Ergonomia ST

download Ergonomia ST

of 62

Transcript of Ergonomia ST

  • Ergonomia

    Curso Segurana do TrabalhoCurso Segurana do Trabalho

    Escola Estadual deEducao Profissional - EEEPEscola Estadual deEducao Profissional - EEEPEnsino Mdio Integrado Educao Profissional

  • Governador

    Vice Governador

    Secretrio Executivo

    Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

    Cid Ferreira Gomes

    Francisco Jos Pinheiro

    Antnio Idilvan de Lima Alencar

    Cristiane Carvalho Holanda

    Secretria da Educao

    Secretrio Adjunto

    Coordenadora de Desenvolvimento da Escola

    Coordenadora da Educao Profissional SEDUC

    Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

    Maurcio Holanda Maia

    Maria da Conceio vila de Misquita Vins

    Andrea Rocha Araujo

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    1

    SECRETARIA DA EDUCAO - SEDUC

    EMENTA DISCIPLINA ERGONOMIA EDUCADOR(A): JLIO CSAR CURSO: TCNICO EM SEGURANA DO TRABALHO SEM: III

    DATA: 13/04/2009 C.H.: 40 horas

    COMPETNCIAS HABILIDADES BASES TECNOLGICAS 1 Compreender a importncia da fisiologia no combate aos acidentes de trabalho; 2 mensurar o impacto da idade, fadiga, individualidade, trabalho em turnos na poltica de preveno de acidentes; 3 Avaliar os parmetros ergonmicos vinculados Segurana do Trabalho;

    1 Identificar os riscos ocupacionais de acordo com a fisiologia do trabalhador que o executa; 2 Relacionar os efeitos da idade e fadiga do trabalhador com a ocorrncia de acidentes; 3 Aplicar os princpios ergonmicos na realizao dos trabalhos a fim de evitar doenas profissionais ou ocupacionais e acidentes do trabalho;

    1 Histrico, conceitos e aplicaes; 2 Noes de fisiologia do trabalho; 3 Idade, fadiga, vigilncia e acidentes do trabalho; 4 Aplicao de foras e anlise ergonmica dos postos de trabalho; 5 Aspectos antropomtricos aplicados aos postos de trabalho; 6 dimensionamento de postos de trabalho e adequao; 7 limitaes sensoriais; 8 Trabalhos em turnos e noturnos; 9 A ergonomia e a preveno de acidentes.

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    2

    Definies, histrico, conceitos, princpios, aplicaes...

    Histrico

    Em 1857 Jastrezebowisky publicou um artigo intitulado "ensaios de ergonomia ou cincia do trabalho". O tema retomado quase cem anos depois, quando em 1949 um grupo de cientistas e pesquisadores se reunem, interessados em formalizar a existncia desse novo ramo de aplicao interdisciplinar da cincia.

    Em 1950, durante a segunda reunio deste grupo, foi proposto o neologismo "ERGONOMIA", formado pelos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (regras). Funda-se assim no incio da dcada de '50, na Inglaterra, a Ergonomics Research Society.

    Em 1955, publicada a obra "Anlise do Trabalho" de Obredane & Faverge, que torna-se deciciva para a evoluo da metodologia ergonmica. Nesta publicao apresentada de forma clara a importncia da observao das situaes reais de trabalho para a melhoria dos meios, mtodos e ambiente do trabalho.

    Em referncia as publicaes cientficas que marcaram o incio da produo dos conhecimentos em ergonomia, podemos citar:

    1949 Chapanis com a aplicao da Psicologia Experimental

    1953 Lehmann, G.A. Prtica da Fisiologia do Trabalho

    1953 Floyd & Welford Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de Equipamentos

    Ergonomia no Brasil fonte: ABERGO

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    3

    A ergonomia no Brasil comeou a ser evocada na USP, nos anos 60 pelo Prof. Sergio Penna Khel, que encorajou Itiro Iida a desenvolver a primeira tese brasileira em Ergonomia, a Ergonomia do Manejo. Tambm na USP, Ribeiro Preto, Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia. Nesta poca, no Rio de Janeiro, o Prof. Alberto Mibielli de Carvalho apresentava Ergonomia aos estudantes de Medicina das duas faculdades mais importantes do Rio, a Nacional (UFRJ) e a ciencias Mdicas (UEG, depois UERJ); O Prof. Franco Seminrio falava desta disciplina, com seu refinado estilo, aos estudantes de Psicologia da UFRJ. O maior impulso se deu na COPPE, no incio dos anos 70, com a vinda do Prof. Itiro Iida para o Programa de Engenharia de Produo, com escala na ESDI/RJ. Alm dos cursos de mestrado e graduao, Itiro organizou com Collin Palmer um curso que deu origem ao primeiro livro editado em portugus.

