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e.BOOK: QUESTÕES DO ENADE COMENTADAS Curso: RELAÇÕES INTERNACIONAIS Organizador(es): Aline Tereza Borghi Leite; Giovanni Hideki Chinaglia Okado; Pedro Araújo Pietrafesa.

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e.BOOK: QUESTÕES DO ENADE COMENTADAS

Curso: RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Organizador(es): Aline Tereza Borghi Leite; Giovanni Hideki Chinaglia Okado; Pedro Araújo Pietrafesa.

SUMÁRIO

COMPONENTE ESPECÍFICO

QUESTÃO Nº 03 - DISCURSIVA

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

QUESTÃO Nº 04 – DISCURSIVA

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 05 – DISCURSIVA

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 09

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 10

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 11

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 12

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

QUESTÃO Nº 13

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 14

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 15

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

QUESTÃO Nº 16

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

QUESTÃO Nº 17

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

QUESTÃO Nº 18

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 19

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 20

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

QUESTÃO Nº 21

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 22

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

QUESTÃO Nº 23

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 24

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 25

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 26

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 27

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 28

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 29

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 30

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

QUESTÃO Nº 31

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 32

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 33

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

QUESTÃO Nº 34

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

QUESTÃO Nº 35

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

QUESTÃO Nº 03

The Brazilian government is to give aid to two states in the north-west that have seen a recent increase in the number of Haitian migrants. This week, the ministry for social development announced it was to give around US$520,000 to the states of Acre and Amazonas. The first tranche of funds is expected to become available over the next month. The continued hardship in Haiti after the devastating earthquake in January 2010 has forced thousands of people to flee to other Latin American countries in search of a better life. The bulk of the money – around $300,000 – will support programs in Amazonas, which has recorded more than 4,600 Haitians in the state. Acre has around 1,400 migrants. The government had already granted the state $750,000 to support its overloaded health service. The new money will be used to implement a series of programs through local government bodies. These will provide food and accommodation to Haitians, as well as access to a special health service that will work independently from the national system, to meet the specific needs of the

migrants.

Brazil was historically built as a country of many different migration processes. Once again, we are the destination of new different nations: Haiti, Bolivia, Angola, Democratic Republic of Congo, among others. Compose a text in Portuguese about the Haitian migrants and do as required.

a) Explain the historical turning point that encouraged the Haitian population to migrate to other countries, including one domestic motivation and how it is different from other contemporary migratory populations.

b) Select and describe one reason why Haitian people have chosen Brazil as one of the first options to migrate in Latin America

Gabarito: questão discursiva

Tipo de questão: Difícil

Conteúdo avaliado: Análise de conjuntura e Política Internacional

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

Comentário: A questão busca avaliar o conhecimento instrumental da língua inglesa, concentrando-se especificamente no conteúdo Análise de Conjuntura e Política Internacional: coalizões internacionais. Para responder à questão a, o estudante deve redigir um texto, contextualizando o cenário que levou milhares de haitianos a emigrarem para outros países latino-americanos. Em razão do terremoto de 2010, um desastre ambiental de grandes proporções, que resultou ou agravou alguns problemas internos, tais como epidemias, falta de emprego, baixo desenvolvimento econômico e instabilidade no governo, a população precisou sair de seu país e buscar alternativas de sobrevivência em outros países. Este contingente de pessoas é denominado de deslocados ambientais. É importante ressaltar que a situação de deslocados ambientais é diferente daquela de refugiados e perseguidos políticos. b) Item anulado.

Referências: ZEFERINO, Marco Aurélio Pieri; AGUADO, Juventino de Castro. Os Deslocamentos Ambientais de Haitianos para o Brasil. Revista SJRJ. Rio de Janeiro-RJ, v. 19, n. 25, p. 213-230, dez 2012.

QUESTÃO Nº 4

Gabarito: questão discursiva

Tipo de questão: Difícil

Conteúdo avaliado: Análise de Política Externa

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário:

O examinador que elaborou a questão esperava que os estudantes tivessem

pelo menos o conhecimento em uma diferencia fundamental das políticas externas

dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, qual seja: o

primeiro adotou o princípio de inserção internacional da autonomia pela participação.

Enquanto o segundo, a autonomia pela diversificação.

A política externa baseada na autonomia pela participação significa, segundo

Vigevani, Oliveira e Cintra (2003), que o Brasil estava se estabilizando política e

economicamente, resolvendo seus problemas internos pela participação nas

discussões e tomadas de decisões das normas e agendas da ordem mundial.

Já a política externa fundamentada na autonomia pela diversificação enfatiza,

de acordo com Vigevani e Cepaluni (2007), a cooperação Sul-Sul, para

contrabalancear as relações econômicas e políticas com os países do hemisfério

Norte, bem como a busca por maior protagonismo do Brasil no sistema internacional.

Desta forma, na letra “a” o (a) aluno (a) deveria dividir a sua resposta em dois

momentos. Um para FHC e outro para Lula. No que se refere a Fernando Henrique

Cardoso, focar nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA)

que iniciou durante seu governo, a quebra das patentes e a Organização Mundial do

Comércio (OMC) como instância multilateral que permitiria uma melhor condição para

o Brasil negociar a agenda comercial de seu interesse.

O segundo momento da resposta do item “a” consistiria no debate sobre o

governo Lula. Além de caracterizar a estratégia de política externa do presidente,

autonomia pela diversificação, as iniciativas dos BRICS, formação do G-20 no âmbito

a OMC e cooperação sul-sul também tinham que ser abordadas pelos discentes

como comparação ao governo Cardoso.

No item “b”, cabe ressaltar que tanto FHC quanto Lula realizaram ações de

cooperação Sul-Sul. No caso de Fernando Henrique Cardoso, parte da estrutura

institucional do bloco foi organizada durante seu governo. A Iniciativa para a

Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana foi proposta no segundo ano do

segundo mandato de FHC, visando a criação de infraestrutura mais apropriada para a

cooperação entre os países da América do Sul (VIGEVANI, OLIVEIRA E CINTRA,

2003). No que se refere ao governo Lula, a Unasul, Brics, Ibas, e aproximação com a

África fizeram parte da ampliação da cooperação brasileira com o eixo Sul-Sul

(VIGEVANI E CEPALUNI, 2007).

Referências: VIGEVANI, Tullo; OLIVEIRA, Marcelo F. de and CINTRA, Rodrigo. Política externa

no período FHC: a busca de autonomia pela integração. Tempo soc. [online]. 2003,

vol.15, n.2 [cited 2018-06-26], pp.31-61

VIGEVANI, Tullo; CEPALUNI, Gabriel. A política externa de Lula da Silva: a

estratégia da autonomia pela diversificação. Contexto int. [online]. 2007, vol.29, n.2

[cited 2018-06-26], pp.273-335

QUESTÃO Nº 05

O Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) é o principal regime para o controle do desenvolvimento do arsenal nuclear. A despeito de ter aproximadamente 190 países signatários, o TNP é, ainda hoje, cercado de polêmicas entre os países possuidores de tecnologia nuclear e os Estados Unidos que desejam ter acesso a esse conhecimento. Recentemente, o Irã e as grandes potências (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha) assinaram, após seis anos de intensas

negociações, um acordo histórico sobre a adoção de medidas para limitar o programa nuclear iraniano. Colocou-se, assim, um fim à enorme celeuma internacional em torno dos propósitos do programa nuclear de Teerã. Esse pacto faz parte de um esforço internacional para evitar a proliferação de armas de destruição em massa. Considerando o assunto tratado nesse texto, faça o que se pede nos itens a seguir:

a) Aponte os princípios que sustentam o TNP (valor: 5,0 pontos). b) Apresente dois argumentos favoráveis e dois contrários ao regime do TNP,

defendidos pelos países envolvidos nas controvérsias a respeito do programa nuclear iraniano (valor: 5,0 pontos).

Gabarito: questão discursiva

Tipo de questão: Difícil

Conteúdo avaliado: Segurança internacional: conflitos internacionais

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário: As respostas para ambos os itens são complementares nesta questão, e os próprios princípios que sustentam o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) são controversos em sua aplicação: ao mesmo tempo em que contribuem para o regime de controle do desenvolvimento de arsenais nucleares, também deixam lacunas que fragilizam esse regime. No que diz respeito ao item a), os três princípios que sustentam o TNP são: a) a não proliferação nuclear, na medida em que os Estados que não detinha armas nucleares no final dos anos 1960 renunciariam, definitivamente, à ambição de desenvolvê-las; b) o desarmamento nuclear, sob princípio da boa fé, de modo que os Estados detentores de tais armamentos se comprometeriam com a redução de seus respectivos arsenais; e c) o uso da energia nuclear apenas para fins pacíficos, com a possibilidade de que os Estados detentores de tecnologia nuclear poderiam transferir essa tecnologia para Estados não detentores. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi designada para supervisionar esses princípios e as atividades nucleares no âmbito dos países signatários do TNP. No que diz respeito ao item b), o acordo assinado entre o Irã e as grandes potências (ou P-5 + 1) é o Plano de Ação Conjunto de Genebra, no qual podem ser observados dois argumentos favoráveis e dois contrários ao regime instituído pelo TNP. Em se tratando dos argumentos favoráveis, por meio deste plano de ação, o Irã havia se comprometido a não enriquecer urânio acima de 5% nos próximos seis meses e a congelar temporariamente o seu programa de enriquecimento de urânio. Dessa forma, dois princípios do TNP passam a ser implementados no plano de ação, quais sejam: a não proliferação nuclear e a garantia do uso da energia nuclear para fins pacíficos, cujas medidas seriam supervisionadas pela AIEA, garantindo que o Irã não venha a desenvolver armamento nuclear. Em se tratando dos argumentos contrários, duas críticas ao plano de ação refletem uma crítica mais sistemática ao TNP: basicamente, o regime de controle nuclear é restritivo e garante a manutenção do status quo dos Estados detentores de armamento e tecnologia nucleares, inibindo quaisquer ambições iranianas em alterar

esse status quo. Em primeiro lugar, o desenvolvimento de um programa nuclear por parte do Irã rendeu-lhe sanções econômicas nos últimos anos, as quais seriam gradualmente retiradas mediante o cumprimento das disposições do acordo. Em segundo, o país aceitou a redução pela metade o recebimento do urânio enriquecido a 20% que viria do exterior, mesmo tendo condições para proceder com o enriquecimento por conta própria e estando sujeito à supervisão da AIEA.

