Empregabilidade · 2010-01-11 · Empregabilidade e busca pela qualificação Agosto de 2009 Ano I...

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Empregabilidade e busca pela qualificação Agosto de 2009 Ano I nº 2 Projeto “Empresas do Ano” estimula alunos do IBES IPESU realiza Ciclo de Palestras Alunos fazem visitas técnicas Feira reúne educação e cultura

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Empregabilidade e busca pela qualificação

Agosto de 2009 Ano I nº 2

Projeto “Empresas do Ano” estimula alunos do IBES

IPESU realiza Ciclo de Palestras

Alunos fazem visitas técnicas

Feira reúne educação e cultura

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EDITORIAL

Produção Editorial – Full Time Comunicação e Marketing(85) 3246-0188/1978 – fulltimecomunicaçã[email protected] Jornalista Responsável – Cleide Castro (MTb 372/GO)Projeto Gráfico/Diagramação - Gaspar Pereira da CruzImpressão – Gráfica ...Tiragem – 50.000 exemplares

OPINIÃO

Sociedade do Conhecimento, Educação e Emprego

A afirmação dos Centros Universitários, como forma alternativa de organização institucional do ensino superior, com vocação para a formação de quadros profissionais foi, claramente, comprometida pelo fato de que eles foram submetidos ao mesmo processo de supervisão, acompanhamento e avaliação das instituições ditas universitárias. Isto fez com que se estabelecesse uma visão distorcida de suas caracte-rísticas, potencialidades e responsabilidades.A discussão e a formulação das novas diretrizes curriculares das carreiras acadêmicas, por sua vez, deixaram a desejar, pois, em grande medida, preva-leceu uma visão estreita e conservadora, que refletia o ponto de vista das corporações profissionais. Os avanços neste campo ficaram muito aquém do que se imaginou na LDB.A grande novidade e a verdadeira transformação se deram com o surgimento dos cursos de graduação de curta duração. Questionados, num primeiro momento, esses cursos mostram, hoje, o alcance de uma idéia transformadora. A graduação de curta duração, especialmente em seu formato de cursos de tecnólogos, assumiu o sentido de uma busca criativa de alternativas de formação superior atentas ao dina-mismo do mercado de trabalho e à especificidade de uma demanda muito variada em suas expectativas. Eles oferecem oportunidades reais e quase imedia-tas de inserção no mercado de trabalho para seus egressos, pois combinam o aprendizado pragmático e voltado a condições concretas de trabalho com o domínio sobre instrumentos de empreendedorismo, e das modernas técnicas de informação.Esse é o campo verdadeiro de experimentação e inovação pretendido pela LDB. Seus objetivos são claros: aumentar as chances dos estudantes de uma inserção no mercado de trabalho e, ao mesmo tem-po, estabelecer as bases de uma formação que pode aperfeiçoar-se constantemente. As instituições líderes na oferta dessa graduação de curta duração sabem que sua responsabilidade é grande e que o compro-misso com seus estudantes precisa se renovar, a cada dia, num relacionamento de mútuo aprendizado e capacidade de permanente inovação._________________________________________

Professor Asssociado do Depto. de Ciência Política da UFRGS; Ex-Presidente da CAPES e Ex-Secretário de

Educação Superior do MEC

expressão sociedade do conhecimento é uma dessas expressões que ganham ampla utilização mesmo que seu conteúdo seja pouco preciso. Neste artigo, entende-se por sociedade do