    Conceituao

    Algumas definies para a ergonomia...

    Montmollin, M. - A Ergonomia a tecnologia das comunicaes homem-mquina (1971).

    Grandjean, E. - A Ergonomia uma cincia interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria a sociedade no trabalho. O objetivo prtico da Ergonomia a adaptao do posto de trabalho, dos intrumentos, das mquinas, dos horrios, do meio ambiente s exigncias do homem. A realizao de tais objetivos, ao nvel industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforo humano (1968).

    Leplat, J - A Ergonomia uma tecnologia e no uma cincia, cujo objeto a organizao dos sistemas homens-mquina (1972).

    Murrel, K.F. - A Ergonomia pode ser definida como o estudo cientfico das relaes entre o homem e o seu ambiente de trabalho (1965).

    Self - A Ergonomia rene os conhecimentos da fisiologia e psicologia, e das cincias vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma melhor adaptao ao homem dos mtodos, meios e ambientes de trabalho.

    Wisner - A Ergonomia o conjunto de conhecimentos cientficos relativos ao homem e necessrios a concepo de instrumentos, mquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o mximo de confrto e eficcia (1972).

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    4

    A Ergonomia considerada por alguns autores como cincia, enquanto geradora de conhecimentos.Outros autores a enquadram como tecnologia, por seu carteer aplicativo, de transformao.Apesar das divergncias conceituais, alguns aspectos so comuns as vrias definies existentes:

    a aplicao dos estudos ergonmicos; a natureza multidisciplinar, o uso de conhecimentos de vrias

    disciplinas; o fundamento nas cincias; o objeto: a concepo do trabalho.

    OBJETO E OBJETIVO DA ERGONOMIA

    Se, para um certo nmero de disciplinas, o trabalho o campo de aplicao ou uma extenso do objeto prprio da disciplina, para a ergonomia o trabalho o nico possvel de interveno.

    A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos especficos sobre a atividade do trabalho humano.

    O objetivo desejado no processo de produo de conhecimentos o de informar sobre a carga do trabalhador, sendo a atividade do trabalho especfica a cada trabalhador.

    O procedimento ergonmico orientado pela perspectiva de transformao da realidade, cujos resultados obtidos iro depender em grande parte da necessidade da mudana. Mesmo que o objetivo possa ser diferente de acordo com a especializao de cada pesquisador, o objeto do estudo no pode ser definido a priori, pois sua construo depende do objetivo da transformao.

    Em ergonomia o objeto sobre o qual pretende-se produzir conhecimentos, deve ser construido por um processo de decomposio/ recomposio da atividade complexa do trabalho, que analisada e que deve ser transformada.

    O objetivo ocultar o mnimo possvel a complexidade do trabalho real. Quanto mais ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a realidade, mais ela interpelada por ela mesma.

    Mtodos e Tcnicas

    A Ergonomia utiliza mtodos e tcnicas cientficas para observar o trabalho humano.

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    5

    A estratgia utilizada pela Ergonomia para apreender a complexidade do trabalho decompor a atividade em indicadores observveis (postura, explorao visual, deslocamento).

    A partir dos resultados iniciais obtidos e validados com os operadores, chega-se a uma sntese que permite explicar a inter-relao de vrios condicionantes situao de trabalho.

    Como em todo processo cientfico de investigao, a espinha dorsal de uma interveno ergonmica a formulao de hipteses.

    Segundo LEPLAT "o pesquisador trabalha em geral a partir de uma hiptese, isso que lhe permite ordenar os fatos". So as hipteses que daro o status cientfico aos mtodos de observao nas atividades do homem no trabalho.

    A organizao das observaes em uma situao real de trabalho feita em funo das hipteses que guiam a anlise, mas tambm, segundo GUERIN (1991), em funo das imposies prticas ou das facilidades de cada situao de trabalho.

    Os comportamentos manifestveis do homem so freqentemente observveis pelos ergonomistas, como por exemplo:

    Os deslocamentos dos operadores - esses podem ser registrados a partir do acompanhamento dos percursos realizados pelo operador em sua jornada de trabalho. O registro do deslocamento pode explicar a importncia de outras reas de trabalho e zonas adjacentes. Exemplo; em uma sala de controle o deslocamento dos operadores at os painis de controle est relacionado explorao de certas informaes visuais que so fundamentais para o controle de processo; o deslocamento at outros colegas pode esclarecer as trocas de comunicaes necessrias ao trabalho.

