ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

download ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

of 41

Transcript of ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    1/41

    A NUVEM SOBRE O SANTURIOKARL VON ECKARTSHAUSEN

    http://www.martinismo.hpg.ig.com.br/

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    2/41

    A PRIMEIRA CARTA

    O nosso sculo de preferncia a qualquer outro o mais notvel para o observador

    imparcial e sereno. Por toda parte existe fermentao tanto na alma como no corao dohomem; encontra-se a cada passo o combate da luz e das trevas, de idias mortas e idiasvivas, da vontade morta e inerte com a fora viva e ativa; se v por todo lado enfim, aguerra entre o homem animal e o homem espiritual que desperta.

    Homem natural renuncia s tuas ltimas foras; at teu prprio combate revela a tuanatureza superior que repousa em teu seio. Presentes a tua dignidade, tu a sentes mesmo;porm tudo ainda obscuro ao teu redor e a lmpada da tua dbil razo no suficientepara iluminar os objetos aos quais deverias aspirar.

    Diz-se que vivemos no sculo das luzes e seria mais justo dizer que vivemos nosculo do crepsculo: aqui e ali, o raio luminoso penetra atravs da nuvem das trevas, mas

    ele no ilumina ainda com toda a sua pureza nossa razo e nosso corao. Os homens noesto de acordo sobre as suas concepes: sbios disputam; e onde h disputa, no existea luz nem se conhece a verdade.

    Os objetos mais importantes para a humanidade so ainda indeterminados. No seest de acordo nem sobre o princpio da razo, nem sobre o princpio da moralidade ou dombil da vontade. Isto prova que mau grado estejamos na grande poca das luzes, aindano sabemos bem o que ela representa em nosso crebro e em nosso corao.

    Seria possvel que ns soubssemos tudo isto mais cedo, se no imaginssemos quetemos j a flama do conhecimento em nossas mos, ou se pudssemos lanar um olharsobre a nossa fraqueza e reconhecer que ainda nos falta uma luz mais elevada.

    Ns vivemos nos tempos da idolatria da razo, depositamos uma tocha sobre o altar,proclamamos em altas vozes que a aurora est despontando e que por toda parte o diaaparece realmente, e deste modo o mundo se eleva cada vez mais da obscuridade luz ea perfeio, pelas artes, as cincias, gosto refinado ou mesmo por uma perfeitacompreenso da religio.

    Pobres homens! at onde haveis exaltado a felicidade dos homens?

    Existiu jamais um sculo que tivesse custado tantas vtimas como o presente? Existiu jamais um sculo no qual a imoralidade e o egosmo tenham predominado mais do que

    neste? Conhece-se a rvore pelos seus frutos.

    Insensatos!... Com o vosso falso raciocnio... onde obtivesses a luz com a qualquereis esclarecer os outros? Ser que todas as vossas idias no so tiradas dossentidos, que no vos do qualquer verdade mas somente os fenmenos externos?

    Tudo aquilo que d o conhecimento no tempo e no espao no relativo? Tudoaquilo que ns podemos chamar verdadeiro, no apenas uma verdade relativa?... No sepode achar a verdade absoluta na esfera dos fenmenos externos.

    Assim sendo, vosso raciocnio no possui a "Essencialidade" mas somente a

    aparncia da verdade e da Luz; assim que, quanto mais esta aparncia aumenta e seexpande, mais a "Essncia da luz" decresce no interior, e o homem se perde na aparnciae tateia para atingir as fantsticas imagens despidas de realidade.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    3/41

    A filosofia do nosso sculo eleva a fraca razo natural a objetividade independente;atribuindo-lhe mesmo um poder legislativo, isentando-a de uma autoridade superior. Torna-a autnoma e a diviniza, suprimindo entre Deus e ela toda relao, toda comunicao, eesta razo deificada, que no tem outra lei que a sua prpria, deve governar os homens etorn-los felizes!... As trevas devem expandir a luz!... A pobreza deve dar a riqueza!... E amorte deve dar a vida!...

    A verdade conduz os homens felicidade... Podeis vs d-la?

    O que, vs chamais verdade uma forma de concepo vazia de substncia cujoconhecimento foi adquirido externamente, pelos sentidos; o entendimento coordena-os poruma sntese das relaes observadas em cincia ou em opinies. Vs no tendesabsolutamente verdade material, o princpio espiritual e material para vs um Nmero.

    Retirais das Escrituras e da tradio a verdade moral, terica e prtica; mas como aindividualidade o princpio de vossa razo, e o egosmo o mbil da vossa vontade, novedes a vossa luz interior, a lei moral que governa todas as coisas, ou a rechaais com avossa vontade. at l que as luzes atuais foram conduzidas. A individualidade sob omanto da hipocrisia filosfica, a filha da corrupo.

    Quem pode afirmar que o sol est em pleno meio dia, se nenhum raio luminosoalegra a terra e nenhum calor vivifica as plantas? Se a sabedoria no melhora os homens eo amor no os torna mais felizes, bem pouca coisa se fez ainda para o todo.

    Oh! se somente o homem natural ou o homem dos sentidos pudesse perceber que oprincipio de sua razo e o mbil de sua vontade, so somente a individualidade, e que poristo mesmo, ele devia ser extremamente miservel, procuraria um princpio mais elevado noseu interior, e aproximar-se-ia da nica fonte que pode saciar a todos, porque ela a"Sabedoria na sua prpria essncia".

    J.C. a Sabedoria, a Verdade e o Amor. Como Sabedoria Ele o princpio da razo,a fonte do conhecimento, a mais pura. Como Amor Ele o princpio da moralidade, o mbilessencial e puro da vontade.

    O Amor e a Sabedoria engendram o Esprito da Verdade, a luz interior, esta luzilumina em ns os objetos sobrenaturais e os torna objetivos.

    inconcebvel observar at que ponto o homem cai no erro quando ele abandona asverdades simples da f, e a elas ope a sua prpria opinio.

    Nosso sculo procura definir cerebralmente o princpio da razo e da moralidade, oudo mbil da vontade; se os senhores sbios estivessem atentos, veriam que estas coisas

    encontrariam melhor resposta no corao do homem, mais simples, que em todos os seusbrilhantes raciocnios.

    O cristo prtico encontra este mbil da vontade, princpio de toda imoralidade,objetiva e realmente no seu corao e este mbil se exprime na seguinte frmula:

    "Ama a Deus sobre todas as coisas e ao teu prximo como a ti mesmo".

    O amor de Deus e do prximo , o mbil da vontade do cristo; e a essncia doprprio amor Jesus Cristo em ns.

    Assim que o princpio da razo a sabedoria em ns; e, a essncia da sabedoria, asabedoria em sua substncia ainda J.C. - a Luz do Mundo. Assim encontramos nele oprincipio da razo e da moralidade.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    4/41

    Tudo o que eu digo aqui no , uma extravagncia hiperfsica, a realidade, averdade absoluta que cada um pode comprovar experimentalmente desde que recebe emsi o princpio da razo e da moralidade, J.C. como sendo a Sabedoria e o Amor essenciais.

    Mas a viso do homem dos sentidos profundamente inapta para captar a baseabsoluta de tudo aquilo que verdadeiro o transcendental. Mesmo a razo que nsqueremos elevar hoje sobre o trono como legisladora, to somente a razo dos sentidos,cuja luz difere da luz transcendental, como a fosforescncia do fogo-ftuo difere doesplendor do sol.

    A verdade absoluta no existe para o homem dos sentidos mas somente para ohomem interior e espiritual que possui um sensorium prprio; ou, para dizer maisprecisamente, que possui sentido interior para perceber a verdade absoluta do mundotranscendental; um sentido espiritual que percebe os objetos espirituais to naturalmenteem objetividade, como o sentido exterior percebe os objetos exteriores.

    Este sentido interior do homem espiritual, este sensorium de um mundo metafsicono , infelizmente ainda conhecido de todos, um mistrio do reino de Deus.

    A incredulidade atual para todas as coisas onde a razo dos nossos sentidos noencontra ponto de objetividade sensvel, a causa que nos faz desconhecer as verdades,as mais importantes para o homem.

    Mas, como poderia ser de outra forma? Para ver necessrio ter olhos; para ouvir,ouvidos. Todo objeto sensvel requer seu sentido. Assim que o objeto transcendentalrequer tambm seu sensorium, - e este mesmo sensorium est fechado para a maioria doshomens. Desta forma o homem dos sentidos julga o mundo metafsico como o cego julgaas cores, e como o surdo julga o som.

    Existe um princpio objetivo e substancial da razo e um mbil objetivo e substancialda vontade. Estes dois conjuntos formam o novo princpio da vida cuja imoralidade, essencialmente inerente. Esta substncia pura da razo e da vontade reunidas o divino eo humano em ns; J.-C. a Luz do mundo que deve entrar em relao direta conosco paraser realmente conhecida.

    Este conhecimento real a f viva onde tudo se passa em esprito e em verdade.

    Assim, deve existir necessariamente para essa comunicao um sensoriumorganizado e espiritual, um rgo espiritual e interior, susceptvel de receber essa luz, masque est fechado na maioria dos homens pela espessura dos sentidos.

    Esse rgo interior o sentido intuitivo do mundo transcendental, e antes que esse

    sentido de intuio seja aberto em ns, no podemos ter nenhuma certeza objetiva daverdade mais elevada. Este rgo foi fechado por conseqncia da queda, que atirou ohomem no mundo dos sentidos.

    A matria grosseira que envolve esse sensorium interior uma catarata, ou vu quecobre a viso interior, tornando a viso exterior inapta viso do mundo espiritual. Estamesma natureza ensurdece nosso ouvido interior, de maneira que no ouvimos mais ossons do mundo metafsico; ela paralisa nossa lngua interior, de maneira que ns nopodemos mais nem mesmo balbuciar as palavras de fora do esprito que pronuncivamosoutrora pelas quais ns governvamos a natureza exterior e os elementos.

    A abertura desse sensorium espiritual o mistrio do Novo Homem, o mistrio daRegenerao e da unio a mais ntimo do homem com Deus; a meta mais elevada dareligio aqui em baixo, desta religio cuja finalidade mais sublime de unir os homens aDeus em Esprito e Verdade.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    5/41

    Podemos facilmente perceber por meio disto, porque a religio tende sempre sujeio do homem material. Ela age assim porque quer tornar o homem espiritualdominante, afim de que o homem espiritual ou verdadeiramente racional governe o homemdos sentidos.

    O filsofo sente tambm esta verdade; seu erro somente consiste em no conhecer oVerdadeiro princpio da razo e querer colocar em seu lugar a sua individualidade, suarazo dos sentidos.

    Como o homem possui em seu interior um rgo espiritual e um sensorium parareceber o principio real da razo ou a Sabedoria divina, e o mbil real da vontade, ou oAmor divino, ele possui tambm no seu exterior, um sensorium fsico e material parareceber a aparncia da, luz e da verdade. Como a natureza exterior no possui a verdadeabsoluta, mas somente a verdade relativa do mundo fenomenal, assim tambm a razohumana no pode mais adquirir verdades inteligveis, mas somente a aparncia dofenmeno que apenas excita nela, para mbil de sua vontade, a concupiscncia, no queconsiste a corrupo do homem sensorial e a degradao da natureza.