conhecimento aquele estágio de desenvolvimento sócio-econômico em que as atividades produtivas, a concorrência e a gestão dos assuntos públicos e privados dependem cada vez mais do domínio da ciência e da tecnologia avançada.Nesse sentido, ela reporta a uma realidade inquestionável e que se apresenta como desafio e possibilidade, tanto para os países desenvolvidos como para os emergentes ou subdesenvolvidos. Toda a estratégia de desenvolvimento deve alicerçar-se na ampliação da capacidade de pesquisa científica e tecnológica, na escolarização crescente da população e na inovação tecnológica.As consequências são evidentes para as políticas edu-cacionais e podem ser analisadas em três planos. Em primeiro lugar, tem-se necessidade de reforçar o ensino de ciências e de noções de tecnologia no ensino básico. O domínio dos conhecimentos e das ferramentas nessas áreas e a compreensão pragmática de seus usos e sua evo-lução, transcendem fronteiras disciplinares e os espaços convencionais da formação de recursos humanos. Ele é condição essencial da educação em geral e da formação dos recursos humanos em nosso tempo. Em segundo lugar, as políticas públicas e privadas para o ensino superior, governamentais e institucionais, devem considerar estruturalmente a idéia da educação continu-ada. O velho ditado “educação para toda a vida” vem sendo progressivamente substituído por outro: “educação por toda a vida”. Em terceiro lugar, é imperiosa uma revisão completa e ampla das estruturas curriculares das carreiras de ensino superior convencionais, bem como a prospecção de novas alternativas e tendências mais de acordo com as exigências do mercado e as expectativas das populações jovens. É imprescindível, também, o reforço dos conteúdos de formação, referentes ao domínio das novas tecnologias de comunicação e informação. Neste pequeno artigo, interessa-me elaborar sobre esse ultimo ponto. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB) deu ênfase a dois pontos muito importantes: a dife-renciação dos modelos de organização da oferta do ensino superior e a necessidade de atualização das estruturas curriculares, uma vez que extinguia o currículo mínimo das carreiras acadêmicas. Reconhecia, assim, que era impostergável a modernização de nosso ensino superior e que este, cada vez mais, precisava mostrar flexibilidade e capacidade de inovação para fazer frente ao processo de transformações da sociedade como um todo. Em decorrência do disposto na lei, foram criadas, de um lado, os Centros Universitários e os Institutos Superiores de Educação, destinados à formação de professores do ensino básico, que tiveram vida efêmera e, de outro lado, realizaram-se a discussão e a formulação de novas diretri-zes curriculares para o conjunto das carreiras acadêmicas e instituíram-se os cursos de graduação de curta duração, como os sequenciais ou de tecnólogos.

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Belém – Renata Parente Brasília – Pedro Martins Fortaleza – Júlio Oliveira Goiânia – Luciana Chaveiro João Pessoa – Roncalli Bezerra

Maceió – Patrícia Angeiras Recife – Izabel Medeiros Salvador – Andréa Passos Teresina – Larissa Carneiro

CooRDEnaDoREs REGIonaIs

Empregabilidade. Esse é o tema que abre a segunda edição do Informa-tivo “Aqui você Pode”. O destaque se justifica pela necessidade, imposta pelo mercado, ao profissional que deseja ter espaço no mundo corporativo. E esta é uma preocupação não apenas dos que estão saindo das escolas e buscam inser-ção no mercado de trabalho. O assunto também está na agenda (ou pelo menos deveria) de quem está com a carreira estagnada ou procura novos desafios profissionais. Foi na perspectiva de suprir eventuais lacunas, bem como de apresen-tar alternativas objetivas e rápidas para o desenvolvimento de competências, comparativamente à graduação formal, que o mercado educacional evoluiu para os cursos de curta duração. Por ser mais recente, essa modalidade de curso conta com diretrizes curriculares que permitem a formação de um profissional capaz de suprir as novas demandas geradas pelo mercado. Além desse assunto de capa, discutido por um especialista, o consultor Marcos Lima, com os seus mais de 20 anos de experiência em gestão organizacional e de pessoas, estratégias e processos, outras matérias de interesse do nosso público estão presentes nessa edição. Numa panorâmica das atividades desenvolvidas pelas unidades, no primeiro semestre, destacamos ciclos de palestras, visitas técnicas, eventos culturais, feiras e iniciativas solidárias e no campo do empreendedorismo. Outras abordagens de conteúdo aprofundado também podem ser encontradas no espaço de opinião, onde o professor Abílio Afonso Baeta Neves fala sobre “Sociedade do Conhecimento, Educação e Emprego”. Temas mais abrangentes também estão na pauta da entrevista com o presidente do Tribunal de Contas da União, Ubiratan Aguiar, um entusiasta da educação - setor em que iniciou sua trajetória profissional e objeto de alguns livros por ele publicados. Confira tudo nas próximas páginas e faça como Josenildo Silva, que participou de um intercâmbio e contribui com a elabo-ração dessa edição. Boa Leitura!