    Tcnicas utilizadas na anlise do trabalho

    Pode-se agrupar as tcnicas utilizadas em Ergonomia em tcnicas objetivas e subjetivas.

    Tcnicas objetivas ou diretas: - Registro das atividades ao longo de um perodo, por exemplo, atravs de um registro em video. Essas tcnicas impem uma etapa importante de tratamento de dados.

    Tcnicas subjetivas ou indiretas:- Tcnicas que tratam do discurso do operador, so os questionrios, os check-lists e as entrevistas. Esse tipo de

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    6

    coleta de dados pode levar a distores da situao real de trabalho, se considerada uma apreciao subjetiva. Entretanto, esses podem fornecer uma gama de dados que favoream uma anlise preliminar.

    Deve-se considerar que essas tcnicas so aplicadas segundo um plano preestabelecido de interveno em campo, com um dimensionamento da amostra a ser considerado em funo dos problemas abordados.

    Mtodos diretos

    Observao

    o mtodo mais utilizado em Ergonomia pois permite abordar de maneira global a atividade no trabalho.

    A partir da estruturao das grandes classes de problemas a serem observados, o Ergonomista dirige suas observaes e faz uma filtragem seletiva das informaes disponveis.

    Observao assistida

    Inicialmente considera-se uma ficha de observao, construda a partir de uma primeira fase de observao "aberta".

    A utilizao de uma ficha de registro permite tratar estatisticamente os dados recolhidos; as freqncias de utilizao, as transies entre atividades, a evoluo temporal das atividades.

    Em um segundo nvel utiliza-se os meios automticos de registro, udio e video.

    O registro em video interessante medida que libera o pesquisador da tomada incessante de dados, que so, inevitavelmente, incompletos, e permite a fuso entre os comportamentos verbais, posturais e outros. O video pode ser um elemento importante na anlise do trabalho, mas os registros devem poder ser sempre explicados pelos resultados da observao paralela dos pesquisadores.

    Os registros em video permitem recuperar inmeras informaes interessantes nos processos de validao dos dados pelos operadores. Essa tcnica, entretanto, est relacionada a uma etapa importante de tratamento de dados, assim como de toda preparao inicial para a coleta de dados (ambientao dos operadores), e uma filtragem dos perodos observveis e dos operadores que participaro dos registros.

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    7

    Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situao de trabalho (postura, explorao visual, deslocamentos etc).

    Direo do olhar

    A posio da cabea e orientao dos olhos do indivduo permite inferir para onde esse est olhando.

    O registro da direo do olhar amplamente utilizado em Ergonomia para apreciao das fontes de informaes utilizadas pelos operadores. As observaes da direo do olhar podem ser utilizadas como indicador da solicitao visual da tarefa.

    O nmero e a frequncia das informaes observadas em um painel de controle na troca de petrleo em uma refinaria, por exemplo, indicam as estratgias que esto sendo utilizadas pelos operadores na deteco de presena de gua no petrleo, para planejar sua ao futura.

    Comunicaes

    A troca de informao entre indivduos no trabalho podem ter diversas formas: verbais, por intermdio de telefones, documentais e atravs de gestos.

    O contedo das informaes trocadas tem se revelado como grande fonte entre operadores, esclarecedora da aprendizagem no trabalho, da competncia das pessoas, da importncia e contribuio do conhecimento diferenciado de cada um na resoluo de incidentes.

    O registro do contedo das comunicaes em um estudo de caso no Setor Petroqumico da Refinaria Alberto Pasqualini, Canoas - RS, mostrou a importncia da checagem das informaes fornecidas pelos automatismos e pelas pessoas envolvidas no trabalho, atravs de inmeras confirmaes solicitadas pelos operadores do painel de controle.

    O contedo das comunicaes pode, alm de permitir uma quantificao de fontes de informaes e interlocutores privilegiados, revelar os aspectos coletivos do trabalho.

    Posturas

    As posturas constituem um reflexo de uma srie de imposies da atividade a ser realizada. A postura um suporte atividade gestual do trabalho e um suporte s informaes obtidas visualmente. A postura influenciada pelas

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    8

    caractersticas antropomtricas do operador e caractersticas formais e dimensionais dos postos de trabalho.

    No trabalho em salas de controle, a postura condicionada oscilao do volume de trabalho. Em perodos montonos a alternncia postural servir como escape monotonia e reduzir a fadiga do operador. Em perodos perturbados a postura ser condicionada pela explorao visual que passa a ser o piv da atividade. Os segmentos corporais acompanharo a explorao visual e excutaro os gestos.

