DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · prÓ-reitoria de planejamento e desenvolvimento...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE UMA ASSISTENTE SOCIAL DIANTE DOS IMPASSES DO USUÁRIO DA SAÚDE: SENSIBILIZANDO A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS HOSPITALARES PARA A IMPLANTAÇÃO DA HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR. ELIZABETH DINOÁ DUARTE CARDOSO DE BRITO ORIENTADORA: Profª Adélia Maria de Oliveira Araújo RIO DE JANEIRO NOVEMBRO/2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

UMA ASSISTENTE SOCIAL DIANTE DOS IMPASSES DO USUÁRIO DA

SAÚDE: SENSIBILIZANDO A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

HOSPITALARES PARA A IMPLANTAÇÃO DA HUMANIZAÇÃO

HOSPITALAR.

ELIZABETH DINOÁ DUARTE CARDOSO DE BRITO

ORIENTADORA:

Profª Adélia Maria de Oliveira

Araújo

RIO DE JANEIRO NOVEMBRO/2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

UMA ASSISTENTE SOCIAL DIANTE DOS IMPASSES DO USUÁRIO DA

SAÚDE: SENSIBILIZANDO A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

HOSPITALARES PARA A IMPLANTAÇÃO DA HUMANIZAÇÃO

HOSPITALAR.

ELIZABETH DINOÁ DUARTE CARDOSO DE BRITO

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do Grau

de Especialista em Gestão de Recursos

Humanos.

RIO DE JANEIRO NOVEMBRO/ 2009

3

AGRADECIMENTOS

À Deus por sempre iluminar meus caminhos.

Á minha Orientadora Profª Adélia Maria de Oliveira Araújo, pelas

precisosas contribuições para o meu aprimoramento profissional.

Á professora Marcella Estevez pelas elucidações

importantes, além das contribuições para o aprimoramento

deste trabalho monográfico e a sua sensibilidade nesta

trajetória possibilitando a ampliação do meu processo de

aprendizegem e de lapidação da minha formação profissional.

À Universidade Candido Mendes que contribuiu

aperfeiçoando e valorizando nossos limites e as nossas

possibilidades.

Aos meus filhos Natália Dinoá e Gabriel Dinoá pelo apoio

carinhoso e incondicional, incentivando-me sempre em todos os

propósitos de minha vida pessoal e profissional. Sobretudo pelo

respeito às minhas convicções.

À minha amiga Ana Paula Soeiro Maas pelo incentivo,

compartilhando comigo essa caminhada, acreditando na busca pela

humanização em todas as áreas do conhecimento e no meu trabalho.

4

DEDICATÓRIA

À Natália e Gabriel, fonte

de inspiração e vida.

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RESUMO

Este estudo tem por objetivo ressaltar o lugar do Serviço Social

na Gestão de Recursos Humanos da Saúde, constituindo-se num esforço de

reflexão sobre o tema Humanização, no que tange a sua relação com a prática

do Assistente Social que atua na assistência hospitalar, tendo como uma das

premissas efetivar ações de capacitação, treinamentos, implantações de

projetos voltados para a Humanização Hospitalar.

A Humanização em Hospitais envolve essencialmente o trabalho

conjunto de diferentes profissionais de equipe multidisciplinar, que pode

favorecer a uma multiciplidade de enfoques e alternativas para a compreensão

de aspectos que estão envolvidos no atendimento ao paciente. O Serviço

Social pode colaborar junto a Gestão de Recursos Humanos para o

estabelecimento de uma nova cultura de respeito e valorização da vida humana

no atendimento ao usuário da saúde e seus familiares.

É necessário mudar a forma como os hospitais se posicionam frente ao

seu principal objeto de trabalho – a vida, o sofrimento e a dor de um indivíduo

fragilizado pela doença. De nada valerão os esforços para o aperfeiçoamento

gerencial, financeiro e tecnológico das organizações de saúde, sem um

tratamento humanizado, sem a capacidade da escuta da ajuda, a fala com

sensibilidade, o dialógo com os usuários da saúde, sem a efetivação dos

direitos dos pacientes. Pois a mais extraordinária tecnologia, sem ética, sem

delicadeza, sem respeito, sem carinho, não produz bem-estar. Muitas vezes,

desertifica o homem.

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Enfatizamos, neste estudo, que as ações da humanização pelo Serviço

Social, deve treinar e capacitar os Recursos Humanos para resgatar o respeito

à vida humana, de toda equipe de cuidadores dos pacientes e seus familiares.

Estando presente todo o universo social, ético, educacional e psíquico,

observados em todo relacionamento humano. As ações da humanização

envolvem um vínculo subjetivo, entre quem cuida e quem é cuidado.

A importância deste trabalho reside na análise do desafio do Serviço

Social sobre o tema Humanização na Gestão de Recursos Humanos em

Saúde, que, com bases bibliográficas, deram suporte ao aspecto técnico-

científico, para a construção e análise de forma competente para aplicarmos

treinamentos com conhecimento de técnicas para que o atendimento ao

paciente seja feita de maneira segura, eficaz, humana, associada ao pleno

respeito e dignidade.

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METODOLOGIA

Utilizamos a pesquisa bibliográfica para legitimação do presente

estudo, abrangendo um amplo acervo, constituindo-se de literaturas

específicas, sites do Ministério da Saúde e Manuais do Programa de

Humanização em Hospitais, pesquisas em bibliotecas universtárias,

Internet, reportagens, jornais e revistas especializados.

Humanização é um processo de construção gradual, realizada

através do compartilhamento de conhecimentos e sentimentos. Problemas

comuns como: a falta de dignidade e respeito à Lei 8080, falta de

informação e comunicação por parte dos profissioais de saúde, pela falta

de vagas, falta de ética, desconforto, demora do atendimento, descaso,

incompreensão, falta de bom senso, falta de paciência, além da

desorganização dos serviços devido a um sistema ineficaz (LIBANIA

et,2006), são expressões da questão social na saúde e, a consequente

desumanização do atendimento.

Segundo o Manual Humaniza SUS, é possível melhorar a qualidade

do atendimento, utilizando recursos da própria comunidade, do próprio

hospital, dos profissionais envolvidos e dos usuários. Para isto basta

organização, treinamento e boa vontade em fazer dar certo (BRASIL,

2006).

Segundo Campos (2005), por relações desumanas entende-se “as

relações em que há um grande desequilíbrio de poder e o lado poderoso

se aproveita desta vantagem para desconsiderar interesses e desejos do

outro, e o lado dominado se deixa ser manipulado em função dos

interesses e desjos do dominante, ou seja, a humanização na saúde

acontece quando os usuários, trabalhadores e Gestores se interagem

para produzir saúde democraticamente.

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Nossa objetivo foi fazer um estudo bibliográfico que nos

conduzisse a desenvolver ações cuja estratégia seja o aprimoramento e

enfrentamento dos desafios da prática de humanização hospitalar.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................. 10

Capítulo I

1- Institucionalização do Serviço Social no Brasil ............... 15

1.1 – Serviço Social da Saúde ................................................. 19

1.2 – Demandas do Assistente Social no Campo da

Assistência Hospitalar ..................................................... 24

1.3 – Um pouco de História do Hospital .................................. 29

Capítulo II

2- Política de saúde no Brasil : século XVIII até a

Institucionalização do Sistema Único de Saúde .................... 35

Capítulo III

3- Humanizar a Assitência Hospitalar .......................................48

3.1- O Assistênte Social na Gestão de Recusoso Humanos:

qualidade no contexto hospitalar ...............................................54

Conclusão ......................................................................................60

Bibliografia .....................................................................................61

Anexos ............................................................................................70

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INTRODUÇÃO

O interesse pelo tema objeto deste estudo monográfico, constitui-

se num esforço de tecer algumas considerações sobre os desafios da

Humanização Hospitalar, ainda incipiente no Brasil, um assunto que vem

se mostrando ter grande relevância pública nas práticas de saúde

brasileiras. E representa um esforço de examinar com atenção as

possibilidades do assistente social, um profissional que lida numa relação

direta com os usuários saúde, expressar os dilemas enfrentados no

terreno da prática profissional e nas propostas interventivas para a Gestão

de Recuros Humanos da Saúde.

O Serviço Social como processo ético-político-pedagógico envolve a

permanente construção de atitudes que podem levar ao reconhecimento

das demandas profissionais. Queremos apontar possibilidades de

desvelar novas formas de intervir com novas metodologias, contribuindo

para a promoção e restabelecimento do atendimento humanizado,

favorecendo a qualidade de vida do usuário da saúde.

Entendemos que o Serviço Social Hospitalar poderá atuar nos

Recursos Humanos da Saúde, na orientação e capacitação profissional,

assim como no processo de recrutamento e seleção nos setores de

Gestão Hospitalar numa proposta de excelência do atendimento hospitalar

humanizado.

A saúde no Brasil “é um direito negado”, já marcado pela

superlotação de hospitais e ineficiência no atendimento; uma realidade

que causa indignação, chegando a ser aviltante quando nos deparamos

com a procura por um serviço de saúde, ou mesmo quando assistimos os

noticiários pelos veículos de comunicação televisada ou escrita.

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Buscamos aqui refletir sobre o lugar do Serviço Social, através do desejo

expresso para se chegar a um atendimento mais efetivo e condizente com

a proposta profissional, comprometida com o projeto de intervenção dessa

realidade.

Ao longo de décadas o Serviço Social registra um acúmulo de

conhecimentos e sistematização do seu corpo teórico metodológico, no

sentido da ampliação das atividades de pesquisa e ensino no

planejamento e execução de Políticas Sociais em instituições públicas ou

privadas voltadas para os problemas sociais no Brasil, que decorre dos

alarmantes índices de desrespeito social. Acentuamos com este estudo, a

importância do Serviço Social na Humanização Hospitalar, atividade

primordial no atendimento aos usuários, podendo contribuir na construção

de tratamento e alta do usuário da saúde e seus cuidadores, buscando

resultados mais eficientes, eficazes e efetivos, para consolidação de

bases próprias de serviço humanizado em cada um dos hospitais

brasileiros.

Humanizar significa construção partilhada de todos os envolvidos no

processo do cuidar, através de um atendimento acolhedor, visando

valorizar as relações no ambiente hospitalar, resgatando o respeito e a

dignidade, bem como atender o usuário em todas as dimensões do seu

ser psíquico, social, mental espiritual e biofísico. Os conflitos diários nos

hopitais brasileiros são comuns, porém o papel do Assistente Social neste

contexto é de extrema importância para mediação de conflitos, expressão

de seu compromisso ético com os seus usuários. Humanizar é resgatar a

importância dos aspectos emocionais indissociáveis dos aspectos físicos

na intervenção em saúde (MEZZOMO, 2002).

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Ao pensarmos no que vem acontecendo no Sistema Único de Saúde,

pelo nosso país e as suas implicações de atendimento desumanisado,

consideramos oportuno utilizar os Recursos Humanos de instituições de

saúde, em seus diferentes setores, para através do Serviço Social, como

instrumento de análise crítica, implementar estratégias de implantação e

gerenciamento adequado da Política de Humanização Hospitalar do

Ministério da saúde, necessária ao fortalecimento de resgate da vida

humana, do cuidado ético pra com ela e de valores fundamentais como

alteridade e respeito.

A ineficiência, ineficácia, iniquidade da saúde, associada à

insatisfação do usuário, impulsiona o Serviço Social a encontrar novas

estratégias para a implantação de projetos de humanização já

apresentados pelo Ministério da Saúde, saindo do papel e indo em

direção à prática.

Assim sendo, o objetivo deste estudo é criar uma nova cultura de

relação entre os profissionais da saúde e usuários na busca da

humanização, caracterizando um atendimento mais acolhedor, sugerindo

modalidades de humanização apontando sugestões para que os

profissionais da saúde possam implantar no seu dia a dia a utilização da

organização, treinamento e boa vontade de dar certo (BRASIL,2006).

Esperamos com esse trabalho apresentar um Serviço Social, na

Gestão de Recursos Humanos da Saúde com possibilidades para criar

uma cultura de humanização organizacional que promova uma

conjugação cotidiana do verbo humanizar; verbo que transcede seu

significado etmológico.

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Abordamos no Capítulo I, o surgimento histórico do Serviço Social

onde apresentamos o essencial para conhecer suas origens no cenário

da vida brasileira, fazendo um esboço da Institucionalização do Serviço

Social no Brasil, para um melhor desenvolvimento e entendimento do que

se refere ao título deste estudo, mostrando sua trajetória no campo da

saúde, seus referênciais teóricos-metodológicos utilizados pela profissão

nessa trajetória. O nosso intuito não é aprofundar as linhas do surgimento

de Serviço Social no Brasil, mas mostrar as bases de legitimação

profissional do Serviço Social da Saúde. Identificamos ainda nesse

capítulo, as Demandas do Assistente Social no campo da Assistência

Hospitalar. Entafizamos Um pouco da História do hospital, cujo objetivo é

conhecer as origens do local que decorre da natureza deste estudo; que

exibe motivos de discussões intermináveis ao longo de tempos, onde a

atividade de lidar com a dor, doença e morte tem sido identificada como

insalubre, difícil e penosa, nos levando a refletir sobre os processos atuais

de humanização hospitalar.

O Capítulo II vai delinear a Política Pública no Brasil desde o

século XVIII até a institucionalização do Sistema Único de Saúde, desde a

sua criação e difusão, além dos levantamentos de ações que devem

existir para que a saúde no Brasil, não seja apenas utopia.

O Capítulo III trata de Humanizar a Assistência Hospitalar, nos

dando a direção para o foco da humanização do atendimento. A partir do

estudo feito ainda neste capítulo enfatizamos O Assistente Social na

Gestão de Recursos Humanos: qualidade no contexto hopitalar,

apontando ferramentas que enfrentem os desafios para a implantação da

Humanização Hospitalar, tema título deste trabalho monográfico,

sugerindo modalidades de humanização e apontando sugestões para um

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gerenciamento de Recursos Humanos da saúde como guia para atitudes

humanizadoras.

Esperamos com este estudo se pensar na implantação da cultura

de atendimento mais efetivo, eficiente e eficáz.

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CAPÍTULO I

1- INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

“É feliz todo aquele que trabalha de corpo e espírito” Bishop Hall

Segundo Antonio Geraldo de Aguiar, em seu livro Serviço

Social e Filosofia, das Origens a Araxá(1995) a origem do Serviço Social

está fincada na “assistência prestada aos pobres, por mulheres piedosas”,

alguns séculos atrás. Introduzido no Brasil nos anos 30, decorrente de um

processo cumulativo de acontecimentos na sociedade brasileira nos

setores político, econõmico, social e religioso. Processo este

desencadeado na década de 20 e com efervecência que culminou com a

revolução de 30.

A Revolução de 30 já encontrou um clima favorável para uma

legislação social no Brasil que vinha se esboçando desde a década

anterior e que se reafirmou criando o Ministério de Trabalho, Indústria e

Comércio. Com isto a questão social passou a ser considerada não mais

como um caso de polícia e sim de responsabilidade de um órgão oficial

incubido dos “direitos” e “interesses dos trabalhadores. A ação

centralizadora do governo federal manifestada após a revolução de 30

concretizou-se plenamente com o Estadão Novo. Várias medidas

repressivas foram tomadas, fortalecendo a ação ditatorial do governo

(AGUIAR, 1995).

Manuel Manrique Castro (1993) afirma que o reconhecimento da

cidadania do proletariado se dá dentro de uma redefinição das relações

do Estado com as diferentes classes sociais e se faz acompanhar de

mecanismos destinados a integrar os interesses do proletariado através

de canais dependentes e controlado.

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A Igreja Católica, parte integrante da sociedade, através de sua ação

renovadora, imfluiu na fundação das primeiras escolas de Serviço Social

do nosso país.

A alta cúpula da igreja tinha suas situações voltadas para o combate

aos inimigos – protestantes, maçons e espirítas – fazendo

pronunciamentos contra a atuação dos mesmos na sociedade(CASTRO,

1993).

Segundo Manrique Castro (1993), a intelectualidade católica

procurará à adaptação a realidade nacional do espiríto das encíclicas

sociais. A primeira delas foi o Rerum Novarum que propões que o

trabalhador que cumpra sua função, sem dever sem prejudicar o capital e

que reivindique seus direitos sem violência, defendendo também a

propriedade privada, se apoiando no discurso segundo o qual Deus deu a

terra, porém os dons são de cada um. Em seguida surgiu a Quadragésimo

Ano que reforçava a Rerum Novarum.

Em 1936, em São Paulo e em 1937, no Rio de Janeiro, originou-se à

fundação das duas primeiras escolas de Serviço Social no Brasil, hoje

ambas integrantes de universidades católicas ( LIMA,1987).

A Escola do Serviço Social de São Paulo, primeira instituída no

Brasil, tem como semente o curso intensivo de formação social para

jovens promovido pelas cônegas de Santo Agostinho, em 1932 (

MARTINELLI,1995).

Carvalho e Iamamoto, 1984, citam a fase inicial do Serviço Social

como muito rica e marcada por lutas e vitórias decorrentes do pioneirismo.

As escolas não se limitavam ao ensino, mas tembém implantavam serviço

social nos diversos orgãos públicos e instituições, a participar de

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encontros, congressos nacionais e institucionais e internacionais, a criar

obras sociais e outras atividades.