Abílio Afonso Baeta Neves

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Empregabilidade e a busca pela qualificação

M

CAPA

as quais são as causas desse quadro desalenta-dor? Com a autoridade

de quem atua a mais de 20 anos em projetos de gestão organizacional, particularmente, gestão de pessoas, estratégia e processos, o consultor Marcos Lima diz que faltam candi-datos qualificados e não tem dúvida de que a causa está no “sistema de formação escolar-profissional e universitária, que não está conse-guindo acompanhar a velocidade de expansão do surgimento de novas especializações, cargos e/ou funções nas organizações”. Segundo ele, estima-se em 12 mil o número de especializações e funções existentes na sociedade atual, e os cursos de graduação e pós-graduação não atendem a esta demanda.

Nesse cenário, ganha destaque o domínio de novas competências, apontado como indispensável para a elevação do nível de empregabi-lidade do profissional. A propósito, vale lembrar, que o termo emprega-bilidade, a pesar de bem conhecido, é recente. Seu surgimento, conforme o professor Marcos Lima, data dos anos 90 e significa, no universo orga-nizacional, “a capacidade desenvol-vida pelo profissional para adaptar-se rapidamente à dinâmica realidade do mercado”. Não é por acaso que, nesse período, começaram a ganhar força os cursos de curta duração nas modalidades sequenciais e tec-nológicos, cujo principal diferencial é a formação específica. Ou seja, a alternativa na medida certa para quem precisa encarar, de frente, essa realidade do mercado, considerando que “a empregabilidade está for-temente vinculada ao conceito de

competências profissionais e compe-tência começa pelo conhecimento”, pondera Lima.

De acordo com estatísticas o Ministé-rio da Educação (MEC), entre os anos de 1994 e 2004, a oferta de cursos tecnológicos cresceu 591,19% no Brasil, enquanto o desempenho de todo conjunto de cursos superiores, no mesmo período, ficou no patamar de 234%. Além disso, entre 2004 e 2006, o crescimento dos cursos tec-nológicos foi de 96,67%. Assim, não seria nenhum exagero afirmar que há uma tendência ainda crescente desta modalidade de curso.Mesmo com essa performance, tere-

mos a quantidade de profissionais na qualidade necessária para atender ao mercado? O consultor Marcos Lima indaga e, ao mesmo tempo, res-ponde que não, porque “a falta de candidatos é causada pelo sistema de formação, que tem características milenares e conservadoras para mu-danças nos seus paradigmas curricu-lares e pedagógicos”. Sem demérito aos cursos da graduação tradicional

– a responsável pelos maiores inves-timentos em pesquisas essenciais para o desenvolvimento do conhe-cimento, conforme reconhecem, inclusive os modernos investidores da área educacional - neste aspecto, os cursos de curta duração também se diferenciam positivamente. O que ocorre, segundo quem é do ramo, é que por serem mais recen-tes, foram criados e tiveram suas diretrizes curriculares desenvolvidas para preparar profissionais voltados, exatamente, para as novas funções criadas pelo mercado. Vale lembrar que os primeiros cursos desta mo-dalidade surgiram, justamente, no segmento de tecnologia, onde a criação de novas funções apresenta maior dinamismo.

No tocante à qualidade do profissio-nal disputado pelo mercado, Marcos Lima diz que a formação acadêmica, mais do que importante, é estraté-gica para a conquista de melhores níveis de empregabilidade. E vai além: “o bom profissional é aquele dotado de competências desenvol-vidas na sua área de atuação, que se atualiza constantemente e que tem a capacidade de aprender a aprender sempre aberta”. Embasado em pesquisas científicas, ele diz que quanto maior o nível de formação, maior é a possibilidade de emprego e, consequentemente, de salários mais elevados. Isso é válido, segundo Lima, principalmente para o Brasil, que apresenta alta desigualdade educacional. Conforme dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômi-ca Aplicada), publicados pelo jornal “O Estado de São Paulo”, o salário médio dos que têm o superior com-pleto supera, no Brasil, em 474% o

daqueles que apenas completaram o ensino fundamental. Enquanto isso, nos Estados Unidos, quem cursou a graduação ganha, em média, 76% mais do que o trabalhador que tem apenas a instrução primária.

Sobre os cursos superiores de curta duração, Lima diz que eles são neces-sários e importantes, principalmente num quadro de economia global e dinâmica, porque permitem maior flexibilidade na aquisição de compe-tências. Na avaliação consultor, esses cursos apresentam vantagens, inclu-sive, “para os profissionais que já dispõem de algumas competências, que estão ou estiveram no mercado de trabalho, e que precisam atingir a escolaridade superior”, porque ampliam competitividade e os níveis de empregabilidade.