    O sensorium externo do homem composto de matria corruptvel, enquanto que o

    sensorium interior tem por substrato fundamental, substncia incorruptvel, transcendental emetafsica.

    O primeiro causa de nossa depravao e nossa mortalidade; o segundo oprincpio de nossa incorruptibilidade e imortalidade.

    Nos domnios da natureza material e corruptvel, a mortalidade esconde aimortalidade e a causa de nosso estado miservel a matria corruptvel e perecvel. Paraque o homem seja libertado desta angstia, necessrio que o princpio imortal eincorruptvel que est em seu ntimo se exteriorize e absorva o princpio corruptvel, a fimde que o invlucro dos sentidos seja destrudo e que o homem possa aparecer na suapureza original.

    Este invlucro da natureza sensvel uma substncia essencialmente corruptvel, quese encontra em nosso sangue, forma as ligaes da carne e escraviza nosso espritoimortal a essa carne mortal.

    possvel romper mais ou menos esse envoltrio em cada homem e emconseqncia conceder a seu esprito, uma liberdade mais ampla, para que ele chegue aum conhecimento mais preciso do mundo transcendental.

    H trs graus sucessivos de abertura em nosso sensorium espiritual.

    O primeiro apenas nos eleva ao plano moral e o mundo transcendental, a age emns por impulsos interiores, chamados inspiraes.

    O segundo grau, mais elevado, abre nosso sensorium para a recepo do espiritual edo intelectual, e o mundo metafsico age em ns por iluminaes interiores.

    O terceiro mais alto grau - o mais raramente alcanado - desperta o homem interiorpor completo. Ele nos revela o Reino do Esprito e nos torna susceptveis de experimentarobjetivamente as realidades metafsicas e transcendentais; da todas as vises soexplicadas fundamentalmente. Assim sendo, ns temos no interior, o sentido e aobjetividade, como no exterior. Somente os objetos e os sentidos so diferentes. Noexterior, existe o mbil animal e sensual que age sobre ns, e a matria corruptvel dossentidos sofre a ao. No interior, a substncia indivisvel e metafsica que se introduz emns, e o ser incorruptvel e imortal do nosso esprito recebe suas influncias. Mas, em geral,

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    6/41

    no interior, as coisas se passam to naturalmente como no exterior; a lei por toda parte amesma.

    Portanto, como o esprito, ou nosso homem interior tem um senso completamentediferente e uma outra objetividade do homem natural, no devemos de maneira algumasurpreender-nos que ele fique um enigma para os sbios do nosso sculo, que noconhecem estes sentidos, e no tiveram jamais a percepo objetiva domundo transcendental e espiritual. Eis a porque eles medem o sobrenatural com a medidados sentidos, confundem a matria corruptvel com a substncia incorruptvel, e seusjulgamentos so necessariamente falsos sobre um assunto para a percepo do qual elesno possuem nem sentidos nem objetividade, e, por conseguinte, nem verdade relativanem verdade absoluta. No que concerne as verdades que anunciamos aqui, temos queagradecer infinitamente filosofia de Kant.

    Kant incontestavelmente provou que a razo em seu estado natural, no sabeabsolutamente nada do sobrenatural, do espiritual e do transcendental, e que ela nadapode conhecer, nem analiticamente, nem sinteticamente, e que assim sendo, ela no podeprovar nem a possibilidade nem a realidade dos espritas, das almas e de Deus.

    Isto uma grande verdade, elevada e benfica para os nossos tempos; verdadeque So Paulo j a havia estabelecido (primeira epstola aos Corntios Cap. I, V. 2-24); masa filosofia pag dos sbios cristos soube ignor-la at Kant.

    O benefcio desta, verdade duplo. Primeiramente ela pe limites intransponveis aosentimento, ao fanatismo e extravagncia da razo carnal.

    Em seguida pe na mais resplandecente luz a necessidade e a divindade daRevelao. O que prova que a nossa razo humana, em seu estado obtuso no temnenhuma fonte objetiva para o sobrenatural sem a revelao; nenhuma fonte para instruir-se de Deus, do mundo espiritual, da alma e da sua imortalidade; de onde se segue queseria absolutamente impossvel sem revelao, saber ou conjeturar nada sobre essascoisas.

    Por isto ns somos devedores a Kant por ter provado nos nossos dias aos filsofos,corno j o havia sido desde muito tempo em escola mais elevada da comunidade da Luz,que "SEM REVELAO, NENHUM CONHECIMENTO DE DEUS E NENHUMA DOUTRINASOBRE A ALMA SERIAM POSSVEIS".

    Por onde, claro que uma revelao universal deve servir de base fundamental atodas as religies de mundo.

    Assim, segundo Kant est provado que o mundo inteligvel inteiramente inacessvel

    razo natural, e que Deus habita uma luz na qual nenhuma especulao da razolimitada pode penetrar.

    Desta forma o homem dos sentidos ou homem natural no tem nenhuma objetividadedo transcendental; da, revelao de verdades mais elevadas lhe necessria e por istotambm a f na revelao, porque a f lhe d os meios de abrir seu sensorium interior, peloqual as verdades inacessveis ao homem natural lhe podem ser perceptveis.

    perfeitamente plausvel que com os novos sentidos possamos adquirir novasrealidades. Estas realidades existem j, mas ns no as distinguimos porque nos falta orgo da receptividade.

    assim que, embora as cores existam, o cego no as v; o som tambm existe, maso surdo no o escuta. No devemos procurar a falta no objeto perceptvel mas no rgoreceptor.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    7/41

    Com o desenvolvimento de um novo rgo ns temos uma nova percepo, novasobjetividades.

    O mundo espiritual no existe para ns porque o rgo que o torna objetivo em nsno est desenvolvido. Com o desenvolvimento deste novo rgo, a cortina levanta-seimediatamente, o vu impenetrvel at o momento, rasgado, a nuvem frente dosanturio dissipada, um novo mundo surge num relance para ns; as vendas tombam dosolhos e ns somos, no mesmo instante, transportados da legio dos fenmenos para a daverdade.

    S Deus Substncia, Verdade absoluta, Ele s aquele que , e ns somos aquiloque Ele nos fez.

    Para Ele, tudo existe na unidade; para ns, tudo existe na multiplicidade.

    Muitos homens no tm a menor idia deste despertar do sensorium interior comotambm no a tm para o "objeto" verdadeiro e interior da "Vida do Esprito", que noconhecem; nem sequer pressentem de nenhuma maneira.

    Da, ser-lhes impossvel saber que se pode perceber o espiritual e o transcendental eque se pode ser levado ao sobrenatural at viso.

    A verdadeira edificao do templo consiste unicamente em destruir a miservelcabana admica e construir a templo da divindade; isto , em outros termos, desenvolverem ns o sensorium interior ou rgo que recebe Deus; depois deste desenvolvimento, oprincipio metafsico e incorruptvel reina sobre o princpio terrestre e o homem comea aviver, no mais no princpio do amor prprio, mas no Esprito e na Verdade de que ele otemplo.

    A lei moral passa ento a ser amor ao prximo e, o mais puro, enquanto que, ela no para o homem natural exterior dos sentidos, seno uma simples forma de pensamento; eo homem espiritual regenerado no esprito, v tudo no ser, do qual o homem natural temsomente formas vazias do pensamento, o som vazio, os smbolos e a letra, que so todosimagens mortas, sem o esprito interior.

    O fim mais elevado da religio a unio a mais ntima do homem com Deus, e estaunio j possvel mesmo aqui em baixo, mas ela no o seno pela abertura de nossosensorium interior e espiritual que torna nosso corao susceptvel de receber Deus.

    A esto os grandes mistrios dos quais a nossa filosofia no duvida, e cuja chaveno pode ser encontrada entre os sbios de escola.

    Contudo sempre existiu uma escola mais elevada, qual este depsito de todacincia foi confiado, e esta escola era a comunidade interior e luminosa do Senhor, asociedade dos Eleitos que se propagou, sem interrupo, desde o primeiro dia da criaoat aos tempos presentes; seus membros, verdade, esto dispersas pelo mundo, maseles estiveram sempre unidos por um esprito e por urna verdade, e no tiveram jamaisseno um s conhecimento, uma nica fonte de verdade, um senhor, um doutor e ummestre, em que reside substancialmente a plenitude Universal de Deus, e que os iniciou,Ele s, nos mistrios elevados da natureza e do Mundo Espiritual.

    Esta comunidade da luz foi denominada em todos os tempos a Igreja invisvel einterior, ou a comunidade, a mais antiga, da qual ns vos falaremos mais detalhadamentena prxima carta

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    8/41

    SEGUNDA CARTA

    necessrio, meus carssimos irmo no Senhor, dar-vos uma idia pura da Igrejainterior, desta "Comunidade Luminosa de Deus", que est dispersada atravs do mundo;mas que governada pela verdade e unida pelo esprito.

    Esta comunidade da luz existe desde o primeiro dia da criao do mundo, e suaexistncia permanecer at o ltimo dia dos tempos.

    Ela a sociedade dos eleitos que distinguem a luz nas trevas, separando-a em suaessncia.

    Esta comunidade da luz possui uma escola na qual o prprio Esprito de Sabedoriainstrui queles que tm sede de luz; e todos os mistrios de Deus e da natureza soconservados nesta escola pelos filhos da luz. O conhecimento perfeito de Deus, danatureza e da humanidade, so os objetos do ensinamento desta escola. dela que todasas verdades vm ao mundo; ela foi a escola dos profetas e de todos aqueles que procuram

    a sabedoria; e somente nesta comunidade que se encontra a verdade e a explicao detodos os mistrios. Ela a comunidade mais ntima e possui membros de todo o universo,eis as idias que se podem ter dela. Em todos os tempos, o exterior tinha por base uminterior do qual no era mais do que a expresso e o plano.

    Assim que, em todas as eras, existiu uma assemblia ntima, a sociedade doseleitos, a sociedade daqueles mais capazes para a luz e que a procuravam; esta sociedadentima era chamada o Santurio interior ou a Igreja interior.

    Todos os smbolos, cerimnias e ritos que possui a Igreja exterior, correspondem letra da qual o esprito e a verdade se acham na Igreja interior.

    Portanto, a Igreja interior uma sociedade cujos membros esto espalhados por todoo mundo, mas ligados intimamente pelo esprito do amor e da verdade, ocupada sempre naconstruo do grande templo para a regenerao da humanidade, pela qual o reino deDeus h de se manifestar. Esta sociedade reside na comunho daqueles que esto maisaptos para receber a luz, ou dos eleitos.

    Estes eleitos esto unidos pelo esprito e a verdade e o seu chefe a prpria Luz doMundo, Jesus Cristo, o eleito da luz, o mediador nico da espcie humana, o Caminho, aVerdade e a Vida; a luz primitiva, a sabedoria, o nico "meio" pelo qual os homens podemretornar a Deus.

    A Igreja interior nasceu logo aps a queda do homem e recebeu de Deus,imediatamente, a revelao dos meios pelos quais a espcie humana cada seriareintegrada na sua dignidade, e libertada de sua misria. Ela recebeu o depsito primitivode todas as revelaes e mistrios; ela recebeu a chave da verdadeira cincia, tanto divinacomo natural.

