enfermagem historia competencias

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Enfermagem é a arte de cuidar e a ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano , individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe atividades de promoção, proteção, prevenção, reabilitação e recuperação da saúde. O conhecimento que fundamenta o cuidado de enfermagem deve ser construído na intersecção entre a filosofia, que responde à grande questão existêncial do homem, a ciência e tecnologia, tendo a lógica formal como responsável pela correção normativa e a ética , numa abordagem epistemológica efetivamente comprometida com a emancipação humana e evolução das sociedades. No seu sentido mais amplo, ciência (do Latim scientia, significando "conhecimento ") refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemático. Num sentido mais restrito, ciência refere-se a um sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico , assim como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tal pesquisa . [1] Este artigo foca o sentido mais restrito da palavra. A ciência tal como é discutida neste artigo é muitas vezes referida como ciência experimental para diferencia-la da ciência aplicada, que é a aplicação da pesquisa científica a necessidades humanas específicas, embora as duas estejam regularmente interconectadas. A ciência é o esforço para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como a realidade funciona. Ciência refere-se tanto a: Investigação racional ou estudo da natureza , direccionado à descoberta da verdade . Tal investigação é normalmente metódica, ou de acordo com o método científico – um processo de avaliar o conhecimento empírico ; O corpo organizado de conhecimentos adquiridos por estudos e pesquisas . A Ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais

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Enfermagem é a arte de cuidar e a ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe atividades de promoção, proteção, prevenção, reabilitação e recuperação da saúde. O conhecimento que fundamenta o cuidado de enfermagem deve ser construído na intersecção entre a filosofia, que responde à grande questão existêncial do homem, a ciência e tecnologia, tendo a lógica formal como responsável pela correção normativa e a ética, numa abordagem epistemológica efetivamente comprometida com a emancipação humana e evolução das sociedades.

No seu sentido mais amplo, ciência (do Latim scientia, significando "conhecimento") refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemático. Num sentido mais restrito, ciência refere-se a um sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico, assim como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tal pesquisa.[1] Este artigo foca o sentido mais restrito da palavra. A ciência tal como é discutida neste artigo é muitas vezes referida como ciência experimental para diferencia-la da ciência aplicada, que é a aplicação da pesquisa científica a necessidades humanas específicas, embora as duas estejam regularmente interconectadas.

A ciência é o esforço para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como a realidade funciona.

Ciência refere-se tanto a:

Investigação racional ou estudo da natureza, direccionado à descoberta da verdade. Tal investigação é normalmente metódica, ou de acordo com o método científico – um processo de avaliar o conhecimento empírico;

O corpo organizado de conhecimentos adquiridos por estudos e pesquisas.

A Ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico.

A palavra método vem do grego μέθοδος (méthodos, caminho para chegar a um fim). O método científico é um conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência a fim de produzir novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar evidências observáveis, empíricas (ou seja, baseadas apenas na experiência) e mensuráveis e as analisar com o uso da lógica. Para muitos autores o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência.

Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos métodos e, especialmente, do método da ciência, que se supõe universal. Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra (as disciplinas científicas), diferenciadas por seus distintos objetos de estudo, consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos (filosófico, algoritmo – matemático, etc.).

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Ética (do grego ethos, que significa modo de ser, caráter, comportamento) é o ramo da filosofia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade. Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano. [1][2].

Na filosofia clássica, a ética não se resume ao estudo da moral (entendida como "costume", do latim mos, mores), mas a todo o campo do conhecimento que não é abrangido na física, metafísica, estética, na lógica e nem na retórica. Assim, a ética abrangia os campos que atualmente são denominados antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, educação física, dietética e até mesmo política, em suma, campos direta ou indiretamente ligados a maneiras de viver.

Porém, com a crescente profissionalização e especialização do conhecimento que se seguiu à revolução industrial, a maioria dos campos que eram objeto de estudo da filosofia, particularmente da ética, foram estabelecidos como disciplinas científicas independentes. Assim, é comum que atualmente a ética seja definida como "a área da filosofia que se ocupa do estudo das normas morais nas sociedades humanas" [3] e busca explicar e justificar os costumes de um determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando julga-se do ponto de vista do Bem e do Mal.

A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.

Moderna e erroneamente, a maioria das profissões têm o seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, e que por ser um código escrito e freqüentemente incorporados à lei pública não deveria se chamar de "código de ética" e sim "Legislação da Profissão". Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não estão incorporados à lei, seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se discutam fatos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão, situações essas algumas vezes revertidas pela justiça comum, principalmente quando os "códigos de ética" de certas profissões apresentam viés que contraria a lei ordinária.