Muita gente fora do mercado de trabalho e vagas que não são preenchidas. O que, num primeiro mo-mento, parece ser uma incongruência, revela-se algo mais comum do que se imagina nos dias atuais. Os milhares de profissionais formados, a cada semestre, pelas instituições de nível superior e outros tantos, que estão com suas carreiras estagnadas, mas à procura de novos desafios profissionais, conhecem bem essa realidade

O bom profissional é

aquele dotado de com-

petências desenvolvidas

na sua área de atuação,

que se atualiza cons-

tantemente e que tem

a capacidade de apren-

der a aprender sempre

aberta.

Lima: “formação é estratégica”

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O Ciclo de Palestras IPESU/IPEC 2009.1 movimentou as unidades Anglo Cordeiro e Espinheiro, em Recife, nos dias 24 de abril e 15 de maio, respectivamente – com promoção de 26 eventos e diversos temas voltados para o mercado de trabalho. A programação, organizado pelos coordenadores de curso, professores e direção geral, “foi bem recebida pelos alunos, que acompanharam ativamente todos os debates”, informa a coordenadora regional Izabel Medeiros.

Na unidade Anglo Cordeiro, os alunos conferiram 11 temas, que incluíram patrocínio cultural, ouvidoria, gestão e administração, responsabi-lidade social empresarial, publicidade, assédio moral, direito do consumidor e planejamento estratégico pessoal. Já no Espinheiro foram discutidos assuntos como empreendedorismo, língua portuguesa, gerenciamento de saúde no serviço público, tomada de decisão, gestão e atendimento, produção acadêmica, desenvolvimento sustentável e vendas.

O Ciclo de Palestras teve o apoio e parceria do SEBRAE-PE. Além de profissionais especialmente convidados, o evento contou também com a participação de professores da casa e da ex-aluna Morgana Leão, do curso de Turismo Receptivo, formada em 2007.2 e que falou sobre desenvolvi-mento sustentável.

IPESU realiza Ciclo de Palestras

“Forró dos Marketeiros” reúne mais de 800 participantes

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PALESTRAS

Uma avaliação de disciplina, que se transformou num grande evento, reunindo mais de 800 alunos da UNIP, IBES e ISEC. Assim foi o “Forró dos Marketeiros” – uma realização dos formandos do curso de Gestão de Marketing da UNIP, como requisito de ava-liação da disciplina de Marketing Esportivo e Cultural, ministrada pela professora Beatriz Pereira. O evento aconteceu na noite de 10 de junho, na quadra poliesportiva do Colégio Rio Branco, no bairro Cabula, em Salvador.

Voltada para a valorização da cultura nordestina e a solidarieda-de, a festa teve como ingresso 1 kg de alimento não-perecível.

“Foi arrecada meia tonelada de alimentos, que foram doados à insti-tuição Criar e Crescer – Guerreiros da Paz, que atende moradores de rua e atua no combate à fome e à exclusão social”, diz a coordenadora regional Andréa Passos. “E como o marketing cultural se realiza por meio de apoio e patrocínio, o evento contou com quatro grandes empresas de Sal-vador”, complementa a professora Beatriz Pereira.

O “Forró Solidário” teve cardá-pio de comida típica, degustação de licor, além de ambiente decorado com motivos juninos. A animação musical ficou por conta da banda Chuchu Beleza, que já foi destaque, inclusive, no programa “Domingão

do Faustão” (Rede Globo). No reper-tório dos músicos, sucessos próprios e clássicos do ritmo nordestino.

Alunos fazem visitas técnicas

PRÁTICA

A atividade prática profissional está na pauta da Faculdade Objetivo. Em abril e maio últimos, os alunos do curso de Gestão Hospitalar fizeram visitas técnicas ao Hospital da Polícia Militar, em Goiânia, sob orientação da profes-sora Geruza Fernandes Oliveira.

“Vale ressaltar que o hospital possui colaboradores que também são alunos da faculdade, que buscaram o curso diante da necessidade de pro-fissionalização para o mercado da área hospitalar”, observa a coordenadora regional Luciana Chaveiro.

Durante as visitas, os alunos puderam conferir como uma boa gestão é fundamental para que as em-presas gerem bons resultados. A programação constou de palestra sobre faturamento e os serviços oferecidos pelo hospital, além de visitas a todos os setores, conhecendo as equipes e suas respectivas funções.

