Economia-resumos[1]

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Economia 2º ano GAP Introdução à Ciência Económica A Economia está presente no quotidiano, tentando sempre responder a problemas como a pobreza, desemprego, crises energéticas, inflação, défice da Balança de Pagamentos e muitos outros. Pressupõe procura (intenção de comprar) e oferta (intenção de vender), bem como mercado, no qual se verifica um encontro de vontades e se conjuga a quantidade do bem com o seu preço. ECONOMIA COMO CIÊNCIA A Economia é uma ciência pois: tem um campo de estudo específico – objecto de estudo – que são os fenómenos económicos; tem uma terminologia própria (conjunto de conceitos específicos que utiliza para interpretar a realidade); utiliza o método científico como ferramenta de pesquisa, o qual recorre à observação, formulação de hipóteses explicativas, experimentação e conclusão. Economia e as outras ciências Economia e as outras ciências Os problemas económicos a que a Economia tenta responder resultam da vida social, sendo por isso problemas sociais. Assim, para melhor encontrar soluções para estes problemas, a Economia deve conjugar as suas explicações com outras ciências: Sociologia – contribui pelo estudo da estratificação e relacionamento social da comunidade; Geografia – fornece dados importantes como a distribuição dos fenómenos físicos e humanos ou a organização espacial da região; História – mostra a forma como os fenómenos evoluíram; Matemática – facilita a quantificação de dados. ECONOMIA E NECESSIDADES O problema fundamental da Economia prende-se com a gestão eficiente dos recursos escassos de forma a satisfazer da melhor maneira um conjunto de necessidades – racionalidade económica. Sendo as necessidades superiores aos recursos, é necessário optar entre as necessidades, a fim de satisfazer as mais importantes. O grau de importância das necessidades é subjectivo, e é ele que determina a utilidade de um bem. A necessidade de escolha entre as necessidades faz com que umas não sejam satisfeitas. Assim, a alternativa que é sacrificada para se satisfazer outra necessidade mais importante é o custo de oportunidade de um bem. 1

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Economia 2º ano GAP

Introdução à Ciência Económica

A Economia está presente no quotidiano, tentando sempre responder a problemas como a pobreza, desemprego, crises energéticas, inflação, défice da Balança de Pagamentos e muitos outros.

Pressupõe procura (intenção de comprar) e oferta (intenção de vender), bem como mercado, no qual se verifica um encontro de vontades e se conjuga a quantidade do bem com o seu preço.

ECONOMIA COMO CIÊNCIA

A Economia é uma ciência pois:

tem um campo de estudo específico – objecto de estudo – que são os fenómenos económicos;

tem uma terminologia própria (conjunto de conceitos específicos que utiliza para interpretar a realidade);

utiliza o método científico como ferramenta de pesquisa, o qual recorre à observação, formulação de hipóteses explicativas, experimentação e conclusão.

Economia e as outras ciênciasEconomia e as outras ciências

Os problemas económicos a que a Economia tenta responder resultam da vida social, sendo por isso problemas sociais. Assim, para melhor encontrar soluções para estes problemas, a Economia deve conjugar as suas explicações com outras ciências:

Sociologia – contribui pelo estudo da estratificação e relacionamento social da comunidade;

Geografia – fornece dados importantes como a distribuição dos fenómenos físicos e humanos ou a organização espacial da região;

História – mostra a forma como os fenómenos evoluíram;

Matemática – facilita a quantificação de dados.

ECONOMIA E NECESSIDADES

O problema fundamental da Economia prende-se com a gestão eficiente dos recursos escassos de forma a satisfazer da melhor maneira um conjunto de necessidades – racionalidade económica.

Sendo as necessidades superiores aos recursos, é necessário optar entre as necessidades, a fim de satisfazer as mais importantes. O grau de importância das necessidades é subjectivo, e é ele que determina a utilidade de um bem.

A necessidade de escolha entre as necessidades faz com que umas não sejam satisfeitas. Assim, a alternativa que é sacrificada para se satisfazer outra necessidade mais importante é o custo de oportunidade de um bem.

A Economia é assim a ciência que tem como objecto a afectação de bens úteis e escassos, susceptíveis de emprego alternativo, na satisfação de necessidades múltiplas e de desigual importância.

"A Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade acabam por escolher, com ou sem utilização de moeda, a aplicação de recursos produtivos escassos, que podem ter usos alternativos, para produzir variados bens e para consumo actual ou futuro, entre os vários indivíduos ou grupos da sociedade" (Samuelson)

Princípio da Utilidade Marginal DecrescentePrincípio da Utilidade Marginal Decrescente

A utilidade é então a capacidade de atribuir valor a um bem, quando útil. Quanto mais útil for, mais valor lhe é dado. A utilidade total (satisfação acumulada extraída do consumo de um bem) começa por ser crescente (bem útil), atinge um máximo (satisfação) e passa a decrescente (bem inútil, mal económico).

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A utilidade marginal de um bem é o acréscimo de satisfação originado pelo consumo de uma unidade adicional desse bem.

A lei da utilidade marginal decrescente diz que à medida que se consomem unidades adicionais de um bem, a utilidade de cada unidade consumida é menor que a anterior, sendo o aumento de satisfação cada vez menor.

UT

Umarg

Umarg

BENS E A SUA CLASSIFICAÇÃO

Uma das qualidades dos bens é a capacidade de satisfazer as necessidades dos indivíduos, a sua utilidade.

Os bens podem ter valor de uso – a utilidade do bem, sendo tanto maior quanto o grau de satisfação que proporciona aos consumidores; ou valor de troca (valor comercial do bem) – valor que se exprime em moeda que resulta do acto da troca, sendo tanto maior quanto mais escasso for o bem.

Classificação dos BensClassificação dos Bens

Os bens podem classificar-se em bens livres, sendo tudo aquilo de que podemos dispor sem qualquer entrave, não tendo valor económico de troca mas podendo ter valor de uso; ou em bens económicos, os quais têm valor económico de troca/comercial e resultam da escassez de determinados bens e do valor monetário que o homem está disposto a despender para o possuir.

Classificação dos Bens EconómicosClassificação dos Bens Económicos

Bens Materiais

permitem a satisfação directa das necessidades (vestuário, alimentação…)

Bens Imateriais ou Serviços

não permitem a satisfação directa das necessidades (educação, cuidados de

saúde…)

Bens de Consumo

satisfazem imediatamente uma necessidade (pão, roupa…)

Bens de Produção

usados na produção de outros bens (farinha para fazer pão…)

Bens de Consumo Final

Já produzidos (sumo)

Bens de Consumo Intermédio

(fruta, água, corantes numa fábrica de sumos)

Bens Duradouros

mantêm as qualidades iniciais por um período mais ou menos longo (casa, carro…)

Bens Não Duradouros

de curto prazo, desaparecem após satisfeita a necessidade (pão, sabonete…)

Bens Complementares

bens cuja utilização conjunta é mais eficaz (café e açúcar)

Bens Sucedâneos/Substitutos

bens que podem ser substituídos por outros para satisfação da mesma necessidade (vodka

ou absinto)

Bens Divisíveis Bens Indivisíveis

Bens Públicos

acessíveis a toda a população

Bens Privados

não são acessíveis a toda a população, sendo

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Economia 2º ano GAP

necessário pagar por eles

MICRO E MACRO ECONOMIA

A Microeconomia estuda o comportamento individual dos agentes económicos, procurando explicar o funcionamento da actividade económica a partir das funções nela realizadas pelos agentes económicos em termos individuais, baseando-se nos micro-sujeitos.

A Macroeconomia estuda os fenómenos económicos numa perspectiva global, ligada aos grandes conjuntos. Baseia-se na análise dos agregados através de índices que medem a actividade económica (PIB, IPC…), nos macro-sujeitos.

ECONOMIA POSITIVA E NORMATIVA

A Economia Positiva vem do pensamento positivo, o qual se baseia em juízos de facto. A Economia Normativa vem do pensamento normativo, o qual se baseia em juízos de valor.

A Ciência Económica baseia-se no pensamento positivo mas a Actividade Económica, que se devia basear na Ciência Económica é influenciada pelo pensamento normativo.

METODOLOGIA DA CIÊNCIA ECONÓMICA

Utilização de Modelos EconómicosUtilização de Modelos Económicos A fim de formular leis:

D(x) = f (Px, Py, Rend, G, S(x)) Procura de x é função do seu preço, do preço de outros bens, do rendimento do consumidor, do gosto deste e da oferta de x

Hipótese "ceteris paribus"Hipótese "ceteris paribus"

Hipótese simplificada que permite analisar um factor de cada vez, supondo que todos os outros factores se mantém constantes.

Exemplo da Função ProcuraExemplo da Função Procura

D(x) = f (Px, Py, Rend, G, S(x))

Observação, análise da realidade, formulação de hipóteses, determinação de regularidades eObservação, análise da realidade, formulação de hipóteses, determinação de regularidades e estabelecimento de leisestabelecimento de leis

A Economia parte dos factos, observa-os, deduz (do geral para o particular) ou induz (do particular para o geral), generaliza e confirma. Caso a confirmação seja negativa o raciocínio é reformulado. Em caso de se verificar estabelecem-se Leis/teorias.

Lei dos Grandes NúmerosLei dos Grandes Números

Baseia-se no comportamento médio a partir de comportamentos individuais (média de cafés)

Lei da Oferta e da ProcuraLei da Oferta e da Procura

O aumento da oferta do bem x faz diminuir o seu preço, levando a um aumento da sua procura.

O aumento da procura do bem x faz aumentar o seu preço, levando ao aumento da sua oferta.

Leis Causais e CondicionaisLeis Causais e Condicionais

Baseiam-se em causas (factos) e são condicionados pelo comportamento humano

Não são imutáveis no tempoNão são imutáveis no tempo

O que actualmente é verdade para a Economia no futuro ode ser mentira

Sofisma da SubjectividadeSofisma da Subjectividade

Sempre que deixamos que a ciência económica seja influenciada pelo pensamento normativo/subjectivo

Sofisma da ComposiçãoSofisma da Composição

O que é verdade para uma parte pode ser ou não verdade para o todo

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P1

P2

Economia 2º ano GAP

Sofisma post hocSofisma post hoc

Falácia do pensamento económico originada pelo automatismo de causa-efeito.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ECONOMIA

Os agentes económicos são racionaisOs agentes económicos são racionais

Racionalidade Económica – a Economia assenta no princípio da racionalidade, tendo como actores as Empresas, Famílias e Estado, os quais praticam actos económicos racionais. As atitudes podem ser:

▪Ultra-racional – o consumidor pesquisa e analisa o mais que podem e só depois tomam as decisões;

▪ Infra-racional – o consumidor é influenciável (publicidade)

▪Homem económico – o consumidor baseia-se no egoísmo individual, comprando apenas para o seu benefício

Óptimo de Pareto – os agentes económicos procuram maximizar/optimizar a satisfação das suas necessidades face aos recursos disponíveis

Eficiência – os agentes económicos buscam a eficiência, querem que os seus actos, além de racionais e óptimos, sejam eficazes

As situações económicas equilibram-seAs situações económicas equilibram-se

Na actividade económica busca-se o equilíbrio, fazendo o confronto entre as necessidades e os recursos:

Equilíbrio Individual – usando o rendimento mensal para satisfazer as necessidades mensais a nível individual. O rendimento será assim aplicado em consumo (famílias), investimento (empresas) ou gastos públicos de consumo ou investimento (Estado)

Equilíbrio Parcial – falando apenas das famílias, empresas ou Estado, focando apenas um dos agentes económicos

Equilíbrio Geral – situação em que não há nem carências nem desperdícios, sendo a procura global igual à oferta global:

PIB = Consumo + Investimento + Gastos Públicos + Exportações - Importações

Oferta Global = PIB + Importações

Procura Global = Consumo + Investimento + Gastos Públicos + Exportações

ANÁLISE ESTÁTICA COMPARADA E ANÁLISE DINÂMICA

A Análise Estática Comparada permite comparar duas situações de equilíbrio (A e B), separadas no tempo sem preocupações quanto à forma como se passou de uma situação para outra

Px

A

B

Q2 Q1 Qx

A Análise Dinâmica explica o mecanismo de ajustamento do mercado e o seu desenvolvimento ao longo do tempo, procurando compreender a variação do preço

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Economia 2º ano GAP

5 QUESTÕES A QUE QUALQUER ECONOMIA TEM DE RESPONDER

1. O que produzir?

Esta questão implica uma escolha, já que as necessidades são sempre superiores aos recursos, e a consequente análise dos custos de oportunidade

2. Como?

Implica a valorização dos factores de produção e a combinação dos mesmos:

▪ Actividade de mão-de-obra intensiva – utiliza mais trabalho (L) que capital (K)

▪ Actividade de capital intensivo – utiliza mais capital (K) que trabalho (L)

3. Para quem?

Implica a escolha do mercado (este tem de existir para se produzir) e é a procura que determina a oferta

4. Onde?

Relaciona-se com a afectação de recursos, com o espaço, podendo ter o objectivo de fixar populações (proximidade das matérias-primas, da mão-de-obra, de transportes...)