Referências: ELBARADEI, Mohamed. A era da ilusão: a diplomacia nuclear em tempos traiçoeiros. São Paulo: Leya, 2011. ROCHA, A. J. R. da; PEREIRA, P. M. de S. S. de. A. Iran talks: das palavras aos atos. A Declaração de Teerã e o Plano de Ação Conjunto de Genebra em perspectiva. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 36, n. 2, jul./dez. 2014, p. 655-682.

QUESTÃO Nº 9

Dada a ampliação da influência dos países emergentes no processo decisório, tem havido dificuldades para se chegar à conclusão das negociações comerciais multilaterais no âmbito da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), de 2001 até os dias atuais. Em face desse cenário, os países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos da América (EUA), têm buscado outros caminhos para favorecer seus interesses e a normatização de regras comerciais. Considerando a referida dinâmica das negociações que caracteriza a Rodada Doha e as consequências do maior equilíbrio de poder no âmbito da OMC, avalie as afirmações a seguir.

I. Brasil e Índia assumiram papel central nas negociações da OMC, a partir de 2003, com a formação da coalizão G-20 agrícola e a participação ativa no Órgão de Solução de Controvérsias.

II. Enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial divulgam o endividamento dos países, a OMC reflete as transformações no equilíbrio de poder internacional, visto que a China, a Índia e o Brasil são, hoje, atores com reconhecida capacidade de influenciar os rumos do processo decisório da Rodada Doha.

III. Levando-se em consideração a distribuição do equilíbrio de poder nas relações internacionais contemporâneas, verifica-se que houve ajustes no processo de eleição do Diretor-Geral da OMC, do Diretor-Gerente do FMI e do Presidente do Banco Mundial.

IV. Diante da dificuldade em avançar suas preferências na Rodada Doha, os EUA têm buscado acordos paralelos às negociações da OMC, como a Parceria Transpacífica e o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento.

É correto apenas o que se afirma em

A) I e IV. B) II e III. C) III e IV. D) I, II e III. E) I, II e IV.

Gabarito: A

Tipo de questão: fácil

Conteúdo avaliado: Economia Política Internacional

Autor(a): Rafael Henrique Dias Manzi e Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário: A alternativa correta é a letra A. A afirmação I está correta. Índia e Brasil assumiram maior protagonismo nas negociações multilaterais da OMC a partir da criação do G20 comercial e dentro do Órgão de Solução de Controvérsias. A afirmação II está incorreta porque a atribuição dada ao FMI e ao Banco Mundial está errada. Ambas as organizações foram criadas após a Segunda Guerra Mundial, mas tinham objetivos distintos. Ao Banco Mundial, coube inicialmente, financiar projetos econômicos nos países afetados pela Segunda Guerra Mundial. A partir de meados da década de 1950, o principal objetivo da organização foi financiar projetos econômicos nas economias em desenvolvimento ou do Terceiro Mundo no contexto da Guerra Fria. Já no caso do FMI, a organização ficou responsável por financiar países que possuíam desequilíbrios no balanço de pagamento e também por ser o fórum para a discussão de temas relacionados com a cooperação monetária internacional. A afirmação III está incorreta. O acordo informal realizado pelos Estados Unidos e aliados pressupõe que o presidente do Banco Mundial deverá ser sempre um cidadão norte-americano e o cargo de diretor-geral do FMI, um cidadão europeu. Esse acordo continua em vigor até hoje. A afirmação IV está correta. Diante dos insucessos para a finalização da Rodada Doha, que teve início em 2001, os Estados Unidos passaram a buscar alternativas na assinatura de tratados de livre-comércio com outros países. As iniciativas mais importantes são representadas pela Parceria Transatlântica e Transpacífica. Ressalta-se, no entanto, que as informações contidas nesse quarto item precisam ser atualizadas, pois diziam respeito ao ano de 2015. A Parceria Transatlântica entre Estados Unidos e União Europeia ainda não foi consolidada, e os Estados Unidos retiraram-se da Parceria Transpacífica assim que Donald Trump assumiu a presidência do país, no início de 2017.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

QUESTÃO Nº 10

Ao refletir sobre a origem e a dinâmica da ascensão chinesa, Giovanni Arrighi levantou questões e promoveu algumas reflexões sobre a temática. Nas palavras do autor: “Mas como a China se tornou tão importante? A que combinação de ações e de circunstâncias podemos atribuir essa transformação econômica extraordinária, ‘provavelmente a mais notável [...] da História’, segundo Stiglitz? [...] Na busca de respostas a essas perguntas, começaremos descartando o mito de que é possível atribuir a ascensão chinesa à sua suposta adesão ao credo neoliberal.”

ARRIGHI, G. Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século XXI. São Paulo: Boitempo,

2008 (adaptado).

Para descartar a alternativa de adesão ao credo neoliberal pela China, Giovanni Arrighi defende que os resultados chineses são devidos

A) à desregulamentação plena, de modo que a produção é equilibrada pela lei da oferta e da demanda, e à liberdade de atuação no mercado interno sem concorrência.

B) às privatizações das empresas estatais chinesas e aos investimentos realizados em educação e em projetos de infraestrutura.

C) à ruptura com a dependência do capital chinês ultramarino, de Hong Kong especialmente, e à abertura, sem restrições, aos capitais japonês, norte-americano e europeu.

D) ao gradualismo das reformas, que contrariam as terapias de choques defendidas pelo Consenso de Washington, e à desregulamentação seletiva, sem redução do controle do Estado sobre a economia.

E) à reserva de mão de obra barata e com baixa qualificação, que tensionou os níveis de desemprego, e à aliança entre governos, com ênfase na suspensão de direitos trabalhistas.

Gabarito: D

Tipo de questão: intermediária

Conteúdo avaliado: Economia Política Internacional

Autor(a): Rafael Henrique Dias Manzi e Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário: A alternativa correta é a letra D. O item I está incorreto pelo fato de que a desregulamentação da economia da China, a partir do fim da década de 1970, não ter ocorrido de modo indiscriminado ou pleno. Apesar da maior importância dos “mercados”, a economia chinesa continua ainda a ser fortemente regulada pelo poder público. O item II está incorreto e fora do contexto da afirmação feita por Arrighi. Mesmo que tenham ocorrido privatizações, o estado chinês continua ainda a ser o principal investidor no setor de infraestrutura. A alternativa III está incorreta. A partir da abertura econômica, uma significativa parte do capital internacional que passou a ser investido na China veio do território ultramarino de Hong Kong. Além disso, mesmo que tenha ocorrido uma abertura econômica, ainda persistem restrições à entrada de capitais internacionais de longo prazo na China. A alternativa IV está correta e dentro do contexto da afirmação feita por Arrighi. Ao contrário da Rússia, que optou por profundas reformas econômicas que desmantelaram a economia socialista em um curto período de tempo, a China adotou o gradualismo nas reformas econômicas a partir do fim da década de 1970, em contraposição com as medidas estabelecidas pelo Consenso de Washington. Esse gradualismo que explica porque, após mais de 30 anos, o estado chinês continua a ser um ator importante para a

economia chinesa. A alternativa V está incorreta e fora do contexto da afirmação de Arrighi. A China, na época da abertura econômica, possuía mão de obra abundante e com baixa qualificação. Contudo, foi à existência dessas características e a estratégia de atrair capitais internacionais de longo prazo que permitiram a China reduzir as taxas de desemprego e acelerar o processo de industrialização econômica.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

QUESTÃO Nº 11

O final da década de 1990 foi marcado pela elevação dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Essa alta de preços estimulou o desenvolvimento de fontes energéticas alternativas, como o gás de xisto, e também a exploração de novas áreas em águas profundas, como o pré-sal. Contudo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em especial a Arábia Saudita, ainda mantém um controle considerável sobre o mercado petroleiro. Assim, a formação dos preços de petróleo sofre influência direta da geopolítica desses países. A partir de meados de 2005, o movimento de elevação dos preços do petróleo se acentuou, tendência interrompida apenas momentaneamente pela crise financeira de 2008. A expectativa era de que o patamar de preços da commodity ficasse em torno de US$ 80 a US$ 100 por barril. Mas, no final de 2014, o mercado foi surpreendido por uma inesperada e brusca queda, que jogou o preço do petróleo para menos de US$ 50. Considerando as informações apresentadas nesse texto, avalie as afirmações a seguir, em relação às hipóteses que explicam a referida queda de preços do petróleo.

I. A Arábia Saudita sentiu-se ameaçada pelo avanço do desenvolvimento de gás e óleo de xisto nos Estados Unidos da América (EUA) e diminuiu os preços do petróleo, de modo a tornar não rentável a produção dos derivados de xisto pelos EUA.