    Estudo de traos

    A anlise centralizada no resultado da atividade e no mais na prpria atividade. Ela permite confrontar os resultados tcnicos esperados e os resultados reais.

    Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicao sobre os custos humanos no trabalho mas, entretanto, no conseguem explicar o processo cognitivo necessrio execuo da atividade. O estudo de traos pode ser considerado como complemento e usado, com freqncia, nas primeiras fases da anlise do trabalho. O estudo de traos pode ser fundamental no quadro metodolgico para anlise dos erros.

    Mtodos subjetivos

    O questionrio pouco utilizado em Ergonomia pois requer um nmero importante de operadores. Entretanto a aplicao de questionrio em um grupo restrito de pessoas pode ser utilizada para hierarquizar um certo nmero de questes a serem tratadas em uma anlise aprofundada.

    As respostas dos questionrios podem ser teis para a contribuio de uma classificao de tarefas e de postos de trabalho. O questionrio, entretanto, deve respeitar a amostra e as probabilidades de aplicao.

    Deve-se ressaltar que com o questionrio se obtm as opinies, as atitudes em relao aos objetos, e que elas no permitem acesso ao comportamento real.

    Segundo PAVARD & VLADIS (1985), o questionrio um mtodo fcil e se presta ao tratamento estatstico, e, se corretamente utilizado, permite coletar um certo nmero de informaes pertinentes para o Ergonomista.

    Tabelas de avaliao

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    9

    Esse tipo de questionrio permite aos operadores avaliarem, eles mesmos, o sistema que utilizam. O objetivo apontar os pontos fracos e fortes dos produtos. No caso de avaliao de programas, uma tabela de avaliao deve cobrir os aspectos funcionais e conversacionais.

    Entrevistas e verbalizaes provocadas

    A considerao do discurso do operador uma fonte de dados indispensvel Ergonomia. A linguagem, segundo MONTMOLLIN (1984), a expresso direta dos processos cognitivos utilizados pelo operador para realizar uma tarefa.

    A entrevista pode ser consecutiva realizao da tarefa (pede-se ao operador para explicar o que ele faz, como ele faz e por que).

    Entrevistas e verbalizaes simultneas

    As entrevistas podem ser realizadas simultaneamente observao dos operadores trabalhando em situao real ou em simulao.

    A anlise se concentra nas questes sobre a natureza dos dados levantados, sobre as razes que motivaram certas decises e sobre as estratgias utilizadas.

    Dessa maneira o Ergonomista revela a significao que os operadores tem do seu prprio comportamento. As verbalizaes devem ser aplicadas com cuidado e de maneira a no alterar a atividade real de trabalho.

    Cronologia

    Cronologia... Mundial Brasileira

    1857 Jastrezebowisky publica o artigo "ensaios de ergonomia ou cincia do trabalho"

    1857 -

    1949

    Primeira reunio do grupo de pesquisas para retomada dos estudos sobre ergonomia e cincia do trabalho.

    1949 -

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    10

    1950 Adoo do neologismo "Ergonomia" durante a segunda reunio do grupo de estudos.

    1950 -

    1951 Fundao da Ergonomics REsearch Society, na Inglaterra.

    1951 -

    1953

    Publicao dos trabalhos: Prtica da Fisiologia do Trabalho de Lehmann, G.A.; e Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de Equipamentos de Floyd & Welford

    1953 -

    1955

    A European Productivity Agency (EPA), uma subdiviso da Organization for European Economics Cooperation, estabelece uma Human Factors Section.

    1955 -

    1956 A EPA visita os Estados Unidos para observar as pesquisas em Human Factors.

    1956 -

    1957

    Seminrio tcnico promovido pela prpria EPA, na University of Leiden, "Fitting the Job to Worker". Durante o seminrio formou-se um comit para analisar as propostas e organizar uma associao internacional que adotou a denominao International Ergonomics Association.

    1957 -

    1958

    Encontro especial, em Paris, em setembro, para Anlise de um regimento preliminar para a associao. Decidiu-se, ento, dar continuidade aos trabalhos de organizao da associao e realizar um Congresso

    1958 -

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    11

    Internacional, em 1961.

    1959

    O comit passou a se denominar Comittee for the International Association of Ergonomics Scientists. O comit se reuniu em Oxford, decidiu manter o nome International Ergonomics Association, e aprovou o regimento e o estatuto.