5. Quando?

Relaciona-se com o tempo certo para se produzir, a curto ou longo prazo

TIPOS DE RESPOSTAS

Em resposta à questão da organização/funcionamento da Economia encontramos 2 princípios fundamentalistas diferentes:

Economia de MercadoEconomia de Mercado

Quando é o mercado e a iniciativa privada quem controla a Economia, equilibrando-se a si próprio, sem interferência directa do Estado. A propriedade dos meios de produção é privada e domina a liberdade contratual, sendo a maximização do lucro o móbil da actividade económica.

Economia de Direcção CentralEconomia de Direcção Central

Quando a Economia é planeada e dirigida, com a afectação de recursos. É o poder central quem decide, limitando-nos nas nossas atitudes. A propriedade dos meios de produção é colectiva e o móbil da economia é a satisfação do maior número de necessidades essenciais.

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Economia 2º ano GAP

Processo de Actividade Económica

A actividade económica procura conciliar os recursos e as necessidades. Mas para detectarmos uma necessidade precisamos de reconhecer utilidade num bem e saber se estamos dispostos a consumi-lo, já que para o consumir temos de dispor de rendimento, consequente de um fluxo de actos económicos.

Os actos económicos passam-se então em 2 mercados (mercado de bens e serviços e mercado de factores de produção – L e K) e neles interagem os agentes económicos, entre estes as Famílias e as Empresas.

Os agregados económicos podem então ter natureza institucional, onde se agrupam as Famílias, Empresas e Estado; ou funcional, agrupando o capital e o exterior.

O Estado tem um papel múltiplo, tendo o papel de controlar a concorrência a fim de evitar situações de monopólio, fundamentando a concorrência perfeita. O Estado deve assim corrigir as ineficácias do mercado, corrigindo as desigualdades e responsabilizar-se pelos problemas macro-económicos.

As ineficácias do mercado derivam então da concorrência imperfeita, estando o poder concentrado num monopólio ou oligopólio e da existência de externalidades negativas, ou seja, consequências de um acto de produção ou consumo que originam prejuízo.

Na base das desigualdades está o rendimento/riqueza, sendo que o Estado, a fim de diminuir as desigualdades, tem como função fazer a redistribuição da riqueza de forma mais equitativa.

Como problemas macro-económicos encontramos os de natureza conjuntural (a curto prazo) e de natureza estrutural (longo prazo).

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Economia 2º ano GAP

Procura

A procura corresponde à intenção de comprar, sendo o conjunto de bens e serviços que os consumidores estão dispostos a comprar aos diferentes preços.

FUNÇÃO PROCURA

A procura do bem x é função do preço do bem x, do preço dos outros bens, do rendimento do consumidor, do gosto deste e da oferta:

D(x) = f (Px, Py, Rend, G, S(x))

Fazendo a procura depender apenas do preço, vem que: P(x)

D(x) = f (P(x)) P(x3)

P(x2)

P(x1)

Q(x1) Q(x2) Q(x3) Q (x)

A função procura é decrescente, com declive negativo e as 2 grandezas (P(x) e Q(x)) relacionam-se de forma inversa.

CURVA DA PROCURA P(x)

160

Q(x) = a + b.P(x) 120

100

b = (15-25) / (100-60) = -10 / 40 = -0,25 6010 = a -0,25.120 ↔ a = 10 + 30 ↔ a = 40 Com P(x) = 0: Q(x) = 40 -0,25.0 = 40 0 10 15 25 40 Q (x)

Com Q(x) = 0: 0 = 40 -0,25.P(x) ↔ P(x) = 40/0,25 = 160

A curva da procura é negativamente inclinada pelo:

efeito substituição – substituição do bem por outro bem sucedâneo;

efeito rendimento – quando o rendimento aumenta ou os preços diminuem, o poder de compra aumenta.

D

Q(x)

Movimentos ao Longo da Curva – variações nas quantidades procuradasMovimentos ao Longo da Curva – variações nas quantidades procuradas

Aumenta o Preço – há um movimento ao longo da curva para a esquerda

Diminui o Preço – há um movimento ao longo da curva para a direita

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Preço Quantidade

120 10

100 15

60 25

As quantidades procuradas variam então em função do preço do bem (variável independente), sendo que quanto mais elevado for o preço, menores são as quantidades procuradas.

Q(x) = a + b P(x), sendo b = Q(x) (sendo b − e a +)

P(x)

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Economia 2º ano GAP

Deslocações da CurvaDeslocações da Curva

Para a Direita – aumento das quantidades procuradas

Esta deslocação pode dever-se a:

– aumento do rendimento, se for um bem normal ou superior;

– aumento do preço de um bem substituto;

– diminuição do preço de um bem complementar;

– aumento do gosto

Para a Esquerda – diminuição das quantidades procuradas

Esta deslocação pode dever-se a:

– diminuição do rendimento;

– diminuição do preço de um bem substituto;

– aumento do preço de um bem complementar;

– diminuição do gosto

A procura depende essencialmente dos preços, quer do seu próprio preço, quer do preço dos outros bens:

Dependendo do seu preço, se P(x) aumenta, Q(x) diminui

Dependendo do preço de bens sucedâneos, se P(y) aumenta, Q(y) diminui, o que faz aumentar Q(x)

Dependendo do preço de bens complementares, se P(y) aumenta, Q(y) diminui, diminuindo também Q(x)

Dependendo do preço de bens indiferentes, se P(y) aumenta, Q(y) diminui, não provocando qualquer consequência em Q(x)

Outro factor importante na procura é o rendimento do consumidor. O aumento de rendimento faz aumentar a procura até à saturação do consumo. Após o ponto de saturação a procura desse bem diminui. Segundo Engel, esta situação deve-se ao facto de que com o aumento do rendimento, os produtos que eram entendidos como normais ou superiores passam a ser bens inferiores.

A análise da procura do mercado corresponde à soma das quantidades procuradas individuais, para cada preço:

P(x) ex.: Q(xa) = 10-2P(x) e Q(xb) = 5-P(x)

Q= Q(xa) + Q(xb)

Q= 10-2P(x) + (5-P(x))

= 10+5-2P(x) -P(x)

P1 = 15-3P(x)

0 Q1 Q2 Q1 + Q2 Q(x)

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Economia 2º ano GAP

Oferta

A oferta corresponde à intenção de vender, sendo o conjunto de bens e serviços que os produtores estão dispostos a vender, no mercado, para cada preço.

FUNÇÃO E CURVA DA OFERTA

A oferta do bem x é função do seu preço, dos factores de produção, da tecnologia, do nº de empresas e dos objectivos do vendedor – ganhos:

S(x) = f (P(x), F, T, nºe, G)

Fazendo a oferta depender apenas do preço, temos que:

P

P3

P2

P1

0 Q1 Q2 Q3 Q

A função oferta é crescente, tem declive positivo e as 2 grandezas relacionam-se no mesmo sentido.

Q(x) = a + b P(x)

b = (25-15) / (140-100) = 10/40 = 0,25 10 = a + 0,25.80 ↔ a = 10-20 = -10 Com P(x) = 0: Q(x) = -10+0,25.0 = -10 Com Q(x) = 0: 0 = -10+0,25. P(x) ↔ P(x) = 10/0,25 = 40

P

140 S

100

80

40 A curva da oferta é positivamente inclinada

-10 0 10 15 25 Q

Movimentos ao Longo da Curva – variações nas quantidades oferecidasMovimentos ao Longo da Curva – variações nas quantidades oferecidas

Se o preço aumenta, há um movimento ao longo da curva para a direita.

Se o preço diminui, há um movimento ao longo da curva para a esquerda.

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Preço Quantidade

140 25

100 15

80 10

As quantidades oferecidas variam em função do preço do bem, sendo que quanto mais elevado for o preço, maiores são as quantidades oferecidas, já que a oferta é condicionada pelos objectivos do vendedor (lucro).

Q(x) = a + b P(x), sendo b = Q(x) (sendo b + e a −) P(x)

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Economia 2º ano GAP

Deslocações da CurvaDeslocações da Curva

Para a Direita – aumento das quantidades oferecidas

Esta deslocação pode dever-se a:

– diminuição do custo dos factores de produção;

– aumento do número de empresas a oferecer;

Para a Esquerda – diminuição das quantidades oferecidas

Esta deslocação pode dever-se a:

– aumento do custo dos factores de produção;

– diminuição do número de empresas a oferecer;

A oferta do mercado corresponde à soma de todas as ofertas individuais para cada preço.

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Economia 2º ano GAP

Equilíbrio de Mercado

Equilíbrio de mercado (preço de equilíbrio e quantidade de equilíbrio)

O equilíbrio de mercado encontra-se quando, para um determinado preço, as quantidades procuradas são iguais às oferecidas. Assim, em PE: QD = QS

Excesso de Procura e Ajustamento

Temos que as quantidades procuradas são maiores que as oferecidas: QD › QS

O preço praticado está abaixo do preço de equilíbrio, criando uma tendência de aumento do preço. À medida que o preço aumenta, a procura vai diminuindo e a oferta aumentando até ao ponto de equilíbrio.

Excesso de Oferta e Ajustamento

Temos que as quantidades oferecidas são superiores às procuradas: QS › QD

O preço praticado está acima do preço de equilíbrio, criando a tendência para a diminuição do preço. À medida que o preço diminui, a procura vai aumentando e a oferta diminuindo até ao ponto de equilíbrio.

Deslocação da Procura e Novo Ponto de Equilíbrio

O aumento da procura causa o aumento do PE e da QE;

A diminuição da procura causa a diminuição do PE e da QE.

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Economia 2º ano GAP

Deslocação da Oferta e Novo Ponto de Equilíbrio

O aumento da oferta causa a diminuição do PE e o aumento da QE;

A diminuição da oferta causa o aumento do PE e a diminuição da QE.

Desequilíbrio – salário mínimo

Se o custo do trabalho aumenta, a procura de trabalho (dada pela empresa) diminui.

Se o salário aumenta, a oferta de trabalho (dada pelos trabalhadores) aumenta também, e vice-versa.

Se o salário estiver acima do ponto de equilíbrio, a oferta será maior que a procura.

Desequilíbrio – preço máximo

Se for estabelecido um preço máximo este não provoca efeitos na economia se o PE

estiver abaixo desse preço.

O preço máximo tem então de estar abaixo do PE para abalar o mercado.

Em consequência do preço máximo vem um desequilíbrio no mercado, já que, com o

produto forçosamente mais barato para o consumidor, as quantidades procuradas passam a ser maiores que as oferecidas.

Esta é então uma situação de desequilíbrio forçado pois o mercado não pode tender para o equilíbrio que leva ao aparecimento do mercado paralelo, visto que os produtores deixam de querer produzir e vender aos novos preços.

Desequilíbrio – preço mínimo

A fixação de um preço mínimo apenas faz sentido para bens que não os de 1ª ou 2ª necessidade. A fixação de um preço mínimo faz as quantidades procuradas diminuírem, sendo que as quantidades oferecidas se ajustam às procuradas.

O diferencial entre o preço de mercado anterior e o preço mínimo é traduzido num imposto.

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Economia 2º ano GAP

Elasticidades

ELASTICIDADE PREÇO DA PROCURA

A medição da sensibilidade (a resposta) da quantidade procurada de um bem relativamente a variações no preço do bem faz-se pelo cálculo da elasticidade procura-preço directa, cuja apresentação é sempre feita em módulo, dando sempre valores positivos.

Elasticidade no arco preço da procuraElasticidade no arco preço da procura

A elasticidade no arco é medida entre 2 pontos e corresponde então à variação percentual da quantidade procurada sobre a variação percentual do preço.

ED = ∆% Q(x) = ∆ Q(x) / Q(x) = ∆ Q(x) . P(x) = ∆ Q(x) . P(x) , sendo:

∆% P(x) ∆ P(x) / P(x) Q(x) . ∆ P(x) ∆ P(x) Q(x) P(x) = (P1+P2)/2

e Q(x) = (Q1+Q2)/2

I ED I = (1−8)/(2−1) . (3/2)/(9/2)

= −7 . 1,5/4,5

= −2,3

= 2,3 (em módulo)

Elasticidade no ponto preço da procuraElasticidade no ponto preço da procura

A elasticidade no ponto recorre às derivadas, sendo a derivada de Q(x) em ordem a P(x) a multiplicar pelo quociente entre P(x) e Q(x): I ED I = d Q(x) . P(x) / Q(x)

d P(x)

Dada a função: Q(x) = 15−7P(x) e o gráfico anterior, temos que a elasticidade no ponto será:

ponto a) I ED I = −7 . 2/1 = I−14I = 14 e no ponto b) I ED I = −7 . 1/8 = 7/8 = I−0,875I = 0,875

Interpretação dos valores numéricos das elasticidadesInterpretação dos valores numéricos das elasticidades

I ED I = 0 bens de procura perfeitamente rígida

0 ‹ I ED I ‹ 1 bens de procura rígida ∆% Q(x) ‹ ∆% P(x)

I ED I = 1 bens de procura unitária

1 ‹ I ED I ‹ +∞ bens de procura elástica ∆% Q(x) › ∆% P(x)

I ED I = +∞ bens de procura perfeitamente elástica

Elasticidade no ponto ao longo de uma rectaElasticidade no ponto ao longo de uma recta

Q(x) = 100−10P(x)

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a)

b)

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Economia 2º ano GAP

Casos extremos de elasticidade de preço da procuraCasos extremos de elasticidade de preço da procura

Elasticidade preço da procura e variações na despesa totalElasticidade preço da procura e variações na despesa total

Do ponto de vista do vendedor, se for um bem de procura rígida, o vendedor pode aumentar o preço à vontade, já que apesar das quantidades procuradas diminuírem, é compensatório.

