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Capacitação em Educação para o Trânsito – Módulo 1 SENASP/MJ - Última atualização em 18/09/2009
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Capacitação em Educação para o Trânsito
Conteudista
Rubiane Pereira Bezerra – Policial rodoviário federal
Capacitação em Educação para o Trânsito – Módulo 1 SENASP/MJ - Última atualização em 18/09/2009
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Apresentação
Os conflitos da convivência humana e a divisão entre o bem individual e o bem
coletivo têm refletido no alto índice de acidentes automobilísticos e,
consequentemente, mortes no trânsito, requerendo por parte do Estado medidas
urgentes de controle, combate e prevenção de acidentes de trânsito.
Nesse contexto, a polícia rodoviária federal tem por competência atuar em 65.000km
de rodovias federais, onde, além de fiscalizar e autuar veículos e usuários infratores,
conscientiza os condutores da necessidade de atenderem as normas de convivência
no trânsito, a fim de reduzir os índices de mortes nas rodovias federais.
Para que isso ocorra, são necessárias várias medidas e uma delas é o
aperfeiçoamento profissional de acordo com as exigências de uma sociedade
moderna, ou seja, o policial rodoviário federal deve ser versátil o bastante para
atuar não só no combate à criminalidade e no atendimento aos acidentes de trânsito,
como também na sua prevenção.
Bom estudo!
Com o curso a distância de Educação para o Trânsito, o DPRF espera:
● Conscientizar o policial rodoviário federal de que esse papel social demanda de
todos uma postura ética, o conhecimento da legislação em vigor e o compromisso
com a construção de um trânsito mais consciente e harmonioso;
● Agregar ações educativas preventivas às ações fiscalizatórias, como um dos
caminhos para a melhoria da qualidade do trânsito, garantindo, assim, o
cumprimento do Código de Trânsito Brasileiro e o fortalecimento da imagem
institucional da Polícia Rodoviária Federal enquanto componente do Sistema Nacional
de Trânsito; e
● Demonstrar que, além das ações rotineiras, a categoria específica de educador de
trânsito requer técnicas próprias de didática, de comportamento humano, unindo o
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conhecimento com sua forma adequada de exposição. Dessa forma, conseguir maior
eficiência em sua missão principal, que é “salvar vidas”.
Além do aperfeiçoamento profissional é importante observar que os projetos,
programas, campanhas e outras propostas para desenvolver ações voltadas à
educação para o trânsito no Brasil surgiram a partir da implementação do primeiro
Código Nacional de Trânsito (Decreto-Lei nº 3.651, de 25 de setembro de 1941).
Desde então, o Brasil – especialmente por meio dos órgãos executivos de trânsito –
não parou mais de produzir materiais educativos na área. De 1950 a 1980, foram
elaborados manuais, cartilhas, fitas cassete, slides e até discos de vinil... O
conteúdo? Obediência e reconhecimento ao policial de trânsito, punições para o
descumprimento das leis, regras e mais regras de trânsito. Na verdade, esses
materiais não poderiam ser diferentes, pois refletiam a ideologia política da época.
Veja um exemplo.
Campanha Educativa de Trânsito
(…) O homem sofre para conhecer, como a criança é castigada para aprender. Nunca
será, com efeito, mal empregado um puxão de orelhas como corretivo para as
travessuras de um menino endiabrado. (…) Se a criança se submete ao imério da
força que pune, também o adulto aceita com submissão a ação repressora do Estado.
(…) Tudo isso vem a propósito dos ciclistas, as crianças grandes do tráfego. (…) Mas
de todas as faltas, a mais grave é, sem dúvida, esse hábito inveterado que eles têm
de circular nos passeios. (…) Para acabar com esse abuso só há um remédio: multas
elevadas. Não há outro jeito, não; perder dinheiro é o que dói. Só o temor desses
bárbaros pelo prejuízo a que ficassem, assim, sujeitos, poderia por fim a isso.
PEQUENO, Waldemar. Campanha Educativa de Trânsito (palestras). Belo Horizonte,
1955.
Era um produto do autoritarismo dessa época e da manipulação por ele dos aparelhos
policiais. A atividade policial foi caracterizada pela sociedade como repressora e
antidemocrática, truculenta, conservadora, gerando de fato uma divisão entre
sociedade e polícia, como se a última não fizesse parte da primeira.
De 1990 aos dias atuais, o crescimento da democracia e o avanço tecnológico
possibilitaram a ampliação e a reflexão de várias questões que envolvem as
atividades de Segurança Pública, bem como a sensibilização para a problemática do
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contexto trânsito. Na elaboração dos recursos educativos, os slides foram
substituídos pelos vídeos; os discos de vinil, por CDs e CD-ROMs. Hoje, é possível
encontrar uma enorme variedade desses recursos. Os manuais e as cartilhas
resistiram ao tempo, mas de resto, quanto mais moderno melhor.
Será que o conteúdo desses materiais reflete os valores democráticos que
precisam ser trazidos à luz,debatidos e ensinados num país em processo de
democratização? Atende às expectativas das pessoas? Estimula a reflexão sobre a
necessidade de mudanças das atuais políticas de Segurança Pública, buscando
priorizar a dimensão pedagógica/educativa do policial em sua formação
profissional? Educa – realmente – para a construção de um trânsito melhor?
São muitos os questionamentos, porém, não é necessário solucioná-los agora. Espera-
se que no decorrer deste curso, importantes aprendizados sejam construídos para
possibilitar mudanças significativas na consciência, postura e atuação do policial
rodoviário federal.
O curso de Formação de Educadores para o Trânsito, da Polícia Rodoviária
Federal, criará condições para que você possa:
● Ampliar os conceitos que norteiam a atuação pedagógica no contexto policial;
● Identificar a legislação pertinente acerca das ações de educação para o trânsito no
contexto escolar e no âmbito da polícia rodoviária federal;
● Identificar os valores culturais e éticos necessários à boa convivência e segurança
no trânsito, relacionando-os à prática educacional;
● Compreender a dimensão coletiva das relações sociais e a necessidade de
contextualizá-la ao inalienável direito de ir e vir;
● Compreender a dinâmica e a natureza de comportamentos arriscados no trânsito,
considerando-os no planejamento de ações educativas de trânsito, bem como na
atuação policial
● Reconhecer a importância da transversalização do tema trânsito nas escolas;
● Identificar os principais recursos educativos a serem utilizados em ações de
educação para o trânsito, bem como sua finalidade na aplicação;
● Apropriar-se do funcionamento da área de educação para o trânsito no âmbito do
Departamento de Polícia Rodoviária Federal;
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● Utilizar os passos para a elaboração de projeto básico ou termo de referência,
visando ao planejamento e à operacionalização de ações educativas de trânsito; e
● Fortalecer uma atitude consciente e crítica em relação à postura e a
responsabilidade na construção de um trânsito mais educado.
Para alcançar seus objetivos, o curso está dividido em 3 módulos:
Módulo 1 – Legislação, ética e convivência
Módulo 2 – Trânsito: Um enfoque comportamental e pedagógico
Módulo 3 – O DPRF e a educação para o trânsito
Uma pesquisa realizada em 2005, pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e
Aplicada, Denatran e ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos demonstra
que, nas rodovias federais, os atropelamentos ocupam o segundo lugar no ranking de
mortalidade por acidente. A cada 34 atropelamentos ocorrem 10 mortes; ocorrem
cerca de 4 mil atropelamentos por ano, aproximadamente um a cada duas horas.
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Paraná lideram com 54%
das mortes de pedestres e 12 rodovias federais detêm 75,3% das ocorrências
envolvendo pedestres, das quais, as três primeiras (BR-116, BR-101, BR-040)
respondem por 50% das mortes.
A maioria dos acidentes envolvendo pedestres ocorre à noite, sendo mais crítico o
período das 18h às 20h. Os estados e as rodovias identificadas dão um indicativo de
que as travessias urbanas das rodovias federais podem ser a principal área dessa
violência contra a vida dos pedestres.
Os acidentes com motocicletas guardam proporções semelhantes. Embora eles
tenham representado 10,8% de todos os acidentes, causaram 15,2% de todas as
mortes.
A pesquisa também visa fornecer indicativos para a formulação de políticas públicas
e programas efetivos voltados, não só para a redução do número de acidentes, mas,
sobretudo, para a redução da gravidade desses acidentes. O custo médio associado à
pessoa de um ileso corresponde a R$ 1.040,00, já uma vítima classificada como
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ferida apresenta um custo médio de R$ 36.305,00, uma vítima fatal gera custo de R$
270.165,00, e o custo total de um acidente é de R$ 407.000,00.
Considerando o número de mortos em 2008, estima-se que nesse mesmo ano foram
gastos, diariamente, R$ 4.862.970,00 e, anualmente, R$ 780.387.350,00 com vítimas
fatais nas rodovias brasileiras.
Veja a tabela com os dados dos acidentes referentes ao ano de 2006, 2007 e 2008.
Fonte: ROD On Line – Polícia Rodoviária Federal
Atualmente, os acidentes de trânsito se tornaram questão de saúde pública e a
tendência mostra que a educação para o trânsito está entre as principais armas na
luta contra essa triste realidade. É urgente e necessário implementar medidas para o
constante aperfeiçoamento das ações educativas pelos órgãos componentes do
Sistema Nacional de Trânsito. Não basta sinalizar as vias públicas ou colocar radares
nas avenidas, é preciso educar.
É a educação para o trânsito a ação capaz de sensibilizar os cidadãos brasileiros para
a mudança de comportamentos arriscados. A educação para o trânsito, enquanto
ação preventiva, constitui um instrumento de transformação da cultura no trânsito.
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Após as considerações introdutórias leia o texto “História do lápis” e reflita sobre a
questão colocada.
REFLEXÃO: “HISTÓRIA DO LÁPIS”
Você conhece a história do lápis?
Um menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura perguntou: -
Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma
história sobre mim? A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto: - Estou
escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras,
é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele quando crescesse. O
menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial: - Mas ele é igual a
todos os lápis que vi em minha vida! Respondeu a avó: - Tudo depende do modo
como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las,
será sempre uma pessoa em paz consigo mesmo, com os outros e com Deus.
Primeira qualidade: Você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer
nunca que existe uma mão que guiará seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus,
e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade.
Segunda qualidade: De vez em quando eu preciso parar o que estou
escrevendo e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no
final, ele estará mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores porque elas o
farão ser uma pessoa melhor.
Terceira qualidade: O lápis sempre permite que usemos uma borracha para
apagar aquilo que está errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é,
necessariamente, algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da
justiça.
Quarta qualidade: O que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua
forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que
acontece dentro de você.
Finalmente, a quinta qualidade do lápis: Ele sempre deixa uma marca. Da
mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida irá deixar traços...
Paulo Coelho
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Com base nos conceitos iniciais, na problemática atual do trânsito e na mensagem
acima, reflita sobre o que pode ser feito pelo policial rodoviário federal, enquanto
educador, na busca por um trânsito mais humanizado?
Módulo 1 – Legislação, ética e convivência
Antes de iniciar o estudo deste módulo, assista ao vídeo(
http://www.youtube.com/watch?v=A3WbWOBJxks ) da música Rua da Passagem
(Trânsito), ou leia a sua letra( http://vagalume.uol.com.br/lenine/rua-da-passagem-
transito.html ). Em seguida, pense sobre a seguinte questão:
De que maneira valores como cooperação, respeito, colaboração, tolerância,
equilíbrio pessoal, amizade, vida, liberdade, justiça, solidariedade, igualdade e
responsabilidade podem subsidiar as ações de educação para o trânsito?
Por que somente os aspectos legais não bastam para tornar a
convivência no trânsito segura?
Neste módulo, você estudará os aspectos legais e éticos relacionados à convivência
humana no trânsito.
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
● Identificar os aspectos legais nos quais a educação para o trânsito está inserida;
● Analisar os aspectos contextuais que limitam a relação entre o Código de Trânsito
brasileiro
versus Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional;
● Reconhecer a importância de se pensar e agir ética e coletivamente;
● Utilizar valores como a base da elaboração de ações de educação para o trânsito.
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Este módulo está dividido em:
Aula 1 – Aspectos legais
Aula 2 – Ética e cidadania no trânsito
Aula 3 – Convivência humana no espaço coletivo
Aula 1 – Aspectos legais
A educação para o trânsito inclui a percepção da realidade, educação, assimilação e
incorporação de novos hábitos e atitudes perante o trânsito, enfatizando a
responsabilidade do governo e da sociedade, em busca da segurança e bem-estar.
Nesse sentido, Freire (1999) lembra que se a educação sozinha não transforma a
sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.
A educação para o trânsito tem fundamento na Constituição da República Federativa
do Brasil, de 1988:
Art. 23 É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
(...)
XII – Estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
Nesse dispositivo constitucional, fica clara a abrangência que deverá possuir a
dimensão educativa, priorizando as políticas de educação e a segurança no trânsito.
Veja o que estabelece o Código de Trânsito Brasileiro (CTB – Lei n 9.503, de
23/09/1997):
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Art. 1º
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e
entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito
das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.
(...)
§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito
darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da
saúde e do meio ambiente.
Veja também o artigo 75 da citada legislação e o artigo 76 que se refere, mais
diretamente, a educação.
Art. 75 O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das
campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou
entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial, nos períodos referentes às
férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito.
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover
outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades
locais.
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente e os serviços
de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo Poder Público são
obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos
competentes do Sistema Nacional de Trânsito.
Nessa mesma perspectiva, veja o artigo que mais diretamente se refere ao
tema educação:
Art. 76 A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de
1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e
entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação.
Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e
do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das
Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá:
I - A adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com
conteúdo programático sobre segurança de trânsito;
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II - A adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de
formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores;
III - A criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de
dados estatísticos relativos ao trânsito; e
IV - A elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos
interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-
sociedade na área de trânsito.
O primeiro Código Nacional de Trânsito (Decreto-Lei nº 3.561, 25 de setembro de
1941, que revogou o Decreto-Lei nº 2.994, de 28 de janeiro de 1941) não mencionava
o tema educação de trânsito em qualquer um de seus 12 capítulos.
Após 25 anos, com a lei nº 5.108, de 21 de setembro de 1966, que instituiu o
segundo Código Nacional de Trânsito, estão as primeiras citações referentes ao tema.
A educação de trânsito começou a ser mencionada.
( http://www.planalto.gov.br/ccivil/Leis/1950-1969/L5108.htm )
Passados trinta e um anos (repletos de resoluções e decretos), a Lei nº 9.503, de 23
de setembro de 1997 foi sancionada, instituindo o Código de Trânsito Brasileiro
(CTB), que dispensa um capítulo (com 6 artigos) exclusivo ao tema educação para o
trânsito
“No Código Nacional de Trânsito de 1961, a palavra educação aparece duas vezes; o
termo campanhas educativas, quatro vezes; a palavra aprendizagem, duas vezes.
Assim, o tema educação aparece num total de oito vezes, o que representa pouco
mais de 6%, levando em conta os 131 artigos da Lei.
No CTB, a palavra educação pode ser lida 28 vezes, além de mais 13 palavras e
termos correlatos (aprendizagem, campanha educativa, especialização, nível de
ensino, currículo de ensino, currículo interdisciplinar, escola pública, etc.) que
aparecem 21 vezes.”
ALMEIDA, Dílson de Souza. Palestra proferida em 1999.
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A importância da educação para o trânsito fica evidente nesses artigos do CTB,
como resultado de constante evolução, na medida em que o tema é abordado 49
vezes, representando 15% do total de 341 artigos da Lei. E, como se pode
observar, sua promoção é obrigatória nos ensinos infantil, fundamental, médio e
superior, além de ser uma das atribuições legais da polícia rodoviária federal. No
entanto, quando o CTB foi instituído, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, já vigorava e dispõe
claramente que os currículos do ensino fundamental têm base nacional comum
(Parâmetros Curriculares Nacionais) e que cabe a cada sistema de ensino e a cada
escola oferecerem uma parte diversificada, de acordo com as características
regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
Base nacional comum
A base comum é o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do
mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente no Brasil. O
ensino da arte e da educação física (facultativa nos cursos noturnos) também é
componente curricular obrigatório. O ensino da história do Brasil levará em conta as
diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro.
Para atender a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996, assim como à Constituição Brasileira, que estabelece a
necessidade e a obrigação de o Estado elaborar parâmetros claros capazes de
orientar ações educativas do ensino obrigatório, de forma a adequá-los aos ideais
democráticos e à melhoria do ensino nas escolas brasileiras, foram criados os
Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil (RCNEI), os Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio (PCN).
Como se pode notar, a LDB não contempla o estudo do trânsito em sua base
nacional comum. Da mesma forma, os RCNEI e os PCN não indicam o trânsito sequer
como tema transversal.
Os temas transversais no ensino fundamental foram estabelecidos conforme os
seguintes critérios:
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● Urgência social: questões graves que se apresentassem como obstáculos para a
concretização da plena cidadania;
● Abrangência nacional: questões que fossem pertinentes a todo o país;
● Possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental: temas ao
alcance da aprendizagem nessa etapa de ensino;
● Alcance da aprendizagem nessa etapa de ensino; e
● Que favoreçam a compreensão da realidade e a participação social.
De acordo com os critérios, já vistos anteriormente, os temas transversais eleitos,
para o ensino, foram: Ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde, e
orientação sexual.
Nos PCN é encontrada uma concepção reducionista sobre o tema. O trânsito é
mencionado apenas nos PCN do ensino fundamental, como sugestão de tema local,
não havendo referência alguma sobre o tema nos RCNEI, assim como nos PCN do
ensino médio. Ao contrário do que muitos pensam, o tema trânsito não é tema
transversal eleito pelo MEC, pior ainda, não é obrigatório por lei dar aulas de trânsito
nas escolas. É importante que qualquer profissional de educação do trânsito esteja
ciente desses fatos.