    1959 -

    1960 - 1960

    Abordagem do tpico "O produto e o homem" por Ruy Leme e Srgio Penna Kehl na disciplina Projeto de Produto (Eng. Humana) na Politcnica da USP.

    1961 I Congresso Trianual da IEA, em Estocolmo, na Sucia. 1961 -

    1964 II Congresso Trianual da IEA, em Dortmund, FRG. 1964 -

    1966 - 1966 Aplicaes da Ergonomia no curso de projeto de Produto ESDI/UERJ.

    1967 III Congresso Trianual da IEA, em Birmingham, na Inglaterra.

    1967

    "Introduo Ergonomia" no curso de Psicologia Industrial II, na USP - Ribeiro Preto - Paul Stephaneck.

    1968 - 1968 Livro "Ergonomia: notas de aulas", de Itiro Iida e Henri Wierzbicki, lanado em So Paulo, pela Ivan Rossi.

    1970 IV Congresso Trianual da IEA, em Strasbourgo, na Frana.

    1970

    Disciplina de Ergonomia no Mestrado de Eng. de Produo da COPPE-UFRJ/ Ergonomia na rea de Psicologia do Trabalho-Isop/FGV Franco Lo Presti Seminrio

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    12

    1971 - 1971

    Tese de Doutorado "A Ergonomia do manejo", defendida por Itiro Iida, na Politcnica da USP./ Curso de Ergonomia na ESDI/UERJ - Itiro Iida./ rea de concentrao em Ergonomia treinamento e Aperfeioamento Profissional no mestrado em Psicologia do Isop/FGV

    1973 V Congresso Trianual da IEA, em Amsterdam, na Holanda.

    1973 Ergonomia como disciplina nos cursos de Engenharia de Segurana e Medicina do Trabalho da Fundacentro.

    1974 - 1974

    1o Seminrio Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABPA (Associao Brasileira de Psicologia Aplicada) e pelo Isop/FGV.

    1975 - 1975

    Publicao de "Aspectos ergonmicos do urbano" de Itiro Iida - MIC/STI/COPPE./ Curso de especializao em Ergonomia, na FGV. Grupo de Estudos Ergonmicos do Isop/FGV - Franco Lo Presti Seminrio.

    1976 VI Congresso Trianual da IEA, em College Park, nos Estados Unidos.

    1976 Fundao do GAPP (Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento Ltda.) - Srgio Penna Kehl.

    1979 VII Congresso Trianual da IEA, em Varsvia, na Polnia.

    1979

    Ergonomia como disciplina do currculo mnimo da graduao em Desenho Industrial./CEBERC - Centro Brasileiro de Ergonomia e Ciberntica Isop/FGV - Ued Maluf.

    1982 VIII Congresso Trianual da IEA, em Tokio, no Japo. 1982 -

    1983 - 1983 Fundao da ABERGO -

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    13

    Associao Brasileira de Ergonomia, em 31 de agosto

    1984 - 1984

    2o Seminrio Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO - Isop/FGV./ Inaugurao do Laboratrio de Ergonomia do INT - Diva Maria P. Ferreira.

    1985 IX Congresso Trianual da IEA, em Bornemouth, Inglaterra.

    1985 Implantao do setor de Ergonomia da Fundacentro - Leda Leal Ferreira

    1986 - 1986 Curso de Especializao em Ergonomia, Departamento de Psicologia Experimental USP - Regina H. Maciel.

    1987 - 1987

    3o Seminrio Brasileiro de Ergonomia e 1o Congresso Latino-Americano de Ergonomia, em So Paulo, promovido pela ABERGO/Fundacentro.

    1988 X Congresso Trianual da IEA, em Sidney, Austrlia. 1988 -

    1989 - 1989 4o Seminrio Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO/FGV.

    1990 - 1990

    Segundo livro do Professor Itiro Iida, "Ergonomia: projeto e produo", pela Editora Edgard Blucher, de So Paulo. Fundao da ERGON PROJETOS, o primeiro escritrio dedicado a consultoria e desenvolvimento de projetos em Ergonomia.

    1991 XI Congresso Trianual da IEA, em Paris, Frana. 1991 Fundao da ABERGO/RJ, Associao Brasileira de Ergonomia, seo Rio de Janeiro, em 23 de maio. / 5o

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    14

    Seminrio Brasileiro de Ergonomia, em So Paulo, promovido pela ABERGO/Fundacentro.

    1992 - 1992 1o Encontro Carioca de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO-RJ/UERJ.

    1993 - 1993

    6o Seminrio Brasileiro de Ergonomia e 2o Congresso Latino-Americano de Ergonomia, em Florianpolis, promovido pela ABERGO/Fundacentro.