ELASTICIDADE CRUZADA DA PROCURA

A medição da sensibilidade (resposta) da procura de um bem relativamente a variações no preço dos bens relacionados (bens sucedâneos, complementares e indiferentes) faz-se pelo cálculo da elasticidade cruzada da procura.

Corresponde então à variação percentual da quantidade procurada do bem x sobre a variação percentual do preço do bem y:

Ex,y = ∆% Q(x) = ∆ Q(x) / Q(x) = ∆ Q(x) . P(y) = ∆ Q(x) . P(y)

∆% P(y) ∆ P(y) / P(y) Q(x) . ∆ P(y) ∆ P(y) Q(x)

(tal como no caso anterior, na elasticidade no ponto usam-se as derivadas em vez de ∆)

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Procura rígida: ‹ 1

Procura unitária

Procura elástica: › 1

Subida de

preços

Aumento das despesas dos consumidores

Despesas constantes

Diminuição das despesas

dos consumidores

Descida de

preços

Diminuição das despesas

dos consumidores

Despesas constantes

Aumento das despesas dos consumidores

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Economia 2º ano GAP

ELASTICIDADE RENDIMENTO DA PROCURA

A medição da sensibilidade (resposta) da procura de um bem relativamente a variações no rendimento faz-se pelo cálculo da elasticidade rendimento da procura.

Consiste então na variação percentual da quantidade procurada sobre a variação percentual do rendimento:

ER = ∆% Q(x) = ∆ Q(x) / Q(x) = ∆ Q(x) . R = ∆ Q(x) . R

∆% R ∆ R / R Q(x) . ∆ R ∆ R Q(x)

A ER varia entre -∞ e +∞, sendo que:

ER › 0 Bens Normais ou Superiores

– 0 ‹ ER ‹ 1 bens normais

– ER › 1 bens superiores

ER ‹ 0 Bens Inferiores

Quando a ER é igual a 0, atinge-se o ponto de saturação, em que o rendimento aumenta mas as quantidades estagnam.

ELASTICIDADE PREÇO DA OFERTA

A medição da sensibilidade (ou resposta) da quantidade oferecida de um bem relativamente a variações no preço do bem faz-se pelo cálculo da elasticidade preço da oferta.

É então a variação percentual da quantidade oferecida sobre a variação percentual do preço:

ES = ∆% Q(xS) = ∆ Q(xS) / Q(xS) = ∆ Q(xS) . P(x) = ∆ Q(xS) . P(x)

∆% P(x) ∆ P(x) / P(x) Q(xS) . ∆ P(x) ∆ P(x) Q(xS)

E S = (8-1)/(2-1).(3/2)/(9/2)

= 7/1.1,5/4,5

= 2,3

(para calcular a elasticidade no ponto usam-se as derivadas em substituição de ∆)

Interpretação dos valores numéricos da elasticidade preço da ofertaInterpretação dos valores numéricos da elasticidade preço da oferta

ES = + ∞ oferta perfeitamente elásticaES › 1 oferta elásticaES = 1 elasticidade unitáriaES ‹ 1 oferta rígidaES = 0 oferta perfeitamente rígida

Casos extremos de elasticidade preço da ofertaCasos extremos de elasticidade preço da oferta

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Economia 2º ano GAP

Teoria do Consumidor

O consumidor necessita conciliar vários factores antes de consumir. Procurando a máxima satisfação das necessidades (máximo de utilidade), o consumidor tem de relacionar o preço dos bens com o seu rendimento.

Para tomar as suas decisões de consumo, o consumidor baseia-se na utilidade que tira de determinado bem, sendo esta:

utilidade total – satisfação acumulada extraída do consumo de um bem e varia em função do nº de unidades consumidas do bem (crescente máximo decrescente)

utilidade marginal – acréscimo de utilidade que resulta do consumo de uma unidade adicional do bem, sendo que, pela Lei da Utilidade Marginal Decrescente, à medida que se consomem unidades adicionais de um bem, a utilidade de cada unidade consumida é menor que a anterior, sendo o aumento de satisfação cada vez menor

O consumidor tem ao seu dispor uma ampla variedade de bens e serviços para consumo, sendo uns preferíveis a outros e alguns indiferentes.

Representando-se geograficamente todas as possíveis combinações de consumo de 2 bens indiferentes temos a curva da indiferença:

A Curva da Indiferença relaciona então o consumo de unidades de x e y que proporcionam a mesma satisfação total – a satisfação total será a mesma quer se consumam mais unidades de x ou não.

Mantendo sempre a mesma concavidade, as curvas da indiferença nunca se intersectam e quanto mais afastadas da origem estiverem, maior será o nível de satisfação

Para se obter a maximização da satisfação, a Umarg de cada bem tem de se encontrar no ponto óptimo. O óptimo de satisfação consegue-se então quando a Umargx ponderada pelo Px é igual à Umargy ponderada pelo Py:

Umargx = Umargy ou Umargx = Px

Px Py Umargy Py

Umargx = 2.Umargy

Px = 10 Umargx = 2 e Px = 1Py = 10 Umargy Py

A situação não é óptima pois Umargx é diferente de Px

Umargy Py

Para obter a satisfação máxima, para cada bem x tem de consumir 2y. O que acontece é que, para não gastar tanto dinheiro (y – 2.10 em vez de apenas 10 – x), o consumidor passa a consumir mais de x, provocando a diminuição da Umargx .

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Page 17: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Assim, o consumidor consome 2 bens (x, y) pois reconhece utilidade nesses bens e do consumo deles vai obter uma determinada utilidade total. A UT pode ser representada por uma expressão matemática:

UT = xα . y1−α , sendo que a soma dos expoentes será igual a 1

UT = x0,4. y0,6 (derivando a função)

Umx = 0,4.x−0,6 . y0,6 = 0,4.y0,6.y0,4 = 0,4.y1 = 0,4y

Umy x0,4. 0,6.y−0,4 0,6.x0,4.x0,6 0,6.x1 0,6x

Existem várias combinações possíveis de consumo de bens indiferentes, sendo que a UT é a mesma ao longo de todas as combinações. Mas para se fazerem as várias combinações, o consumidor tem de estar disposto a prescindir de algumas unidades de um bem para consumir outro.

A quantidade de y que o consumidor se dispõe a sacrificar por uma unidade adicional de consumo de x, para um dado nível de utilidade, é a taxa marginal de substituição de y por x.

Em cada ponto da curva de indiferença a taxa marginal de substituição de y por x é dada pelo valor absoluto da medida da inclinação da recta tangente à curva de indiferença no ponto referido.

O óptimo de consumo combina os aspectos mais elevados de utilidade com os aspectos menos elevados do preço dos bens e do rendimento, sendo R = x.Px+y.Py a função da restrição

orçamental.

O ponto óptimo corresponde ao ponto de tangencia entre a recta orçamental e a Curva de Indiferença.

O desequilíbrio do óptimo de consumo pode ter como origem a alteração da UT, do R ou do P.

Alteração do Rendimento

O aumento do rendimento faz deslocar a recta da restrição orçamental para a direita, sem alterar a inclinação (os preços relativos não se alteram);

A diminuição do rendimento faz deslocar a recta da restrição orçamental para a esquerda, sem alterar a inclinação (os preços relativos não se alteram).

A curva consumo-rendimento une os sucessivos pontos óptimos (que maximizam a utilidade) causados por uma variação contínua do rendimento, admitindo que os preços relativos permanecem invariáveis.

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Page 18: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Alteração de Preços

A alteração do preço de um dos bens dá origem a uma rotação na recta do orçamento.

A diminuição do preço de um bem significa que o consumidor fica a dispor de mais poder de compra para gastar em todos os produtos, aumentando o consumo;

A diminuição do Px e Py faz com que a curva de restrição orçamental se desloque para a direita.

A Curva consumo-preço une os vários pontos óptimos causados pela variação de preço de um dos bens.

UT = x0,8.y0,2 R=100 Px=4 Py=2

– óptimo de consumo:

Umgx = 0,8.x−0,2.y0,2 = 0,8.y0,2.y0,8 = 0,8y Px = 4 =2Umgy x0,8.0,2.y−0,8 0,2.x0,8.x0,2 0,2x Py 2

0,8y = 2 0,8y = 2.0,2x 0,8y = 0,4x x = 2y

0,2x

– função da restrição orçamental e ponto óptimo:

R= x.Px+y.Py 100 = x.4+y.2 100 = 4.2.y+2.y 100 = 10y y = 10 e x = 2y = 20

O ponto óptimo será em (x=20, y=10)

– valor da UT no ponto óptimo:

UT = 200,8.100,2

– gráfico:

18

y

50

10

0 20 25 x

R/Py

100/2

R/Px

100/4

Page 19: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Teoria do Produtor

Para produzir, o produtor necessita conciliar os factores de produção – trabalho (L) e capital (K). No entanto, existe alguma substituição possível que depende da especificidade da actividade, da tecnologia e do custo relativo dos factores, já que, em certos pontos de produção, é possível substituir um dos factores por outro (aquisição de maquinaria que dispensa mão-de-obra).

A combinação dos factores de produção a fim de encontrar o óptimo de produção é então o fundamento da teoria do produtor.

Factor TrabalhoFactor Trabalho

O trabalho é o acto de criação de valor, sendo simultaneamente um esforço e um processo de criação e é caracterizado e condicionado por factores demográficos (pela relação entre o emprego e a zona de trabalho); económicos (pelo rendimento e custos); e jurídico-sociais.

Factor CapitalFactor Capital

Capital (fixo ou circulante) é o conjunto de recursos não humanos, reconhecidos economicamente, que a empresa necessita para produzir e obter um determinado rendimento:

Capital Técnico – bens, equipamentos necessários para produzir;

Capital Contabilístico da empresa – medido pelo valor monetário do mesmo;

Capital Jurídico – representado pelos fundos próprios da empresa, sendo o conjunto dos direitos sobre uma empresa que permitem aos seus detentores obter um determinado rendimento (capital social e acções)

A formação de capital fixo pode ser Bruta (Investimento Bruto) – FBCF ou Líquida – FLCF:

FBCF = FLCF + amortizações, sendo as amortizações investimento de reposição

O investimento pode ser autónomo (investimento de reposição, tem de ser feito) ou induzido (depende da produção e é induzido pelas expectativas do empresário).

Mas sozinho, o factor capital não acrescenta valor/riqueza, já que a produtividade depende de várias condições:

técnicas – quantidade e qualidade dos equipamentos;

humanas – ambiente social na empresa, formação profissional;

psicológicas – motivação das pessoas;

económicas – relação custo-resultado.

A teoria do produtor baseia-se no estudo da função de produção, sendo a produção total igual à combinação do factor trabalho com o factor capital:

Q = La.K1−a

Pelas diferentes combinações de factores, podemos ter:

Produção de trabalho intensivo: Q = L0,8.K0,2

Produção baseada no capital intensivo: Q = L0,2.K0,8

O produtor, para combinar o trabalho com o capital a fim de maximizar a produção, tem de ter presente vários factores – orçamento, custo…

A Produtividade Marginal do trabalho é igual à variação das quantidades produzidas, resultantes da variação do trabalho: L = ∆Q/∆L, ou a derivada em vez de ∆.

A Produtividade Marginal do capital é igual à variação das quantidades produzidas, resultantes da variação do capital: K = ∆Q/∆K, ou a derivada em vez de ∆.

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Page 20: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

A produção pode ser feita em duas ópticas. Uma de curto prazo, que depende da Produtividade Marginal do trabalho; e outra de longo prazo, que depende dos 2 factores.

Óptica de curto prazo

Sempre que acrescentamos uma unidade de trabalho, a produtividade aumenta até ao ponto máximo de produção.

Após o máximo de produção, ao acrescentar uma unidade de trabalho, a produtividade começa a diminuir.

Quando a produtividade marginal do trabalho é zero, o produto total é máximo.

Para determinar a Produtividade Média do Trabalho, divide-se o produto total pelo trabalho, sendo que será igual à tangente do ângulo de uma recta que sai da origem para cada um dos pontos:

PmL = Q/L = senx/cosx = tgx

Óptica de longo prazo

Nesta óptica procede-se então à combinação de K com L, sendo que as diversas combinações se encontram expressas numa curva denominada isoquanta.