Entende-se que a educação para o trânsito é um direito de todos e não se pode
mais aceitá-la apenas como um fenômeno isolado, característico dos grandes
centros urbanos. Ela deve estar fundamentada em valores relacionados ao nosso
sistema de convivência e que envolvam o pensar e o agir de cada pessoa,
respeitando sua liberdade.
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Aula 2 – Ética, cidadania e trânsito
Ética, cidadania e trânsito são assuntos complexos e envolventes, porém, de
fundamental importância para a análise das relações sociais e onde o contexto do
trânsito se apresenta como cenário ideal, com uma reflexão baseada no texto
exposto.
O agente ético é pensado como sujeito ético, isto é, como um ser racional e
consciente que sabe o que faz, como um ser livre que decide e escolhe o que faz
e como um ser responsável que responde pelo que faz. A ação ética é balizada
pelas idéias de bem e mal, justo e injusto, virtude e vício. Assim, uma ação só será
ética se consciente, livre e responsável, e será virtuosa se realizada em
conformidade com o bom e o justo. A ação ética só é virtuosa se for livre e só o
será se for autônoma, isto é, se resultar de uma decisão interior do próprio
agente e não de uma pressão externa. Evidentemente, isso leva a perceber que há
um conflito entre a autonomia da vontade do agente ético (a decisão emana apenas
do interior do sujeito) e a heteronomia dos valores morais de sua sociedade (os
valores são dados externos ao sujeito).
Esse conflito só pode ser resolvido se o agente reconhecer os valores de sua
sociedade como se tivessem sido instituídos por ele, como se ele pudesse ser o autor
desses valores ou das normas morais, pois, nesse caso, ele será autônomo, agindo
como se tivesse dado a si mesmo sua própria lei de ação.
Enfim, a ação só é ética se realizar a natureza racional, livre e responsável do sujeito
e se esse respeitar a racionalidade, liberdade e responsabilidade dos outros agentes,
de sorte que a subjetividade ética é uma intersubjetividade socialmente
determinada.
O trânsito é um campo fértil para se discutir a vida em sociedade. Diariamente, os
espaços urbanos reproduzem cenas que, de tão comuns, já se tornaram familiares a
maior parte das pessoas. O curioso é que as cenas se repetem, mas as questões que
essas cenas provocam raramente são levadas em conta. Conheça uma delas, por meio
da história a seguir:
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Esta vaga é minha
Dayse estava em seu automóvel, esperando pacientemente por uma vaga em um
estacionamento. Ela contava os minutos no relógio para não chegar atrasada ao seu
compromisso. Eis que surge uma vaga! Cuidadosa e atenta, sinaliza e faz menção de
ocupar a vaga. Então, de uma hora para outra, eis que surge alguém que corta sua
trajetória e ocupa o lugar.
O tipo de situação, exposta na história da página anterior, via de regra envolve
temperamentos naturalmente tensos ou estressados. As chances de um conflito são
grandes e as consequências previsíveis. Mas, considerando que esse exemplo siga por
um caminho mais civilizado, e a pessoa cuja vaga acabou de ser tomada, apesar de
educada e tranquila em seu cotidiano, reclame, buzine e faça vários gestos. Inútil:
como se não tivesse nada a ver com a história, quem ocupou a vaga tranca o carro e,
com toda a calma, vai fazer suas compras.
● Quem está certo?
● Quem tomou a atitude correta?
● Com base em quais critérios pode-se chegar a uma conclusão?
● Afinal, o que é certo e o que é errado?
Considerando o usuário que “perdeu” sua vaga para outro no estacionamento, no
campo da ética um conflito gerado a partir de perspectivas internas e externas –
autonomia da vontade do agente (“eu cheguei primeiro, portanto tenho direito a
uma vaga”) e heteronomia dos valores morais de sua sociedade (regra social: “quem
chegar primeiro, tem direito a uma vaga”), é possível considerar ética ou no mínimo
aceitável sua atitude?
Por outro lado, que critérios poderão ser considerados para analisar com a
amplitude adequada o comportamento do outro condutor? É realmente reprovável
sua atitude, com base em uma regra social existente? E se ele por algum motivo não
viu que alguém esperava pela vaga? E se estivesse distraído, preocupado, doente? E
se fosse surdo e não pudesse ouvir os gritos do motorista?
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Os níveis de entendimento das ações – as diversas leituras que se pode fazer de uma
ação – ilustram esse fascinante campo de debates: a ética. Nesse plano, pode-se
refletir sobre os julgamentos e comportamentos – os próprios e os das outras pessoas
– quando a intenção é entender o sentido de um ato atribuindo-lhe valor. Isso é
ética.
Falar de ética não é algo simples, mesmo porque, muitas vezes, há atitudes
reprováveis no campo da moralidade.
Moralidade
Originariamente a palavra moral vem do latim mos/mores, que significa costume. E,
em geral, essas três palavras – costume, norma, lei – se entrecruzam. (…)
Antigamente, quando ainda se trafegava com carros de bois pelas cidades, alguém
iniciou o costume de usar sebo nos eixos para neutralizar o ruído estridente das
rodas. Com o tempo, o que era costume de um ou mais puxadores de bois passou a
virar norma (não obrigatória) para a maioria. Entendiam, para o bem da comunidade,
a pertinência dessa prática. Ainda com o passar do tempo, quem não lubrificava os
carros para trafegar em silêncio pela cidade começou a receber, com certeza,
reclamações dos moradores. Conclusão: Ainda hoje, no Fórum de Bragança Paulista,
está em vigor uma lei que obriga os puxadores de carros de bois a untar os eixos com
sebo, a fim de não perturbar o silêncio da comunidade. Dessa forma, por várias
décadas, o descumprimento daquilo que foi acordado juridicamente entre os
indivíduos e a comunidade implicava sanções. Uma sanção é sempre a recompensa ou
castigo em face de um pedido, uma advertência ou uma lei. No caso do
descumprimento da lei, ela é punição (não apenas de “efeito moral”, como o
castigo); punição legalizada. Assim, na ordem hierárquica, um costume pode vir a ser
uma norma e uma norma virar lei. (PEREIRA, Otaviano. O que é moral. São Paulo:
Braziliense, 1998)
É aceitável no plano da ética, roubar para alimentar filhos que passam fome, por
exemplo. Refletir a dimensão ética significa considerar várias óticas, ampliar a visão
daquele fato, buscando aproximar as ações daquele sujeito aos valores socialmente
construídos. Somente assim, a ação poderá ser considerada ética, ou seja, quando o
sujeito a pratica percebendo-se como parte de um todo onde sua subjetividade é
produto da construção ativa de valores sociais.
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Caso a ação só seja ética quando realiza a natureza racional, livre e responsável
do sujeito e se esse respeita a racionalidade, liberdade e responsabilidade do
outro, é possível dizer que a máxima da ética é o bem comum.
As pessoas convivem em sociedade e precisam se perguntar, por mais difícil que seja
a resposta: “como devo agir perante os outros?”. Pensar sobre nossa conduta e
sobre a conduta dos outros a partir de valores e não de receitas prontas pode ser um
bom caminho.
No plano da ética, as verdades podem mudar de acordo com as circunstâncias. Isso se
torna ainda mais importante ao se considerar que os costumes mudam com o passar
do tempo. Afinal, as sociedades mudam porque as pessoas mudam. O que é costume
hoje, pode não ser amanhã. O que é considerado errado agora, também pode ser
visto como certo daqui a algum tempo.
Fato histórico
No Brasil, no ano de 1800, era deselegante permanecer com chapéu no interior dos
veículos. A norma era tirar o chapéu, colocá-lo sobre os joelhos ou junto ao peito,
sempre com o forro de seda virado para dentro.
Se os costumes mudam, as sociedades mudam, as pessoas mudam, por que alguns
conceitos na educação de trânsito perduram por tantos anos em nosso país?
“Trânsito é a integração entre veículo, via e homem”.
“O acidente de trânsito é consequência de um comportamento inadequado do
usuário, produto de algum processo psicológico que não funciona bem”.
“O objetivo da educação de trânsito é formar motoristas do futuro”.
“Trânsito é um fenômeno dos grandes centros urbanos”.
(Trechos retirados de cartilhas publicadas entre 1970 e 1995)
“Quando damos um passo para trás, toda a humanidade dá”.
Gandhi
É curioso pensar que, num mundo em que os valores mudam com tanta
velocidade, os conceitos tratem o trânsito ainda de forma extremamente
simplista. Parece que, nessa área, as verdades são eternas e as definições valem
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para sempre. Mas no trânsito, como na vida, não existem verdades absolutas. E,
como na vida, é preciso estar preparado para aprender, mudar conceitos, evoluir.
Refletindo sobre a questão...
Observe os diversos contextos no trânsito presentes nas imagens abaixo e reflita
sobre os aspectos éticos trabalhados até aqui.
A nova perspectiva em estar preparado para aprender, mudar conceitos, evoluir,
comentados na aula anterior, permite pensar em trânsito como um DIREITO.
Afinal, trânsito envolve o direito fundamental de ir e vir. Seja a pé, de automóvel,
de barco, de mula, de avião.
A proposta de pensar em trânsito como algo inerente à vida abre muitas e
surpreendentes possibilidades. Locomover-se é tão importante quanto respirar. O
desejo humano de locomoção vem dos tempos mais remotos. Na tentativa de ampliar
seus horizontes, de descobrir novos lugares, de procurar ambientes favoráveis às suas
necessidades de sobrevivência, as pessoas partiram em busca do desconhecido.
Assim, em cada momento histórico, descobriram formas e criaram meios para atingir
o objetivo de locomover-se, de transitar no espaço. Por isso, o trânsito é muito mais
antigo que qualquer veículo ou qualquer via.
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Com o passar dos tempos, as cidades cresceram, os veículos apareceram e as pessoas
perceberam que era necessário organizar o espaço público. Então, criaram
sinalizações capazes de atender sua necessidade de locomoção: os semáforos, as
placas de sinalização, o apito dos agentes de trânsito.
É possível pensar em trânsito de forma ainda mais aberta, mais ampla. Ao se pensar
na cidade onde se vive, por exemplo: nas ruas e avenidas, nas praças, nos parques e
nas calçadas. Esse lugar pertence a cada pessoa, indistintamente, e também a seus
pais, a seus filhos, ao seu marido ou à sua mulher, ao seu vizinho, ao mendigo, ao
lixeiro, ao empresário, ao carroceiro e a todas as pessoas que vivem nele. Sendo
assim, todas as pessoas têm o direito de usufruí-lo e precisam, para isso, aprender a
conviver.
“O trânsito é algo que todos enfrentam, portanto, é algo normal. Não desejado, mas
normal. É preciso encará-lo com naturalidade. Se você estiver dentro do mar e tentar
reagir a uma onda, será derrubado. É preciso seguir com ela.”
(...)
A agressividade nasce de achar que o outro é diferente de mim, que não é meu
irmão. Ao consideramos o outro como parte da família, a raiva se dissipará.”
Atmatattwananda, 1995-2009, WebMotors S.A
É impossível pensar em qualquer ação educativa de trânsito sem uma atenção
especial ao campo da ética. E essa tarefa não é fácil. Fácil é produzir uma cartilha
ou qualquer outro material com um amontoado de regras:
Atravesse na faixa de pedestres;
Obedeça às leis do trânsito;
Não dirija falando ao celular;
Use o cinto de segurança;
Quando beber não dirija, quando dirigir, não beba.
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Fácil é ensinar o que fazer. Difícil é ensinar como ser. Trabalhar em favor de uma
educação para a vida, que contribua para o desenvolvimento das pessoas em sua
socialização.
Ensinar além do que fazer
É possível ensinar uma criança a atravessar na faixa destinada aos pedestres, muito
embora, em diversas situações, ela não encontre tal faixa. Mas, além desse
ensinamento, pode-se mostrar como é possível ajudar uma pessoa deficiente visual a
atravessar a rua, por exemplo. É possível e necessário ir muito além de ensinar o que
fazer. Compromisso a ser assumido por todos os profissionais da área. Não existem
fórmulas mágicas para trabalhar nesse sentido. Deve existir, sim, muita criatividade
e força de vontade, além de uma visão abrangente sobre trânsito. Para isso, é
preciso seguir em frente, sem medo de se arriscar e de experimentar.
“Por que cometer erros antigos se há tantos novos a escolher?”
Bertrand Russel, matemático inglês (1872-1970)
Aula 3 – Convivência humana no espaço coletivo
A educação para a segurança no trânsito se apresenta como novo desafio no dia-a-dia
do policial rodoviário federal. Não por opção do servidor, mas pela necessidade de
mudanças na forma de agir das polícias, para melhor proteger uma sociedade que
sofre com os altos índices de mortalidade e acidentes de trânsito.
É necessário que o policial agregue em seu perfil ações educadoras, embasadas em
técnicas pedagógicas e dados reais que lhe permitam atuar com confiança e
competência na multiplicação de medidas preventivas. É preciso pensar e definir
quais valores devem ser incentivados em nossa sociedade quando o assunto é
trânsito. Esses valores devem regular nosso sistema de convivência e envolver o
pensar e o agir de cada pessoa, respeitando sua liberdade.
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No contexto do que se tem estudado, está claro que educação de trânsito não é uma
educação qualquer. Para torná-la realidade, são necessárias ações educativas
comprometidas com informações, mas, sobretudo, com valores ligados a cidadania.
Caro profissional de trânsito, se ser cidadão é adotar uma postura em favor do bem
comum, é possível perceber a razão pela qual ética e cidadania são temas tão
ligados. Certamente, uma não existe sem a outra.
Refletindo sobre a questão...
Como educar para a cidadania, já que vive-se em um mundo repleto de violência,
desrespeito ao espaço público, egocentrismo, desonestidade, injustiças?
Quando o assunto é trânsito, parece que tudo fica ainda mais complicado. Os
profissionais da educação de trânsito, certamente, podem encontrar dificuldades.
Começando pelos órgãos de trânsito (federais, estaduais e municipais). Alguns não
possuem recursos financeiros e humanos suficientes para a implementação de
projetos educacionais de qualidade. Outra barreira pode ser encontrada nas escolas
de ensino regular. Vários professores resistem muito ao projeto da educação de
trânsito. Eles têm seus motivos: ganham pouco, precisam dar conta do conteúdo das
disciplinas obrigatórias, não têm tempo, etc. No entanto, com criatividade, bom
senso, estudo permanente e boa vontade é possível realizar um bom trabalho, o que
é sempre aceito e reconhecido. O que importa é a qualidade. E em tudo o que se
fizer, jamais se pode perder de vista essa tal cidadania.
É fundamental propor participação da sociedade (cidadania ativa) nas questões
relativas ao trânsito da cidade: o que as pessoas pensam, quais os seus anseios, quais
as suas necessidades. Pesquisar é fundamental, investigando e analisando os
problemas antes de dar as soluções. Geralmente, as campanhas educativas de
trânsito, os recursos pedagógicos, os projetos e tantas outras iniciativas são
realizados sem objetivos concretos. Partem de uma cúpula de especialistas que
acham que aquilo é bom e está certo. Não será por esse motivo que há tantas
décadas se faz educação de trânsito sem resultados visíveis?
A educação de trânsito deve ser para todos. É importante que o profissional de
trânsito, ao assumir essa responsabilidade, entre em contato com organizações de
Capacitação em Educação para o Trânsito – Módulo 1 SENASP/MJ - Última atualização em 18/09/2009
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bairro, conheça a região onde atua, proponha parcerias com conselhos de educação,
instituições interessadas, etc. e ouça o que essas pessoas têm a dizer. Só assim
poderá elaborar projetos que atendam às necessidades e às expectativas das pessoas
em favor do bem comum. Talvez não consiga resolver todos os problemas levantados,
mas, com certeza, saberá que eles existem e que algo precisa ser feito.
Sabe-se que existem pessoas que “roubam” uma vaga, “furam” uma fila, dirigem em
alta velocidade, despejam lixo pelas janelas de seus carros, furam o sinal, aceleram
para obstruir a passagem de outro veículo, enfim, pessoas que, em pequenas ações
do dia-a-dia, não agem eticamente, pois perderam ou ainda não adquiriram o hábito
de pensar coletivamente.
É fundamental para o educador de trânsito, em especial o policial rodoviário federal,
saber que ninguém nasce ético nem é completamente cidadão e que, numa
sociedade em processo de evolução cultural, ainda tão violenta e com tantos
estímulos que favorecem condutas individualistas e antiéticas, deve-se assumir a
responsabilidade de educar para o trânsito sem se questionar se o trabalho vale a
pena ou se é possível. Também é urgente e necessário reformular valores internos,
compreender a natureza de tantos comportamentos negativos e inadequados, de
forma que possa realizar a sua parte sem restrições.
Talvez não seja possível mudar o mundo. Mas é possível começar a trilhar o
caminho da ética e da cidadania hoje, a partir de agora.
Conclusão
Neste módulo, você estudou que...
► O Código de Trânsito Brasileiro e a Lei de Diretrizes da Educação Nacional
possuem abordagens e prioridades diferenciadas sobre o tema trânsito.
► Enquanto o CTB evolui para priorizar a educação como meio de promover a
segurança no trânsito, a LDB, bem como os Referenciais Curriculares Nacionais da
Educação Infantil (RCNEI), os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
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Fundamental e do Ensino Médio (PCN) tratam o tema de forma reducionista, sendo
tratado apenas no PCN do Ensino Fundamental como sugestão de tema local.
► A educação para o trânsito não pode ser compreendida apenas como um fenômeno
de grandes centros urbanos. Deve estar fundamentada em valores relacionados a um
sistema de convivência onde o pensar, o agir e a liberdade de cada pessoa devem ser
respeitados.
► O trânsito é um campo fértil para a análise do comportamento ético na vida em
sociedade.
► Refletir a dimensão ética, como foi proposto, significa considerar várias óticas,
ampliar a visão daquele fato, buscando aproximar as ações daquele sujeito aos
valores socialmente construídos. Muitas atitudes reprováveis no campo da moralidade
são aceitáveis no plano da ética – roubar para alimentar filhos que passam fome, por
exemplo.