No Brasil, o enfermeiro é um profissional de nível superior da área da saúde, responsável inicialmente pela promoção, prevenção e na recuperação da saúde dos indivíduos, dentro de sua comunidade. O enfermeiro é um profissional preparado para atuar em todas as áreas da saúde: assistencial, administrativa e gerencial.Na área educacional, exercendo a função de professor e mestre- preparando e acompanhando

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futuros profissionais de nível médio e de nível superior.Dentro da enfermagem, encontramos o auxiliar de enfermagem (nível fundamental) e o técnico de enfermagem, (nível médio) ambos confundidos com o enfermeiro, entretanto com funções distintas, possuindo qualificações específicas.

Na maioria dos países, (ex: Portugal) não existem estas subdivisões. O enfermeiro de cuidados gerais exerce todas as funções inerentes ao seu cargo, previsto na carreira de enfermagem, não existindo desta forma duvidas quanto à função de cada elemento da equipe multidisciplinar. Todos os enfermeiros possuem, pelo menos, uma licenciatura em ciencias de enfermagem.

Em Portugal, e de acordo com o Regulamento do Exercicio Profissional dos Enfermeiros (REPE), o "Enfermeiro é o profissional habilitado com um curso de enfermagem legalmente reconhecido, a quem foi atribuído um título profissional que lhe reconhece competência científica, técnica e humana para a prestação de cuidados de enfermagem gerais ao indivíduo, família, grupos e comunidade, aos níveis da prevenção primária, secundária e terciária."

Prestam assistência ao paciente ou cliente em clínicas, hospitais, ambulatórios, empresas de grande porte, transportes aéreos, navios, postos de saúde e em domicílio, realizando atendimento de enfermagem; coordenam e auditam serviços de enfermagem, implementam ações para a promoção da saúde junto à comunidade.

O enfermeiro está apto a prescrever, salvo com critérios de cada instituições que elaboram protocolos específicos com medicações padronizadas pelos médicos

Um profissional da área da saúde é uma pessoa que trabalha em uma profissão relacionada às ciências da saúde. Entre os diversos profissionais da área da saúde incluem-se os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, fonoaudiólogos, dentistas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, biomédicos,Farmacêuticos, entre outros.

Alguns legisladores consideram desnecessário o reconhecimento atual das profissões de saúde em função do conceito ampliado desta que possuímos hoje abrangendo o seu aspecto bio-psico-social onde são relevantes as contribuições da Economia, Direito, Antropologia, Sociologia, Engenharia, Informática, etc. Contudo mesmo essas recentes aplicações ou especializações profissionais possuem certa especificidade e ética e necessitam dessa categorização para constar e orientar os Planos de Cargos e Salários e organização dos setores de Recursos Humanos da Saúde.

Por profissional de saúde poderia se entender as aquisição e prática das habilidades necessárias a recuperação e manutenção da saúde, porém o modo de produção e organização do trabalho nas sociedades exigem essa formalização. O que cocomitantemente reflete a estrutura de classes sociais, as diferenças salárias e hierarquias de comando da sociedade também necessárias à organização do trabalho mas com reflexo negativo no status e auto-estima dos profissionais. Um exemplo nítido de tal distinção são as Ladies-nurses e Werses oriundas respectivamente da burguesia e proletariado com se observou na história da enfermagem (Nurse).[3]

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As principais profissões não médicas ou paramédicas de nível superior, no Brasil, consideradas profissão de saúde já foram referidas, observe-se porém que a forma de atuação e leque de serviços prestados por esses profissionais variam ao longo da história e das definições da política nacional de saúde. Em Portugal por exemplo a Odontologia é uma especialidade médica. Segundo Starfield[4] desde a antiguidade que junto com o médico atuam outros profissionais auxiliando ou complementando seu trabalho de prestação de serviço de saúde ressaltando que onde a oferta de médicos era (ou ainda é) pequena profissionais de saúde como enfermeiros e auxiliares os substituíam. A experimentação com os papéis da atenção primária ampliados para estes outros profissionais recebeu impulso pelo movimento dos médicos de pés descalços na China depois da revolução de 1949 e pelo treinamento de enfermeiros e assistentes médicos nos Estados Unidos iniciando nos anos de 1960 e 1970.

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Em seus primórdios tinha estreita relação com a maternidade, e era exclusivamente feita por mulheres. A enfermagem moderna, com a suas bases de rigor técnico e científico, começou a se desenvolver no século XIX, através de Florence Nightingale, que estruturou seu modelo de assistência depois de ter trabalhado no cuidado de soldados durante a guerra da Criméia. a sua assistência baseada em fatos observáveis prestou valiosa contribuição na recuperação dos moribundos, e iniciou uma nova vaga do conhecimento em enfermagem, através do caráter científico que lhe impunha. Caracteriza-se por efetuação de refistos clínicos, dando origem à implementação do, ainda atual, e mundialmente adaptado, processo clínico do doente.