    Mas quando os homens se multiplicaram, a fragilidade e fraqueza inerentes a espcieimpuseram um culto exterior para ocultar a sociedade interior e encobrir pela letra o espritoe a verdade. Porque a coletividade, a multido, o povo, no eram capazes de compreenderos grandes mistrios interiores e constituiria um perigo demasiado grande confiar o maissanto aos incapazes, encobriram as verdades interiores nas cerimnias exteriores esensveis, para que o homem, pelo sensvel e o exterior que o smbolo do interior, setornasse gradativamente capaz de aproximar-se mais das verdades internas do esprito.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    9/41

    Mas a essncia sempre foi confiada quele que, no seu tempo, tinha mais aptidespara receber a luz; e somente esse era o possuidor do depsito primitivo como Sumosacerdote do Santurio.

    Quando se tornou necessrio que as verdades interiores fossem simbolizadas nascerimnias exteriores, por causa da fraqueza dos homens que no eram capazes desuportar a vista da luz, o culto, exterior nasceu, mas ele foi sempre o tipo e o smbolo dointerior, quer dizer, o smbolo da verdadeira homenagem feita a Deus em esprito everdade".

    A diferena entre o homem espiritual e o homem animal, ou entre o homem racional eo homem dos sentidos, obrigou as formas exterior e interior.

    As verdades internas ou espirituais manifestaram-se envoltas em smbolos ecerimnias, para que o, homem animal ou dos sentidos pudesse despertar e ser conduzidopouco a pouco, s verdades interiores.

    Portanto, o culto exterior uma representao simblica das verdades interiores, dasverdadeiras relaes do homem com Deus antes e aps a queda, no estado de sua

    dignidade, de sua reconciliao e de sua mais perfeita unio. Todos os smbolos do cultoexterior esto construdos sobre estas trs relaes fundamentais.

    O cuidado do exterior era a ocupao dos sacerdotes, e cada pai de famlia estava,nos tempos primitivos, encarregado deste ofcio. As primcias dos frutos e as primeiras criasdos animais eram oferecidas a Deus; os primeiros simbolizando que tudo o que nosalimenta e nos conserva vem Dele; e os segundos simbolizando que o homem animal devemorrer para dar lugar ao homem espiritual e racional.

    A adorao exterior de Deus no deveria jamais separar-se da adorao interior; mascomo a fraqueza do homem leva-o facilmente a esquecer o esprito para agarrar-se letra,o Esprito de Deus despertou sempre, entre todas as naes, naqueles que tinham asaptides necessrias para a luz, e serviu-se deles, como seus agentes, para espalhar portodo o mundo a verdade e a luz, segundo a capacidade dos homens a fim de vivificar aletra morta pelo esprito e a verdade.

    Por estes instrumentos divinos, as verdades interiores do santurio eram levadas snaes mais longnquas, e modificadas simbolicamente, segundo os hbitos, capacidadede cultura, clima e receptividade.

    De maneira que os tipos exteriores de todas as religies, seus cultos, suas cerimniase seus livros santos, em geral, tm quase claramente por objeto as verdades interiores dosanturio, pelas quais a humanidade ser conduzida somente no devido tempo,

    universalidade do conhecimento da verdade nica.

    Quanto mais o culto exterior de um povo permaneceu unido ao esprito das verdadesinteriores, mais a sua religio foi pura; quanto mais a letra simblica se separou do espritointerior, mais a religio se tornou imperfeita, at a ponto de degenerar entre alguns, empolitesmo, quando a letra exterior perdeu completamente seu esprito interior e no restoumais de que o cerimonial exterior sem alma e sem vida.

    Quando os germens das verdades mais importantes puderam ser levados aos povospelos agentes de Deus, Ele escolheu um povo determinado para erigir um smbolo vivo,destinado a mostrar como Ele queria governar toda a espcie humana em seu estado atual,e conduzi-la sua mais alta purificao e perfeio.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    10/41

    Deus prprio deu a seu povo a sua legislao exterior religiosa; e, como signo de suaverdade, entregou-lhe todos os smbolos e todas as cerimnias que continham a essnciadas verdades interiores e grandiosas do santurio.

    Deus consagrou essa igreja exterior em Abrao, deu-lhe os mandamentos porMoiss, e assegurou-lhe sua mais alta perfeio pela dupla misso de Jesus Cristo, noprincpio, vivendo pessoalmente na pobreza e no sofrimento, e depois pela comunho deseu esprito na glria do ressuscitado.

    Mas, como o prprio Deus deu os fundamentos da Igreja exterior, a totalidade dossmbolos do culto exterior formou a cincia do templo, ou dos sacerdotes daqueles tempos,e, todos os mistrios das verdades mais santas e interiores tornaram-se exteriores pelarevelao.

    O conhecimento cientfico deste simbolismo santo, era a cincia de religar Deus aohomem cado, e da a religio recebeu seu nome como sendo a doutrina que liga o homem,separado e afastado de Deus, a Deus que sua origem.

    V-se facilmente por esta idia pura do nome religio em geral, que a unidade da

    religio est no santurio ntimo, e que a multiplicidade das religies exteriores no podejamais alterar nem enfraquecer esta unidade que a base de todo exterior.

    A sabedoria do templo da antiga aliana era governada pelos sacerdotes e pelosprofetas.

    O exterior, a letra do smbolo, o hierglifo; eram confiados aos sacerdotes.

    Os profetas tinham a seu cuidado o interior, o esprito e a verdade, e sua funo era ade conduzir sempre os sacerdotes da letra ao esprito, quando lhes acontecia esquecer oesprito e agarrar-se letra.

    A cincia dos sacerdotes era a do conhecimento dos smbolos exteriores.

    A cincia dos profetas era a posse prtica do esprito e da verdade destes smbolos.No exterior a letra; no interior o esprito vivificante.

    Existia tambm, na antiga aliana, uma escola de sacerdotes e uma escola deprofetas.

    A dos sacerdotes ocupava-se dos emblemas e a dos profetas das verdades queestavam encerradas sob os emblemas. Os sacerdotes estavam de posse exterior da Arca,dos pes da proposio, do candelabro, do man, da vara de Aaro, e os profetas estavam

    de posse das verdades interiores e espirituais que eram representadas exteriormente pelossmbolos dos quais vimos falar.

    A Igreja exterior da antiga aliana era visvel; a Igreja interior era sempre invisvel,devia ser invisvel, e entretanto governar tudo, porque somente a ela estavam confiados opoder e a fora.

    Quando o culto exterior abandonava o interior, caia, e Deus provava por umacontinuidade das mais notveis ocorrncias, que a letra no pode subsistir sem o esprito;que ela somente dada para conduzir ao esprito, tornando-se intil e mesmo rejeitada deDeus, se abandona sua finalidade.

    Assim como o esprito da natureza se espalha nas profundezas mais estreis paravivificar, para conservar e para dar desenvolvimento a tudo que lhe susceptvel, assim

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    11/41

    tambm o esprito da luz se espalha no interior de todas as naes, para animarcompletamente a letra morta pelo esprito vivo.

    assim que encontramos um J entre os idlatras, um Melquisedeck entre as naesestrangeiras, um Jos entre os sacerdotes egpcios, e Moiss no pas de Madian, comoprova palpvel de que a comunidade interior daqueles que so capazes de receber a luz,estava unida pelo esprito e pela verdade em todos os tempos e entre todas as naes.

    A todos esses agentes de luz da comunidade interior e nica, uniu-se o maisimportante de todos os agentes, o prprio Jesus Cristo, no meio do tempo como um rei-sacerdote; segundo a ordem de Melquisedeck,

    Os agentes divinos da antiga aliana no representaram seno as perfeiesparticulares de Deus; no decorrer dos tempos uma ao poderosa devia produzir-se quemostrasse de uma s vez o todo em Um. Um tipo universal apareceu acentuando acompleta unidade, abrindo uma nova porta e destruindo a numerosa servido humana. A leido amor comeou quando a imagem emanada da prpria Sabedoria mostrou ao homemtoda grandeza de seu ser, revigorou-o de todas as foras, assegurou-lhe sua imortalidade eelevou seu ser intelectual para tornar-se o verdadeiro templo do Esprito.

    Este agente maior de todos, este Salvador do mundo, este regenerador universalfixou toda a sua ateno sobre esta verdade primitiva, pela qual o homem pde conservarsua existncia e recobrar a dignidade que possua.

    Em suas humilhaes implantou a base da redeno dos homens e prometeu cumpri-la completamente por seu esprito. Ele mostrou tambm num perfeito esboo aos seusapstolos tudo o que devia se passar um dia com seus eleitos.

    Ele continuou a cadeia da comunidade interior da luz, entre seus eleitos, aos quaisenviou o Esprito da Verdade, e confiou-lhes o depsito primitivo mais elevado de todas, asverdades divinas e naturais, em sinal de que eles no abandonariam jamais suacomunidade interior.

    Quando a letra e o culto simblico da Igreja exterior da antiga aliana, passaram emverdade pela encarnao do Salvador, e foram atestados em sua pessoa, novos smbolosse tornaram necessrios para o exterior, que mostrassem segundo a letra, a realizaofutura ou integral da redeno.

    Os smbolos e os ritos da igreja exterior Crist foram dispostos segundo estasverdades invariveis e fundamentais, e anunciaram coisas de uma fora e importncia queno se podem descrever, nem foram reveladas queles que conheciam o santurio intimo.

    Este santurio interior permaneceu sempre invarivel, ainda que o exterior da religio,ou seja, a letra recebesse no decorrer do tempo e circunstncias, diferentes modificaes,e se afastasse das verdades interiores, que so as que podem conservar o exterior ou aletra.

    O pensamento profano de querer atualizar tudo o que cristo, e de querercristianizar tudo o que poltico, modificou o edifcio exterior, e cobriu com as trevas e amorte o que estava no interior, a luz e a vida. Da nasceram as divises e as heresias: oesprito sofstico queria explicar a letra embora j tivesse perdido o esprito da verdade.

    A incredulidade levou a corrupo ao mais elevado grau; at se procurou atacar oedifcio do cristianismo em suas primitivas bases, confundindo o interior santo, com oexterior que estava sujeito s fraquezas e ignorncia dos homens frgeis.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    12/41

    Assim nasceu o desmo, que engendrou o materialismo e viu como uma fantasia todaunio do homem com as foras superiores; e por fim nasceu, parte pelo entendimento eparte pelo corao, o atesmo, ltimo grau de decadncia do homem.

    No meio de tudo isto, a verdade permaneceu sempre inquebrantvel no interior dosanturio.

    Fiis ao Esprito da verdade que prometeu jamais abandonar a sua comunidade; osmembros da Igreja interior viveram em silncio e em atividade real e uniram a cincia dotemplo da primitiva aliana ao esprito do Grande Salvador dos homens, a esprito daaliana interior, esperando humildemente o grande momento no qual o Senhor os chamar,e reunir sua comunidade para dar a toda letra morta a fora exterior e a vida.