► É possível dizer que a máxima da ética é o bem comum, considerando que a ação
só é ética quando realiza a natureza racional, livre e responsável do sujeito e se esse
respeita a racionalidade, liberdade e responsabilidade do outro.
► No plano da ética, as verdades podem mudar de acordo com as circunstâncias,
principalmente porque os costumes mudam com o passar do tempo. As sociedades
modificam porque as pessoas mudam. As pessoas convivem em sociedade e precisam
repensar suas condutas a partir de valores e não de receitas prontas.
► O trânsito envolve o desejo humano de locomoção, o direito fundamental de ir e
vir – seja a pé, de automóvel, de barco, de mula, de avião – e a necessidade de
convivência e organização do espaço coletivo.
► Para tornar a educação para o trânsito uma realidade são necessárias ações
educativas comprometidas com informações, mas, sobretudo, com valores ligados
a cidadania.
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► Ser cidadão é adotar uma postura em favor do bem comum, eis a razão pela qual
ética e cidadania são temas tão ligados. Portanto, é fundamental propor participação
da sociedade (cidadania ativa) nas questões relativas ao trânsito da cidade – o que as
pessoas pensam, quais os seus anseios e necessidades – com vistas à elaboração de
projetos em favor do bem comum.
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão
do conteúdo.
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas
páginas anteriores.
1. Acerca do tema trânsito e seus aspectos legais, marque V ou F:
( ) A Educação para o Trânsito tem fundamento na Constituição Federal, é de
competência comum da União, estados, Distrito Federal e municípios e constitui
prioridade das políticas de educação e segurança no trânsito.
( ) A Educação para o Trânsito é formalmente reconhecida como tema
transversal na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
( ) Urgência social e abrangência nacional foram alguns dos critérios utilizados
para para estabelecer temas transversais no ensino fundamental.
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2. Acerca da ética e da moral relacione cada conceito às definições
correspondentes:
(1) Moral
(2) Ética
( ) Possui como características a racionalidade, responsabilidade e liberdade de
escolha de cada um, balizada por idéias pré-concebidas.
( ) Relacionada ao cumprimento ou descumprimento de leis, normas ou
costumes.
( ) Determinada pela sociedade, diz respeito aos comportamentos que devem ser
considerados bons ou maus.
( ) Propicia a reflexão sobre os julgamentos e comportamentos quando a
intenção é entender o sentido de um ato atribuindo-lhe valor.
3. Marque a alternativa incorreta:
Ser cidadão é:
( ) Adotar atitudes em favor do bem comum, com base em valores éticos.
( ) Respeitar as lei de trânsito, e agir conscientemente respeitando os limites de
convivência.
( ) Adotar uma postura com base em interesses e necessidades individuais,
definindo objetivos concretos para o alcance dessas metas.
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4. Marque a alternativa incorreta:
A cidadania ativa é:
( ) Fundamental para o sucesso de uma ação educativa.
( ) Parte de uma cúpula de especialistas que estabelecem metas e definem
necessidades a serem supridas.
( ) Parte do princípio que a sociedade deve ser participativa, portanto os
projetos a serem elaborados devem contemplar os anseios e as necessidade
coletivas de determinada comunidade.
Este é o final do módulo 1 - Legislação, Ética e convivência
Gabarito
1. V – F – V
2. 2-1-1-2
3. Adotar uma postura com base em interesses e necessidades individuais,
definindo objetivos concretos para o alcance dessas metas.
4. Parte de uma cúpula de especialistas que estabelecem metas e definem
necessidades a serem supridas.
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Anexo
1. TEMA TRANSVERSAL1
Todas as pessoas aprendem na escola a ler, a escrever, a somar, a dividir. Ao longo
da vida escolar, aprendem centenas, talvez milhares, de conteúdos: sinônimos,
antônimos, relevo, hidrografia, raiz quadrada, equação numérica, colônia, república.
Mas, desde sempre, os professores – além de conteúdos – trabalham com valores,
embora sem saber disso. Também se aprende na escola que “xingar” o colega não é
correto; que não se deve riscar as carteiras, pois é preciso cuidar da escola...
Qualquer pessoa é capaz de lembrar diversas ocasiões em que seu professor ou sua
professora interrompeu a aula para falar sobre a importância do respeito aos colegas,
da preservação do meio ambiente, das diferenças entre as pessoas. Assuntos que –
aparentemente – não tinham nada a ver com a aula. Entretanto, sempre que fizeram
isso, transversalizavam um tema.
Na escola hoje, estas conversas informais precisam ser planejadas. Ou seja: o
professor, ao programar sua aula, já deve saber que, além do conteúdo formal,
precisa criar situações que possibilitem a aquisição de valores, posturas e atitudes. É
nesse momento que os temas transversais aparecem. Eles têm por objetivo trazer à
tona, em sala de aula, questões sociais que favoreçam a prática da democracia e da
cidadania.
Os temas transversais não são novas disciplinas. São conteúdos educacionais –
fundamentados em aspectos da vida social – que transpassam pelas disciplinas.
Portanto, o professor não vai dar ”aulas de ética” ou “aulas de meio ambiente” e tão
pouco “aulas de trânsito”. Ele vai inserir, em sua aula, atividades que favoreçam a
análise e a reflexão sobre estes temas, a fim de que os alunos realizem sua própria
aprendizagem e traduzam em comportamentos os conhecimentos construídos.
Tema Transversal: Caderno do Curso de Educação de Trânsito /2007 , do Projeto
"Capacitação de Profissionais de Trânsito"DENATRAN/Ministério das Cidades/
SEST/SENAT. (Coordenação: Juciara Rodrigues)
Capacitação em Educação para o Trânsito – Módulo 2
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Módulo 2 – Trânsito: Um enfoque comportamental e pedagógico
Apresentação
De que forma a polícia rodoviária federal poderá contribuir para estimular uma
proposta de trabalhar o trânsito, como tema transversal nas escolas?
Neste módulo, você estudará o enfoque comportamental e pedagógico relacionado ao
tema trânsito.
Ao final deste módulo, você será capaz de:
● Compreender a dinâmica e a natureza de comportamentos arriscados no trânsito,
considerando-os no planejamento de ações educativas, bem como na atuação
policial;
● Reconhecer a importância da transversalização do tema trânsito nas escolas;
● Utilizar conceitos sobre linguagem e comunicação na transmissão de informações
sobre educação e segurança no trânsito; e
● Identificar os principais recursos educativos a serem utilizados em ações de
educação para o trânsito.
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas:
Aula 1 – Psicologia e segurança de trânsito
Aula 2 – Trânsito como tema transversal
Aula 3 – Recursos educativos, linguagem e comunicação
Capacitação em Educação para o Trânsito – Módulo 2
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Aula 1 – Psicologia e segurança de trânsito
Para trabalhar de maneira mais eficiente a educação para o trânsito, é importante
que você conheça alguns conceitos referentes aos aspectos comportamentais que
envolvem, em especial, os condutores no trânsito. Embora considerando que todos –
condutores, ciclistas, motociclistas, pedestres – são elementos ativos desse cenário,
deve se dar merecida atenção ao condutor pela potencial capacidade de contribuir
para o bem-estar social no trânsito.
É indispensável o aprimoramento do comportamento e das atitudes do ser humano
ao volante. Em direção defensiva, por exemplo, aprende-se as habilidades técnicas
para dirigir com segurança, utilizando elementos primários na prevenção de
acidentes, como atenção constante, capacidade de previsão, a agir em caso de
emergência, etc. Porém, é possível constatar que conhecimentos e técnicas apenas,
assim como os aspectos legais, não são suficientes para que se tenha um trânsito
seguro, pois o que ocorre na prática é que os condutores, ao se envolverem em
acidentes, conheciam os procedimentos de segurança, mas, por algum motivo, não
aplicaram esses conhecimentos de maneira satisfatória. Ou seja, entre conhecer
procedimentos de segurança e aplicá-los constantemente, existe uma distância
considerável, que passa por uma decisão do próprio condutor. E essa decisão
depende, dentre outros, dos fatores psicológicos.
De maneira simplificada, a psicologia é a ciência que estuda o comportamento
humano e suas relações com o meio físico e social. Comportamento é o conjunto
de ações de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos, nas mais diversas situações
da vida. É formado por fatores internos e externos.
Fatores internos
Também chamados de fatores psicológicos ou de personalidade, caracterizam a
individualidade de cada um. Embora todos os seres humanos sejam diferentes entre
si, há muitas reações semelhantes, classificadas em grupos pela psicologia.
Capacitação em Educação para o Trânsito – Módulo 2
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Certamente, você conhece alguém que se encaixa no grupo de pessoas consideradas
irritadas, que perdem a calma com facilidade ou que, dificilmente, mudam de
opinião. Essas são as características psicológicas internas do indivíduo.
“Para o entendimento dos fatores próprios e individuais, ou seja, os fatores
internos inerentes ao comportamento humano, deve-se considerar que o ser
humano é um animal social; entretanto, cada sujeito possui aspectos que os tornam
únicos. Existem diferenças sociais, culturais e particulares que influenciam nos
padrões de comportamento, na formação da personalidade, nas aspirações,
valores, aptidões, e motivações de cada um. Cada pessoa é considerada um
fenômeno multidimensional.”
(Chiavenato, 1998)
Fatores externos
Já os fatores externos são as influências que o meio físico e social exerce sobre o
indivíduo. Veja esta situação: Num estádio de futebol, influenciado pela torcida,
pelo ambiente, pelo resultado do jogo e por diversos outros fatores externos, o
indivíduo poderá comportar-se de maneira muito diferente do que se comporta
normalmente. As pressões e acontecimentos do dia-a-dia, ou estímulos, podem
alterar o padrão de comportamento. Constantemente, você recebe estímulos e
pressões do meio físico e do social onde vive.
Grupos sociais
As características psicológicas ou pessoais formam o padrão ou predisposição que
define o comportamento do indivíduo ou do grupo em determinada situação. E esse
padrão será influenciado pelos estímulos externos. Com esses conceitos já é possível
entender um pouco mais as reações individuais e os diferentes tipos de
comportamento.
Os indivíduos formam os grupos sociais e esses a sociedade. É importante salientar
que você, como indivíduo, tem pouco contato com toda a sociedade, mas tem
contato direto e participa de vários grupos sociais. Cada ser humano é livre para
escolher os grupos sociais aos quais deseja pertencer, ou seja, pode escolher o seu
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grupo de amigos, grupo religioso, com quem se deseja constituir família, o grupo
político, o grupo de trabalho, etc. E um dos fatores que possibilita a escolher ou ser
escolhido pelos grupos é a afinidade de comportamentos.
Se você pertence a determinado grupo estará, automaticamente, aceitando os seus
padrões de comportamento.
“O fato é que o ser humano se diferencia dos outros animais, por ser capaz de
interferir conscientemente no mundo. Além disso, ao mesmo tempo em que preserva
e deseja manter-se isolado e em sua individualidade, sente-se impelido para o grupo,
formando a sociedade humana.
A sociabilidade ou a capacidade de viver, sobreviver e existir em coletividade parece
ser uma das melhores caracterizações do homem. Diferentemente do que ocorre com
outras espécies, o homem não se associa por instinto, mas por vontade. O homem
não é dependente, mas senhor da sociedade; não está nela devido aos instintos, mas
porque assim o quer.” (Carneiro, 2009)
A sociedade e o trânsito
Analisando o trânsito como fenômeno social e resultante da necessidade que o ser
humano tem de movimentação e deslocamento, fica evidente a vulnerabilidade e
diversidade de estímulos a que o ser humano é exposto diariamente em função de
sua complexidade.
Veja quais são estes estímulos.
Estímulos a que o ser humano é exposto diariamente em função de sua
complexidade.
● É cada vez maior o espaço ocupado por estradas, ruas, avenidas, estacionamentos,
viadutos, etc. Dessa forma, o carro está “tomando” o espaço do homem e da
natureza;
● O trânsito, ao contrário dos grupos sociais, é um local que reúne pessoas de todos
os níveis sociais e culturais e com os mais diversos tipos de personalidade, objetivos
e padrões de comportamento;
● Essa diversidade e o amplo espaço proporcionado pelo trânsito, permite que o
indivíduo comporte-se inadequadamente protegido pelo anonimato;
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● A crescente violência é resultado da descarga diária das pressões, frustrações e
problemas pessoais;
● O trânsito lidera as estatísticas mundiais de mortes violentas, tanto no Brasil como
no restante do mundo; e
● Por estar diariamente no trânsito, o ser humano tende a banalizar os seus efeitos
e, muitas vezes, não percebe como ele afeta o seu comportamento e como as suas
ações podem alterá-lo.
O automóvel
O automóvel é considerado um dos maiores sucessos como produto de marketing. Os
veículos automotores estão hoje presentes em todas as partes do mundo, sendo
utilizados indistintamente por todos os tipos de pessoas, nas mais variadas situações,
assumindo diferentes significados:
Meio de transporte
Decorrente da necessidade humana de “ir e vir”, esta invenção proporcionou um
inevitável progresso ao homem, “reduzindo as distâncias”, poupando tempo e
multiplicando as oportunidades.
Símbolo de posição social
Para muitas pessoas, o automóvel ainda é um objeto de desejo. Possuir um passou a
significar liberdade, contentamento, status e outras subjetividades.
Símbolo de poder
A máquina passou a ser uma verdadeira extensão do homem. Alguns indivíduos usam
o tamanho e a potência dos seus veículos para demonstrar superioridade ou atender
às suas vaidades.
Autoafirmação
Existe hoje uma verdadeira “cultura sobre rodas”: o veículo deixou de ser uma
ferramenta de trabalho e passou a representar um artigo de luxo.
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O automóvel passou a ser utilizado como indicador socioeconômico, mostrando o
nível ao qual o seu proprietário pertence ou gostaria de pertencer. Para a maioria
dos adolescentes, o veículo preenche a necessidade de autoafirmação e de projetar
uma boa imagem sobre seus amigos e outros jovens, porém, muitos adultos imaturos
ainda carregam essa necessidade, em alguns casos por toda a vida. O trânsito, no
qual “cada um quer aparecer mais do que o outro”, acabou virando um palco de
vaidades, base sólida para gerar e alimentar conflitos.
Comportamento no trânsito
O indivíduo com bom grau de maturidade e de equilíbrio é aquele que sabe
identificar as suas tendências e atitudes inadequadas, controlando-as para que não
interfiram negativamente no seu comportamento no trânsito.
Pode-se afirmar sem sombra de dúvidas:
o trânsito é um indicador muito preciso das características de cada indivíduo.
Inicialmente, convém esclarecer que as estatísticas mostram que a maioria dos
motoristas (mais de 2/3) raramente comete infrações ou envolve-se em acidentes de
trânsito. Todos os problemas de trânsito são causados por uma minoria de motoristas
cujo comportamento, sob o ponto de vista psicológico, está quase sempre
relacionado à dificuldade de lidar com as pressões da vida. Motoristas com essa
característica sempre procuram alguma justificativa para os seus comportamentos
inadequados, como se eles tivessem mais motivos para errar do que os outros. Só
que, se outra pessoa comete os mesmos erros que os seus, eles imediatamente a
criticam e a reprimem.
Essa dificuldade em lidar com as pressões externas do cotidiano, aliada a outros
fatores, como a personalidade e a própria educação do indivíduo, pode levá-lo a
apresentar alguns tipos de comportamento.
Ansiedade
A ansiedade é a sensação de estar sempre fora do horário ou fora do lugar. Quando a
pessoa está num lugar, tem a sensação que deveria estar em outro. Esses fatores
causam atitudes imprevisíveis no trânsito, pois a mente continuamente ansiosa não
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consegue concentrar-se, erra frequentemente o caminho e perde mais tempo, o que
realimenta a ansiedade. A má administração do tempo também está presente no
perfil dessas pessoas e o indivíduo não pensa que a pressa e a correria vão
economizar apenas alguns minutos, isso se não causar um acidente pelo caminho.
Raiva
A raiva é uma explosão momentânea que ocorre, geralmente, nas pessoas que têm
facilidade de perder o controle. No trânsito, essa explosão pode levar a
comportamentos extremamente perigosos, causados pelo desatino instantâneo, pela
reação exagerada, impensada e descontrolada. O trânsito é o cenário propício para
desencadear atitudes desequilibradas. É muito difícil para o indivíduo com raiva ter
reações sensatas. De maneira geral, a raiva é uma reação inadequada a situações
frustrantes, tem efeito cumulativo. Indivíduos que manifestam a raiva com
frequência devem aprender a administrar melhor suas frustrações.
Egoísmo
O egoísmo coloca sua vítima no centro das atenções. O egoísta não cede nem
compartilha, e isso sempre é problema no trânsito, que é um espaço compartilhado
por excelência. Ele não facilita a vida das outras pessoas e não é capaz de uma
cortesia ou de uma gentileza. Sente-se no direito de parar em fila dupla, bloquear os
cruzamentos, estacionar em entradas de imóveis, entre uma centena de outros
absurdos, simplesmente porque não imagina que possa estar incomodando.
Competição
O espírito competitivo parece ter tomado conta da sociedade moderna. Está bem
claro para todos, homens ou mulheres, jovens ou adultos, que a competitividade tem
tudo a ver com o sucesso, pois essa mensagem é passada em todos os lugares. Muitos
acidentes ocorrem dessa forma, pois no trânsito, o indivíduo com espírito
competitivo encontra facilmente um concorrente. É preciso fazer uma séria reflexão,
pois o trânsito é um ambiente altamente inadequado para competições.
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Agressividade
Algumas pessoas são de índole agressiva. Essas pessoas normalmente tendem a
subestimar os riscos e as consequências das suas atitudes, o que as torna
imprudentes. Além disso, perdem o controle com facilidade, estando sujeitas a
explosões repentinas. Quando aliada à competitividade, gera o desejo de dominar
completamente o oponente, ocasionando muitas vezes resultados trágicos. Quando
isso ocorre no trânsito, as pessoas podem envolver-se em acidentes de grande
proporção.
Hostilidade
O indivíduo hostil tem como característica predominante a intolerância automática.