II. Com o avanço das negociações internacionais sobre o clima, os países desenvolvidos buscaram fontes de energia alternativas, reduzindo substancialmente a demanda e, consequentemente, o preço do petróleo.

III. A Arábia Saudita iniciou uma política externa mais independente dos EUA e, para afirmar-se como potência regional, disputa com o Irã e se opõe à influência da Rússia na Síria. Sendo assim, o agravamento da situação econômica no Irã e na Rússia, causado pela queda dos preços do petróleo, é de interesse da Arábia Saudita.

É correto o que se afirma em

A) I, apenas. B) II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III.

Gabarito: C

Tipo de questão: difícil

Conteúdo avaliado: Economia Política Internacional

Autor(a): Rafael Henrique Dias Manzi e Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário: A alternativa correta é a letra C. A afirmação I está correta. Os formuladores de política na Arábia Saudita optaram por aumentar a produção de petróleo mesmo que isso tenha implicado em uma queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais. A racionalidade dessa decisão foi baseada em reduzir a rentabilidade financeira das empresas que exploram o xisto nos Estados Unidos e inviabilizá-las no curto e médio prazos. A afirmação II está incorreta. De fato, houve um crescimento importante dos investimentos na geração de fontes alternativas de energia na década de 2000. Esse aumento foi impulsionado pelos próprios preços do petróleo, que ficaram acima da média na década de 2000, o que propiciou o investimento em fontes alternativas de energia. Contudo, esses novos investimentos e exploração de fontes alternativas de energia foram, no máximo, moderados e não resultaram em uma significativa redução no consumo de petróleo nos países desenvolvidos. O principal fator que explica a queda dos preços do petróleo a partir de 2014 é o aumento da oferta, e não da demanda, nos mercados internacionais. A afirmação III está correta. Com a nova política de inundar os mercados internacionais com petróleo, a Arábia Saudita alcançou também objetivos geopolíticos. O Irã é um tradicional rival geopolítico da Arábia Saudita no Oriente Médio, e a queda dos preços do petróleo teve impactos negativos para a economia iraniana. O Irã e Arábia Saudita, atualmente, estão travando uma guerra por procuração no Iêmen, na medida em que ambos os países apoiam, respectivamente, forças rebeldes e governamentais iemenitas, as quais também lutam em prol de interesses iranianos e sauditas. Além disso, a redução dos preços do petróleo afetou diretamente a Rússia, que tem sido objeto de preocupação por parte de Riad, em virtude do crescente ativismo russo em questões geopolíticas no Oriente Médio.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

QUESTÃO Nº 12

Desde a sua formação, em 1991, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) teve como um de seus principais objetivos ampliar o poder de barganha dos países-membros nas negociações comerciais internacionais. A partir de 1994, com o Protocolo de Ouro Preto e a instituição da união aduaneira, o bloco passou a condicionar a política comercial dos seus membros, situação que permanece até hoje. Em relação à agenda de negociações comerciais internacionais do Mercosul, avalie as afirmações a seguir.

I. As negociações, bem como as propostas dos Estados Unidos da América

(EUA) nas quatro reuniões de Cúpulas das Américas em que o Mercosul atuou em conjunto, foram um importante elemento exógeno de coesão para esse bloco.

II. A partir de 1995, paralelamente às suas negociações no âmbito da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), o Mercosul iniciou tratativas com a União Europeia, que, ao contrário do que se negociou com a ALCA, permanecem na agenda comercial, havendo expectativas de que sejam concluídas em 2016.

III. No século XXI, o relacionamento que os países do Mercosul estabelecem com a China mantém um padrão de atuação conjunta em temas comerciais, de modo que se evitem acordos bilaterais que enfraqueçam ou causem desvios de comércio no bloco. Nas relações estabelecidas tanto com a China quanto com os EUA, no que se refere à ALCA, os países do bloco adotam a mesma abordagem.

É correto o que se afirma em:

A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III.

Gabarito: C

Tipo de questão: intermediária

Conteúdo avaliado: Instituições internacionais: regimes internacionais

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

Comentário: A questão trata do regime comercial regional com ênfase para a integração econômica no Mercosul, abordando as relações econômicas entre os países do Mercosul e do bloco com outros atores. Está correta a alternativa C. Apenas as afirmações I e II estão corretas. Quanto à agenda de negociações comerciais internacionais do Mercosul, pode-se dizer que a afirmação I é verdadeira, já que o papel dos Estados Unidos nas reuniões de Cúpula das Américas – criada em 1994 para discutir a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) - foi bastante relevante e contribuiu para tornar este bloco econômico coeso. A afirmação II também está correta. As negociações do Mercosul com a EU estavam presentes ainda na agenda comercial, diferentemente do que ocorreu com a ALCA, que se trata de um projeto de bloco econômico que reuniria países da América (do Norte, do Sul e Central), mas o bloco não foi efetivamente criado e as negociações foram finalizadas. A afirmação III está incorreta. A China se relaciona com o bloco Mercosul e também em acordos bilaterais com os países membros. A ALCA foi uma ideia lançada pelos EUA em 1994 durante a realização da Cúpula das Américas, em que foram assinados a Declaração de Princípios e o Plano de Ação, com o objetivo de eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, com exceção de Cuba, e com isso, formar a ALCA

até 2005. Os planos não foram concretizados e os interesses do bloco do Mercosul e da ALCA foram irreconciliáveis.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

QUESTÃO Nº 13

Gabarito: B

Tipo de questão: Intermediário

Conteúdo avaliado: Análise de Conjuntura e Política Internacional

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário: A questão pergunta sobre o imaginário que se construiu desde o século XIX entre as lideranças políticas dos Estados Unidos de que o país tem o direito de intervenção em outros países, caso isso represente eliminar ameaças não só a segurança nacional, mas também ao conceito americano de democracia e estilo de vida. Na questão são apresentadas duas afirmações e se pede para verificar se ambas são verdadeiras e ainda se há relação entre a afirmação 1 e 2. As duas asserções estão corretas, mas a segunda não justifica a primeira. O motivo da não justificativa é que na primeira afirmação o examinador se refere a política externa dos Estados Unidos e as consequências negativas desta política junto a grupos fundamentalistas islâmicos. A segunda afirmação trata das fragilidades do sistema de segurança coletiva da ONU, ou seja, não faz referência a estratégia de inserção internacional dos Estados Unidos.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

QUESTÃO Nº 14

Pode-se ilustrar a perspectiva construtivista acerca da cultura de anarquia nas relações internacionais da seguinte forma: quinhentas armas nucleares britânicas são menos ameaçadoras aos Estados Unidos da América (EUA) do que cinco armas nucleares norte-coreanas, porque os britânicos são amigos e os norte-coreanos, não.

WENDT, A. Social theory of International Politics. Cambridge: Cambridge University Press, 1999

(adaptado).

Considerando a perspectiva construtivista de Alexander Wendt, avalie as afirmações a seguir.

I. O poder e o interesse são fatores construídos a partir das identidades que definem o significado das ideias e ações dos EUA em suas relações com a Coreia do Norte e com o Reino Unido.

II. O dilema da segurança em que os Estados se encontram configura uma estrutura social composta de percepções intersubjetivas em que os EUA têm tanta desconfiança, que assumem os piores pressupostos sobre a intenção de quem ele considera inimigo.

III. A ação dos EUA em uma estrutura anárquica deve ser pensada em termos materiais, ou seja, o número de ogivas nucleares da Coreia do Norte e do Reino Unido, pois são esses que, em última instância, afetam a identidade e os interesses dos Estados.

É correto o que se afirma em

A) I, apenas.

B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III.

Gabarito: C

Tipo de questão: fácil

Conteúdo avaliado: Teorias Clássicas e Contemporâneas das Relações Internacionais.

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário: A alternativa C está correta. O item I está correto. O construtivismo de Wendt (1999) trata de aspectos materiais e ideacionais na definição do poder, das ideias, dos interesses e das identidades. Esses dois aspectos interagem-se de maneira mútua e contínua, de modo que qualquer análise da política internacional deve compreender em que medida as ideias e as identidades tanto conferem significado para a ação política (exercício do poder e realização dos interesses), quanto resultam dessa ação. Em meio a essa interação, forma-se uma estrutura socialmente compartilhada pelos atores que estão se relacionando – no caso, Estados Unidos, Coreia do Norte e Reino Unido –, denominada cultura anárquica por Wendt (1999), que explicaria a forma com que esses relacionamentos ocorrem, como a preocupação ou não com armas nucleares. O item II está correto. Antes de demonstrar o acerto desse item, e relacionado com o item anterior, é preciso recordar que, na perspectiva construtivista wendtiana, há três culturas anárquicas nas relações internacionais: a hobbesiana, a lockiana e a kantiana. A primeira cultura é marcada por uma situação permanente de desconfiança, em que os estados se reconhecem como inimigos e contam apenas com si próprio para manter a segurança e a sobrevivência. A segunda cultura é caracterizada por uma situação de competição, em que os estados se reconhecem como rivais, havendo tanto possibilidades para o conflito quanto incentivos para a cooperação. A terceira cultura é marcada por uma lógica cooperativa, em que os estados se reconhecem como amigos e procuram resolver as suas divergências de maneira pacífica. O dilema da segurança diz respeito a uma situação de jogo de soma zero, em que o ganho de uma ou mais partes representa a perda de outrem, haja vista que todos os esforços para aumentar a própria segurança resultarão no aumento da insegurança alheia. Com efeito, as partes que sentirem inseguras aumentarão a própria segurança e tornarão insegura a ou as partes que inicialmente elevaram a segurança, recaindo-se em um ciclo vicioso. O dilema da segurança retrata, portanto, a primeira cultura descrita – a hobbesiana – e explica a preocupação dos Estados Unidos com as armas nucleares norte-coreanas. O item III está incorreto e, em grande medida, a explicação do erro está contemplada nas considerações acerca do primeiro item. Esse erro é afirmar que a estrutura anárquica é apenas pensada em termos materiais, os quais afetam as identidades e os interesses dos atores. A estrutura anárquica também tem seu aspecto ideacional, e as identidades e os interesses também afetam os termos materiais.