Em 1946 foi criado um órgão coordenador e orientador das escolas de

Serviço Social na defesa do aprimoramento do ensino. O órgão

denominou-se Associação Brasileira de Escolas de serviço Social (

ABESS) e contou com a colaboração das Escolas de Serviço Social de

São Paulo e do Rio de Janeiro, que se tornaram membros e fundadores,

tendo como primeira presidente Odila Cintra Ferreira (SILVA,1994).

Outra fase histórica do Serviço Social iniciou-se com o retorno das

assistentes sociais que viajaram para os Estados Unidos com bolsas de

estudos, resultantes dos primeiros convênios entre as escolas do Brasil e

aquele país (CASTRO, 1993).

A existência do grupo representativo de escolas de Serviço Social na

Europa contribuiu para a criação de organismos internacionais promotores

de intercâmbio entre elas e também as do Brasil, visando congregar as

escolas.

No decorrer da década de 40, surgiu diversas escolas de Serviço

Social nas capitais do Estado, sendo que quatorze enviam

representação ao I Congresso Brasileiro de Serviço Social, realizado em

1947.

Na década de 70, aparecem as primeiras tentativas de busca de

contribuições da fenomenologia como suporte teórico específico em

Serviço Social, em uma tendência que teve continuidade e difusão

limitadas na profissão (IAMAMOTO & CARVALHO, 1995).

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Segundo Netto (1994), trata-se de um processo com características

positivista, mas que é marcado por referências teóricas secundárias,

assistemáticas, centradas em poucas categorias, simplificando o

pensamento de seus fundadores e apresentando o movimento

fenomenológico.

Ilda Lopes Rodrigues (2004) em “Mary Richmond: um olhar sobre os

fundamentos do Serviço Social”, afirma que o Movimento de

Reconceituação na década de 70 e 80 significou um marco informante e

fundamental da revisão crítica e um questionamento global da profissão,

nos seus fundamentos teóricos-ideológicos, de suas raízes sócio-políticas,

e das características de sua prática profissional, produzindo uma

reavaliação significativa de sua compreensão do processo de

desenvolvimento dos países latino-americanos dentro da divisão

internacional do trabalho, forjando a criação de um projeto profissional

abrangente exigindo uma politização da ação dos profissionais e

organização coorportivas e uma restruturação da formação, na qual

ganham importãncia os embates epistemológicos, metodológicos e

ideológicos.

Percorremos, de forma breve a institucionalização do serviço Social no

Brasil. Nas questões aqui sugeridas estão a exigir aprofundamento. O

estudo da influência franco belga no Serviço Social brasileiro e o da

contribuição dos assistentes sociais pioneiros, a implantação do Serviço

Social nas instituições públicas e particulares, são outros temas que

devem ser analisados para melhor compreensão do Serviço Social no

Brasil.

19

1.1 Serviço Social da Saúde.

O exercício profissional de Serviço Social está disciplinado pela Lei nº

8662 de 07 de junho de 1993, que destaca as competências a atribuições

privativas do Assistente Social (Coletânea de Leis e Resoluções do

CRESS /RJ).

O Assistente Social é um profissional especializado que está inserido

no mercado de trabalho para realizar a prestação de serviços sociais,

principalmente, através de políticas públicas implementadas pelo Estado.

Nicolau (1999,p.227), afirma que o trabalho profissional está articulado à definição

de um espaço social, em meio ao qual diferentes ordens de informação apreendidas no processo

de formação, na experiência do fazer profissional e na própria vivência do sujeito vão viabilizando,

com suas sínteses, condições para interpretar e orientar as condutas humanas acerca do seu

objeto. Trata-se, pois, de um espaço circunscrito socialmente, no qual essas sínteses vão

canalizar, orientar e apontar as necessidades de alianças, de negociação ou afastamentos, bem

como a aceitação entre grupos. Essas relações sociais estão permeadas por questõs das mais

diversas ordens, quais sejam, estruturais, conjunturais, sociais, políticas, históricas e culturais e,

em função da forma como são engendradas indicam as maneiras como os profissionais

intereferemna dinâmica de trabalho no interior desses espaços ocupacionais. Em decorrência do

modelo médico-curativo que ainda predomina no setor de saúde, a divisão social e técnica do

trabalho nessa área aponta para a hegemonia da profissão médica em relação às demais

profissões.

Em O Serviço Social em Hospitais: Orientações Básicas, do

CRESS/RJ, temos que a organização do trabalho dos assistentes sociais

da saúde – condicionada histórica e socialmente pela trajetória da

profissão e pelos impasses e dificuldades do SUS - que estabelece as

demanadas a serem atendidas pelo setor. Este planeja e executa

atividades que visam a assegrar o processo de melhoria da qualidade de

vida, bem como busca garantir o atendimento das necessidades básicas

de classes populares e dos segmentos sociais mais vulneráveis às crises

sócio-econômicas dentro de sua área de atuação. Esse profissional é

20

requisitado no hospital para atuar como mediador entre as demandas

institucionais e as demanadas colocadas pela população que busca os

serviços, principalmente aqueles cujos determinantes advêm de suas

condições precárias de vida e que interferem significativamente no

binômio saúde-doença (Revista do Conselho Regional de Serviço

Social/RJ,2002).

A política pública de saúde é o setor que, historicamente, mais tem

absorvido profissionais do Serviço Social. O Conselho Nacional de Saúde

– CNS, através da Resolução nº 218/1997, reconheceu o assistente social

como um dos treze profissionais de saúde de nível superior - junto com o

biólogo, profissionais de educação física, enfermeiros, famacêuticos,

fisioterapeutas, fonaudiólogos, médicos, veterinários nutricionistas,

odontólogos, psicólogos e terapeutas ocupcionais. O Conselho Federal de

Serviço Social – CEFESS, através de resolução 338/1999, reafirma que o

assistente social como profissional de saúde, pautado na resolução

anteriormente citada, no novo conceito de saúde inaugurado pela

Consituição de 1988, na própria formação do assistente social e no seu

compromisso ético- político expresso no Código de Ética da profissão de

1993, que coloca qu eum dos principais fundamentos do Serviço Social é

o posicionamento em avor da equidade e justiça social que assegure

universalidade de acesso aos bens e serviços realtivos aos programas e

políticas sociais, bem como sua gestão democrática.

Nesse sentido, os assistentes sociais, no âmbito da saúde vem

assumindo novas funções no setor, comoparticipar do processo de gestão

da saúde, atuar nos conselhos de saúde, na formulação, planejamento,

monitoramento e avaliação da política, distanciando-se de antigas funções

burocráticas, restritas à execução de ações subsidiárias ao saber médico.

Os assistente sociais se inserem no processo de trabalho em saúde,

21

como agente de interação entre os níveis do Sistema Único de Saúde –

SUS com as demais políticas sociais, sendo que o pricipal objetivo de seu

trabalho no setor é assegurar a integralidade e intersetorialidade das

ações. O assistente social desenvolve, ainda, atividades de natureza

educativa e de incentivo à participação dos usuários no desenvolvimento

de ações voltadas para a prevenção, recuperação e controle do processo

saúde doença. O que de novo se coloca na inserção atual do assistente

social na área de saúde é o fato de que essa prática não é mais medida

pela ideologia da ajuda e sim pela perspecyiva da garantia dos direitos

sociais. Atua justamente nas contradições existentes no SUS, dentre as

quais constam a execução noacesso, a precariedade dos recursos e da

qualidade dos serviços, a excessiva burocratização e a ênfase na

assistência médica curativa e individual. É nesse contexto que surgem um

conjunto de requisições expressivas da tensão existente entre as ações

tradicionais da saúde e as novas proposições do SUS, e que determinam

o âmbito de atuação do profissional do Serviço Social, qual seja, nas

contradições presentes no processo de racionalização e organização do

Sistema de Saúde (VASCONCELOS, 2002).

Assim, entendendo que a saúde é construída a partir de

necessidades históricas e socialmente determinadas que o assistente

social a defende como direito de todo cidadão e dever do Estado,

propondo-se a contribuir para essa garantia através do fortalecimento de

seus princípios de universalidade, equidade e integralidade(PACHECO

VALDIRENE,2007).

Atualmente os Assistentes Sociais estão se inserindo em grande

escala na área de saúde, e em meio aos limites e possibilidades de

trabalho nesta área, buscam estratégis de enfrentamento e de respostas

sociais para as novas configurações do mundo do trabalho dentro da

22

organização hospitalar, e para uma expressão concreta da questão social-

saúde, assume um caráter diferenciad, visto que não se restringe apenas

a atender, almeja apoiar os usuários da organização, busca sua efetiva

participação com vistas a garantir mais do que qualidade, a humanização

dos serviços prestado à comunidade usuária do hospital.

Bravo (2004) identifica o assistente Social em uma equipe de

saúde, como o profissional que identifica as necessidades dos usuários e

as condições sociais em que ele está inserido, numa perspectiva de

totatlidade, passando a interpretar junto àequipe aspectos relevantes no

âmbito social. As demandas que se fazem presentes cotidianamente no

Serviço Social na rede hospitalar, em especial, a pública, devem resultar

de processos não de aparências, mas de impedimento das filas de longas

esperas, as vias crucis, a falta de informação, a falta de atendimento, os

rostos e corpos cansados, famintos e deseperançados; realidade tão

comum que se naturaliza e se banaliza no dia-a-dia dos serviços de saúde

em geral.

O fato que vem contribuir para a ampliação da inserção do

assistente social no campo da saúde, segundo Vasconcelos,2004, foi à

mudança, no processo de gestão da política de saúde, tendo na

descentralização político e administrativa a principal estratégia. Com a

crescente municipalização da política de saúde os municípios tiveram que

contratar diversos profissionais para garantir a gestão local da política,

dentre eles o Assistente Social.

O Serviço Social na Saúde atua como principal articulador na

relação família, equipe e instituição, tendo como um dos objetivos

principais informar e socializar as regras insitucionais, assim como garantir

23

os direitos e deveres dos usuários da saúde e seus

acompanhantes(VASCONCELOS,2004).

24

1.2 DEMANDAS DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAMPO DA

ASSISTÊNCIA HOSPITALAR.

O Serviço Social é uma profissão com múltiplas vertentes e exerce

em sua prática variados papéis, tais como, assistencial, educador,

mediador e gerência.

Vasconcelos (2004) esclarece que o assistente social da área da

saúde, além de prestar apoio técnico junto à equipe multidisciplinar nas

questões específicas a Assistência Social atua também na elaboração,

implantação, gerência de programas e projetos desenvolvidos pelo

Ministério da saúde e Secretaria Estadual da Saúde, além de projetos

desnvolvidos na própria instituição hospitalar. Intervem planejando,

organizando e promovendo o atendimento dos usuários da instituição

hospitalar, identificando aspectos sociais, econômicos e culturais

relacionados ao processo saúde-doença. Cria condições para que ele se

desenvolva sua capacidade crítica, enquanto sujeito de direitos. É

mediador quando orienta e esclarece a importância da participação dos

familiares, contribuindo para a retomada da relação social do cidadão, a

qual muitas vezes apresenta-se fragilizada ou inexistente.

Marlene Teixeira (2007) aponta o Serviço Social como parte

integrante da equipe multidisciplinar e interdisciplinar. Realiza

atendimentos individuais e desenvolve seu trabalho através de

abordagens grupais, intervindo em questões relacionadas com direitos e

deveres sociais. Promove e participa de palestras, seminários, além de

produzir conhecimento teórico-científico por meio de pesquisas que

subsidiam a intervenção profissional. Participa de Congressos,

contribuindo para o aprimoramento profissional na sua área de atuação.

As demandas explícitas:

• Declaração, atestado de comparecimento para o trabalho;

25

• Solução quanto à demora no atendimento;

• Facilitação para marcação de consulta;

• Mediação de conflitos entre médicos e usuários;

• Liberação de medicamentos;

• Orientação da legislação quanto aos acidentes de trabalho;

• Pedidos de órteses e próteses;

• Queixas e conflitos;

• Orientações para preparação para exames;

• Orientações usários x família – usuáriosx equipe hospitalar –

usuários técnicos;

• Orientações quanto à dependência química; remoção para plano

de saúde;

• Encaminhamentos para abrigo e alimentação

• Ações relacionadas àalta de pacientes (municipais, estaduais,

interestadual);

• Comunicação de alta para os familiares e processo de saída e

continuação de tratamento no lar;

• Providências relacionadas ao usuário crônico-degenerativo;

• Violência urbana e/ou doméstica (encaminhamentos e soluções

necessárias)

• Desconhecimento/não entendimento do tratamento

indicado/necessário

• Orientações decorrentes de óbito; direitos de segurado,

previdência; funeral

• Marcação de consultas vindo de outros municípios;

• Pedidos de ambulância para remoções;

• Resolução de problemas sociais/casos sociais; questões

relacionadas a gênero, raça e etnia

• Acesso inviabilizado aos serviços de saúde

• Capacitação continuada dos atendentes da saúde

26

• Informações sobre Políticas de Saúde e onde se dirigir para

outros atendimentos de saúde;

• Minimização de conflitos existentes na

marcação,atendimento,sala de espera;

• Execução de programas /projetos da instituição hospitalar e

realizar ações de educação em saúde dirigidas especialmente

aos portadores de diabetes,

tuberculose,hanseníase,hipertensão,DST’s/HIV, obesos,

pessoas envolvidas com drogas, etc, objetivando o início a

continuidade do tratamento e da prevenção, o qual vai envolver o

início do processo de educação em saúde

• Criar mecanismos (rotinas) e ações (sla de espera,

democratização das rotinas e do funcionamento das unidades

através de folhetos, bate-papos, cartilhas, vídeos, cartazes e

outros instrumentos que facilitem o conhecimento e o acesso do

usuário aos serviços oefrecidos do âmbito da saúde

• Realizar avaliação de programas/projetos da instituição e

democratizando informações do serviço Social;

• Realizar debates, seminários, palestras e encontros

multiprofissionais, envolvendo os trabalhadores junto aos

Centros de Estudos da insituição.

• Criar uma rotina que assegure a participação do Assistente

Social no processo admissão, internação e alta hospitalar, no

sentido de, desde a entrada do usuário este se sentir acolhido

juntamente com a sua família (humanização)

• Atalizar constantemente o sistema de registro, estatística de

atendimento, organização da documentação do serviço Social,

de forma a facilitar a sistematização dos dados necessários ao

planejamento e à avaliação das ações realizadas (documentos

de registros deentrevistas, reunião, relatórios – semestrais

anuais- anotação de evolução do atendimento nos prontuários

sociais, pareceres.)

27

• Participação nas enfermarias diariamente em todo processo de

acolhimento recepção e alta, especialmente para reforçar a

educação em saúde;

• Atenção ambulatoria realizando grupos de sala de espera

sistemáticos continuados com mulheres, homens, adolescentes,

familiares, idosos, casais, abordando, a partir dos seus

interesses e necessidades levantado através de estudos o perfil

de cada segmento

• Criação do Plantão do serviço Social participando assim das

ações conjuntas do já exposto acima, no sentido de garantir

espaços para os usuários explicitarem seus interesses e

necessidades, colocarem (em tempo real) suas demandas à

unidade de saúde e ao Serviço Social e terem suas demandas

conhecidas, ouvidas, e eventualmente atendidas;

• Realização de projeto de “sala de espera” no âmbito da unidade,

que atija usuários de diferentes serviços, objetivando atingir as

demandas indicadas como prioridade;

• Manter canais e mecanismos de articulação com instituições

públicas, particulares, e serviço, como forma de assegurar a

qualidade da atenção prestada. Considerar o sistema de

referência e contra-referência;

• Visitas ao leito (humanização do atendimento). (Fonte pesquisada: O Serviço Social em Hospitais/CRESS-RJ)

Destaque-se que a realização do conjunto de ações que se segue

coloca como exigência a discussão do quantitativo de assistente sociais

por unidade de saúde, pois muitas ações devem ser empreendidas de

forma paulatina.

A inserção do Assistente Social se dá no âmbito geral do hospital

como condição para o planejamento (da rede de saúde, da unidade

particular e do Serviço Social) e para a capacitação continuada dos

28

profissionais, em especial os atendentes, os cuidadores e os fluxos de

demandas explícitas e demandas implicítas.

29

1.3 UM POUCO DE HISTÓRIA DO HOSPITAL.

“A morte recuou e trocou a casa pelo hospital:está ausente

no mundo familiar do dia-a-dia. O homem de hoje, como

consequência de não a ver suficientes vezes e de perto

esqueceu-a:ela tornou-se selvagem e, a despeito do

aparelho cientifico que envolve, pertuba mais o

hospital – lugar da razão e da ordem – do que o

quarto da casa, sede dos hábitos da vida cotidiana.”

Philippe Ariés,1975

Em Pitta (1999) temos que o hospital tem sua existência histórica

antes da Idade Média. Em geral servia de abrigo aos pobres, velhos e

enfermos. Há registros de hospedarias, hospitais e hospícios, palavra que

tem a mesma raiz latina, onde “almas pias” patrocinavam e cuidavam de

peregrinos, crianças, velhos, vagabundos e doentes. Porém, o hospital

nos moldes atuais, ou seja, local de cura de doentes é relativamente

recente. Ateriormente, em seus primórdios, os hospitais eram como que

depósitos de pobres, vadios, loucos e enfermos.