Florence Nightingale

A NANDA International, define o fenômeno da Enfermagem como sendo as respostas humanas a problemas reais e ou potenciais de saúde. (NANDA International, 1990)

A enfermagem tem atualmente buscado uma linguagem própria. Há uma iniciativa constantemente atualizada e editada pelo Conselho Internacional de Enfermeiras (ICN), designada por Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE). Esta classificação guia os enfermeiros na formulação de diagnósticos de enfermagem, planejamento das intervenções e avaliação dos resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem. O material editado nesta CIPE é fruto do trabalho de várias associações que formulam as linguagens da enfermagem.

Existe também a Classificação de Diagnósticos da NANDA, um manual padronizado de diagnósticos de enfermagem, da NANDA International, no qual os diagnósticos reais e de risco são listados com suas características definidoras e seus fatores relacionados, uma estrutura diagnóstica que não se encontra em nenhuma outra linguagem de enfermagem.

Portanto, a enfermagem é um trabalho de perfeita ordem com responsáveis a serviço da saúde, implementando, desenvolvendo, coordenando serviços, havendo até certas e determinadas classes profissionais que lhe atribuem , com desdém, a manipulação dos serviços de saúde dado o elevado número de profissionais que se verificam, e pelo

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brilhantismo superior com que projetam novas configurações de políticas de saúde, com principal ênfase nas políticas de promoção da saúde. Destaca-se neste campo, a implementação de programas de vacinação que nasceram da enfermagem comunitária do arquipélago dos açores, implementada por enfermeiros açorianos e que rapidamente se estendeu ao portugal continental.

Nos dias de hoje, o enfermeiro licenciado em Portugal é visto como tendo uma das melhores formações na área da enfermagem a nível Mundial

A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE) foi criada pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) para permitir uma linguagem cientifica e unificada, comum à Enfermagem mundial.

Esta classificação permite ao enfermeiro identificar diagnósticos de enfermagem através de fenômenos de enfermagem. Os fenômenos de Enfermagem dizem respeito à Pessoa, às Funções, ao Meio Ambiente, etc.

Ao fazer o Diagnóstico de Enfermagem, o enfermeiro planeia as suas intervenções de acordo com as necessidades da pessoa, com as suas necessidades, tendo em consideração as incapacidades com que se depara.

Esta Classificação permite avaliar resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem através das respostas às intervenções de enfermagem e evolução positiva ou negativa dos status dados aos fenômenos nos diagnósticos feitos pelos enfermeiros. É uma forma de demonstrar resultados da prática de enfermagem também a nível jurídico.

A CIPE permite utilizar a sua linguagem informaticamente, havendo experiências positivas de utilização de programas de apoio à prática da enfermagem. Tem ainda a possibilidade de elaborar diagnósticos de enfermagem de forma padronizada com qualquer enfermeiro em qualquer parte do mundo.

Neste momento a CIPE encontra-se na versão 1. Em Portugal foi criada uma aplicação informática (SAPE) baseada nesta linguagem e que actualmente se encontra em funcionamento na maioria das instituições de saúde estatais do país. No Brasil foi lançada pela Algol Editora.

Esta classificação está em constante actualização e desenvolvimento.

Um diagnóstico de enfermagem é uma frase padrão descritiva sobre o estado de saúde de um cliente (que pode ser um indivíduo, uma família, ou uma comunidade em geral). A função do diagnóstico de enfermaria é facilitar o cuidado da enfermagem. São análises feitas a partir do estado de saúde dos clientes envolvidos, sendo que o enfermeiro cria sua opinião e assim contribui para evolução do mesmo. É desvinculado do diganóstico médico, todavia este pode auxiliar no estabelecimento de um diganóstico de enfermagem, ou não ter correlação.

Existem diversas organizações que regulam e definem diagnósticos de enfermaria no mundo. Na América do Norte, o principal delas é a NANDA. Outras organizações incluem a ACENDIO na Europa, a AFEDI (de língua francesa) e a AENTDE (língua castelhana).

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O objetivo deste tipo de diagnóstico é padronizar a terminologia utilizada por enfermeiros, tais como descrições de doenças, intervenções e resultados. Proponentes do uso de diagnósticos de Enfermagem argumentam que o uso destes diagnósticos tornam o processo de cuidado mais científico e baseado em evidência.