Referências: WENDT, A. Anarchy is what States Make of it: The Social Construction of Power Politics. International Organization, v. 46, n. 2, p. 391-425, 1992. WENDT, A. Social theory of International Politics. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

QUESTÃO Nº 15

Os Membros originais das Nações Unidas serão os Estados que, tendo participado da Conferência das Nações Unidas sobre a Organização Internacional, realizada em São Francisco, ou, tendo assinado previamente a Declaração das Nações Unidas, de 1º de janeiro de 1942, assinarem a presente Carta, e a ratificarem, de acordo com o artigo 110. Carta das Nações Unidas. Disponível em: www.onu.org.br. Acesso em: 25 jun. 2012.

A partir do exposto no artigo, avalie as seguintes afirmações e a relação proposta entre elas.

I. A soberania, entendida como a autoridade suprema de uma autoridade política, relaciona-se, desde o Tratado de Vestefália, ao conceito de Estado. PORQUE

II. A característica do Estado como legítima autoridade soberana constitui a essência ordenadora do sistema internacional, conforme expresso na Carta das Nações Unidas.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta

A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.

B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.

C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) As asserções I e II são proposições falsas.

Gabarito: B

Tipo de questão: intermediária

Conteúdo avaliado: História das Relações Internacionais e Instituições Internacionais

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

Comentário: Esta questão de asserção-razão propõe uma análise da relação entre as afirmações I e II. O aluno deve não apenas avaliar se as afirmações I e II são verdadeiras ou falsas, mas também julgar a relação estabelecida entre elas. A questão trata da História das Relações Internacionais, abordando desde o conteúdo de formação do sistema de Estados-nacionais, com o Congresso de Westfalia até as relações internacionais contemporâneas. Abordando os Estados como membros originais das Nações Unidas, a questão apresenta duas afirmações: a primeira afirmação é verdadeira, já que a partir do Congresso de Westfalia de 1648, o princípio da soberania westfaliana implica que cada estado é soberano em seu território, confirmando o Estado Moderno como protagonista nas relações internacionais. A afirmação II também está verdadeira. Como está presente na Carta das Nações Unidas, assinada em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, “A Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus Membros”: “Nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla”. (ONU, 1945). Embora as duas proposições sejam verdadeiras, a proposição II não se refere a uma justificativa correta da proposição I.

Referências: Carta das Nações Unidas. Disponível em: www.onu.org.br. Acesso em: 25 maio. 2018.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

QUESTÃO Nº 16

No artigo “The promise of institutionalist theory”, é avaliada a importância das instituições internacionais para a mudança de comportamento dos Estados: “When states can jointly benefit from cooperation, we expect governments to attempt to construct such institutions. Institutions can provide information, reduce transaction costs, make commitments more credible, establish focal points for coordination, and in general facilitate the operation of reciprocity” KEOHANE, R.O. and MARTIN, L.L. The promise of institutionalist theory. International Security, v. 20, n. 1, Summer, 1995 (adaptado). Considerando o exposto neste texto, avalie as afirmações a seguir:

I) A mudança de comportamento dos Estados é contestada pelas vertentes realistas, que consideram que os Estados permanecem como atores

unitários e egoístas, preocupados com os riscos de traição e defecção, que podem afetar seus ganhos relativos.

II) Segundo a matriz institucionalista, a mudança de comportamento dos Estados depende da sua avaliação acerca dos ganhos relativos envolvidos, que é feita em função de sua participação em regimes e instituições internacionais.

III) Segundo a matriz institucionalista, a mudança de comportamento dos Estados é avaliada como positiva porque reforça os compromissos estabelecidos em regimes e instituições internacionais e aprofunda a interdependência entre eles.

É correto o que se afirma em:

A) II, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) I e III, apenas. E) I, II e III.

Gabarito: D

Tipo de questão: intermediária

Conteúdo avaliado: Teorias Clássicas e Contemporâneas das Relações Internacionais; Instituições Internacionais: regimes internacionais.

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

Comentário: A questão concentra-se nas abordagens teóricas sobre instituições internacionais, focando na matriz realista e suas vertentes. Trata, a partir do texto de Keohane e Martin, da importância das instituições internacionais para a mudança de comportamento dos Estados, destacando a abordagem institucionalista dos regimes internacionais, definidos com base em conceitos como normas, regras, princípios e processos de tomada de decisão. Após o fim da Guerra Fria, as instituições internacionais ganharam relevância no cenário mundial. Temas sobre cooperação e a preocupação em compreender o papel das instituições e qual sua importância no comportamento e na orientação dos atores internacionais ganharam destaque. A afirmação I está correta. A mudança de comportamento dos Estados é contestada pelas vertentes realistas, que consideram que os Estados permanecem como atores unitários e egoístas. Para os teóricos realistas, os Estados não cooperarão entre si. A afirmação II está incorreta. A teoria realista e a teoria institucionalista discordam sobre o quanto a estabilidade internacional pode ser afetada pelas instituições. Para a teoria institucionalista, as instituições procuram influenciar o Estado, alterando seu comportamento e promovendo a cooperação. É a teoria realista que prioriza os

ganhos relativos em contraste com a cooperação. A afirmação III está correta. Para a teoria institucionalista, a mudança de comportamento dos Estados é vista como positiva porque reforça os compromissos estabelecidos em regimes e instituições internacionais e aprofunda a interdependência entre eles. A teoria institucionalista procura entender as instituições como variáveis capazes de explicar como atores diferentes resolvem seus conflitos por meio de arranjos cooperativos. Sendo assim, a alternativa correta é a D: é correto apenas o que se afirma em I e III.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018. KEOHANE, R.O. and MARTIN, L.L. The promise of institutionalist theory. International Security, v. 20, n. 1, Summer, 1995

QUESTÃO Nº 17

Syrian children are becoming increasingly vulnerable to water borne illnesses amid peaking

summer temperatures and dwindling supplies of safe water, the United Nations Children’s

Fund (UNICEF) warned today. With the crisis now in its fifth year water has become even

more scarce and unsafe, and poor hygiene conditions especially among the displaced

communities are putting more children at severe risk. Since the beginning of 2015, said the

United Nations (UN) agency, Syria has reported 105 886 cases of acute diarrhea while also

registering a sharp increase of Hepatitis A cases. The humanitarian impact of the crisis is only

further compounded by funding shortfalls which has seen wholesale cuts to the UN’s delivery

of humanitarian aid – from food assistance to lifesaving health services.

Considerando o exposto nesse texto, assinale a alternativa correta.

A) Casos de diarreia aguda e hepatite A começaram a ser registrados em 2015, conforme publicado nos relatórios de imprensa do UNICEF.

B) O aumento do número de crianças vulneráveis e doenças transmitidas pela água é causado pelas altas temperaturas do verão.

C) O deslocamento das comunidades expõe as crianças refugiadas a grave risco de contração de doenças transmitidas pela água, pois a higiene dos novos locais não é realizada pelos agentes internacionais.

D) A prestação de ajuda humanitária nos campos de refugiados e a assistência alimentar aos doentes terminais têm sofrido bloqueios de financiamento das Nações Unidas, agravando o impacto humanitário da crise.

E) O impacto humanitário da crise é agravado pela escassez de financiamentos, o que tem resultado em cortes na prestação de ajuda humanitária pelas Nações Unidas, como assistência alimentar e serviços de saúde.

Gabarito: E

Tipo de questão: fácil

Conteúdo avaliado: Instituições Internacionais, regimes internacionais, direitos humanos

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

Comentário: A questão é basicamente de leitura e interpretação do texto em inglês. Espera-se, nesta questão, que o aluno consiga utilizar o conhecimento instrumental da língua inglesa, bem como o conhecimento de base cultural sobre temas internacionais, associando também ao entendimento sobre instituições internacionais na área humanitária. A alternativa correta é a letra E, que faz referência ao fato de o impacto humanitário da crise na Síria ser agravado pela escassez de financiamentos, o que se expressa na redução de ajuda humanitária da ONU, desde assistência alimentar a serviços de saúde.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

QUESTÃO Nº 18

Em contraposição à incorporação da visão hobbesiana do estado de natureza pela literatura realista norte-americana, autores da Escola Inglesa, como Manning e Bull, desenvolvem uma discussão em torno do conceito de sociedade internacional, cunhado por Hugo Grotius no século XVII. Tal conceito permite a compreensão da formação de normas internacionais tácitas ou explícitas, ou seja, instituições internacionais, e traz para o campo das relações internacionais o debate sociológico a respeito da origem das normas sociais. Assim, alguns autores enfatizam a formação de uma cultura internacional, ao passo que outros buscam detectar a existência de interesses comuns das partes atomizadas. HERZ, M. Teoria das Relações Internacionais no Pós-Guerra Fria. Dados, Rio de Janeiro, v. 40, n. 2, 1997 (adaptado). Em face desse assunto, avalie as afirmações a seguir a respeito dos conceitos da Escola Inglesa.