Quanto mais afastada a isoquanta estiver da origem, maior será a produtividade.

Segundo a Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes, se aumentarmos a utilização de um dos factores mantendo o outro constante, a produtividade marginal será decrescente, diminuirá.

Pela Taxa Marginal de Substituição Técnica encontra-se o número de unidades de um dos factores que deixo de utilizar para aumentar a utilização do outro factor em uma unidade, mantendo o produto total constante.

A restrição orçamental é um dos factores de que depende a produção, sendo que o orçamento vai suportar o custo do trabalho e do capital:

C = W.L + R.K o custo total será igual ao custo do trabalho a multiplicar pelas horas de trabalho, a somar ao custo do capital a multiplicar pelo capital

O óptimo do produtor deriva da combinação da recta do isocusto com a curva da isoquanta, sendo que se encontra no ponto de tangencia dos dois:

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Page 21: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Exercício para determinar o óptimo produtivo:

Q = 3.L0,5.K0,5

C = 200

W = 3

R = 5

PMarg: 3.0,5.L−0,5.K0,5 = K0,5.K0,5 = K

3.L0,5.0,5.K−0,5 L0,5.L0,5 L

K = 3 5K = 3L K = 3L/5

L 5

200 = 3L + 5K 200 = 3L + 5. 3L/5 200 = 6L L = 200/6 L = 33,3

Se K = 3L/5, K = 3.33,3/5 = 19,98

Com L=0: 200=5K K=200/5 = 40

Com K=0: 200=3L L=200/3 = 60

Rendimentos à EscalaRendimentos à Escala

Q = Lα.Kβ

α+β = 1 Rendimentos Constantes à Escala

Se os factores variarem, o resultado também varia, sendo proporcional.

α+β > 1 Rendimentos Crescentes à Escala

Se os factores variarem, o resultado vai variar, sendo mais proporcional.

α+β < 1 Rendimentos Decrescentes à Escala

Se os factores variarem, o resultado vai ser menos proporcional.

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Page 22: Economia-resumos[1]

Custo Fixo Médio = CF/x

Deduz-se o CFM a partir do CF. Quando a quantidade for 1, o CFM será igual ao CF.

À medida que a quantidade aumenta, o CFM tende para zero. Assim, quanto maior for a quantidade, menor será o CFM.

Custo Variável Médio = CV/x = senα/cosα = tgα

O CVM é mínimo quando a linha saída da origem for tangente a CV.

Custo Total Médio = CT/x = CF/x + CV/x

O CTM é mínimo no ponto de tangencia de CT.

Economia 2º ano GAP

Condições de Determinação do Lucro de uma Empresa

Antes de se apurar o lucro de uma empresa é necessário fazer uma análise dos custos e das receitas da mesma.

ANÁLISE ECONÓMICA DE CUSTOS

Os custos de uma empresa podem ser globais ou unitários:

Custos Globais

▪Fixos – independentes da quantidade produzida e apenas fazem sentido numa lógica de curto prazo;

▪Variáveis – dependem da quantidade produzida. Estão relacionados com a produtividade e com as leis do rendimento decrescente. Assim, à medida q "x" aumenta, os CV aumentam. A partir de um determinado ponto, os CV deixam de aumentar menos proporcionalmente e passam a aumentar mais proporcionalmente;

▪Totais – soma dos CF com os CV. Sendo os CF constantes, os CT formam uma linha paralela aos CV.

Custos Unitários

Comparando os CTM com os CVM, temos que a tangente de CV será à esquerda da tangente de CT, já que a primeira se inicia na origem e as 2 curvas tendem a igualar-se.

Custo Marginal Médio = ∆CT/∆x = ∆CV/∆x ou (CT)' em ordem a x = (CV)'

O CmargM deduz-se então a partir de CV ou CT e cruza as curvas do CVM e do CTM nos seus pontos mínimos.

Cada ponto da função CmargM é dado pela inclinação da recta tangente à curva no ponto em questão na função CV ou CT, sendo o ponto de inflexão ponto mínimo do custo marginal.

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Page 23: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Análise de custos a curto prazo e a longo prazoAnálise de custos a curto prazo e a longo prazo

Lógica de Curto Prazo

CT = CF+CV e CTM = CFM+CVM

Lógica de Longo Prazo

No Longo Prazo não existem custos fixos, todos os custos são variáveis: CT = CV

Ao ponto de inflexão de CT corresponde o ponto mínimo do Cmarg.

Custos Médios no Longo Prazo e Economias de EscalaCustos Médios no Longo Prazo e Economias de Escala

Estamos perante Economias de Escala quando o aumento da produção leva a um abaixamento de custo;

Nas Deseconomias de Escala, produzir mais leva ao aumento do custo por unidade.

CT = 2x2−5x+40, definir os custos:

CF = 40 (constante) CFM = 40/x

CV = 2x2−5x CVM = (2x2−5x )/x = (x (2x−5))/x = 2x−5

CTM = ((2x2−5x )/x ) + (40/x) = (2x2−5x+40)/x

Cmarg = (2x2−5x+40)' = 4x−5

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Page 24: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

RENDIMENTOS DA EMPRESA

Para apurar os rendimentos da empresa, é necessário, primeiro que tudo, saber se ela se encontra num mercado de concorrência perfeita ou de monopólio.

Num mercado de concorrência perfeita:

– a empresa é um "price-taker", recebe os preços impostos pelo mercado através do livre encontro da procura e da oferta, não tendo qualquer domínio neles;

– a empresa não tem liberdade de preço mas tem de quantidades, sendo estas o seu parâmetro de acção – é um mercado ajustador de quantidades;

– existem "n" entidades do lado da oferta, bem como do lado da procura, e nem a oferta nem a procura têm domínio sobre o mercado;

– o mercado é homogéneo, o bem transaccionado é homogéneo, não se distinguindo de empresa para empresa;

– não há custos de investimento, há livre entrada e saída;

– tanto a oferta como a procura se caracterizam pela atomicidade, existem em muito pequenas quantidades.

Num mercado de monopólio:

– a empresa é um "price-maker", domina sobre o mercado fixando o preço de acordo com as próprias regras;

– o parâmetro de acção é o preço, sendo as quantidades o parâmetro esperado – é um mercado ajustador de preços (para obter lucros em função das vendas);

– há mais quantidades de procura que oferta, sendo esta que domina;

– o mercado é homogéneo por natureza, não há comparatividade já que apenas uma empresa domina;

– não se entra e sai livremente, havendo vários tipos de monopólio:

"de facto" – a empresa domina o mercado, não permitindo a existência de mais empresas a criar competitividade;

"de jure" – conta com a existência de um alvará que protege a empresa da concorrência, tornando-a a única empresa.

Calculo das receitas da empresa em concorrência perfeitaCalculo das receitas da empresa em concorrência perfeita

Cálculos auxiliares:

Para as mesmas quantidades, uma variação do preço ditado pelo

mercado faz com que a curva das receitas se desloque para a esquerda.

O preço será tanto maior quanto maior for o ângulo:

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Page 25: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Calculo das receitas da empresa em monopólioCalculo das receitas da empresa em monopólio

- Receita Total RT = P.x = (a−bx).x = ax−bx2

- Receita Média RM = RT/x = (ax−bx2)/x = x.(a−bx)/x = a−bx = P

- Receita Marginal Rmg = ∆RT/∆x = (RT)' = (ax−bx2)' = a−2bx

RT varia em função do preço, o qual varia em função das quantidades e da elasticidade.

Em monopólio o preço não é uma constante mas uma função, já que é a empresa que decide fixar um determinado preço a fim de obter receitas maiores.

Se IEDI > 1 estamos perante procura elástica, sendo que o Rmg é positivo, o que torna o RT crescente.

Se IEDI = 1 estamos perante procura unitária, sendo que o Rmg é zero e o RT máximo.

Se IEDI < 1 estamos perante procura rígida, sendo que o Rmg é negativo, o que torna o RT decrescente.

Desta forma, RT resulta do facto do Rmg ser negativo, zero, ou positivo.

DETERMINAÇÃO DOS LUCROS

O Lucro corresponde à diferença entre os rendimentos e os custos.

Se Rmg > Cmg Lmg > 0, é positivo, sendo que a empresa deve continuar a produzir;

Se Rmg = Cmg P = Cmg Lmg =0, o lucro adicional deixa de aumentar, estando no ponto máximo e não valendo a pena oferecer mais unidades;

Se Rmg < Cmg Lmg < 0, é negativo, a empresa gasta mais a produzir que a vender, não valendo a pena continuar a produzir. Em vez de lucro adicional tem prejuízo adicional.

O Lucro Contabilístico, que corresponde à diferença entre RT e CT, divide-se em Lucro Económico e Lucro Normal, sendo este último a expectativa do produtor ou da empresa.

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Page 26: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Lucros em Concorrência PerfeitaLucros em Concorrência Perfeita

O gráfico demonstra que existe uma zona de prejuízo, viragem e lucro.

Em função de determinados níveis de preço, a empresa pode-se encontrar em situação de lucro ou prejuízo.

A situação de ponto óptimo encontra-se pela igualdade do Preço com o Cmarg, sendo que mesmo neste ponto a empresa pode produzir mais sem obter prejuízo (até CTM=P). Após esta última igualdade, se se produzir mais haverá prejuízo.

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Page 27: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Lucros em MonopólioLucros em Monopólio

O ponto óptimo encontra-se quando o Cmarg intersecta o Rmarg (x1). Cmarg cruza o CTM no seu ponto mínimo.

A melhor escolha para o consumidor – CP ou Monopólio?A melhor escolha para o consumidor – CP ou Monopólio?

Em Concorrência perfeita há mais quantidade oferecida a um preço mais reduzido, sendo o melhor para o consumidor:

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Page 28: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Outros Mercados de funcionamento das empresas

Mercado de Concorrência Monopolística ou ImperfeitaMercado de Concorrência Monopolística ou Imperfeita

– não há apenas uma empresa na oferta mas várias que concorrem entre si;

– o produto é diferenciado (cada uma das empresas introduz pequenas diferenciações – marcas, modelos, embalagem…);

– há livre entrada e saída de empresas;

– cada uma das empresas tem como objectivo ganhar quota de mercado ou ganhar outras empresas concorrentes, a fim de se tornarem um monopólio.

À medida que são admitidas novas empresas concorrentes, a curva da procura desloca-se para a esquerda, fazendo diminuir a RT e o lucro (CT mantém-se).

O lucro tende para zero pois todos concorrem para tentar ter o máximo lucro, mas este vai sendo cada vez menor, começando a parar no umbral do lucro, onde as empresas têm de deixar de baixar os preços como forma de concorrência já que o lucro não o permite.

Mercado de DuopólioMercado de Duopólio

– mercado vezes 2, com 2 entidades no lado da oferta

Num duopólio coordenado há entendimento entre as 2 empresas em que cada uma sabe a sua dimensão de mercado e fixam em conjunto as condições de mercado.

Num duopólio não coordenado as 2 empresas estão descoordenadas nas decisões – uma decide baixar o preço, vende mais quantidades, a outra

vai vender menos quantidades praticando o preço inicial, baixando também o preço com o objectivo de recuperar quota de mercado.

Mercado de OligopólioMercado de Oligopólio

– caracteriza-se pela existência de várias unidades de produção de grande dimensão

Pode ser oligopólio coordenado (colusão) em que tem comportamentos idênticos ao monopólio, praticando todas as empresas o mesmo preço ou incoordenado, com a curva da procura quebrada:

Se uma empresa decide subir o preço para P2, as outras empresas não a imitam pois a sua curva da procura vai ser inferior.

Se houver um abaixamento de preços, não haverão modificações na curva de vendas já que todas diminuem o preço.

Acima do preço de concertação vai haver uma nova curva da procura que corresponde à empresa que vende mais caro.

Abaixo do preço de concertação todas as empresas seguem o preço.

Acima do preço de equilíbrio funciona a curva da procura de P2>P1, abaixo do PE funciona a inicial.

Temos ainda que a curva do Rmarg é descontínua.

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Page 29: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Macroeconomia

A Macroeconomia estuda os fenómenos económicos numa perspectiva global, ligada aos grandes conjuntos. Baseia-se na análise dos agregados através de índices que medem a actividade económica (PIB, IPC…), nos macro-sujeitos.

