Caderno de Resumos Ephis 2015 (1)

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Caderno de Resumos IV Encontro de Pesquisa em História da UFMG

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    IV ENCONTRO DE PESQUISA EM HISTRIA DAUNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

    1 Edio

    ISBN: 978-85-62707-68-1

    Caderno de Resumos de Simpsios Temticos e ComunicaesLivres

    Faculdade de Filosofia e Cincias HumanasBelo Horizonte

    12 a 15 de Maio de 2015

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    Caderno de Resumos/IV Encontro de Pesquisa em Histria daUniversidade Federal de Minas Gerais-2015; Organizao: DeniseAparecida Sousa Duarte, Gislaine Gonalves, Raquel Marques, WeslleyFernandes Rodrigues - Belo Horizonte: Faculdade de Filosofia e CinciasHumanas, 2015.

    205 p.Texto em PortugusISBN: 978-85-62707-68-1900. Geografia e Histria.

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    Jaime Arturo RamrezReitor da UFMG

    Sandra Regina Goulart AlmeidaVice-Reitora da UFMG

    Fernando de Barros FilgueirasDiretor da FAFICH

    Carlo Gabriel Kszan PanceraVice-Diretor da FAFICH

    Ana Carolina VimieiroChefe do Departamento de Histria

    Luiz Carlos VillaltaCoordenador do Colegiado de Ps-Graduao em Histria

    Andr MiatelloCoordenadora do Colegiado de Graduao em Histria

    Realizao

    Departamento de Histria UFMG

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    Comisso Organizadora

    Alexsandra Frana

    Bruno Duarte Guimares Silva

    Bruno Vincius de Moraes

    Denise Aparecida Sousa Duarte

    Fbio Baio

    Felipe da Silveira Malacco

    Gislaine Gonalves

    Luiza Rabelo Parreira

    Mara Nascimento

    Pamela Naumann

    Paulo Renato Silva de Andrade

    Raquel Marques

    Weslley Fernandes Rodrigues

    Arte Grfica

    Gislaine Gonalves/Fbio Baio

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    Monitores

    Amanda Alexandre Ferreira GeraldesAna Luisa Ennes Murta e Sousa

    Brbara Munaier Oliveira

    Camila Nunes Vieira GonalvesDaniela Coelho BrandoFabrcio Seixas Barbosa

    Felipe Augusto Souza CostaFrancisco Gonalves de Almeida

    Gabriel Felipe Silva BemGabriela Freitas RochaGeisiane Souza CamaraGustavo Bianch Silva

    Ivangilda Bispo dos Santos

    Luiza Carvalho MirandaLuza Lima Dias

    Luiza Porto de FariaMarina Braga Burgarelli

    Marlon MarceloMikaela Monteiro MoraesPaula Miranda de Oliveira

    Suellen Alves de Melo

    ApoioUniversidade Federal de Minas Gerais

    Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas

    Programa de Ps Graduao em Histria

    Programa de Graduao em Histria

    Centro de Estudos Mineiros CEM

    Centro de Estudos sobre a Presena Africana no Mundo Moderno -

    CEPAMM

    Centro Acadmico de Histria CAHIS/UFMG

    Revista Varia Histria

    Revista Temporalidades

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    Sumrio

    Apresentao..........................................................................................................................9

    Caderno de Resumos: Simpsios Temticos e Comunicaes Livres

    ST 1 - Histria Antiga e recepo clssica...........................................................................10

    ST 2 - Poder e F na Idade Mdia........................................................................................15

    ST 3 - Teoria da Histria e Histria da Historiografia.........................................................23

    ST 4 - Histria Intelectual e de intelectuais perspectivas terico-metodolgicas...............33

    ST 5 - Histria, gnero, poltica e sexualidade Memrias e Identidades na escrita dahistria..................................................................................................................................43

    ST 6 - Patrimnios culturais olhares diversos......................................................................56

    ST 7 - Histria e Inquisio histria inquisitorial, fontes inquisitoriais e suas aplicaes nosestudos sobre religio, poltica e sociedade..........................................................................65

    ST 8 - Arte e sociedade novas perspectivas de anlise sobre o fazer artstico.....................71

    ST 9 - Histria das Ideias e Ideologias.................................................................................79

    ST 10 - Imagens como fontes Usos e leituras......................................................................84

    ST 11 - Religio e Religiosidades entre prticas e institucionalizaes..............................92

    ST 12 - Dinmicas da conquista identidades, etnicidades e mestiagens nos domniosibricos...............................................................................................................................104

    ST 13 - Poltica, Cultura, Economia e Sociedade nas Amricas nos sculos XIX e XX..109

    ST 14 - Histria da educao e das prticas educativas no Brasil dilogos interdisciplinaresna construo do ensino.....................................................................................................125

    ST 15 - Histria da frica e ensino no Brasil III...............................................................135

    ST 16 - Famlia livre, famlia escrava mltiplas perspectivas e mltiplos olhares......,,....143

    ST 17 - O oitocentos de crise a crise dinmicas culturais, sociais, econmicas e polticas noBrasil (1808-1889).............................................................................................................147

    ST 18 - Relaes de Poder Conflitos e Negociaes em uma perspectiva histrica nosculo XX...........................................................................................................................159

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    ST 19 - Ditadura e Transio Poltica no Brasil sociedade, poltica e cultura no regimemilitar brasileiro (1964-1985) ...........................................................................................166

    ST 20 - Cultura Intelectual Brasileira................................................................................180

    Comunicaes Livres.........................................................................................................189

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    APRESENTAO

    Aproveitando que no ano de 2015 o Programa de Ps-graduao em Histria da

    Universidade Federal de Minas Gerais comemora vinte e cinco anos de existncia, o

    Encontro de Pesquisa em Histria-EPHIS, em sua quarta edio, prope uma discussosobre os programas de ps-graduao em Histria no Brasil, a situao da pesquisa

    histrica no pas e as abordagens historiogrficas que se consolidam e se estruturam no

    contexto atual.

    A iniciativa de debater sobre o tema dos programas brasileiros de ps-graduao

    em Histria no mbito do EPHIS propcia ao considerarmos que o evento vem se

    firmando como um importante ambiente de encontro de estudantes e pesquisadores da

    rea, recebendo nesse ano mais de setecentos inscritos das mais diversas universidades

    do pas. Se em seus primrdios o evento, uma iniciativa do corpo discente de Histria,

    destinava-se a criar um ambiente de debate para os estudantes da UFMG, hoje seus

    interlocutores provm do mais diversos polos do pas, com as mais diferentes

    abordagens e perspectivas, e nada mais importante do que entender a construo desses

    ambientes de pesquisa histrica, sua configurao atual e as expectativas para o futuro

    da pesquisa histrica.

    Alm da proposta acima apresentada, que ser especialmente enfatizada nas

    mesas de abertura e mesas redondas propostas pelo evento, vinte simpsios temticos

    vo possibilitar o debate entre jovens e experientes pesquisadores da rea de histria e

    abordagens afins, alm de quinze minicursos e das mesas de comunicaes livres, o que

    vai permitir amplas e diversificadas formas de participao.

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    SIMPSIO TEMTICO 1 -Histria Antiga e recepo clssica

    Coordenador: Igor CardosoDoutorando/ Universidade Federal de Minas Gerais

    Antnio Leandro Gomes de Souza BarrosDoutorando/Universidade Estadual de Campinas

    Consideraes sobre a mimetologia: sapatos e sapatarias

    Daquelas que foram consideradas as mais excelentes pinturas na antiguidade, aHistria da Arte ainda hoje no encontrou qualquer registro visual capaz de assegurar arepresentao dos originais perdidos praticamente desde sempre. Portanto, a recepodessa riqussima tradio pictrica tem dependido desde ento de seus desdobramentosliterrios, em particular as anedotas doLivro 35, de Plnio, o Velho (sc. I). Tendo sidoorganizado retoricamente como um tipo de museu imaginrio, configurando o cnone

    da pintura antiga, oLivro 35 uma fonte fundamental sobre o legado pictrico clssico.Para a historiografia moderna o livro est composto de pinturas ideativas, invisveis, enunca averiguadas emprica, crtica e historicamente. Contudo, justamente por essacaracterstica textual, a historiografia pliniana tem permitido, ao longo dos sculos,variadas revises e reinterpretaes por parte de artistas, bem como de crticos e dehistoriadores da arte. Dentre outras influncias, teve grande repercusso particularmenteentre os pintores renascentistas, e serviu de agon histria da arte de Giorgio Vasari.

    Contudo, propomos um estudo de caso de uma relao at agora insuspeita,posto que indireta. Trata-se do encontro das questes de arte que residem nas pinturasde sapatos de Van Gogh e das ditas pinturas de sapatarias de Pireico (segundo Plnio,um dos grandes nomes da antiguidade). O que interessa comunicao , atravs desse

    caso, propiciar um pensar da prpria ideia de mimese e de suas consequncias desde aslies platnicas. Assim, possvel enriquecer a fortuna crtica mnima de Pireico, mastambm, atravs dele, acrescentar novos elementos aos sapatos pintados de Van Gogh que por si s geraram acalorado debate terico no sculo passado (em Heidegger,Schapiro, e Derrida). Portanto, reavaliando a noo de tradio, trata-se muito mais deuma proposta de encontro acerca de uma questo artstica, isto , relao em que umafeta o outro e vice-versa, do que como vnculos objetivos, cadeias historiogrficascausais de intenes e influncias.

    Caroline Morato MartinsGraduada/ Universidade Federal de Ouro Preto

    Cena Trimalchionis: uma leitura de imagens

    Este trabalho pretende apresentar uma leitura do vocabulrio imagtico presenteno Satyricon, obra composta em 65 d.C e atribuda a um aristocrata que possivelmente

    pertenceu ao crculo social do imperador Nero. Pensando a relao entre decoro eimagem, analisaremos trechos que confluem para uma caracterstica entendida noscaptulos da obra intitulados Cena Trimalchionis (25-78): as imagens narradas formam

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    uma mistura, onde diferentes cdigos sociais se anunciam. Ou seja, na Cena, onde umrico liberto chamado Trimalchio oferece um banquete em sua luxuosa casa, o que

    parece comum maioria dos convidados, que como o anfitrio so libertos, no reconhecido por outras personagens presentes no mesmo banquete.

    O personagem central por ressaltar, muitas vezes representando em si prprio,

    as oscilaes entre esses diferentes cdigos sociais, j que a todo momento ele tenta unircdigos dspares com o fim de demonstrar seus convidados ser detentor de grandeerudio. Durante essa tentativa, ento, ocorre quebra de decoro, onde o expectador sempre surpreendido, e nessas rupturas que o irnico da obra se compe.