É aquele que mostra extrema irritação com acontecimentos banais, lança toda sorte
de grosserias e explora os erros alheios a seu favor. É fácil prever o que acontece
quando um indivíduo hostil encontra pessoas semelhantes. Nessas ocasiões é que
acontecem discussões, agressões, brigas e outras cenas até mais graves.
Urgência
A sensação de urgência também é prejudicial, decorre da ansiedade de lidar com
atividades diárias, devido a uma má administração do tempo. Essa característica
denota desorganização e falta de planejamento, pois a urgência surge quando as
pessoas assumem mais compromissos do que são capazes de atender. Quando estão
com pressa, as pessoas utilizam todos os truques possíveis no trânsito: trafegam no
acostamento, na contramão, nas calçadas, etc. Assumindo riscos desnecessários e
praticam todo tipo de imprudências, simplesmente para conseguirem vencer o
relógio.
Euforia
A euforia pode advir de variações hormonais, da ingestão de drogas ou bebidas
alcoólicas, de fortes emoções, de surpresas, dentre outros fatores. É um estado de
grande felicidade e alegria manifestado com exagero e descontrole. Nessas ocasiões,
o indivíduo que estiver dirigindo pode perder a concentração e a noção do perigo,
descuidando-se, cometendo imprudências ou envolvendo-se em acidentes.
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Impulso
As pessoas que agem por impulso só irão pensar no que fizeram depois do fato
ocorrido. O indivíduo impulsivo faz pouca ou nenhuma reflexão sobre suas ações,
tornando-se altamente irresponsável, imprudente e inconsequente. No trânsito, o
fato de ter atitudes imprevisíveis, cria em torno de si mesmo uma área de perigo
permanente.
Distração
A distração é um grau de indisciplina interna que necessita ser corrigido. O “aéreo ou
avoado” tem sua capacidade de concentração altamente prejudicada. O grau de
concentração e foco que um indivíduo dedica para a atividade de dirigir, mesmo
quando rotineira, determina o grau de segurança. Ao permitir que acontecimentos
paralelos desviem a sua atenção (música, pedestres, objetos no interior do veículo,
conversa com passageiros, etc.), o distraído expõe-se a riscos, oferecendo perigo
também para os demais elementos do trânsito.
Em primeiro lugar é importante ressaltar que apresentar, ocasionalmente, um desses
traços é muito diferente do que ser portador de um padrão comportamental
sintomático ou, até mesmo, um distúrbio psicológico. Além disso, entre um extremo
e outro, existem diferentes níveis de gravidade. Todo indivíduo apresenta um ou
mais desses fatores em determinadas ocasiões ou determinadas fases da vida. O
perigo é que, muitas vezes, não percebe isso.
A maior finalidade em aprender sobre os fatores psicológicos é perceber a influência
das características comportamentais na segurança do trânsito, identificando-as em si
mesmo e nas demais pessoas. Só assim será possível desenvolver mecanismos mais
eficientes para lidar com esses episódios, de forma que os comportamentos se
tornem mais conscientes, seguros e menos automáticos.
Exemplo:
Algumas pessoas simplesmente não conseguem resistir à tentação de responder na
mesma medida quando são provocadas, muitas vezes esquecem que continuar ou
aceitar a provocação só serve para agravar a situação. É necessário reconhecer essas
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reações, fazer reflexões constantes sobre elas para, consciente e efetivamente,
mudar o comportamento, com responsabilidade e maturidade.
Conflitos no trânsito
Internos
Muitos são os conflitos internos que você precisará administrar no cotidiano, em
função das pressões externas: não poder viver da maneira como gostaría, o
cumprimento do orçamento doméstico, trabalho em excesso, tarefas desagradáveis,
relacionamentos indesejáveis, são apenas alguns dos exemplos, numa lista
interminável. A maneira de administrar os conflitos ainda sofre influência de fatores
físicos, como cansaço, estado de saúde, alimentação, sono, ingestão de álcool,
drogas, etc.
Externos
Os conflitos externos, isto é, com as outras pessoas, ocorrem principalmente porque
as pessoas têm interesses e necessidades diferentes e nesse ponto a combinação do
estado físico e mental poderá agravar ou solucionar esses conflitos.
No cotidiano do trânsito é inevitável que surjam alguns conflitos, porque os
interesses são distintos. Os condutores de automóveis particulares geralmente têm
alguns objetivos e necessidades bem definidos, tais como: fazer o percurso de
maneira fácil e rápida, encontrar uma vaga próxima, evitar trânsito congestionado,
muitos ônibus, etc. Já os condutores de transporte coletivo têm obrigações e
objetivos bem diferentes: cumprir seus horários, independentemente da fluidez no
trânsito, conduzir veículos nem sempre em boas condições, administrar situações
adversas (reclamações de passageiros, trânsito lento, paradas cheias, etc.). Soma-se
a isso os interesses dos motociclistas, ciclistas, pedestres, caminhoneiros, etc.
Inversões de papéis
Os papéis que cada um assume no trânsito não são fixos. Mesmo que na maior parte
do tempo seja um papel de condutor, por exemplo, quando se encontra na qualidade
de pedestre, facilmente inverterá os papéis, reclamando, disputando espaço e
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muitas vezes conflitando com os motoristas. Larga-se a “armadura” que o carro
representa e passa-se a sofrer na pele as fragilidades de ser pedestre. Porém, ao
retornar ao papel de condutor, rapidamente volta-se a desrespeitar os pedestres.
Esse exemplo ilustra bem a dificuldade que o ser humano tem para se colocar no
lugar do outro, para entender e respeitar suas necessidades e direitos.
Reconhecer comportamentos inadequados, descobrir e modificar maus hábitos não
são tarefas fáceis. Primeiramente, porque reconhecer algumas características
negativas em si mesmo exige honestidade e autocrítica. Partindo dessa premissa
torna-se possível adotar um padrão de comportamento mais adequado, cooperativo,
solidário, tolerante e civilizado. Em segundo lugar, porque existe um fator interno
chamado resistência que dificulta as mudanças. É como se algo dentro de nós
preferisse continuar da maneira que somos. Para algumas pessoas, dependendo da
gravidade, é muito difícil conseguir mudar isso sozinho. É necessário procurar ajuda
especializada sempre que um comportamento esteja afetando negativamente a
segurança e a integridade.
Estresse
O estresse ou stress é um conjunto de sintomas psicológicos e físicos que prejudicam
o desenvolvimento das atividades diárias e a própria saúde do indivíduo e está se
tornando uma verdadeira epidemia nos dias de hoje.
Existe um tipo de estresse muito leve e que, em alguns casos, é positivo, pois tira a
apatia do indivíduo, deixando-o mais alerta, potencializando seu desempenho. Mas,
quando se trata do estresse negativo, ocorrem alterações indesejáveis no
metabolismo e no comportamento da pessoa, podendo ter consequências perigosas
tanto para a vida pessoal quanto para a vida profissional.
O estresse apresenta sintomas psicológicos e físicos.
Veja os principais sintomas de cada fase:
Em sua fase inicial destacamos:
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- Insônia, falta de concentração, perda de memória, baixo desempenho
profissional;
- Alteração do apetite, do peso, para mais ou para menos;
- Dores de estômago, problemas digestivos (náuseas, azias, gastrite);
- Dores de cabeça, dores nas costas, tensões musculares, formigamentos;
- Emoção exagerada, irritabilidade, alterações no humor;
- Alergias, dificuldade de pele;
- Alterações na pressão arterial, tonturas, mal-estar.
Em fase avançada do estresse, os sintomas são caracterizados por um quadro
sintomático mais grave, que poderá colocar a vida do indivíduo em risco:
Hipertensão arterial;
- Infarto do miocárdio;
- Úlceras, vômitos, diarreia frequente;
- Impotência;
- Insônia constante;
- Agressividade, apatia, depressão;
- Impossibilidade de trabalhar.
Dicas para combater o estresse
Prevenir-se, conscientizando-se e abandonando maus hábitos é o melhor remédio
contra o estresse. Identificar os próprios pontos vulneráveis que predispõem ao
estresse, bem como reconhecer fatores estressantes no ambiente, é o primeiro
passo. A segunda e decisiva etapa é realmente adotar um padrão de vida mais
saudável.
Conselhos úteis:
- Organize sua vida, separando o essencial do que não é importante;
- Selecione suas tarefas por prioridades e faça uma coisa de cada vez, mesmo
as mais simples;
- Não se sobrecarregue, aprenda a “passar a bola” de vez em quando;
- Durante suas jornada de trabalho, faça pequenos intervalos para recuperar as
energias;
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- Reveja seus objetivos de vida e elimine o menos importante, vivendo o
presente e planejando a longo prazo;
- Seja generoso com você mesmo, parabenize-se diariamente pelas pequenas
conquistas;
- Procure estimular pensamentos positivos em relação aos acontecimentos do
dia-a-dia;
- Mantenha uma vida social regular, mantendo contato com os familiares e
amigos;
- Identifique os momentos de ansiedade e combata-os com relaxamentos ou
atividades que distraiam ou que deem prazer;
- Alimente-se bem e regularmente, não pule refeições;
- Consuma bastante líquido durante o dia;
- Reserve 50 minutos do seu dia para cuidar de si mesmo, do seu bem-estar,
de sua saúde e físico. Nesse intervalo, pratique exercícios físicos pelo menos 3
(três) vezes por semana.
Pense sobre o processo de estresse e como o policial rodoviário pode auxiliar na
conscientização dos sintomas pelo usuário, seja no trabalho preventivo, seja na
atuação ostensiva.
Aula 2 – Trânsito como tema transversal
Ao iniciar esta aula, retome inicialmente o conceito de trânsito, conforme o CTB:
Art. 1º
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais,
isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,
estacionamento e operação de carga ou descarga.”
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A palavra trânsito nos remete ao “inalienável direito de ir e vir” das pessoas. Os
seres humanos se locomovem por diversas maneiras: automóveis, motos, bicicletas,
ônibus, lotação, canoas, animais, a pé, dentre outras.
Vasconcelos (1985), destaca a complexidade da sua dinâmica:
“O trânsito é uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma disputa pelo tempo e
pelo acesso aos equipamentos urbanos; é uma negociação permanente do espaço,
coletiva e conflituosa.
(…)
O dono do veículo julga-se com muito mais direito à circulação do que os demais
participantes do trânsito, o que está ligado às características autoritárias da nossa
sociedade e a falta de conscientização sobre os direitos do cidadão, que faz com que
os motoristas ocupem o espaço viário com violência. O pedestre, por sua vez, assume
o papel de cidadão de segunda classe, numa cidade que é cada vez mais o habitat do
veículo e o anti-habitat do homem.”
A complexidade das relações humanas gera conflitos individuais e coletivos no
trânsito, cuja superação passa pelo respeito aos direitos e aos deveres. É nossa
responsabilidade transformar o trânsito em um bem social, resgatando seu real
significado de convivência humana.
Nesse cenário, a educação para o trânsito surge como elemento de transformação
social, como sugere a Política Nacional de Trânsito (2004):
“A educação para o trânsito ultrapassa a mera transmissão de informações. Tem
como foco o ser humano e trabalha a possibilidade de mudança de valores,
comportamentos e atitudes. Não se limita a eventos esporádicos e não permite ações
descoordenadas. Pressupõe um processo de aprendizagem continuada e deve utilizar
metodologias diversas para atingir diferentes faixas etárias e clientela diferenciada.”
O trânsito não foi eleito pelo MEC como tema transversal.
Porém, se quiserem, as escolas podem encaminhar sua prática educativa nessa
direção.
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Para compreender melhor o conceito de tema transversal, leia o texto “Tema
Transversal”.(Anexo)
A partir de uma visão ampla é possível propor às escolas um trabalho de
transversalização do tema. Entretanto, implementar o trânsito como tema
transversal nas escolas é um grande desafio para os órgãos gestores de trânsito. Esse
trabalho requer a elaboração de um projeto sério: objetivos bem definidos, recursos
educativos de qualidade, acompanhamento e avaliação permanentes, corpo técnico
capacitado.
Outras ações também podem ser desenvolvidas com sucesso, como por exemplo:
Encontros de professores: Seminários, oficinas, etc., que sensibilizem e incentivem
os educadores para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao trânsito na
escola;
Espetáculos teatrais: Peças de teatro bem montadas, com textos adequados às
diferentes faixas etárias, com espaço para debate ao final da peça;
Sessões de vídeo: A produção de programas educativos, abordando valores, gerando
debates entre os alunos;
Oficinas com os alunos: A apresentação de pesquisas e de outros trabalhos
produzidos pelos alunos; e
Encontros com pais, alunos e comunidade: A promoção de eventos com o objetivo
de debater questões relacionadas ao trânsito.
Sugestão!
Caso haja interesse em um maior aprofundamento do tema transversalidade, faça o
curso a distância Formação de Formadores disponibilizado pela SENASP.
Nenhuma ação educativa destinada às escolas deve ter como objetivo formar
futuros motoristas. Isso porque não existe lei alguma determinando que todas as
pessoas devem ser motoristas. Além disso, mais do que ensinar às crianças a valorizar
um bem material, o importante é despertar para tantos outros valores a serem
aprendidos. A função da escola é analisar, refletir e debater sobre o respeito às leis
de trânsito e ao espaço público; sobre a convivência entre as pessoas pelas ruas
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da cidade, baseada na cooperação; sobre tolerância, igualdade de direitos,
responsabilidade, solidariedade e tantos outros valores imprescindíveis para um
trânsito mais humano.
Aula 3 – Recursos educativos, linguagem e comunicação
A importância do recurso humano
Quando o assunto é educação, é fundamental tratar especificamente do “recurso
humano” envolvido com o trânsito. Os profissionais de educação para o trânsito,
especialmente o policial educador, são peças fundamentais para o sucesso de
qualquer iniciativa da Instituição para qual trabalham.
Quando desenvolve suas atividades, o policial recebe pessoas em eventos, propõe
ações em diversas instituições e empresas, realiza orientações durante uma
abordagem, enfim, nas mais variadas situações do contexto policial, o servidor
representa sua instituição. Ele é responsável pela construção de uma imagem entre o
DPRF e os usuários das rodovias, por isso deve se preocupar com a forma de se
apresentar, com o tom de voz empregado e com a devida urbanidade.
A conduta do policial educador também é fundamental, tanto no ambiente de
trabalho quanto no dia-a-dia, como uma pessoa comum. De nada adianta falar sobre
cinto de segurança e não usá-lo ou fazer uma campanha de redução de velocidade e
dirigir sempre acima do limite. Dar o exemplo é imprescindível, é moral e confere
credibilidade.
Como ensina Paulo Freire (2000):
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal
forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.”
É necessário que o policial agregue em seu perfil ações educadoras, embasadas em
técnicas pedagógicas e dados reais que lhe permitam atuar com confiança e
competência na propagação de medidas preventivas. Os projetos de educação para o
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trânsito não devem transmitir apenas as normas, regras e preceitos legais. Devem
contemplar também aspectos éticos e de cidadania, ampliando o nível de
conscientização dos diversos atores do trânsito, para que adotem atitudes prudentes,
compatíveis com as necessidades de segurança de todos.
Comunicação
Observe a propaganda abaixo:
Quais foram os elementos utilizados pelo autor da mensagem para comunicá-la?
Como você pode perceber, na mensagem transmitida na página anterior, não está
contida apenas no texto (comunicação verbal) ou na imagem (comunicação não-
verbal). Mas sim, um conjunto de elementos que, em sintonia, possibilitam a
comunicação entre quem a emite e quem a recebe. A comunicação verbal é a forma
de expressão por intermédio da palavra falada ou escrita. A comunicação não-verbal
é estabelecida pelo uso de elementos sem a palavra, tais como: imagens, figuras,
desenhos, símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintura, música, mímica,
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escultura e gestos como meio de comunicação. A comunicação não-verbal também
pode ser percebida nos animais: quando um cachorro balança a cauda quer dizer que
está feliz, quando coloca a cauda entre as pernas tem medo, tristeza.
No trânsito há uso intenso de comunicação não-verbal.
Exemplos de comunicação não-verbal no trânsito:
Sinalização de trânsito, semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar a
atenção ou exprimir uma mensagem.
É importante que todos que participam do trânsito conheçam e utilizem essa
simbologia.
No processo de comunicação é utilizada a comunicação verbal e não-verbal de forma
combinada, como no exemplo da propaganda, ou mesmo na forma que você se
expressa (você fala e gesticula ao mesmo tempo), isso fortalece o conteúdo da
mensagem que deseja transmitir e amplia a possibilidade de compreensão. Lembre-
se de que uma forma de comunicação que apresente elementos verbais e não-verbais
possibilitará uma comunicação rica, variada e significativa.
Apresentação de palestras
Postura, apresentação e domínio
Como você já estudou, o policial representa a instituição e por isso deve primar pela
apresentação individual. Além da necessidade de autorização da chefia para a
realização de palestras, elas só deverão ocorrer com o policial devidamente
uniformizado.
Frequentemente, os policiais, a trabalho ou não, são questionados sobre legislação
de trânsito. As palestras são ocasiões em que os usuários se sentem mais confortáveis
em fazer determinadas perguntas sobre trânsito, assim, dominar o assunto do qual se
pretende falar e estar atualizado com a legislação, são premissas básicas. Sem isso,
por mais que uma pessoa detenha todas as técnicas pedagógicas, fatalmente perderá
a atenção do público.O domínio do conteúdo resulta em uma postura segura do
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policial. Dar uma palestra torcendo para que não surjam indagações é o primeiro
indicativo que você precisa se aprofundar mais em um assunto.
Cada palavra deve ser facilmente entendida e, para isso, empregar um tom de voz
adequado é imprescindível. Falar baixo demais, sussurrar ou gritar pode ser um
recurso interessante para uso eventual numa palestra, mas jamais usualmente
aplicado. O microfone pode ser um aliado ou um vilão, é preciso dosar o volume e a
distância entre o microfone e a boca.