Críticas ao uso de diagnósticos de enfermería incluem o argumento que tais diagnósticos não ajudam enfermeiros a planejar o cuidado dos clientes envolvidos, não ajuda a diferenciar enfermeria de medicina, ignoram indivíduos (e diferenças tais como cultura, etc) em geral através da padronização de termos utilizados, e que é potencialmente inético.[1] [2]

Sendo uma ciência holística, ou seja, cuida do paciente como um todo, não apenas a patologia, mas sim em todo ser humano, desde fisicamente, mentalmente prestando assim assistência psicológica ao indivíduo. Na última década foi aberto aos profissionais de enfermagem um amplo campo de trabalho com a criação da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Em decorrência deste novo espaço e da necessidade de profissionais qualificados para desenvolver atividade neste programa, estão sendo criados cursos de Especialização em Saúde da Família, dos quais o enfermeiro recebe o título de especialista em Saúde da Família.

Espera-se legislar brevemente a figura do Enfermeiro da Família, que será o Enfermeiro, que, exercendo funções ao nível dos cuidados de saúde primários, tem a si atribuídas, de trezentas famílias (de acordo com a orientação da Organização Mundial de Saúde) seiscentas a oitocentas famílias (três mil indivíduos), acompanhando estas famílias ao longo de todo o seu ciclo vital.

Atualmente a enfermagem é uma das poucas profissões da área da saúde que pode mesclar o "humano com o científico", pois além de cuidar do paciente quando está enfermo, a enfermagem atua na prevenção de doenças e na produção de pesquisas para evitar que as mesmas acometam indivíduos, pre-dispostos ou não.

A origem do Programa Saúde da Família ou PSF, teve início, em 1994, como um dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a atenção básica. O PSF é tido como uma das principais estratégias de reorganização dos serviços e de reorientação das práticas profissionais neste nível de assistência, promoção da saúde , prevenção de doenças e reabilitação. Traz, portanto, muitos e complexos desafios a serem superados para consolidar-se enquanto tal. No âmbito da reorganização dos serviços de saúde, a estratégia da saúde da família vai ao encontro dos debates e análises referentes ao processo de mudança do paradigma que orienta o modelo de atenção à saúde vigente e que vem sendo enfrentada, desde a década de 1970, pelo conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas. Estes pressupostos, tidos como capazes de produzir um impacto positivo na orientação do novo modelo e na superação do anterior, calcado na supervalorização das práticas da assistência curativa, especializada e hospitalar, e que induz ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos e, sobretudo, na fragmentação do

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cuidado, encontra, em relação aos recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS), um outro desafio. Tema também recorrente nos debates sobre a reforma sanitária brasileira, verifica-se que, ao longo do tempo, tem sido unânime o reconhecimento acerca da importância de se criar um "novo modo de fazer saúde".

Atualmente, o PSF é definido com Estratégia Saúde da Família (ESF), ao invés de programa, visto que o termo programa aponta para uma atividade com início, desenvolvimento e finalização. O PSF é uma estrátégia de reorganização da atenção primária e não prevê um tempo para finalizar esta reorganização.

No Brasil a origem do PSF remonta criação do PACS em 1991, como parte do processo de reforma do setor da saúde, desde a Constituição, com intenção de aumentar a acessibilidade ao sistema de saúde e incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde. Em 1994 o Ministério da Saúde, lançou o PSF como política nacional de atenção básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelo tradicional de assistência primária baseada em profissionais médicos especialistas focais. Atualmente, reconhece-se que não é mais um programa e sim uma Estratégia para uma Atenção Primária à Saúde qualificada e resolutiva.

Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como estratégia prioritária para a reaorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo emitiu a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, onde ficava estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica — que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS: universalização, equidade, descentralização, integralidade e participação da comunidade - mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários.

Como conseqüência de um processo de des_hospitalização e humanização do Sistema Único de Saúde, o programa tem como ponto positivo a valorização dos aspectos que influenciam a saúde das pessoas fora do ambiente hospitalar.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência especializada em saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e subordinada à Organização das Nações Unidas. Sua sede é em Genebra, na Suíça. A directora-geral é, desde novembro de 2006, a chinesa Margaret Chan.[1]

A OMS tem suas origens nas guerras do fim do século XIX (México, Crimeia). Após a Primeira Guerra Mundial, a SDN criou seu comité de higiene, que foi o embrião da OMS.

Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximo possível o nível de saúde de todos os povos. A saúde sendo definida nesse mesmo documento como um «estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade.»

A OMS é composta por 193 Estados-membros, onde se incluem todos os Estados Membros da ONU excepto o Liechtenstein e dois não-membros da ONU, Niue e as Ilhas Cook.