    Entendemos que o decoro expresso pelos libertos da Cena mostra-se nasrepresentaes visuais a partir, sobretudo, das representaes de suas trajetrias, toenfatizadas pelos personagens e em especial por Trimalchio. O personagem Enclpionarra detalhadamente a pintura posta logo na entrada da casa do banquete, que traz atrajetria de Trimalchio de escravo a homem de incontvel riqueza. O ex-escravo, aofim do banquete, tambm informa minuciosamente como desejava o seu monumentofunerrio e o seu prprio funeral, alm citar informaes testamentrias.

    Portanto, analisaremos como as imagens verbais apresentadas na fonte funcionamcomo instrumento da memria, no caso, dos libertos retratados na Cena. A partir datrajetria narrada/pintada na casa de Trimalchio, apontaremos como sua trajetria valorizada por ele e pelos demais libertos, e como essa trajetria apresentada atravsda representao de diversos e contraditrios elementos.

    Daniel Barbosa dos SantosDoutor/ Bolsista PNPD Ps-Doc e Professor Colaborador da UFAL

    Thomas Mann e a cultura grega

    A comunicao analisar a dimenso e a importncia de aspectos da culturagrega em algumas cartas e obras do escritor alemo Thomas Mann (1875-1955).Recorrendo tradio do Classicismo de Weimar (1772-1805) uma das clivagensculturais de seu mundo intelectual, particularmente s obras de Goethe, Nietzsche eSchiller Mann demarca em seu pensamento e obra a recepo do helenismo noambiente intelectual alemo de seu tempo, especialmente a temtica do homoerotismoevocada no platonismo e o debate em torno dos conceitos de apolneo e dionisaco.

    Gabriela Paiva de ToledoMestranda/Universidade Estadual de Campinas

    OIdea del Tempio della Pitturade Giovanni Paolo Lomazzo luz da recepo einterpretao daPoticana segunda metade do sculo XVI

    O Idea del Tempio della Pittura (1591), coadunado ao Trattato dell'arte dellapittura, scoltura et architettura(1584), forma o corpus textual principal da teoria sobrearte de Giovanni Paolo Lomazzo, pintor e terico milans da segunda metade do sculo

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    XVI. Enquanto que no Trattato, Lomazzo lida com questes de aplicao mais prtica,discorrendo sobre cada um das sete partes da pintura e dedicando a cada uma umcaptulo no qual explica, exemplifica e aplica os preceitos tericos considerados por ele

    paradigmticos, baseado nos cnones clssicos e modernos, reserva ao Idea suasreflexes de cunho mais filosfico tentando elaborar uma teoria que satisfizesse

    algumas questes suscitadas pelo seu tempo. Os questionamentos que atravessam todo oIdease tratam, portanto, de indagaes que tambm percorriam os demais tericos dasegunda metade do sculo XVI: como explicar a manierapessoal do artista? E, como

    possvel existirem diversas maneiras pessoais distintas entre si e ao mesmo tempo belase perfeitas? Em resposta a esses questionamentos, Lomazzo elabora uma teoria artsticaque combina diversas correntes tericas vigentes em seu tempo como o aristotelismo, oneoplatonismo, a magia natural, a astrologia, a alquimia e a medicina humoral, em umesforo para harmonizar a ideia aristotlica da arte permeada pela regra e resultante deum processo racional com a expresso pessoal do artista. Neste artigo, tentarei realizaruma reflexo sobre o dilogo entre a recepo e a interpretao da Potica deAristteles, trazida ao debate terico do sculo XVI sobretudo a partir da dcada de1540, e o pensamento de Lomazzo manifesto no Idea, e, talvez, estabelecer uma

    possvel hiptese de uma reao direta dessa obra discusso em torno da Potica.

    Igor Barbosa CardosoDoutorando/Universidade Federal de Minas Gerais/Prof. Substituto, classe Auxiliar, na

    UFVJMO corpo e a escrita: apontamentos de anlise para a recepo de Longo por

    Roberto Freire (1963-1965)

    O romance de Longo,Dfnis e Clo, a obra entre os cinco cnones da prosa ficcionalem lngua grega mais revisitada, citada e apropriada a partir do Renascimento clssicoat os dias atuais. No Brasil, Roberto Freire publicou Clo e Daniel em 1965, refernciamarcante aos personagens de Longo, cujos primeiros esboos foram escritos na cela doDOPS, preso por sua militncia poltica explcita nas reportagens e nos artigos

    produzidos no Brasil, Urgene, junto aos padres dominicanos organizados na AoPopular. Pretende-se apontar, como primeiro passo de investigao, elementos quesubsidiam a importncia de analisar a produo literria de Freire, em vista de melhorcaracterizao da recepo clssica durante a ditadura militar brasileira.

    Nathlia Sacha de Arajo Guimares MedeirosGraduada/Universidade Federal de Ouro Preto

    O retrato dos hereges pela retrica de Ireneu de Lyon

    O presente trabalho possui como objetivo apresentar o retrato produzido pelobispo Ireneu de Lyon acerca dos hereges, em sua obra Adversus Haeresis, escrita porvolta do sculo II d.C. Por meio da retrica, Ireneu de Lyon pretende refutar a doutrinados chamados gnsticos-cristos, tidos por ele como hereges, ou seja, aqueles queescolheram seguir outras formas de pensamento e f distintas daquela que Ireneu expeenfaticamente como nica e verdadeira.

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    Sero analisadas as questes acerca da maneira como esses hereges sodenominados detentores de uma falsa gnose, porque tais reflexes englobam um ngulono s religioso mas tambm social, tanto ainda moral, pois as aes que elas definemse traduzem no que foi documentado daquele tempo presente, alm do que se manteve

    pela Patrologia e se difundiu na tradio crist.

    necessrio o exame acerca dos pontos de divergncia que Ireneu de Lyonexplora ao longo de sua obra, pois tratam de dois ramos da cristandade que brotavam ecomeavam a interferir tanto na esfera poltica quanto social, sob a gide religiosa.Ireneu incita o leitor diversas vezes a seguir seu caminho pois assim entender asformas de refutar todas as outras formas de pensamento.

    Ser principalmente abordada a utilizao da retrica ao longo da obra, atravsda constante acusao de que os hereges seduziam com palavras, em contraposio aofato de Ireneu tambm empregar este mtodo em Adversus Haeresis. Ele alega no

    possuir retrica ou excelncia de estilo, mas demonstra certa habilidade e conhecimentode filosofia.

    Diante disso, Ireneu produz sua interpretao sobre os gnsticos, desenvolvendo

    assim um retrato dos mesmos, todavia renegado e deturpado pela esttica de suaretrica, utilizada para criar estratgias de denunciao. Em seguida expe sua teologia

    preparando o leitor para a verdade contida apenas na Bblia e na tradio apostlica,promovendo com essa forma de argumentao uma advertncia e principalmente umensinamento, o que o torna vlida esta anlise, ao combinar um treinamento retrico

    proclamao crist.

    Priscilla Gontijo LeiteDoutora/Centro Universitrio UNA

    A poltica de arrecadao de impostos na Atenas em crise

    O principal objetivo dessa comunicao apresentar a poltica de arrecadao deimpostos por meio do instrumento eisphorae os mecanismos violentos que Andrcionutilizou para esse fim. Para isso, utilizaremos o discurso de Demstenes Contra

    Andrcione buscarem entender as relaes sociais entre os envolvidos no conflito e asrazes para a caracterizao negativa de Andrcion. Por fim, tambm ser elucidado acrise econmica que Atenas enfrentava e seu enfraquecimento devido a Guerra Social.O discurso Contra Andrcion um dos primeiros trabalhos de Demstenes comologgrafo e foi importante para sua insero no grupo poltico que era contrrio aexpanso do poderio da Macednia na Grcia.

    Tomaz Pedrosa de TassisGraduando/ Universidade Federal de Minas Gerais

    : Mito de Prometeu e a significao histrica da existnciahumana

    As questes sobre a origem de tudo e o significado da existncia humana hmuito obsedam a humanidade. O mito de Prometeu, descrito inicialmente por Hesodonos Trabalhos e os Dias e na Teogonia, e posteriormente trabalhado por squilo natragdia Prometeu Libertado, pode ser encarado como uma tentativa de explicao

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    mtica para o significado da existncia humana. O trabalho em questo pretende realizaruma hermenutica das narrativas sobre Prometeu tanto entre os antigos, como Hesodo esquilo, quanto entre os poetas romnticos europeus, representados aqui por Byron eShelley. Objetiva-se aqui demonstrar as profundas conexes entre as narrativas mticas ea Weltanschauung das sociedades que as produzem, sendo o mito de Prometeu umanarrativa exemplar para o aprofundamento de tal questo. Para realizar tal empreitada

    nos apoiaremos nas obras de autores como J.P.Vernant, F. Solmsen, L.Schan, G.Dumzil e Mircea Eliade.

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    SIMPSIO TEMTICO 2:Poder e F na Idade Mdia

    Coordenadores: Alssio Alonso AlvesDoutorando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Felipe Augusto Ribeiro

    Doutorando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Alssio Alonso AlvesDoutorando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Poltica e Heresia: o combate autonomia da comuna de Viterbo e a bula papalVergentis in senium (1199)

    Inserida no interior de uma constncia de projetos doutrinrios pontificais que teria seestendido desde o incio das duas ltimas dcadas do sculo XII at pelo menos meados

    do sculo seguinte, a bula papal Vergentis in senium considerada pela historiografiacomo um dos documentos mais importantes em matria de represso heresia, uma vezque equiparou esse crime ao de lesa-majestade. Promulgada por Inocncio III em 1199,a bula, todavia, possua um destinatrio especfico e, originalmente, no se voltava aum combate genrico da heresia. Seu destinatrio era a comuna de Viterbo, localizadano norte do Patrimnio de So Pedro (terras papais) no centro da Pennsula Itlica. A

    partir da considerao das dinmicas de instaurao e consolidao das comunas e daconjuntura poltica local da poca, o objetivo desse estudo demonstrar e avaliar amaneira como a acusao de heresia feita a Viterbo por meio da bula Vergentis insenium se deu a partir de problemas polticos, no doutrinrios, e que por meio delaobjetivou-se fortalecer a jurisdio papal sobre um territrio que a comuna, por sua vez,tambm buscava afirmar o seu prprio poder.