A macroeconomia estuda então a Economia a partir dos seus agregados, os quais se podem agrupar e identificar de acordo com a sua especificidade:

Agregados económicos de ordem institucional (representam instituições)

Famílias – consumir

Empresas – produzir bens e serviços não financeiros

Estado – garantir a satisfação das necessidades colectivas

Agregados económicos de ordem funcional (só existem se houver movimentação)

Exterior – trocar bens, serviços e capitais (importações, exportações e investimento estrangeiro)

Capital – prestar serviços financeiros (poupança e financiamento)

A actividade económica é o somatório dos actos económicos praticados pelos agentes económicos agregados. A Economia funciona assim a partir destes 5 agregados e pode encontrar-se nas seguintes situações:

Economia Fechada – não tem relações económicas com outras economias

Sem Estado – forma simplificada com apenas 2 agregados: Famílias e Empresas

Com Estado – aos agregados Famílias e Empresas junta-se o Estado, com as funções de assegurar o equilíbrio/estabilidade macroeconómica e corrigir desequilíbrios

Economia Aberta – tem relações económicas com outras economias: Famílias, Empresas, Estado, Exterior e Capital

ECONOMIA FECHADA SEM ESTADO

Só pode haver mercado de bens e serviços se houver mercado de factores de produção e vice-versa, sendo uma corrente circular.

A despesa da família advém do consumo/aquisição de bens e serviços produzidos pelas empresas. A despesa das famílias neste consumo torna-se receita de vendas das empresas, as quais têm de pagar salários, rendas e lucros em troca dos inputs que receberam das famílias para a produção – trabalho, terra e capital. Estas despesas da empresa tornam-se rendimento para as famílias, detentoras dos factores de produção.

Existem 2 tipos de fluxos – fluxos reais (factores de produção e bens e serviços) e fluxos monetários (pagamento efectuado em moeda pela utilização dos factores de produção e pelos bens e serviços/entrada e saída de moeda). Assim, todo o fluxo real tem a contrapartida em fluxos monetários.

O valor do salário é determinado pelo mercado de trabalho; o do lucro pelo mercado de capitais; e o das propriedades pelo mercado imobiliário.

A actividade económica será mais desenvolvida quanto mais rapidamente se desenvolverem os fluxos (mais consumo, mais rendimento, mais produção, mais trabalho…).

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Page 30: Economia-resumos[1]

poup

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lucr

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epa

rtid

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Economia 2º ano GAP

ECONOMIA FECHADA COM ESTADO

ECONOMIA ABERTA

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FAMÍLIA ESTADO

EMPRESA

CAPITAL EXTERIOR

salários

consumo

vencimento da função pública

impostos directos pagos pelas famílias

exportações

importações

impostos directos pagos pelas empresas

investimento

amortizações

impostos indirectos pagos pela empresa

lucros repartidos

superavitexterior

Page 31: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Contabilidade Nacional

Para medir a actividade económica baseamo-nos nos fluxos monetários, os quais deduzem o valor dos fluxos reais. Quanto mais valerem os fluxos reais, maiores serão os fluxos monetários.

O produto de uma Economia (valor dos bens e serviços produzidos pelos agentes económicos num dado período e num dado espaço económico) pode ser determinado segundo 3 ópticas que contribuem para a mesma leitura:

Óptica do Produto – valor da produção criada na Economia, traduzida pelo somatório do valor de todos os bens e serviços produzidos num período. Pode ser determinado segundo 2 métodos:

Método dos Produtos Finais (MPF) – determina-se o valor do produto através das vendas de bens e serviços de consumo final, não contabilizando os bens de consumo intermédio (considera apenas o valor final);

Método dos Valores Acrescentados (MVA) – baseia-se na determinação do valor acrescentado por cada unidade produtiva, calculado através da diferença entre o valor das vendas e o das compras realizadas na produção do bem. O valor do produto resulta da soma dos valores acrescentados pelas unidades de produção.

Segundo esta óptica, além do valor numérico do produto, ficamos a saber a natureza da produção bem como os ramos de actividade que mais contribuíram para essa produção.

Óptica do Rendimento – valor da riqueza gerada na Economia, traduzida pelo somatório dos salários, lucros, rendas e juros:

RI = Salários + Lucros + Juros + Rendas + Impostos Directosou

RI = Salários + EBP (excedente bruto de produção) + Impostos Directos

A óptica do rendimento informa-nos, além do valor numérico do produto, sobre a repartição do rendimento pelos factores de produção.

Óptica da Despesa – valor dos bens e serviços adquiridos/consumidos pelos agentes económicos, traduzindo-se no somatório do consumo das famílias, investimento das empresas e gastos públicos do Estado:

DI = C + I + G – M + X, sendo M → importações e X → exportações

Pela óptica da despesa, além do valor numérico do produto, ficamos a conhecer a forma como o país aplicou/dispôs da produção realizada.

NOÇÕES DE PRODUTO

Produto Interno e Produto NacionalProduto Interno e Produto Nacional

O PI corresponde ao somatório do valor dos bens e serviços produzidos pelos agentes económicos num dado espaço económico e geográfico (dentro de fronteiras).

O PN corresponde ao somatório do valor dos bens e serviços produzidos por nacionais dum dado território.

PN = PI + rendimentos recebidos do exterior – rendimentos pagos ao exteriorou

PN = PI + RLE

Produto Bruto e LíquidoProduto Bruto e Líquido

O PB considera não só a riqueza gerada na Economia, mas também o valor da reposição da capacidade produtiva (amortizações).

O PL considera apenas o valor da nova riqueza gerada na Economia sem a presença de amortizações (investimento acrescido).

PB = PL + amortizações

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Page 32: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Produto a Custo de Factores e a Preços de MercadoProduto a Custo de Factores e a Preços de Mercado

O Pcf traduz os preços reais de produção dos bens e serviços, excluindo os impostos indirectos e os subsídios à produção – lucros, outros custos, salários, bens intermédios e matérias-primas.

O Ppm traduz o valor de aquisição (transacção final) dos bens e serviços, incluindo os preços de produção, os impostos indirectos e os subsídios à produção.

Ppm = Pcf + impostos indirectos (Ti) – subsídios à produção (Z)

Produto a Preços Correntes e a Preços ConstantesProduto a Preços Correntes e a Preços Constantes

O PP Correntes é calculado quando os bens e serviços são valorizados aos preços verificados no ano em causa (produto nominal).

O PP Constantes é calculado quando os bens e serviços são valorizados segundo preços de um ano considerado como base, resultando da deflação ou valorização dos preços de um ano relativamente ao ano base através do IPC (produto real).

Igualdades:

Produto = Rendimento = Despesa

Procura Interna: PI = C + G + I

Investimento: I = FBCF + Δ Stocks

FBCF = FLCF + amortizações

Procura Externa: PE = exportações

Procura Global: PG = PI + PE = C + G + I + X

Oferta Interna: OI = PIBpm = DI

Oferta Externa: OE = importações

Oferta Global: OG = OI + OE = PIBpm + M

PG = OG

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Page 33: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Procura e Oferta Agregada

PROCURA AGREGADA

A procura agregada é igual à despesa agregada planeada em bens e serviços finais, durante um determinado período de tempo, dado um nível de preços e vai coincidir com o PIBpm.

A Procura Agregada (AD) tem então como componentes o consumo (C), Investimento (I), Gastos Públicos (G) e Exportações Líquidas (X – M):

AD = C + I + G + (X – M)

Curva da Procura AgregadaCurva da Procura Agregada

A curva da procura agregada vai relacionar a despesa com o nível de preços:

Se os preços aumentam, o produto nominal (influenciado pelos preços correntes/inflação) aumenta; mas o produto real (considerado a preços constantes e que traduz o crescimento económico) pode diminuir.

Quanto maior a inflação, menor o valor do PIB real – um aumento da inflação vai levar a um aumento do PIB nominal mas a uma diminuição do PIB real. Há uma ilusão monetária em que se pensa de forma errada que uma maior quantidade de moeda significa maior riqueza.

Curva da Procura com Inclinação Negativa – influência da inflaçãoCurva da Procura com Inclinação Negativa – influência da inflação

Nível de Preços e Consumo "efeito riqueza" – um aumento da inflação leva, como já foi dito, a uma diminuição do PIB real pela diminuição do poder de compra mas o PIB nominal aumenta pela ilusão monetária.

Nível de Preços e Investimento "efeito taxa de juro" – quanto maior a inflação, maior a taxa de juro, o que faz reduzir a capacidade de investimento.

Nível de Preços e Exportações Líquidas "efeito comércio externo" – quanto maior a inflação, menor a competitividade já que o aumento dos preços leva à estagnação do comércio com o exterior.

Deslocações da Procura AgregadaDeslocações da Procura Agregada

As deslocações da curva da procura agregada ocorrem sempre que existem modificações de factores que não o preço, pois este apenas provoca deslocações ao longo da curva. Como factores que fazem deslocar a curva da procura agregada temos:

Variáveis Políticas/Monetárias:

Política Monetária – oferta de moeda e taxa de juro (uma baixa da taxa de juro leva ao aumento da procura e a concessão de crédito pelos bancos é a oferta de moeda);

Politica Orçamental – gastos e impostos (o aumento dos gastos públicos faz aumentar a procura agregada – investimento).

Variáveis Exógenas:

Valor dos Activos;

Progresso Tecnológico;

Rendimento Externo (remessas de emigrantes);

Outros (confiança, expectativas…)

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Page 34: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

OFERTA AGREGADA

A oferta agregada é o produto total (bens e serviços) que os agentes económicos estão dispostos a produzir e vender durante um determinado período de tempo (normalmente um ano) dado um nível de preços.

A curva da oferta agregada (AS) é uma função que mostra o nível do produto que será produzido para cada nível de preços, mantendo-se tudo o resto constante.

No curto prazo tem inclinação positiva e no longo prazo é vertical.

A oferta agregada é influenciada pelo nível de preços que, quanto maior for, maior será a oferta agregada.

Quanto mais se tenta controlar a inflação, menor o estímulo dado às empresas e menor a oferta agregada.

Se os preços aumentam, o PIB real também aumenta até atingir o produto potencial. Depois do produto potencial, o PIB real aumenta menos proporcionalmente que o aumento dos preços, até ao ponto em que é vertical e o PIB real já não cresce.

Determinantes da Oferta AgregadaDeterminantes da Oferta Agregada

→ Produto Potencial

O produto potencial é um limite à expansão da capacidade produtiva, é a capacidade máxima que uma Economia tem de gerar riqueza. E é influenciado por:

Quantidades Oferecidas dos Factores de Produção (L,K) – o crescimento dos factores de produção aumenta o produto potencial e a oferta agregada;

Tecnologia e Eficiência

Um aumento do produto potencial leva a uma deslocação da curva da oferta agregada (AS) para a direita. Assim, ao mesmo nível de preços, o a quantidade de produto oferecida é maior, aumentando o PIB real.

→ Custo de Produção

Os custos de produção são influenciados pelos salários, preços de importação e custos de outros factores.

Se os preços de importação estão elevados, valoriza-se a moeda para fazer para diminuir os preços de importação. Contudo, a valorização também deixa as exportações mais caras, levanto à sua diminuição. Por consequência o desemprego aumenta.

O aumento dos custos de produção para um dado produto potencial fazem deslocar a curva da oferta agregada (AS) para cima – as empresas estão dispostas a oferecer um dado nível de produto se o nível de preços for superior.

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Page 35: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Efeito Combinado do Aumento dos Custos e Crescimento do Produto Potencial

O aumento do produto potencial (limite sem disparar a inflação) leva a um aumento do PIB real e permite o crescimento de forma mais equilibrada.

A estimulação da oferta leva ao salto do produto potencial.

Deslocações da Curva da Oferta AgregadaDeslocações da Curva da Oferta Agregada

No curto prazo, a curva da oferta agregada pode aumentar/diminuir pelo:

Aumento /diminuição nos preços dos recursos (custos de produção);

Expectativas de redução/aumento do nível de preços;

Choques de oferta favoráveis/desfavoráveis ligados por exemplo ao bom/mau tempo.

No longo prazo, a curva da oferta agregada pode aumentar/diminuir pelo:

Aumento/diminuição dos recursos (factores de produção);

Melhoria/deterioração na tecnologia e produtividade;

Mudanças institucionais que aumentam/reduzem a eficácia no uso dos recursos.

EQUILÍBRIO MACROECONÓMICO NO CURTO PRAZO

A interacção entre a procura e a oferta agregadas resulta num equilíbrio. O produto e o nível de preços estabelecem-se no nível de preços que iguala as quantidades que os agentes económicos estão dispostos a comprar com as quantidades de bens e serviços oferecidas numa Economia.

Se no curto prazo está condicionada por custos fixos e variáveis; no longo prazo a oferta agregada pode ajustar-se e é coincidente com o produto potencial, não sendo influenciada pela inflação.

O equilíbrio macroeconómico verifica-se quando a oferta agregada é igual à procura agregada e existem 2 conceitos a este respeito, um baseado no modelo clássico e outro no modelo keynesiano.

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Page 36: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Modelo ClássicoModelo Clássico

Modelo de explicação da actividade económica desenvolvido no séc. XVIII-XIX que parte do princípio que o pleno emprego significa 100% de emprego (mas com desemprego voluntário).

Isto é explicado pela total flexibilidade do mercado de trabalho (total liberalização na fixação do salário – tanto podia subir como baixar; e liberalização do emprego – tanto podia contratar como demitir).