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O papel da OMS na saúde pública

Que cumpra os seus objectivos através das seguintes funções essenciais:

a liderança em questões críticas para a saúde e envolvimento em parcerias onde a acção comum;

determinar a agenda de pesquisa e estimular a geração, difusão e utilização de conhecimentos valiosos;

estabelecimento de normas e promover e acompanhar a sua aplicação prática; desenvolver opções políticas que são éticos e científicos de base; prestar apoio técnico, catalisando mudanças e capacitação institucional

sustentável; acompanhar a situação de saúde e avaliação das tendências de saúde.

Estas funções básicas estão descritas no Décimo Primeiro Programa Geral de Trabalho, que estabelece o quadro para o programa de trabalho, orçamento, recursos e resultados em toda a organização. Intitulado "Empreender para a Saúde", o programa abrange o período de dez anos, de 2006-2015.

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As Competências dos Profissionais de Enfermagem: Como as Afirmar e as Desenvolver

Actualizado em Sexta, 02 Março 2007 01:03 Escrito por Prof. Ana Queiroz Sexta, 02 Março 2007 01:00

"O conhecimento perito, e desde logo também o conhecimento competente, é uma forma de conhecimento em si mesmo, e não apenas uma aplicação do conhecimento"

AS COMPETÊNCIAS DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: COMO AS AFIRMAR E AS DESENVOLVER

Ana Albuquerque Queirós

Professora Coordenadora na ESEBB

Sumário:

INTRODUÇÃO

1- O QUE É O SABER PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM?

2- AS DIFERENÇAS ENTRE CONHECIMENTO PRÁTICO E TEÓRICO

2.1 AS SUPOSIÇÕES E AS EXPECTATIVAS, OS COMPORTAMENTOS TIPOS

3- DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO PRÁTICO

4- AFIRMAÇÃO DO NOSSO SABER PROFISSIONAL/ OS DOMÍNIOS DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM

5- O MODELO DREYFUS DE AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS E O ENSINO EXPERIENCIAL APLICADOS À ENFERMAGEM

6- CARACTERIZAÇÃO DA PROGRESSÃO NOS NÍVEIS DE COMPETÊNCIA

CONCLUSÃO

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INTRODUÇÃO

Ao longo de muitos anos temos assistido à procura da identidade profissional e à contribuição específica dos cuidados de enfermagem no sistema de saúde.

No inicio deste milénio nós já não colocamos tanto ênfase neste tipo de questões acerca da natureza do nosso saber profissional nem sobre a sua razão de ser.

O nosso questionamento concentra-se sobre as formas como este saber se pode actualizar e sobre as condições essenciais para se desenvolver. Procuramos de facto encontrar as melhores estratégias que possam contribuir para que se demonstre a mais-valia da nossa profissão no âmbito dos desafios que se colocam a um sistema de saúde que responda às necessidades dos cidadãos na actualidade e no futuro.

Claro que decerto modo, isto significa dizer aos enfermeiros que é preciso fazer mais e melhor, e isto no contexto actual, em que há uma enorme falta de profissionais, em que as rotinas, e os protocolos, surgem como uma das possíveis respostas à grande sobrecarga de trabalho, às deficientes condições de trabalho, à falta de reconhecimento e à desmotivação que se encontra em muitos ambientes de trabalho.

Sim, dizemos isto porque não há alternativa! Baixar os braços e deixar andar não é solução!

Mas precisamos reflectir, clarificar linhas de rumo, definir estratégias e procurarmos ser coerentes neste esforço colectivo. Este texto é uma breve abordagem sobre o tema: Formação/ Competências dos Profissionais de enfermagem, isto é a sua afirmação e desenvolvimento.

1- O QUE É O SABER PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM?

OU A DESCOBERTA DO CONHECIMENTO INCLUÍDO NA PRÁTICA DA ENFERMAGEM...

O saber profissional de enfermagem é um saber de acção. Não somente de execução ou de reprodução de actos. É a capacidade de adaptar a conduta à situação fazendo apelo aos conhecimentos. Este fazer face às dificuldades imprevistas e poder de improviso lá, num contexto em que outros não fazem senão repetir gestos (Reboul, 1993).

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É um saber profissional porque se trata de um saber no âmbito de uma actividade complexa e organizada. Esta actividade é exercida por pessoas que concretizam planos de formação exigentes que são exclusivos desta profissão e que permitem a integração de conhecimentos provenientes de várias áreas afins.