    Alexsandra Pimentel FranaGraduanda/Universidade Federal de Minas Gerais

    A poltica matrimonial e a o bipado de Isidoro de Sevilha no reino visigodo

    As relaes matrimoniais rgias na casa visigoda tiveram outra perspectiva,quando Isidoro assume o bispado de Sevilha. Havia dois projetos opostos para o reino,uma que tinha em vista o fortalecimento por meio das relaes matrimoniais e outro que

    buscava fortalecer o credo de Niceia e fazer com que o reino fosse uma extenso da

    igreja. O perodo estudado trata histria do casamento e busca, precisamente, analisaro reino entre os sculos VI a VIII. A anlise parte da interpretao dos acordos jurdicosdiscorrido nos Conclios convocados nos sculos citados e dos deixados de Isidoro, o

    bispo de Sevilha. Discorreremos sobre vrios casamentos que envolveram Goswinta eseus parentes mostrando as estratgias pretendidas e, por fim, as mudanas das relaesmatrimoniais sob a perspectiva de Isidoro de Sevilha. J de bastante conhecimento aimportncia que o mundo germano se concedia aos enlaces matrimoniais entre osmembros de distintas casas reais para selar alianas. Na alta idade mdia ofortalecimento por alianas e a possibilidade de efetivar a boa economia garantiam a

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    posio favorvel de um rei diante de seus rivais. O discorrer da histria dos visigodosdemonstra que enquanto Leandro de Sevilha parecia ver no casamento um importantemeio diplomtico para a poltica visigoda, Isidoro no demonstrava tanta preocupaonesse aspecto, o mais importante era o fortalecimento rgio ligado aos fundamentos daigreja. A abordagem do tema no busca direcionar os estudos seguindo as diretrizescatastrficas, que busca reduzir a poltica visigoda com a mera administrao de faces

    que fazem alianas entre si, com o objetivo de buscar a estabilidade. Mas, acima detudo, refletir o matrimnio como a busca por, ao menos em certa medida, estabeleceruma continuidade com a poltica romana.

    Andr Arajo de OliveiraMestrando/Universidade Federal do Maranho

    A influncia da religiosidade pr-crist escandinava naByskypa sgur sobre oGumundr Arason (1161 1237)

    Essa comunicao tem como intuito apresentar a influncia da religiosidade pr-cristescandinava na Byskypa sgur, por meio da anlise da Gumundar saga biskups. Acristianizao da Islndia se iniciou por meio da alling, assembleia geral, de 999, emum processo de longa durao no qual o impulso inicial dado pelo rei Noruegus OlfrTryggvason abriu as portas para a atividade episcopal. A primeira sede episcopalislandesa foi implementada em 1056 em Shlholt pelo bispo sleifur Gissurarson, essasede abriria espao para um papel mais presente do clero na sociedade islandesa, aindaseguidora da religiosidade escandinava pr-crist. A influncia da religiosidadeescandinava pr-crist se deu na documentao por meio de seres sobrenaturais doscostumes pr-cristos, assim como milagres com elementos hbridos da cultura pr-crist com a cultura crist. A documentao, Gumundar saga biskups, narra a vida deGumunr Arason (1161 1237), o quinto bispo da segunda diocese da Islndia, Hlar.Essa influncia acabou levando o cristianismo islands adaptar-se, de tal modo que

    necessitou incorporar elementos j presentes no imaginrio social no seu discurso.

    Caroline Coelho FernandesMestranda/Universidade Federal de Ouro Preto

    A controvrsia iconoclasta: uma disputa em torno das imagens religiosas

    A crise iconoclasta ocorrida entre 726 a 843 em Bizncio foi uma luta em tornodas imagens religiosas no Oriente medieval que culminou na destruio e proibio doculto das mesmas pelo imperador, em prol, inicialmente, de uma purificao docristianismo, o que ainda discutido entre os pesquisadores como nico motivo de seuincio, visto que atravs de uma anlise mais profunda do evento, possvel perceberoutras razes no religiosas. Essa batalha em torno das imagens religiosas em Bizncionos chama a ateno por ter ocorrido em uma sociedade condicionada pela religiocrist e por suas tradies, o que nos parece, assim, uma controvrsia.

    Neste sentido, o objetivo deste trabalho discutir as razes que poderiam terlevado ecloso da iconoclastia, posto que, nessa sociedade, a imagem adquiriu umimportante lugar enquanto uma das mais importantes formas de ensinamento do dever

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    cristo e uma das formas de manifestao de sua religiosidade. No entanto, precisosalientar tambm que essa sociedade se constituiu a partir de influncias europeias easiticas, destacando o fato de que os imperadores iconoclastas eram de origem asitica,regio conhecida como um grande foco de heresias.

    Por outro lado, ao analisar todo o processo entendemos que a imagem enquanto

    um objeto de disputa entre iconoclastas (aqueles que so contra as imagens) e iconfilos(aqueles que defendem as imagens) pode ser vista enquanto um objeto de poder queatende a diversos interesses nessa sociedade.

    Danielle de Oliveira dos Santos-SilvaDoutoranda/Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

    Os muitos papis da Rainha O conceito de Queenship em Portugal Medieval

    Este trabalho parte dos estudos sobre Queenship, o conjunto de prerrogativasreferentes Rainha e seus mltiplos papis no contexto de Portugal Medieval.Queenship um conceito que vem sendo trabalhado pela historiografia anglo-saxdesde a dcada de 1990, e tem ampliado os horizontes dos pesquisadores interessadosnas mulheres oriundas da realeza medieval. Os pesquisadores que trabalham com esteconceito em Portugal e Espanha, mantm o termo original em ingls pela falta de umadefinio concisa nas lnguas latinas que possa ser utilizado para dar a amplitude que osestudos de Queenshipabarcam.

    O fato que o papel poltico e social da rainha foi longamente menosprezado, seconsiderarmos que a histria foi escrita por homens sobre homens: os reis, seusministros e conselheiros. E conforme sinalizado por Theresa Earenfight, estas leiturasnos do a percepo de famlias onde no existiam mulheres. Na documentaomedieval, as mulheres aparecem, quase sempre, em contextos de exceo. Elas estovisveis em seus casamentos e em sua morte, pois geralmente, so nestas ocasies queuma rainha citada nas crnicas que registram os feitos que lhe so contemporneos.Fora destes momentos, encontramos mais frequentemente figuras femininas envolvidasem escndalos ou atos de caridade. Aparentemente as rainhas de m fama tambm seestabeleceram nos registros e imaginrios medievais como exemplos do que nofazer.

    importante observar que nos mltiplos reinos da alta idade mdia, o casamentoera um assunto de cunho pessoal, que envolvia os interesses locais, e fazia com que omonarca eventualmente praticasse a poligamia, no existindo a obrigao de

    primogenitura ou legitimidade para que um filho fosse herdeiro de seu pai. Isto faziacom que o papel da rainha no fosse claramente estabelecido, dando espao pararepdios, divrcios, novos casamentos e reposicionamentos sociais. A evoluo docasamento dentro da rbita da Igreja, que o tornou um sacramento, foi um fator deexcepcional importncia para a valorizao do papel da rainha. Foi o momento em queela se tornou pea fundamental para a legitimao da dinastia. Era atravs de seus filhosque a linhagem sobreviveria, e sua influncia no mbito familiar, aumentou.

    A questo que as rainhas eram posicionadas no jogo poltico de forma que suaorigem e parentesco no pudesse deixar de ser levada em considerao. Rainhas eramsempre a irm, filha, esposa ou me de algum soberano. Em seus mltiplos papis, ela

    poderia ser encontrada como sendo a rainha consorte, casada com o rei, a rainha me,

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    me do rei, a rainha regente, na ausncia de seu marido ou filho, a rainha tenente,brao direito do monarca que se encontrava em outra parte de seu domnio, a rainhaviva, aps a morte do rei. Estes papis por sua vez, poderiam ser subsequentes ousimultneos, para complicar mais a identificao.

    O objetivo deste estudo especfico analisar brevemente as relaes dos reis

    portugueses com suas consortes sob a tica dos estudos de Queenship, entre os anos de1373 e 1415 que compreendem o governo de D. Fernando, desde seu casamento com D.Leonor Teles de Meneses, e o governo de D. Joo I, at a morte de D. Filipa deLencastre, sua esposa.

    Em relao s prerrogativas do poder da rainha, alguns aspectos devem seranalisados detidamente. A relevncia da famlia de origem, a importncia geopoltica do

    pas de onde vem, questes referentes riqueza pessoal, fertilidade, piedade e suacapacidade de interceder junto ao rei ou influenci-lo. Intercesso e influncia soaspectos similares do Queenshipcom resultados diferentes conforme veremos. Para umestudo preliminar e efeito de exemplificao, vamos fazer a comparao entre a RainhaD. Leonor e a Rainha D. Felipa utilizando os critrios referentes ao Queenship.

    Felipe Augusto RibeiroDoutorando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Comunas papais? Hipteses sobre a implantao de regimes comunais nas cidades doPatrimnio de So Pedro (1157-1199)

    Esta comunicao trata da histria dos regimes comunais na Itlia dos sculos XI-XIV.Mais precisamente, analisa a implantao e o desenvolvimento deste tipo de regime nascidades pertencentes ao chamado Patrimnio de So Pedro, entre os anos de 1157 e1199. A documentao sobre algumas dessas cidades trataremos especificamente de

    Orvieto, Viterbo e Ferrara sugere um relacionamento assaz prximo entre ospontfices romanos e as crias diocesanas locais no ato de instituio de seus regimescomunais, todavia, essa relao nem sempre parece ter sido amistosa o bastante paraque se coloquem as cidades e os papas sempre como colabores. Assim, este trabalho

    procurar delinear a hiptese de que a proclamao desse tipo de regime foi umaestratgia ad hocmobilizada numa aliana momentnea entre as crias e o papado pararomper com os poderes dos bispos locais, frequentemente aliados das grandesaristocracias regionais na apropriao e na gesto de feudos. Para embasar tal hiptesese recorrer a fontes verbais de cunho diplomtico decretos, epstolas, bulas etestamentos que sero cruzadas, alm de comparaes entre os processos polticosdesenrolados em cada uma das trs cidades acima referidas. Ser feita tambm umaanlise semntica de alguns conceitos e nomes presentes nessa documentao, como

    ecclesia, populus, civitas e consulatus. O resultado esperado com a formulao dessahiptese que se viabilize outra leitura das relaes que as comunas e os papasmantiveram entre si, que se percebam as iniciativas diplomticas locais e os limites domando petrino sobre a rea do Patrimnio, bem como se evidencie a pluralidade desenhorios que nela se agregam e se chocam.

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    Graciellen Helena de Souza PereiraGraduanda/Universidade Federal do Tringulo Mineiro

    A hagiografia de So Romualdo como vetor de Memria Social

    A Vita de San Romualdo (c.956-c.1027) um eremita nascido na cidade de

    Ravena e fundador das ermidas de Fonte Avellana (c.1012) e Camaldoli (c.1023)tornou-se fonte referencial para a anlise e identificao da efervescncia eremtica-cenobtica ao longo do sculo XI, pois, representou por meio do exemplo pstero, osurgimento de novas demandas espirituais centradas na solido fsica e no contato socialregrado entre monges e laicos. O gnero hagiogrfico representou, na transio dosculo X para o XI, uma importante ferramenta de interveno poltico-religiosa, pois,embasado na preservao da memria e na difuso das prticas sociais vigentes,direcionou os cristos para a experimentao de novos modelos de vida asctica,

    posteriormente, reconhecidos institucionalmente pela ecclesia romana. Retornar asbases eremticas contidas na hagiografia de So Romualdo, identificando quais as suaspostulaes sociais para o exerccio da espiritualidade ocidental nos propiciar traar oquadro histrico-temporal em que a Vita de So Romualdo foi escrita por Pedro

    Damiano no ano de 1042, assinalando, o papel da hagiografia como um instrumento deedificao da memria social e definio de um estilo de vida eremtico centradoespecificamente no combate a simonia e ao nicolasmo, bem como, as motivaes dePedro Damiano em se responsabilizar pela produo hagiogrfica da vida eremtica deRomualdo de Ravena.