A figura do médico com protagonista do processo de cura ao doente

suge após o período mercntilista. Passa entao a ser de sua competência

exclusiva examinar, internar, precrever, dar alta. Nessa época, os

hospitais eram “bastante precários, com excessos de doentes, más

condições higiênicas e grande risco de morrer; o pessoal em pequeno

número e pouco qualificado; o trabalho grosso modo, ainda uma caridade

ou penitência (RIBEIRO,1993).

Pitta (1999) afirma que o médico, desde a Idade Média até o século

XIX, tomava a iniciativa de prevenir a morte próxima, com uma baixa

probabilidade de erros de prognósticos, dado o pequeno arsenal de

possibilidade terapêuticas disponível. Após o século XIX coincide com o

desenvolvimento científico e tecnológico da medicina e recusa do médico

de querer falar sobre doença e morte aos pacientes. Doravante o médico

30

falará se indagado, produzindo-se na sociedade a cultura do “ poupar” e

“aliviar” o doente de suas próprias e más notícias”

Na Idade Média, a morte estava nas salas de visitas; hoje, ela se

esconde nos hospitai, nas Utis, controlada por guardiões nem sempre

esclarecidos.

Da profana incubência de sequestrar pobres, morimbundos,

doentes, e vadios do meio social, escondendo o incômodo e disciplinando

os corpos e guardando-os até a morte, à nobre função de salvar vidas, o

hospital tem percorrido um caminho complexo e tortuoso em busca do

tecnicismo científico adequado às suas funções.

São poucas as insituições que possuem tanto prestígio e

reconhecimento público como o hospital, tal é a eficácia incontstável de

sua existência.

O hospital moderno tem, entre outros pepéis, a função de adiar,

assistir, ocultar e tornar indolor a morte. A transferência da morte para o

hospital, como mossão quase exclusivamente sua, ocorre entre 1930 e

1950. Morrer em casa, nos dias atuais, é quase inviável (PITTA, 1999).

Ao “dar conta” das necessidades de atenção à saúde, o hospital

toma para si a centralidade no sistema de atenção à saúde. Uma

centralidade que por vezes é exagerada e desmedida, já que é capaz de

atender ao doente desde o mais simples procedimento médico até o mais

complexo, esvaziando assi, os canais primários de atenção à saúde.

Contudo, mais do que enfantizar a necessidade da desospitalização, é

31

preciso compreender as causas desse não enuqadramento hierárquico

dos níveis de atenção à saúde. Qual seria o caminho mais adeuqdo de

um sistema de saúde hierarquizado e eficiente? O paciente deveria se

encaminhar para um serviço de atenção primária de saúde para a escuta

de sua queixa, diagnóstico e tratamento. Quando se tratar de casos de

cirurgia de emergência ou tratamento mais especializado que exija alta

tecnologia ou procediemtnos sofisticados, o usuário deveria ser

encaminhado diretamente ao hospital. Contudo, mão é isso que acontece.

Recorrem aos hospitais universitários (de nível terciário ou quaternário de

atenção à saúde) desde quem quer investigar a causa de uma dor, por

exempl, até quem necessita de um transplante. E o que acontece? Os

hospitais ficam superlotados e as unidades de saúde trabalhando aquém

de sua capacidade de absorção.

O hospital monopolizou o desenvolvimento técnico e científico de tal

forma que hoje seja impossível a um único profissional combinar saberes

e práticas e atender eficientemente p paciente. Contudo, se as unidades

básicas de saúde fossem reestruturadas de tal forma a atender casos de

saúde mental, por exemplo, dotados de equipamentos de diagnósticos e

equipes de saúde mental e saúde pública, haveria necessariamente um

enxugamento da demanda hospitalar. A composição de tecnologias e de

recursos da rede básica deveria possibilitar um processo gradativo de

desospitalização. Propiciar o esvaziamento de algumas das funções do

hospital, não com o intuito de extinguí-los, objetivo em geral irrealizável a

não ser em algumas áreas específicas como da psiquiatria, mas

reservando-se para o atendimento de casos graves, quando os pacientes

necessitam de cuidados contínuos por redução de sua capacidade de vida

autônoma ou em situações de risco imediato e grave.

32

Para que a desospitalização aconteça, os centros de saúde

precisam ampliar sua eficácia e produção de conhecimentos a fim de que

esta não fique exclusivamente sob o monopólio do hospital acontece

atualmente.

Segundo Campos (1994), sem quebrar a lógica neoliberal que

“estranha o fazer cotidiano do hospital”, de tal forma que sua integração

orgânica ao sistema fosse condição “sene qua non “ , não haverá a

possibilidade de um sistema de saúde eficaz e eficiente.

Uma das causas também da centralidade do hospital foi o

crescente desaparecimento dos ambulatórios nos hospitais contratados

pelo Sistema de Saúde. A maioria destes dá entrada aos seus doentes

através de pronto-socorro ou de pronto-atendimento (que nem chega a

ser um pronto-socorro visto que não tem a capacidade tecnológica do

mesmo e nem é um ambulatório porque atende com rapidez a sua

clientela) Uma simples gripe num sistema de saúde desorganizado e

desintegrado pode se tornar um drama para o paciente. Se ele vai a um

posto de saúde onde não existe uma radiografia, ele terá que ser

encaminhado para uma unidade onde tenha. Esta devolverá o resultado e

o enviará de novo ao Posto de saúde. Nisso se forma, pelo menos três

dias úteis. Se for uma gripe, é provável que ele sare antes do resultado

final e se for uma pneumoni, ele desiste no meio do caminho e procura um

pronto-socorro. Daí a razão da superlotação dos serviços de emrgência

dos hospitais. Evidentemente, não é só o usuário que descobriu o atalho

da urgência.

Vendo também essa desorganização do sistema, o setor privado

fez proliferar todo tipo de pronto atendimento. Dada a insuficiência do

33

sistema, tudo se transforma em urgência. Como a população acredita no

sistema de atenção à saúde, ela vai tentando consultas onde é possível. E

quando o usuário acha que seu problema é mais grave, não tem dúvidas

em recorrer aos hospitais.

Ao doente cabe confiar no médico e na medicina, comunicando

suas experiências íntimas, pessoai e corporais. O médico fala

parcilamente com ele (o doente) utilizando-se dos jargões próprios da

técnica; técnca própria da materialização do desenvolvimento cirntífico e

tecnológico e que tem no saber e como fazer, uma forma de dominação,

fragmentando a relação médio-paciente ( PITTA,1999).

Se considerarmos a grave realidade dos nossos dias,

constataremos que habitualmente se defrontam nos hospitais e

ambulâncias da previdência, médicos irritados porque trabalham muito e

ganham pouco, com enfermos irritados pela humulhação do massacre das

filas. Ou seja, o sitema é inoperante, e penoso.

Para as demandas dos hospitais cresce a figura do lugar nevrálgico

de aglutinação de profissionais diversificados como médicos, enfermeiros,

auxiliares, fisioterapeutas telefonistas, nutricionistas, operadores de

máquinas, e outros, numa lista extensa e profissões e ocupações. Do

outro lado estão os usuários, frequentemente em drámáticas situaçãoes

de resoluções dos seus processos de saúde/doença, dada a habitual

complexidade dos serviços ali ofertados.

Cresce também o hospital onde o avanço científico e tecnológico

exibe maiores marcas, através de sofisticalçao de materiais, requintes de

34

equipamentos e insumos outros, absolutamente úteis e desejáveis como

reflexo dos níveis de prosperidade e desenvolvimento de uma sociedade.

Muito mais que a riqueza material, entretanto é o trabalho do pessoal

que determina a qualidade e eficácia de atenção e tratamento, e, ao longo

dos tempos, a atividade de lidar com a dor, doença e morte tem sido

identificada como insalubre, penosa e difícil para todos.

Uma política de saúde correta ou mesmo uma administração

hospitalar tecnicamente adequada e moderna, deve levar em conta o

cotidiano do trabalho hospitalar com as cargas de tensão e conflitos

procurando melhorar as condições de trabalho e atendimento buscando a

eficácia da organização através da Gestão de Recursos Humanos com

um melhor olhar e resposta para o usuário dos seus serviços.

35

CAPÍTULO II

2- POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL: SÉCULO XVIII ATÉ A

INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.

há um vazio teórico, que, necessariamente

tolera um outro vazio motodológico, em

relação a como abordar o estudo do processo

de trabalho, na sua relação com a saúde.

Cristina Laurell,1989

No Brasil, segundo Bravo,1991, a intervenção do Estado na saúde

das populações vai se dar de forma mais sistematizada a partir do século

XX, mas efetivamente na década de 30. Antes disso, no século XVIII, havia

no Brasil, a predominância das doenças pestilenciais, entra elas a varíola e

a febre amarela. Os serviços de saúde eram escassos e ficavam

concentrados em sua maioria, no Rio de Janeiro e a prática médica era

baseada em conhecimentos tradicionais, não científicos. A prática médica

se resumia em assistência particular (prática iberal) às camadas mais

favorecidas economicamente da população ou à assistência médica

caritativa, dirigida aos pobres. É o caso das Santa Casas de Misericórdia,

que eram criadas a partir de donativos de pessoas ilustrs e ricas e geridas

por religiosos sem finalidade lucrativa. Nessa época, nossos médicos ou

iam estudar no exterior pois não havia educação superior no país ou

médicos portugueses vinham para exercer a atividade profissional e

pesquisa. Contudo tais profissionais eram raros. A maioria da população

servia-se mesmo de curandeiros, sangradores, parteiras, curiosos, pessoas

enfim, que exerciam a transmissão de um saber não cietífico destinado a

cura dos males da época.

36

Na maioria do século XIX, vão surgir na realidade brasileira

modificações políticas e econômicas que serão o berço da nascente

burguesia agro-exportadora. Apesar desse capitalismo ser embrionário e

incipiente, a partir de 1850, vão surgir grandes empreendimentos no

comércio e na agricultura. Crescem as cidades, faz-se necessário a

incorporação de uma força de trabalho mais eficiente (surgem incentivos à

imigração estrangeira) e as atiidades portuárias expandem-se

consideravelmente. No entanto, a situação da saúde nessa mesma época

apresentava-se em péssimas condições , com mortalidade elevada e a

presença de diversas doenças infecto-contagiosas. A mortalidade por

tuberculose, febre amarela, malária e varíola era extremamente elevada. As

condições de saneamento eram muito precárias, as doenças se alastravam

com facilidade porconta disso e não havia sistema de esgoto na capital do

País. Como tais condições prejudicavam as atividades dos portos e

afastavam os interessados em estabelecer-se no país, faz-se necessária a

ação do Estado no sentido obstaculizar a incidência dessa situação

insatisfatória de saneamento básico e saúde pública. È assim que a partir

do final do século XIX e início do século XX, a Saúde emerge como

“questão social” no bojo da economia capitalista exportadora cafeeira,

“refletindo o avanço da divisão do trabalho, ou seja, a emergência do

trabalhoa assalariado é assumido de forma embrionária. Portanto, ocorre na

saúde, no final do século XIX e inicio do séculoXX, a importação e

desenvolvimento de novas técnicas de combate às doenças e a

incorporação de descobertas nas atividades médico-sanitárias. Isso tudo

tem como resultante a queda dos coeficientes de mortalidade de algumas

doenças, a expansão de atividades sanitárias, a criação de institutos de

pesquisa e o estabelecimento de novas escolas médicas.

Há no Brasil, em 1923, a criação das CPs ( caixas de Aposentadoria

e Pensão) medida criada pela Lei Elói Chaves que se consitutiu no embrião

so sistema prvidenciário no Brasil. As CAPs tinham por objetivo prestar

37

assistência médico-curativa, o fortalecimento de medicamentos,

proporcionar aposentadoria por tempo de serviço, invalidez ou velhice,

pensão para os dependentes e auxílio funeral. As CAPs eram finaciadas

pelos empregados, pelas empresas e pela União e estava restrit aos

trabalhadores das grandes empresas. Assim os demais trabalhadores se

sujeitavam aos serviços médicos de filantropia ou serviços públicos que

eram bastante precários. Ou ainda aos profissionais liberais ou às formas

de medicina popular (BRAVO, 1991:65).

Em 1930, foi criado o Ministério da Educação em Saúde que possuia

dosi departamentos: o de Educação e o de Saúde, sendo este o

“Departamento Nacional de Saúde e Assistência Médico-Social”. Com isso,

consolida-se politicamente o sistema de saúde no Brasil, nas décadas de 0

e 30. Há nesse período, ênfase nas campanhas sanitárias com seu aspecto

de vigilância, combate, assemelhando-se às estratégias militares. Há com

isso a criação de serviços de combate às endemias, inclusive endemias

rurais e reorganização do Departamento Nacional de Saúde, em 1941, que

incorporou esses serviços de comate às endemias e assumiu o controle da

formação de técnicos em saúde pública” (BRAVO, 1991:69).

A partir da década de 30, são criados os Institutos de Aposentadoria

e Pensão (IAPs) substituindo as CAPs. A característica principal dos IAPs

está em que tais fundos eram agora organizados por categorias

profissionais e não mais por empresa. Além disso, os IAPs eram

constituídos como autarquias, com maior controle do Estado. Os benefícios

são igualados em todo o país. Enqanto nas CAPs a eleição dos

reprsentantes era direta, nos institutos, e presidente é escolhido pelo

Presidente da República. E a contribuição do Estado para financiamento

dos IAPs é apenas formal pois é sustentado apenas pelos empregados e

empregadores.

38

O Serviço Social da Saúde Pública (SESP) foi criado durante a II

Guerra Mundial, dando mostras de que o Estado vinha consolidando uma

Política NACIONAL DE Saúde que vinha germinando desde a década de

30. O SESP era conveniado com o governo norte-americano e estava sob o

patrimônio da Fundação Rockefeler. Seu principal objetivo foi o control

damalária febre amarela(BRAVO,1992:75).

Em 1953 foi criado o Ministério da Saúde. Como vimos anteriormente,

este ministério estava conjugado com a educação (Misnistério da Educação

e saúde). O então Ministério da Saúde amplia o quadro de controle das

doenças mas fica uma fração menosr do orçamento – 1/3 da verda

correspondia ao Ministério da Educação e Saúde. O SESP amplia suas

atividades através do controle de doenças e a prestação de assistência

médica. Contudo, neste órgão havia uma contradição fundamental visto que

atuava segundo o modelo norte-americano que exigia recursos técnicos e

financeiros elevados em relação à realidade econômico-social brasileira.

O governo de Jucelino Kubstchek apesar de reconhecer qua a

melhoria do nível de vida da população traria necessariamente melhores

condições de saúde, pouco trouxe de inovações para o campo da sáude

pública pois sua estratégia era o fortalecimento da política econômica em

detrimento da política social. Assim o governo JK diminuiu as despesas

federais com saúde que passou de 5,45%, em 1955 para 4,62% em 1960.

As Conferências Nacionais de Saúde são convocadas pelo Presidente

da república e contam com a perticipação de representantes dos diversos

setores da saúde e da sociedade civil, eu se reúnem para discutir posições

e definir diretrizes para a área de saúde.

39

A III Conferência Nacional de Saúde ocorreu durante o governo de

João Gulart e defendeu a priorização dos serviços básicos e a

racionalização dos recursos. Houve também uma proposta de

universalização da atenção médica, discutida na Conferência.

Na década de 60 continua havendo a dicotomia entre saúde pública e

medicina previdenciária. Esta vai sobrepujar-se sobre aquela a partir de

1966, quando torna-se indispensável à massa trabalhadora que possuía

baixa remuneração e precárias condições de trabalho. Assim, a previdência

se torna um complemento salarial.

Apesar dessas modificações apontadas anteriormente, no período de

45 e 64, a saúde pública pouco evoluiu no trato da situação de saúde da

população, haja visto que não conseguiu eliminar o quaedro de doenças

infecciosas e parasitárias e as elevadas taxas de morbidade e mortalidades

infantil e geral. Emfim, a melhoria da qualidade de saúde da população não

obteve alterações substanciais.

A partir de 64, o Estado Brasileiro “se utiliza para a sua intervençaõ

o bimômio repressão-assistência, sendo a política assistêncial ampliada,

burocratizada e mordenizada pela máquina estatal com a finalidade de

aumentar o poder de regularização sobre a sociedade, suavizar as tensões

sociais e conseguir legitimiade para o regime, como também servir de

mecanismo de acumulação do capital” (BRAVO,1991:94).

Uma das principais medidas de política assistencial empreendidas

por este Estado foi a unificação das instituições previdenciárias com a

40

criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Essa unificação

dos IAPs atendeu, segundo Bravo (1991:94), duas características

fundamentais: a necessidade crescente do intervecionismo do Estado e o

alijamento dos trabalhadores na gestão da previdência, ficando ea estes

somente o papel de financiadores. Este modelo então instituído de

Previdência Social tem como pedra angular o privilegiamento do setor

privado, ou seja, o financiamento do capital, tendência da então poítica

econômica.

Permanece a histórica dicotomia entre Ministério de Saúde, destinada

ao controle de doenças que afetavam os grandes segmentos da população

e a Previdência, responsável pelo atendimento médico individual. O

Ministério da Saúde assiste o declínio de suas atividades em detrimento de

um aumento do setor previdenciário. Não houve melhoria na saúde da

população. Ao contrário, amortalidade infantil por mil habitantes que era, em

1964, 8,5 passou passou para 9,7 em 1970. A mortalidade infntil por mil

nascidos vivos indicava 67,8 em 1964, 84,4 em 1969 e 89,5 em 1970(Vieira

apud Bravo,1991:95). Assim, tais dados mostram que houve uma redução

dos gastos em saúde e uma ênfase na medicina previdenciária.