Quanto mais elevado fosse o salário, mais emprego se procurava e menos trabalho se oferecia.

O modelo clássico (estrutural e de longo prazo) não considera o desenvolvimento tecnológico, pelo que para aumentar a produção apenas considera necessário aumentar o trabalho e o capital.

Segue a Lei de Say, pela qual a oferta cria a sua própria procura – quantos mais bens e serviços se oferecer, mais bens e serviços serão procurados.

Mas os séc. XVIII-XIX foram caracterizados por uma Rev. Tecnológica, impulsionada pela vontade das empresas de produzir cada vez mais para aumentarem os lucros e o modelo clássico falhou porque não considerou o desenvolvimento tecnológico, não considerou que se podia produzir mais com menos mão-de-obra, levando a uma crise de superprodução que culminou na crise bolsista de 29.

Modelo KeynesianoModelo Keynesiano

Com o final do modelo clássico, foi o modelo keynesiano (modelo de curto prazo e conjuntural), no início do séc. XX, o responsável pelo crescimento económico do pós-guerra.

Foi então keynes que conseguiu controlar a Economia, produzindo uma nova lógica, com uma visão global e macroeconómica. Dizia que a macroeconomia tinha crises contínuas mas uma contínua procura de equilíbrio e defendia a intervenção do Estado na Economia como factor dinamizador.

O equilíbrio corresponde à igualdade entre o PIB (y) e o consumo e investimento (C + I), sendo este ditado pela poupança.

O consumo é sempre positivo (consumo autónomo) e se o PIB for superior a (C+I) há excesso de produção.

No curto prazo deve-se produzir menos, o que implica despedimentos. Assim, no CP existe desemprego (mesmo que a economia esteja equilibrada), o chamado desemprego friccional – passagem de um emprego para outro.

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Se o PIB baixasse, as empresas despediam – flexibilidade do trabalho.

Page 37: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Modelo Keynesiano

ECONOMIA FECHADA SEM ESTADO

Numa Economia fechada sem Estado, o valor do PIB (rendimento disponível) será igual à soma do consumo com o investimento, sendo este último ditado pela poupança:

Y = C + I, I = S

ConsumoConsumo

Quanto ao consumo, existem dois tipos. Consumo autónomo (C), que não depende do rendimento, é fixo; e consumo induzido (cY), que depende do rendimento – quando o rendimento disponível aumenta, o consumo induzido também aumenta:

C = C + cYd

A função consumo mostra assim a relação entre despesas de consumo e rendimento disponível, sendo este a parte do rendimento que pode ser usada em consumo e investimento, sendo "c" a propensão marginal ao consumo (PMargC) que varia entre 0 e 1 – c% de Y é a para consumo.

Em termos macroeconómicos, o consumo é determinado pelo rendimento e por poupanças anteriores.

Temos que:

Y = C + S

Δ Y = Δ C + Δ S

Δ Y = Δ C + Δ S

Δ Y Δ Y + Δ Y

1 = PMargC + PMargP

PMargP = 1 – PMargC

Como propensão média ao consumo, temos:

PMC = C

Y

37

Page 38: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

PoupançaPoupança

A função poupança, por dedução:

Y = C + S

Y = (C + cY) + S

Y – C – cY = S

S = – C + (1 – c).Y

Sendo que (1 – c) é a propensão marginal à poupança.

Quanto maior o rendimento, menor o preço relativo do consumo, maior será a capacidade de poupança. Desta mesma forma, o valor mínimo da poupança será quando o rendimento disponível for igual a 0.

Como propensão média à poupança, temos:

PMS = S

Y

InvestimentoInvestimento

Quanto ao investimento, existem também dois tipos. O investimento autónomo (I = I), independente do rendimento (existente a CP); e o investimento induzido (I = I + iY), que depende das taxas de juro, das expectativas dos investidores e da eficiência marginal do capital.

Um aumento do rendimento, vai fazer a curva do investimento deslocar-se para a direita, enquanto que um aumento dos impostos faz a curva do investimento deslocar-se para a esquerda:

Equilíbrio MacroeconómicoEquilíbrio Macroeconómico

Y = C + I

Quando Y > C + I, o valor do rendimento é superior ao valor dos gastos em consumo e investimento (despesa planeada), estando a Economia desequilibrada. Há acumulação de stocks, pelo que as empresas tendem a reduzir a sua produção.

Quando y < C + I, a Economia está a gastar mais do que aquilo que gera, criando um défice, o que mostra que a Economia está também desequilibrada. Há redução de stocks, pelo que as empresas tendem a expandir a produção.

Em equilíbrio, o investimento é igual à poupança, sendo Y = C + I, o mesmo que Y = C + S. Se a poupança for maior que o investimento, a Economia não está a utilizar a totalidade das suas capacidades. Mas, se a poupança for inferior ao investimento, a Economia está a sobrecarregar as suas capacidades.

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Page 39: Economia-resumos[1]

→ Sendo esta outra equação que nos dita o equilíbrio macroeconómico!

Economia 2º ano GAP

Como equações de equilíbrio temos:

Y = C + I (ou Y = Despesa planeada);

S = I.

Se Y = C + I e C = C + cY, então:

Y = C + cY + I

↔ Y – cY = C + I

↔ Y.(1 – c) = C + I

↔ Y = C + I

1 – c

MultiplicadorMultiplicador

O multiplicador é o número pelo qual a variação no investimento tem de ser multiplicada de modo a determinar a variação resultante no produto total.

O objectivo é de que o esforço do investimento seja multiplicado, pretendendo-se que o multiplicador do investimento seja cada vez maior.

Para determinar o multiplicador do investimento parte-se do rendimento de equilíbrio:

Ye = C + I ↔ Ye = C + I ↔ ΔYe = C + ΔI ↔ ΔYe = C + 1 . ΔI

1 – c 1 – c 1 – c 1 – c 1 – c 1 – c 1 – c

Temos que o multiplicador do investimento é 1/1 – c, dependendo então o seu valor da propensão marginal ao consumo (c). Quanto maior a PMargC, maior o efeito multiplicador.

Como a PMargC varia entre 0 e 1, o valor do multiplicador será sempre superior a 1.

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Page 40: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

ECONOMIA FECHADA COM ESTADO

Numa Economia fechada com Estado, o rendimento será igual à soma do consumo, com o investimento e com os gastos públicos:

Y = C + I + G

Temos que o consumo (C) é igual à soma do consumo autónomo (C) com o consumo induzido (cYd):

C = C + cYd

Sendo o rendimento disponível igual ao rendimento menos os impostos mais as transferências (apoios financeiros às famílias), temos que:

Yd = Y – T + Tr

Se T > G + Tr, as receitas do Estado são superiores às suas despesas, encontrando-se numa situação de superavite orçamental.

Se T < G + Tr, as despesas do Estado são superiores às suas receitas, encontrando-se numa situação de défice orçamental.

Nestas duas situações, o orçamento está desequilibrado, chegando a um equilíbrio quando as receitas forem iguais às despesas – T = G + Tr.

O Estado intervém no ciclo político e no ciclo económico, sendo que este depende não só duma conjuntura nacional mas também internacional e é de difícil controlo. O ciclo económico é constituído por fases ascendentes (aumento do PIB, do investimento e da produtividade), em que os agentes económicos estão dispostos a pagar mais impostos sem reagirem negativamente; e por fases descendentes (diminuição do PIB e do consumo e aumento do desemprego), em que o Estado deve aliviar a carga fiscal.

Tem-se que o défice não pode ser superior a 3% do PIB. Se tal acontecer, é necessário tomar algumas medidas como a diminuição dos gastos públicos, o aumento dos impostos, ou o aumento do PIB.

Contudo, no curto prazo não se pode mexer nos gastos públicos, e o seu aumento repercute-se de forma positiva no PIB; aumentando a incidência fiscal, é também necessário melhorar os níveis de eficiência na recolha fiscal através das novas tecnologias, evitando a fuga fiscal.

Economia Fechada com Estado com Impostos AutónomosEconomia Fechada com Estado com Impostos Autónomos

Neste modelo os impostos são constantes (T = T). Assim:

Y = C + I + G

C = C + cYd

Yd = Y – T + Tr

I = I

G = G

Y = C + cY – cT + cTr + I + G

Y – cY = C – cT + cTr + I + G

Y.(1 – c) = C – cT + cTr + I + G

Ye = C – cT + cTr + I + G

1 – c

Multiplicadores:

Y = C – cT + cTr + I + G_

1 – c 1 – c 1 – c 1 – c 1 – c

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Page 41: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Multiplicador do Consumo

Δ Y = Δ C = 1 . ΔC 1 é multiplicador do consumo!

1 – c 1 – c 1 – c

Multiplicador dos Impostos

Δ Y = – Δ cT = – c . ΔT – c é multiplicador dos impostos!

1 – c 1 – c 1 – c

Tem-se que o agravamento dos impostos produz um efeito contrário no rendimento!

Multiplicador das Transferências

Δ Y = Δ cTr = c . ΔTr c é multiplicador das transferências!

1 – c 1 – c 1 – c

Multiplicador do Investimento

Δ Y = Δ I = 1 . ΔI 1 é multiplicador do investimento!

1 – c 1 – c 1 – c

Multiplicador dos Gastos Públicos

Δ Y = Δ G = 1 . ΔG 1 é multiplicador dos gastos públicos!

1 – c 1 – c 1 – c

Temos que todos os multiplicadores estão associados à PMargP, que por sua vez está associada à PMargC.

Economia Fechada com Estado com Impostos InduzidosEconomia Fechada com Estado com Impostos Induzidos

Neste modelo existem impostos induzidos, os quais variam em função do rendimento – se o rendimento aumenta, os impostos induzidos (IVA) também aumentam; e vice-versa. Temos:

Y = C + I + G

C = C + cYd

Yd = Y – T + Tr

T = tY

Tr = Tr

I = I

G = G

Y = C + c(Y – tY + Tr) + I + G

Y = C + cY – ctY + cTr + I + G

Y – cY + ctY = C + cTr + I + G

Y.(1 – c + ct) = C + cTr + I + G

Ye = C + cTr + I + G

1 – c + ct

ou

Ye = C + cTr + I + G

1 – c.(1 – t)

À medida que t aumenta, o rendimento de equilíbrio diminui.

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Page 42: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Multiplicadores:

Y = C + cTr + I + G _

1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)

Multiplicador do Consumo

Δ Y = Δ C = 1 . ΔC 1 é multiplicador do consumo!

1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)

Multiplicador das Transferências

Δ Y = Δ cTr = c . ΔTr c é multiplicador das transferências!

1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)

Multiplicador do Investimento

Δ Y = Δ I = 1 . ΔI 1 é multiplicador do investimento!

1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)

Multiplicador dos Gastos Públicos

Δ Y = Δ G = 1 . ΔG 1 é multiplicador dos gastos públicos!

1–c.(1–t) 1–c.(1–t) 1–c.(1–t)

Economia Fechada com Estado com Impostos Autónomos e InduzidosEconomia Fechada com Estado com Impostos Autónomos e Induzidos

Neste modelo, além dos impostos autónomos, existem impostos induzidos, sendo este o modelo mais próximo da realidade dentro duma Economia fechada. Temos:

Y = C + I + G

C = C + cYd

Yd = Y – T + Tr

T = T + tY

Tr = Tr

I = I

G = G

Y = C + c [Y – (T + tY) + Tr] + I + G

Y = C + cY – cT – ctY + cTr + I + G

Y – cY + ctY = C – cT + cTr + I + G

Y.(1 – c + ct) = C – cT + cTr + I + G

Ye = C – cT + cTr + I + G

1 – c + ct

ou

Ye = C – cT + cTr + I + G

1 – c.(1 – t)

Quanto aos multiplicadores, são os mesmos que na economia fechada com estado com impostos induzidos, acrescentando-se o multiplicador dos impostos:

M.T = _ – c _

1–c.(1–t)

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Page 43: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

ECONOMIA ABERTA

Numa Economia Aberta, o rendimento será igual à soma do consumo, com o investimento, com os gastos públicos, somando ainda as exportações e subtraindo as importações:

Y = C + I + G + X – M

X – M formam a B.Comercial, sendo que um aumento do rendimento provoca um aumento das importações (as importações dependem do rendimento), o qual se manifesta no saldo da B.C.

Temos que:

C = C + cYd

Yd = Y – T + Tr

T = T + tY

Tr = Tr

I = I

G = G

X = X

M = M + mY

Então:

Y = C + I + G + X – M

Y = C + c [Y – (T + tY) + Tr] + I + G + X – M – mY

Y = C + cY – cT – ctY + cTr + I + G + X – M – mY

Y – cY + ctY + mY = C – cT + cTr + I + G + X – M

Y (1 – c + ct + m) = C – cT + cTr + I + G + X – M

Ye = C – cT + cTr + I + G + X – M

1 – c + ct + m

Multiplicadores:

Y = C – cT + cTr + I + G + X – M _

1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m 1–c.(1+t)+m

Multiplicador do Consumo, do Investimento, dos Gastos Públicos e das Exportações

1_____

1–c.(1–t)+m

Multiplicador dos Impostos

____– c____

1–c.(1–t)+m

Multiplicador das Transferências

_____c____

1–c.(1–t)+m

Multiplicador das Importações

– 1____

1–c.(1–t)+m

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Page 44: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Estado

O orçamento de Estado compreende as receitas correntes, constituídas pelas receitas do capital – receitas fiscais, vendas de bens e serviços e outras receitas correntes; e as despesas correntes, sendo estas as despesas do capital – despesas com pessoal, consumos intermédios, juros da dívida pública, transferências e outros subsídios.