    Esta comunidade interior da luz o conjunto de todos aqueles que esto capacitadospara receber a luz dos eleitos, e conhecida sob o nome de "Comunho dos santos". Odepsito primitivo de todas as foras e de todas as verdades foi confiado em todos ostempos a esta comunidade da luz; que s ela, como disse So Paulo, estava de posse dacincia dos Santos. Por ela os agentes de Deus foram formados em cada poca, passaramcio interior, ao exterior, e comunicaram o esprito e a vida letra morta, como j dissemos

    anteriormente.

    Esta comunidade da luz foi em todos os tempos a verdadeira escola do Esprito deDeus; e, considerada como escola, tem sua Ctedra, seu Doutor; possui um livro no qualseus discpulos estudam as formas e os objetos dos ensinamentos, e finalmente ummtodo de estudo.

    Ela tem, tambm, seus graus pelos quais o esprito pode desenvolver-sesucessivamente e elevar-se sempre cada vez mais.

    O primeiro grau, o menor, consiste no bem moral pelo qual a vontade simples,subordinada a Deus, conduzida ao bem pelo mbil puro da vontade, quer dizer, JesusCristo, que ela recebeu pela f. Os meios dos quais o esprito desta escola se serve sochamados inspiraes.

    O segundo grau consiste no assentimento intelectual, pelo qual a compreenso dohomem de bem que est unido a Deus, coroada com a sabedoria e a luz doconhecimento; e os meios pelos quais o esprito se serve para este grau so chamadosiluminaes interiores.

    O terceiro grau enfim, e o mais elevado, o completo despertar do nosso sensoriuminterno, pelo qual o homem interior alcana a viso objetiva das verdades metafsicas ereais. Este o grau mais elevado onde a f se transforma em vises claras e os meios

    pelos quais o esprito se serve para isso so as vises reais.

    Eis os trs graus da verdadeira escola de sabedoria interior, da comunidade interiorda luz. O mesmo esprito que aperfeioa os homens para esta comunidade, distribuitambm os graus, pela coao do prprio candidato, devidamente preparado.

    Esta escola da sabedoria foi em todos os tempos, a mais secreta e a mais oculta domundo, porque ela estava invisvel e submissa unicamente direo divina.

    Ela no esteve jamais exposta aos acidentes do tempo nem s fraquezas doshomens. Porque nela no houve em todos os tempos seno os mais capazes que foramescolhidos pelas suas qualidades, e o Esprito que os escolheu no podia errar.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    13/41

    Nessa escola se desenvolveram os germens de todas as cincias sublimes que foramprimeiramente recebidas pelas escolas exteriores, e, a revestiram-se de outras formasverdadeiras algumas vezes tornadas disformes.

    Esta sociedade interior de sbios comunicou, segundo o tempo e as circunstncias,s sociedades exteriores, seus hierglifos simblicos para tornar o homem exterior atentos grandes verdades do interior.

    Porm todas as sociedades exteriores s subsistem enquanto esta sociedade interiorlhes comunica seu esprito. No momento em que as sociedades exteriores queriamemancipar-se da sociedade interior e transformar o templo de sabedoria em um edifciopoltico, a sociedade interior retirava-se e nelas ficava somente a letra sem o esprito.

    Assim que todas as escolas exteriores secretas da sabedoria foram somente vushieroglficos, a verdade mesma permaneceu sempre no santurio para que no pudesseser jamais profanada.

    Nesta sociedade interior o homem encontra a sabedoria, e com ela tudo; no asabedoria do mundo que no seno um conhecimento cientfico rodeando o invlucro

    exterior, sem jamais tocar o centro onde residem todas as foras; mas a verdadeirasabedoria, assim como os homens que a ela obedecem.

    Todas as disputas, todas as controvrsias, todos os objetos da falsa prudncia domundo, todos os idiomas estrangeiros, as vs dissertaes, os germens inteis dasopinies que propagam a semente da desunio, todos os erros, os cismas e os sistemas,dela esto banidos. No se encontra ali nem calnias nem maledicncias; todo homem honrado. A stira, o esprito que gosta de se divertir a custa do prximo, so alidesconhecidos, e somente se conhece o amor.

    A calnia, este monstro no levanta jamais entre os amigos da sabedoria, sua cabeade serpente, o respeito mtuo ali observado rigorosamente; ali no se nota as faltas doprximo nem se lhe fazem criticas sobre defeitos. Caridosamente, conduz-se o viajante aocaminho da verdade, procura-se persuadir, tocar o corao que est em erro, deixando apunio do pecado a clarividncia do Mestre da Luz. Alivia-se a necessidade, protege-se afraqueza, rejubila-se da elevao e da dignidade que o homem adquire.

    A felicidade que o dom do destino no eleva ningum sobre o prximo; somente seconsidera feliz aquele ao qual se apresenta a ocasio de fazer o bem a seu prximo, etodos estes homens, que um esprito de verdade une, formam a Igreja invisvel, asociedade do Reino interior sob um chefe nico que Deus.

    No se deve imaginar que esta comunidade representa qualquer sociedade secreta

    que se rene em certos tempos, escolhendo seus chefes e membros e propondo-se adeterminados fins. Todas as sociedades, quaisquer que sejam no vm seno depois destacomunidade interior da sabedoria; ela no conhece quaisquer formalidades que so a obrados homens. No reino das foras todas as formas exteriores desaparecem.

    O Prprio Deus o chefe sempre presente. O homem mais perfeito de seu tempo, oprimeiro chefe, no conhece por si mesmo todos os membros; mas no instante em quepara a finalidade de Deus se torna necessrio esse conhecimento, ele os encontracertamente no mundo para agir em direo a essa finalidade.

    Esta comunidade no tem absolutamente vus exteriores. Aquele que escolhidopara agir perante Deus o primeiro, apresenta-se aos outros sem presuno, e recebidopor eles sem inveja.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    14/41

    Se necessrio que verdadeiros membros se unam, eles se encontram e sereconhecem sem dvida alguma. No pode existir nenhum disfarce, e nenhum grmen dehipocrisia ou dissimulao sobre os traos caractersticos desta comunidade, porque sofora do comum. So arrancadas a mscara e a iluso, e tudo aparece em sua verdadeiraforma.

    Nenhum membro pode escolher um outro; o consentimento de todos requerido.Todos os homens so chamados; os chamados podem ser escolhidos, se eles se tornaremaptos para a entrada.

    Cada qual pode procurar a entrada, e todo homem que est no interior pode ensinarao outro a procurar a entrada. Mas enquanto no se estiver preparado no se alcana ointerior.

    Homens no preparados ocasionariam desordens na comunidade, e a desordem no compatvel com o interior. Este interior expulsa tudo aquilo que no homogneo.

    A Prudncia do mundo espreita em vo este Santurio interior; em vo a malciaprocura penetrar os grandes mistrios que a esto ocultos; tudo hierglifo indecifrvel

    para aquele que no est prepara do; nada pode ver nem ler no interior.

    Aquele que j est preparado junta-se corrente, muitas vezes l onde menospensava e a um elo do qual nem supunha a existncia.

    Procurar alcanar a maturidade deve ser o esforo daquele que ama a sabedoria.

    Nesta comunidade santa est o depsito original das cincias mais antigas do gnerohumano com os mistrios primordiais de todas as cincias e tcnicas conduzindo maturidade.

    Ela a nica e verdadeira comunidade da Luz em possesso da chave de todos osmistrios e conhecendo o ntimo da natureza e da criao. Ela une as suas foras s forassuperiores e compem-se de membros de mais de um mundo. Estes formam uma repblicaque ser um dia a me regente do universo inteiro

    A TERCEIRA CARTA

    A verdade que se encontra no mais ntimo dos mistrios, semelhante ao Sol; s permitido ao olhar da guia (a alma do homem capaz de receber a luz), fix-lo. A viso deoutro qualquer mortal ofuscada e a penumbra o envolve na prpria luz.

    Jamais a sublime "qualquer coisa" que est no mais ntimo dos santas mistrios seocultou ao olhar da guia, daquele que capaz de receber a luz.

    Deus e a natureza no tm mistrios para seus filhos. O mistrio existe somente nafraqueza do nosso ser, incapaz de suportar a luz, e ainda sem preparo para vislumbrar emtoda sua pureza a verdade nua.

    Esta fraqueza a nuvem que cobre o santurio; o vu que oculta o Santo dos Santos.

    Mas para que o homem pudesse recuperar a luz, a fora e dignidade perdidas, adivindade amante abaixou-se fraqueza de suas criaturas e escreveu as verdades e osmistrios interiores e eternos, no exterior das coisas, a fim de que o homem pudesse

    elevar-se por elas at o esprito.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    15/41

    Estes textos so as cerimnias ou o exterior da religio, que conduz ao espritointerior de unio com Deus, ativo e cheio de vida.

    Os hierglifos dos mistrios so tambm partes destes textos; eles so os esquemase os desenhos das verdades interiores e santas, que cobre o vu estendido sobre oSanturio.

    A religio e os mistrios se unem para conduzir todos os nossos irmos a umaverdade, ambos tm por finalidade uma transposio, uma renovao de nosso ser. Osdois tm por fim a reedificao de um templo no qual a sabedoria habite com o amor, Deuscom o homem. Mas a religio e os mistrios seriam fenmenos inteiramente inteis, se aDivindade no lhes houvesse dado os meios efetivos para alcanar seus grandes fins.

    Ora, estes meios sempre tm estado no Santurio o mais interno; os Mistrios estodestinados a construir um templo Religio, e a Religio est destinada a reunir nele oshomens com Deus.

    Tal a grandeza da religio e esta tem sido a alta dignidade dos mistrios de todosos tempos.

    Seria ultrajante para vs, irmos intimamente amados, se pudssemos pensar queno tivsseis jamais contemplado os santos mistrios em seu verdadeiro ponto de vista,que os representa como o nico meio de conservar na sua pureza e sua integridade, adoutrina das verdades importantes sobre Deus, a natureza e o homem; esta doutrinaestava encerrada na santa linguagem dos smbolos e as verdades que ela continha, tendosido traduzidas pouco a pouco entre os profanos na sua linguagem comum, tornaram-secada vez mais obscuras e mais ininteligveis.

    Os mistrios, como sabeis, irmos carssimos, prometem coisas que sero sempre aherana de um pequeno nmero de homens; mistrios que no podem ser vendidos nemensinados publicamente, so segredos que s podem ser recebidos por um corao que seesfora para adquirir a sabedoria e o amor e aonde a sabedoria e o amor j tenham sidodespertados.

    Aquele no qual esta chama santa foi despertada, vive completamente feliz, contentecom tudo e sente-se livre at na escravido. Ele v a causa da corrupo humana e sabeque ela inevitvel. No odeia nenhum criminoso, deplora e procura levantar aquele quecai, chamando para si ao que se extraviou; no extingue o pavio que bruxuleia e demaneira alguma acaba de quebrar o canio envergado, porque ele sente que apesar detoda corrupo, nada existe corrompido em sua totalidade.

    Ele penetra num olhar firme a verdade de todos os sistemas religiosos em seus

    alicerces; ele conhece as origens da superstio e da incredulidade como sendo asmodificaes da verdade, que ainda no atingiram seu equilbrio.