    Olga PisnitchenkoDoutoranda/ Universidade Federal de Minas Gerais

    Aristocracia e monarquia no exerccio de poder poltico e militar em Castela nossculos XII e XIII

    A gnese das relaes entre a aristocracia e monarquia, durante os primeirossculos deReconquista,no podem ser interpretados de forma inequvoca. A expansoterritorial promovida pela monarquia asturo-leonesa exigia cada vez mais homens naadministrao das terras recm-conquistadas, cuja participao no governo do reino

    promovia-se atravs do desempenho de ofcios pblicos muitos dos quais, com passardo tempo, acabaram se confundindo com as dignidades, ttulos ou distines concedidos

    pelo monarca; e que, independentemente de outras aplicaes, traziam umreconhecimento de relevo scio-poltico ao beneficiadodos e a obteno, por delegaoregia, do governo de certos territrios denominado tenncia. O tenente comorepresentante do rei era a autoridade mxima nas terras de sua jurisdio, o que

    evidentemente lhe garantia preeminncia nos aspectos sociais e econmicos, os quaiseram ao mesmo tempo causa e consequncia da sua autoridade poltica e militar. Aolado da representao do governo rgio pelo poder pblico, ganhava o impulso aexpanso das prticas feudais, garantindo as faculdades extra-econmicas da nobrezaem algumas de suas propriedades e aumentando ainda mais a fragmentao do poder

    poltico. Os direitos senhoriais, procedentes ou no de uma efetiva delegao regia,implicavam o exerccio de uma autoridade jurisdicional que se aproximava muito delegada pelo monarca seus tenentes. Alm disso, aplicavam-se os critrios feudais,

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    tais como a cesso beneficial que o senhor efetuava em relao do vassalo a troca de suafidelidade e seus servios. Por isso, tanto do ponto de vista rgio como nobilirio, oslimites de jurisdio das tenncias e dos senhorios eram confusos, uma vez que podiamser entendidos como aspectos diferentes de uma mesma realidade: a capacidade defragmentar o poder que ser o objeto da nossa comunicao.

    Priscila Cardoso SilvaMestranda/Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

    Representaes crists femininas em perspectiva comparada: os casos das rainhasmedievais Beatriz e Filipa

    O trabalho busca analisar comparativamente as representaes de Beatriz deCastela (1293-1359), esposa de D. Afonso IV de Portugal, e Filipa de Lencastre(c.1360-1415), mulher de D. Joo I. Partindo da perspectiva de estudos sobre acategoria gnero e de uma seleo de fontes constituda majoritariamente por crnicas

    lusitanas escritas entre os sculos XV e XVI, a prtica discursiva sobre tais rainhasrevela que ambas mas cada uma em sua medida tenderam a ser idealizadas porautores como Ferno Lopes, Gomes Eannes de Zurara e Rui de Pina, cumprindo papeisde mes exemplares, rainhas piedosas e mulheres pudicas. Filipa, por exemplo,receberia o adjetivo de santa em variadas passagens da Crnica da Tomada de Ceuta,status de religiosidade que Beatriz no conseguira alcanar, apesar de ter sido criada porsua sogra Isabel de Arago, que sculos depois viria a ser canonizada pela IgrejaCatlica como Santa Isabel. Porm, a construo de figuras rgias na literatura

    portuguesa sofre uma complexificao e uma diversificao que nem semprecorrespondem aos ideais femininos do Baixo Medievo. No intuito de compreender cadacaso e observando em que medida suas representaes destoam ou no das intenes deseus autores e expectativas da corte, o exame da cronstica em pauta instiga reflexes

    historicamente necessrias como papeis femininos, relaes de poder, representaesmedievais crists femininas e contribuies poltico-culturais.

    Stephanie Martins de SousaMestranda/Universidade Federal de Ouro Preto

    Procpio de Cesareia e a descrio dos godos na obra Histria das Guerras

    Procpio de Cesareia (490-562) foi um historiador bizantino que escreveu acoleo de livros intituladaHistria das Guerras. Nessas obras so narradas as guerras

    de reconquista promovidas pelo imperador Justiniano (527-565) no sculo VI. Pretendoanalisar como Procpio de Cesareia descreve os godos na sua obra Guerra Gtica ecomo, atravs dessas caracterizaes, ele justifica as campanhas de Justiniano naPennsula Itlica. Destaco na obra a importncia do Cristianismo como principalargumento diferenciador entre os godos e os romanos e como ele utiliza a religio comouma justificativa para os eventos militares ocorridos na Itlia entre 535 e 554. Para isso,vou analisar uma possvel construo de uma identidade crist romana frente a umaidentidade herege para os godos, que aps adotarem o arianismo, em vez do

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    cristianismo ortodoxo, isto , tal como definido pelos conclios, asseguraram umaidentidade separada das demais no imprio.

    Ulli Christie Cabral

    Graduanda/Universidade Federal de Minas Gerais

    As parquias e cristianizao das comunidades rurais na Alta Idade Mdia: umaanlise do caso das Astrias nos sculos IV e V

    O objetivo desse trabalho o de analisar o papel que as parquiasdesempenharam no processo de cristianizao das populaes rurais durante a AltaIdade Mdia. Tendo em vista que as organizaes paroquiais ultrapassaram seu carter

    puramente religioso durante o perodo e constituram verdadeiros rgos pblico-jurdicos, a inteno deste projeto de investigar as implicaes que essas formaescomunitrias tiveram sobre a vida dos paroquianos no que se refere ao aprender a sercristo. Tomando como base os estudos de J. Ignacio Ruiz De La Pea Solar, sobre a

    formao paroquial nas Astrias nos sculos IV e V, onde ainda se encontram grandesvestgios dessas unies comunitrias, procura-se entender como o modo de vidacristo (que estava em pleno processo de construo) foi sendo inserido na comunidade

    por meio das prprias parquias. Partindo do princpio de que essas foram formadasespontaneamente, parte-se de uma anlise comparativa para compreender como essarede comunitria aplicava a nova ordem crist aos que estavam sob sua esfera deinfluncia.

    Wanderson Henrique PereiraGraduando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Os Funcionrios Rgios como extenso doAffectus Caritatisna poltica da

    Monarquia Capetngia (scu. XIII)

    Nosso objetivo entender a mobilizao do conceito de affectusdentro das relaes depoder entre o rei e os sditos na poltica rgia Capetngia, sobretudo no reinado de LusIX (1224-1270). Para atingir esse objetivo, utilizaremos aEruditio Regum et principum,finalizada por volta de 1259 por Gilberto de Tournai, minorita e professor do StudiumGenerale de Paris. A Eruditio um tratado pedaggico inserido dentro da literatura

    poltica dos Espelhos de prncipe, que eram direcionados aos monarcas. Seu objetivoera ensinar como os reis, prncipes e seus futuros descendentes deveriam governar deforma correta seus reinos. Esses tratados, eram encomendados pelos prprios reis.Utilizando a Eruditio e outros documentos complementares, atentaremos para asrepresentaes dos funcionrios rgios (bailios, prebostes, prefeitos) como a extensodo affectus caritatis rgio na poltica da monarquia capetngia.Teremos comoreferencial terico-metodolgico as contribuies da medievalista Barbara Rosenweinno que se refere ao papel das emoes nas relaes polticas .

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    Wendell dos Reis VelosoProfessor/Doutorando/Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

    O Discurso Antimaniquesta como Elemento Demarcador da Identidade CristNicena na Primeira Idade Mdia. As Referncias na obra Confisses de Agostinho

    de Hipona (Sculo IV)

    No sculo IV convivem diversas possibilidades interpretativas do credo cristo, assimcomo ocorre a paulatina aproximao entre os poderes polticos protocolares do ImprioRomano e o projeto de identidade crist vencedor no Conclio de Nicia. Semrenegarmos as mltiplas formas de integrao cultural, em especial as religiosas, quecaracterizam o perodo tratado por ns, a historiografia atual que se dedica ao processohistrico de institucionalizao do cristianismo niceno/catlico no Imprio Romano dnfase aos conflitos e violncia simblica e material que distinguem as relaes entreos diferentes projetos de poder das comunidades crists do Mediterrneo. Em outras

    palavras, o sculo IV fulgura como um perodo de intensa e efetiva perseguio aoscristos, entretanto, efetuada por eles mesmos. Neste contexto agia o bispo de Hipona,uma das vozes autorizadas da religio institucionalizada e tambm um dos maisinfluentes do perodo. Os principais interlocutores do hiponense no sculo IV eram osmaniquestas, seguidores de uma proposta de cristianismo alternativa ao catlicismo,dos quais se diferenciavam por acreditarem na existncia real de duas naturezasontolgicas, o bem e o mal, contrariando assim o dogma catlico que estabelecia o deusniceno como a nica substncia real. Em Confisses (c. 397) Agostinho, que antes decatlico fora maniqueu durante nove anos e objetivava se defender das acusaes de quecontinuaria ligado a esta crena, descreve o maniquesmo como uma religio falsa e queestaria ligada superstio e fbula, ao contrrio da verdade. Com a ajuda de

    pressupostos de uma Histria Sociocultural das Religies e com a ajuda de reflexestericas sobre a coinstituio das identidades sociais, nossa proposta entender todas asmanifestaes religiosas como produto da cultura e, portanto, sem hierarquizaes.Antes, interessa-nos analisar as hierarquizaes presentes nos discursos alvos de anlise,os quais colocam os catlicos como o eu/ns e os maniquestas como os outros narelao eu/ns-outros, elementos mais primevos das identidades.

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    SIMPSIO TEMTICO 3: Teoria da Histria e Histria da Historiografia

    Coordenadores: Fernando GarciaMestrando /Universidade Federal de Minas Gerais

    Breno Mendes

    Doutorando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Marco GirardiMestrando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Ana Carolina de Azevedo GuedesMestre/Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    A biografia como arte: os limites da teoria biogrfica em Orlandode Virginia

    Woolf

    Nesta apresentao pretendo analisar o retorno biogrfico, na perspectiva dePierre Bourdieu e Sabina Loriga, no que tange ao trato da produo biogrfica, quesegundo estes o resultado de uma hibridizao entre histria, biografia e literatura.

    Utilizando como eixo terico a histria cultural, mais especificamente PierreBourdieu, para compreender como a escrita biogrfica possibilitaria um ponto de anlisedo contexto. O autor fala em iluso biogrfica, refletindo sobre o risco de tomar ahistria de vida retrospectivamente como um todo coerente, dotado de um sentido claro,que justificaria cada etapa ou passagem da vida do seu objeto.