I. Entre os principais pressupostos para uma sociedade internacional, estão a defesa da soberania (interna e externa), o poder militar associado e o desempenho econômico como emancipação.

II. O caráter anárquico do sistema internacional e a falta de governo central com capacidade de fazer respeitar as leis não impedem a existência da sociedade internacional com membros heterogêneos.

III. O conceito de sociedade internacional pressupõe a existência de um grupo de Estados que, conscientes de certos valores e interesses comuns, participam de instituições comuns e se consideram ligados por um conjunto de regras que regem suas relações.

IV. A permanente condição de anarquia do sistema internacional e a impossibilidade de estabelecer uma sociedade internacional resultam da natureza egoísta dos atores envolvidos.

É correto apenas o que se afirma em

A) I e II. B) II e III. C) III e IV. D) I, II e IV. E) I, III e IV.

Gabarito: B

Tipo de questão: fácil

Conteúdo avaliado: Teorias Clássicas e Contemporâneas das Relações Internacionais

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário: A alternativa correta é a letra B. O primeiro passo para responder esta questão é ter clareza quanto a três conceitos-chave da Escola Inglesa: sistema internacional, sociedade internacional e sociedade mundial. O primeiro deles está relacionado a interação entre dois ou mais estados, de modo que as decisões tomadas por um deles tenham impacto no outro ou nos demais. O segundo conceito refere-se à interação entre dois ou mais estados mediada por um conjunto de regras e voltada para manter o funcionamento de instituições comuns (por exemplo, a diplomacia). O terceiro conceito diz respeito às interações entre todas as partes da comunidade humana, envolvendo interesses e valores comuns, por meio dos quais podem ser estabelecidas regras e instituições coletivas. O item I está incorreto por duas razões. A primeira delas é que os três pressupostos elencados, com exceção do terceiro, não se referem ao conceito de sociedade internacional, e sim ao de sistema internacional, pois a defesa da soberania (interna e externa) e o poder militar associado podem prejudicar a manutenção de instituições comuns. A segunda razão é a Escola Inglesa não lida com a relação entre desempenho econômico e emancipação. O item II está correto, porque é possível existir uma sociedade internacional mesmo sob condição anárquica, o que explica o título da obra de Hedley Bull: “A sociedade anárquica: um estudo sobre a ordem na política mundial”. Além disso, essa sociedade internacional detém algumas características particulares, sendo uma delas exatamente a heterogeneidade. Embora haja poucos membros nessa sociedade, cerca de quase duzentos estados, há uma enorme diversidade – cultural, étnica, religiosa, etc. – entre e no interior deles. O item III está correto porque apresenta exatamente a definição do conceito de sociedade internacional. O item IV está incorreto, tendo em vista que a natureza egoísta dos atores não inibe o desenvolvimento de uma sociedade internacional.

Referências: BULL, H. A sociedade anárquica: um estudo sobre a ordem na política mundial. Brasília: Editora Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002. BUZAN, B. An introduction to the English School of international relations: the societal approach. Cambridge: Polity Press,2014. WIGHT, M. An anatomy of international thought. Review of International Studies, v. 13, n. 3, p. 221-227, Jul./ 1987.

QUESTÃO Nº 21

Gabarito: C

Tipo de questão: Difícil

Conteúdo avaliado: Análise de Conjuntura e Política Internacional

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário: A questão exige o conhecimento sobre cultura, integração regional africana e direito internacional. Para responder aos itens, os discentes precisam conhecer sobre as diferentes vertentes do islamismo, seus grupos mais radicais e o que eles defendem e combatem. O Boko Haram, como um dos principais grupos religiosos extremistas que atuam na África atualmente corresponde a um destes segmentos religiosos que os alunos precisam ter uma atenção nos seus estudos, devido as violações aos Direitos Humanos que foram cometidas no passado recente. Em 2018, o grupo realizou um atentado que deixou 86 mortos1. O segundo item da questão trata de quem tem a responsabilidade primária em proteger os direitos humanos, se os Estados ou as Organizações Internacionais. Os estados nacionais são os sujeitos primários de proteção dos seus cidadãos e dos estrangeiros que por lá estejam vivendo ou viajando e que os direitos humanos básicos aprovados em convenções internacionais não sejam violados. O Sistema Africano de Proteção dos Direitos Humanos foi criado em 1986, ainda com obstáculos de implementação garante que a diversidade cultural do continente não seja um empecilho para a consolidação de uma estrutura institucional no interior da União Africana (ANDRADE, 1993)2.

Referências: 1 https://g1.globo.com/mundo/noticia/atentado-duplo-do-boko-haram-na-nigeria-pode-ter-deixado-86-mortos.ghtml 2 ANDRADE, José H. Fischel. O Sistema Africano de Proteção dos Direitos Humanos e dos Povos. África, n.16-17, p.23-57, 1993-1994.

QUESTÃO Nº 22

“Refugiados Rohingya abandonados no mar”, “A Itália se prepara para outra onda de migrantes”, “Os turistas dizem que os solicitantes de asilo estão estragando suas férias na Grécia”, “Cambodia concorda em aceitar refugiados recusados pela Austrália”. Nas últimas semanas de julho de 2015, os nossos jornais foram dominados por essas manchetes, cada uma delas testemunhando uma crise humanitária com dimensões verdadeiramente globais. Segundo as Nações Unidas, o número de pessoas desraigadas por perseguições e conflitos armados já ultrapassa 50 milhões, o maior número desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Disponível em: http: politique.cartacapital.com.br Acesso em 27 de julho de 2015 (adaptado).

Acerca dos direitos dos refugiados, avalie as afirmações a seguir:

I) O papel do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) é assegurar proteção internacional aos refugiados e auxiliar os governos a facilitar o repatriamento voluntário ou a integração dos refugiados em novos locais.

II) O conceito de non-refoulement, basilar da proteção internacional aos refugiados, consiste no direito do indivíduo refugiado de não ser forçado a retornar, ou não ser expulso, para uma condição em que a sua vida e/ou liberdade sejam ameaçadas.

III) Embora a proteção ao refugiado esteja prevista no ordenamento jurídico brasileiro, o país não conseguiu se consolidar como acolhedor de refugiados, em razão de sua imagem externa de Estado como extrema desigualdade social e econômica.

É correto o que se afirma em:

A) II, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) I e III, apenas. E) I, II e III.

Gabarito: C

Tipo de questão: intermediária

Conteúdo avaliado: Instituições internacionais: regimes internacionais; direitos humanos

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

Comentário: Esta questão exige do aluno uma formação geral e humanística, que possibilite a compreensão das questões internacionais no seu contexto político, econômico,

histórico, geográfico, jurídico, cultural e social. A questão trata da crise humanitária dos refugiados, com destaque para as falhas dos posicionamentos dos Estados em acolher estas pessoas. Apresenta as manchetes de alguns casos sofridos pelos refugiados para abordar os direitos humanos dos refugiados nas relações internacionais. De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, “todos têm o direito de procurar e de gozar asilo em outros países devido à perseguição”. E de acordo com a Convenção dos Refugiados das Nações Unidas, os Estados devem não “expulsar ou retornar um refugiado de maneira alguma para as fronteiras dos territórios onde a sua vida ou liberdade possam estar ameaçadas”. A alternativa correta é a letra C. Somente as afirmações I e II estão corretas. A afirmação I está correta. O papel do ACNUR é assegurar proteção internacional aos refugiados e auxiliar os governos a facilitar o repatriamento voluntário ou a integração dos refugiados em novos locais. O ACNUR não diz respeito a uma organização supranacional e, portanto, não pode substituir a proteção dos países. Seu papel principal é garantir que os países estejam conscientes das suas obrigações de dar proteção aos refugiados. A afirmação II também está correta. Segundo o princípio de non refoulement (“não-devolução”), os países estão proibidos de expulsar uma pessoa para um território onde possa estar exposta à perseguição. A Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1951, teve como objeto a tutela dos refugiados europeus, após a Segunda Guerra Mundial. A afirmação III está incorreta. O Brasil vem concedendo refúgio. Um exemplo disso é que desde o início da crise na Síria, o Brasil vem concedendo refúgio a mais sírios do que os principais portos de destino de refugiados na Europa. Segundo dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), vinculado ao Ministério da Justiça, 2.077 sírios receberam status de refugiados do governo brasileiro de 2011 até agosto de 2015.

Referências: www.acnur.org

QUESTÃO Nº 23

Gabarito: B

Tipo de questão: Fácil

Conteúdo avaliado: Análise de Política Externa

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário: Acerca dos dois itens corretos da questão 23, podemos dizer que a Unasul foi a último processo de integração regional criado na América do Sul que tem como objetivo uma associação ampliada entre todos os países do continente1. O processo integracionista está estruturado na participação dos Chefes de Estado e Governo em 12 conselhos, para tratar de temas específicos. Esta dinâmica é diferente de outras experiências de integração regional, pois uma estrutura em que os tomadores de decisões centrais dos países se debrucem por temas específicos que afligem a região. No Mercosul, por exemplo, as câmaras setoriais estão sob responsabilidade de representantes nacionais do nível técnico. O objetivo da Unasul mencionado na assertiva IV foi retirado do artigo 2 do Tratado Constitutivo da Unasul2.