    Estamos certos, dignos irmos, que considerais o homem mstico deste ponto devista e que no atribuis de modo algum, sua "arte real", aquilo que a atividade desregradade alguns indivduos isolados tenha feito dele.

    com estes princpios, que so inteiramente os nossos, que vs considerais areligio e os mistrios das santas escolas da sabedoria como irmos que, dando-se smos, tm velado pelo bem de todos os homens desde o seu nascimento.

    A religio se divide em uma religio exterior e uma interior. A religio exterior tem porobjeto o culto e as cerimnias, e a religio interior, a adorao em esprito e em verdade.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    16/41

    As escolas de sabedoria dividem-se tambm em escolas exteriores e interiores. Asescolas exteriores possuem a letra dos hierglifos, e as escolas interiores, o esprito e osentido.

    A religio exterior est ligada religio interior pelas cerimnias.

    As escolas exteriores dos mistrios ligam-se, pelos hierglifos com o interior.

    Mas aproximamo-nos agora dos tempos em que o esprito deve tornar a letra viva, anuvem que cobre o Santurio desaparecer, os hierglifos passaro viso real, aspalavras ao entendimento.

    Aproximamo-nos dos tempos em que ser rasgado o grande vu que cobre o Santodos Santos. Aquele que venera os santos mistrios no se far mais compreender porpalavras e sinais exteriores, mas pelo esprito das palavras e a verdade dos smbolos.

    Assim que a religio no ser mais um cerimonial exterior, mas os mistriosinteriores e santos transfiguraro o culto exterior a fim de preparar os homens adoraode Deus em esprito e em verdade.

    No tardar que a noite escura da linguagem das imagens desaparea, a luzengendrar o dia e a santa obscuridade dos mistrios se manifestar no esplendor, da maisalta verdade.

    Os caminhos da luz esto preparados para os eleitos e para aqueles que socapazes de por ele marcharem. A luz da natureza, a luz da razo e a luz da revelao seuniro.

    O trio da natureza, o templo da razo, e o santurio da revelao formaro um sTemplo. assim que o grande edifcio ser completamente concludo, edifcio que consiste

    na reunio do homem com a natureza e com Deus.O conhecimento perfeito de Deus, do homem e da natureza, sero as luzes que

    iluminaro os condutores da humanidade para reconduzir de todos os lados os homensseus irmos, das verdades obscuras dos preconceitos, razo pura, e dos recnditos daspaixes tumultuosas aos caminhos da paz e da virtude.

    A coroa daqueles que governam o mundo ser a razo pura, seu cetro, o amor ativo,e o Santurio lhes dar a uno e a fora para libertar o entendimento dos povos dospreconceitos e das trevas, seus coraes das paixes, do amor prprio do egosmo, esua existncia fsica da pobreza e da doena.

    Aproximamo-nos do reino da luz, do reino da sabedoria e do amor, de reino de Deusque a origem da luz; irmos da luz, existe somente uma religio cuja verdade simplesencontra-se dividida em todas as religies como ramos, para retornar da multiplicidade auma religio nica.

    Filhos da verdade, no h seno uma ordem, uma fraternidade, uma associao dehomens unidos para adquirir a luz. Deste centro, o mal-entendido fez surgir ordensinumerveis; todas voltaro da multiplicidade de opinies verdade nica e a verdadeiraassociao daqueles que so capazes de receber a luz ou a Comunidade dos Eleitos.

    Com esta medida deve-se medir todas as religies e todas as associaes dos

    homens.A multiplicidade est no cerimonial exterior, no interior a verdade uma s.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    17/41

    A causa da multiplicidade das confrarias est na multiplicidade de explicao dossmbolos segundo o tempo, as necessidades e as circunstncias. A verdadeira comunidadeda Luz no pode ser seno uma.

    Todo exterior um envoltrio que cobre o interior, assim que todo exterior tambm uma letra que se multiplica sempre, mas que no muda nem enfraquece jamais asimplicidade do esprito no interior.

    A letra era necessria, devamos encontr-la, comp-lo e aprender a decifr-la pararecobrar o sentido interior, o esprito.

    Todos os erros, todas as divises, todos os mal-entendidos, tudo o que nas religiese nas associaes secretas, d lugar a tantos erros, somente diz respeito letra; tudo issose relaciona somente com o vu exterior sobre o qual os hierglifos, as cerimnias e osritos so escritos; nada toca o interior, o esprito permanece intacto e santo.

    Presentemente os tempos de realizao para os que procuram a luz se aproximam.

    Aproxima-se o tempo em que o velho deve ser ligado ao novo, o exterior ao interior, o

    alto ao baixo, o corao razo, o homem a Deus, e esta poca est reservada presenteidade.

    No me pergunteis, irmos bem amados... por que na presente idade?

    Tudo tem seu tempo para os seres que vivem no tempo e no espao; assim que,so as leis invariveis da Sabedoria de Deus que coordenam tudo de acordo com aharmonia e a perfeio.

    Os eleitos deviam primeiramente trabalhar para adquirir a sabedoria e o amor at quefossem capazes de merecer o poder que a invarivel Divindade s poder dar queles que

    conhecem e queles que amam.Durante as trevas da noite espera-se a alvorada; depois o sol se levanta e atinge o

    meio dia onde toda sombra desaparece ante sua luz direta. No princpio a letra da verdadedevia existir, em seguida veio a explicao prtica, depois a prpria verdade e no foiseno aps ela que o Esprito de Verdade pode vir, o qual confirma a verdade e imprime oselo que autentica a luz.

    Aquele que est ao alcance da verdade nos entender.

    a vs, irmos intimamente amados, que vos esforais para adquirir a verdade, quehaveis conservado fielmente os hierglifos dos santos mistrios no vosso templo, para

    vos que se dirige o primeiro raio de luz, este raio penetra atravs das nuvens dos mistriospara anunciar o meio-dia e os tesouros que traz.

    No pergunteis "quem" so aqueles que vos escrevem; olhai o esprito e no a letra,a coisa e no as pessoas.

    Nenhum egosmo, nenhum orgulho ou mbil de baixos sentimentos reina em nossoincgnito. Conhecemos a finalidade do destino dos homens e a luz que nos ilumina guiatodas nossas aes.

    Somos especialmente chamados para vos escrever, irmos bem amados na luz; e o

    que d vida a nossa incumbncia, so as verdades que possumos e que voscomunicaremos ao menor indcio de acordo com a medida de capacidade de cada um.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    18/41

    A comunicao prpria luz, onde h receptividade e capacidade para ela, masno obriga ningum, e aguarda que queiram receb-la espontaneamente.

    Nosso desejo, nossa finalidade, nosso encargo vivificar por toda parte a letra mortae fazer retornar aos hierglifos o esprito vivo; e transformar o inativo em ativo, a morte emvida; no podemos realizar tudo isto por ns mesmos, mas pelo Esprito de Luz Daqueleque a Sabedoria, o Amor e a Luz do mundo, e deseja tornar-se tambm vosso esprito evossa luz.

    At o presente, o Santurio, o mais interno, foi separado do Templo, e o Temploassediado por aqueles que estavam no exterior; aproxima-se o tempo em que o Santuriointerior deve reunir-se ao Templo, para que, aqueles que nele se encontram, possam agirsobre os que esto nos trios, at que tudo se converta em um s templo.

    No nosso santurio, todos os mistrios do esprito e da verdade so conservadospuramente; ele no pode ser jamais violado pelos profanos, nem maculado pelos impuros.

    Este santurio invisvel como o uma fora que se conhece apenas pela prpriaao.

    Por esta curta descrio, caros irmos, podeis julgar quem somos e seria suprfluoassegurar-vos que no fazemos parte dessas cabeas inquietas que, no mundo profano,querem erigir um ideal de suas prprias fantasias. Tambm no pertencemos queles quedesejam representar grandes papis no mundo e prometem prodgios que eles prpriosno compreendem. To pouco pertencemos a essa classe de descontentes que desejariamvingar-se de sua categoria inferior, ou que tm por finalidade a sede de dominar, o gostodas aventuras e das coisas extravagantes.

    Podemos assegurar-vos que no pertencemos a nenhuma outra seita e nenhumaoutra associao, que a grande e verdadeira associao de todos aqueles que so capazesde receber a luz, e, nenhuma parcialidade, qualquer que seja ela, terminando por "us" oupor er no tem a menor influncia sobre ns.

    Tambm no pertencemos queles que se julgam no direito de subjugar tudosegundo seus planos e tm a arrogncia de querer reformar todas as sociedades; podemosassegurar-vos com fidelidade que conhecemos exatamente o mais ntimo da Religio e dosSantos Mistrios; e que tambm possumos realmente aquilo que sempre conjeturou-seestar na profundidade interna do ser, e que esta mesma posse nos d a fora delegitimarmos nosso encargo, e de comunicar por toda parte, ao hierglifo, letra morta, oesprito e a vida.

    Os tesouros de, nosso santurio so grandes; ns possumos o sentido e o esprito

    de todos os hierglifos e de todas as cerimnias que existiram desde o dia da Criao atos nossos tempos; e as verdades, as mais internas, de todos os Livros Sagrados, com asrazes dos ritos dos mais antigos povos.

    Possumos uma luz que nos unge e pela qual percebemos o mais oculto e o maisinterior da natureza.

    Possumos um fogo que nos alimenta e nos d a fora para agir sobre tudo aquilo queest na natureza. Possumos uma "Chave para abrir" as portas dos mistrios, e uma "chavepara fechar" o laboratrio da natureza.

    Possumos o conhecimento de um elo para nos ligar aos mundos superiores etransmitir-nos suas linguagens.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    19/41

    Todo o maravilhoso da natureza est subordinado ao poder de nossa vontade emunio com a Divindade.

    Possumos a cincia que interroga a prpria natureza, onde no existe o erro, massomente a verdade e a luz.

    Na nossa escola, tudo pode ser ensinado; pois nosso mestre a prpria Luz e o seuEsprito. A plenitude de nosso saber o conhecimento da correspondncia do mundodivino cora o mundo espiritual, deste com a mundo elemental, e, do inundo elemental como mundo material.

    Por estes conhecimentos estamos em condies de coordenar os espritos danatureza e o corao do homem.

    Nossas cincias so a herana prometida aos Eleitos ou queles que so capazes dereceber a luz e a prtica de nossa cincia a plenitude da Divina Aliana com os filhos doshomens.

    Poderamos vos contar, queridos irmos, coisas maravilhosas que esto ocultas no

    tesouro do Santurio, coisas tais que vos deixariam admirados e fora de vs mesmos;poderamos vos falar de coisas de cuja concepo, o filsofo, pensando o maisprofundamente possvel, est to afastado como a terra do sol, e das quais estamos toprximos, como o est o ser mais interior de todos da luz mais profunda.

    Mas a nossa inteno no de excitar vossa curiosidade; a nica persuaso interior ea sede do bem dos nossos irmos deve impelir aquele que capaz de receber a luz nafonte, onde sua sede de sabedoria pode ser aplacada e a fome de amor saciada.

    A sabedoria e o amor habitam no nosso ntimo, l no reina nenhumconstrangimento; a verdade de suas incitaes o nosso poder mgico.

    Podemos assegurar que tesouros de um valor infinito esto nos mistrios maisntimos; asseguramos, tambm que tal simplicidade os envolve, que permanecero sempreinacessveis ao sbio orgulhoso, e ainda que tais tesouros, cuja procura traz a muitosprofanos inquietao e loucura, so e permanecero para ns a verdadeira sabedoria.