    Tambm mobilizo para a discusso biogrfica a autora Sabina Loriga, que

    analisa a escrita biogrfica como contendo em si, dois riscos. O primeiro seriaconfigurar a experincia individual como uma experincia mdia, e segunda seria dorisco de tentar apreender a totalidade. Loriga critica objetivamente o trabalho do autor,questionando o mtodo pelo qual Bourdieu opta em sua anlise.

    Quanto a utilizao do eu para retirar a exemplificidade, a autora tambmdiscute a questo das fontes biogrficas utilizadas para compreender os atos sociais, eseus efeitos como elementos ilustrativos.

    Busca tambm enfatizar que outras foras so mais importantes que a ao decada indivduo, alheias a ele, para justificar a separao da biografia e a historia. Afirmaainda que existe uma necessidade de maiores estudos por parte dos historiadores noconhecimento literrio, estando estes to prximos da biografia e da noo de hibridezdo gnero.

    A escritora Virginia Woolf, elabora em seus escritos em torno da escritabiogrfica reflexes sobre as camadas dos indivduos, que seriam resultado de diferentesaes e escolhas do indivduo durante sua vida. Refletindo sobre os limites e mtodosda biografia, Woolf escreve Orlando buscando a quebra do paradigma da biografiavitoriana. um personagem que nasce homem e que no meio de sua narrativa torna-semulher. A busca da autora afirmada o tempo todo como uma busca pela verdade, averdade sobre sua personagem.

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    Breno MendesDoutorando/Universidade Federal de Minas Gerais

    O Sentido da HistriaNa Escola da Fenomenologia: Paul Ricoeur leitor deEdmund Husserl

    Nesse trabalho pretendo abordar o primeiro texto em que o filsofo francs PaulRicoeur se debruou sobre problemas atinentes ao conhecimento histrico: Husserl e osentido da Histria, publicado originalmente em 1949 naRvue de Mtaphysique et de

    Morale e, posteriormente, retomado na coletnea de artigos Na escola dafenomenologia(1986). O objetivo principal apresentar e discutir criticamente a leiturae a apropriao ricoeuriana sobre a aproximao entre fenomenologia e filosofia dahistria no final da trajetria intelectual de Edmund Husserl. Alm disso, tambm

    buscarei situar os argumentos acerca do sentido da histria contidos nesse ensaio emrelao ao conjunto da obra ricoeuriana publicada nas dcadas subsequentes.

    Bruna Lusa de Paula

    Universidade Federal de Minas Gerais/ Instituto Estadual do Patrimnio Histrico eArtstico

    Lus Gustavo Molinari MundimUniversidade Federal de Minas Gerais/ Instituto Estadual do Patrimnio Histrico e

    Artstico

    Pesquisa Documental no Processo de Registro da Comunidade dos Arturos

    Este artigo tem por objetivo, atravs de uma experincia pessoal, apresentar oprocesso de Registro da Comunidade dos Arturos como Patrimnio Imaterial peloInstituto Estadual do Patrimnio Histrico e Artstico de Minas Gerais - IEPHA/MG, o

    desenvolvimento da pesquisa documental feita nos Arquivos do Memorial daArquidiocese de Belo Horizonte, cartrios Guimares e Mota em Contagem e na CasaBorba Gato Anexo do Museu do Ouro em Sabar e a contribuio da referida pesquisa

    para a construo do Dossi Tcnico, uma das etapas do processo de registro.

    Na comunicao h uma sntese da metodologia e normas adotadas no que serefere o Registro do Patrimnio Imaterial no Brasil e em Minas Gerais. Posteriormente,um breve histrico da Comunidade dos Arturos como Patrimnio do Estado e como

    procedeu as etapas do Registro da Comunidade como Patrimnio Imaterial de Minas.Depois, uma apresentao da pesquisa documental durante o processo de registro.Atravs da pesquisa, propor uma reflexo da tarefa do historiador e a forma deabordagem das fontes, fazendo um paralelo entre a corrente empirista e a terica

    existente dentro da historiografia.

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    Cristiane Maria MarceloDoutoranda/ Universidade Estadual do Rio de Janeiro

    A modernidade e a redefinio do papel do diplomata na virada do sculo XVIIIpara o XIX

    Tenciona-se com esta comunicao discutir algumas das mudanas ocorridas na

    carreira diplomtica na passagem do sculo XVIII para o XIX. A proposta ento pensar como a filosofia do iluminismo e o contexto de mudanas polticas, sociais,econmicas e ideolgicas que marcaram a virada da centria tambm contriburam paraa redefinio das funes atribudas ao agente diplomtico. A partir de autores comoPhilippe Cahier, Ren Rmond, Franois Callires e Williams Gonalves, dentre outros,

    buscaremos discutir as permanncias e as rupturas ocorridas nos hbitos, condutas,valores bem como na prpria formao que se desejava de um representante da Naoem terras estrangeiras.

    Daniel William Arajo CoelhoGraduado/ Universidade Federal de Minas Gerais

    Oralidade, memria e tradio: as novas abordagens histrico-metodolgicasaplicadas s recentes pesquisas sobre o Jesus histrico

    Este trabalho pretende discutir as recentes contribuies dos telogos JamesD.G. Dunn e Richard Bauckham para as pesquisas voltadas questo da historicidadede Jesus. Empreenderemos uma anlise dos aportes metodolgicos nos quais os autoreslanaram mo para o desenvolvimento de suas respectivas teses sobre como teria sedado o processo de transmisso da tradio sobre Jesus, desde sua fase oral at aredao dos evangelhos. Embora concordem em muitos aspectos, as duas abordagens

    apresentam distines significativas, sobretudo no que diz respeito compreenso dosautores quanto ao funcionamento dos mecanismos internos controle e preservao datradio sobre Jesus desenvolvidos pelas primeiras comunidades crists.Os trabalhos de Dunn e de Bauckham, embora distintos entre si, tem em comum o ricodilogo estabelecido, ora implcito, ora direto, com as novas tendncias historiogrficase o rigor metodolgico com o qual ambos empreendem seus projetos, bemfundamentados em nvel terico, emprico e argumentativo. Assim, tomando por base ascontribuies destes autores, pretendemos refletir sobre as possibilidades da pesquisahistrica sobre Jesus em seu atual estgio. Em outras palavras, tentaremos responder aseguinte pergunta: o que possvel alcanar com a pesquisa do Jesus histrico em seuestgio atual: a pessoa histrica de Jesus, o contexto da comunidade das origens, ambosou nenhum?

    Douglas Maris Antunes CoelhoMestrando/Universidade Federal de So Paulo

    Histria, narrativa e verdade Os caminhos de Clio

    Propem-se nas linhas que se seguiro, a reflexo de alguns aspectos, quedurante dcadas colocaram em debate a histria enquanto geradora de conhecimento.Questionamentos referentes ao carcter cientfico, sua capacidade cognoscvel de

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    apreenso do real, e a sua inerente forma narrativa, que se consolidaram em meados dasegunda metade do sculo XX. Buscar-se- construir primeiramente um panorama,

    partindo das posies em relao histria desde o sculo XIX, com a chamada EscolaMetdica, passando pela histria problema proposta por Marc Bloch para finalmenteabordar algumas relaes entre Carlo Ginzburg, Michel Foucault e Hayden White emrelao epistemologia da histria.

    Edson Silva de LimaMestrando/Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

    Tempo Isocrnico: Temporalidade e Experincia Esttica em Hans Robert Jauss

    Nesse trabalho proponho levantar algumas questes acerca da temporalidade parahistria da literatura como pensada e esboada por Hans Robert Jauss em suaconferencia proferida em 1967,Histria da literatura como provocao literria.Para Hans Robert Jauss, a experincia esttica no se distingue apenas do lado de sua

    produtividade [mas] como criao atravs da liberdade (1979:60). Nesse tocantepodemos afirmar que se trata de um mergulho em duas dimenses, por um lado, aexperincia histrica, e, por outro lado, como autonomia.

    Nesse sentido, reabilita-se a histria da literatura, partindo da historicidade do fenmenoliterrio, compreendendo suas nuanas e permanncias e, por conseguinte, opera-se umamudana de foco, com a rejeio do texto enquanto estrutura de sentidos fixos eessenciais, encarnando no leitor a ao necessria e complementar do fenmenoliterrio.

    Sendo assim, a compreenso desse tempo isocrnico, presente na experincia da leiturae na conjugao de categorias espaciais entre a obra que dada ao impulso subjetivo e aconscincia de distncia no tempo que confrontada no horizonte de compreenso do

    passado com os horizontes de expectativas.

    Para Jauss a histria da literatura, deveria expandir suas possibilidade a partir desemelhanas, diferenas, inter-relaes e coexistncias presentes num mesmo perodo(corte sincrnico). Dessa forma, permitiria ao leitor, no seu plinto observar, adiversidade receptiva de uma obra, seja classificando-a como atual ou ultrapassada, ouatrasada em relao ao seu tempo. Jauss (1994) afirma tambm, que a historicidade daliteratura revela-se nos pontos de interseo entre diacronia e sincronia (p.48).

    Nesse tocante, a cissura sincrnica, exigir o seu passado e o seu futuro, deste modo,tambm vai exigir o corte diacrnico. Essas premissas apontam para prxis esttica quese apresenta para Jauss em trs nveis: produtora (Poiesis), receptiva (Aisthesis) ecomunicativa (Katharsis).

    Eduardo Cesar Valuche Oliveira BritoMestrando/Universidade Estadual do Rio de Janeiro

    A renovao historiogrfica da Histria Poltica: avanos e impasses da culturapoltica

    A reflexo proposta acompanha a trajetria da Historia Poltica desde o seuesplendor no sculo XIX e acompanhando as oscilaes ao longo do sculo XX para

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    analisar a chamada Nova Histria Poltica surgida nas ultimas dcadas do sculo XX.Neste sentido, identificamos as correlaes deste movimento no interior da Histriacom as mudanas ocorridas na sociedade e nas (re)definies com a poltica estritosensu, Os resultados deste processo - identificado por Ren Rmond como umarevoluo completa - interligam a dimenso poltica a diversos vnculos, por inmeroslaos, como uma modalidade da prtica social definida na chamada cultura poltica. Em

    termos temticos, a Historiografia Poltica ganhou contornos amplos, evidenciando suainfluncia e expanso no campo da Histria e nas trocas realizadas entre as CinciasHumanas e, em particular, com a Cincia Poltica e a filosofia foucaultiana. Emcontinuidade aos estudos dos Annales, no entanto, a Nova Histria Poltica permanecenas oposies entre as representaes e as realidades, legando um papel secundrio asegunda. Portanto, apresenta suas limitaes quando cinde na analise as representaessociais e as estruturas, apresentando, por exemplo, dificuldades metodolgicas nosmomentos de traumatismo grave ou perodos crticos. Na pesquisa emdesenvolvimento no mestrado em Histria Social na UERJ, acompanhamos estesimpasses na Historiografia Brasileira e, as dificuldades impostas por estas imprecisesquando estudamos a Histria Poltica na Primeira Repblica Brasileira ainda marcada

    por conceitos como oligarquia e analises estanques de determinadas representaes

    sociais dissociados das estruturas polticas e, portanto, analises de poder distante dapoltica e da Histria Poltica.