Fronteiras da disciplina de enfermagem

Fonte : Adaptado de Meleis,1997, pág103

2- AS DIFERENÇAS ENTRE CONHECIMENTO PRÁTICO E TEÓRICO

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«A enfermeira perita apercebe-se da situação como um todo, utiliza como paradigmas de base situações concretas que ela já viveu e vai directamente ao centro do problema sem ter em conta um grande número de considerações inúteis (Dreyfus, H., 1979; Dreyfus, S., 1981). Ao contrário, numa situação nova, a enfermeira competente ou proficiente deve apoiar-se num raciocínio consciente, deliberado para resolver de forma analítica um problema de natureza elementar.

2.1- AS SUPOSIÇÕES E AS EXPECTATIVAS, OS COMPORTAMENTOS TIPOS

A condição prévia para a percepção de uma situação é um conhecimento prévio ou a existência de um comportamento tipo, na prática, este conhecimento anterior, ou preconhecimento, é muitas vezes formado a partir da teoria, pelos princípios e pelas experiências anteriores. Só quando o acontecimento refina, elabora ou invalida este preconhecimento é que ele merece ser chamado de experiência.”

A perícia em matéria de tomadas de decisões humanas complexas, como é o caso nos cuidados de enfermagem, torna possível a interpretação das situações clínicas. Além disso, os conhecimentos incluídos na perícia clínica são a chave do progresso da prática da enfermagem e do desenvolvimento da ciência da enfermagem.” P. Benner (1984;2001)

3- DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO PRÁTICO

“Heidegger (1962) e Gadamer (1975) definem a experiência como o melhoramento das ideias preconcebidas que não são confirmadas pela situação actual.”

OS CASOS PARADIGMÁTICOS E O CONHECIMENTO PESSOAL

O conhecimento prático adquire-se com o tempo, e as enfermeiras nem sempre se dão conta dos seus progressos. É necessário construir estratégias para que haja conhecimento desse saber fazer, de maneira a poder desenvolvido e melhorado. Identificamos seis domínios do conhecimento prático: 1)A hierarquização das diferenças qualitativas; 2)os significados comuns; 3) as suposições, as expectativas e os comportamentos tipos; 4) os casos padrão e os conhecimentos pessoais; 5) as máximas; 6) as práticas não planeadas. Cada domínio pode ser estudado utilizando estratégias etnográficas e interpretativas, destinadas num primeiro tempo

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a identificar e desenvolver o conhecimento prático. P. Benner (1984;2001)

4- AFIRMAÇÃO DO NOSSO SABER PROFISSIONAL

OS DOMÍNIOS DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM

A função de ajuda

A função de educação, de guia e orientação

A função de diagnóstico e de acompanhamento do doente

A tomada a cargo eficaz de situações de evolução rápida

A administração e o acompanhamento de protocolos terapêuticos

Assegurar e acompanhar a qualidade dos cuidados

As competências em matéria de organização e de repartição das tarefas

Fonte: P.Benner (1984;2001)

Afirmar o nosso saber significa ir até ao fim no assumir das nossas competências. Traduz-se por um envolvimento explicito, um compromisso profissional e social de proteger a saúde publica, de promover e desenvolver uma grande autonomia das pessoas, das famílias e das comunidades em matéria de saúde.

Afirmar o nosso saber significa sermos capazes de chamar as coisas pelos nomes! Significa mostrá-lo claramente.

Por exemplo quando referimos que a enfermeira utiliza não só o seus sentido de visão e audição, as suas competências de observação, estamos também a dizer que a enfermeira precisa usar o estetoscópio para fazer uma melhor avaliação física da condição do doente. Isto significa que é preciso desmistificar o uso de utensílios e técnicas que são fundamentais no diagnóstico médico e de enfermagem. Devemos notar a importância destes aspectos por

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exemplo em situações de cuidados em serviços de como a triagem em sectores de urgência ou de cuidados intensivos, mas também no campo dos cuidados que se realizam em casa dos doentes.

Podemos constatar que afirmar o saber significa promover a autonomia profissional e ao mesmo tempo garantir uma contribuição mais pertinente no domínio da colaboração com os outros profissionais de saúde.

Consideramos que afirmar o saber profissional passa, ainda, por:

um reforço na complementaridade dos papeis médico e de enfermagem;

por um reconhecimento de uma maior imputabilidade (responsabilização e plena consciência das suas acções);

poder de acção aumentado ( através do assumir do papel de peritos).

Reforçar as dimensões facilitadoras da relação de ajuda (respeitar os direitos das pessoas, promover a sua autonomia, actualizar os valores profissionais - caring, advocacy por exemplo);

Garantir a humanização dos cuidados e a contribuição para uma melhor qualidade de vida;

Motivação. Pessoal e adquirida através de formação.

profissionalismo. Ética e deontologia inerente à profissão, à bioética e aos direitos humanos.

Condições de trabalho. Acção política e solidariedade entre os profissionais.