    Bnos para vs meus irmos, se sentis estas grandes verdades. A recuperao do"Trplice Verbo" e de sua fora ser vossa recompensa. Vossa felicidade ser a de ter afora de contribuir a reconciliar os homens com os homens, a natureza e Deus; aquele que o verdadeiro trabalho de todo obreiro que no rejeitou a "Pedra Angular".

    Agora ns cumprimos nosso encargo e anunciamos a aproximao do grande meio-

    dia, e a reunio do Santurio o mais interior com o Templo.

    Deixamos o resto vossa livre vontade.

    Sabemos bem, para nosso amargo desgosto, que assim como o Salvador foipessoalmente desconhecido, ridicularizado e perseguido quando veio na Sua humildade,assim Seu Esprito que aparecer na glria, ser rejeitado e ridicularizado por muitos.Apesar disto o advento do Seu Esprito deve ser anunciado nos templos, para que aquiloque est escrito se realize.

    Bati s vossas portas e vs no as abristes; Chamei e vs no escutastes Minha

    voz; convidei-vos para as bodas e estveis ocupados com outras coisas.A Paz e a Luz do Esprito estejam convosco.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    20/41

    A QUARTA CARTA

    Assim como a infinidade de nmeros se perde em um nmero nico que a base detodos os nmeros ou a unidade, e como os inumerveis raios de um crculo se renem emum centro nico, assim tambm, os mistrios, os hierglifos e os infinitos emblemas,somente expressam uma nica verdade. Aquele que a conhece encontrou a chave paraconhecer tudo de um relance.

    No h mais que um Deus, uma verdade, um caminho que conduz a esta grandeverdade. Aquele que encontrou este meio, possui:

    Toda a sabedoria em um nico livro.

    Todas as foras em uma nica fora.

    Todas as belezas em um nico objeto.

    Todas as riquezas em um nico tesouro.

    Todas as felicidades em um nico bem.

    E a soma de todas estas perfeies Jesus Cristo que foi crucificado e ressuscitou.

    Esta grande verdade assim expressada, unicamente um objeto de f, porm podechegar a converter-se em um objeto de conhecimento e de experincia, to prontocheguemos a compreender como Jesus Cristo pode ser ou pode converter-se em tudo isto.

    Este grande mistrio foi sempre objeto do ensinamento da Escola Secreta da Igrejainvisvel e interior, e este ensinamento foi conhecido nos primeiros tempos do cristianismocom o nome de "Disciplina arcani". desta escola secreta que procedem todos os ritos e

    cerimnias da Igreja exterior, embora o esprito destas grandes e simples verdades seretirasse para o interior, e parea em nossos tempos como perdido para o exterior.

    De h muito, j foi predito, caros irmos, que tudo que est oculto ser descobertonos ltimos tempos, porm, tambm se profetizou que, nesses tempos muitos falsosprofetas se levantaro, e os fieis foram advertidos que no devem crer em todo esprito,mas comprovar se os espritos so realmente de Deus. (Epstola de So Joo, cap. IV,vers. V, e seguintes).

    O mesmo apstolo ensina a maneira de fazer a prova, dizendo, "Eis aqui comoreconhecereis o esprito que de Deus; todo esprito que confessa a Jesus Cristo, dizendo

    que Ele veio em uma carne verdadeira, de Deus, e todo esprito que O divide, isto , quesepara Nele o divino do humano, no de Deus", da que o esprito de verdade, suporta,assim, a prova e obtm o carter da divindade quando confessa que Jesus Cristo veio dacarne.

    Cremos que Jesus Cristo veio na carne a este mundo e por isso o esprito de verdadefala por ns. Porm o mistrio que se expressa dizendo que Jesus Cristo veio em carne de uma grande extenso e encerra em si o conhecimento divino humano, objeto destainstruo.

    Como no falamos com novios em matria de f, vos ser, caros irmos, mais fcilconceber as verdades sublimes que vos vamos apresentar, visto que j tereis sem dvida

    escolhido, muitas vezes, para objeto de vossas santas meditaes, diferentes assuntospreparatrios.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    21/41

    A religio considerada cientificamente a doutrina da transformao do homemseparado de Deus, em homem reunido a Deus. Por isso o seu objetivo unir a cadaindivduo da humanidade, e finalmente a toda a humanidade com Deus, em cuja unio,unicamente, pode alcanar a mais elevada felicidade temporal e espiritual.

    Assim esta doutrina de "re-unio" de uma dignidade a mais sublime; e comodoutrina, deve ter necessariamente um mtodo pelo qual ela nos conduz: primeiramente aoconhecimento do verdadeiro desta reunio; e depois ao conhecimento da maneira pela qualeste meio deve ser aplicado segundo o objetivo a alcanar.

    Este grande meio da reunio no qual se concentra toda a doutrina religiosa, no teriasido conhecido jamais pelo homem sem revelao. Sempre esteve fora da esfera cientficado conhecimento e esta mesma profunda ignorncia do homem na qual havia cado, tornounecessria a revelao sem a qual no teramos podido encontrar o caminho paralevantarmos outra vez. A revelao, criou a necessidade da f nela, porque aquele que nosabe, que no tem nenhuma experincia de uma coisa, deve primeiro, necessariamentecrer, se quer saber e experimentar. Porque se decai a f, no se faz caso da revelao epor isso mesmo fecha-se o caminho para encontrar o mtodo que s a Revelao contm.

    Como a ao e reao se relacionam reciprocamente na natureza, assim serelacionam a Revelao e a f.

    Onde no h reao, a ao cessa necessariamente; onde no h f, nenhumarevelao pode ter lugar; porm quanto mais f houver, mais revelao haver oudesenvolvimento das verdades que esto na obscuridade, e que s podem se manifestarao exterior por nossa confiana.

    muito certo, que todas as verdades secretas da religio, mesmo as mais obscuras eos mistrios que nos parecem mais singulares, se justificaro um dia perante o tribunal darazo mais rigorosa, porm a fraqueza do homem, nossa falta de penetrao com relaoao conjunto da natureza sensvel e espiritual, exigiram que no nos possam ser mostradose abertos os arcanos das mais elevadas verdades, seno sucessiva e gradualmente. Asanta obscuridade dos mistrios devida a nossa fraqueza, e sua brilhante luz vaifortificando pouco a pouco nossa debilidade para tornar nossos olhos susceptveis deresistir plena luz.

    A cada degrau que sobe o crente para a Revelao, obtm uma luz mais perfeita paraalcanar o conhecimento, e esta luz se torna para ele progressivamente mais convincente,porque cada verdade adquirida da f, se torna pouco a pouco vivente e passa a serconvico.

    Da, a f se funde sobre a nossa fraqueza e sobre a plena luz da Revelao que se

    deve comunicar segundo nossa capacidade, para dar-vos sucessivamente a objetividadedas coisas elevadas.

    Aqueles objetos pelos quais a razo humana no tem objetividade, sonecessariamente do domnio da f. O homem somente deve adorar e calar; mas se desejademonstrar coisas sobre as quais no tem objetividade alguma, cai necessariamente noerro. O homem deve adorar e calar at que os objetos que se acham sob o domnio da f,se tornem pouco a pouco mais perceptveis em seu redor e por conseguinte mais fceis deconhecer. Tudo se demonstra por si mesmo to pronto adquirimos a experincia interiordas verdades da f, no mesmo instante em que somos conduzidos da f viso, quer dizerao conhecimento objetivo.

    Em todos os tempos houve homens iluminados por Deus que possuam estaobjetividade interior, completamente ou em parte, segundo tivesse lugar a comunicao dasverdades a seu entendimento ou a seu sentimento. A primeira espcie de viso, puramente

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    22/41

    inteligvel, chamava-se "iluminao divina". A segunda, recebia o nome de "inspiraodivina". O sensorium interior foi aberto em diversos at s vises divinas e transcendentais,que se chamavam enlevamentos ou xtases, que dominava sobre o sensorium exterior esensvel.

    Porm esta classe de homens foi sempre inexplicvel e devia constituir um enigmaindecifrvel para os homens dos sentidos, porque lhes falta um rgo para o sobrenatural eo transcendental. Da, no se deve estranhar de maneira alguma que se olhe a um homemque considerou mais de perto o mundo dos espritos como um ser extravagante e at comoum louco; por que o julgamento comum dos homens se limita simplesmente ao que ossentidos lhes fazem perceber, pelo que as escrituras dizem claramente: "o homem animalno concebe o que do esprito", porque seu sentido espiritual no est aberto para omundo transcendental, de maneira que ele no pode ter mais objetividade desse mundoque o cego tem das cores.

    Portanto, o homem exterior dos sentidos perdeu o sentido interior que o maisimportante; ou melhor, a capacidade do desenvolvimento deste sentido, que est ocultonele, negligenciada a tal ponto que ele mesmo no imagina a sua existncia.

    Assim os homens materiais esto em geral na cegueira espiritual; sua viso interiorest fechada, e esta obscuridade ainda uma conseqncia da queda do primeiro homem.A matria corruptvel que os envolve fechou sua viso interior e espiritual, e deste modoeles tornaram-se cegos para tudo que diz respeito aos mundos interiores.

    O homem duplamente miservel, no s leva uma venda sobre os olhos que lheoculta o conhecimento das mais elevadas verdades, seno que tambm seu coraoenlanguesce e se extenua nos liames da carne e do sangue, que o prendem aos prazeresanimais e sensveis, em detrimento de prazeres mais elevados e espirituais. por isto quens estarmos na escravido da concupiscncia, sob o domnio das paixes que nostiranizam, e apoiamo-nos, como infelizes paralticos, sobre duas miserveis muletas, isto ,sobre a muleta de nossa razo natural e sobre a muleta de nosso sentimento natural.

    Aquela nos d diariamente a aparncia da verdade. Esta nos faz tomar diariamente o malpelo bem. Eis nossa miservel condio.

    Os homens no podero alcanar a felicidade at que a venda, que impede o acesso verdadeira luz, caia de seus olhos. No podero ser felizes seno quando os laos daescravido que carregam seus coraes se rompam. O cego deve poder ver, e o paralticodeve poder caminhar se desejam ser felizes. Mas a grande e terrvel lei qual a felicidadeou a dita dos homens est absolutamente unida a lei seguinte: "Homem, que a razoreine sobre tuas paixes.

    De h sculos que nos esforamos reciprocamente em raciocinar e em fazer moral.

    Qual o resultado de nossos esforos ao cabo de tantos sculos? Os cegos querem guiaraos cegos, e os paralticos aos paralticos. Porm em todas as loucuras a que nos ternosentregado, em todas as misrias que temos atrado sobre ns, no vemos ainda que nopodemos nada individualmente e que necessitamos de uma potncia mais elevada que nosretire da misria.

    Os preconceitos e os erros, os vcios e os crimes mudaram suas formas de sculo emsculo, mas, jamais foram extirpados da humanidade: a razo sem luz caminhava incerta,em cada sculo, no meio das trevas: o corao repleto de paixes e o mesmo em cadasculo.