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ENTREVISTA

“A raiz dos problemas está na base educacional”Formado em Ciências Jurídicas e Sociais, foi deputado federal constituinte, vereador, deputado estadual e Secretário de Educação do Ceará - seu Estado de origem. Atualmente, preside o Tribunal de Contas da União (TCU), cuja função é fiscalizar a aplicação dos recursos públicos pelo governo federal, mas revela uma “paixão especial” pela educação. “Tive oportunidade de atuar e conviver com pessoas referenciais nessa área, bem como escrever meia dúzia de livros ligados ao tema”, diz esse entusiasta das ideias de educadores como Paulo Freire, Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes, entre outros. Trata-se de Ubiratan Aguiar, que começou na educação aos 14 anos, “ensinando numa igreja batista”. Foi professor de português em colégios particulares e “cursinhos”; e de Direito Constitucional. Amante da literatura diz que “a parte mais gostosa” é a poesia, onde se destaca com três livros e “muitos versos transformados em músicas”, com parceiros como Manassés, Dominguinhos, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Nonato Luís, Ednardo, Amelinha, Waldonys e João Donato. Nessa entrevista, uma mostra das reflexões de Ubiratan Aguiar sobre a educação no Brasil.

Que opinião o senhor tem sobre a educação no País? É preciso repensar a educação, por-que a raiz dos problemas nacionais está na base educacional. Educação, para muitos é ensino. Ledo engano: ensino é um veio tão importante quanto a formação. Do que adian-ta formar uma pessoa, graduá-la, pós-graduá-la, dá-lhe um título de doutor, um pós-doutorado, se a ela não forem dados os valores éticos, morais, de família, de crença religio-sa? Você vai ter um profissional, mas não um cidadão. Hoje, os maiores escândalos envolvem graduados; pessoas que atingiram os níveis mais elevados do saber. Então, há de se discutir a educação. Ou paramos para discutir o que fazer em termos de educação no País, ou viveremos um eterno círculo vicioso: os proble-mas acontecendo e sem soluções.

Esse assunto está na pauta dos governantes?Vivemos num país em que, para se destinar recursos para educação é preciso travar uma guerra. Foi pre-ciso uma guerra, para que a Cons-tituição consagrasse um percentual mínimo, junto aos estados, muni-cípios e à União, para a educação, porque não havia um imperativo de consciência nesse sentido. Inúmeros educadores defendem uma escola em tempo integral, para ensinar e formar. Mas não há recursos para esse tipo de escola. Então, esse problema tem que ser discutido imediatamente.

Quais as consequências disso?É criminoso o que está acontecendo com a educação no Brasil. Hoje, in-formação é fonte de poder. Então, a inclusão digital é imperativa. Não se diz que todos são iguais perante a lei? Então, é necessário ampliar o acesso aos laboratórios de infor-mática, para que não formemos uma nação de desiguais e é preciso ver a escola como a referência da reabilitação nacional.

Como enfrentar esse problema?As coisas vão acontecendo e as pessoas vão se acomodando. As mulheres foram para o mercado de trabalho, devido a uma contin-gência natural da vida: precisavam ajudar no sustento das famílias. Ainda que de uma forma empírica, elas faziam uma formação. Para os valores morais, eram as mães, as mulheres, que contribuíam. Quando elas saíram para trabalhar, quem ficou com o encargo foram as ruas e, mais recentemente, as salas de bate-papo na internet. A sociedade simplesmente calou-se numa omissão criminosa. A gente tem a mania de jogar a culpa no governo, mas o governo somos nós. Há um silêncio, uma passividade, uma imobilidade.

Isso é cultural?Eu não gostaria de dizer isso, mas é. Essa passividade remonta ao ho-mem do campo, que dizia: “é por-que Deus quis”. Não. Deus não quis a miséria, nem a desgraça. Foram os fatos que foram acontecendo e nós

fomos ficando calados, vendo o tra-tamento desigual entre regiões no Brasil, sempre fortalecendo o Sul e o Sudeste, em detrimento das demais. A distorção na economia, com as indústrias sendo encaminhadas para as mesmas regiões e, por decorrên-cia, os grandes centros – de comu-nicação, de cultura, de economia – também estão lá. A Constituição diz que, anualmente, os orçamentos têm que contemplar recursos para corrigir as desigualdades. Peça de ficção. Às vezes dá uma desespe-rança na alma da gente, mas nessa hora tem que se fazer como um rio encachoeirado, que na queda ganha energia, força. Vamos usar esses argumentos como combustí-vel para uma guerra santa em favor da educação. Porque politizando, formando nosso povo, acabamos com o câncer da corrupção e todas essas mazelas da violência, filha da injustiça social, filha da fome. Por isso que o núcleo central chama-se educação.