É prudente evitar certos vícios de linguagem e posturas, como usar
constantemente as expressões “né", “ãhhh” e “então”, além de passar na frente
da projeção, sentar-se/escorar-se em mesas ou colocar a mão na parede que
recebe a projeção para indicar algum conteúdo. O palestrante policial não deve
utilizar a posição de entrevista durante a palestra, visto que o público desconhece
seu fundamento. Ela pode originar gracejos e interpretações errôneas. Mesmo que a
participação na palestra esteja concentrada em algum ponto, o palestrante deve
evitar direcionar o olhar para apenas um ouvinte ou “grupinho”. Nunca isole seu
público. Movimentar-se lentamente enquanto fala, indo a todos os lados do
ambiente é uma forma interessante de manter a atenção de todos.
Ao fazer perguntas, evite direcioná-las especificamente a um indivíduo. Embora
alguns digam que é uma forma de retomar a atenção daquela pessoa, ela pode
sentir-se constrangida se não souber a resposta ou se estiver “voando” no assunto.
Faça a pergunta ao público e pergunte quem pode respondê-la (trabalhe com
voluntários). Se o assunto corrupção for mencionado, procure informar sobre o
trabalho que a instituição está realizando no sentido de “limpar a casa” e
comente que essa mancha não é exclusividade da Polícia Rodoviária Federal. Fale
sobre a Corregedoria Participativa e destaque a existência em cada regional das
corregedorias e das comissões de ética, orientando a todos que esses setores
estão sempre à disposição da sociedade.
A apresentação pessoal do policial em palestras, seja para crianças ou adultos, em
colégios ou empresas, deve primar pela doutrina utilizada na postura policial voltada
ao atendimento do cidadão. Em palestras, o policial deve sempre portar o
equipamento que utiliza rotineiramente, lembrando que a arma é parte integrante
do uniforme. Nas exposições para crianças, deve-se ter em mente que a utilização de
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elementos dispersores da atenção, como colete, lanterna, brevês, algema, bastão,
faca e muitos carregadores, irá desviar a atenção do conteúdo a ser transmitido,
transformando o policial educador e cidadão no policial “super-herói caçador de
bandidos”, o que não estaria condizente com a atual imagem que a sociedade
procura na polícia, a imagem de “segurança do público”. Caso num ambiente escolar
o policial seja questionado quanto ao uso da arma no interior de colégios, deve-se
passar a sensação de segurança aos questionadores, lembrando de que a instituição
policial representa a proteção aos cidadãos e não ameaça. O porte da sua arma é
autorizado somente a você, não podendo ser entregue a outrem, nem para guarda
temporária. Previna os acidentes: mantenha seu equipamento pessoal sob total
domínio em locais com muitas crianças, pois o descuido associado à curiosidade
infantil pode ser fatal.
Linguagem adequada ao público-alvo
A linguagem sempre deve ser adequada ao público a que está se dirigindo. O
emprego de uma linguagem simples demais ou excessivamente rebuscada, ou com
termos técnicos mal empregados ou, ainda, em volume inadequado, cria desinteresse
no público, para não dizer pânico.
Não é a vastidão do vocabulário que determina o bom palestrante, mas sua
capacidade de ser entendido pelo público-alvo do evento.
Como você já estudou é importantíssimo caracterizar o público-alvo da ação. Além
do tipo de linguagem a ser utilizada, ele poderá determinar quais temas, recursos a
serem utilizados e a logística necessária. A proposta de um trabalho educativo a ser
realizado com crianças portadoras de deficiência auditiva, por exemplo, exige uma
adequação técnica de equipe especializada composta de intérprete, recursos
educativos e materiais voltados para a comunicação não-verbal. Esse trabalho é
perfeitamente possível e já foi realizado pelo DPRF.
Recentemente, foi promovido, por iniciativa do Ministério da Justiça, um curso de
Libras que contou com a participação de alguns policiais rodoviários federais. O
objetivo da participação da PRF no referido curso é o de inclusão dessa clientela no
trabalho de educação para o trânsito.
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Dimensionamento do tempo
Toda palestra deve ser elaborada com uma duração prevista. Com o tempo, um
palestrante experiente saberá dar uma “corridinha” com o conteúdo sem trazer
prejuízos ao aprendizado ou, ainda, intercalar comentários e questionamentos
oportunos a fim de “esticar” um pouco mais sua apresentação. Atrasos ou excessos
na duração da palestra podem ser entendidos como presunção, descaso, esnobismo
ou irresponsabilidade.
Os materiais de apoio, como, por exemplo, músicas e vídeos, devem ser empregados
com equilíbrio, não devem ser exagerados, de forma a esgotar o tempo sem atingir
plenamente o conteúdo planejado para aquela atividade, nem poucos a ponto de o
palestrante precisar unicamente da participação dos presentes ou de seu talento
para manter a atenção no assunto.
Uma boa dica é respeitar o horário de início e elaborar palestras com muitos
vídeos incorporados ou “linkados”, não havendo a obrigatoriedade de empregar
todos. A opção do palestrante em usá-los dependerá do tempo disponível.
Dispor de um espaço para debater ou esclarecer dúvidas ao final de sua palestra
produzirá maior interação e, consequentemente, maior eficiência naquilo que foi
proposto. Se o número de questionamentos for grande demais e você tiver algum
compromisso em seguida, crie algum mecanismo, como dar seu e-mail para posterior
atendimento, ou ficar além do tempo, no final, com aquelas pessoas interessadas.
Evite que o público saia com a sensação de não ser atendido. Caso possa ficar para
dirimir as dúvidas, primeiramente agradeça e encerre sua exposição. Permita que
permaneça no local somente com os interessados, liberando aqueles que não
desejam ou não podem mais ali permanecer.
Utilização de materiais de apoio
Os materiais de apoio são muito úteis para uma palestra, porém, o recurso humano
é, sem sombra de dúvida, o principal agente de transmissão das informações. Há
palestrantes no mundo inteiro que são capazes de manter a atenção da plateia e
“passar o seu recado” sem usar essas ferramentas. Contudo, é preciso considerar que
a sociedade moderna se encontra imersa em imagens, sons,informações e tecnologia.
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De acordo com os princípios da Andragogia, o ser humano retém 10% do que lê, 20%
do que escuta, 30% do que vê, 50% do que vê e escuta e 80% do que vê, ouve e logo
pratica.
Observe a tabela:
Método de ensino Dados retidos após 3
horas
Dados retidos após
3 (três) dias
Somente oral 70% 10%
Somente visual 72% 20%
Oral e visual (simultaneamente) 85% 65%
Fonte: Oficina de Estudos na Sociedade Norte Americana
Socondy Vacuum Oil Co. Studies (1971)
Os recursos audiovisuais (que conjugam audição e visão) são os mais eficazes para
a aprendizagem. Utilizar recursos como o datashow, teatro, músicas e fantoches
significa seguir uma tendência mundial para garantir maior absorção do conteúdo.
A escolha correta dos materiais de apoio depende de critérios, devendo o
palestrante:
Optar pelo recurso audiovisual de acordo com o objetivo que deseja atingir;
Avaliar quais assuntos necessitam de melhor compreensão/fixação;
Optar por um recurso que conheça totalmente o seu manuseio, as vantagens e as
desvantagens;
Considerar o horário para o uso dos recursos. Após o almoço, por exemplo, vídeos
longos tendem a causar sonolência e diminuição do grau de interesse.
Quadro-de-giz
Empregado em conjunto com giz branco ou colorido, é o recurso didático mais
simples. Com baixo custo, serve como recurso auxiliar para qualquer tipo de assunto,
sendo ideal para explicações rápidas, resumos ou recapitulação de ideias. Usado
como base para diversos recursos audiovisuais.
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Ao usar esse recurso, escrever sempre da esquerda para a direita, usando letras com
bom tamanho e legíveis, valendo-se de elementos dinâmicos, como setas, círculos e
barras, e nunca falar virado para o quadro, enquanto estiver escrevendo.
Caso a letra do palestrante não seja legível, afixar placas/faixas com palavras-chaves
ou frases.
Quadro magnético
Quadro branco usado em conjunto com pincéis próprios.
Sua utilização é similar ao quadro-negro, porém permite mais contraste no conteúdo
escrito. Apenas o pincel apropriado deve ser utilizado, de forma a não danificar a
película que recobre o quadro.
Cavalete com folhas ou flipchart
Ideal para frisar pontos importantes, relacionar dados, recordar assuntos e agregar
ideias.
Retroprojetor e transparências
Recurso ainda muito utilizado, que permite ao expositor ficar de frente para o
público enquanto usa a transparência para ordenar logicamente ideias e exibir
textos, figuras e gráficos. Ao confeccionar uma transparência, considere questões
como visibilidade, clareza e uso das cores.
Produção de slides
Em relação à produção de slides, normalmente, utiliza-se os planos de fundo do
DPRF.
Procure criar slides simples, use fontes com tipos, tamanhos e cores adequados.
Considere sempre a cor de fundo e aplique a regra de “fundo escuro, fonte clara;
fundo claro, fonte escura”. Atente quanto ao número de linhas por slide, para que a
legibilidade não fique comprometida (máximo de 10 linhas).
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Não abuse das cores nem dos efeitos e busque promover a instituição que representa,
quer pelo conteúdo ou pelas imagens utilizadas.
Teste sempre todos os equipamentos antes do momento da palestra e tenha
sempre um “plano B” caso haja alguma pane.
Uso de imagens
Filmes e fotos digitalizadas tornam a apresentação mais agradável. Insira imagens
locais para afastar a ideia de que os acidentes só acontecem longe de nós, de nossa
família e das outras pessoas que amamos.
Algumas imagens podem exigir tratamento digital, de forma a tarjar placas de
veículos ou “embaçar” rostos dos envolvidos, evitando assim constrangimentos e
diminuindo a possibilidade de que as imagens sejam reconhecidas por pessoas
próximas aos acidentados, que eventualmente estejam na plateia.
Buscar sempre uma atualização do acervo de fotos é uma prática interessante, pois
imagens inéditas atraem a plateia. Solicite materiais de acidentes aos policiais, aos
órgãos de imprensa ou faça intercâmbio com outros educadores. Sempre avalie se o
material que deseja empregar é adequado ao público-alvo da palestra. Há entre os
educadores duas correntes divergentes em relação ao emprego de imagens
chocantes. Valendo-se de pensamentos como “palestras chocantes causam maior
efeito” ou “a realidade precisa ser mostrada”, uma delas emprega imagens com
cadáveres e mutilações, dentre outras do gênero. Por outro lado, encontram-se
imagens de acidentes sem esse nível de agressividade, exibidas por um grupo que
considera a exibição de imagens fortes desnecessária, traumática e fator de
banalização da violência: “Se já mostramos o pior, acidentes menos graves não
ganharão a devida importância.”
Não há pretensão de defender uma ou outra corrente. Mas a maior parte dos
pedagogos modernos não apoia a exibição das imagens violentas.
As imagens devem ser capazes de transmitir valores, como cooperação, respeito e
solidariedade, enfim, de estimular comportamentos positivos no trânsito. Existem
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vários vídeos e imagens interessantes sobre trânsito. Todo esse material deve ter
impacto, interesse e sequência. Não adianta empregar um vídeo sensacional se
ele estiver fora do contexto e da finalidade a que se destina.
Outros aspectos importantes
Direitos autorais
Com o tempo, cada educador constrói seu acervo e a troca de materiais com outros
educadores é uma ótima fonte para obtê-los. O palestrante do DPRF deve ter cuidado
com a questão dos direitos autorais.
Veja alguns fragmentos da Lei n 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 que altera,
atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais.
Lei n 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Art. 46 Não constitui ofensa aos direitos autorais:
I - A reprodução:
a) Na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em
diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação
de onde foram transcritos;
II - A reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do
copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;
VI - A representação teatral e a execução musical, quando realizada no recesso
familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não
havendo em qualquer caso intuito de lucro.
A mesma lei em questão esclarece:
Art. 47 São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da
obra originária nem lhe implicarem
descrédito.
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Fuga ao tema
Perguntas e narrativas pessoais ocorrem, frequentemente, em palestras. Isso porque,
como já estudou, o público identifica o momento como a oportunidade perfeita para
sanar dúvidas e comentar sobre fatos que ele ou conhecidos vivenciaram no trânsito
ou em abordagens da PRF. A participação do público é válida e enriquece, mas o
palestrante precisa ter a sensibilidade de perceber quando o assunto se desvia do
foco da palestra ou quando o número de intervenções passa a prejudicar sua
continuidade. Às vezes, é necessário dar uma “cortada” educada a fim de retomar o
controle da situação. Uma saída é pedir para que os participantes anotem suas
dúvidas e comentários para que sejam apresentados no final da palestra, de forma
que não se gaste muito tempo naquele assunto e se possa prosseguir. Como forma de
interação com o público, você pode pedir ajuda para recolher as anotações. Faça
uma leitura silenciosa de cada pergunta, analise e só então compartilhe com os
presentes. Além de evitar surpresas, talvez você tenha que fazer adaptações para
garantir sua clareza.
Conclusão
Neste módulo, você estudou que...
► Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e suas relações com o
meio físico e social.
► A decisão do condutor de aplicar constantemente procedimentos de segurança
depende de fatores psicológicos, dentre outros.
► O comportamento – formado por fatores internos e externos – é o conjunto de
ações de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos em variadas situações do
cotidiano.
► Os fatores internos são aqueles inerentes ao indivíduo e que o tornam único.
Também são considerados fatores internos, as características psicológicas que o
inserem em um determinado grupo, classificável pela psicologia.
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► Os fatores externos são as influências do meio físico e social sobre o indivíduo e
que se traduzem em pressões, acontecimentos do dia-a-dia ou estímulos, podendo
alterar seu padrão de comportamento.
► Os indivíduos participam de vários grupos sociais, que são constituídos por diversas
razões, porém, o que leva uma pessoa a escolher ou ser escolhida por determinado
grupo é a afinidade de comportamento. Ao aceitar pertencer a um grupo social ela
estará aceitando seus padrões de comportamento.
► O trânsito como fenômeno social e resultante da necessidade humana de
deslocamento é um contexto que engloba pessoas de todos os níveis sociais e
culturais, e com os mais diversos tipos de personalidade, objetivos e padrões de
comportamento.
► O automóvel, hoje presente em todas as partes do mundo e utilizado
indistintamente por todos os tipos de pessoas, expressa diferentes significados. Ele é
meio de transporte, símbolo de posição social, símbolo de poder, bem como
indicador socioeconômico.
► O trânsito é um indicador preciso das características de cada indivíduo. Os
problemas de trânsito são causados por uma minoria de motoristas cujo
comportamento, sob o ponto de vista psicológico, está quase sempre relacionado à
dificuldade de lidar com as pressões da vida. Essa dificuldade aliada a outros fatores,
como a personalidade e a própria educação do indivíduo, pode levá-lo a apresentar
ansiedade, agressividade, competitividade negativa, distração, dentre outros
comportamentos.
► A maneira de administrar os conflitos no cotidiano sofre influência de fatores
físicos: cansaço, estado de saúde, alimentação, sono, ingestão de álcool, drogas, etc.
são alguns deles. Os conflitos externos, isto é, com as outras pessoas, ocorrem,
principalmente, porque elas têm interesses e necessidades diferentes e nesse ponto
a combinação do estado físico e mental poderá agravar ou solucionar esses conflitos.
► O estresse é caracterizado por sintomas psicológicos e físicos, geralmente
associados, que muitas vezes colaboram para o agravamento das situações e
dificuldades enfrentadas no trânsito.
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► Implementar o trânsito como tema transversal nas escolas é um grande desafio
para os órgãos institucionais, pois requer um projeto com objetivos bem definidos,
recursos educativos de qualidade, acompanhamento e avaliação permanentes e corpo
técnico capacitado. Outras ações podem ser desenvolvidas com sucesso, como
encontro de professores, espetáculos teatrais, sessões de vídeo, oficinas com os
alunos, encontros com pais, alunos e comunidade.
► A função da escola é analisar, refletir e debater sobre o respeito às leis de
trânsito e ao espaço público.
► Os profissionais de educação de trânsito, especialmente o policial educador, são
peças fundamentais para o sucesso de qualquer iniciativa da instituição para qual
trabalham.
► A conduta do policial educador é fundamental, tanto no ambiente de trabalho
quanto no dia-a-dia como uma pessoa comum. De nada adianta falar sobre o cinto de
segurança e não usá-lo ou fazer uma campanha de redução de velocidade e dirigir
sempre acima do limite.
► Uma mensagem, ao ser transmitida, poderá conter uma ou um conjunto de
linguagens que, em sintonia, estabelece a comunicação entre quem a emite e quem
a recebe. O recurso humano é o principal agente de transmissão das informações.
► Para a realização de palestras é importante considerar aspectos relacionados com
a postura, apresentação pessoal e domínio do conteúdo, linguagem adequada ao
público-alvo, dimensionamento ajustado ao tempo e com a utilização oportuna de
materiais de apoio.
► De acordo com os princípios da Andragogia, o ser humano retém 10% do que lê,
20% do que escuta, 30% do que vê, 50% do que vê e escuta e 80% do que vê, ouve e
logo pratica.
► A escolha correta dos materiais de apoio depende de critérios, devendo o
palestrante optar pelo recurso audiovisual a ser utilizado em função do objetivo que
deseja atingir.
Capacitação em Educação para o Trânsito – Módulo 2
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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão
do conteúdo.
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas
páginas anteriores.
1. São elementos primários na prevenção de acidentes:
( ) atenção ativa e constante.
( ) impulsividade para agir com rapidez nos momentos de emergência.
( ) não deixar que outros condutores de escolares atrapalhem seu trabalho.
( ) educação e respeito com os outros motoristas.
2. Ao analisar as causas comuns de acidentes e infrações de trânsito, pode-se
concluir-se que:
( ) os condutores desconhecem as medidas de segurança.
( ) os carros fabricados atualmetne são mais suscetíveis a acidentes.
( ) apesar de conhecerem os procedimetnos de segurança, os infratores não os
praticam.
( ) nos cursos para formação de condutores não são ensinadas todas as medidas de
segurança.