    S h um que nos pode curar, um s que capaz de abrir nosso olho interior para

    que vejamos a verdade. No h seno um que pode tirar as cadeias que nos agrilhoam enos tornam escravos da sensualidade.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    23/41

    Este "Um s", Jesus Cristo, o Salvador dos homens, o Salvador porque nos querarrancar a todas as conseqncias a que a cegueira de nossa razo e os extravios denosso corao, cheio de paixes, nos precipitam.

    Muito poucos, caros irmos, tm uma idia exata da grandeza da redeno doshomens; muitos acreditam que Jesus Cristo, o Senhor, somente nos resgatou pelo seusangue derramado, da condenao ou da eterna separao do homem de Deus, pormno crem que, tambm quer libertar de todas as misrias daqui da terra aqueles que Osigam.

    Jesus Cristo o Salvador do mundo, o, vencedor da misria humana; resgatou-nosda morte e do pecado. Como seria tudo isto, se o mundo tivesse de enlanguescer semprenas trevas da ignorncia e nos liames das paixes? J foi predito mui claramente pelosProfetas, que este tempo da redeno de seu povo, este primeiro Sbado do tempochegaria. Faz muito tempo que devamos ter reconhecido esta promessa cheia de consolo;mas a falta do verdadeiro conhecimento de Deus, do homem e da natureza, foi oimpedimento que nos ocultou sempre estes grandes mistrios da f.

    Devemos saber, caros irmos, que h uma natureza dupla, a natureza pura,

    espiritual, imortal e indestrutvel, e a natureza impura, material, mortal e destrutvel.

    A natureza pura e indestrutvel existia antes da natureza impura e destrutvel. Estaltima tirou sua origem somente da desarmonia e desproporo das substncias queformam a natureza espiritual. Da, que s permanea at que as despropores e asdissonncias desapaream e que tudo volte harmonia.

    A idia incorreta de esprito e de matria uma das principais causas de que muitasverdades da f, no se nos apresentem em sua verdadeira luz.

    O esprito uma substncia, uma essncia, uma realidade absoluta. Por isso, suaspropriedades so a indestrutibilidade, a uniformidade, a penetrao, a indivisibilidade e acontinuidade.

    A matria no uma substncia, um agregado. Por isso destrutvel, divisvel esujeita a mudanas. O mundo metafsico um mundo existente na realidade,extremamente puro e indestrutvel, e cujo centro chamamos Jesus Cristo, e a cujoshabitantes conhecemos com o nome de espritos e de anjos.

    O mundo material e fsico o mundo dos fenmenos, no possui nenhuma verdadeabsoluta, tudo quanto chamamos verdade aqui, s relativo, no mais que a sombra daverdade e no a prpria verdade, tudo fenmeno.

    Nossa razo capta aqui todas as suas idias pelos sentidos, portanto, elas so semvida, completamente mortas. Tiramos tudo da objetividade exterior, e nossa razoassemelha-se a um macaco que imita em si, mais ou menos, o que a natureza lheapresenta. Assim, a simples luz dos sentidos o princpio de nossa razo inferior, asensualidade, a inclinao para necessidades animais, o mbil de nossa vontade. Nssentimos, verdade, que um mbil mais elevado nos seria necessrio; mas at agora nosabamos busc-lo nem podamos encontr-lo.

    Aqui, onde tudo corruptvel, no podemos procurar nem o princpio da razo, nem oprincpio da imoralidade, nem o mbil da vontade. Devemos busc-lo num mundo maiselevado.

    L onde tudo puro, onde nada est sujeito a destruio, l reina um Ser que todosabedoria e todo amor, e que pela luz de Sua sabedoria pode chegar a ser o verdadeiroprincpio da razo, e pelo calor de Seu amor, o verdadeiro princpio de moralidade.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    24/41

    Portanto, o mundo no ser e no pode chegar a ser feliz seno quando este Ser real, que ao mesmo tempo a sabedoria e o amor, seja recebido integralmente pela humanidade echegue a ser nela tudo em todos.

    O homem, caros irmos, composto da substncia indestrutvel, e metafsica, e dasubstncia material e destrutvel, de maneira que, aqui neste plano a matria destrutveltem como que aprisionada a substncia indestrutvel e eterna. Duas naturezascontraditrias esto contidas no homem. A substncia destrutvel nos sujeita sempre aosensvel; a substncia indestrutvel procura libertar-se das cadeias e busca a sublimidadedo esprito. Da deriva o combate contnuo entre o bem e o mal; o bem quer sempreabsolutamente a razo e a moralidade; o mal conduz continuamente ao erro e paixo.

    O homem encontra-se num combate contnuo entre o bem e o mal, entre o verdadeiroe o falso; triunfa e vencido; to pronto se levanta como cai nos abismos; procura levantar-se e vacila de novo.

    Deve-se buscar a causa fundamental da corrupo humana na matria corruptvel deque esto formados os homens. Esta matria grosseira oprime e dificulta em ns a ao doprincpio espiritual, e esta a verdadeira causa da cegueira de nosso entendimento e dos

    erros de nosso corao.

    Deve-se procurar a fragilidade de um vaso na matria de que o vaso e formado. Aforma mais bela possvel que a terra capaz de receber, sempre resulta frgil porque amatria de que est formada perecedora.

    Por isso, que nossa pobre humanidade no deixa nunca de ser frgil, apesar detoda nossa cultura exterior.

    Quando examinamos as causas dos impedimentos que mantm a natureza humanaem uma degradao to profunda, se encontram todas na matria grosseira, na qual suaparte espiritual est submersa.

    A inflexibilidade das fibras, a imobilidade dos humores que desejam obedecer sexcitaes refinadas do esprito, so como as cadeias materiais que o amarram, e impedemem ns as funes sublimes das quais ele seria capaz.

    Os nervos e a fluidez de nosso crebro somente nos proporcionam idias grosseirase obscuras que se derivam dos fenmenos e no da verdade; e como no podemos nointerior de nossa potncia pensante opor para equilibrar representaes bastante vigorosas excitao violenta das sensaes exteriores, resulta que sempre somos arrastados pelapaixo; e a voz da razo, que fala suavemente em nosso interior, apagada pelo rudotumultuoso dos elementos que sustm nossa mquina.

    Os materiais grosseiros que constituem o homem material e que formam a estruturado edifcio inteiro de sua natureza, a causa deste desfalecimento que tem as foras danossa alma em sua fraqueza e imperfeio contnuas.

    A paralisia de nossa fora pensante, em geral, uma conseqncia da dependnciaem que nos tem a, matria grosseira e inflexvel; matria que forma os verdadeiros liamesda carne, e as verdadeiras fontes de todos os erros e mesmo do vcio.

    A razo que deve ser legisladora absoluta, uma perpetua escrava da sensualidade.Esta se erige em regente e serve-se da razo que enlanguece em seus laos e presta-se aseus desejos.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    25/41

    Esta verdade tem-se sentido de h muito; sempre se tem pregado com, palavras... Arazo deve ser a legisladora absoluta... Ela deve governar a vontade e- no ser governadapor ela...

    Os grandes e os pequenos sentiam esta verdade; porm to pronto se punham prtica, a vontade animal subjugava logo a razo, e em seguida a razo subjugava poralgum tempo a vontade animal, e por isso que, em cada homem, a vitria a derrotaentre as trevas e a luz eram alternativas, e este mesmo poder e contra-poder recprocosso a causa da oscilao perptua entre o bem e o mal, entre o falso o verdadeiro.

    Se a humanidade deve ser conduzida verdade e ao bem para que obre de acordocom as leis da razo e segundo as indicaes puras da vontade, imediatamentenecessrio dar razo pura a soberania, sobre a humanidade. Mas, como pode istoacontecer quando a matria da qual cada homem formado, mais ou menos disforme,bruta, divisvel e corruptvel, e est constituda de tal maneira, que toda nossa misria, dor,doena, pobreza, morte, necessidade, prejuzos, erros e vcios, dependem dela, e so asconseqncias necessrias da limitao do esprito imortal em seus liames.

    No a sensualidade que impera quando a razo est agrilhoada? E no se encontra

    ela aprisionada quando o corao impuro e frgil expulsa de todos os lados seu raio puro?

    Sim, amigos e irmos, a est a causa de toda a misria dos homens; e, como estacorrupo se propaga de homens a homens, pode ser chamada, com razo, sua corrupohereditria.

    Observamos em geral que as foras da razo no atuam sobre o corao seno comrelao constituio especifica da matria de que o homem est formado. Assim extremamente admirvel quando pensamos que o Sol vivifica esta matria animal segundoa medida de sua distncia deste corpo terrestre, que a torna to apta para as funes daeconomia animal, como para desfrutar em um grau mais ou menos elevado da influnciaespiritual.

    A diversidade dos povos, suas particularidades em relao ao clima, a multiplicidadede seus caracteres e de suas paixes, seus costumes, seus preconceitos e usos, oumesmo suas virtudes e seus vcios dependem unicamente da constituio especifica damatria de que esto formados, e na que o esprito aprisionado obra de maneira diferente.Sua capacidade de cultura se modifica segundo esta constituio, e de acordo com ela serege tambm a cincia, que no modifica cada povo seno enquanto tem matria pensante,susceptvel de ser modificada, no que consiste a capacidade de cultura prpria de um povo,que por sua vez, depende em parte da gerao e em parte do clima.

    Em geral encontramos por toda parte o mesmo homem fraco e sensual, que s tem

    de bem em cada regio, aquilo que a sua matria sensvel permite sua razo depredominar sobre a sensualidade, e de mal na mesma proporo que a sensualidade podeter de predominncia sobre o esprito mais ou menos aprisionado. A residem o bem e omal de cada nao como o de cada indivduo isolado.

    Encontramos no mundo inteiro esta corrupo inerente matria da qual os homensso formados. Por toda parte existe a misria, a dor, a doena e a morte; por toda parteexistem as necessidades, os preconceitos, as paixes e os vcios, somente sob outrasformas e modificaes.

    Do estado mais inferior da natureza selvagem, o homem entra na vida social, primeiropelas necessidades; a fora e a astcia, faculdades principais do animal, o acompanham e

    se desenvolvem, sob outros aspectos.

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    26/41

    As modificaes destas tendncias animais fundamentais so inumerveis; e o maisalto grau de cultura humana que at o presente o mundo adquiriu, no conseguiu senocolorir com uma capa mui tnue estas inclinaes fundamentais do homem animal. Istoquer dizer que nos temos elevado do estado animal bruto at o mais alto grau do animalrefinado.

    Mas este perodo era necessrio; porque com sua durao comea um novo perodo,ou seja, aps as necessidades animais desenvolvidas, comea o desenvolvimento danecessidade mais elevada da luz e da razo.

    Jesus Cristo nos gravou no corao, com mui belas palavras esta grande verdade, deque se deve buscar na matria a causa d misria dos homens mortais e frgeis pelaignorncia e as paixes. Quando Ele disse: o melhor homem, aquele que mais se esforapara chegar verdade, peca sete vezes por dia", queria dizer com isto, que no homemmais bem organizado, as sete foras do esprito esto ainda to fechadas, que as seteaes da sensualidade o dominam cada dia segundo seu modo.