Em 1967 ocorre a IV Conferência Nacional de Saúde que

estabelece o discurso estatal privatista, ou seja, expande-se a assistência

médica previdenciária e enfatiza-se a prática médica curativa, individual e

especializada, sendo o Estado o grande finaciador dos insteresses

capitalistas do setor de medicamentos e equipamentos médicos. Um novo

padrão de organização de serviços médicos previdenciários foi implantado,

com propriedade na contratação de serviços de terceiros, em detrimento

dos serviços próprios da Previdência, cabendo ao Estado, propiciar o

crescimento e a expansão da iniciativa privada, o que tornou altamente

lucratica a prática médica. Portanto, esse modelo instaurado enfatizou em

41

grande medida a expnsão privatista do setor de saúde através do

financiamento de hospitais particulares e crdenciamento para compra de

serviços e convênnios com empresas.

O resultado do “milagre econômico” no setor de saúde: crescimento

da mortalidade infantil e da morbidade por doenças infecciosas. Sãos dados

concretos que identificam a despreocupação do governo pós-64 com as

políticas de atenção à saúde da população.

Em 1974 foi criado o Ministério da previdência e Assistência Social

(MPAS) como estratégia do governo depriorizr a “questão social” já, que se

fazia necessária canalizar as reinvidicações e pressões populares. Assim, o

MPAS foi criado para mostrar o interesse do governo pela Previdência

Social. Permanece o Ministério da Saúde, demonstrando mais uma vez a

dicotomia existente entre saúde coletiva e assistência médica individual

(BRAVO, 1991:102).

É fixado o Sistema Nacional de Saúde através da Lei 6.229 que é

apresentada na V Conferência Nacional de Saúde. Esta não trouxe

nenhuma proposta de mudanças no setor de saúde, permanecendo a

dicotomia entre saúde coletiva e individual. A VI Conferência Nacional de

Saúde foi realizada em 1977, sendo "convocada para discutir as grandes

endemias, a interiorização dos serviços de saúde e a Política Nacional de

Saúde" (Bravo, 1991:104).

Em 1978 foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência

Social - SIMPAS, que entre outros órgãos, institui o INAMPS (Instituto

Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) para prestação da

42

assistência médica e o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) para

a prestação de aposentadorias, seguridade profissional.O SINPAS é um

passo adiante no processo de universalização e de adoção do modelo de

seguridade ao invés de seguro social pois o INAMPS acaba por desvincular

o atendimento médico dos demais benefícios. Contudo, o SINPAS não foi

capaz de resolver a crise financeira que a Previdência vinha sofrendo.

Concomitantemente assiste-se ao surgimento e consolidação do

movimento sanitário, ou seja, a organização dos setores progressistas de

profissionais de saúde pública que penetram no aparelho do Estado, de

forma orgânico, com o objetivo de empreender mudanças concretas nos

sistemas de atendimento à saúde da população.

Durante esse período de 1974 a 1979, "a elaboração da

política nacional de saúde enfrentou tensão entre a ampliação dos

serviços, a disponibilidade de recursos financeiros, os interesses advindos

das conexões burocráticas entre os setores estatal e empresarial médico

e a emergência do movimento sanitário" (BRAVO, 1991:107).

Assim, a política de saúde passa por uma profunda crise, pois as

reformas implantadas como o Sistema Nacional de Saúde e a criação do

SINPAS não resultaram em respostas ás questões de unificação dos

aspectos de saúde coletiva e assistencial individual, ficando o Ministério

da Saúde à margem de uma proposta de coordenação efetiva.

A VII Conferência Nacional de Saúde em março de 1980 tinha por

finalidade a discussão das propostas do governo de implantar e

desenvolver um Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde. O

governo apresentou posteriormente à conferência um Plano de Ação

43

denominado PREVSaúde - Programa Nacional de Serviços Básicos de

Saúde, divulgado em setembro de 1980. Os pressupostos básicos deste

plano foram a "extensão da cobertura a ser viabiliazada pela

hierarquização das formas de atendimento por níveis de complexidade, de

modo que a porta de entrada do paciente no sistema fosse a atenção

primária; a integração dos serviços existentes nos níveis de

complexidade; a regionalização do atendimento por áreas e populações

definidas; apontava-se também para a participação comunitária e

utilização de técnicas simplificadas (BRAVO, 1991:115).

Enfim, esse plano foi importante porque travou um debate entre

si os diversos agentes da área de saúde sobre temas como: estatização /

privatização, centralização / regionalização, participação / manipulação,

etc.

Em 1981, decreta-se publicamente a falência da Previdência

Social. Essa falência é resultante do modelo de atenção médica

implantando que se orientava pela lucratividade e não pela ética que a

saúde exige e pelas reais necessidades da população. Além disso, a crise

da Previdência Social teve como principais problemas a questão

financeira, ou seja, a forma de arrecadação de recursos pois o Estado, a

partir de 1980 diminui sua contribuição e reduz-se também a contribuição

das empresas.

As Ações Integradas de Saúde (AIS) foram a estratégia básica

elaborada em 1982 pelo CONASP - Conselho Consultivo da Administração

de Saúde Previdenciária - criado com o objetivo de recomendar política de

44

assistência à saúde da Previdência Social. As AIS consubstanciavam-se

em avanços no setor de saúde, pois através da reunião de recursos

federais, estaduais e municipais, permitiram o acesso a assistência à saúde

a toda a população brasileira, previdenciária ou não. Além disso, as IAS

enfatizaram os serviços da atenção primária à saúde, priorizando a

prevenção, descentralização e democratização das decisões

administrativas, técnicas e políticas referentes à política de saúde. Também

tinham como princípios a regionalização e hierarquização dos serviços da

rede de saúde (Bravo, 1991:117). As AIS foram como que uma estratégia

embrionária da Reforma Sanitária a ser implantada posteriormente com a

"Nova República".

A "Nova República" trouxe em seu bojo, uma efervescência

política que mostrava as inquietações e proposições que deveriam lançar

as bases da Política de Saúde para o governo de transição.

Assim, tornaram-se urgentes reformas no Setor de Saúde já que

este era insuficiente para atender as demarcas de assistência médica que a

população requeria. Para a realização dessas mudanças foram

imprescindíveis a participação popular através da força dos movimentos

sociais e a participação política e decisória de diversos profissionais

progressistas que se faziam presentes nos diversos escalões do governo,

principalmente através da implantação das AIS.

Assim, a criação do Sistema Unificado de Saúde foi o corolário

dessas mudanças. Este sistema visava unificar, racionalizar, democratizar

e descentralizar os recursos federais, estaduais e municipais. Dessa

forma, enfatizava-se a universalização do atendimento, tendo como

prerrogativa a saúde como direito do cidadão e dever do Estado. Esse

45

novo Sistema Nacional de Saúde foi implementado pelo governo da "Nova

República", como estratégia de ação no sentido de aprofundar e dinamizar

as Ações Integradas de Saúde (AIS).

A VII Conferência Nacional de Saúde foi outro fato marcante e

decisório para a implantação de um Sistema Único de Saúde. A

Conferência reuniu diversos setores organizados da sociedade e teve

como tema básico a Saúde como direito do cidadão e dever do Estado. "A

saúde, em seu sentido mais abrangente foi considerada como resultante

das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio

ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse

de terra e acesso a serviços de saúde" (BRAVO, 1991:130).

Assim, após a realização da VII Conferência Nacional de Saúde, o

SUDS, Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde foi aprovado pelo

governo em 1987 como uma forma de assumir as reivindicações do

Movimento Sanitário.

A VII Conferência Nacional de Saúde foi considerada como pré-

constituinte da área de saúde, definindo as principais modificações a serem

realizadas no setor. Tornava-se preciso, agora, garantir essas reformas no

texto constitucional. Assim, a Assembléia Nacional Constituinte elaborou um

texto, após várias discussões polarizadas por interesses divergentes e

também a partir da pressão popular, cujo teor foi:

_ A saúde como direito universal e dever do Estado.

46

_ As ações de saúde e seus serviços passaram a ter relevância pública,

cabendo ao poder público regular, fiscalizar e controlar tais atividades;

_ Constituição do Sistema Único de Saúde através de princípios de

hierarquização, regionalização, descentralização e de atendimento

integral, com a participação da comunidade;

_ A complementariedade do setor privado no sistema de saúde, dando-se

preferências por entidades filantrópicas, sendo vedada a destinação de

recursos públicos para subvenção às instituições com fins lucrativos;

_ Proibição da venda e comercialização de sangue e seus derivados.

E finalmente, em 1990, o Congresso Nacional aprovou a lei

que regulamentava o SUS (Sistema Único de Saúde). O SIH-SUS foi

implantado pela Portaria MS/SNS 16,de 08 de janeiro de 1991, bem como

a tabela única de remuneração para a assistência hospitalar.

Os direitos sociais e da saúde e as competências da União,

Estados e Municípios relativas ao Sistema Único de Saúde (SUS), estão

expressos no texto das Constituições da República, do Estado e da lei nº

8.080 e 8.142/90. O SUS fundamenta-se em três princípios:

universalidade, igualdade e eqüidade. As Diretrizes do SUS são três:

descentralização, participação da Comunidade através dos Conselhos de

Saúde e o atendimento integral, ou seja, prover as ações curativas e as

ações preventivas necessárias.

O atendimento hospitalar pelo SUS é oferecido aos

brasileiros das organizaçãoes públicas governamentais e pelas entidades

privadas vinculadas ao sistema por meio de contratos e convênios.

47

A justificativa para a sua implantação foi a necessidade de

estabelecer um sistema único de informações assistenciais, que

permitisse adequado planejamento, controle e avaliação das ações de

saúde, um sistema único de repasses financeiros que retribuísse, com os

mesmos critérios, os serviços públicos contratados e conveniados, e a

necessidade de adotar métodos gerenciais modernos para a

administração desses sistemas no país.

O Brasil assistiu até aqui, a uma reorientação política e

institucional da Política de Saúde, resultando num novo conceito de

saúde, que foi incorporado na nossa Consitutição de 1988.

48

CAPÍTULO III

3- HUMANIZAR A ASSISTÊNCIA HOSPITALAR

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” Antoine de Saint-Exupéry O movimento de humanização se confunde com opróprio

processo de criação do Sistema Único de Saúde – SUS. Antes disso, a luta

pela humanização das prática de saúde já estava colocada na pauta do

movimento feminista na década de 60. Mesmo estando em discussão há tanto

tempo, aplicar seu conceito é um desafio(SUS,2006).

Felipe Mello e Roberto Ravagnani afirmam que palavra

humanismo vem do latim humanitas, que na antiguidade romana tinha sentido

pedagógico, ou seja, a educação do homem como tal (em grego paidéia

).Como corrente filosófica centraliza seu interesse no tema de natureza ou

condição humana e coloca o homem e seus valores acima de todas as outras

coisas. Na antiguidade grega os pensadores como Protágoras (séc V a.c. ) e

Sócrates ( séc V a.c) já se preocupavam com as questões humanistas

(humanismo clássico).

Segundo Mello, os humanistas pautaram-se nos males políticos e

sociais decorrentes da fase entre I e II Guerras Mundiais.Investimento no

aprimoramento das pessoas a partir de um conjunto de crenças:

• O ser humano é bom e capaz de realizações a favor da

humanidade;

• A massificação e perda de sociabilidade podem ser revertidas

pela intervenção Social;

49

• A existência de uma sociedade mais consciente, harmônica e

feliz é possível;

• O estímulo ao auto-conhecimento, a auto-estima e aos

mecanismos de reflexão e interação são importantes;

Ravagnani (2009) evidencia a importância do humanismo que foi

um importante componente do movimentodo Renascimento. Ele reapareceu na

Itália, século XIV, e repudiou a ordem e a hierarquia cósmica que a Igreja

Católica, o regime feudal e os governantes preconizavam.

Personagem importante como Willian Osler (1849-1919),

médico canadense, lançou as bases da medicina e da metodologia modernas

do trabalho médico, introduzindo o humanismo no que chamou de “artes

médicas”. Possuía uma vasta cultura humanística e influenciou gerações de

médicos em universidades americanas e inglesa. Inclusive o filantropo

americano John D. Rockefeller inspirou-se no médico humanista canadense

para destinar milhões de sua fortuna em hospitais, saneamento e escolas de

medicina através da Rockefeller Fundation (Mello, 2009).

No Brasil, a faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

também foi fruto da referida fundação. Para Osler, o profissional deve valorizar

tanto seus conhecimento da doença quanto da pessoa, recomendando a

“medicina a beira do leito”RAYAGNANI,2009).Também no aspecto

arquitetonico, no Brasil, artigos e revistas dão conta que o tema da

humanização do edifício é tratada pelos arquitetos desde o início do século XX.

50

Freitas (2007), chama atenção dos muitos profissionais de saúde,

que submetem-se em sua atividade, a tensões provenientes de várias fontes:

contato frequente com a dor e o sofrimento e com pacientes terminais, receio

de cometer erros, etc. Sendo assim cuidar de quem cuida é condição para

desenvolver projetos de ações em prol da humanização da assistência.

O contato direto com seres humanos, segundo Freitas (2007),

coloca o profissional da saúde diante de sua própria vida, saúde ou doença,

dos próprios conflitos, e frustações. A humanização é um processo amplo,

demorado e complexo, ao qual se oferecem resistências, pois envolve

mudanças de comportamento e atitudes. Cada instituição terá seu processo

singular de humanização.

Bezerra, 2004, discute em seu artigo sobre a Inserção do Assistente

Social no Complexo de Atenção à Saúde, que o desenvolvimento científico e

tecnológico tem trazido uma série de benefícios, sem dúvida, mas tem como

efeito adverso o incremento da desumanização. O preço que pagamos pela

suposta objetividade da ciência é a eliminação da condição humana da palavra,

que não pode ser reduzida a mera informação de anamnese.

Dourado (1995) acredita que um hospital pode ser excelente na

questão da tecnologia e mesmo assim ser desumano no atendimento, por

tratar as pessoas como simples objetos de intervenção técnica, sem serem

ouvidas em suas angústias, temores e expectativas, ou sequer informadas

sobre o que está sendo feito com elas.

Vimos nas Conferências de Assistência Social (DF-2005) que a

especialidade Saúde da Família surge como um caminho para a humanização,

51

assim como a Gestão de Recursos Humanos na Saúde, pois os componentes

básicos das especialidades são educação, atenção primária o humanismo e a

formação de lideranças, para capacitação e treinamento em humanização da

saúde.

A humanização no hospital deve partir do princípio que cada paciente

necessita continuar vivendo como um ser humano. Deve-se evitar que o

usuário da saúde seja “desorganizado” pela angústiae submergido por suas

reações emocionais e facilitar seu acesso à palavra 3 a possibilidade de

simbolizar seus afetos ( BRASIL,2005).

A humanização é um assunto bastante discutido nos dias atuais,

e abrange uma série de atitudes e mudanças de estrutura no ambiente

hospitalar. Promover conforto, a segurança e o bem estar do usuário da saúde

durante todo seu período de tratamento e alta deveria ser o objetivo de toda

rede de hospitais públicos e privados, assim como qualquer unidade de saúde

(BRASIL,2005).

A humanização é um processo de construção gradual, realizada

através de compartilhmento de conhecimentos e de sentimento (PNHAH,2005).

Segundo o Programa Nacional de Humanização da Assistência

Hospitalar. O humano é o que difere o ser humano da naturza e dos animais; é

que seu corpo biológico é capturado desde sua formação por uma rede de

imagens e palavras, que vão desde o primeiro contato materno até o social. E

são essas imagens e linguagens que vão caracterizando o desenvolvimento

biológico que resulta em um ser humano com funcionamento e modo de ser

singulares.

52

O Ministro José Serra, em 2002, em sua gestão, apresentou o

Programa de Humanização da Assistência Hospitalar (anexo, neste estudo),

com o objetivo de encontrar meios que possibilitem eficácia do contato entre os

profissionais de saúde e o usuário, buscando um melhor funcionamento do

SUS (Sistema Único de Saúde, 2002).

Assim sendo e com bases no exposto acima, humanizar na área de

saúde deve ser entedido como “a garantia da palavra e à sua ética, ou seja, a

comunicação e humanização num só caminho, em direção da capacidade da

escuta, do acolher humanizado, da fala humanizada, do diálogo com seu

semelhante (BRASIL, 2001).

Humanizar significa construção partilhada de todos os envolvidos no

processo do cuidar, através de um atendimento acolhedor. A humanização visa

valorizar as relções no ambiente hospitalar, resgatar o respeito e a dignidade,

bem como atender o usuário em todas as dimensões de seu ser psíquico,

social, mental, espiritual e biofísico (LIBANIA et ali,2006)

Humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais

indissociáveis dos aspectos físicos naintervenção em saúde.