    1994 XII Congresso Trianual da IEA, em Toronto, Canad. 1994 -

    1995 - 1995

    IEA World Conference 1995./ 3o Congresso Latino-Americano de Ergonomia and 7o Seminrio Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO e pela International Ergonomics Association.

    1997 XII Congresso Trianual da IEA, em Tampere, Finlndia. 1997 -

    Ergonomia.com.br - Copyright 1999-2001. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Atelibrasil Design

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    15

    TEXTO DE APOIO N 01

    LESES POR ESFOROS REPETITIVOS - DISTRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS

    AO TRABALHO (LER/DORT): A MAIS NOVA EPIDEMIA NA SADE PBLICA BRASILEIRA

    Resumo

    Este artigo diz respeito as afeces msculoesquelticas ocasionadas por sobrecargas biomecnicas que vm sendo observadas nos ltimos anos em todas as classes trabalhistas em nosso pas, sendo

    considerada nos dias de hoje uma epidemia mundial denominada como LER/DORT. Estas afeces tm sido, na rea da sade, pauta de discusso e debates buscando solues tanto para prevenir como para

    tratar pessoas portadoras dessa patologia.

    Palavras-chaves: Epidemia, LER/DORT, Tratamento.

    Introduo

    As Leses por Esforo Repetitivo (LER) ou Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) tornaram-se a mais nova epidemia dos ltimos anos, j que a partir da dcada de 80 passaram a

    ser a mais freqente causa de afastamento do trabalho no mundo. Os termos LER/DORT so usados para determinar as afeces que podem lesar tendes, sinvias,

    msculos, nervos, fscias, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem degenerao dos tecidos, atingindo principalmente membros superiores, regio escapular e pescoo. Decorrente de uma origem ocupacional ela pode ser ocasionada de forma combinada ou no do uso repetido e forado de

    grupos musculares e da manuteno de postura inadequada (CODO E ALMEIDA, 1998).

    Alm do uso repetitivo, a sobrecarga esttica, o excesso de fora para execuo de tarefas, o trabalho sob temperaturas inadequadas ou o uso prolongado de instrumentos com movimentos excessivos podem contribuir para o aparecimento das enfermidades msculoesquelticas. Assim sendo, a sigla LER ( leso por esforo repetitivo) insatisfatria, pois no determina outros tipos de sobrecarga que podem trazer

    prejuzo ao aparelho locomotor, dessa forma, a LER adquiriu um estigma negativo, passando a ser designada DORT (Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) (ZILLI,2002). O termo permitiu

    ampliar os mecanismos de leso, no s restritos aos movimentos repetitivos, mas que tambm cincunscreve formas clnicas peculiares a algumas atividades ocupacionais e ainda prope o estabelecimento do nexo causal classificando-o como doena ocupacional (VIEIRA, 1999).

    Histrico

    Acompanhando a histria das doenas ocupacionais, facilmente se percebe que as LER/DORT so

    temas de pesquisa e discusso h muitos anos.

    Com o advento da era industrial, teve incio o processo de fabricao de produtos em massa, e a crescente especializao dos operrios no sentido de melhorar a qualidade, aumentar a produo e

    tambm reduzir custos. Essa especializao levou os trabalhadores a executarem funes especficas nas empresas, com a realizao de movimentos repetitivos, associados a esforo excessivo, levando

    muitos trabalhadores a sentir dores (NAKACHIMA, 2002).

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    16

    Segundo Moreira e Carvalho (2001) o professor italiano Bernardino Ramazzini, considerado pai da medicina ocupacional, forneceu a primeira contribuio histrica, em 1713, fundamentando em 54

    profisses de sua poca. Nesse trabalho ele no s identificou os distrbios, mas tambm traou uma causa ocupacional. Ele acreditava que as leses encontradas em escreventes eram causadas pelo uso

    repetitivo das mos, pela posio das cadeiras e pelo trabalho mental excessivo.

    No sculo seguinte, foram descritos na Europa quadros clnicos afetando o esqueleto axial e perifrico de trabalhadores que desempenhavam distintas tarefas laborativas. Na poca esta sintomatologia foi

    chamada de cimbras ocupacionais. Entre as vrias atividades ocupacionais envolvidas, salientava-se a cimbra do escrevente, que atingiu nveis de epidemia no servio civil britnico em 1833 (MOREIRA E

    CARVALHO,2001).