Nas receitas fiscais, o Estado intervém ao nível dos impostos sobre o rendimento e o património das famílias (IRS) e empresas (IRC); e ao nível dos impostos sobre os produtos (IVA) e importações.

A curto prazo, todos os gastos públicos são fixos e as despesas do capital provêm de investimentos e as receitas do mesmo provêm de desinvestimentos.

O saldo orçamental (receitas menos as despesas) pode ser superior a 0, existindo um superavit; ou inferior a 0, gerando uma situação de défice público que agrava ainda mais a dívida pública – o acumular do défice, constituída por tudo aquilo que o Estado deve.

A dívida pública pode ser:

Curto Prazo – tem um horizonte temporal até 1 ano. Serve para tapar desajustamentos orçamentais – Títulos do Tesouro;

Moeda e Depósitos – pode ser reclamada no momento – certificados de aforro;

Médio/Longo Prazo – tem um horizonte temporal superior a 1 ano – bilhetes do tesouro de taxa fixa ou taxa variável.

O Estado não pode contrair dividas livremente, apenas a que está estabelecida no orçamento de Estado. Assim:

a) Défice ≤ 3% e b) Dívida Pública ≤ 60%

PIB PIB

As necessidades de financiamento (NF) correspondem à soma do défice orçamental com as amortizações da dívida pública subtraindo as receitas das vendas de bens públicos e receitas das privatizações.

NF = Défice Orçamental + Amortizações Dívida Pública – Receitas venda Bens Públicos – Receitas Privatizações

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Page 45: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Moeda

Quando as comunidades primitivas de auto-subsistência começaram a produzir maiores quantidades de bens do que consumiam (devido ao desenvolvimento da divisão do trabalho e especialização), originaram um excedente económico que levou ao sistema de trocas.

Este sistema de trocas era um sistema de troca directa, em que se trocavam produtos por produtos. Contudo, a troca directa tinha alguns obstáculos – dificuldade de encontrar quem estivesse interessado em trocar determinados produtos, atribuição de diferentes valores aos produtos que não permitia um acordo quanto à sua transacção.

Assim, para resolver estes problemas, apareceu a moeda, um bem de aceitação universal usada como meio intermediário nas trocas. Passa-se de troca directa para troca indirecta.

A moeda é então de aceitação geral, serve as trocas, tendo uma disponibilidade (i)mediata. É divisível e fácil de transportar. Mantém o seu valor e deve ter uma reduzida procura não monetário (para colecção).

FUNÇÕES DA MOEDA

A moeda é usada como:

Unidade/Medida de Valor – a moeda expressa os valores dos bens e serviços, mede o seu valor;

Meio de Pagamento – a moeda é aceite por todos e serve para liquidar qualquer dívida;

Reserva de Valor – a retenção de moeda por tempo indeterminado (confiando que o valor é mantido) assegura a capacidade de adquirir bens ou serviços no futuro – acumulação de poupança.

EVOLUÇÃO E TIPOS DE MOEDA

Nas comunidades primitivas de troca directa era usada a moeda mercadoria mas, devido às suas desvantagens generalizou-se a moeda metálica (prata e ouro) como forma de pagamento.

A moeda metálica, apesar de apresentar vantagens comparativamente à moeda mercadoria, era pesada e o seu transporte começou a ser perigoso, pelo que os cambistas e ourives se tornaram uma "banca", guardando o ouro e emitindo certificados de depósito – moeda de papel, sendo que a qualquer momento a moeda papel pedia ser convertida em ouro.

A moeda de papel começou por ser moeda representativa, sendo que à quantidade de notas em circulação equivalia igual valor de ouro retido nos cofres dos bancos.

Contudo, pelo uso generalizado das notas de banco devido à confiança que os clientes depositavam nos bancos, passaram-se a emitir notas de valor superior ao ouro existente nos cofres – moeda fiduciária, sem contrapartida real.

Desta forma, os bancos não dispunham de forma de reembolsar em ouro e ao mesmo tempo todos os seus clientes pelo que no séc. XIX o Estado interferiu no mecanismo de emissão de moeda, confiando às instituições bancárias públicas a função de emitir moeda e aboliu a contrapartida em ouro.

O Estado impôs então o curso forçado às notas (que podiam ou não coincidir com o valor do ouro existente nos bancos) e dispensou o banco da sua conversão, aparecendo então o papel-moeda.

Com o desenvolvimento da actividade bancária aparece também a moeda escritural que resulta da circulação dos depósitos à ordem através de cheques, transferências bancárias e cartões de débito e crédito.

Actualmente lidamos então com a moeda escritural e com o papel-moeda, sendo o número máximo em circulação deste último ditado pelo BCE.

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Page 46: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

MERCADO MONETÁRIO

No mercado monetário encontram-se a procura e a oferta de moeda.

Procura de MoedaProcura de Moeda

A procura de moeda consiste na quantidade de moeda (riqueza) que os agentes económicos desejam possuir, tendo 3 motivos base:

Procura de moeda para realizar transacções de bens;

Procura de moeda por precaução – poupar, fazer face à incerteza;

Procura de moeda para especulação – expectativas de valorização.

Esta procura de moeda pode ser nominal (MD) ou real, compreendendo a inflação MD

P

A procura real de moeda depende de:

Rendimento/PIB – se o PIB aumenta, aumenta também a procura de moeda;

Taxa de Juro Nominal (custo de oportunidade de possuir moeda) – se i aumenta, a procura de moeda diminui;

Nível de Preços

A Procura de Moeda (MD/P) vai então ser igual ao PIB ponderado e à taxa de juro ponderada. O PIB vai ser influenciado pelo motivo transacção e precaução e a taxa de juro vai ser influenciada pelo motivo especulação.

MD/P = ky – hi

Deslocações da curva da procura de moeda

A variação da taxa de juro (i) vai fazer variar a procura de moeda, havendo um movimento ao longo da curva da procura de moeda.

A subida da taxa de juro leva à diminuição da procura de moeda e vice-versa.

A variação do PIB leva à deslocação da curva da procura.

Um aumento de rendimento vai levar a uma deslocação da curva para a direita. Assim, mantendo a taxa de constante, um aumento de rendimento leva a um aumento da procura de moeda e vice-versa.

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Page 47: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Oferta de MoedaOferta de Moeda

A oferta de moeda no CP é um saldo (quantidade de moeda), pelo que não depende da taxa de juro, assumindo portanto a forma duma linha vertical.

Em cada momento e independente da taxa de juro, existe uma determinada quantidade de oferta de moeda – quantitativo de oferta de moeda.

Criação de Moeda

São os bancos (BP e BCE) que criam moeda ao conceder crédito (cedência temporária de valores mediante uma determinada remuneração – juro).

O financiamento através do crédito baseia-se na multiplicação artificial das poupanças que foram aplicadas sob a forma de depósitos. O montante aplicado não corresponde ao montante oferecido devido ao multiplicador de crédito que permite ao sistema bancário oferecer mais fundos que aqueles que obteve sob a forma de poupanças.

Os bancos são então instituições financeiras que captam depósitos para conceder crédito por sua conta e risco. Mas não podem conceder toda a moeda que têm, há uma reserva mínima obrigatória consoante a conjuntura sócio-económica.

O rácio de solvabilidade divide o crédito concedido pelos fundos próprios e deve ser igual ou inferior a 8. Ou seja, o crédito concedido não pode ser superior a 8 vezes os fundos próprios pois é necessária garantia de reembolso dos depósitos.

O crédito concedido pelos bancos está condicionado pelo montante, taxa de juro, prazo de vencimento e finalidade (crédito ao consumo, investimento, produção, importação, exportação…) e baseia-se numa relação de confiança por parte dos bancos em como o devedor liquida a sua dívida.

Assim, como garantias do pagamento do empréstimo, os bancos exigem garantias pessoais – tomam como garantia o valor e a reputação da pessoa (fiança ou aval) e garantias reais – constituídas por bens do devedor ou terceiros que ficam afectos ao cumprimento da obrigação (penhor ou hipoteca).

O multiplicador de crédito ou multiplicador monetário (valor teórico e máximo) é igual ao inverso da taxa de reserva.

Assim, quanto menor for a taxa de reserva, maior o será o multiplicador de crédito, ou seja, o potencial de expansão de oferta da moeda – se o banco reduzir a taxa de reserva possibilita a concessão de mais crédito.

No vencimento do crédito é feita a destruição da moeda pelo montante do crédito pago, sendo que só o BP pode destruir moeda.

Temos um depósito inicial de 1000 unidades monetárias no banco A, o qual tem uma reserva de valor de 20% (200 u.m.), ficando com um montante de 800 u.m. para conceder empréstimos. Estes serão usados como depósitos noutros bancos que repetem o esquema.

A criação de moeda pode ser reduzida devido às taxas de reserva excedentárias e ao facto de algumas pessoas guardarem o dinheiro em vez de o depositarem.

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Page 48: Economia-resumos[1]

Economia 2º ano GAP

Agregados monetários

Os agregados monetários são indicadores que permitem contabilizar a quantidade de moeda na posse do público, sendo classificados de acordo com o seu grau de liquidez (facilidade de conversão em moeda):

M1 – moeda em sentido restrito

Consiste nos meios imediatos de pagamento, composta pela quantidade total de moedas e notas em circulação (C) mais os depósitos à ordem (DO).

M1 = C + DO

M2 – moeda em sentido alargado

Consiste nos meios de oferta mediata, abarcando além do M1 os depósitos a prazo (DP) inferiores a 2 anos que não estando imediatamente disponíveis são facilmente convertidos em depósitos à ordem (quase-moeda).

M2 = M1 + DP

M3 – activos líquidos na posse do público

Consiste na totalidade dos meios de pagamento, compreendendo o M2 bem como as aplicações financeiras de M/L prazo (bilhetes do tesouro e papel comercial) cujos montantes podem não estar disponíveis antes do prazo estipulado pela aplicação.

M3 = M2 + Aplicações financeiras M/L prazo

Equilíbrio de Mercado MonetárioEquilíbrio de Mercado Monetário

O equilíbrio do mercado monetário encontra-se pela intersecção da procura de moeda com a oferta de moeda.

Na taxa de juro de equilíbrio a quantidade de moeda procurada é igual à quantidade de moeda oferecida.

Contudo, existem situações de desequilíbrio:

A quantidade de moeda procurada pode ser superior à quantidade de moeda oferecida, o que faz com que a curva da procura monetária se desloque para a direita.

Assim, para a mesma oferta de moeda, um aumento da quantidade monetária procurada faz aumentar a taxa de juro (e vice-versa).

A quantidade monetária oferecida pode ser superior à quantidade de moeda procurada, o que faz com que a curva da oferta monetária se desloque para a direita.

Assim, para a mesma procura de moeda, um aumento da quantidade de moeda oferecida faz diminuir a taxa de juro (e vice-versa).

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Economia 2º ano GAP

TEORIAS DE VALOR MONETÁRIO

Teoria Quantitativa da MoedaTeoria Quantitativa da Moeda

Método das Transacções – Equação de Fisher

M.V = P.T , sendo:

M – quantidade de moeda em circulação necessária ao funcionamento da Economia;

V – velocidade de circulação da moeda;

P – nível de preços;

T – volume de transacções físicas de bens e serviços;

MV – total das transferências de moeda entre os agentes para pagamento dos bens;

PT – total das transferências de bens e serviços entre os agentes económicos.

A velocidade de circulação da moeda vai depender do nível tecnológico e da facilidade de utilização dos meios de pagamento e determina o crescimento económico – quanto mais tecnologia, mais rapidez de circulação, maior crescimento económico.

A quantidade de moeda em circulação vai depender do PIB e das taxas de juro – quanto mais rendimento e quanto menores as taxas de juro, mais procura e oferta de moeda haverá.

O volume de transacções vai depender do desenvolvimento das redes de comunicação, vias de transporte, do acesso ao crédito – quanto mais facilidade de recurso a estes, mais possibilidade de transaccionar bens haverá.

Mantendo os preços constantes (sem inflação), temos que o crescimento económico é feito pelo aumento da produtividade que faz aumentar a capacidade produtiva e a oferta.

Mantendo o volume de transacções constantes vai ser gerada inflação e isto acontece em situações de pleno emprego (100% de utilização da capacidade produtiva – L, K). para sair desta situação é necessário aumentar a capacidade produtiva através do investimento, tendo resultados a LP.