Como analisar a ética no País?É preciso resgatar conteúdos que estão ausentes das escolas. Hoje o país entende educação apenas como ensino. Ela é mais que isso: é ensino e formação. O ensino oferece os conteúdos teóricos e práticos, a doutrina e a profissionalização. Mas é a formação que dá cidadania, atra-vés dos conteúdos éticos, morais, de família, de pátria e de crença religiosa. Então, nós temos bons profissionais, mas poucos cidadãos. Por isso, a maioria dos casos de corrupção

resulta de desvios de conduta. Não tem analfabetos à frente dos grandes escândalos. Então, o problema está na raiz educacional, que deve ser atacada. Dois elos fazem a grande diferença na humanidade: o ser e o ter. Se você busca ser, o ter virá como consequência. Agora, se você elege o ter como seu Deus, dificilmente você será. Então, eu vejo uma necessidade muito grande de consagramos outros valores, outros conteúdos, dentro do modelo educacional brasileiro.

o senhor participou da LDB. Como avaliar as mudanças que aconte-ceram de lá para cá?Negar que há avanços seria ser sec-tário. Houve avanços, realmente. Mas as coisas têm sido muito lentas para um país que quer ser uma das maiores economias do mundo. Nos últimos anos, houve um incremento maior de escolas de formação técnica. Mas esse processo está muito lento. A Lei de Diretrizes e Bases traçou leis políticas de longa educação – porque a educação não pode ser feita de improviso.

Como o senhor vê a discussão so-bre cotas nas universidades?Só deve existir uma cota: a do conhe-cimento e do preparo intelectual. Esse é o princípio e que os despossuídos possam obter o mesmo conheci-mento que os outros obtêm. Então, a competência é o princípio, mas dando atenção àqueles que precisam de emprego, de renda, de dignidade de vida. Competência, mas não em razão de sexo, de cor ...

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Ubiratan Aguiar: “é preciso repensar a educação”

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EVENTOS

Feira promove educação e cultura na UNIP Belém

Projeto “Empresas do Ano” estimula alunos do IBES

Campanha Coordenação, funcionários

e alunos das unidades Delta e Expoves da Faculdade Objetivo (Goiânia), fizeram a entrega de 5 mil quilos de alimentos não-perecíveis ao projeto “Trazendo Boas Novas” – coordenado pela Assembléia de Deus do Planalto Central, que ampara comunida-des carentes da região. A campa-nha de arrecadação aconteceu no período de 5 a 15 de junho.

Campeã A sede Bancários do INPER parabeniza a

aluna Nayara Karla de Lima Santos. Ela obteve o primeiro lugar, na modalidade Faixa Verde Es-cura 5º Gub, no 3º Campeonato Norte-Nordeste Universitário de Taekwondo, realizado no Ginásio de Esporte do Valentina de Figueiredo, em João Pessoa. A vitória colocou o INPER no quinto lugar geral do campeonato, entre 12 outras instituições. Nayara é aluna de Gestão Empresarial e tem 21 anos; é bi-campeã do Campeonato Paraibano de Taekwondo Interestilos; e vice-campeã da Copa do Brasil 2008.

EncontroEsporte, congraçamento e alegria

marcaram o Encontro Regional do Se-mestre da FAA, IESA e IMEC, realizado no Espaço Esportivo Canarinho, em Maceió, dia 16 de maio. Cerca de 500 alunos das três unidades prestigiaram o evento – pagando o “ingresso” de 1 kg de alimento não perecível – e

conferiram a atuação dos colegas em 12 equipes de futebol.

PrêmioEm maio, por voto popular, a UNIP foi indicada na categoria “Ins-

tituição de Ensino Superior/Universidade” ao Prêmio ORM/ACP 2008 – conhecido como o “Oscar Empresarial Paraense”. Concedido pelas Organizações Rômulo Maiorana e pela Associação Comercial do Pará, o prêmio tem como objetivo estimular o desempenho de produtos e serviços, consagrar marcas e expressar a consagração popular.