3. Decidir entre adotar ou não um comportamento seguro, depende de fatores:
( ) Técnicos
(X) Psicológicos
( ) Financeiros
( ) Temporais
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4. Psicologia é a ciência que estuda:
( ) As questões da educação humana.
( ) Os seres vivos e as leis da vida em sociedade.
( ) A natureza das coisas e suas relações entre si.
( ) O comportamento humano e suas relações com o meio físico e social.
5. O comportamento humano pode ser definido como:
( ) O conjunto de ações de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos nas mais
diversas situações da vida.
( ) O conjunto de ideias de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos nas mais
diversas situações da vida.
( ) O conjunto de pensamentos de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos nas
mais diversas situações.
( ) O conjunto de opiniões de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos nas mais
diversas situações.
6. Por quais fatores é formado o comportamento humano?
( ) Fatores externos, que são as influências que o meio físico e social exerce sobre as
características particulares do homem.
( ) Por fatores internos, que são os fatores psicológicos ou da personalidade de cada
um e caracterizam a individualidade de cada ser humano.
( ) Nenhuma das alternativas, pois o homem é um ser completo em si e seu
comportamento é inato, isto é, nasce com ele.
(X) As alternativas a e b estão corretas.
7. Qual espaço social capaz de reunir pessoas de todos os grupos, níveis sociais e
culturais, com os mais diversos tipo de personalidades, objetivos e padrões de
comportamentos?
( ) A escola
(X) O trânsito
( ) A igreja
( ) A torcida de futebol
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8. Marque V(verdadeiro) ou F (falso):
( ) É cada vez maior o espaço ocupado por estradas, ruas, avenidas,
estacionamentos, viadutos, etc., ou seja, o trânsito está cada vez mais “tomando” o
espaço do homem.
( ) O trânsito é um espaço de relacionamento aberto, onde o indivíduo,
anonimamente, interage com pessoas que nem sempre condizem com a sua
personalidade.
( ) Para fugir das pressões e descarregar as tensões, as frustrações e os probemas
pessoais, alguns indivíduos passam a fazer do trânsito uma válvula de escape.
( ) O trânsito é um fenômeno restrito a espaços urbanos, não sendo relevante sua
dinâmica em rodovias estaduais, federais e áreas rurais.
( ) As estatísticas acerca dos acidentes de trânsito com mortes não são significativas
no cenário mundial.
( ) Estamos constantemente recebendo estímulos e pressões do meio físico e social
onde vivemos; o trânsito é um exemplo desse contexto e poderá alterar nosso padrão
de comportamento devido a nossa vulnerabilidade.
9. Considerando os tipos de comportamentos gerados a partir da dificuldade de
lidar como as pressões externas, aliados a fatores como personalidade e educação
do indivíduo, responda:
Como a ansiedade pode contribuir negativamente no comportamento do condutor
no trânsito?
Que tipos de comportamentos você considera mais arriscado? Justifique sua
resposta.
10. De acordo com os assuntos estudados, marque a resposta que considerar mais
adequada para completar as lacunas:
As dificuldades de cumprimento do orçamento doméstico, o excesso de atribuições
no trabalho, tarefas desagradáveis, relacionamentos insatisfatórios, são alguns
exemplos de _________________________ que precisamos administrar no cotidiano.
Já os _________________________, isto é, com as outras pessoas, ocorrem
principalmente porque as pessoas têm interesses e necessidades diferentes e nesse
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ponto a combinação de _________________com ________________ poderá agravar
ou solucionar esses conflitos.
( ) conflitos externos / conflitos internos / estados físicos / estados mentais
( ) conflitos internos / estados mentais / conflitos externos / estados físicos
( ) conflitos internos / conflitos externos / estados físicos / estados mentais
( ) estados mentais / conflitos internos / conflitos externos /estados mentais
11. De acordo com os assuntos estudados, marque a resposta que considerar mais
adequada para completar as lacunas:
Os ________ existentes no trânsito são __________. Facilmente o ser humano os
inverte reclamando, disputando espaço e muitas vezes conflitando com ___________,
se na maior parte do tempo é condutor. Já quando se encontra na qualidade de
pedestre, passa a sofrer na pele as _____________ de ser pedestre. Porém, ao
retomar o papel de condutor, rapidamente volta a desrespeitar os pedestres.
( ) pedestres / variáveis / papéis / fragilidades
( ) pedestres / fragilidades / papéis / variáveis
( ) papéis / fragilidades / pedestres / variáveis
( ) papéis / variáveis / pedestres / fragilidades
12. De acordo com os assuntos estudados, marque a resposta que considerar mais
adequada para completar as lacunas:
___________ é a principal forma de combater o estresse. Identificar
_________________ e reconhecer ___________________ no ambiente é o primeiro
passo para aprender a lidar com eles. Aliado a isso a adoção de _________________
possibilitarão uma maior qualidade de vida.
( ) hábitos saudáveis / prevenir / pontos vulneráveis / fatores estressantes
( ) prevenir / pontos vulneráveis / fatores estressantes / hábitos saudáveis
( ) fatores estressantes / hábitos saudáveis / prevenir / pontos vulneráveis
( ) prevenir / pontos vulneráveis / hábitos saudáveis / fatores estressantes
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13. Assinale a afirmativa que não corresponde ao conceito de transversalidade:
( ) Trata-se de uma dimensão que envolve atitudes, procedimentos, fatos, conceitos
que os alunos devem conhecer ao longo de sua educação formal.
( ) A transversalidade é relativa a um tema considerado como um viés que
perpassam as disciplinas, abordando questões de interesse social.
( ) A transversalidade pode ser considerada um fato ocasional na educação formal
para se trabalhar questões sociais.
( ) Os conteúdos dos temas transversais potencializam valores, produzem
comportamentos, desenvolvem atitudes e não podem ser contemplados de maneira
casual.
14. Dos aspectos abaixo relacionados, marque quais informações refletem a
postura didática que o profissional educador deve apresentar.
( ) O domínio do conteúdo resulta em uma postura segura do policial.
( ) Dar uma palestra torcendo para que não surjam indagações é sinal de que o
palestrante tem um bom domínio do conteúdo e do tempo.
( ) Um tom de voz e linguagem adequados é imprescindível para ser compreendido.
( ) Falar baixo demais, sussurrar ou gritar devem ser recursos rotineiros em uma
palestra ministrada por policiais.
( ) Vícios de linguagem e posturas, como usar constantemente as expressões “né",
“ãhhh” e “então”, passar na frente da projeção, sentar-se/escorar-se em mesas
precisam ser evitados.
15. Marque quais informações refletem a postura didática que o profissional
educador deve apresentar.
( ) O palestrante policial precisa ministrar uma palestra em posição de entrevista.
( ) Ao fazer perguntas, o policial deve direcioná-las especificamente a um indivíduo,
isalando o resto do grupo.
( ) Em um ambiente escolar o policial seja questionado quanto ao uso da arma no
interior de colégios, deve-se passar a sensação de segurança aos questionadores,
lembrando que a instituição policial representa a proteção aos cidadãos e não
ameaça.
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( ) Movimentar-se lentamente enquanto fala, indo a todos os lados do ambiente é
uma forma interessante de manter a atenção de todos.
Este é o final do módulo 2 - Trânsito: Um enfoque comportamental e pedagógico
Gabarito
1. atenção ativa e constante.
2. apesar de conhecerem os procedimetnos de segurança, os infratores não os
praticam.
3. Psicológicos
4. O comportamento humano e suas relações com o meio físico e social.
5. O conjunto de ações de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos nas mais
diversas situações da vida.
6. As alternativas a e b estão corretas.
7. O trânsito
8. V-V-V-F-F-V
9. Orientação para a resposta:
Causam atitudes imprevisíveis no trânsito, distração, má administração do tempo,
atrasos, erros de percursos, acidentes.
10. conflitos internos / conflitos externos / estados físicos / estados mentais
11. papéis / variáveis / pedestres / fragilidades
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12. prevenir / pontos vulneráveis / fatores estressantes / hábitos saudáveis
13. A transversalidade pode ser considerada um fato ocasional na educação formal
para se trabalhar questões sociais.
14. O domínio do conteúdo resulta em uma postura segura do policial.
Um tom de voz e linguagem adequados é imprescindível para ser compreendido.
Vícios de linguagem e posturas, como usar constantemente as expressões “né",
“ãhhh” e “então”, passar na frente da projeção, sentar-se/escorar-se em mesas
precisam ser evitados.
15. Em um ambiente escolar o policial seja questionado quanto ao uso da arma no
interior de colégios, deve-se passar a sensação de segurança aos questionadores,
lembrando que a instituição policial representa a proteção aos cidadãos e não
ameaça.
Movimentar-se lentamente enquanto fala, indo a todos os lados do ambiente é uma
forma interessante de manter a atenção de todos.
Anexo
1. TEMA TRANSVERSAL1
Todas as pessoas aprendem na escola a ler, a escrever, a somar, a dividir. Ao longo
da vida escolar, aprendem centenas, talvez milhares, de conteúdos: sinônimos,
antônimos, relevo, hidrografia, raiz quadrada, equação numérica, colônia, república.
Mas, desde sempre, os professores – além de conteúdos – trabalham com valores,
embora sem saber disso. Também se aprende na escola que “xingar” o colega não é
correto; que não se deve riscar as carteiras, pois é preciso cuidar da escola...
Qualquer pessoa é capaz de lembrar diversas ocasiões em que seu professor ou sua
professora interrompeu a aula para falar sobre a importância do respeito aos colegas,
da preservação do meio ambiente, das diferenças entre as pessoas. Assuntos que –
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aparentemente – não tinham nada a ver com a aula. Entretanto, sempre que fizeram
isso, transversalizavam um tema.
Na escola hoje, estas conversas informais precisam ser planejadas. Ou seja: o
professor, ao programar sua aula, já deve saber que, além do conteúdo formal,
precisa criar situações que possibilitem a aquisição de valores, posturas e atitudes. É
nesse momento que os temas transversais aparecem. Eles têm por objetivo trazer à
tona, em sala de aula, questões sociais que favoreçam a prática da democracia e da
cidadania.
Os temas transversais não são novas disciplinas. São conteúdos educacionais –
fundamentados em aspectos da vida social – que transpassam pelas disciplinas.
Portanto, o professor não vai dar ”aulas de ética” ou “aulas de meio ambiente” e tão
pouco “aulas de trânsito”. Ele vai inserir, em sua aula, atividades que favoreçam a
análise e a reflexão sobre estes temas, a fim de que os alunos realizem sua própria
aprendizagem e traduzam em comportamentos os conhecimentos construídos.
Tema Transversal: Caderno do Curso de Educação de Trânsito /2007 , do Projeto
"Capacitação de Profissionais de Trânsito"DENATRAN/Ministério das Cidades/
SEST/SENAT. (Coordenação: Juciara Rodrigues)
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Módulo 3 – O DPRF e a educação para o trânsito
Apresentação
Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades
inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro
dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados.
(PROCHONW, Schaffer, 1999 apud ONU, 1984)
O projeto é uma das ferramentas mais adequadas para planejar uma ação.
Neste módulo serão apresentados os principais projetos de educação para o trânsito
que estão em ação no DPRF. Você estudará os elementos que fazem parte de um
projeto.
Ao final do módulo, você será capaz de:
● Compreender o funcionamento e a atual estrutura da educação para o trânsito no
Departamento de Polícia Rodoviária Federal;
● Compreender a dimensão dos principais projetos que atualmente são executados
do âmbito do DPRF;
● Enumerar os passos necessários ao planejamento, elaboração e realização de um
projeto de educação para o trânsito; e
● Identificar a natureza e a aplicabilidade do projeto básico e do termo de
referência, conforme legislação prevista.
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas:
Aula 1 – Estrutura da educação para o trânsito no DPRF
Aula 2 – Projetos educativos do DPRF
Aula 3 – Elaboração de projetos básicos e termos de referência
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Aula 1 – Estrutura da educação para o trânsito no DPRF
A Polícia Rodoviária Federal tem como missão institucional:
“Preservar a ordem e a paz e garantir a segurança e o livre trânsito nas rodovias
federais, bem como prevenir acidentes.”
A PRF possui como característica principal sua atuação educativa, buscando
sempre informar para conscientizar. É vista pela sociedade, e não por acaso, como
uma polícia cidadã, que acredita na educação objeto de transformação, seja com
programas e comandos educativos, seja pela atitude de seus policiais.É uma
instituição preocupada com o alto índice de acidentes nas rodovias federais, acredita
na educação como forma de promover a mudança de valores superando a mera
orientação legal, trabalhando a percepção da realidade, adaptação, assimilação e
incorporação de novos hábitos e atitudes frente ao trânsito e conscientizando
governo e sociedade da responsabilidade pela educação na busca da segurança e
bem-estar.
Considerando que a principal missão dos seus membros é proteger e salvar vidas, o
Departamento de Polícia Rodoviária Federal estabeleceu de forma audaciosa as
seguintes metas a serem alcançadas em relação às diretrizes de educação para o
trânsito:
Conscientizar o cidadão de seu papel como elemento atuante do trânsito,
portanto, diretamente responsável pelo contexto e pela realidade na qual
está inserido;
Modificar comportamentos, através da percepção da realidade e da
adaptação, assimilação e incorporação de novos hábitos e atitudes frente
ao trânsito, trazendo como consequência a significativa redução de
acidentes; e
Ampliar a consciência coletiva no trânsito, através de concepções
sistêmicas, gerando assim atitudes mais responsáveis, cidadãs e solidárias,
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bem como o respeito à vida e ao patrimônio individual e
coletivo.Regimento Interno DPRF
Com base nessas premissas e no trabalho independente, muitas vezes voluntário e
anônimo desenvolvido por policiais de diversas unidades regionais do país, já se
conquistou alguns avanços na área de educação no DPRF. A educação para o trânsito
está oficialmente inserida no regimento interno no DPRF desde agosto de 2007,
integrando a Divisão de Planejamento, Ensino a Distância e Educação para o Trânsito
– DITRAN, por intermédio da Portaria n° 1.375, de 2 de agosto de 2007.
Portaria n° 1.375, de 2 de agosto de 2007
Art.1º
( )
IX – Executar, promover e participar das atividades de orientação e educação para a
segurança do trânsito, bem como desenvolver trabalho contínuo e permanente de
prevenção de acidentes de trânsito.
( )
Art. 2º O Departamento de Polícia Rodoviária Federal – DPRF tem a seguinte
estrutura:
( )
Coordenação-Geral de Recursos Humanos – CGRH
5.1. Coordenação de Ensino – COEN
5.1.1. Núcleo de Execução Administrativa – NUAD
5.1.2. Divisão de Concurso, Seleção e Processos – DISEPRO
5.1.3. Divisão de Planejamento, Ensino a Distância e Educação de Trânsito – DITRAN
5.1.4. Divisão de Formação, Desenvolvimento e Cultura – DIDEC
5.1.4.1. Núcleo de Formação, Qualificação e Requalificação Profissional – NUPROF
Note que a DITRAN é área integrante da Coordenação de Ensino da Sede do DPRF, a
qual pertence à Coordenação-Geral de Recursos Humanos e possui, dentre outras, a
atribuição de planejar, orientar e executar campanhas educativas, seminários e
palestras na área de educação para o trânsito.
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COEN e Comissões Regionais de Educação
Articuladas à área de Educação para o Trânsito do DPRF, estão as Comissões
Regionais de Educação para o Trânsito. A Divisão de Planejamento, Ensino a Distância
e Educação de Trânsito elabora as diretrizes e ações nacionais de educação para o
trânsito, bem como oferece suporte às atividades regionais, que são planejadas e
coordenadas pelas Comissões Regionais de Educação de Trânsito (CRETs).
Normalmente, as ações regionais devem ser comunicadas ao presidente da CRET, que
solicitará à DITRAN autorização que, conforme o caso, disponibiliza na medida do
possível os meios necessários para realização. Qualquer ação (inovadora ou não)
deverá ser submetida à apreciação da DITRAN/COEN/DPRF para sua realização. Serão
considerados aspectos, como conveniência, interesse, oportunidade, vinculação do
projeto à imagem da instituição, etc. Esse procedimento resguarda o educador no
caso de eventuais questionamentos sobre a realização da ação.
Existe uma CRET para cada Unidade Regional da PRF. As CRETs não pertencem a
nenhuma área específica da superintendência regional, mas estão vinculadas direta e
administrativamente ao superintendente, que nomeia seus membros por portaria.
Cada comissão regional funciona em caráter permanente, é composta de no mínimo 3
(três) servidores – presidente, assistente administrativo e assistente pedagógico – e
tem como finalidade o planejamento e coordenação das atividades de educação
para o trânsito em âmbito regional.
Cada membro da comissão possui atribuições específicas, também estabelecidas em
portaria e que variam conforme a natureza da atividade – administrativa ou
pedagógica.
Uma das principais atribuições da CRET e o fundamental meio de articulação com a
sede do DPRF é o compilamento dos dados das ações de educação para o trânsito
executadas e a inserção e atualização mensais em relatório eletrônico específico
denominado EDUCATRAN.
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Sistema EDUCATRAN
O Educatran é um sistema utilizado pelas CRETs para informar, periodicamente,
todas as ações educativas de trânsito que forem desenvolvidas em suas regionais,
descrevendo-as detalhadamente com os seguintes dados:
● Público-alvo;
● Local;
● Tipo da ação;
● Tema; e
● Imagens.
Além de propiciar o registro seguro das informações, a criação de um banco de dados
nacional torna dinâmico o processo de pesquisa e visualização. O ambiente utilizado
é o Moodle. O mesmo usado nos cursos a distância promovidos pelo DPRF.
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Aula 2 – Projetos do DPRF
Educar com qualidade implica em estruturar ações coordenadas, predefinidas em
projetos básicos, onde serão utilizados recursos e equipamentos com finalidades
lúdico-pedagógicas e objetivos bem definidos. Além das ações ostensivas e
fiscalizatórias, a DPRF engloba diversas formas de atuação, dentre elas os comandos
de educação, palestras para crianças e adultos em escolas e empresas, espetáculos e
festivais de teatro, participação em feiras, exposições com grande envolvimento e
interação com os cidadãos brasileiros.