    Assim que, o melhor homem est exposto aos erros e s paixes. O melhor homem fraco e pecador; o melhor homem no livre, no est isento da dor e da misria; o

    melhor homem est sujeito doena e morte; e porque tudo isto? Porque tudo soconseqncias necessrias, das propriedades de uma matria corruptvel, da qual ele formado.

    Assim sendo, no pode haver a esperana de unia felicidade mais elevada para ahumanidade, enquanto este ser corruptvel e material forma a principal parte substancial desua essncia. A impossibilidade em que se encontra a humanidade de se poder lanar porsi mesma verdadeira perfeio uma constatao cheia de desespero; mas, ao mesmotempo, este pensamento a causa, plena de consolao, pela qual um ser mais elevado emais perfeito se cobriu deste invlucro mortal e frgil, afim de tornar imortal, o que eramorta e indestrutvel o que era destrutvel, e nisto deve-se procurar tambm a verdadeiracausa da encarnao de Jesus Cristo.

    Jesus Cristo, o ungido da Luz, o esplendor de Deus, a Sabedoria que havia sadode Deus, o Filho de Deus, o Verbo real pelo qual tudo foi feito e que era no princpio. JesusCristo, a Sabedoria de Deus que opera todas as coisas, era como o centro do Paraso domundo da luz, era o nico rgo real pelo qual a fora divina podia comunicar-se; e estergo a natureza imortal e pura, a substncia, indestrutvel que tudo vivifica e conduz mais alta perfeio e felicidade. Esta substncia indestrutvel o elemento puro no qualvivia o homem espiritual.

    Deste elemento puro no qual s Deus habitava, e de cuja substncia foi criado oprimeiro homem, este separou-se pela queda. Pelo gozo do fruto da rvore do bem e do

    mal, envenenou-se de tal sorte, que seu ser imortal se retirou para o seu interior e o mortalcobriu o exterior.

    Desta forma desapareceu a imortalidade, a felicidade e a vida; e a mortalidade, ainfelicidade e a morte f oram as conseqncias desta mudana.

    Muitos homens no podem fazer uma idia da rvore do Bem e do Mal; esta rvoreera o produto da matria catica, que ainda estava no centro e na qual a destrutibilidadeainda tinha a superioridade sobre a indestrutibilidade. O gozo demasiado prematuro destefruto que envenena e rouba a imortalidade, colocou Ado nesta forma material sujeito morte. Caiu, entre os elementos que ele anteriormente governava.

    Este acontecimento infeliz foi a causa de que a imortal Sabedoria, o elemento puro emetafsico, se cobrisse com o invlucro mortal e se sacrificou voluntariamente para que

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    27/41

    suas foras interiores passassem ao centro da destruio e pudesse conduzir pouco apouco, tudo o que mortal imortalidade.

    Assim como aconteceu de um modo inteiramente natural, que o homem natural setornou mortal pelo gozo de um fruto mortal, do mesmo modo aconteceu naturalmente, queo homem mortal pudesse recobrar a sua dignidade precedente pelo gozo de um frutoimortal.

    Tudo se passa de um modo natural e simples no Reino de Deus; mas parareconhecer esta simplicidade, necessrio ter idias puras de Deus, da natureza e dohomem; e se as verdades mais sublimes da f esto ainda para ns envoltas emimpenetrveis trevas, a causa est em que at agora havamos separado sempre as idiasde Deus, da natureza e do homem.

    Jesus Cristo falou com seus amigos mais ntimos, quando ainda estava sobre a terra,do grande mistrio da Regenerao; porm tudo quanto dizia era obscuro para eles, nopodiam conceb-lo ainda; assim, o desenvolvimento destas grandes verdades estavareservado para os ltimos tempos; o supremo mistrio da religio na qual todos osmistrios entram como em sua unidade.

    A Regenerao no outra coisa seno uma dissoluo e um desprendimento destamatria impura e corruptvel que tem aprisionado nosso ser imortal, e guarda submersa emum sono de morte a vida das foras ativas oprimidas. Deve existir necessariamente ummeio real para eliminar este elemento venenoso que ocasiona em ns a infelicidade e paralibertar as foras aprisionadas.

    Mas no se deve procurar este meio em nenhuma ,outra parte a no ser na religio;porque como a religio considerada cientificamente, a doutrina da reunio com Deus,deve tambm necessariamente ensinar-nos a reconhecer o meio para chegar a estareunio. Acaso Jesus e Seu conhecimento vivificante no so o objeto principal da Bblia eo contedo de todos os desejos, de todas as esperanas e de todos os anelos do cristo?No recebemos de Nosso Senhor e Mestre, durante todo o tempo que andou entre seusdiscpulos, as mais elevadas solues sobre as mais ocultas verdades? E quando o DivinoMestre, estava com eles, em seu corpo glorioso, aps sua ressurreio, no lhes deu amais alta revelao referente Sua pessoa, e no os conduziu mais profundamente aoconhecimento da verdade?

    No realizaria o que disse em sua prece sacerdotal? So Joo, 17, 22, 23: "Eu lhesdei e comuniquei a gloria que vs me destes, afim de que eles sejam um, como ns somosum neles, e eles comigo, a fim de que sejam perfeitos em um".

    Como os discpulos do Senhor no podiam conceber o grande mistrio da nova e

    ltima Aliana, Jesus Cristo lhes transmitiu aos ltimos tempos vindouros quepresentemente se aproximam, e disse: "Naquele dia em que Eu vos comunicarei Minhaglria, vs reconhecereis que Eu estou em Meu Pai, vs em Mim, e Eu em vs". Estaaliana chamada a Aliana da Paz. E' ento que a lei de Deus ser gravada no maisrecndito de nosso corao, reconheceremos todos o Senhor, seremos Seu povo e Eleser nosso Deus.

    Tudo j est preparado para esta possesso atual de Deus, para esta unio real comDeus, e j possvel aqui em baixo; e o elemento santo, a verdadeira medicina para ahumanidade revelada pelo Esprito de Deus.

    A mesa do Senhor est servida, e todos esto convidados; o verdadeiro po dos

    Anjos est preparado, como est escrito: "Vos lhe haveis dado o po do cu".

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    28/41

    A santidade e a grandeza do mistrio que encerra em si todos os mistrios, nosordena aqui calar, e no nos est permitido seno de fazer meno de seus efeitos.

    O corruptvel, o destrutvel consumado em ns e coberto como incorruptvel e oindestrutvel. O sensorium interior se abre e nos une com o mundo espiritual. Somosiluminados pela sabedoria, conduzidos pela verdade, alimentados pela tocha do amor.Foras desconhecidas se desenvolvem em ns para vencer o mundo, a carne e Satans.Todo nosso ser , renovado, e tornado capaz de converter-se em uma morada real doEsprito de Deus. O domnio sobre a natureza, a relao com os mundos superiores e ogozo e contato visvel com o Senhor nos so concedidos.

    A venda da ignorncia cai de nossos olhos, os laos da sensualidade se rompem, edesfrutamos a liberdade dos filhos de Deus.

    Ns vos dissemos o mais elevado e o mais importante; se vosso corao, que temsede de verdade, concebeu idias puras sobre tudo isto e compreendeu plenamente agrandeza e a santidade da meta a atingir, ns vos diremos ainda mais.

    Que a glria do Senhor e a renovao de todo vosso ser sejam, entrementes, a mais

    alta de vossas esperanas!

    A QUINTA CARTA

    Chamamos vossa ateno, caros irmos, nas cartas anteriores, para o mais alto detodos os mistrios, "a possesso real de Deus"; necessrio que vos comuniquemos,agora, a plenitude sobre este objeto.

    O homem, caros irmos, infeliz aqui em baixo, porque formado de uma matriadestrutvel e sujeita a todas as misrias.

    O indivduo frgil que o corpo, o expe violncia dos elementos; dor, pobreza,ao sofrimento, doena, eis sua sorte.

    O homem infeliz, porque seu esprito imortal se consome nos laos dos sentidos; aluz divina est eclipsada para ele; unicamente, ao resplendor chispante de sua razosensorial, caminha vacilante pelas vias de sua peregrinao; torturado pelas paixes,extraviado pelos preconceitos, e alimentado pelos erros, submerge-se de um para outroabismo de misria. O homem infeliz, porque est doente de corpo e de alma, e nopossui nenhuma verdadeira medicina, nem para sua alma nem para seu corpo.

    Aqueles que deveriam conduzir os outros homens, gui-los felicidade e govern-los,so homens como os outros, tambm frgeis e sujeitos s mesmas paixes, e igualmenteexpostos a muitos preconceitos.

    Assim, que felicidade pode esperar a humanidade? A maior parte ser sempre infeliz?No h salvao para todos?

    Meus irmos, se a humanidade jamais capaz de se elevar a um estado feliz, afelicidade que deseja adquirir s ser possvel nas condies seguintes.

    Primeiro; a pobreza, a dor, a doena e a misria devem tornar-se mais raras.

    Segundo; as paixes, os preconceitos e os erros devem diminuir.

    Acaso isto possvel considerando a corrupo da natureza humana, quando aexperincia nos tem provado de sculo em sculo, que a misria no faz seno mudar em

  • 8/6/2019 ECKARTSHAUSEN K Von. a Nuvem Sobre o Santuario

    29/41

    uma outra forma de misria; que as paixes, os preconceitos e os erros ocasionam sempreo mesmo mal; quando pensamos que todas estas coisas no fizeram seno mudar deforma, e que os homens, em cada sculo, foram igualmente frgeis?

    H unia sentena terrvel pronunciada sobre a espcie humana, e esta sentena "Os homens no podem alcanar a felicidade enquanto no forem sbios". Mas no setornaro sbios, enquanto a sensualidade dominar sobre a razo, enquanto o espritodesfalea nos laos da carne e do sangue.

    Onde est o homem isento de paixes? Que se mostre! - No carregamos todos emmaior ou menor grau as algemas da sensualidade? No somos todos escravos? Todospecadores?

    Sim irmos, confessamos que somos escravos do pecado.

    Este sentimento de nossa misria excita em ns o desejo de redeno; voltamosnossa vista para o alto, e a voz de um anjo nos anuncia: "A misria do homem serretirada".

    Os homens esto doentes do corpo e do esprito. Portanto, esta doena geral deveter uma causa, e a causa est na matria frgil de que est composto o homem.

    O destrutvel encerra o indestrutvel; a luz da sabedoria est encerrada nasprofundezas da obscuridade; o "fermento do pecado" est em ns, e neste fermento residea corrupo humana, e sua propagao com as conseqncias do pecado original.

    A cura da humanidade s possvel destruindo em ns o fermento do pecado, para oque necessrio um mdico e um remdio.

    Mas o enfermo no pode ser curado pelo enfermo; o destrutvel no pode conduzir o

    destrutvel perfeio; o que morto no pode ressuscitar o que est morto; o cego nopode guiar a outro cego. S o perfeito pode conduzir o imperfeito perfeio; s oIndestrutvel pode tornar o destrutvel indestrutvel; s o que est vivo pode animar o queest morto.

    Por isso, no se deve procurar o mdico e o meio de cura na natureza destrutvel,onde tudo morte e corrupo. Deve-se procurar o Mdico e o remdio em uma natureza,onde tudo perfeio e vida.

    A falta de conhecimento da aliana da Divindade com a