DireitosAssunto estratégico no meio cultural, o direito

autoral foi tema de seminário nas unidades IBES e ISEC do São Rafael, dia 30 de abril, em Salvador. Para falar sobre a importância do assunto na valorização do artista e de como o Governo Federal trata a matéria, foi convidado o cantor Tonho Matéria – um dos mais prestigiados compositores da Bahia, integrante da Banda Olodum e idealizador da Associação Cultural de Capoeira, que trabalha a integração social de 400 crianças, adolescentes e adultos. O seminário, ideali-zado pela professora Diângela Paiva, envolveu os alunos dos cursos tecnológicos do IBES e bachare-lado do ISEC.

Com o tema “O papel da Educação na Humanização”, alunos e professores do curso de Pedagogia da UNIP, unidade Nazaré, realizaram, em 19 de junho, a 2ª Feira Pedagógica – um espaço para exposição de trabalhos dos discentes nos temas saúde e educação, meio ambiente e cidadania, cultura paraense, livros infantis, livros vivos, reciclagem, lendas, animais em extinção, educação indígena e música como elemento de aprendizagem.

“Ao longo do semestre, vários grupos de alunos apresentaram trabalhos em sala de aula. Como o resultado foi muito bom, os professores do curso resol-veram promover a feira, a fim de que todos os alunos de Pedagogia pudessem ter acesso ao material apresentado”, explica a coordenadora regional da UNIP em Belém, Renata Parente. A programação contou com leitura de textos, shows de danças paraenses e exposição de trabalhos.

O Projeto “Empresas do Ano” – integrante da disciplina Fundamentos de Administração, do IBES, 1º Semestre, mostrou, na prática, como montar uma empresa. A iniciativa foi apresentada dia 6 de maio, durante uma feira, realizada na quadra do Colégio Rio Branco, em Salvador, que destacou vários empreen-dimentos criados pelos alunos,

“O projeto foi todo formatado em sala de aula, buscando desenvolver nos alunos uma visão empreendedora – que envolve a percepção do ambiente, identificação de oportunidades e estar pronto para assumir os riscos e aprender com os erros”, informa a professora da disciplina, Diângela Paiva.

O público que conferiu o evento – mais de 800 alunos da IBES e UNIP – foi orientado sobre como montar uma empresa e definir missão, visão, objetivos de cada negócio, estrutura organizacional, planos de operações

administrativo, financeiro e de marketing. Ao final, a empresa “Splash Doce” foi eleita como destaque do Projeto.

NOTAS

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BATE-PAPO COM O ALUNO

“Agreguei qualidades pessoais e profissionais”

Josenildo Freire da Silva

Josenildo Freire da Silva – estudante do quarto período do curso de Comércio Exterior, no IPESU – viajou, em 2007, pela primeira vez para fora de Pernambuco e do Brasil. Ele foi o único pernambucano selecionado, entre 13 estu-dantes, pela Comissão Fulbright Brasil para o Community College Summit Initiative Program – programa que oferece bolsas de estudos para brasileiros de baixa renda, estudantes de graduação nas áreas de engenharia, administração, informática e turismo. O intercâmbio, viabilizado a partir de parceria entre o IPESU e a Fulbright Brasil, durou 15 meses e permitiu a Josenildo, que se forma no fim desse ano, ter acesso a uma bolsa de estudos na área de business managment, no Hillsborough Comunity Col-lege, localizado na cidade de Tampa, na Flórida (Estados Unidos). Os community colleges são institu-ições de ensino superior de formação focada na prática profissional, com o objetivo de suprir o mercado de trabalho com profissionais dedicados à carreira tecnológica. Além disso, os alunos têm oportunidade de aprender um idioma durante a permanência no País, com o aproveitamento de créditos para sua fac-uldade de origem. O Programa Fulbright proporciona intercâmbio educacional entre os Estados Unidos e outros países, como o Brasil, a fim de promover o estudo no exterior, conhecimento de novas culturas e estreitamento de laços de relacionamento. Pela parceria, duas instituições do grupo “Aqui você Pode” foram convidadas pela Fulbright a indicar alunos para o processo seletivo: o IPESU e o IBES.

New contra-cultura

Apoena Augusto*

Não dá para se queixar, pois a culpa também é dos marqueteiros e publi-citários, estes, por sinal, sempre com o nariz retorcido quando são chama-dos pelo termo que identifica uma atividade ainda mal compreendida no mercado. De fato, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como disse aquele ministro.