Estar doente é muito triste, mas ser mal tratado e/ou desrespeitado

é degradante, pois todo usuário deve ter atenção e atendidos por pessoas

“humanas”, educadas, com boa vontade, com o olhar acolhedor. O “

HumanizaSUS”, afirma ser possível, mas precisamos sair da teoria e caminhar

para a prática. A maior estratégia está no investimento de equipamentos

tecnológicos e recuperaçaõ físicas dos hospitais, também melhoria no

53

gerenciamento hospitalar e tentativas (parcas) de atendimento a toda

população. Se o avanço tecnológico não for acompanhado pelo

correspondente nas relações humanas, será utóico se pensar em humanização

hospitalar (LIBANIA et ali 2006).

54

3.1 O Assistente Social na Gestão de Recursos Humanos: qualidade

no contexto hospitalar.

“Mais do que máquinas precisamos de humanidade.

Mais do que inteligência precisamos de afeto”.

Charles Chaplin

Ao pensarmos no que vem acontecendo no Sistema Único de Saúde

pelo nosso país e as suas implicações de atendimento ainda desumanizado,

consideramos oportuno utilizar a Gestão de Recuros Humanos de instituições

de saúde, em seus diferente setores, para utilizar o Assistente Social, como o

profissional que utiliza instrumento de análise crítica, para implementar

estratégias e implantação de gerenciamento adequado a Política de

Humanização Hospitalar (HUMANIZA SUS).

Os estudos sobre humanização no Brasil ainda são incipientes; essa

é uma temática discutida nos últimos anos e a criação do Programa Nacional

de Humanização da Assistência Hospitalar (anexo), trouxe uma discreta

ampliação do aporte teórico para que algumas medidas fossem implementadas

na saúde. Muitos projetos e programas de humanização estão sendo

implantados em toda a parte do país, e tem sido desenvolvidos em áreas

restritas ou específicas. Alguns modelos são apoiados pelo Ministério da Saúde

e pela organização de Saúde (ANAIS do 2º Congresso de extensão

Universitária-BH).

PENIDO, 2004, evidencia os programas de humanização

considerados pela OMS, referências para a rede pública, mas a abrangência e

aplicabilidade não estão completamente demarcadas e chegam a gerar

polêmica. Esses dados apontam que, para além da teoria, urge a necessidade

do fortalecimento da capacidade gestora na esfera das instituições de saúde,

para alcançarmos a prática do exposto nesse estudo. Continua sendo um

55

desafio tanto para os formuladores das políticas de saúde como para os

gestores de saúde a tarefa de construir a prática da humanização, não se

restringindo ao atendimento das demandas da doença, mas indo além,

procurando desenvolver ações que visem à integralidade da assistência e dos

serviços de saúde, tendo a satisfação do usuário como um dos indicadores de

saúde. Cabe o desafio de estabelecer estratégias no processo de treinamento

e capacitação que levem à construção de uma prática humanizada, ética, que

possibilitam ações permanentes em saúde pautadas no respeito à vida

humana. O Assistente Social pode identificar um novo perfil que viabilize a

adequação profissional às necessidades presentes no desenvolvimento de um

projeto de humanização hospitalar.

A humanização do atendimento na prestação de atenção à saúde

confirma-se como uma das condições favoráveis para o incentivo de se investir

nessa estratégia. O planejamento e o gerenciamento de recursos humanos da

saúde configura-se como pontos nodais para o equacionamento dos profundos

problemas relacionados ao péssimo atendimento dos profissionais de saúde. O

cenário dos hospitais públicos brasileiros aponta uma série de desafios no que

se refere às questões da gestão do Rh. Alguns não possuem pessoas

capacitadas /especializadas; com baixa remuneração, sem visão, sem

motivação. Somam-se a esses desafios a baixa capaciade de avaliação de

resultados, de mensurar a capacidade de preparação humanitária dos

profissionais da saúde(BETTS,2005).

PACHECO, 2007, aponta para um investimento na capacidade

Gestora de Recursos Humanos impulsionada pela necessidade de qualificação

para a aplicabilidade dos programas de humanização hospitalar, que utiliza a

valorização do profissional de saúde, que desenvolva habilidades e

56

responsabilidades, e que estes sejam medidos e avaliados permanentemente.

A Gestão de Recursos Humanos na saúde requer, o pleno reconhecimento

das dimensões que envolvem o trabalho e os trabalhadores em saúde.

O Assistente Social é o grande mediador na instituição hospitalar,

auxiliando na conquista de um clima organizacional favorável. Mediante essa

realidade, o assistente social aplica a Adminstração de Recursos Humanos

buscando intervir de forma a alcançar progressos no desenvolvimento da

organização, priorizando, contudo, o ser humano.

Os Recursos Humanos é uma área interdisciplinar que envolve uma

multiciplidade de campos de conhecimentos e saberes; o assistente social tem

pra si a incubência de administrar práticas de atuação direta com os

trabalhadores da saúde e os usuários, que permite ao profissional a aquisição

de um conhecimento amplo das problemáticas que possam surgir com ele,

quer no âmbito operacional, quer no âmbito pessoal. O assistente social cada

vez mais ciente destas problemáticas, estuda, viabiliza formas de intervenção,

buscando amenizar ou sanar as dificuldades encontradas. Para isso, age

através de seus conhecimentos e técnicas, ou sendo mediador conforme a

complexidade do problema, entre os colaboradores e a diretoria do hospital, de

forma a conseguir um resultado positivo e satisfatório a ambas as partes. Essa

medidas direcionam o trabalho, obtendo um sistema mais motivado, mais

satisfeito, mais tranquilo e por consequência mais eficaz e humanizado.

Para a superação dos desafios relativos às questões de RH na área de

saúde BISNETO 2004, cita alguns objetivos:

57

• - assegurar a prestação de saúde de forma humana e adequda e

eqüitativa;

• - garantir competências e habilidades chaves para o trabalhador em

saúde;

• - aumentar o desempenho da equipe de profissionais diante do

programa de humanização do atendimento;

• - fortalecer a capacidade de planejamento e gerenciamento de RH no

âmbito da humanização em saúde;

• - apoiar e treinar para ações direcionados à práticas de humanização no

atendimento;

• - fortalecer e motivar os trabalhadores em saúde;

• - promover condições facilitadoras para potencialidades dos talentos da

instituição de saúde;

• - promover condições para melhoria nos processos de gerenciamento de

pessoas;

• - prestar assessoria interna;

• - assessorar gestores na busca de soluções alternativas criativas, frente

à condições de trabalho apresentados;

• - facilitar o processo de auto-desenvovimento;

• -elaborar e xecutar programs de desnvolvimento pessoal, baseado nas

necessidades detectadas e dentro de um processo de educação

continuada dos colaboradores do hospital;

• - propiciar o crescimento e o desenvolvimento pessoal e profissional do

servidor, com vistas à execução das transformações inerentes ao

crescimento organizacional e à qualidade na prestação dos serviços,

através de treinamentos, cursos, oficinas, seminários, etc;

• - aprimorar a assistência hospitalar.

Para se implantar um programa de humanização em instituições de

saúde é necessário que o Serviço Social canalize e adeque a assistência aos

58

envovidos (usuários e trabalhadores da saúde) de forma que possa conribuir e

fortelecer os resultados de satisfação e de qualidade de serviços prestados.

Os Programas de Humanização tem o objetivo de diminuir e adminitrar

a ocorrência de conflitos entre familiares, clientes, equipe de saúde, resgatando

a cidadania de funcionários e cuidadores.

A tarefa maior da organização de saúde é garantir a assistência de

forma global e qualificada à saúde da população, valorizando o ser humano,

primando pelo profisionalismo, buscando serreferência no atendimento

humanizado eficiente e eficaz.

O Conselho Nacional de Serviço Social, acredita que o Assistente

Social no RH, é o profissional que identifica as necessidades dos usuários e as

condições sociais em que está inserido, numa perspectiva de totalidade.

Com base em nosso preparo, propomos, planejamos e executamos

treinamento e capacitação aos envolvidos no atendimento e prestação se

serviço à saúde a respeito de comunicação, humanização e ética,

demonstrando a sua relevância da sua participação no processo saúde-

doença-humanização.

O Serviço Social objetiva o desenvolvimento de uma política de

desenvolvimento e valorização dos Recursos Humanos, buscando a

humanização no trabalho e na execelênciaa do atendimento aos usuários,

considerando as necessidades, a visão, a missão e os princípios institucionais.

59

Acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito a,

agasalhar, receber, atender, (FERREIRA, 1975)

60

CONCLUSÃO

Os profissionais do Serviço Social, enquanto patícepes dos

processos de trabalho em saúde necessitam estar atentos para as

necessidades permanentes de vincular esses processos e sua ação

profissional cotidiana, no sentido de compreender as possibilidades em função

das Políticas Públicas implementadas, sem perder de vista a capacidade de

questionar, refletir e socializar o que está posto, apontando sempre na

perspectiva de garantir e ampliar direitos do cidadão.

Para atuar numa área com alto nível de conflitualidade, como no

caso da saúde, onde há uma constante tensão entre os interesses da

instituição e dos demandantes das ações profissionais, o Manual de Rotinas

dos Núcleos Programáticos das Unidades Operativas do Distrito Federal

recomenda que é necessário que os assistentes sociais ampliem o seu nível

de conhecimento, no sentido de compreender a Gestão de RH da instituição

para a qual trabalha, seus programas e projetos, a realidade conjuntural para

subsidiar suas formulações e decisões, a população alvo de sua intsrevenção –

quem são, como vivem, como moram, de que adoecem,etc e se capacitem no

ponto de vista teórico-metodológico, para ter clareza das determinações

sociais, históricas,econômicas, políticas e culturais das expressões sociais da

saúde e consequentemente para responder completamente às requisições que

lhe são demandadas e tornar mais efetiva e conseqüente a ação profissional.

Neste processo, é fundamental que os assistentes socias vençam os

desafios das limitações da intervenção profissional nos processos

relacionados ao binômio saúde-doença, uma vez que estes estão atrelados aos

processos societários em nível macro.

61

A razão de ser das instituições de saúde é o ser “humano” , muitas vezes

carente de atendimento complexos e desafiadores da ciência e da técnica.

O grande desafio do Serviço Social e adentrar na Gestão de

Recursos Humanos, saindo da posição de “profissional burocrático, resolvedor

de problemas de cunho assistencialista”, intervindo no treinamento,

capacitação,recrutamento e seleção dos trabalhadores da saúde, organizando

opções para implementação da concretização humanização do atendimento.

A experiência desse estudo demonstra a importância do

Assistente Social frente aos Recuros Humanos e a prática educativa no

processo saúde-doença, justiça social, eqüidade e humanização.

62

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70

A N E X O S

Programa Nacional de Humanização da Assistência

Hospitalar

José Serra, Ministro da Saúde

71

PROGRAMA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR

José Serra, Ministro da Saúde

A experiência cotidiana do atendimento ao público nos serviços de saúde e os

resultados de pesquisas de avaliação desses serviços têm demonstrado que a

qualidade da atenção ao usuário é uma das questões mais críticas do sistema

de saúde brasileiro. Na avaliação do público, a forma do atendimento, a

capacidade demonstrada pelos profissionais de saúde para compreender suas

demandas e suas expectativas são fatores que chegam a ser mais valorizados

que a falta de médicos, a falta de espaço nos hospitais, a falta de

medicamentos etc. Evidentemente, todos esses aspectos são importantes para

a qualidade do sistema; porém, as tecnologias e os dispositivos

organizacionais, sobretudo numa área como a da saúde, não funcionam

sozinhos – sua eficácia é fortemente influenciada pela qualidade do fator

humano e do relacionamento que se estabelece entre profissionais e usuários

no processo de atendimento.

Nos últimos anos, tem-se visto que um hospital, com uma boa direção e uma

boa equipe, funciona bem. Dadas idênticas condições de trabalho, um hospital

consegue melhores resultados que outro se houver compromisso da liderança,

qualidade na gestão, competência e criatividade da equipe. Os bons resultados

dependem, em grande medida, da capacidade de o hospital oferecer um

atendimento humanizado à população. Para tanto, é necessário cuidar dos

próprios profissionais da área da saúde, constituindo equipes de trabalho

saudáveis e, por isso mesmo, capazes de promover a humanização do serviço.

72

E, por profissionais de saúde, consideram-se aqui todas as pessoas que

trabalham nas unidades de saúde e não apenas médicos e paramédicos.

Evidentemente, esta ação não deverá se restringir à busca de melhorias na

instituição hospitalar, mas também estender-se à formação educacional dos

profissionais de saúde - atualmente bastante deficiente no que se refere à

questão da humanização do atendimento. É no processo de formação que se

podem enraizar valores e atitudes de respeito à vida humana, indispensáveis à

consolidação e à sustentação de uma nova cultura de atendimento à saúde.

É direito de todo cidadão receber um atendimento público de qualidade na área

da saúde. Para garantir esse direito, é preciso empreender um esforço coletivo

de melhoria do sistema de saúde no Brasil uma ação com potencial pra

disseminar uma nova cultura de atendimento humanizado. Para isto, estamos

lançando o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, que

apresenta propostas concretas e ações claramente definidas.

A iniciativa de criação deste programa expressa uma decisão firme do

Ministério de enfrentar os grandes desafios de melhoria da qualidade do

atendimento público à saúde e de valorização do trabalho dos profissionais

desta área. O programa é um chamamento aos profissionais de saúde, para

que trabalhem com afinco nessa direção, e uma abertura para que as

demandas da população se imponham como determinante maior do

direcionamento e da qualidade dos serviços.

73

PROGRAMA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR

I – Apresentação

O PNHAH propõe um conjunto de ações integradas que visam mudar

substancialmente o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos do

Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços hoje prestados por

estas instituições.

É seu objetivo fundamental aprimorar as relações entre profissional de saúde e

usuário, dos profissionais entre si, e do hospital com a comunidade.

Ao valorizar a dimensão humana e subjetiva, presente em todo ato de

assistência à saúde, o PNHAH aponta para uma re-qualificação dos hospitais

públicos, que poderão tornar-se organizações mais modernas, dinâmicas e

solidárias, em condições de atender às expectativas de seus gestores e da

comunidade.

I – Histórico

O Ministro da Saúde José Serra, ao identificar o número significativo de

queixas dos usuários referentes aos maus tratos nos hospitais, tomou a

iniciativa de convidar profissionais da área de saúde mental para elaborar uma

proposta de trabalho voltada à humanização dos serviços hospitalares públicos

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de saúde. Estes profissionais constituíram um Comitê Técnico que elaborou um

Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, com o objetivo

de promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no Brasil.

A primeira etapa deste Programa foi a realização de um Projeto-Piloto,

implementado em dez hospitais distribuídos em várias regiões do Brasil,

situados em diferentes realidades socioculturais, e que possuíam diferentes

portes, perfis de serviços e modelos de gestão1.

O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar foi

apresentado em Brasília, no dia 24 de maio de 2000, para convidados

representativos das mais variadas instâncias da área da saúde, tais como

Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, dirigentes de Hospitais e

Universidades, representantes dos usuários, Conselhos de Saúde e Conselhos

de Classe. Com a aprovação do Programa pelo Ministro da Saúde, o Comitê

escolheu um grupo de profissionais de reconhecida capacidade técnica para

desenvolver o Projeto-Piloto.

O trabalho em cada hospital foi desenvolvido por dois profissionais, com o

acompanhamento de uma equipe de supervisores, coordenada pelo Comitê de

Humanização.

Os principais objetivos do Projeto-Piloto foram: a) deflagrar um processo de

humanização dos serviços, de forma vigorosa e profunda, processo esse

destinado a provocar mudanças progressivas, sólidas e permanentes na

cultura de atendimento à saúde, em benefício tanto dos usuários-clientes

quanto dos profissionais; b) produzir um conhecimento específico acerca

destas instituições, sob a ótica da humanização do atendimento, de forma a

colher subsídios que favoreçam a disseminação da experiência para os demais

hospitais que integram o serviço de saúde pública no Brasil.

1 Ver Anexo 1 - Projeto-Piloto de Humanização da Assistência Hospitalar.

75

O Programa de Humanização da Assistência Hospitalar ofereceu a

oportunidade de propor, discutir e empreender um processo de

mudanças na cultura de atendimento vigente nos hospitais.

O conhecimento produzido no decorrer de cinco meses de trabalho do Projeto-

Piloto ofereceu um extenso material para reflexão e análise, que propiciou uma

base sólida para a elaboração do Programa Nacional de Humanização da

Assistência Hospitalar.

III – Justificativa

A resposta dos hospitais às proposições que compunham o Projeto-Piloto2

confirmou a expectativa deste Comitê de que existe um terreno fértil nestas

instituições para que se desenvolva uma nova cultura de atendimento à saúde.

Esta nova cultura reflete um desejo, por parte das organizações de saúde e

dos usuários, de um novo modo de ser e fazer nos serviços de saúde pautados

no respeito à vida humana.

O Ministério da Saúde tem desenvolvido um conjunto de ações integradas, na

área da assistência hospitalar, visando à melhoria da qualidade de atendimento

nos hospitais da rede SUS. Este conjunto de ações inclui grandes

investimentos para a recuperação das instalações físicas das instituições, a

renovação de equipamentos e aparelhagem tecnológica moderna, o

barateamento dos medicamentos, a capacitação do quadro de recursos

humanos, etc. Faz parte deste conjunto de medidas, como forma de garantir o

melhor uso desta infraestrutura, o desenvolvimento de ações que busquem a

melhoria do contato humano presente em toda intervenção de atendimento à

saúde.