    Henrique Rodrigues CaldeiraGraduando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Braudel, Ricoeur e os limites do estruturalismo

    Em fins da dcada de 1950, o pensamento estruturalista, alcanou proporesalarmantes aos estudos das cincias humanas. A publicao de Antropologia Estrutural(1958) de Claude Lvi-Strauss implicou uma renovao metodolgica to radical que

    no poderia ser ignorada. E certamente no foi. Dois grandes pensadores em destaquena poca, Paul Ricoeur e Fernand Braudel, dedicaram-se amplamente a debater as ideiasdo estruturalismo levistraussiano. Contudo, este trabalho no pretende discutir o

    pensamento estruturalista a partir dos famosos debates entre Ricoeur e Lvi-Strauss ouBraudel e Lvi-Strauss, mas sim a partir da complexa relao entre Ricoeur e Braudel.Com esse objetivo, partiremos da leitura pormenorizada que Ricoeur faz dO

    Mediterrneo de Braudel em Tempo e Narrativa. Em seguida, caracterizaremosbrevemente o estruturalismo e pautaremos as caractersticas estruturalistas de Braudel eas consideraes sobre elas feitas por Ricoeur. Por fim, pretendemos articular taisconsideraes s crticas gerais endereadas por este grande filsofo ao estruturalismode uma forma mais ampla.

    Marco Guisoli Girardi de MendonaMestrando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Entre a histria e a psicanlise: reflexes da teoria psicanaltica para o estudo danarrativa histrica

    Este trabalho pretende realizar reflexes acerca das possibilidades de se pensar anarrativa histrica a partir de uma analogia com a teoria psicanaltica. Mais

    precisamente, ser pensado o efeito da narrativa histrica e sua relao com o processo

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    de esquecimento e de reconhecimento a partir de uma referncia terica fora do campohistoriogrfico, a psicanlise. A investigao, pertencente ao mbito da teoria dahistria, deter-se- em uma anlise do conceito de narrativa histrica com o propsito defazer uma analogia ao verificado no progresso analtico de restituio e reconstruo do

    passado do sujeito; se na anlise, atravs da fala, o sujeito reestrutura o seu passadonuma lgica narrativa e passa, assim, a ter uma relao humanizada com o tempo (e

    consigo mesmo), semelhante efeito ser procurado no exerccio historiogrfico dearticulao de fatos pretritos em uma estrutura narrativa escrita. O esquecimento, asegunda categoria, no tem existncia independente da primeira. Como aparenteobliterao de qualquer trao mnemnico, a sua real eficincia ser questionada.

    Novamente aqui de grande valia a referncia teoria psicanaltica, que se atm aofato de que a conservao do passado na vida psquica antes a regra do que asurpreendente exceo (FREUD, 2010, v. 18, p. 24). Neste momento, ser de igualimportncia o significado do termo reconhecimento para fazer uma legtima traduo da

    problemtica psicanaltica do esquecimento para o espao da narrativa histrica. Porltimo, ser preciso mencionar as noes de temporalidade relativa s duas disciplinasque, como parece definir o historiador Michel de Certeau, so distintas. essa distinoque ser, finalmente, analisada.

    Maria Visconti SalesMestranda/Universidade Federal de Minas Gerais

    Responsabilidade e culpa: Um dilogo entre Hannah Arendt e Zygmunt Bauman

    Em uma situao de horror, onde todo o sistema de valores foi redefinido esubstitudo, onde a mxima no matars se torna matars, e onde toda a nossacapacidade de julgamento colocada prova, o esforo de compreenso se torna aindamais fundamental e complexo. Neste sentido, compreender o totalitarismo crucial,apreendendo-o como um fenmeno poltico central e novo dos tempos modernos.

    O objetivo deste trabalho se insere nesta tarefa de compreenso. Ao relacionardois autores, Hannah Arendt e Zygmunt Bauman, pretende-se fazer uma anlise maisaprofundada em algumas questes que o Holocausto suscitou. O foco volta-se,sobretudo, em dois conceitos chave: responsabilidade e culpa. Partindo destes conceitos,a discusso tende para outros tpicos, como: a moralidade; a banalidade do mal; a crisede conscincia.

    Parte-se do princpio de que responsabilidade e culpa no so a mesma coisa.Hannah Arendt entende que a culpa um sentimento pessoal ligado, principalmente, moralidade, enquanto a responsabilidade coletiva est inserida no campo poltico,dentro de uma comunidade. Viver em comunidade e viver com ns mesmos uma

    questo fundamental no trabalho de Arendt. Para Bauman, a responsabilidade pelasaes morais repousa no indivduo e cabe a ele a capacidade de resistir presso dasociedade para fazer algo que ele pode considerar como errado. O que o nazismoconseguiu atingir com sucesso, foi a produo social da distncia entre os indivduos demodo a eliminar essa noo de responsabilidade na maioria das pessoas e criando umaresponsabilidade flutuante, onde todos estavam convencidos de estar sobre as ordens deoutra pessoa.

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    Bauman e Arendt dialogam e tm como objetivo mostrar que o Holocausto foiproduto de uma civilizao normal, formada por indivduos que pensavam apenas estarcumprindo o seu dever, to inseridos estavam naquela burocracia totalitria o queArendt chama de banalidade do mal. A normalidade dos indivduos e ao mesmotempo a singularidade do Holocausto, so questes que exigem um esforo maior decompreenso e, sobretudo, de aceitao.

    Mariana GinoEspecialista/Universidade Federal de Juiz de Fora

    A Escrita da Histria Oral Africana

    Em diversas partes, as sociedades africanas utilizavam a palavra falada comouma conduo histrica, pois poucas pessoas sabiam ler e escrever, por isto a escritaestava relegada a um plano secundrio em relao s preocupaes essenciais dassociedades. Destarte, um erro reduzir a civilizao da palavra falada a uma simplesausncia do escrever (VANSINA, 2010) tal concepo ajudou a eternizar o desprezoinato dos letrados pelos iletrados evidenciando uma total ausncia de conhecimento danatureza das sociedades orais. O objetivo deste projeto tentar traar as anlises emtodos da escrita da histria oral proposta pela historiografia africana dos anos de1960 (LOPES, 1995). Metodologia esta, ligada a tradio oral como um testemunhotransmitido oralmente de uma gerao a outra (VANSINA, 2010, p.140). Tal tarefa sermediada entre as apreciaes terica-metodolgicas do tradicionalista malins AmadouHampt B, os historiadores Joseph Ki-Zerbode Burkina Faso, o nigeriano BoubouHama e o senegals Boubacar Barry. Esta pesquisa versar, tambm, o encontro comfontes secundarias, que possibilitar uma anlise mais contundente sobre a temtica emquesto.

    Mariana Vargens da SilvaMestranda/Universidade Federal de Minas Gerais

    Discusses em torno do conceito de histria na Primeira Repblica brasileira

    a histria uma cincia? Esta pergunta formulada por Pedro Lessa no incio dosculo XX j era fonte de preocupao e reflexo dos intelectuais brasileiros desde asltimas dcadas do sculo XIX. Estabelecendo um estreito dilogo com a produoeuropeia ocupada com o mesmo assunto, os intelectuais brasileiros se debruaram sobrea questo e buscaram estabelecer os critrios que definiam um trabalho como sendo

    propriamente de histria. Importante fonte de reflexo para os debates polticos doperodo, a histria precisava se consolidar como campo de saber autnomo e confivel,

    ainda que distinto das cincias naturais. Em nossa apresentao, nos propomos alevantar os trabalhos mais relevantes em torno desse debate para identificar, ainda queem linhas gerais, o que se entendia por cincia histrica nos primeiros anos daRepblica brasileira.

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    Robson Freitas de Miranda JuniorMestrando/Universidade Federal de Minas Gerais

    O que Freud fez da histria? Relaes entre historia e psicanlise na operaohistoriogrfica de Michel de Certeau

    Michel de Certeau (1925-1986) um dos historiadores mais importantes dasegunda metade do sculo XX, sobretudo por conta de suas contribuies compreenso da prtica historiogrfica. Um dos aspectos mais marcantes de sua

    produo se relaciona com sua ampla formao intelectual, que o possibilitou transitarem diversas reas do saber (historiografia, psicanlise, etnografia, filosofia, estudosmsticos e religiosos, literatura). A partir da dcada de 1970, Certeau comeou a indagara natureza epistemolgica da historiografia promovendo reflexes tericas importantessobre a histria e suas intersees e fronteiras, sobretudo, com a psicanlise freudiana.Seu interesse por Freud e pela psicanlise em geral no incide sobre a teraputica, pois oque o encanta so as potencialidades da teoria psicanaltica para a compreenso defenmenos culturais ligados alteridade. Neste sentido, a proposta deste trabalho discutir como a articulao entre historiografia e psicanlise, operada por Michel de

    Certeau, influi e se faz presente em sua compreenso da operao historiogrfica.Propomos analisar de que forma as aproximaes e distanciamentos entre as diferentesestratgias para lidar com a temporalidade, empreendidas por estas duas disciplinas,encontram no discurso narrativo um meio de compreenso da alteridade; de um outroque se perdeu, de um ausente, que para Certeau o objeto da histria. A escrita, queenvolve a construo de uma narrativa, para o historiador francs parte fundamentalda operao historiogrfica, portanto as interfaces que ele identifica entre esses doiscampos, constituem-se em um aspecto essencial de sua compreenso tanto do fazerhistoriogrfico, quanto dos elementos que constituiriam uma identidade epistemolgica

    para a histria. Para tanto, concentraremos nossa anlise em um de seus textos,intitulado O que Freud fez da histria?, publicado em 1970, no qual essa problemticase inscreve de maneira mais evidente e que nos possibilita discutir esta dimenso ainda

    pouco explorada de sua obra.