    Em 1888, o neurologista William Gowers relatou casos de trabalhadores com sintomas de ansiedade, de insatisfao com o trabalho ou do peso de responsabilidades. Ressaltou ainda a instabilidade emocional

    desses indivduos e admitiu sua grande dificuldade em distinguir uma neurose de um quadro de simulao de doena. Desde ento, diversos pases industrializados tm passado por epidemias de

    diagnsticos envolvendo tais distrbios (MOREIRA E CARVALHO,2001).

    Epidemiologia

    A diversidade de conceitos observados na literatura dificultam a obteno concreta de dados para o estudo da incidncia e da prevalncia dos diferentes tipos de doenas e das condies clnicas das chamadas LER/DORT, que costumam surgir em rpidas escaladas na forma de surtos. Uma outra dificuldade que os estudos na sua grande maioria no tm a colaborao de empresas e seus

    empregados pelo medo de exposio e o risco de demisses de seus cargos.

    Segundo Moreira e Carvalho (2001), as estatsticas do Conselho Nacional de Segurana dos EUA, a indenizao referente aos DORT 50% mais custosa que a reinvindicada por trauma agudo (acidente de trabalho). O tempo perdido de trabalho nos pacientes com DORT nos EUA extremamente maior do que

    com os outros distrbios msculoesquelticos, como, por exemplo, a dor lombar.

    Existem inmeros trabalhadores com queixas de dor atribuda a seu trabalho. A patologia reconhecida pela atual legislao brasileira gerando grande interesse nos meios mdicos. O nus gerado ao governo, s indstrias e aos trabalhadores, levam os meios mdicos a realizar estudos e discusses que possam

    contribuir para uma melhor compreenso dessa patologia j considerada como epidemia na sade brasileira (NAKACHIMA, 2002).

    No Brasil, os dados dessas afeces so deficientes, mas a quantidade de diagnsticos de LER/DORT

    tem dimenses muito altas. Considerando assim que na ltima dcada nosso pas presenciou uma situao epidmica com relao aos DORT, tornando-se esta patologia a segunda maior causa de

    afastamento do trabalho no Brasil. Somente nos ltimos 5 anos foram abertos 532.434 CATs (Comunicao de Acidente de Trabalho) geradas pelas LER/DORT. A cada 100 trabalhadores da regio

    Sudeste do Brasil, 1 portador de LER/DORT (AMERICANO, 2001).

    Num estudo realizado na cidade de So Paulo, onde foram examinados 1.560 pacientes, o sexo feminino representou 87% dos casos; sendo que a faixa etria mais afetada oscilava entre 26 e 35 anos

    (MOREIRA E CARVALHO, 2001).

    Em outro estudo realizado pela Cassi (Caixa de Assistncia aos Funcionrios do Banco do Brasil) no ano de 2000, 26,2 % dos funcionrios do Banco do Brasil apresentaram algum sintoma que est relacionado

    LER/DORT (AMERICANO, 2001).

    Vrios fatores vm impulsionando a enorme quantidade de diagnsticos de LER ou DORT em nosso pas, entre eles: tenso social; alto ndice de desemprego; predisposio tica; falta de organizao no

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    17

    ambiente de trabalho; influncia da ao de sindicatos; aes polticas; oportunismo de advogados; influncia da mdia; interesses por indenizaes ou aposentadorias.

    Etiologia

    Quando um indivduo apresenta uma leso ocasionada por sobrecarga biomecnica ocupacional, os fatores etiolgicos esto associados organizao do trabalho envolvendo principalmente equipamentos, ferramentas, acessrios e mobilirios inadequados; descaso com o posicionamento, tcnicas incorretas para realizao de tarefas, posturas indevidas, excesso de fora empregada para execuo de tarefas,

    sobrecarga biomecnica dinmica; uso de instrumentos com excessos de vibrao, temperatura, ventilao e umidade inapropriadas no ambiente de trabalho (MOREIRA E CARVALHO,2001).

    Sabe-se ento que um ambiente de trabalho organizado, com pessoas bem treinadas e condicionadas

    com respeito aos fatores ergonmicos e aos limites biomecnicos certamente diminuem o risco de desencadeamento das chamadas LER/DORT (MOREIRA e CARVALHO, 2001).

    Distrbios mais freqentes

    Alguns dos principais distrbios osteomusculares relacionados ao trabalho citados por Couto (1998) so:

    tendinite e tenossinovite dos msculos dos antebraos, miosite dos msculos lumbricais e fascite da mo, tendinite do msculo bceps, tendinite do msculo supra-espinhoso, inflamao do msculo

    pronador redondo com compresso do nervo mediano, cisto ganglinico no punho, tendinite De Quervain, compresso do nervo ulnar, sndrome do tnel do carpo, compresso do nervo radial, sndrome do desfiladeriro torcico, epicondilite medial e lateral, bursite de cotovelo e ombro, sndrome da tenso

    cervical e lombalgia.