De tempos em tempos, vale lembrar, com espaços entre eles cada vez mais curtos, surgem movimentos que, de alguma forma, tentam subverter a cultura consumista imposta pelo capitalismo e, porque não, pelo

Você já tinha tido outra experiência no exterior antes? Nunca tinha saído sequer do estado onde vivo, que é Pernambuco. Essa foi minha primeira experiência no Exterior... e fui logo para os Estados Unidos!

Houve oportunidade de emprego no local onde você estava residindo?Não poderíamos trabalhar nos Estados Unidos. Essa era uma das regras do pro-grama e também uma condição para a obtenção do visto de entrada no país.

Que benefícios essa experiência lhe proporcionou?Estudar fora me permitiu conhecer outras culturas, além de outro sistema financei-ro além do brasileiro.

Como foi sua convivência com pes-soas de culturas diferentes da sua? No início, nada foi fácil. Mas, com o tem-po, fui percebendo que podemos convi-ver todos em harmonia, respeitando um aos outros. Aprendi muito sobre suas culturas e também mostrei um pouco do Brasil para as pessoas que conheci.

Quais as principais dificuldades enfrentadas durante o curso?A falta dos familiares é, sem dúvida, o que mais pesa na parte emocional. Eu chorava muito e sentia muita falta deles. A língua, para quem não fala inglês fluentemente, era outro grande problema. Mas ao restante, incluindo comida, o clima e a cultura, foi fácil me adaptar.

Que outros fatores positivos você destacaria nessa experiência?

Agreguei muitas qualidades como pes-soa, mas, principalmente, como pro-fissional. Hoje, falo inglês como se estivesse conversando no meu próprio idioma.

Você indicaria “sua” faculdade para outros alunos?Sim, acredito muito na IPESU. Devo essa experiência muito à faculdade. A instituição me deu suporte o tempo todo. Gostaria inclusive de agradecer a todos aqueles que acreditaram no meu potencial.

AR

TIG

O

socialismo cada vez mais ávido em comprar, comprar e comprar seja lá o que for.

São grupos antipropaganda, anti-marketing, antiglobalização, anti-qualquer coisa que possa significar a conquista de um pouco mais de conforto e satisfação pessoais, por mais irrelevantes que sejam, é claro dependendo do ponto de vista de cada pessoa.

Para eles, tudo é motivo para pro-testos pelas ruas, correntes no cyber mundo e até, em alguns casos, o sempre injustificável vandalismo.

Pois é nesse contexto que surgiu na “terra do Tio Sam”, sempre ele, o no-shopping. Essa turma, que provavelmente também poderia ser chamada de no-money, já conta com mais de oito mil seguidores prontos a colocar o hot dog na rua contra o consumismo desenfreado e os excessos da sociedade, segundo

seus princípios.De acordo com uma matéria no influente Guardian, os no-shoppers pregam algumas regras sem dúvida relevantes para os dias atuais como privilegiar a reciclagem, tentar mi-nimizar o impacto do consumo no meio ambiente, privilegiar produções regionais, artesanais e familiares e cortar os excessos em casa para simplificar a vida.

O problema é que, para isso, é neces-sário não comprar produtos novos, apenas reaproveitar os usados. As ex-ceções são, entre outras, comida, be-bida, remédios, produtos de limpeza, meias, pijamas e roupas de baixo. Se comprar produtos novos movimenta a economia e gera riquezas e empregos para eles mesmos, isso não parece fazer muita diferença.

Já na França, um movimento se-melhante afirma que é necessário “libertar-se da televisão, mídia da pas-sividade e da submissão”; do automó-

vel, que “inexoravelmente conduz ao suicídio ecológico”; recusar-se a andar de avião, que “artificializa nossa relação com a distância”; e se libertar do telefone celular e do forno de microondas, além de comer pouca carne e privilegiar produtos locais.

É pouco provável que grupos extre-mistas como esses tenham eco por muito tempo, afinal, fazer umas comprinhas, de vez em quando, chega a ter um efeito, até certo ponto, terapêutico. Poucos escapam de sentir essa sensação. No máximo, esses ativistas rendem pauta à mídia. O ponto positivo é que ajudam a manter acesa a chama da preocupa-ção com o meio ambiente. Isso sim, é importante.

_______________________________Professor da UNIP-Belém, consultor

administrador com MBA em Marketing, pela

Escola Superior de Propaganda e Marketing (RJ) .

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