    Rodrigo Ferreira da SilvaMestrando/ Universidade Federal da Paraba

    Fronteiras da fico e realidade entre a Histria e a Literatura: tenses, desafios epossibilidades

    O presente estudo tem por finalidade discutir as relaes de sentidos epossibilidades entre a Histria e a Literatura. Vrios so os autores que discutem estaintrnseca relao que muito deixa os historiadores inquietos principalmente quando se

    refere a escrita da Histria e suas profundas similitudes com os enredos da escritaliterria. Pois, diante deste debate, muito se tem a discutir, j de certo modo, pes emcheque o saber histrico e mesmo a construo da histria enquanto Cincia. Nestaregio de conflitos as vezes tensas, entre a histria e a literatura, percebe-se anecessidade de ampliar alguns debates e mesmo notar novos horizontes para a escrita dahistria que mesmo parecendo coma redao literria, no deixaria de ser Cincia pelofato de usar os recursos tropolgicos estilsticos da literatura. No entanto, algunsquestionamentos ficam sendo necessrios aos historiadores? Ser a Histriaverdadeiramente uma Cincia? At onde so os limites das abordagens entre a Histria

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    e a Literatura? A escrita da Histria uma escrita artstica por usar tropologiasliterrias? O que ir diferenciar a Histria da Literatura? Hayden White seria um dosmais ardentes crticos literrios da atualidade que questiona o saber histrico e suaconstituio quanto Cincia, no entanto, outros autores veem possibilidades nas relaescomo Certeau, Sevcenko, Nbrega entre outros, que em seus estudos o significado docampo do conhecimento histrico seria muito mais amplo e mesmo se aproximando da

    escrita literria, no deixa ria de ser Histria, pois nas narrativas historiogrficas, oshistoriadores no tem a liberdade potica dos artistas justamente por estarem ligados efontes documentais que serviriam de respaldo para suas argumentaes e escrita.

    Thamara de Oliveira RodriguesDoutoranda/Universidade Federal de Ouro Preto

    Jos Igncio de Abreu e Lima e os espaos de autonomia historiogrficos nahistria do Brasil oitocentista (1835-1855)

    Nesta comunicao, busca-se compreender as dinmicas de um regimehistoriogrfico que se processava autonomamente ao IHGB e, mais prximo, asdemandas de um pblico no especializado. Para isso, analisa-se algumas obras de JosIgncio de Abreu e Lima e suas repercusses na cultura peridica, com o intuito deevidenciar as caractersticas fundamentais de um regime historiogrfico que seorganizou com autonomia em relao aos esforos prprios ao regime constitudo nointerior do IHGB. Defende-se que tal autonomia forma-se a partir de opes especficasno que tange ao tratamento de conceitos, narrativas e linguagens relacionadasespecialmente constituio de uma distncia histrica em relao a Portugal, por umlado, e, tambm, no que diz respeito forma, por outro; processo ligado formao danacionalidade e da escrita da Histria do Brasil. A partir da leitura prvia das obras

    Bosquejo Histrico... (1835), Compndio da Histria do Brasil (1842) e Sinopse ou

    deduo cronolgica... (1845) de Abreu e Lima, bem como da sua recepo enredadapor polmicas com o IHGB e com a esfera peridica, defendemos a existncia deregimes historiogrficos ou experincias historiogrficas autnomas (mas cambiveisentre si). Uma dessas experincias est diretamente relacionada ao IHGB, na qual aescrita da histria se volta para o pblico mais especializado diante da emergncia daprofissionalizao do historiador. A outra experincia, que procuraremos maisdetidamente investigar, refere-se ao modelo de letrado-intelectual-jornalista na qual omercado do livro emergente e uma demanda social pela histria possibilitou um modoalternativo para escrev-la, mais aberto s influncias da luta poltica e das flutuaes e

    permanncias do gosto de um pblico no especializado.

    Walderez Simes Costa RamalhoMestrando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Historiografia da mineiridade: uma abordagem temtica

    O tema das identidades regionais ocupou um espao significativo no mbito dopensamento social brasileiro. Nesse campo de debates, o caso de Minas Gerais tornou-se bastante representativo. O imaginrio sobre o mineiro adquiriu contornosespecficos em relao aos demais brasileiros, e esta apresentao tem o objetivo de

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    analisar criticamente alguns deles. Avalio, de maneira particular, as narrativas deinterpretao histrica sobre Minas mais abrangentes e influentes desse longo debate,que perpassou a maior parte do sculo XX. Aps uma leitura extensa das fontes, foi

    possvel identificar os principais topoipresentes no discurso histrico da mineiridade, ea inteno desta apresentao fazer um apanhado geral dos resultados alcanados nodecorrer dessa pesquisa. Trata-se, em outras palavras, de dissecar a estrutura do

    imaginrio regional mineiro, para viabilizar uma melhor compreenso desse fenmenoe, ao mesmo tempo, explorar algumas possibilidades de posicionamento crtico emrelao ao prprio discurso, em grande medida sustentado por uma viso marcadamenteconservadora de mundo.

    Warley Alves GomesDoutorando/Universidade Federal de Minas Gerais

    O Anticristo Superstar como leitura para o presente: Indstria Cultural, ps-modernismo e releituras de Nietzsche por Marilyn Manson

    Em 1996, Marilyn Manson lanava o lbum que marcaria sua entrada para o roldos msicos mais famosos do fim do sculo XX. Intitulado Antichrist Superstar, olbum dialogava diretamente com a obra de Friedrich NietzscheAssim falou Zaratustra,tendo como eixo o combate moral crist. A histria contada em Antichrist Superstarentrelaa fico e a biografia do prprio Marilyn Manson (nascido Brian Hugh Warner),cujo ltimo captulo seria o nascimento do Anticristo Superstar, que personificaria nos a ltima etapa da vida do prprio Manson, mas da prpria humanidade, similar aoSuper-homem nietzschiano. Antichrist Superstar o primeiro lbum de uma trilogiainvertida que conta a vida de Manson e o surgimento do Anticristo. Assim, os lbunsseguintes Mechanical Animals (1998) e Holy Wood (2000) contariam a 2 e a 1

    parte da histria, respectivamente.

    O objetivo do trabalho proposto analisar a trilogia de Manson, bem como suasperformances na tour Guns, God and Government (2000/2001) relacionando-as comteorias que vem sendo elaboradas para pensar a contemporaneidade. As mensagens deManson vo ao encontro de ideias ps-modernistas, como o presentismo, o paganismo,e o fim das utopias. Tambm busca-se analisar Marilyn Manson como um produtorepresentante da atual indstria cultural, sendo assim, til para repensar as teoriasconstrudas por Adorno e Horkheimer nos anos 1940, mais propriamente, no sentido deapresentar um contraponto a estes autores a partir de uma perspectiva mais otimista emrelao modernidade e indstria cultural, como prope o filsofo Marshall Berman.

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    SIMPSIO TEMTICO 4: Histria Intelectual e de intelectuais: perspectivasterico-metodolgicas

    Coordenadores: Carlos Alberto Machado NoronhaDoutorando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Leonildo Jos FigueiraMestrando/Universidade Estadual de Ponta Grossa

    Simone Aparecida DuplaMestranda/Universidade Estadual de Ponta Grossa

    Ana Clara Pinho FerrazGraduando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Conceitos deModernidade,MultidoeFlneurpara Walter Benjamin e suasrelaes com a poesia de Manoel de Barros

    Walter Benjamin (1892 1940), importante ensasta, filsofo e socilogonascido em Berlim, foi um dos mais ilustres pensadores alemes do sculo XX. Dentreseus inmeros ensaios, Benjamin reflete acerca da modernidade e dos conceitos demultido e flneur; ao estudar Charles Baudelaire, o autor elabora hipteses de comoteria se dado a modernidade (e quais teriam sido suas consequncias) no final do sculoXIX em Paris, Londres e Berlim. Trazendo essa ideia para o Brasil do sculo XX, nessacomunicao pretendo contrapor os conceitos de modernidade, multido e flneur de

    Benjamin com a literatura do poeta ps-modernista brasileiro Manoel de Barros (1916 2014), relacionando com o contexto do Brasil republicano. Acredito que Barros, cujaescrita foi marcada sobretudo pelo uso de um vocabulrio coloquial e rural, pode serdescrito como uma espcie de flneur brasileiro, que, assim como Baudelaire, seencantava com a multido ao mesmo tempo em que no se sentia pertencente a ela.Dessa forma, a partir das mudanas ocorridas nos diversos cenrios brasileiros nosculo XX, possvel encontrar Barros e suas vozes lricas observando, de longe, aascenso da modernidade.

    Andr Augusto Abreu VillelaGraduado/UNI-BH

    A construo de uma nao moderna: as identidades historiogrficas de SrgioBuarque de Holanda

    O Presente trabalho tem como objetivo central o redimensionamento do estudohistoriogrfico das identidades do intelectual Srgio Buarque de Holanda, usando deconceitos de autores como Certeau e Kosseleck, na anlise historiogrfica. Sendo assimtornou-se siginificativo o uso do conceito de Franois Sirinelli, acerca dos intelectuais,

    para melhor situar Srgio Buarque em suas redes de sociabilidade. Em sequncia,

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    analisa-se como que a partir da dcada de 50, de sua entrada no corpo docente da USP,Srgio Buarque se aproxima sobremaneira de uma historiografia voltada aos Annales,criando assim uma identidade uspiana. Pois a partir desse momento, passa a tratar detemas como histria das mentalidades em Viso do Paraso e Cultura Material emCaminhos e Fronteiras. A partir da nota-se uma mudana significativa no jogo dasidentidades, analisado por Stuart Hall, onde o sujeito ps-moderno se torna

    fragmentado, sem uma identidade fixa. Dessa forma, o intelectual Srgio Buarque jmais maduro nesse perodo, ir se aproximar mais da historiografia francesa, do quepropriamente do historicismo alemo de Weber, Dilthey e Simmel, que tanto o ajudouna produo na dcada de 30 de Razes do Brasil. Em sua fase como modernista,

    procura-se mostrar a participao de Srgio na Semana de Arte Moderna de So Pauloem 1922, e tenta-se desconstruir o mito da paulistanidade, mostrando como o projetoempreendido pelas elites paulistas, conseguiu colocar So Paulo como o "marcofundador" do movimento modernista brasileiro. Sendo assim, abre-se uma discussoacerca dos modernismos de Recife e Rio de Janeiro. Por isso abre-se uma novadiscusso, afinal Srgio era modernista carioca ou paulista? J que mesmo morando noRio de Janeiro participa da revista Klaxon (paulista) e funda em 1924 a Esttica,seguindo a mesma linha da anterior. E por fim, mostrar o conceito de nao imaginada

    usando por Benedict Anderson, no dialogo e na interlocuo entre os interpretes dagerao de 30, tentando mostrar a viso de nao que cada um tinha a respeito do Brasil.

    Carlos Alberto Machado NoronhaDoutorando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Lima Barreto na seara da Histria: reflexes de um literato acerca da escrita daHistria do Brasil no incio do sculo XX

    A escrita da Histria do Brasil nas primeiras dcadas do sculo XX estava inserida numcontexto de mudanas significativas na sociedade brasileira. A busca por referenciais,

    temas que se ajustassem aos interesses polticos de uma nao h pouco sada de um regimemonrquico e de um sistema escravocrata era presente nas discusses de sujeitosenvolvidos na produo historiogrfica nacional. No plano internacional, a preocupao erao lugar do Brasil num cenrio de disputas entre potncias industrializadas, smbolos do

    progresso naquele momento.