Referências:1 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/integracao-regional/688-uniao-de-nacoes-sul-almericanas 2http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_integracao/docs_UNASUL/TRAT_CONST_PORT.pdf

QUESTÃO Nº 24

Apesar de não ser um fenômeno moderno, o terrorismo ganhou relevância na agenda internacional no século XXI, principalmente após os atentados de 11 de setembro de 2001. A recorrência de atos terroristas, como os atentados em Madri em 2004, de Londres em 2005, de Bombaim em 2008, de Boston em 2013 e, mais recentemente, o assassinato de 12 jornalistas na sede do periódico satírico francês Charlie Hebdo, em janeiro de 2015, geraram uma enorme comoção internacional e colocaram a temática do terrorismo em voga. A partir do exposto nesse texto, avalie as afirmações a seguir.

I. A Escola de Copenhague rompe com a visão tradicional de segurança, até mesmo em relação ao terrorismo, pois amplia o escopo das ameaças ao Estado, adicionando questões relativas a política, sociedade, economia e meio ambiente como problemas de segurança.

II. Os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos foram uma clara demonstração do desafio do terrorismo internacional e os eventos posteriores aumentaram a preocupação com a proliferação de armas de destruição em massa e com os perigos de outras armas não convencionais.

III. A comunidade internacional, por considerar o terrorismo uma ameaça global, forjou, no âmbito da Assembleia-Geral das Organizações das Nações Unidas, um consenso a respeito da definição do termo terrorismo.

É correto o que se afirma em

A) II, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) I e III, apenas. E) I, II e IIII.

Gabarito: C

Tipo de questão: Intermediária

Conteúdo avaliado: Segurança Internacional

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário: A alternativa correta é a letra C. O item I pode ser considerado correto, com uma observação. A Escola de Copenhague não chega a romper, necessariamente, com a visão tradicional de segurança. Na verdade, a escola procura ampliar o conceito de

segurança, de modo que este possa tanto contemplar a visão tradicional quanto uma visão mais abrangente. Dessa forma, uma das principais contribuições da Escola de Copenhague é apresentar uma perspectiva multissetorial para estudar a segurança internacional, lidando com os setores mencionados no item (política, sociedade, economia e meio ambiente) e, também, o militar (da visão tradicional). O item II está correto. Os atentados de 11 de setembro demonstraram a capacidade de atores não estatais – no caso, grupos terroristas, com ênfase na Al Qaeda – infligir danos ao Estado e seus cidadãos. Um dos principais temas após esses atentados foi a possibilidade de que grupos terroristas pudessem ter acesso a armas nucleares ou a armas não convencionais – biológicas, químicas, radiológicas, etc. –, o que elevou a preocupação de governos com a proliferação dessas armas, bem como com o terrorismo nuclear ou não convencional. O item III está incorreto porque não existe uma definição consensual acerca o termo terrorismo. No âmbito das Nações Unidas, o mais próximo que se chegou a tal definição foi a adoção da Resolução 49/60, em 1994, intitulada “Declaração sobre Medidas para Eliminar o Terrorismo Internacional”, a qual definiu atos terroristas como: “Atos criminosos pretendidos ou calculados para provocar um estado de terror no público em geral, num grupo de pessoas ou em indivíduos para fins políticos são injustificáveis em qualquer circunstância, independentemente das considerações de ordem política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou de qualquer outra natureza que possam ser invocadas para justificá-los.”

Referências: BUZAN, B.; WAEVER, O.; WILDE, J. de. Security: a new framework for analysis. Boulder: Lynne Rienner, 1998. DINIZ, E. “Terrorismo catastrófico: inimigo real ou imaginário?”. In: JOBIM, N. A.; ETCHEGOYEN, S. W.; ALSINA JR., J. P. Segurança internacional: perspectivas brasileiras. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2010, p. 205-221. SOUZA, A. de M.; NASSER, R. M.; MORAES, R. F. de (org.). Do 11 de setembro de 2001 à guerra ao terror: reflexões sobre o terrorismo no século XXI. Brasília: Ipea, 2014.

QUESTÃO Nº 25

Segurança é um movimento que trata a política para além das regras do jogo estabelecidas e enquadra a questão como um tipo particular de política ou como algo que a transcende. Securitização pode então ser vista como uma versão extrema da politização. Em tese, qualquer temática pública pode ser localizada no espectro entre a não politização (o que significa que o Estado não lida com o tema e não é um tema de debate público ou de decisão do Estado), a politização (que significa que o tema é parte da política pública que requer decisão do governo ou alocação de recursos) e a securitização (significa que o tema é apresentado como uma ameaça existencial que requer medidas de emergência e justifica ações de emergência fora dos canais usuais da política). Assim, a definição exata e o critério da securitização é constituído pelo estabelecimento intersubjetivo de uma ameaça existencial com saliência suficiente para ter efeitos políticos.

BUZAN, B.; WAEVER, O.; WILDE, J. de. Security: a new framework for analysis. Boulder: Lynne

Rienner, 1998 (adaptado).

Com base no texto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.

I. Migração, tráfico de drogas, meio ambiente e terrorismo podem tornar-se questões percebidas como temas de segurança internacional.

PORQUE

II. A definição de segurança, a partir de uma perspectiva social e interativa,

envolve a dimensão intersubjetiva de uma ameaça. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.

B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.

C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) As asserções I e II são falsas.

Gabarito: A

Tipo de questão: fácil

Conteúdo avaliado: Segurança Internacional

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário A alternativa correta é a letra A, e esta questão está diretamente ligada com o item I da questão 24. Considerando o processo de securitização descrito no excerto do livro de Buzan et al. (1998), as questões apresentadas na primeira asserção – migração, tráfico de drogas, meio ambiente e terrorismo – podem, de fato, tornar-se temas de segurança, e a segunda asserção justifica como ocorre esse processo. A securitização reflete um processo de construção social de uma determinada ameaça, em que ela não é simplesmente exógena (objetiva) ou endógena (subjetiva) aos atores (governo, sociedade, por exemplo), e sim intersubjetiva, decorrente de um discurso apresentado por um ator securitizante, que é posteriormente legitimado por uma audiência e gera uma prática concreta. Em primeiro lugar, o ator deve apresentar um discurso de urgência que demonstre a necessidade de lidar com uma ameaça – não necessariamente real ou concreta –, pois, se nada for feito, determinado objeto referente – sobre o qual incide a ameaça – irá desaparecer. Em segundo lugar, esse discurso deve ser aceito por uma audiência legitimamente constituída. E, finalmente, a aceitação do discurso leva a implementação de medidas extraordinárias para combater a ameaça. Cumprindo esses requisitos, pode-se afirmar que os quatro temas são temas podem ser securitizados. Eles não precisam ser necessariamente reais, basta que sejam introduzidos por um discurso de urgência – por exemplo, pelo presidente do país –, passando pela aceitação de uma audiência – por exemplo, o legislativo –, até o estabelecimento medidas extraordinárias.

Referências: BUZAN, B.; WAEVER, O.; WILDE, J. de. Security: a new framework for analysis. Boulder: Lynne Rienner, 1998. DUQUE, M. G. O papel de síntese da Escola de Copenhague nos estudos de segurança internacional. Contexto Internacional, v. 21, n. 3, p. 459-501, 2009. TANNO, G. A contribuição da escola de Copenhague aos estudos de segurança internacional. Contexto Internacional, v. 25, n.1, p. 47-80, 2003.

QUESTÃO Nº 26

No sistema internacional da década de 2000, principalmente em comparação com o decênio de 1990, observou-se o fortalecimento das temáticas relacionadas a segurança e defesa, o que gerou consequências para a política externa do Brasil em relação a esses temas. Considerando a política externa e de defesa do Brasil, avalie as afirmações a seguir.

I. O Brasil assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) em 1998 e negou-se a assinar o Protocolo Adicional do TNP.

II. O estreitamento de relações com os países do Atlântico Sul (principalmente após a descoberta de reservas no pré-sal), a reativação da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) e a formação do Conselho de Defesa Sul-Americano evidenciam modalidades de conexão da política externa e de defesa nacional.

III. A Estratégia Nacional de Defesa, formulada pelo Ministério da Defesa em 2008, busca garantir maior autonomia institucional e orçamentária nas temáticas de defesa em detrimento das estratégias de inserção internacional do Brasil.

IV. A participação do Brasil em Missões de Paz da ONU é uma forma de ampliar a atuação na área de defesa e segurança internacionais.

É correto o que se afirma em

A) I e III. B) II e III. C) II e IV. D) I, II e IV. E) I, III e IV.

Gabarito: D

Tipo de questão: Intermediária

Conteúdo avaliado: Segurança Internacional

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário: A alternativa correta é a letra D. Inicialmente, é preciso compreender que a política externa e a política de defesa devem estar articuladas, considerando que ambas voltam-se, eminentemente, para garantir os interesses nacionais no âmbito internacional, seja no nível diplomático, seja no nível estratégico. O item I está correto. O Brasil assinou o TNP apenas no ano de 1998 porque já havia criado, no início dos anos 1990, a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), um mecanismo em conjunto com a Argentina e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que estabelecia medidas de salvaguardas para o acompanhamento de atividades relativas à área nuclear. Além disso, o então presidente Fernando Henrique Cardoso procedeu com a assinatura do TNP para melhorar a inserção internacional brasileira. O governo brasileiro não assinou o Protocolo Adicional ao TNP porque considera, pelo menos até agora, que as medidas de salvaguarda implementadas são suficientes e pressupõe que as disposições desse protocolo estão contempladas na ABACC. O item II está correto porque as três iniciativas mencionadas (aproximação com os países do Atlântico Sul, Zopacas e Conselho de Defesa Sul-Americano) estão alinhadas com objetivos e diretrizes da Política de Defesa Nacional de 2005 (PND) e da Estratégia Nacional de Defesa de 2008 (END). Ambos os documentos definiram o Atlântico Sul e a América do Sul como o entorno estratégico brasileiro, isto é, uma prioridade para a defesa nacional. Da mesma forma, a integração sul-americana e a ação diplomática na costa ocidental africana representam uma prioridade para a política externa do país. O item III está incorreto. As ações previstas na END acerca das temáticas de defesa não ocorrem em detrimento das iniciativas voltadas para a inserção internacional do Brasil, e sim em conjunto com essas iniciativas. Novamente, recorda-se que as políticas externa e de defesa devem ser pensadas de modo articulado. O item IV está correto. As missões de paz são importantes para melhorar a inserção internacional do Brasil em termos de segurança e defesa, sobretudo, quando se trata das boas práticas que o país desenvolveu à frente do comando militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).

