.

Serra, Helena – Curso de Dificuldades de Aprendizagem – Escola Superior de Educação Paula Frassineti