    Nesse contexto, a Histria deveria seguir os padres da moderna cincia e, ao mesmotempo, produzir uma tradio que legitimasse as premissas do recente regime republicano.Com isso, esperava-se do conhecimento histrico um papel de ratificador do regimerepublicano brasileiro no concerto das naes civilizadas. Vrios intelectuais se envolveramnessa escrita, inclusive os literatos. Ao nos debruarmos sobre os escritos do literato cariocaAfonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), notamos aspectos que sinalizam

    importantes observaes acerca daquela discusso sobre a escrita de nossa histria.Nesse sentido, procuramos historicizar o trabalho desse literato, desenvolvendo os seguintesquestionamentos: os escritos barretianos podem ser considerados uma tentativa de reflexoem torno das tenses que emergiram na sociedade brasileira no incio do sculo XXreferentes escrita da Histria do Brasil? Quais seriam as contribuies de seu trabalho

    para a renovao da historiografia naquele momento? Desse modo, selecionamos, para essacomunicao, o captulo Os heris da obra Os Bruzundangase s crnicas Edificantesnotas ao Southey e Livros de viagens.

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    Fabrcio Seixas BarbosaGraduando/Universidade Federal de Minas Gerais

    Exlio e condio exlica: percepes de Adorno, Said e Todorov

    A comunicao livre tem por objetivo traar as similitudes e as diferenas na

    percepo do exlio a partir da anlise comparativa dos relatos autobiogrficos deTheodor Adorno, Edward Said e Tzvetan Todorov. Considerando as distintas trajetriasde vida que culminaram no exlio, faz-se necessrio sublinhar a relevncia do contextosociopoltico, vivenciada por esses intelectuais, para compreender as singularidadesexperimentadas por cada um. Entendendo o exlio como fenmeno e a condio exlicacomo experincia, torna-se possvel a compreenso dos infortnios gerados pelo

    primeiro sobre o ltimo. Nesse contexto, a condio exlica abordada sob distintasperspectivas.

    Jos Roberto Silvestre SaiolGraduando/Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Latelier du feuilleton: recepo e repercusso do gnero folhetinesco na Frana dosec. XIX

    O sculo XIX francs profundamente marcado pelo incio da industrializao,pelo incremento da vida urbana e pelas consequncias polticas e sociais da RevoluoFrancesa. O poder simblico dessas transformaes foi to avassalador que passou ademandar novas formas de sensibilidade originadas das inquietaes e tentativas deapreender toda aquela complexidade. no seio desta configurao histrica que emergeo chamado Romantismo. Na esteira dessas transformaes, a demanda pelademocratizao da imprensa atrelada difuso do gnero romance e o surgimento denovas tcnicas de impresso possibilitaram o surgimento do folhetim, que em suaevoluo histrica passou de rodap a gnero literrio. O objetivo deste trabalho

    realizar algumas consideraes acerca da recepo e repercusso deste gneroromanesco, tipicamente moderno, a partir de uma charge do francs J.J. Grandville,intitulada Latelier du feuilleton. A proposta investigar a crtica chamada literaturaindustrial a partir da categoria de escritor rentvel figura capaz de atentar e produzira partir das demandas de um novo tipo de pblico, muito preocupados com a questo dogosto.

    Juliano Mota CamposMestrando/Universidade Estadual de Feira de Santana

    A liturgia das letras: a trajetria intelectual e poltica de Arnold Ferreira da Silvaatravs do Jornal Folha do Norte Feira de Santana-Ba (1909-1930)

    Nas trilhas dos estudos sobre intelectuais, colocaremos as luzes da pesquisahistrica sobre Arnold Ferreira da Silva. Ele inicia-se na liturgia das letras comosecretrio do jornal Folha do Norte na sua fundao em 1909, tornando-se

    proprietrio do mesmo em 1922. Escreveu neste peridico o Chronicando, Effigies eBric-a Brac (colunas), editoriais e a Chrnica da vida feirense. Adotamos como recortetemporal o ano de 1909 quando saiu a sua primeira produo (Chronicando) e o ano de

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    1930 como o ltimo de atuao poltica no parlamento local. Em 1924 Arnold foiintendente da plis feirense, reelegendo-se at 1926. Entre 1928 e 1930 torna-seConselheiro Municipal e presidente do Conselho, ocupou tambm a direo doMontepio dos artistas feirenses e Santa casa de Misericrdia, exerceu a funo de oradore secretrio das filarmnicas Vitria e 25 de maro alm de ter atuado enquanto rbula,

    membro de grmio ltero-dramtico e grupos de teatro.Enquanto problemtica, discutiremos qual a relao que as produes intelectuais deArnold Silva possuam com o projeto poltico de poder/progresso do grupo(s)dominante na referida urbe do perodo de 1909-1930. O que o caracteriza enquantoinicialmente membro do grupo dirigente da intelectualidade local e depois o que oinsere em uma oligarquia poltica/econmica, e quais reflexos diretos o seu discursointelectual e suas prticas polticas tiveram no quadro cultural/poltico da sociedadefeirense.As fontes so: Jornal Folha do Norte (1909-1930), Fotos da famlia Ferreira da Silva,Jornais: O Municpio (1893), O imparcial (1927) , O Correio de So Flix (1910) , Atasdas Filarmnicas Vitria (1915-1930), 25 de Maro (1920-1930) , relatrioadministrativo da Santa Casa de Misericrdia (1926-1930), Atas do Monte Pio dosArtistas Feirenses (1915-1920), processos crimes (1916-1917), Atas do ConselhoMunicipal (1928-1930). Utilizamos o aporte terico de Norberto Bobbio para pensar oconceito de intelectual, as contribuies de Giovani Levi para discutirmos sobretrajetria e os estudos sobre imprensa (especialmente jornais) de Tnia Regina de Luca.

    Katrcia Costa Silva Soares de Souza AguiarMestrando/Universidade Federal de Viosa

    Viva o povo brasileiro, deJoo Ubaldo Ribeiro: a histria do Brasil contada pelopovo x o discurso da elite

    Este estudo visa discutir a relao existente entre literatura e histria, a partir dodiscurso polifnico, na obra Viva o povo brasileiro, de Joo Ubaldo Ribeiro. Assim,

    pretende evidenciar que, nesta narrativa, a histria do Brasil contada por vrias vozes,representativas da elite, e, sobretudo, do povo. Ao debater acerca dos eventos histricos

    ocorridos no Brasil, principalmente, na Bahia, que, enquanto bero do pas, foicenrio de muitos destes acontecimentos mencionados na produo literria, destaca,mediante pesquisas exploratria e bibliogrfica, que as vozes dos povo, at entosilenciadas atravs da violncia praticada pelos poderosos, ganha fora, por meio damaior de todas as armas: o conhecimento, disseminado no enredo por intermdio de

    Maria da F, que consegue expor a verso do povo sobre a histria da ptria, antesnarrada apenas sob o ponto de vista da classe dominante, que enxerga a luta popularpelos seus direitos como atos de banditismo. A obra literria Viva o povo brasileiro, deJoo Ubaldo Ribeiro,proporciona uma profunda reflexo sobre a sociedade brasileira,retomando a histria nacional. Nela, os eventos histricosso mencionados sob vrios

    pontos de vista, atravs de diferentes vozes sociais, representativas da elite e do povo.Estes recontam a histria do Brasil, propagada oficialmente, com base no discurso daclasse dominante. De modo que, nesta narrativa, aqueles que at ento foramsilenciados pelos poderosos atravs da violncia, tornam-se sujeitos ativos, adquirindo o

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    direito de expressar-se. Esta mudana acontece quando Maria da F, indignada comtanta opresso, se apropria do conhecimento popular para expor a verso popular dahistria da ptria. A partir de ento, o povo luta para ter voz ativa, mas essas aes sovistas pela classe dominante como atos de banditismo. Por isso, somente por meio damemria coletiva e da expresso oral que foi narrada a participao dos negros,mestios, pobres e humildes nos acontecimentos histricos brasileiros. Em face de tudo

    isso, inquestionvel queno existem fatos, h somente histrias, contadas conforme ointeresse de quem as narram, sendo, portanto, a Literatura, espao para as vozesdaqueles que no tiveram chance para contar as suas verses sobre determinado objeto.

    Leonildo Jos FigueiraUniversidade Estadual de Ponta Grossa

    Sir Richard Francis Burton (1821-1890), um intelectual no Campo da Histria:Reflexes em torno do campo disciplinar, limites e possibilidades terico-

    metodolgicas

    O presente trabalho tem por objetivo refletir o campo de conhecimento eabordagem da Histria, verificando a relao com seu objeto, seus limites, suas

    possibilidades, bem como a maneira como so construdos seu discurso, sua teoria e seumtodo. Nesse mesmo mbito ser pertinente pensar os interditos da Histria enquantocampo disciplinar, como sendo aquilo que se coloca como base ou como proibido a seus

    praticantes. No se trata de uma pretenso em responder todas as questes caras estatemtica, mas sim contribuir para uma importante discusso em torno da disciplina e doofcio do historiador.

    Marcelle Braga

    Mestre em Histria/Professor substituto na Universidade Federal de Ouro Preto

    Entre produo e repercusso: um estudo do peridicoNational Era

    O jornalNational Era, publicado em Washington, D.C., permaneceu famoso nahistoriografia, principalmente, por ser o veculo que publicou o romance Uncle TomsCabin (A Cabana do Pai Toms) de Harriet Beecher Stowe, entre os anos de 1851-1852. Aqui nos propomos a pensar as discusses geradas e alimentadas pelo editor do

    jornal, Gamaliel Bailey, e seus contribuintes em relao ao tema da abolio, quepossibilitou que alguns leitores o nomeassem como radical e outros como moderado.Pretendemos refletir sobre essas vertentes que o abolicionismo apresentava atravs dascrticas de seus leitores; sem ignorar o pblico que o mesmo abarcava e suas estratgias

    de publicidade. Para tanto nossas anlises referem-se ao perodo da publicao doromance, para que possamos, inclusive, refletir sobre os impacto do mesmo sobre oconsumo e repercusso do peridico. Desta forma possvel vislumbrar diversos viesesde anlise para um mesmo tipo de fonte: atravs de uma histria intelectual e deintelectuais, que mesclam-se com Histria poltica, social, econmica e cultural,tentando ressaltar o quanto esses campos se cruzam no trabalho historiogrfico.

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    Marco Tlio Antunes GomesGraduando (Histria e Cincia do Estado)/Universidade Federal de Minas Gerais;

    Pontifcia Universidade Catlica de Minas

    Voz liberal de Minas: O imaginrio da elite poltica signatria do Manifesto dosMineiros

    O Manifesto dos Mineiros, intitulado Ao povo mineiro, foi lanado no dia 24de outubro de 1943 por membros da elite poltica e intelectual de Minas Gerais,incluindo figuras como Afonso Arinos, Milton Campos, Pedro Aleixo e Virglio deMelo Franco. O documento se propunha a defender os ideais de liberdade e democracia,elementos tidos como prprios da ndole mineira, fazendo assim oposio ao Estado

    Novo. Atravs da anlise do manifesto e de entrevistas concedidas pelos signatrios, o