Outro aspecto importante é a imagem institucional. A sociedade precisa perceber o
policial rodoviário federal não só como autoridade repressora, punitiva, mas
como o reflexo de uma polícia em constante transformação, cada vez mais
humana, cidadã e democrática. Aplicar corretamente as ações educativas existentes
no âmbito do DPRF, tanto em atividades exclusivamente pedagógicas quanto no ato
da fiscalização em rodovias federais, agrega valor ao trabalho policial. A educação
exerce um papel transformador, uma vez que, juntamente com a fiscalização e a
engenharia, integra o tripé responsável pela qualidade do trânsito no Brasil.
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Os projetos básicos de educação para o trânsito não devem transmitir apenas as
normas, regras e preceitos legais. Devem contemplar também aspectos éticos e
de cidadania, ampliando o nível de conscientização dos diversos atores do
trânsito, para que adotem atitudes prudentes, compatíveis com as necessidades
de segurança de todos.
É fundamental que o policial rodoviário federal, enquanto educador no trânsito,
conheça as principais ações e os projetos em andamento no âmbito do DPRF.
Palestras
É o carro chefe das ações educativas do DPRF. Com um acervo de palestras sobre
diversos temas, como direção defensiva, educação de trânsito, transporte de
produtos perigosos, meio ambiente, etc., os servidores do DPRF estão presentes em
vários espaços, promovendo a discussão sobre cidadania, principais aspectos da
legislação e dicas para um trânsito seguro. Empresas (públicas e privadas),
instituições de ensino, igrejas e templos religiosos, órgãos públicos e grandes
corporações são alguns exemplos de locais visitados pelos policiais.
Exposições
Ocorrem geralmente em eventos, shoppings, feiras e exposições agropecuárias com a
montagem de estandes, onde são utilizados banners e faixas. Há também exposição
de viaturas, de equipamentos operacionais, apresentação ininterrupta de vídeos
institucionais e educativos, clipes e fotos de acidentes, dicas de trânsito seguro e
distribuição de material educativo aos presentes.
A participação da PRF nessas exposições é de grande importância, pois é uma
oportunidade de a instituição se integrar com a comunidade local.
Simulado de atendimento a acidentes
Evento da Sede/DPRF realizado em parceria com o Ministério da Saúde em
Brasília/DF, denominado Trânsito e Vida.
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Com o objetivo de conscientizar os jovens a respeito da segurança no trânsito o
evento integrou, de forma produtiva, diversos segmentos da sociedade, além de
estudantes e Universitários, permitindo a contextualização das palestras,
demonstrações de equipamentos e noções de primeiros socorros, distribuição de
material publicitário e peças teatrais encenadas.
Teatro de fantoches
Projeto desenvolvido na 19ª SRPRF/PA, voltado ao público infantil, que utiliza
fantoches com histórias relacionadas ao trânsito, promovendo o aprendizado por
meio da ludicidade.
Um Dia sem Dúvidas
Projeto educativo da 8ª SRPRF realizado junto aos condutores e usuários da Rodovia
Federal BR 282, cujo objetivo é responder dúvidas relativas ao trânsito e às suas
normas de circulação e conduta.
Camaradinha Rodoviário
Projeto originário da 9ª SRPRF/RS, que consiste no desenvolvimento de vestimenta
lúdica para boneco da PRF. O personagem acompanha educadores nas ações infanto-
juvenis, distribuindo folhetos e entregando outros materiais educativos. O público se
diverte tirando fotos ao lado do Camaradinha Rodoviário. O nome do boneco, sua
feição e outras características podem ser adaptados em função das particularidades
de cada regional.
Presença nos Comandos de Saúde nas Rodovias
As regionais aproveitam a realização trimestral dos Comandos de Saúde nas Rodovias,
promovidos em parceria nacional com o SEST/SENAT, para desenvolverem atividades
de educação para o trânsito junto aos participantes. São distribuídos folders
educativos com dicas de segurança.
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Cantigas de roda
Consiste na aquisição de vários exemplares de um livro contendo histórias e paródias
ligadas ao tema “trânsito”, para utilização junto ao público infantil. As paródias
foram confeccionadas sobre as cantigas de roda, o que facilita o aprendizado, pois as
crianças já conhecem a melodia. As músicas encontram-se cifradas para estimular o
uso de instrumentos musicais.
FETRAN
O Festival Estudantil Temático – Teatro para o Trânsito (FETRAN – Anexo) é um
grande projeto iniciado no estado do Mato Grosso e fez com que a ideia de trânsito
seguro chegasse a mais de 300 mil pessoas. Por meio do teatro, a regional conseguiu
levar a educação para o trânsito de forma lúdica e consistente para inúmeras
escolas, fazendo com que os estudantes se envolvessem de fato com o tema. Outros
estados, como Rio de Janeiro e Sergipe, já promoveram o FETRAN em suas regionais.
Entrevistas em jornais, programas de rádio e TV
É grande a presença de servidores nos veículos de imprensa, abordando legislação de
trânsito na véspera de feriados. É uma ação importante, dado o alcance desses meios
de informação.
Cinema rodoviário
Projeto pioneiro da 4ª SRPRF, onde os condutores autuados são convidados,
juntamente com os outros ocupantes do veículo, para participar de uma sessão de
cinema nas dependências do posto PRF. Os vídeos apresentados são educativos,
tratando de temas como o uso do cinto de segurança por todos os ocupantes do
veículo.
O tempo que o condutor ficaria ocioso esperando o preenchimento da autuação é
gasto na sessão do cinema rodoviário. É importante ressaltar que alguns condutores
não autuados também optam por assistir às sessões. Durante as projeções, o policial
educador faz os comentários pertinentes à infração constatada.
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Jogos
Foi criado um jogo de tabuleiro sobre trânsito para utilização junto ao público
infanto-juvenil e um outro, semelhante, em tamanho maior, onde as crianças são as
“peças” do tabuleiro.
Revistas infantis
Agrega personagens ligados à PRF, trazendo textos, ilustrações e atividades, como
caça-palavras, cruzadinhas, jogo dos 7 erros, etc.
Produção de impressos
As Comissões de Educação para o Trânsito utilizam os panfletos produzidos pelo
DPRF, buscando que suas informações alcancem o maior número de pessoas possível.
Além disso, algumas regionais produzem outros tipos de impressos, como marca-
livros, talonários de multas para crianças, dentre outros. O material é sempre de
utilidade pública e, antes de ser confeccionado, deve ser submetido à Assessoria de
Comunicação Social do Departamento (ACS/DPRF) sempre que utilizar a
marca/assinatura da Polícia Rodoviária Federal.
Movimentos de defesa à vida
Algumas regionais promovem movimentos que unem familiares de mortos e vitimados
em acidentes de trânsito. Essas ações são feitas em locais que comportam grandes
aglomerações, causam grande repercussão social e são amplamente noticiadas.
Certos movimentos ganharam amplitude, como é o caso do “Dia Mundial em Memória
das Vítimas de Trânsito – 16 de novembro”, que teve início no estado do Rio de
Janeiro.
Carreatas e passeios de moto
Desfiles temáticos convidam os participantes a somarem esforços na busca pela paz
no trânsito. Esse tipo de atividade envolve diversos tipos de condutores e aproxima a
PRF desses grupos, como é o caso dos clubes automotivos.
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Fazendo Arte nas Rodovias
Idealizado pela 10ª SRPRF/BA, é um projeto direcionado à melhoria das condições de
vida dos moradores às margens das rodovias, criando oportunidades de emprego, por
meio da capacitação e desenvolvimento artístico. Esse projeto realiza várias ações:
palestras, orientações e informações nas áreas de educação para o trânsito, saúde,
direitos humanos, direitos da criança e do adolescente, planejamento familiar,
noções de comércio, marketing e administração, nutrição, educação sexual, etc.
Aula 3 – elaboração de projeto básico e termos de referência
Pode-se considerar que todo projeto parte de uma ideia a ser colocada em prática,
tem objetivos claros e definidos e uma série de ações devidamente planejadas e
coordenadas com início e fim previstos. As ações constantes em um projeto
educativo não precisam ser complexas. Criar uma cartilha de orientações é um
projeto tão válido quanto realizar educação de trânsito nas escolas. O importante é
ter em mente que um projeto bem fundamentado e com objetivos claros aumenta a
probabilidade de sucesso de uma ação, reduzindo os riscos de falhas.
Um projeto não é uma atividade em si mesma, possui características que o definem e
deve ser sempre inspirado nos anseios sociais, pois não diz respeito somente às
necessidades pessoais.
Um projeto educativo compreende reconhecimento da existência dos outros – os
grupos sociais que ocupam espaço, possuem direitos e deveres e são distintos
entre si. Essa diversidade engloba valores, como respeito às diferenças regionais
e necessidades locais. Um projeto educativo, em especial de educação para o
trânsito, que não venha ao encontro dos anseios e das aspirações das pessoas,
estará fadado ao fracasso.
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Como elaborar um projeto
Para a elaboração de um projeto de educação para o trânsito, direcionado a uma
ação ou programa específico, alguns itens são indispensáveis, independentemente do
modelo que lhe for apresentado ou do modelo que você e sua equipe definirem como
padrão.
Com vistas a orientá-lo para um planejamento mais adequado, você estudará, a
seguir, um modelo de roteiro para elaboração de projetos.
Este roteiro servirá apenas como orientação, podendo ser acrescido de outros itens –
ilustrações, fotos –, sempre correspondendo ao objetivo de ampliar sua compreensão
e potencializar sua organização e execução.
Um projeto é composto basicamente das seguintes partes:
Identificação
Nome do projeto;
Instituição proponente;
Responsável pela instituição proponente; e
Instituição responsável pela execução.
Justificativa
Trata-se da fundamentação objetiva acerca da pertinência e relevância do projeto
como resposta a uma situação-problema, decorrente de uma necessidade ou
demanda. Nesse item é necessário elencar os aspectos qualitativos e quantitativos,
que possibilitem uma argumentação mais específica sobre o tema.
Estratégia de implementação
É a descrição das etapas de realização do projeto: sua estrutura, critérios utilizados
na definição do público-alvo, do tema e local. Esse item deverá constar também a
abrangência territorial e os dados quantitativos que permitam a análise das ações a
serem executadas.
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Considerações especiais ou proposta
Nesse tópico devem ser explicitados elementos essenciais para a compreensão global
do projeto, como o nível de comprometimento do órgão com a educação para o
trânsito, a concepção educacional, a metodologia a ser adotada, o nível de
comprometimento e expectativas da equipe em relação ao projeto, as ações que
estão previstas e quais recursos educativos serão disponibilizados, dentre outros.
Objetivos
É a definição clara do que se pretende alcançar com o projeto (objetivo geral) e,
depois, o estabelecimento dos objetivos específicos, que devem estar relacionados às
atividades a serem executadas. Ao se definir objetivos, deve-se iniciar a frase
sempre com um verbo no infinitivo.
Exemplos:
Objetivo Geral: Confeccionar materiais de educação para o trânsito para alunos do
ensino médio, que despertem análises e reflexões sobre o tema trânsito.
Esses materiais deverão possibilitar que os alunos sejam capazes de:
Compreender o trânsito como espaço coletivo, onde as pessoas possuem o direito
de locomover-se; e
Respeitar o espaço público, preservando-o e contribuindo para a melhoria da sua
qualidade.
Beneficiários do projeto
São descritos os beneficiários diretos – o público-alvo – e também os beneficiários
indiretos.
Cronograma de execução
São determinadas as datas de início e de término do projeto, intercalando a previsão
de cada ação a ser implementada na proposta.
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Orçamento
É uma estimativa da verba necessária – compreendendo recursos humanos e materiais
– para a realização do projeto. Deve englobar despesas com pessoal, viagens, estada,
alimentação, transporte, instalações, equipamentos, materiais de consumo,
publicações e equipamentos de informática. Esses custos devem ser detalhados com
muito cuidado, de forma a evitar erros.
A informática apresenta-se como instrumento valioso no auxílio da gestão dos custos,
com programas simples, capazes de gerar relatórios de acompanhamento financeiro a
serem analisados pelo setor competente.
Projeto básico/termo de referência
A Polícia Rodoviária Federal como integrante da administração direta é regida pelo
regimento jurídico dos servidores públicos civis da União – Lei nº 8.112/90 – e
vinculada à regulamentação legal que dispõe sobre normas para licitações e
contratos da Administração Pública – Lei nº 8666/93.
Acerca dessa última, o artigo 6º, inciso IX, dispõe sobre a concepção de projeto
básico.
Lei nº 8666/93 - Artigo 6º, inciso IX.
IX - Projeto básico – Conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de
precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos
preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do
impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes
elementos:
a) Desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e
identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;
b) Soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a
minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de
elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem;
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c) Identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a
incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores
resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua
execução;
d) Informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos,
instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o
caráter competitivo para a sua execução;
e) Subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo
a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros
dados necessários em cada caso; e
f) Orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de
serviços e fornecimentos propriamente avaliados.
Não existe um roteiro único para desenvolver um documento de projeto, porém,
cabe ressaltar, que normalmente os projetos a serem apreciados na administração
pública que compreendem basicamente a confecção e/ou aquisição de materiais e
equipamentos ou contratação de serviços, obedecem aos passos do projeto básico ou,
no caso de termo de referência, quando a aquisição do objeto solicitado, em função
de critérios específicos, for realizada por pregão eletrônico, definido em lei.
O projeto básico é aplicado nas modalidades de licitação regidas pela Lei nº
8666/93, ou seja, concorrência, tomada de preço, convite, concurso e leilão,
como também nas dispensas e inexigibilidades de licitação, qualquer que seja o
objeto (obras e serviços de engenharia, outros serviços ou aquisições).
Caso haja interesse em um maior aprofundamento do tema licitações e contratos,
participe do curso a distância sobre Contratos e Convênios, disponibilizado pela
SENASP na Rede de Educação a Distância.
O artigo 9º, do Decreto nº 5450, de 31 de maio de 2005, trata da fase preparatória
do pregão na forma eletrônica e enumera atos que deverão ser observados.
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Art. 9 Na fase preparatória do pregão, na forma eletrônica, será observado o
seguinte:
I - Elaboração de termo de referência pelo órgão requisitante, com indicação do
objeto de forma precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por
excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou sua
realização;
II - Aprovação do termo de referência pela autoridade competente;
III - Apresentação de justificativa da necessidade da contratação;
IV - Elaboração do edital, estabelecendo critérios de aceitação das propostas;
V - Definição das exigências de habilitação, das sanções aplicáveis, inclusive no
que se refere aos prazos e às condições que, pelas suas particularidades, sejam
consideradas relevantes para a celebração e execução do contrato e o atendimento
das necessidades da administração; e
VI - Designação do pregoeiro e de sua equipe de apoio.
§ 1 A autoridade competente motivará os atos especificados nos incisos II e III,
indicando os elementos técnicos fundamentais que o apoiam, bem como quanto aos
elementos contidos no orçamento estimativo e no cronograma físico-financeiro de
desembolso, se for o caso, elaborados pela administração.
§ 2 O termo de referência é o documento que deverá conter elementos
capazes de propiciar avaliação do custo pela administração diante de orçamento
detalhado, definição dos métodos, estratégia de suprimento, valor estimado em
planilhas de acordo com o preço de mercado, cronograma físico-financeiro, se for o
caso, critério de aceitação do objeto, deveres do contratado e do contratante,
procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato, prazo de execução e
sanções, de forma clara, concisa e objetiva.
Lembre-se que o termo de referência é aplicado na modalidade de pregão –
presencial ou eletrônico –, e servirá apenas para a aquisição de bens ou serviços
comuns, que podem ser facilmente definidos por meio de especificações usuais de
mercado, conforme, artigo 2º, parágrafos 1º e 4º. Para as contratações de obras e
serviços de engenharia, bem como locações imobiliárias e alienações, em geral, não
se aplica o pregão na modalidade eletrônica, artigo 6º.
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A fim de atender a legislação, o projeto básico e o termo de referência deverão
contemplar, no mínimo, os itens abaixo relacionados a fim de atender a legislação
já citada:
Identificação:
Nome do projeto;
Instituição proponente;
Responsável pela instituição proponente; e
Instituição responsável pela execução.
Objeto
Nesse primeiro tópico deverá ser discriminado o objeto, ou seja, caracterizar aquilo
que se deseja adquirir, de forma concisa, porém clara e objetiva, descrevendo
apenas o que for relevante para se definir o bem a ser adquirido ou prestado.
Justificativa
A justificativa deve ser desenvolvida para esclarecer a pertinência e a relevância da
aquisição do objeto como resposta a uma necessidade. Deverão ser indicados os
elementos técnicos e aspectos qualitativos e quantitativos que fundamentam a real
necessidade da aquisição do bem ou serviço.
O registro de preços deverá ocorrer nas seguintes hipóteses:
● Quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de
contratações frequentes;
● Quando for mais conveniente a aquisição de bens com previsão para entregas
parceladas ou contratação de serviços necessários à administração para o
desempenho de suas atribuições;
● Quando for conveniente a aquisição de bens ou contratação de serviços para
atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programa de governo; e
● Quando pela natureza do objeto não for possível definir previamente o quantitativo
a ser demandado pela administração.
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Especificações técnicas do objeto:
Quando se decide pela aquisição ou fornecimento de algum produto, bem ou serviço,
é necessário que isso seja feito da forma técnica, daí a necessidade da elaboração do
termo de referência/projeto básico pela área interessada, pois ninguém melhor que
ela para decidir ou definir o que é melhor para atender suas necessidades. Portanto,
é nesse momento que o interessado deverá descrever todos os elementos que devem
compor o objeto, bem como a metragem, altura, largura, capacidade, tipo do
material que compõe a estrutura, etc., no caso de um material ou equipamento.
Na descrição do objeto é necessário atentar para que as especificações por serem
excessivas, não limitem ou frustrem a competição ou a realização do fornecimento.