5- O MODELO DREYFUS DE AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS E O ENSINO EXPERIENCIAL APLICADOS À ENFERMAGEM

O conhecimento em enfermagem é socialmente construído no contexto das interacções que acontecem entre a enfermeira e o doente. É neste processo de construção de práticas de cuidados que as enfermeiras vão desenvolvendo os seus conhecimentos clínicos avançados. De acordo com Benner et al (1996) devem destacar-se os seguintes aspectos nesse processo:

a perícia avançada e o poder de possuir múltiplas perspectivas que se refere aos modos que se relacionam com o facto de o conhecimento ser dialogado e colectivo; isto é, ocorre na conversação e nas inter-relações com os outros, e é colectivo porque as compreensões partilhadas criam um todo maior do que a soma das partes.

A modelação de competências inerentes à pessoa e ao modo de ser ,que se refere à educação através da demonstração e do exemplo que ocorre num grupo social.

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A partilha e a comunhão de uma visão colectiva da excelência e das práticas consideradas inquestionáveis ,que se refere às noções do bem ( no sentido do bem-fazer), das práticas que são postas à prova e que são partilhadas num dado grupo social.

O clima emocional e social que se refere às qualidades de confiança, de sintonia e de sentido de oportunidade dentro do grupo.

Esta é a perspectiva que Benner já realça no livro “de iniciado a perito”:

“O conhecimento clínico é conseguido ao longo do tempo, e os profissionais, eles próprios, estão muitas vezes desatentos à sua aquisição”. Esta autora destaca que se tornam necessárias estratégias que tornem o conhecimento clínico visível, para que possa ser aumentado e refinado.

Ao propor o modelo de desenvolvimento de competências baseado em autores como Dreyfus e Dreyfus (1986) e nas teorias do ensino experiencial, Benner chama a atenção para que as enfermeiras ao desenvolverem a sua aprendizagem em contextos de grandes especificidades e complexidades, em que encontram sofrimento e vulnerabilidade a todo o momento, precisam também de desenvolver um sentido de grande responsabilidade face às dimensões éticas e relacionais que devem estar inerentes às perícias clínicas.

De acordo com Benner(1984) as enfermeiras desenvolvem os seus conhecimentos quando elas: Verificam, isto é, confirmam hipóteses na sua prática.

Retiram um sentido comum das suas diversas interacções com as pessoas e as famílias.

Desenvolvem atenção e modos privilegiados de reagir às situações de cuidados.

Utilizam os paradigmas, (exemplos) para esclarecer a situação actual do cliente.

Desenvolvem e utilizam máximas, ou lemas.

Desenvolvem actividades que não se referem só aos cuidados de enfermagem, como por exemplo a informática.

(Benner,1984,pág.12)

O modelo de Dreyfus (1982), que Benner apresenta, explica que logo que o estudante adquire e desenvolve uma competência, ela vai progredir em cinco níveis de eficácia (de competência).

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Cada um destes níveis é acompanhado de mudança em três aspectos de execução de uma competência:

1. Acontece o movimento de um paradigma em que o indivíduo depende de princípios abstractos, para um paradigma onde as experiências passadas são utilizadas.

2. Assiste-se ao movimento de uma percepção da situação como sendo uma compilação de factos de importância igual, para uma percepção global onde certos elementos têm maior peso.

3. Passa-se de uma posição de observador desligado, para uma posição de executante empenhado.

6- CARACTERIZAÇÃO DA PROGRESSÃO NOS NÍVEIS DE COMPETÊNCIA

No quadro seguinte, apresenta-se em resumo, a caracterização da progressão nos níveis de competências desenvolvidas pelos estudantes de enfermagem e jovens enfermeiros, no sentido de aquisição de uma etapa profissional considerada de competência, de acordo com o modelo de Benner (1984-2001).

Nível de Proficiência

(critérios de resultado)

Iniciada / Principiante

Principiante avançada

Competente

Pensamento crítico

Desenvolvimento precoce da capacidade de tomar decisões com uma visão limitada das opções possíveis.

Tem a capacidade de efectuar escolhas, mas segue um processo sistemático de tomada de decisão.

Consegue ter várias opções e tem a capacidade de diferenciar benefícios possíveis para cada.

Capacidades de Comunicação (escritas, verbais e não verbais)

Aprender métodos de comunicação com clientes, famílias e grupos. Identificação de padrões de

Inicio da análise da com-versação terapêutica.

Diferenciação da comuni-cação

Demonstração de comunicação afectiva com clientes, famílias, e grupos. Demonstração e avaliação das

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comunicação afectivas.

terapêutica e não terapêutica com clientes, famílias e grupos.

actividades de ensino / aprendizagem.