2 Ver Anexo 2 - Relatório de Avaliação do Projeto-Piloto de Humanização da Assistência Hospitalar

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A eficiência técnico-científica e a racionalidade administrativa nos serviços de

saúde, quando desacompanhadas de princípios e valores como a

solidariedade, o respeito e a ética na relação entre profissionais e usuários, não

são suficientes para a conquista da qualidade no atendimento à saúde.

No campo das relações humanas que caracterizam qualquer atendimento

à saúde, é essencial agregar à eficiência técnica e científica uma ética que

considere e respeite a singularidade das necessidades do usuário e do

profissional, que acolha o desconhecido e imprevisível, que aceite os

limites de cada situação.

Trata-se de um ser e fazer que se inspira numa disposição de abertura e de

respeito ao outro como um ser autônomo e digno.

O Programa Nacional de Humanização apresenta um importante ponto de

convergência com outras iniciativas e programas voltados para o

aperfeiçoamento da qualidade do atendimento no âmbito hospitalar.

Além da complementaridade com os programas que visam a melhoria da

infraestrutura das instituições, devemos destacar a sintonia do Programa de

Humanização com programas de aperfeiçoamento da gestão hospitalar que

são fundamentais para que se alcance melhores resultados no atendimento

aos usuários, criatividade frente à resolução de dificuldades e otimização de

oportunidades, além do fortalecimento do compromisso de toda equipe de

profissionais com a mudança de cultura de atendimento à saúde nos hospitais.

Entre esses programas de aperfeiçoamento da gestão hospitalar, merecem ser

citados, em especial, o Programa dos Centros Colaboradores para a Qualidade

da Gestão e Assistência Hospitalar e os Programas que desenvolvem ações de

humanização na área da Saúde da Mulher. São amplas as possibilidades de

sinergia e cooperação desses programas ao longo do seu desenvolvimento.

77

A proposta de humanização da assistência à saúde é um valor para a

conquista de uma melhor qualidade de atendimento à saúde do usuário e de

melhores condições de trabalho para os profissionais.

O grande número de iniciativas de humanização em andamento nos hospitais,

das mais simples às mais criativas e complexas, demonstra que esta

necessidade de mudança na forma de gerir a relação entre usuário e

profissional de saúde e na forma de gerir a própria instituição de saúde, vem

sendo amplamente reconhecida. No entanto, todas as iniciativas encontradas

são setoriais, uma vez que pelo próprio conceito de Humanização utilizado nas

instituições, se concentram em áreas, departamentos ou atenções específicas,

sem conseguir o envolvimento do todo das organizações. Nestes casos, a

despeito dos resultados favoráveis das ações de humanização, persiste um

desconhecimento destas propostas pelas próprias instituições e pelo público

que o utiliza, bem como uma impossibilidade de mudança da cultura

institucional em relação à Humanização, mudança essa vital para darmos um

passo definitivo na transformação do atendimento em saúde no Brasil.

Esta realidade reafirma a necessidade de articular essa mudança através de

um novo conceito de Humanização, que contemple a instituição “Hospital”

como um todo. Isso pode ser feito através da implementação de Grupos de

Trabalho de Humanização em cada hospital, que sejam, pela sua

representatividade, o elemento agregador e difusor desse novo conceito em

torno de um eixo comum de atendimento humanizado, contemplando os

aspectos subjetivos e éticos presentes na relação que se estabelece entre

usuários e profissionais.

78

O Programa Nacional de Humanização oferece uma diretriz global que

congregará os projetos de humanização desenvolvidos nas diversas

áreas de atendimento hospitalar.

É fundamental a sensibilização dos dirigentes dos hospitais para a questão da

humanização e para o desenvolvimento de um modelo de gestão que reflita a

lógica do ideário deste processo: cultura organizacional pautada pelo respeito,

pela solidariedade, pelo desenvolvimento da autonomia e da cidadania dos

agentes envolvidos e dos usuários.

O Programa Nacional de Humanização depende da vontade política dos

dirigentes em participar de ações efetivas e permanentes de transformação da

realidade hospitalar, reconhecendo-se o caráter processual destas

transformações.

São fundamentais a criação e a sustentação permanente de espaços de

comunicação que facultem e estimulem a livre expressão, a dinâmica do

diálogo e o respeito à diversidade de opiniões.

O conjunto de ações proposto pelo PNHAH distribui-se em várias frentes

complementares para a criação desses espaços de comunicação. Entre eles

está a formação de uma Rede Nacional de Humanização entre as instituições

públicas de saúde. A construção dessa rede representa uma condição

fundamental para a consolidação do processo de humanização nos hospitais,

estando referidas a ela as demais ações do Programa.

Através das Secretarias Estaduais, articuladas às Secretarias Municipais e com

apoio das equipes de capacitadores do Ministério da Saúde, serão formados os

Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar, distribuídos nas cinco

regiões do país. Esses Grupos, acompanhados pelas equipes de

capacitadores, trabalharão na formação, no treinamento e na capacitação dos

agentes que levarão o processo de humanização aos hospitais.

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Serão também formados os Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar.

Esses grupos serão compostos por lideranças expressivas do coletivo dos

profissionais que, compromissadas com os princípios da humanização,

constituem um espaço de comunicação e um real dispositivo para mudança

institucional. A atuação em grupo que caracteriza o modo de funcionamento

destes espaços, permite que a realização das iniciativas seja responsabilidade

da própria instituição e represente o todo da organização. Dessa forma, o

trabalho produzido ganha força e permanência ao longo do tempo.

A própria instituição hospitalar, através da voz dos Grupos de Trabalho,

assume a direção da construção de sua identidade e do sentido de sua

existência.

Tal tarefa exige autonomia, liberdade e responsabilidade. Em contrapartida, a

realização dessa tarefa oferece a possibilidade da instituição como um todo

assumir o lugar de sujeito protagonista, nessa enorme tarefa de mudança da

cultura de atendimento e de reconstrução da imagem do serviço público de

saúde, tão desgastado ao longo da história, perante a comunidade.

A elaboração de planos de ações concretas de humanização terá como pano

de fundo o resgate destes valores e a consideração da natureza específica de

cada realidade institucional.

Dentre as condições necessárias para a sustentação do processo de

constituição e consolidação destes Grupos de Trabalho, podemos destacar:

capacitação de seus membros por um assessor externo, criação de

instrumentos formais e normativos para sua institucionalização, construção de

sistema de incentivos e reconhecimento público da qualidade do atendimento

oferecido pelos hospitais, consolidação em âmbito nacional como instrumento

de política pública de saúde, participação efetiva dos gestores dos hospitais e

de representantes dos usuários nos Grupos de Trabalho, articulação dos

80

Grupos de Trabalho numa rede de comunicação permanente e

estabelecimento de alianças e parcerias com programas de humanização já em

curso que visem a melhoria da qualidade do atendimento à saúde na rede

pública hospitalar.

A partir dessas considerações, propomos a construção do Programa Nacional

de Humanização da Assistência Hospitalar, a ser implantado sob a

coordenação do Comitê Técnico de Humanização.

IV – Objetivos

• Difundir uma nova cultura de humanização na rede hospitalar pública brasileira.

• Melhorar a qualidade e a eficácia da atenção dispensada aos usuários dos hospitais públicos no Brasil.

• Capacitar os profissionais dos hospitais para um novo conceito de assistência à saúde que valorize a vida humana e a cidadania.

• Conceber e implantar novas iniciativas de humanização dos hospitais que venham a beneficiar os usuários e os profissionais de saúde.

• Fortalecer e articular todas as iniciativas de humanização já existentes na rede hospitalar pública.

• Estimular a realização de parcerias e intercâmbio de conhecimentos e experiências nesta área.

• Desenvolver um conjunto de indicadores de resultados e sistema de incentivos ao tratamento humanizado.

81

• Modernizar as relações de trabalho no âmbito dos hospitais públicos, tornando as instituições mais harmônicas e solidárias, de modo a recuperar a imagem pública dessas instituições junto à comunidade.

82

V – Público Alvo

• Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

• Hospitais da rede pública de saúde do Brasil:

• 1ª fase3: Hospitais participantes do Projeto-Piloto de Humanização.

• Hospitais integrantes do Programa dos Centros Colaboradores. • Hospitais que desenvolvem programas de humanização na área da Saúde da Mulher.

• 2ª fase: • Hospitais que integrarão a Rede Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar.

3 Ver Anexo 3 – Lista de Hospitais integrantes na primeira fase do PNHAH

83

VI – Metodologia

A metodologia escolhida prevê a multiplicação progressiva do Programa de

Humanização para um conjunto cada vez maior de hospitais da rede pública,

através do apoio das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, dos

hospitais já capacitados e que serão transformados em Centros de Referência

em Humanização.

A primeira fase transcorrerá entre maio de 2001 a abril de 2002 e alcançará 93

hospitais.

A segunda fase, de maio a dezembro de 2002, pretende estender o Programa

a um número estimado de 450 novos hospitais, selecionados pelo seguinte

critério:

• Hospitais que tenham participado da Rede Nacional de Humanização na 1ª fase.

• Hospitais indicados pelas Secretarias de Saúde e pelos hospitais

que participaram da primeira fase.

Caberá a cada um dos 93 hospitais já capacitados e a cada Secretaria de

Saúde participante, a possibilidade de escolha de três novos hospitais para

implantação da nova metodologia de capacitação.

A implantação do PNHAH será compartilhada pelo Ministério da Saúde,

Secretarias Estaduais e Secretarias Municipais de Saúde (municípios que

possuem hospitais participantes do Programa com gestão plena).

A coordenação e condução nacional do PNHAH estarão a cargo do Comitê

Técnico de Humanização, designado pelo Ministério da Saúde.

84

Serão criados Grupos de Multiplicadores, distribuídos por todas as regiões

do Brasil, sendo estes grupos compostos por profissionais capacitadores,

contratados pelo MS, e por representantes das secretarias estaduais e

municipais de saúde.

Os Grupos de Multiplicadores serão responsáveis pela divulgação do PNHAH

no âmbito de cada região. Com o apoio logístico das Secretarias de Saúde que

participarão do Programa e com a participação dos representantes destas

Secretarias já capacitados pelas equipes de consultores, os grupos de

multiplicadores serão responsáveis pela capacitação técnica dos

representantes dos hospitais e pelo acompanhamento e supervisão do trabalho

realizado nos hospitais participantes.

O trabalho nos hospitais prevê a criação de um Grupo Hospitalar de

Humanização, constituído por lideranças representativas do coletivo de

profissionais, que terá como tarefas: difundir os benefícios da assistência

humanizada; pesquisar e levantar os pontos críticos do funcionamento da

instituição; propor uma agenda de mudanças que possam beneficiar os

usuários e os profissionais de saúde; divulgar e fortalecer as iniciativas

humanizadoras já existentes; melhorar a comunicação e a integração do

hospital com a comunidade de usuários.

85

VII - Rede Nacional de Humanização

As diversas instâncias acima discriminadas (a saber: Comitê Técnico, Grupos

de Multiplicadores, Secretarias de Saúde, Grupos de Trabalho Hospitalar)

estarão permanentemente integradas à Rede Nacional de Humanização, a

ser criada no segundo semestre de 2001.

A Rede Nacional representa um instrumento fundamental para a consolidação

do trabalho de humanização desenvolvido em cada localidade, uma vez que

possibilita o intercâmbio constante de idéias, estratégias, informações

relevantes, além de garantir o apoio e ressonância necessários a cada

iniciativa.

A construção da Rede Nacional se dará de forma gradual, incluindo

sucessivamente: as instituições públicas de saúde que participam da primeira

fase do PNHAH, entidades da sociedade civil, e demais hospitais da rede

pública que manifestarem interesse em participar do Programa.

A Rede Nacional de Humanização será estruturada em três níveis distintos:

presencial, virtual e não-virtual.

• Rede presencial - Inclui: Comitê Técnico de Humanização; Grupos de Multiplicadores de Humanização

Hospitalar (Secretarias Estaduais articuladas às Secretarias Municipais com

apoio das Equipes de Capacitadores do Ministério da Saúde); Grupos de

Trabalho de Humanização Hospitalar, presentes em cada um dos hospitais

participantes.

• Rede virtual - Inclui: Construção de um Site de Humanização.

Coordenação do Site: Comitê Técnico de Humanização.

Condução do Site: um Webmaster.

86

Multiplicadores virtuais: três profissionais responsáveis pela alimentação das

informações, das experiências e dos debates.

Com a ampliação progressiva da rede, os novos hospitais interessados em

participar do Programa receberão, via internet, informações para acesso aos

dispositivos da rede virtual (Banco de Projetos, Mapa Nacional de

Humanização, grupos de discussão, palestras, conferências e supervisão à

distância) e a todo material disponível para capacitação não virtual (Pacotes e

workshops).

• Rede não virtual – Inclui: Pacotes de materiais de informação e capacitação: manuais, vídeos, relatórios,

publicações oficiais.

Serão produzidos 6.500 Pacotes de forma a atender a todos os hospitais que

compõem a rede SUS: na fase inicial, 500 e progressivamente, conforme a

necessidade, serão produzidos os demais.

Distribuídos pelos Grupos de Multiplicadores aos hospitais e Secretarias

participantes da rede presencial, e distribuídos através de workshops às

instituições que queiram receber informações para utilização e participação na

rede virtual.

Avaliação e mapeamento nacional das iniciativas de humanização

O desenvolvimento do trabalho nos hospitais e secretarias de saúde será

permanentemente acompanhado e avaliado pelo Comitê Técnico organizador.

O Programa contará com alguns instrumentos específicos para a pesquisa e a

avaliação de resultados:

• Pesquisa nacional das iniciativas de humanização já desenvolvidas nos hospitais da rede SUS.

87

A Pesquisa será realizada no período de agosto a outubro de 2001, com o

objetivo de construir um Mapa Nacional de Humanização.

Este Mapeamento será de grande importância e contribuirá para:

• Inclusão de novas instituições na Rede Nacional de Humanização. • Levantamento de possibilidades de distribuição de Pacotes de informação e capacitação (manual, vídeos, cartilhas, publicações). • Escolha de regiões para a realização de workshops de apresentação do material do Pacote e de experiências de humanização. • Planejamento da segunda etapa de capacitação e implantação do PNHAH.

A montagem do questionário, bem como a metodologia de aplicação, a

avaliação final e a análise dos resultados estarão a cargo do Comitê Técnico

Organizador.

Um profissional técnico em pesquisa será contratado pelo Programa para o

processamento dos dados, produção de tabelas de resultados e codificação

dos questionários.

• Pesquisa de avaliação do grau de satisfação dos usuários e dos profissionais de saúde

Esta pesquisa será aplicada em todos os hospitais participantes da primeira

fase do PNHAH, em dois momentos distintos (no início e ao final dos trabalhos)

e será baseada nos indicadores técnicos de humanização.

As tarefas para a realização destas pesquisas estarão assim distribuídas:

Comitê de Humanização: elaboração, montagem do questionário,

acompanhamento e análise de resultados.

Grupos de Multiplicadores (SES, SMS e Equipes de Capacitação do MS):

metodologia de aplicação.

Hospitais: aplicação dos questionários.

88

Profissional técnico em pesquisa: processamento de dados, produção de

tabelas de resultados, codificação dos questionários.

Relator: avaliação e relatório de resultados.

Sistema de Incentivos e Concessão do Prêmio Hospital Humanizado

É de fundamental importância reconhecer e estimular as iniciativas de

humanização, valorizar as instituições e os profissionais competentes e

compromissados com o tema. Mais do que isso é desejável que o hospital

verdadeiramente humanizado receba um tratamento diferenciado por parte dos

gestores públicos de Saúde e dos órgãos governamentais, e tenha prioridade

no estabelecimento de contratos e convênios no futuro.

Com este intuito, o PNHAH concederá o título de “Hospital Humanizado”, pelo

prazo de um ano, aos hospitais cujo padrão de assistência e funcionamento

global estejam em conformidade com os indicadores de humanização e os

princípios e diretrizes do PNHAH.

89

VIII. Materiais e Estratégias de Suporte do PNHAH

• Normatização: Criação de Portaria para regulamentação do PNHAH e para a instituição do Comitê Técnico de Humanização.

• Publicação oficial do Programa de Humanização.

• Incentivos: • Criação de prêmio anual “Hospital Humanizado”. • Congresso Nacional de Humanização.

• Vídeos – relatos de experiências de atendimento humanizado.

• Manuais – princípios e sugestões para a implantação de programas de humanização em saúde.

• Workshops – eventos regionais ou locais, com 8 horas de duração.

• Internet : • Implantação de Home Page sobre humanização. • Rede Nacional de Humanização Hospitalar. • Banco de projetos e experiências de humanização. • Mapa Nacional de Programas de Humanização Hospitalar. • Grupos de discussão sobre implantação, desenvolvimento e avaliação de projetos. • Palestras, conferências e supervisão à distância. • Boletim eletrônico.

• Alianças e parcerias com projetos de humanização já em desenvolvimento.

90

• Alianças e parcerias com entidades da sociedade civil (3° Setor).

• Participação organizada de trabalho voluntário.