Orçamento detalhado
Nesse tópico deverá ser especificado a ação ou o programa de trabalho que está
contemplando o objeto a ser licitado, ou seja, aqui se esclarece de onde vai sair o
recurso para a aquisição/contratação.
Ex: Ação de policiamento, modernização, educação para o trânsito, etc.
Definição de métodos
Na definição dos métodos são informados os procedimentos para a aquisição ou
contratação, por exemplo, de quem será a responsabilidade da pronta entrega de
materiais ou do fornecimento do serviço, locais indicados, prazo para a entrega, etc.
Nos casos de aquisições ou contratações que tenham etapas a serem cumpridas
também deverão ser observadas as fases seguintes.
Estratégia de suprimento
Traça a forma como será fornecido o material ou prestado o serviço:
● Como será prestado o serviço ou fornecido o material (pronta entrega,
parceladamente);
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● Quando será prestado o serviço ou fornecido o material;
● Onde será prestado o serviço ou fornecido o material;
● De quanto em quanto tempo ou por quanto tempo será prestado o serviço ou
fornecido o material; e
● Quem será o responsável pelo pedido de prestação do serviço ou fornecimento de
material
Valor estimado de acordo com o preço de mercado
Será estabelecido pela Divisão de Licitações, através de pesquisa de mercado. (Citar
isso no termo de referência/projeto básico ou mesmo encaminhar a cotação
realizada pelo setor requisitante).
Cronograma físico financeiro
Previsto para ocasiões em que objeto de aquisição for entregue de forma parcelada e
que o desembolso for de acordo com essas fases, ou seja, a Administração pagará
conforme as fases da contratação forem concluídas. Caso contrário, deverá ser
informado que o desembolso será realizado de forma integral, não sendo necessário o
desmembramento em parcelas ou fases para seu fornecimento.
Critério de aceitação do objeto
Deve-se definir os critérios para aceitação ou recusa no momento da entrega do
objeto. Nesse momento, o órgão requisitante fará constar o que ele espera do
produto ou da prestação do serviço:
● Prazo de garantia;
● Assistência técnica;
● Atendimento por 0800;
● Representação na localidade da prestação do serviço ou fornecimento do material;
● Preposto para atender a demanda da Administração; e
● Registros em órgãos ou entidades fiscalizadoras.
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Deveres do contratado
A Administração traça alguns deveres que o contratado deverá atentar quando presta
serviços ou fornece materiais. Existem obrigações que são específicas de cada objeto
e deverão ser informadas. São elas:
● Reposição do bem ou serviço prestado ou fornecido em desacordo com o licitado e
o tempo que isso deverá ocorrer;
● Obter licenças junto aos órgãos fiscalizadores;
● Proporcionar materiais, mão-de-obra, ou quaisquer outros artigos necessários ao
cumprimento do objeto licitado;
● Fornecimento de embalagens, fita adesiva, etiqueta, saco plástico, etc;
● Diário de ocorrências para posteriores apurações;
● Utilização de tabelas de órgãos externos; e
● Responsabilizar-se por objetos que lhe sejam entregues.
Deveres do contratante
Assim como existem os deveres do contratado, o setor interessado deverá traçar
aqueles que sejam específicos do objeto licitado: cumprir com as normas constantes
do termo de referência e realizar o pagamento no prazo e plano estipulados.
Procedimento de fiscalização e gerenciamento do contrato
Deverá ser indicada a forma como o contrato será fiscalizado:
● Estabelecer e designar um servidor para acompanhar a entrega do material ou a
prestação do serviço;
● Se a empresa deverá designar preposto para tratar diretamente com o DPRF;
● Estabelecer, se for o caso, rotina para acompanhamento do objeto licitado;
● Citar o que deverá ser observado durante esse acompanhamento; e
● Estabelecer a forma como ocorrerá a comunicação à empresa das ocorrências que
forem constatadas.
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Prazo de execução
Nesse momento serão estabelecidos os prazos para a execução do serviço ou para a
entrega do material atentando para que o prazo seja suficiente para a execução do
objeto licitado, pois, caso contrário, esse prazo poderá ser inviável ou mesmo
limitador da competição.
No momento do estabelecimento dos prazos, deverá se atentar também para aqueles
materiais que possam ser entregues de forma parcelada.
Sanções
Já existem sanções genéricas, ou melhor, aquelas que se aplicam em todas as
licitações e já são formuladas pela Divisão de Licitações. Mas, de acordo com o
objeto desejado e com as exigências específicas e estabelecidas nos tópicos
anteriores, devem ser estabelecidas sanções para as obrigações estabelecidas e não
cumpridas.
Impacto ambiental
Para a elaboração do projeto básico faz-se necessário a discriminação do impacto
que o projeto causará ao meio ambiente. Apesar de muitas vezes, nos casos de
aquisição, não ocorrer qualquer impacto, é exigência da lei esse quesito.
Ação 8692
A verba utilizada pela educação para o trânsito no DPRF é proveniente do programa
de governo denominado Segurança Pública nas Rodovias Federais (código 0663), que
define limite orçamentário para 12 ações integrantes do Plano Plurianual (2008-
2011).
A ação específica é a 8692 criada para promover a “Educação de Trânsito para
Usuários das Rodovias Federais”. Essa ação foi criada para atender às demandas com
educação para o trânsito, e consiste na busca pela conscientização dos cidadãos em
diferentes faixas etárias, quanto aos valores que norteiam atitudes e/ou
comportamentos manifestados na condição de motorista e pedestre.
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O Cadastro Orçamentário de Projetos, Atividades e Operações Especiais – COPA 2008
e 2009 – definiu o limite orçamentário de R$ 200.000,00 para ser repassado para o
desenvolvimento de projetos das regionais e da sede, a ser pago em diárias e
aquisição de material didático, tais como: jogos, livros e brincadeiras que promovam,
por meio de atividades lúdicas, a conscientização dos perigos, noção de espaço
coletivo e convivência humana no trânsito, sempre com ações diretamente voltadas
para o público externo.
Conclusão
Neste módulo, você estudou que …
► A Polícia Rodoviária Federal tem como missão institucional: “Preservar a ordem e
a paz e garantir a segurança e o livre trânsito nas rodovias federais, bem como
prevenir acidentes” e primar pela atuação de forma educativa, buscando sempre
informar para conscientizar.
► A DITRAN – Divisão de Planejamento, Ensino a Distância e Educação para o
Trânsito é a área integrante da Coordenação de Ensino da Sede do DPRF, a qual
pertence a Coordenação-Geral de Recursos Humanos. Ela possui, dentre outras, a
atribuição de planejar, orientar e executar campanhas educativas, seminários e
palestras na área de educação para o trânsito.
► A DITRAN possui a função de elaborar as diretrizes e ações nacionais de educação
para o trânsito e de oferecer suporte às atividades regionais, que são planejadas e
coordenadas pelas Comissões Regionais de Educação de Trânsito (CRETs).
► Qualquer ação (inovadora ou não) deverá ser submetida à apreciação da
DITRAN/COEN/DPRF para sua realização, que considerará aspectos, como
conveniência, interesse, oportunidade, vinculação do projeto à imagem da
instituição.
► Em cada unidade regional da PRF existe uma CRET, que funciona em caráter
permanente e está vinculada, administrativamente, ao superintendente responsável
por nomear seus membros por Portaria.
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► Cada comissão regional é composta de, no mínimo, 3 (três) servidores –
presidente, assistente administrativo e assistente pedagógico – e tem como
finalidade o planejamento e coordenação das atividades de educação para o
trânsito em âmbito regional.
► O Educatran é um sistema utilizado pelas CRETs para informar, periodicamente,
todas as ações educativas de trânsito que são desenvolvidas pelas regionais, onde
são inseridos dados como público-alvo, local, tipo da ação e tema de cada ação
executada.
► Os projetos de educação para o trânsito devem contemplar aspectos éticos e de
cidadania, ampliando o nível de conscientização dos diversos atores do trânsito, para
que adotem atitudes prudentes, compatíveis com as necessidades de segurança de
todos.
► Um projeto de educação de trânsito possui características que o define e deve ser
sempre inspirado nos anseios sociais, já que não diz respeito somente a necessidades
pessoais. Ele compreende reconhecimento da existência de grupos sociais que
ocupam espaço, possuem direitos e deveres e são distintos entre si.
► Um projeto deve constar basicamente os seguintes elementos: identificação,
justificativa, estratégia de implementação, considerações especiais (propostas),
objetivos, beneficiários do projeto, cronograma de execução e orçamento.
► O termo de referência é aplicado na modalidade de pregão, seja ele presencial
ou eletrônico, e servirá apenas para a aquisição de bens ou serviços comuns.
► O projeto básico e o termo de referência, a fim de atender a legislação
pertinente, deverão contemplar os seguintes itens: identificação, objeto,
justificativa, especificações técnicas, orçamento detalhado, definição de
métodos, estratégia de suprimento, valor estimado, cronograma físico financeiro,
critérios de aceitação do objeto, deveres do contratado, deveres do contratante,
procedimento de fiscalização e gerenciamento do contrato, prazo de execução,
sanções e impacto ambiental.
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Referências bibliográficas
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BRASIL, Decreto Presidencial 1.655/95, de 03 de outubro de 1995. Define a
competência da Polícia Rodoviária Federal e dá outras providências.
BRASIL, Departamento Nacional de Trânsito, Educação de Trânsito/Ministério das
Cidades. Supervisão de Juciara Rodrigues. Brasília: DENATRAN, 2006.
BRASIL, Lei n°9.394, 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação. Ministério da educação. Brasília – DF
BRASIL, Lei ° 9.503, 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro. Brasília
– DF.
BRASIL, Portaria n°1.375, de 2 de agosto de 2007 – Regimento Interno da Polícia
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CANO MUNOZ, Isidro. A arte de falar em público: como fazer apresentações
comerciais sem medo. Tradução Marcelo Cintra Barbão. São Paulo: Cengage
Learning, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo:Paz e Terra,1996.
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GOECKS, Rodrigo. Educação de Adultos - Uma abordagem Andragógica.
http://www.andragogia.com.br/
LIBANEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê? Cortez, São Paulo. 8 ed.
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Minas Gerais. Coordenação de Educação de Trânsito. Trânsito - Aprender para a
Vida. Belo Horizonte: O Lutador, 2003.
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PAULUS, Adilson Antônio; WALTER, Edson Luis. Manual de Legislação de Trânsito:
Código de Trânsito Brasileiro Anotado, acompanhado de legislação complementar em
vigor. Santo Ângelo: Palloti, 2007.
TRÂNSITO, Tecnodata. Educação no Trânsito. Curitiba:Tecnodata, 2001.
Apostila do Curso de Treinamento e Desenvolvimento. Assunto: Aspectos da
Administração Pública. Realização em Brasília, Sede do DPRF, 2006.
Apostila do Curso de Formação Profissional. Assunto: Educação e Segurança para
oTrânsito. Brasília, Sede DPRF, 2009.
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão
do conteúdo.
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas
páginas anteriores.
1. Marque a resposta que considerar mais adequada para completar as lacunas:
É vista pela sociedade, e não por acaso, como uma Polícia Cidadã, que acredita na
Educação objeto de _________________, seja com programas e comandos
educativos, seja pela atitude de seus policiais.
É atribuição da DITRAN executar, promover e participar das atividades de orientação
e educação para a segurança do trânsito, bem como desenvolver trabalho contínuo e
permanente de ____________de acidentes de trânsito.
As ações regionais deverão ser submetidas a _________________ da
DITRAN/COEN/DPRF para sua realização, que considerará aspectos como
conveniência, interesse , oportunidade, vinculação do projeto à imagem da
Instituição.
O principal meio de _______________ das Comissões Regionais com a Sede do DPRF
é o Sistema de relatórios eletrônicos, denominado EDUCATRAN.
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( ) prevenção – articulação – apreciação – transformação
( ) articulação – transformação – prevenção – apreciação
( ) transformação – apreciação – articulação – prevenção
( ) transformação - prevenção - apreciação - articulação
2. Marque a resposta que considerar mais adequada para completar as lacunas:
Educar com qualidade implica em estruturar ações coordenadas, predefinidas em
projetos básicos, onde serão utilizados recursos e equipamentos com finalidades
________________ e objetivos bem definidos.
As atividades ______________ oportunizam ao adolescente colocar-se no lugar do
outro, perceber-se como parte integrante de um contexto e remetê-lo à sua própria
realidade.
Identificação, objeto, justificativa, especificações técnicas, orçamento detalhado,
definição de métodos, estratégia de suprimento, valor estimado, cronograma físico
financeiro, critérios de aceitação do objeto, deveres do contratado e do
contratante, são itens que compõem o ____________________ e o
___________________ .
( ) teatrais - lúdico-pedagógicas - projeto Básico - termo de referência
( ) lúdico-pedagógicas – teatrais - projeto básico - termo de referência
( ) lúdico-pedagógicas - Projeto Básico - teatrais - termo de Referência
( ) termo de Referência - lúdico-pedagógicas – teatrais - projeto básico
3. Estão entre as atividades educativas desempenhadas pela PRF:
( ) Shows, carreatas, exposições, feiras e palestras;
( ) Palestras, teatro, exposições, passeatas e comandos educativos;
( ) Simulados de acidentes, palestras, produção de impressos e comandos
educativos;
( ) Exposições, simulados de acidentes, shows e produção de jogos e impressos.
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4. Considerando as partes de um projeto, numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª:
( 1 ) Justificativa
( 2 ) Estratégia de implementação
( 3 ) Considerações especiais
( 4 ) Objetivos
( 5 ) Beneficiários do projeto
( 6 ) Cronograma de execução
( 7 ) Orçamento
( ) Devem ser explicitados elementos essenciais para a compreensão global do
projeto.
( ) São determinadas as datas de início e de término do projeto, intercalando a
previsão de cada ação a ser implementada na proposta.
( ) É a definição clara do que se pretende alcançar com o projeto (objetivo geral) e,
depois, relacionam-se os objetivos específicos, que devem estar relacionados às
atividades propriamente as serem executadas.
( ) Fundamentação objetiva acerca da pertinência e relevância do projeto como
resposta a uma situação problema, decorrente de uma necessidade ou demanda.
( ) Deverá ser descrito o público-alvo direta e indiretamente atingido.
( ) É a descrição das etapas de realização do projeto: sua estrutura, critérios
utilizados na definição do público-alvo, do tema e local.
( ) Deverá englobar despesas com pessoal, viagens, estada, alimentação, transporte,
instalações, equipamentos, materiais de consumo, publicações, equipamentos de
informática.
Este é o final do módulo 3 - O DPRF e a educação para o trânsito
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Gabarito.
1. transformação - prevenção - apreciação - articulação
2. lúdico-pedagógicas – teatrais - projeto básico - termo de referência
3. Simulados de acidentes, palestras, produção de impressos e comandos educativos;
4. 3-6-4-1-5-2-7
Anexo
O TEATRO EDUCATIVO
Rubiane Pereira Bezerra1
O Teatro na Educação mostra-se como valioso instrumento Pedagógico, pois consiste
em estimular no contexto escolar a aplicação das técnicas de teatro na comunicação e
internalização do conhecimento. Esteja o aluno como espectador ou como figurante, o
Teatro é um poderoso meio para gravar na sua memória um determinado tema, ou
para levá-lo, através de um impacto emocional, a refletir sobre determinada questão
moral.
O enfoque aqui adotado é o da preocupação com o comportamento social e moral do
jovem psicologicamente normal, não apenas apto mas também desejoso de um
aprendizado de valores como cidadania, solidariedade, de aspectos psicológicos do
comportamento, de conscientização da humanização no trânsito, no trato com
pessoas, etc. A abordagem de variados temas de forma teatral constitui elemento
decisivo para a Formação Comportamental.
O projeto FETRAN supera a modalidade de teatro escolar, uma vez que amplia sua
área de atuação à sociedade como um todo. Sua temática atual tem despertado o
interesse das autoridades e da comunidade em geral, que percebe na atuação do
adolescente uma oportunidade única de crescimento e maturidade nas questões que
envolvem o trânsito. A natureza participativa deste tipo de evento propicia aos
estudantes viver diferentes personagens em situações do cotidiano, favorecendo o
desenvolvimento de esquemas mentais e padrões corporais diversos através das
1 Policial Rodoviário Federal – Divisão de Planejamento, Ensino a distância e Educação para o Trânsito.
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constantes reflexões sucitadas.
O Projeto Festival Temático – Teatro para o Trânsito ensina divertindo. São ações que
mostram as reais conseqüências da generosidade e também da maldade são sempre
vistas com interesse e sempre lembradas. Destaca especial importância na atuação
dos adolescentes em papéis principais e secundários, levando-os a perceber a
dinâmica existente nas relações humanas e o valor de cada personagem no contexto
vivenciado. Essa percepção favorece o senso de equipe e a auto-estima, trabalha
variados aspectos da personalidade, tais como liderança, autonomia, resiliência,
humildade, bem como para interpretar um personagem secundário, que muitas vezes
requer maior a habilidade e desenvoltura que um papel principal.
O trabalho com teatro propicia a quebra de poder de grupos dominantes na turma. A
atividade teatral, devido a seu caráter absorvente, auxilia a dirimir conflitos que
porventura possam existir entre as lideranças; e torna valioso o trabalho com o
conteúdo emocional presentes nas relações de liderança no contexto trânsito, uma vez
que oportuniza ao adolescente colocar-se no lugar do outro, perceber-se como parte
integrante desse contexto e remetê-los à sua própria realidade. O Educador também
percebe uma maior facilidade na dirimição desses conflitos. Em sala de aula a
concentração desses adolescentes, bem como a disciplina é facilmente estabelecida.
Além dessas vantagens, está a valiosa contribuição do FETRAN como forma de
incentivo a adoção de hábitos de leitura de novas fontes literárias; tendo como
conseqüência a busca de inspirações pelo adolescente nas literaturas de teatro
clássico; com isso, amplia sua bagagem cultural além de trazer como consequencia o
aumento do ingresso no nível superior na área das artes cênicas.