Intervenções terapêuticas de Enfermagem

Inicio de aquisição de capacidades psicomotoras. Prática de terapêuticas psico-ssociais de bem estar do cliente.

Avanço das capacidades psicomotoras e nas tera-pêuticas psicossociais, dirigidas para os clientes, famílias, e grupos com desvios de saúde.

Provas de existência de capacidades psicomotoras seguras e terapêuticas psicossociais individualizadas de clientes, famílias e grupos.

Desenvolvimento profissional

Identificar os compo-nentes da prática profissional de enfermagem. Inicio da subordinação.

Demonstração de conhecimentos adequados a uma prática segura da enfermagem. Subordinação efectiva.

Integração de conhecimentos e auto – avaliação. Inicio da liderança.

Desenvolvimento pessoal

Reflexão do sistema pessoal de valores.

Clarificação de valores pessoais. Aceitação da diversidade.

Identificação da aprendizagem como um processo para toda a vida. Integração de valores éticos na prática da Enfermagem. Desenvolvimento da sensibilidade e diversidade.

Escolaridade (scholarship)

Inicio da compreensão de princípios da prática baseada na pesquisa e baseada na teoria.

Inicio da explicação da prática baseada na pesquisa e baseada na teoria.

Análise e revisão da pesquisa em Enfermagem. Traduzindo a aplicação ao cuidar em enfermagem.

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Adaptado de Benner (1984)

CONCLUSÃO

Continuamos à procura das melhores repostas para as situações que requerem a atenção e o Cuidado de Enfermagem. Em especial temos a noção da mudança de paradigmas que se vive hoje, e sabemos que de uma lógica em que a enfermeira dava o seu empenho profissional centrada no problema, passa a necessitar de se apetrechar também para responder à Pessoa.

Para tal precisa de desenvolver as competências existenciais, isto é as que fazem de cada enfermeira uma pessoa, e uma profissional, capaz de se envolver com os (seus) doentes, os (seus) utentes, permitindo-lhes e permitindo-se manter a distância certa para ser útil, eficaz, nos vários domínios que cada situação concreta de cuidados requer, especialmente quando os momentos de crise e de transição são marcados pelo sofrimento físico, emocional, psicológico e espiritual.

Benner et al (1996, pág. xiv) afirmam que estas competências de envolvimento com os doentes e as famílias são centrais quando se ganha perícia profissional, porque a promoção do bem-estar de pessoas que estão vulneráveis requer tanta atenção sobre a situação ou problema como as capacidades existenciais de envolvimento pessoal.

Para que tal conjugação de competências aconteça é necessário que se desenvolva uma aprendizagem experiencial que garanta uma ligação estreita entre as decisões clínicas (técnicas e cientificas) e as decisões éticas, isto significa que a noção de bons ou maus resultados e da visão do que são cuidados excelentes forma-se integrando ambas as dimensões nos raciocínios e nas acções de cuidados.

" O conhecimento perito, e desde logo também o conhecimento competente, é uma forma de conhecimento em si mesmo, e não apenas uma aplicação do conhecimento.” Esta assunção que Benner et al (1996) procuram demonstrar é muito importante para que se perceba que nem todo o conhecimento que os enfermeiros precisam de desenvolver na profissão, é obtido dentro das salas de aula. Pretender-se que o ensino da ciência e da tecnologia se torne

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adequado, isto é situado na prática real dos cuidados significa que, se deve ensinar e aprender, e que sejam ajustados a cada pessoa e a cada família.

Pensamos que a importância do estudo sobre a forma como as enfermeiras adquirem a sua perícia profissional é algo que é inquestionável, e que deve prosseguir, e este é também o que sugere Patricia Benner e que julgamos muito ajustado à realidade portuguesa:

“ em tempos anteriores, as enfermeiras - chefes faziam a distribuição dos cuidados face às situações dos doentes e os elementos da equipa que geriam (em termos das suas capacidades). Isto era possível fazer-se porque alguns doentes tinham situações mais críticas que outros. Mas hoje, pelo menos na realidade hospitalar, isto não é assim tão fácil: cada doente está gravemente doente. A única solução parece ser a de se ter uma equipa de enfermagem que dê sempre continuidade, ao longo do tempo, a cuidados muito avançados, que requerem perícias profissionais constantes.”

Isto significa que ao mesmo tempo que têm de existir sempre enfermeiras a adquirir mais competências, também é preciso ter consciência que esta aprendizagem se vai fazer muito através do diálogo, do guiar constante dos colegas nas situações clínicas, o que por vezes pode colidir com direcções que alguns modelos propostos podem ter, ao proporcionarem um trabalho individual e deixarem pouco tempo para se acompanharem colegas mais inexperientes.

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