Numa Economia com o total das transferências de moeda entre os agentes para pagamento dos bens constantes, a diminuição dos preços faz aumentar o volume de transacções. Isto ocorre numa situação de subemprego e deflação que faz com que não haja procura para a oferta existente, levando a uma paragem na Economia.

Numa Economia com nada estável, para dinamizar a Economia é necessário aumentar o total das transferências de bens e serviços entre os agentes económicos. Isto acontece numa situação de baixa produtividade e grande desemprego pelo aumento da produtividade e da inflação.

Método dos Saldos Monetários – Equação de Cambridge

M = k.PT , sendo k o indicador de monetarização e variando entre 0 e 1

Se k = 0,6…M =0,6PT → a quantidade de moeda corresponde a 60% do valor do PIB

Comparando os 2 métodos temos:

1º) MV = PT ↔ M = PT ↔ M = 1 . PT 2º) M = k.PT

V V

K = 1

V

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Economia 2º ano GAP

Escolas MonetaristasEscolas Monetaristas

O monetarismo corresponde a uma escola de pensamento que se debruça sobre questões macroeconómicas e que considera que a moeda tem um papel fundamental ao nível das flutuações macroeconómicas das economias.

Tem como principais aspectos:

oferta de moeda como a principal determinante do crescimento nominal do PNB, pelo que as principais variáveis macroeconómicas dependem da política das autoridades a esse nível e não tanto da política fiscal;

preços e salários relativamente flexíveis, pressuposto que vai contra a corrente económica dominante;

economia privada relativamente estável, pelo que se acentua mais o facto de as alterações no PNB nominal se deverem a alteração na oferta de moeda;

não intervenção do Estado nos mercados;

inflação como um mal profundo que é necessário combater, mesmo que o impacto no desemprego seja mais forte, o que não é provável;

as autoridades monetárias devem estabelecer regras fixas relativamente à evolução da oferta monetária e não usar a política monetária para fazer face a situações conjunturais.

Como políticas monetárias, um conjunto de medidas económicas que as autoridades económicas podem implementar para regularizar o sector monetário, temos:

MMI (Mercado Monetário Interbancário) – mercado onde se compra e vende moeda, sendo que este mercado apenas é acessível às instituições bancárias, e cujas regras são ditadas pelo BCE/BP.

Este mercado existe para fornecer ou absorver liquidez ao sistema bancário, tendo um objectivo de CP e funciona diariamente. Antes, os bancos dirigiam-se fisicamente ao MMI para comprar e vender moeda, em 24h (overnight) ou em menos (daylight).

Como mercado livre, é ele que dita o preço das transacções, sendo o preço da moeda a taxa de juro.

Contudo, nem sempre o MMI consegue dar resposta no momento (mercado desequilibrado pela existência de mais procura que oferta).

MIT (Mercado Interbancário de Títulos) – funciona na esfera do BCE/BP e tem também como objectivo injectar ou absorver liquidez.

O MIT injecta liquidez nas empresas (lease back) mas em contrapartida recebe títulos de dívida pública (obrigações do tesouro), os quais voltam a ser comprados com juros ao MIT. Estabelece assim RECOS, acordos de venda e recompra.

No caso de haver mais oferta de procura, caso o mercado não interferisse dava-se uma descida da taxa de juro. Para isso não acontecer, o MIT absorve liquidez vendendo títulos da dívida pública.

Fixação das Taxas de Juro – sempre que é necessário o Estado intervir no mercado, impondo-lhe restrições são fixadas as taxas de juro para se controlar a inflação. Esta medida pode ser acompanhada pela fixação de plafonds de crédito, quantitativos máximos de crédito.

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Inflação

Temos uma situação de equilíbrio macroeconómico em que se procura a estabilização dos preços.

Os preços dos bens são a medida do seu valor expresso em u.m., sendo que este varia consoante a sua escassez e sazonalidade.

Contudo, para além destas alterações normais de preços que decorrem do normal funcionamento da Economia, assiste-se a uma subida contínua e generalizada dos preços dos bens e serviços – inflação, a qual é o reflexo do desequilíbrio da Economia.

Para se medir a inflação usa-se normalmente o IPC, o qual vai traduzir a elevação ou não do custo de vida da generalidade da população e calcula-se pela divisão do preço do cabaz no ano x pelo preço do mesmo cabaz no ano anterior e multiplica-se por 100. Subtraindo 100 ao resultado, encontra-se a inflação do ano x.

IPC2001/2000 = 1500€ x 100 = 107,1 → 7,1 seria a inflação em 2001

1400€

A Taxa de Inflação, representa a taxa de crescimento do IPC entre duas datas, usando principalmente a Taxa de Inflação Homóloga e a Taxa Média de Inflação.

A intensidade dos processos inflacionistas é muito variável, existindo vários tipos de inflação:

Inflação Rastejante – subida contínua e generalizada dos preços de forma muito reduzida e quase imperceptível;

Inflação Moderada – aumento lento da inflação que não distorce significativamente os preços e rendimentos relativos;

Inflação Galopante – inflação elevada, com taxas de 2 a 3 dígitos ao ano;

Hiperinflação – inflação elevadíssima, com taxas de um milhão por cento ao ano;

Desinflação – descida da taxa de inflação de ano para ano, ou seja, desaceleração do ritmo de crescimento dos preços;

Deflação – descida generalizada dos preços dos bens e serviços, associada a uma diminuição da procura, produção e emprego (recessão económica).

Verifica-se inflação quando há um desajustamento entre os fluxos monetários e reais, em que os monetários são superiores aos reais. Como consequência da inflação, os preços aumentam, o consumo de bens não essenciais diminui, a competitividade dos produtos diminui, a produção diminui, diminuem os salários e aumenta o desemprego.

A inflação não resulta de um factor específico, depende de várias circunstâncias, tornando-a um fenómeno complexo e para o qual é necessário conhecer as causas para que possa ser combatido de forma eficaz:

Excesso de moeda – aumento extremamente rápido da quantidade de moeda relativamente ao volume da produção (emissão de moeda superior ao crescimento da produção devido a uma redução do stock ou impossibilidade de produzir);

Aumento da procura – o excesso de procura com a oferta constante por parte do Estado que aumenta os gastos públicos e das famílias (consumo), pelo aumento de crédito ou de salário;

Aumento dos custos de produção – os custos repercutem-se nos preços;

Expectativas dos agentes económicos – os agentes económicos, informados do processo inflacionista que se aproxima, antecipam comportamentos de forma a maximizarem os seus interesses – açambarcamento;

Inflação importada – aumento dos preços dos bens importados que provoca inflação a não ser que seja acompanhada de uma valorização cambial.

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Economia 2º ano GAP

A inflação pode ser classificada segundo o carácter:

Acidental – deriva de um acidente;

Sazonal – segundo períodos (época alta e baixa);

Conjuntural – deriva de problema de curto prazo, relacionada com os ciclos económicos;

Estrutural – relacionada com aspectos demográficos, institucionais…

Pode também ser classificada segundo a origem:

Pela Procura – quando a procura é maior que a oferta, sendo combatida a CP retirando força ao aumento da procura, aumentando então as taxas de juro e a carga fiscal e reduzindo salários;

Pelos Custos – pelo aumento dos custos de produção (matérias-primas e salários) que fazem aumentar os preços de venda, o que leva à quebra do poder de compra, reivindicações salariais, nova subida dos salários que volta a aumentar os custos de produção;

Induzida – em sectores directamente ligados, em que um aumento de preços num sector deriva da inflação dos sectores relacionados.

Inflação pela Procura

Inflação pelos Custos

O processo inflacionista pode decorrer pela inflação aberta (quando a inflação se manifesta livremente) ou pela inflação deprimida (quando a inflação não se manifesta livremente mas acaba por se tornar aberta).

A Taxa de Referência, fixada pelo BCE (EURIBOR), influencia:

MMI → euribor + spread;

Taxa de Juro do Crédito → euribor + spread;

Taxa de Juro do Depósito → euribor – spread.

Com a subida da taxa de juro, espera-se que o crédito fique mais caro, o que afecta o consumo, diminuindo a procura. A moeda que tiver taxa de juro mais elevada, terá mais aplicação de poupança e será valorizada, diminuindo os custos de importação.

Políticas anti-inflacionistasPolíticas anti-inflacionistas

Se uma inflação relativamente moderada pode impulsionar a economia – investimento com expectativas de lucro, recurso ao crédito – a inflação elevada pode levar à recessão económica, pelo que é necessário adoptar medidas anti-inflacionistas:

Políticas Globais

Redução da Taxa Monetária – retirar valor à moeda;

Acção sobre a Procura e Oferta Globais – aumentando as receitas e diminuindo as despesas públicas retira-se poder de compra, mas o superavite pode ser conseguido aumentando os impostos e diminuindo os subsídios às empresas;

Política de Circuito – faz-se um racionamento dos bens para travar a procura, em contrapartida, forma um mercado paralelo.

Políticas Sectoriais – têm por objectivo a redução da pressão inflacionista de forma localizada, pelo aumento dos impostos.

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Economia 2º ano GAP

A Curva de Phillips permite analisar os movimentos a CP, do desemprego e da inflação. Ela mostra que quanto mais alta a taxa de desemprego, menor a taxa de inflação, ou seja, menos desemprego pode ser alcançado obtendo-se mais inflação, ou a inflação pode ser reduzida permitindo-se mais desemprego.

Como tipos de desemprego temos:

Desemprego Friccional – resulta da mobilidade da mão-de-obra. Ocorre quando um ou mais indivíduos se demitem de um trabalho para procurar outro ou quando se atravessa um período de transição, de um trabalho para outro, dentro da mesma área;

Desemprego Estrutural – resulta das mudanças da estrutura da Economia que provocam desajustamentos no emprego da mão-de-obra e alterações na composição da economia (causados por insuficiência da procura de bens e de serviços e insuficiência de investimento em torno da combinação de factores produtivos desfavoráveis, bem como pelas novas tecnologias);

Desemprego Cíclico/Conjuntural – resulta da variação cíclica da vida económica, ou seja, das épocas de expansão e recessão da economia. A demissão é ocasionada por crises passageiras, pelo que, superada a crise, o emprego é novamente ofertado.

Efeitos da Inflação sobre a Balança de PagamentosEfeitos da Inflação sobre a Balança de Pagamentos

A BP regista todos os movimentos de meios de pagamento ocorridos durante um certo período de tempo entre um país e o resto do mundo. O seu saldo pode ser favorável, reflectindo a acumulação de divisas proveniente do superavit registado; ou desfavorável, reflectindo a saída de divisas devido ao défice ocorrido.

A BP é composta pela:

BTC, cujo saldo é resultado de todas as operações do país com o exterior, estando incluídas as receitas e despesas da B. Comercial (exportações e importações), da B. Serviços (transportes, seguros), de Rendimentos (juros, lucros) e Transferências Unilaterais de Capitais (doações, remessas de emigrantes).

B. Capitais, corresponde a movimentos de capitais destinados a financiar a Economia (investimentos, empréstimos).

Quando um país sofre um processo inflacionista, os preços dos bens exportados tornam-se demasiado elevados, originando uma retracção das exportações. Já as importações ficam mais baratas, levando ao seu aumento. Isto leva à deterioração da B. Comercial e da BTC.

A inflação leva também à escassez dos de turistas, reduzindo as receitas externas dele decorrentes, deteriorando a B. Serviços.

Para impulsionar as exportações e desacelerar as importações, a inflação leva os governos a desvalorizarem a moeda. Contudo, esta desvalorização origina um movimento pouco favorável à BP, já que ocorre fuga de capital (cambio de moeda).

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Ciclos EconómicosCiclos Económicos

A econometria é uma disciplina auxiliar da Economia que une a Economia e a matemática, permitindo fazer uma análise mais rigorosa de um gráfico e dos seus factores.

A regressão linear (uniformização dos vários pontos numa única linha) é utilizada para encontrar uma tendência, através da sua optimização.

O ciclo de tendências (trend) baseia-se nas observações individuais ao longo do tempo.

Os ciclos (curvas) são variações no longo prazo constituídas por 4 fases:

ascendente – fase de expansão;

máximo relativo;

descendente – fase de retracção ou recessão a LP;

mínimo relativo.

Depois da 1ª crise petrolífera em 1973, passou-se a medir a Economia a nível infra-anual, através de observações mensais. Com isto, as tendências deixaram de fazer sentido, já que estas são de LP.

Começou-se então a fazer a dessazonalização, retirando-se sazonalidade às séries económicas, sendo esta uma análise de CP.

A análise económica pode então ser feita na óptica da tendência (LP), do ciclo, e da dessazonalidade (CP).

Mas uma série económica pode evoluir devido a factores irregulares (valores aberrantes), os quais não são analisados ou explicados por qualquer uma das anteriores ópticas:

Conclui-se então que todas as variáveis anuais se podem representar de acordo com a sua tendência, ciclo, dessazonalidade, e que temos que ter em conta que há sempre uma fonte de irregularidades.

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