91

IX - Comitê Técnico de Humanização

O Comitê de Humanização atuará como instância coordenadora, garantindo as

diretrizes básicas do Programa Nacional de Humanização da Assistência

Hospitalar e seus critérios e parâmetros de avaliação de resultados. Será,

também, responsável pela articulação e apoio às redes regionais e

sistematização da metodologia e da avaliação do trabalho.

Estarão sob responsabilidade do Comitê as seguintes atividades:

• Coordenação e apoio técnico ao trabalho desenvolvido pelas Secretarias

Estaduais e Municipais de Saúde;

• Acompanhamento do trabalho das Secretarias na condução operacional

dos Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar;

• Elaboração do texto de referência para a portaria de regulamentação do

PNHAH;

• Coordenação das publicações oficiais, da produção de vídeos e de

manuais;

• Coordenação da implantação da Rede Nacional de Humanização, da

Home Page, do Banco de Projetos, do Mapa Nacional de Experiências

de Humanização e desenvolvimento de mecanismos de constituição de

redes.

• Coordenação e participação nos workshops;

• Coordenação do Prêmio Hospital Humanizado;

• Coordenação do Congresso Nacional de Humanização;

• Acompanhamento do trabalho desenvolvido pelas Equipes de

Capacitação para Humanização Hospitalar;

• Acompanhamento doa mecanismos de incentivo aos hospitais;

• Acompanhamento das parcerias estabelecidas;

• Coordenação dos cursos de especialização;

• Elaboração de indicadores de humanização da assistência à saúde;

• Elaboração de relatórios das atividades e de resultados;

• Avaliações parciais e final dos resultados do Programa;

92

• Criação e manutenção de canais de comunicação com a equipe e com o

MS;

• Desenvolvimento de novas metodologias de educação à distância;

93

X Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar

Os Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar serão constituídos,

organizados e operacionalizados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de

Saúde com o apoio técnico do Ministério da Saúde. Este apoio será oferecido

regionalmente pelas equipes técnicas de capacitação indicadas pelo Ministério.

Os Estados que compõem cada Grupo serão representados por um

Coordenador de Humanização e um suplente, indicados pela Secretaria

Estadual de Saúde, responsáveis pelo acompanhamento da implantação do

Programa e pela comunicação de necessidades, oportunidades e resultados

alcançados em seu Estado.

Nos Grupos de Multiplicadores será feita a capacitação dos profissionais

indicados pelas Secretarias para o desenvolvimento do Programa Nacional de

Humanização da Assistência Hospitalar, dos profissionais indicados pelos

hospitais que compõem o Programa dos Centros Colaboradores, dos hospitais

que desenvolvem programas de humanização na área da Saúde da Mulher e

dos hospitais-piloto.

Caberá também aos Grupos de Multiplicadores, em conjunto com as equipes

técnicas de capacitação, o acompanhamento e a avaliação da implantação e

dos resultados do Programa, atuando como pólo de referência local da Rede

Nacional de Humanização e estimulando a criação de vínculos entre todas as

instâncias interessadas no programa.

94

• Constituição das equipes técnicas de capacitação para humanização hospitalar

Serão constituídas por profissionais com reconhecida experiência em análise e

supervisão sócio-institucional, detentores de notório saber em sua área de

atuação, a serem indicados e coordenados pelo Comitê Técnico de

Humanização.

95

• Funções das Equipes Técnicas de Capacitação para Humanização Hospitalar:

1. Desenvolver trabalho conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais

de Saúde, com o objetivo de oferecer cooperação técnica às Secretarias na

formação e funcionamento dos Grupos de Multiplicadores de Humanização

Hospitalar.

2. Promover, junto às Secretarias, o desenvolvimento regionalizado do

Programa de Humanização, elegendo prioridades e possibilidades de

implantação do Programa adaptado a cada região, e definindo

competências e responsabilidades de cada uma das instâncias para a

implantação do PNHAH.

3. Divulgar e difundir o Programa Nacional de Humanização no âmbito de

cada região através das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

4. Dar apoio à promoção de eventos, reuniões e workshops nas Secretarias

Estaduais e Municipais de Saúde, com os gestores e demais lideranças dos

hospitais participantes.

5. Dar apoio à distribuição do material de suporte do Programa Nacional de

Humanização, confeccionado pelo MS (vídeos, manuais, informes) junto às

Secretarias de Saúde e hospitais.

6. Capacitar os profissionais de saúde que trabalharão como agentes de

humanização nos Grupos de Multiplicadores (representantes das

Secretarias de Saúde) e nos Grupos de Trabalho (profissionais dos

hospitais integrantes do Programa).

7. Ministrar o curso de formação e capacitação dos agentes de humanização.

8. Capacitar, instruir, treinar, acompanhar e supervisionar estes agentes.

9. Relatar ao Comitê Técnico a progressão do trabalho nos hospitais em sua

respectiva região, fornecendo subsídios para a análise de indicadores,

dificuldades e aperfeiçoamentos requeridos pelo programa em seu

desenvolvimento.

96

10. Supervisionar a atuação dos Grupos de Trabalho de Humanização

Hospitalar que participaram do projeto-piloto (dez hospitais), de modo a

transforma-los em futuros centros de referência em humanização.

11. Criar métodos de acompanhamento adequados às necessidades e

possibilidades de cada região, considerando a capacidade e a

potencialidade das Secretarias Estaduais e Municipais assim como

as ferramentas e dispositivos à disposição em cada instituição.

• Criar metodologia de aplicação das pesquisas: a) de satisfação dos usuários e dos profissionais e b) de levantamento de experiências de humanização hospitalar. • Desenvolver metodologia de multiplicação de capacitação para a 2ª fase do Programa (maio a dezembro de 2002).

Além dessas funções que estarão sob a responsabilidade das equipes de

capacitação como um todo, cada equipe terá um representante responsável

especialmente pelas seguintes funções:

• estar presente nas reuniões com o Comitê, como representante da sua equipe, de forma a manter uma unidade de informações nas discussões realizadas; • repassar aos demais integrantes de seu grupo qualquer material distribuído nas reuniões; • transmitir informações sobre as questões conceituais e metodológicas discutidas nos encontros; • estar presente em outras reuniões nas quais a equipe deve estar representada; • transmitir ao Comitê as questões, sugestões e relatórios de seu grupo. • Distribuição nacional dos Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar

97

A distribuição nacional dos Grupos de Multiplicadores, para o ano de 2001, foi determinada a partir da necessidade de acompanhamento e capacitação dos hospitais participantes do Programa dos Centros Colaboradores, dos hospitais-piloto e dos hospitais que desenvolvem programas de humanização na área da Saúde da Mulher.

A multiplicação progressiva de Grupos deverá, no desdobramento futuro do

Programa, ser acordada por Estados e Municípios, visando atender as

necessidades específicas do espaço territorial-populacional e da área de

abrangência de apoio administrativo. Tal forma de distribuição deverá visar a

construção de uma rede regionalizada que atenda as necessidades locais e

garanta um razoável grau de independência, autonomia e responsabilidade na

resolução dos problemas locais.

REGIÃO NORTE – 1 NÚCLEO: Belém (atende a 10 hospitais integrantes do

Programa dos Centros Colaboradores para a Qualidade da Gestão e

Assistência Hospitalar e 2 hospitais Prêmio Galba de Araújo):

Amazonas (3 hospitais)

Acre (2)

Rondônia (1)

Roraima (2)

Pará (3)

Amapá (1)

REGIÃO NORDESTE – 2 NÚCLEOS:

Núcleo 1:

Fortaleza (atende a 8 hospitais do Programa dos Centros Colaboradores para a

Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar, 1 hospital-piloto 2 hospitais

Prêmio Galba de Araújo):

Ceará (6)

Rio Grande do Norte (2)

Piauí (1)

98

Maranhão (2)

Núcleo 2:

Recife (atende a 8 hospitais do Programa dos Centros Colaboradores para a

Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar, 1 hospital-piloto e 1 hospital

Prêmio Galba de Araújo):

Bahia (4)

Sergipe (2)

Alagoas (1)

Pernambuco (1)

Paraíba (2)

REGIÃO CENTRO-OESTE – 1 NÚCLEO: Belo Horizonte (atende a 11

hospitais do Programa dos Centros Colaboradores para a Qualidade da

Gestão, Assistência Hospitalar, 1 hospital-piloto e 6 hospitais Prêmio Galba de

Araújo):

Goiás (3)

Mato Grosso (4)

Tocantins (1)

Mato Grosso do Sul (1)

Distrito Federal (1)

Minas Gerais (8)

REGIÃO SUDESTE – 3 NÚCLEOS:

Núcleo 1:

São Paulo – capital, grande SP e litoral (atende a 6 hospitais do Programa dos

Centros Colaboradores para a Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar, 4

hospitais-piloto e 1 hospital Prêmio Galba de Araújo):

São Paulo capital (8)

99

Santo André (1)

Itapecerica da Serra (1)

Santos (1)

Núcleo 2:

São Paulo – interior (atende a 6 hospitais do Programa dos Centros

Colaboradores para a Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar e 1

hospital-piloto)

Campinas (2)

Vinhedo (1)

São José do Rio Preto (1)

Franca (1)

Botucatu (1)

Marília (1)

Núcleo 3:

Rio de Janeiro (atende a 10 hospitais do Programa dos Centros Colaboradores

para a Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar, 1 hospital-piloto e 2

hospitais Prêmio Galba de Araújo):

Rio de Janeiro (11)

Espírito Santo (2)

REGIÃO SUL – 1 NÚCLEO: Porto Alegre (atende a 8 hospitais do Programa

dos Centros Colaboradores para a Qualidade da Gestão Assistência

Hospitalar, 1 hospital-piloto e 3 hospitais Prêmio Galba de Araújo):

100

Rio Grande do Sul (4)

Santa Catarina (3)

Paraná (5)

101

• Atividades dos Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar:

• Workshops regionais das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde em junho e julho de 2001.

Os objetivos destes eventos são divulgar e difundir o PNHAH, discutir o

funcionamento dos Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar,

discutir as responsabilidades, competências e articulações entre as Secretarias

Estaduais e Municipais, distribuir material informativo, mobilizar e sensibilizar

os participantes para a relevância da questão da humanização no atendimento

à saúde e no trabalho do profissional de saúde, levantar informações para

construção do mapa nacional de iniciativas de humanização e solicitar a

indicação de profissionais das Secretarias para desenvolvimento do trabalho de

humanização junto aos hospitais dos Centros Colaboradores e aos hospitais

que desenvolvem programas de humanização na área da Saúde da Mulher.

• Curso de capacitação/formação pessoal para os profissionais indicados pelas Secretarias, Centros Colaboradores, hospitais que desenvolvem programas de humanização na área da Saúde da Mulher.

• Encontros com o Comitê Técnico de Humanização (1 a cada 2 meses)

para acompanhamento do trabalho realizado e avaliação de resultados.

Local- São Paulo

Participantes: - Comitê Técnico de Humanização

- 1 representante da equipe técnica de capacitação de

cada

um dos 8 Grupos de Multiplicadores de Humanização

Hospitalar

102

• Encontros com os Grupos de Trabalho-Piloto (quinzenais) de capacitação dos Grupos de Trabalho para formação de Centros de Referência em Atendimento e Trabalho Humanizado (1ª fase).

• Encontros mensais com representantes das Secretarias e dos hospitais para acompanhamento, supervisão e avaliação do processo de implantação do Programa (1ª fase).

• Encontros mensais com representantes das Secretarias para acompanhamento e supervisão da implantação da nova metodologia de multiplicação do trabalho (2ª fase).

103

Distribuição regional dos Workshops (1ª fase):

Público Nº de

Profis.

Local Secretarias

Estaduais

Secretarias

Municipais

Works 1

Norte

Sec Est.

Sec.Mun

.

Equipe

Comitê

6

3

3

2

Belém Amazonas

Acre

Rondônia

Roraima

Pará

Amapá

Belém

Boa Vista

Porto Velho

Works 2

Nordest

e

Sec Est.

Sec.Mun

.

Equipe

Comitê

4

3

3

2

Fortalez

a

Maranhão

Piauí

Ceará

R.Grd.Norte

São Luis

Fortaleza

Natal

Works 3

Nordest

e

Sec Est.

Sec.Mun

.

Equipe

Comitê

5

3

3

2

Recife Paraíba

Pernambuco

Alagoas

Sergipe

Bahia

João Pessoa

Recife

Maceió

Works 4

Centro-

Oeste

Sec Est.

Sec.Mun

.

Equipe

Comitê

6

9

3

2

Belo

Horizont

e

Tocantins

Mato Grosso

Goiás

Dist. Federal

Mato Gros

Sul

Minas Gerais

Goiânia

Cuiabá

Palmas

Campo Grande

Betim

Belo Horizonte

Ceres

Anápolis

Vila Rica

Works 5

Sudeste

Sec Est.

Sec.Mun

.

Equipe

2

2

3

2

Rio de

Janeiro

Espírito

Santo

Rio de

Janeiro

Niterói

Rio de Janeiro

104

Comitê

Works

6

Sudeste

Sec Est.

Sec.Mun

.

Equipe

Comitê

1

7

3

6

São

Paulo

Capital,

interior e

litoral)

São Paulo Santo André

Santos

Vinhedo

Campinas

Franca

São José Rio Preto

Marília

Works 7

Sul

Sec Est.

Sec.Mun

.

Equipe

Comitê

3

3

3

2

Porto

Alegre

Paraná

Sta Catarina

Rio Grande

Sul

Curitiba

Londrina

Porto Alegre

Total 27 30

Obs. Secretarias Estaduais – 27

Secretarias Municipais (gestão plena – Centros Colaboradores e Galba de

Araújo) - 30

105

Curso de capacitação/formação pessoal para os profissionais

indicados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, Centros

Colaboradores, hospitais que desenvolvem programas de

humanização da Saúde da Mulher e hospitais-piloto.

O conceito de capacitação/formação pessoal está associado ao conceito de

parceria já proposto neste Programa. Assim como na parceria, o

relacionamento entre as Secretarias transcende a divisão de competências e

responsabilidades para um respeito compromissado às realidades locais.

O processo de capacitação deverá ir além do simples ato de oferecer

informações e orientações definidas unicamente pela equipe técnica de

capacitadores. Deverá orientar caminhos operacionais a partir do levantamento

de um conjunto de necessidades e oportunidades específicas de cada

realidade local, criando ou selecionado ações definidas através de um

consenso compartilhado entre formadores e representantes das Secretarias e

hospitais.

A habilitação e a qualificação não são atribuições exclusivas da equipe de

capacitadores, mas sim uma realização conjunta das Secretarias e agentes de

humanização, permitindo um compromisso de todas as instâncias envolvidas

com a condução, a compreensão e a avaliação do Projeto.

Níveis de capacitação para a 1ª fase do Programa

O processo de capacitação será desenvolvido atendendo a três níveis de

objetivos:

106

• Capacitação dos representantes indicados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde em formadores de Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar. Os objetivos desta capacitação são: 1. sensibilização das instituições de

saúde e da comunidade para o reconhecimento do valor da assistência

humanizada; 2. divulgação do PNHAH e dos recursos oferecidos pelo

Ministério da Saúde na participação ao Programa; 3. identificação e

valorização de novas iniciativas de humanização; 4. formação de espaços

de apoio institucional a novos Grupos de Multiplicação de Humanização

Hospitalar.

• Capacitação dos Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar, constituídas durante a implantação do Projeto-Piloto, em Centros de Referência de Humanização. Os objetivos desta capacitação são: 1. fortalecimento dos Grupos de

Trabalho de Humanização Hospitalar na estrutura hospitalar; 2.

aprimoramento de sua formação, de modo a garantir ao próprio hospital a

responsabilidade pela condução, avaliação e reformulação das iniciativas

de humanização produzidas naquela instituição.

• Capacitação dos hospitais participantes do Programa dos Centros Colaboradores, dos hospitais que desenvolvem programas de humanização na área da Saúde da Mulher e dos hospitais-piloto para desenvolvimento do Programa de Humanização. O objetivo desta capacitação é a formação de uma cultura de atendimento e

trabalho humanizado nas instituições hospitalares, tendo como instrumento

maior dessa realização, a formação de Grupos de Trabalho de

Humanização Hospitalar.

Obs. Receberá o título de “Hospital Humanizado” a instituição que atender

satisfatoriamente aos indicadores de serviço humanizado e tiver um Grupo

de Trabalho de Humanização Hospitalar consolidado e atuante, atendendo

adequadamente as atribuições definidas para seu funcionamento. O título

“Hospital Humanizado” concederá ao hospital os incentivos

107

correspondentes e a possibilidade de ser um hospital colaborador na

atribuição de serviço humanizado.

Etapas de Capacitação

Primeira Etapa:

Encontros regionais com profissionais representantes das Secretarias

Estaduais e Municipais de Saúde.

Objetivos:

- Apresentar e discutir o PNHAH, seus objetivos e metodologia;

- Apresentar e discutir o apoio técnico e operacional oferecido pelo

Mistério da Saúde aos Grupos de Multiplicadores de Humanização

Hospitalar através das equipes regionais de capacitação;

- proporcionar troca de informações e experiências sobre a realidade,

as necessidades e oportunidades dos hospitais;

- iniciar o trabalho de capacitação para o desenvolvimento de projetos

de

humanização e de criação de Grupos de Trabalho de Humanização

Hospitalar;

• divulgar os materiais de suporte e de metodologia de desenvolvimento de

novos Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar.