Referências: SPEKTOR, M. “Brazil's Nuclear Policy: the Case for Incrementalism”. In: DALTON, T.; KASSENOVA, T.; WILLIAMS, L. (org.). Perspectives on the Evolving Nuclear Order, 1ed. Washington: Carnegie Endowment for International Peace, 2016, v. 1, p. 47-54. HERZ, M. “Segurança internacional na América do Sul”. In: JOBIM, N. A.; ETCHEGOYEN, S. W.; ALSINA JR., J. P. Segurança internacional: perspectivas brasileiras. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2010, p. 331-344. LIMA, M. R. S. “Diplomacia, defesa e definição política dos objetivos internacionais: o caso brasileiro”. In: JOBIM, N. A.; ETCHEGOYEN, S. W.; ALSINA JR., J. P. Segurança internacional: perspectivas brasileiras. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2010, p. 401-418.

QUESTÃO Nº 27

Gabarito: E

Tipo de questão: Difícil

Conteúdo avaliado: Análise de Política Externa

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário: Uma característica da estratégia de política externa do Brasil é sua predisposição a atuação as instâncias multilaterais. Isto não significa que o país só utiliza dos mecanismos multilaterais para realizar negociações internacionais. No caso da rodada de Doha, e dos obstáculos que potências econômicas colocam no comércio dos principais produtos de exportação brasileira, as negociações por meio da OMC garante ao país melhores condições de negociar com as economias desenvolvidas.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

QUESTÃO Nº 28

Gabarito: E

Tipo de questão: Difícil

Conteúdo avaliado: Análise de Política Externa

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário: A questão utiliza um texto de Christopher Hill, referência na área de Relações Internacionais nos estudos de Política Externa, para averiguar as competências analíticas e teóricas dos discentes no campo científico da Análise de Política Externa. Ao ler o artigo de Hill (2003)1, convido os alunos a fazerem o mesmo, observamos no debate realizado pelo autor acerca da área de Análise de Política Externa que este campo teórico, desde a década de 1950, entende o Estado

não como um ator unitário, mas um agente composto por uma pluralidade de atores que disputam durante o processo de tomada de decisão qual a melhor estratégia de política externa que um determinado Estado deve seguir. Nesta perspectiva, antes de se tornar uma comunidade acadêmica, e de não adotar a linha pluralista de análise estatal, havia uma forte influência realista nos debates sobre política externa que argumentavam o distanciamento entre as decisões das autoridades estatais e a sociedade civil. Ainda de acordo com Hill (2003), durante a Guerra Fria alguns estudiosos verificaram a relevância da burocracia nos processos decisórios de política externa, um entre estes autores foi Allison (1969)2, que durante a crise dos mísseis em Cuba, constatou que sem uma investigação profunda das organizações burocráticas não haveria como compreender melhor como operavam as decisões acerca das ações internacionais dos países. Por último, com as reformas da estrutura do Estado que ocorreram desde o final da década de 1970, mas se intensificaram nos anos 1990, ocorreram alterações nas formas como autoridades estatais calculam as estratégias para atuação internacional de seus países.

Referências: 1 HILL, C. What is to be done? Foreign Policy as a site for political action. International Affairs, v.79, n.2, 2003. 2 ALLISON, Graham. Conceptual models and the Cuban Missile Crisis. The American

Political Science Review, v. 63, n. 3, 1969, p. 689-718.

QUESTÃO Nº 29

Gabarito: A

Tipo de questão: Difícil

Conteúdo avaliado: Análise de Política Externa

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário: As duas afirmações acerca da política externa do Brasil durante a década de 1980 são verdadeiras. Os problemas econômicos que eclodiram no país nos anos 1980 foram consequências da política econômica adotada pelo Regime Militar. Neste período diferentes pacotes governamentais para reequilibrar a economia foram lançados. No âmbito internacional na década de 1980 governos conservadores foram eleitos nos EUA e em parte da Europa. Estas administrações endureceram a abordagem com países em desenvolvimento. No caso do Brasil, uma alternativa foi se aproximar da Argentina, os diálogos entre as duas nações latino-americanas que iniciaram em 1985, culminou posteriormente com a assinatura do Tratado de Assunção, 1991, que criou o Mercado Comum do Sul (Mercosul) (CERVO; BUENO, 2010)1.

Referências: 1 CERVO, A.; BUENO, C. História da Política Exterior do Brasil. 3ed. Brasília: Ed. UnB, 2010.

QUESTÃO Nº 30

As lições do colapso que envolveu a Europa em uma segunda grande guerra, há vinte

anos e dois meses do Tratado de Versailles, deverão ser cuidadosamente

ponderadas. Nenhum período da história recompensará melhor seu estudo, pelos

artífices da paz do que os “vinte anos de crise” que preencheram o intervalo entre as

duas grandes guerras.

CARR. E. H. Vinte anos de crise. Brasília. Ed. UnB, 2001 (adaptado).

A partir do exposto no texto, avalie as afirmações a seguir, considerando o contexto

das relações internacionais no período entre as duas Grandes Guerras (1918-1939).

I. A eliminação da diplomacia secreta em favor de acordos públicos, liberdade

comercial e de navegação em mares e estreitos e a criação de um sistema de segurança coletiva sob os auspícios da Liga das Nações, são alguns dos "14 pontos de Wilson", delineados para tornar a paz permanente.

II. A partir de uma visão de mundo neutra, os "14 pontos de Wilson" foram projetados como um conjunto de princípios gerais que poderiam ser aplicados a problemas pontuais, com o objetivo de se evitar a ocorrência da guerra e de suas mazelas.

III. A crítica à utopia wilsoniana marcou o primeiro debate nas relações internacionais entre os realistas - que acreditavam na mudança da natureza humana e em sua tendência à cooperação - e os idealistas, que ansiavam por transformar o mundo a partir de uma visão normativa do que deveria ser a realidade.

IV. Como instituição internacional responsável pela paz e estabilidade mundial, a Liga das Nações tinha como um dos seus princípios a autodeterminação dos povos, ou seja, a independência dos povos e o reconhecimento do seu direito ao desenvolvimento autônomo.

É correto apenas o que se afirma em

A) I e II

B) I e IV

C) II e III

D) I, III e IV

E) II, III e IV.

Gabarito: B

Tipo de questão: fácil

Conteúdo avaliado: História das Relações Internacionais

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

Comentário:

A questão faz referência ao conteúdo de História das Relações Internacionais: da

formação do sistema de Estados-nacionais às relações internacionais

contemporâneas. A alternativa correta é a letra B. Somente as afirmações I e IV estão

corretas. O presidente Woodrow Wilson refere-se a um personagem central do

processo de paz e segurança coletiva no contexto logo após a Primeira Guerra

Mundial, sendo o responsável por redigir o tratado dos 14 pontos que definiu algumas

diretrizes para a paz e se configurou como o embrião da Liga das Nações, que tinha

como um de seus princípios a autodeterminação dos povos. As afirmações II e III

estão incorretas. Os 14 pontos de Wilson não partia de uma visão de mundo neutra,

mas da perspectiva de um presidente estadunidense. Os realistas não acreditavam

na mudança da natureza humana e em sua tendência à cooperação.

Referências:

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações

Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

QUESTÃO Nº 31

Gabarito: D

Tipo de questão: Difícil

Conteúdo avaliado: Análise de Política Externa

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário: A dificuldade da questão está na compreensão do conceito de coalizões de geometria variável adotado para analisar a política do Brasil. Como argumenta Visentini (2009), estudiosos da temática utilizam deste conceito para observar a política externa brasileira desde o início do século XXI. Coalizões de geometria variável significam alianças que dizem respeito a interesses pontuais e que não, necessariamente, se repetem quando temas mais abrangentes são discutidos. A formação do G-3, G-20, IBAS e BRICS, por exemplo, demonstra como o Brasil buscou alternativas diplomáticas multilaterais com a formação de fóruns formados por países em desenvolvimento que tinham a intenção de atuarem de maneira mais proativa no sistema internacional (VISENTINI, 2009). Desta forma, o erro da primeira afirmação é que a opção de cooperação Sul-Sul pela estratégia da geometria variável não é, por essência, conflitiva com a cooperação Norte-Sul, pois a primeira se refere a situações específicas como uma negociação no âmbito da OMC e a segunda aborda contextos mais abrangentes das interações dos países em desenvolvimento. A segunda afirmação está correta. A política externa brasileira busca, no século XXI, a construção de institucionalidade internacional que reflita a nova configuração de

poder.