108

Distribuição regional do primeiro encontro:

Público Profs.Local Rep.Sec.Est.Rep.Sec.Mun..

Encontro

Norte

Ind. SE/SM

Equipe

9

3

Belém Amazonas

Pará

Roraima

Amapá

Acre

Rondônia

Belém

Boa Vista

Porto Velho

Encontro

Nordeste

(Fortaleza)

Ind. SE/SM

Equipe

7

3

Fortaleza Maranhão

Piauí

Ceará

Rio G.Norte

São Luis

Fortaleza

Natal

Encontro

Nordeste

(Recife)

Ind. SE/SM

Equipe

8

3

Recife Paraíba

Pernambuco

Alagoas

Sergipe

Bahia

João Pessoa

Recife

Maceió

Encontro

Centro-

Oeste

Ind. SE/SM

Equipe

15

3

Belo

Horizonte

Tocantins

Mato Grosso

Goiás

Dist. Federal

Mato Gr Sul

Minas Gerais

Goiânia

Cuiabá

Palmas

Campo Grande

Betim

Belo Horizonte

Ceres

Anápolis

Vila Rica

Encontro

Sudeste

(Rio)

Ind. SE/SM

Equipe

4

3

Rio de

Janeiro

Rio Janeiro

Espírito Sto

Niterói

Rio de Janeiro

109

Encontro

Sudeste

(SP Cap,

Int e lit)

Ind. SE/SM

Equipe

8

6

São Paulo São Paulo Santo André

Santos

Vinhedo

Campinas

Franca

São José Rio

Preto

Marília

Encontro

Sul

Ind. SE/SM

Equipe

6

3

Porto

Alegre

Paraná

Rio Grande Su

Sta Catarina

Curitiba

Londrina

Porto Alegre

Total 100 27 30

110

Segunda Etapa:

Curso teórico/prático

Duração:

72 horas (40 teóricas e 32 de supervisão)

9 encontros mensais de 8 horas (4 hs. de aula teórica e 4 hs. de discussão de

caso/supervisão)

Objetivos:

Gerais:

• oferecer atualização profissional;

• capacitar recursos humanos em saúde;

• oferecer oportunidade de vivência institucional que subsidie reflexões

teóricas e motive o aprendizado;

a) desenvolver competências interativas e relacionais;

b) preparar o profissional para a implantação de programas de

humanização e intervenção nos hospitais.

Específicos:

- Capacitar os hospitais-piloto para tornarem-se Centros de Referência de

Humanização da Assistência Hospitalar;

- Capacitar os profissionais dos Centros Colaboradores e dos hospitais que

desenvolvem programas de humanização da Saúde da Mulher para:

- desenvolvimento de programas de humanização;

- identificação, otimização e avaliação de programas já implantados;

• adequação de programas de humanização à diretriz proposta pelo

PNHAH;

111

- Capacitar os profissionais indicados pelas Secretarias Estaduais e

Municipais de Saúde, de forma a torna-los Grupos de Multiplicadores de

Humanização Hospitalar.

Público Alvo:

Profissionais das 5 regiões (8 Grupos) que desenvolverão o trabalho de

humanização nos hospitais participantes. Serão indicados dois profissionais por

hospital do Programa Centro Colaborador, dois membros dos Grupos de

Trabalho de Humanização Hospitalar dos hospitais-piloto, dois profissionais por

hospital que desenvolve programas de humanização da Saúde da Mulher, um

representante das Secretarias Municipais participantes e um das Secretarias

Estaduais; perfazendo um número variável segundo a região.

Processo de Seleção:

Os profissionais serão indicados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de

Saúde, e pelos hospitais participantes. Os critérios de escolha serão:

experiência prévia no serviço hospitalar, perfil do profissional e compromisso

com atividades de humanização.

Processo Formador:

Combinará abordagem teórica, introdução de novos conceitos e propostas

técnicas de intervenção institucional com supervisão, análise e reflexão da

vivência institucional dos participantes.

O processo será desenvolvido em encontros mensais (8hs de duração) que

serão realizados nos Grupos de Multiplicação de Humanização Hospitalar,

perfazendo um total de 72 hs, das quais 40 serão de trabalho teórico e 32 de

supervisão. Essa distribuição visa viabilizar o deslocamento do pessoal e o

aproveitamento máximo do tempo dos encontros entre formadores e

formandos. A modalidade pedagógica pressupõe, como ponto de partida, a

valorização da experiência prática dos formandos, incorporando

gradativamente conteúdos teóricos e finalmente retornando à reflexão da

112

prática sob a nova ótica produzida. Tal método é considerado fundamental para

atingir o objetivo de produzir mudanças interativas e relacionais nos

profissionais em formação.

Conteúdos Teóricos Básicos:

Diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), aspectos básicos da gestão

hospitalar; principais conceitos da análise e intervenção institucional, práticas

trans-disciplinares (arranjos e dispositivos para sua produção), dinâmica dos

grupos, sistemas de comunicação, etc.

A ênfase e a distribuição dos temas poderá variar de região em região, em

função do perfil do grupo em formação, demandas da realidade institucional por

eles vivenciada, etc.; e será permanentemente reavaliada entre formadores e

formandos.

Sistema de Avaliação:

A avaliação será personalizada, contemplando-se aspectos como a freqüência

às aulas e supervisões, incorporação de conteúdos teóricos e transformação

da postura profissional. A avaliação do processo de capacitação será realizada

em conjunto com o Comitê Técnico de Humanização com a finalidade de

subsidiar as mudanças necessárias para o aprimoramento dos programas

futuros.

Níveis de capacitação para a 2ª fase do Programa

O processo e metodologia de capacitação para a segunda fase do Programa

serão desenvolvidos ao longo da implantação e avaliação dos resultados da

primeira fase do Programa.

113

XI– Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar

Definição de Grupos de Trabalho de Humanização

Hospitalar

• Os Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar definem-se como

espaços coletivos organizados, participativos e democráticos, que

funcionam à maneira de um órgão colegiado e se destinam a

empreender uma política institucional de resgate dos valores

humanitários na assistência, em benefício dos usuários e dos

profissionais de saúde.

Objetivos dos Grupos de Trabalho • No sentido geral, o objetivo dos Grupos de Trabalho de Humanização

Hospitalar é conduzir um processo permanente de mudança da

cultura de atendimento à saúde, promovendo o respeito à dignidade

humana.

• No sentido mais específico, os objetivos dos Grupos de Trabalho de

Humanização Hospitalar poderiam ser assim definidos:

• Constituir-se como espaço coletivo democrático, de escuta,

análise, elaboração e decisão sobre os projetos de humanização;

• Promover um fluxo de propostas e deliberações;

• Avaliar os projetos em desenvolvimento e a serem desenvolvidos

nas instituições em relação aos critérios de humanização e à sua

eficiência na promoção da humanização;

• Dar apoio e ressonância às diversas iniciativas humanizadoras

dentro do hospital, cuidando das articulações necessárias para

sua sobrevivência, integração e ampliação;

• Trabalhar em colaboração com a gestão hospitalar;

114

• Conceber estratégias de comunicação e integração entre os

diferentes setores (reconhecendo-se, ela própria, como um dos

mais significativos instrumentos de integração existentes no

hospital);

• Conceber formas de participação da comunidade, buscando os

pontos de interseção com entidades da sociedade civil, com o

poder público, e outras instituições;

• Organizar a oferta de trabalho voluntário4;

• Vincular-se a Rede Nacional de Humanização voltada para o

Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar;

• Estabelecer fluxo de propostas entre os setores das instituições

de saúde, a gestão, os usuários e a comunidade;

• Acompanhar a construção de indicadores, o processo de

avaliação e divulgação dos resultados.

Planos de Intervenção

O processo de intervenção dos Grupos de Trabalho de Humanização

Hospitalar se expressa em quatro planos distintos:

• No plano pedagógico: contribuir para a educação continuada,

promoção de eventos educativos, treinamento de áreas ou

profissionais, divulgação de temas de interesse da coletividade.

• No plano político: propiciar a democratização das relações de

trabalho, concedendo voz aos setores que normalmente não teriam

condições de superar as barreiras de hierarquia e competência

técnica. Para isso, deverá manter um relacionamento estrito com

cada setor, ouvindo reclamações, sugestões e buscando soluções

para problemas específicos.

• No plano subjetivo: sustentar um processo de reflexão contínua

sobre as vivências no mundo do trabalho, o como e para quê se

trabalha numa organização hospitalar. 4 Ver Anexo 4 - O Trabalho Voluntário e a Humanização

115

• No plano comunicativo: criando fluxos de informações relevantes

para profissionais, dando a conhecer os projetos de humanização em

curso no hospital.

11

7

XII.

Cro

no

gra

ma

Eta

pas

20

01

2002

M

JuJ

AS

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2. Lan

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7. Lev

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de

8. 1ª etap

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de Cap

acita

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9. 2ª etap

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10

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12. Implan

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16

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pital H

uman

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17

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18. Implan

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20

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ão

21

. Ava

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o fin

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118

XIII- Detalhamento das Etapas de Trabalho – 2001/2002

Etapa 1- (maio de 2001) Encontro com as Secretarias Estaduais e Encontro conjunto das

Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, com o objetivo de informar sobre o suporte

oferecido pelo MS para a implantação do PNHAH e divisão de competências e

responsabilidades de cada instância.

Etapa 2- (junho de 2001) Lançamento do PNHAH e de suas Portarias de regulamentação5.

Etapa 3- (junho/julho de 2001) Workshops regionais com as Secretarias Estaduais e

Municipais de Saúde para definição de profissionais que participarão do PNHAH,

oferecimento de materiais de capacitação e discussão das estratégias de formação da Rede

Nacional de Humanização Hospitalar, de Grupos de Multiplicadores de Humanização

Hospitalar e de Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar.

Etapa 4- (julho de 2001) Contato inicial com os hospitais para apresentação do PNHAH.

Etapa 5- (julho/agosto de 2001) Pesquisa de avaliação inicial (satisfação do usuário e do

profissional nos 93 hospitais incluídos na primeira etapa do PNHAH – utilização dos

indicadores de humanização.

Etapa 6- (julho/2001 a dezembro/2002) Implantação da Rede Nacional de Humanização.

A implantação da Rede Nacional ocorrerá de forma progressiva de modo a integrar,

gradualmente, instituições, experiências, informações e resultados de iniciativas

humanizadoras.

• Constituição da Rede Nacional de Humanização: • Comitê Técnico de Humanização • Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde (gestão plena) • Hospitais participantes do PNHAH • Entidades da sociedade civil • Níveis da Rede: • Rede presencial - Inclui:

5 Ver Anexo 5 – Portarias de Regulamentação do PNHAH e do Comitê Técnico de Humanização

119

• Comitê de Humanização (seis consultores do MS responsáveis pela condução, coordenação e avaliação do PNHAH); • Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar (Secretarias Estaduais articuladas às Secretarias Municipais com apoio de 8 Equipes de Capacitadores do Ministério da Saúde; esses grupos são responsáveis pela formação, treinamento e capacitação dos agentes que desenvolverão o processo de humanização junto aos Grupos de Trabalho nos hospitais); • Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar

• Rede virtual - Inclui: • Construção do Site; • Coordenação do Site: Comitê Técnico de Humanização; • Condução do Site: um Webmaster; • Multiplicadores virtuais: três profissionais responsáveis pela alimentação das informações, das experiências, das conferências e dos debates.

Os hospitais interessados em participar receberão, via site, informações para acesso

aos dispositivos da rede virtual (Banco de Projetos, Mapa Nacional de Humanização,

grupos de discussão, palestras, conferências e supervisão à distância) e a todo

material disponível para capacitação não virtual (Pacotes e workshops).

• Rede não virtual – Inclui: • Pacotes de materiais de informação e capacitação: • Distribuídos pelos Grupos de Multiplicadores aos hospitais e Secretarias participantes da rede presencial, e distribuídos através de workshops às instituições que queiram receber informações para utilização do Pacote e para participação na rede virtual. • Usados de acordo com metodologia construída pelos Grupos de Multiplicadores com apoio técnico das Equipes de Capacitação. • Workshops regionais para instruções do uso do Pacote.

A distribuição destes recursos terá como referência o reconhecimento de necessidades

e de oportunidades levantadas na pesquisa de iniciativas de humanização já realizadas

nos hospitais da rede SUS.

120

Etapa 7- (agosto a outubro/2001) Levantamento das iniciativas de humanização já

desenvolvidas nos hospitais da rede SUS:

Este levantamento comporá o Mapa Nacional de Humanização.

Etapa 8- (julho/2001) Primeira etapa do Curso de Capacitação (Encontros Regionais) com os

profissionais indicados pelas Secretarias Estaduais e Municipais com o objetivo de

capacitação para o desenvolvimento e acompanhamento, junto às Equipes de Capacitação do

MS, da 1ª fase do trabalho de humanização a ser implementado nos hospitais.

Etapa 9- (agosto/2001 a abril/2002) Segunda etapa do Curso de capacitação regional (curso

teórico-prático) dos profissionais representantes das Secretarias e dos profissionais que

desenvolverão o trabalho de humanização nos hospitais participantes (Grupos de Trabalho de

Humanização Hospitalar).

Etapa 10- (julho/2001 a abril/2002) Capacitação dos Grupos de Trabalho de Humanização

Hospitalar constituídos nos 10 hospitais-piloto para formação de Centros de Referência de

Humanização da Assistência Hospitalar e constituição da Rede Nacional de Humanização.

Etapa 11- (julho/2001 a abril/2002) Construção de metodologia de multiplicação de trabalho

de humanização e de capacitação de outros hospitais.

Etapa 12- (julho/2001 a abril/2002) Implantação do Programa: criação, nos 85 hospitais

participantes da 1ª fase do Programa, de Grupos de Trabalho de Humanização para

elaboração, implantação e avaliação de programas de humanização específicos à realidade

dos hospitais. No término desta 1ª fase pretende-se que esses hospitais estejam capacitados

como Centros de Referência de Humanização da Assistência Hospitalar.

121

Etapa 13- (julho/2001 a abril/2002) Acompanhamento e avaliação do processo desenvolvido

nos hospitais durante a 1ª fase do Programa através dos Grupos de Multiplicadores (SES,

SMS e Equipes de Capacitação do MS).

Etapa 14- (janeiro/2002 a dezembro/2002) Curso de especialização na área de humanização

hospitalar. Este curso poderá ser reproduzido em outras instituições através da distribuição de

material pedagógico, contendo: conteúdo, metodologia, estratégias de aplicação e avaliação

de curso.

Etapa 15- (março e abril/2002) Pesquisa de avaliação final (satisfação do usuário e do

profissional) nos 93 hospitais incluídos na primeira etapa do PNHAH – utilização dos

indicadores de humanização.

Etapa 16- (abril/2002) Prêmio “Hospital Humanizado”.

Etapa 17- (abril/2002) Planejamento da estratégia de multiplicação dos Grupos de

Multiplicadores de Humanização Hospitalar para a 2ª fase do Programa. Este planejamento

terá como referência os resultados alcançados na 1ª fase.

Pretende-se, ao final da 1ª fase do Programa:

• Contar com 93 hospitais desenvolvendo trabalhos de humanização hospitalar (Formação de Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar) e capacitados como Centros de Referência de Humanização Hospitalar; • Refinar a metodologia de formação de Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar e a metodologia de capacitação de hospitais como Centros de Referência; • Aprimorar metodologia de capacitação de hospitais como Centros de Referência de Humanização; • Aprimorar o sistema de multiplicação de serviços humanizados.

122

Etapa 18- (maio a novembro/2002) Nesta 2ª fase do Programa será feita a implantação da

metodologia (aprimorada na 1ª fase) de multiplicação do trabalho de humanização em outros

hospitais.

O apoio técnico das Equipes de Capacitação do Ministério da Saúde, oferecido na 1ª fase do

Programa aos Grupos de Multiplicadores, será adaptado às necessidades dessa nova

metodologia de multiplicação. Tal adaptação permitirá às Equipes o acompanhamento e

avaliação da implantação do processo de capacitação dos novos hospitais integrantes da

segunda fase do Programa.

Etapa 19- (maio a novembro/2002) Capacitação de novos hospitais através da:

• Rede presencial de humanização: (um dos critérios para inclusão na 2ª fase será hospitais já inscritos na rede virtual). • Rede virtual de humanização (serão incluídos novos hospitais através da rede virtual de humanização). • Hospitais interessados em fazer parte da rede virtual de humanização receberão informações, via site, sobre formas possíveis de participação: • na Rede Nacional de Humanização Hospitalar; • no Banco de projetos e experiências de humanização; • no Mapa Nacional de Programas de Humanização Hospitalar; • nos grupos de discussão sobre implantação, desenvolvimento e avaliação de projetos; • nas palestras, conferências e supervisão à distância. • Rede não virtual de humanização. • Hospitais interessados em fazer parte da rede não virtual de humanização receberão informações sobre formas possíveis de participação: • na rede virtual de humanização; • no recebimento dos Pacotes de Capacitação (manual, vídeos, cartilhas, publicações); • nos workshops regionais de apresentação dos Pacotes de Capacitação.

Etapa 20- (novembro/2002) Congresso Nacional de Humanização.

• Visa a difusão da cultura de humanização e a coletivização de experiências.

123

Etapa 21- (dezembro/2002) Avaliação final do PNHAH.

124