Referências: VISENTINI, Paulo Fagundes. O G-3 e o G-20: O Brasil e as novas coalizões internacionais. NERINT, 2009.

QUESTÃO Nº 32

Gabarito: B

Tipo de questão: Fácil

Conteúdo avaliado: Análise de Conjuntura e Política Internacional

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário: A guerra na Síria iniciou-se em 2011, após uma série de protestos violentamente reprimidos que demandavam a renuncia do presidente Bashar al-Assad, políticas de diminuição do desemprego, corrupção e mais liberdade política. Com o aumento da repressão, grupos políticos decidiram iniciar luta armada contra o governo. Assad, não possui apoio de países do ocidente, sofrendo sanções e até mesmo ataques militares, como o ocorrido em abril de 2018 coordenado pelo Reino Unido, França e EUA. O grupo terrorista Estado Islâmico não é o único envolvido na guerra civil na Síria1. Boa parte da população civil atingida pela guerra e que saíram da Síria foram buscar abrigo nos países vizinhos. A Turquia recebeu, de acordo com a BBC2, até fevereiro de 2018 o número de 3.540.648 sírios refugiados, o Líbano quase 1 milhão, a Jordânia 657.628 sírios. Na Europa o país que mais recebeu sírios foi a Alemanha com 525.262 pessoas. Ao todo, o Líbano correspondeu ao destino de mais refugiados da guerra do que todos os países da Europa juntos. Desta forma, a maioria dos

refugiados permaneceram na região. A China não é o principal apoiador internacional de Assad, mas a Rússia1. Os desacordos do ocidente são com o presidente russo, Vladimir Putin.

Referências:1 Informações disponíveis em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/14/internacional/1523705790_957994.html 2 Informações disponíveis em: https://www.bbc.com/news/world-middle-east-35806229

QUESTÃO Nº 33

A noção de que há uma teoria monolítica do realismo é amplamente rejeitada tanto pelos que são simpáticos à tradição realista quanto por aqueles que são críticos a essa tradição. A crença de que não há um realismo, mas muitos, leva logicamente ao delineamento de diferentes tipos de realismo.

DUNNE, T.; SCHMIDT, B. C. Realism. In: BAYLIS, J.; SMITH, S.; OWENS, P. The globalization of world politics. United Kingdom: Oxford University Press, 2014 (adaptado).

A partir do exposto, avalie as afirmações a seguir, a respeito do realismo e de suas vertentes nas Relações Internacionais.

I. No neorrealismo, ou realismo estrutural, concorda-se com a concepção realista clássica de que a noção de poder é essencial para se compreender a política mundial. Porém, em contraste com o foco do realismo clássico na natureza humana, o neorrealismo enfatiza a ausência de uma autoridade central no sistema internacional e a distribuição relativa de poder entre os Estados como causas estruturais da competição no sistema internacional.

II. Dentro do espectro neorrealista, opõem-se os realistas defensivos e os realistas ofensivos. Ao contrário dos ofensivos, os defensivos concordam com o argumento de que a hegemonia mundial é possível porque a estrutura do sistema internacional produz automaticamente o contrabalanceamento de poderes.

III. O realismo neoclássico surge como uma abordagem intermediária nos estudos realistas das Relações Internacionais ao propor a incorporação de variáveis domésticas à estrutura do sistema internacional como forma de se entender a política internacional.

É correto o que se afirma em

A) II, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) I e III, apenas. E) I, II e III.

Gabarito: D

Tipo de questão: Intermediário

Conteúdo avaliado: Teorias Clássicas e Contemporâneas das relações Internacionais

Autor(a): Giovanni Hideki Chinaglia Okado

Comentário: A alternativa correta é a letra C. Em primeiro lugar, esta questão exige um conhecimento acerca dos níveis de análise aplicáveis as perspectivas teóricas realistas das Relações Internacionais. Essencialmente, há três níveis – o sistema internacional, o Estado e o indivíduo – por meio dos quais se procura explicar o comportamento dos atores na política mundial. As teorias mencionadas na questão, com exceção do realismo clássico, lidam com explicações no nível do sistema internacional, e o que difere os neorrealistas dos realistas neoclássicos é que os últimos incorporam variáveis cognitivas e domésticas a essas explicações, enquanto os primeiros não. Além disso, os neorrealistas podem ser divididos entre os defensivos, como Kenneth N. Waltz e Stephen M. Walt, e os ofensivos, como John J. Mearsheimer. Os primeiros argumentam que os estados devem preocupar-se com o próprio status quo no sistema internacional, garantindo a segurança e a sobrevivência, e os segundos argumentam que apenas quando os estados alcançam a hegemonia mundial é que a segurança e a sobrevivência estão garantidas. Com base nesses esclarecimentos iniciais, observa-se que o item I está correto, porque o neorrealismo, ao se situar no nível sistêmico, trata da ausência de uma autoridade central e da distribuição do poder como variáveis dependentes do comportamento estatal. O item II está incorreto porque afirma o contrário do que é correto: na verdade, são os neorrealistas ofensivos que defendem o alcance da hegemonia mundial. E, finalmente, o item III está correto, pois retrata exatamente a concepção do realismo neoclássico.

Referências: DUNNE, T.; SCHMIDT, B. C. “Realism”. In: BAYLIS, J.; SMITH, S.; OWENS, P. The globalization of world politics. United Kingdom: Oxford University Press, 2014.

Questão 34

Gabarito: C

Tipo de questão: Intermediária

Conteúdo avaliado: História das Relações Internacionais: da formação do sistema de Estados nacionais às relações internacionais contemporâneas

Autor(a): Pedro Araújo Pietrafesa

Comentário:

A questão aborda o tema do fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

(URSS) a partir das reformas implementadas por Gorbachev, seu último líder político.

A afirmação 1 está confusa, pois não se pode inferir que o fato de políticos com idade

avançada é condição necessária para uma suposta falta de resposta de toda uma

estrutura estatal as ameaças e desafios externos. Sendo que, segundo a assertiva,

com a estrada de Gorbachev no governo esse problema tinha encerrado. A época o

líder tinha 54 anos de idade.

A segunda assertiva está correta em dizer que com Gorbachev ocorreram mudanças

no pensamento de política externa da URSS e reformas econômicas e políticas na

União Soviética. Contudo, o examinador errou o nome do país, o que pode ocasionar

confusão nos alunos.

A última asserção está errada tanto na questão do lapso de tempo das transições

quanto na abertura para os debates sobre direitos humanos e meio ambiente. Nos

Balcãs, por exemplo, as condições para estas discussões ainda apresentam

limitações.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações

Internacionais. Brasília: INEP, 2018.

Questão 35

Com relação à emergência do Estado Islâmico e à geopolítica do Oriente Médio contemporâneo, avalie as afirmações a seguir.

I. A força do Estado Islâmico, nos últimos dois anos, é resultado de uma série de fatores que impactaram o Oriente Médio na última década. Em face da invasão dos Estados Unidos ao lraque e ao Afeganistão e da fragilidade estatal da Síria e do lraque, o Estado Islâmico foi proclamado como um califado em áreas controladas do Iraque e da Síria, presente e atuante também em outros países do Oriente Médio.

II. O Estado Islâmico obriga as pessoas que vivem nas áreas que controla a se converterem ao Islamismo, além de viverem de acordo com a interpretação fundamentalista da religião e sob a Sharia (o código de leis islâmico). Aqueles que se recusam podem sofrer torturas e mutilações, ou ser condenados à pena de morte. O grupo é particularmente violento contra muçulmanos xiitas, assírios, cristãos armênios, yazidis e drusos.

III. Abu Bakr al-Baghdadi, autoproclamado califa do Estado Islâmico, foi braço direito de Osama bin Laden e mantém estreita cooperação e lealdade ao grupo terrorista Al

Qaeda.

É correto o que se afirma em

A) I, apenas.

B) III, apenas.

C) I e II, apenas.

D) II e III, apenas.

E) I, II e III.

Gabarito: C

Tipo de questão: Intermediário

Conteúdo avaliado: Análise de Conjuntura e Política Internacional: coalizões internacionais

Autor(a): Aline Tereza Borghi Leite

Comentário: Esta questão exige do aluno uma base cultural ampla e o entendimento e análise de temas internacionais, em especial a compreensão do conflito nas relações internacionais. Nesta questão, que diz respeito à emergência do Estado Islâmico e à geopolítica do Oriente Médio contemporâneo, a alternativa correta é a letra C. Apenas a afirmação III está incorreta. O iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi, o chamado califa do Estado Islâmico, foi braço direito de Osama bin Laden, mas não mantinha relação de estreita cooperação e lealdade com o grupo terrorista Al Qaeda. A afirmação I está correta. Há uma série de fatores que impactaram o Oriente Médio nos últimos anos o que contribuiu para o avanço do Estado Islâmico, provando uma enorme tensão na região. O grupo jihadista (terrorismo associado à Jihad, guerra santa, islâmica) Estado Islâmico, vem expandindo seu domínio sobre regiões do Iraque e da Síria. A afirmação II também está correta. Também conhecido como Isis, o Estado Islâmico é um grupo muçulmano extremista fundado em outubro de 2004 a partir do braço da Al Qaeda no Iraque. É formado por sunitas, o maior ramo do islamismo. Os sunitas radicais do EI consideram que os xiitas são infiéis e devem ser mortos e consideram que os cristãos devem escolher entre a conversão, pagamento de uma taxa religiosa ou pena de morte.

Referências: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ENADE 2015: Relatório Síntese da Área de Relações Internacionais. Brasília: INEP, 2018.