    Fatores de Risco

    Para identificar e abordar as causas de LER/DORT necessrio considerar vrios aspectos do ambiente de trabalho. Os fatores psicossociais, incluindo o estresse na situao de trabalho e o clima

    organizacional da empresa podem influenciar a eficcia das medidas preventivas. Os principais fatores de risco so: organizao do trabalho, riscos psicossociais, riscos ambientais, fatores biomecnicos e fatores

    extra-trabalho (ZILLI, 2002).

    Avaliao Clnica

    O paciente portador de LER/DORT deve ter os locais onde h dor examinados como tambm ser submetidos ao exame fsico global do sistema mculoesqueltico, pois afeces msculoesquelticas

    cervicais e lombares podem ser causas ou fatores agravantes da dor. Os sintomas e os padres clnicos que expressam a LER/DORT so variados, freqentemente vagos e muitas vezes inespecficos, pois

    vrias estruturas msculoesquelticas e nervosas podem estar comprometidas isolada ou associadamente (CODO e ALMEIDA, 1998).

    Tratamento e preveno

    O insucesso dos programas de teraputica da LER/DORT deve-se a falha no diagnstico das reais etiologias da dor, da incapacidade e dos fatores que contribuem ou agravam o quadro doloroso, sendo

    assim, a identificao das estruturas lesadas importante para o melhor resultado no tratamento (CODO

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    18

    e ALMEIDA, 1998).

    O tratamento depende sempre de um diagnstico correto, da eliminao completa dos agentes causais e de uma adequada estratgia teraputica medicamentosa, fisioterpica e, em alguns casos, cirrgica

    (MOREIRA e CARVALHO, 2001).

    O tratamento fisioterpico consiste em: termoterapia (calor profundo como ondas curtas ou ultra-som), eletroterapia, massagens, cinesioterapia, hidroterapia, rteses, RPG e outras tcnicas. O fisioterapeuta

    deve levar em considerao tanto o estgio evolutivo da doena, como as respostas do paciente a tratamentos anteriores (PEROSSI, 2001).

    Apesar da abordagem teraputica ampla, muitos pacientes permanecem sintomticos, particularmente

    aqueles com diagnstico de depresso, que esto insatisfeitos com seu trabalho, que acreditam ter adquirido leses atravs das atividades desse trabalho e que esto envolvidos em alguma causa

    trabalhista.

    O fisioterapeuta deve, no tratamento, ensin-lo a relaxar, ir direcionando-o a tomar conscincia de seu corpo. Orient-lo a escutar os sintomas que lhe dizem o limite de seu corpo e a postura errada. Partindo dessa tese o paciente consegue melhorar seu desempenho pessoal, minimizar tenses musculares, tirar

    a ateno da dor e principalmente perceber suas limitaes (PEROSSI, 2001).

    A implementao de medidas preventivas a melhor atitude a ser empregada, existe uma necessidade de melhorar a educao dos trabalhadores com condutas de orientao recomendaes e de

    comunicaes das experincias dos profissionais de sade. essencial que os trabalhadores tenham um bom ambiente de trabalho, com aperfeioamento tcnico para realizao de suas tarefas com respeito aos fatores ergonmicos e antropomtricos, aos limites biomecnicos, durao das jornadas e dos

    intervalos de trabalho, e com atitudes de reconhecimento de seus cargos superiores (MOREIRA e CARVALHO, 2001).

    Concluso

    O enorme contingente de diagnsticos LER/DORT existente no nosso pas atinge propores

    consideradas epidmicas. Conclui-se que aes dos vrios segmentos da sociedade trabalhista sejam responsveis pelos fatores que vm sustentando esse fenmeno.

    Sendo assim, o mais importante a conscientizao dos empregadores em orientar seus empregados

    tanto na preveno quanto na teraputica dos distrbios msculo esquelticos.

    Referncias

    - AMERICANO, Maria Jos. Preveno s LER/DORT - Site da Web: www.2.uol.com.br/prevler/o_que_eh.htm, Acessado em 23/08/2005.

    - - CODO, Wanderley; ALMEIDA, Maria C. de LER Leses por Esforos Repetitivos. 4 edio, 1998.

    - - COUTO, Ha Como Gerenciar a Questo das LER/DORT,1998.

    - - MOREIRA, Caio; CARVALHO, Marco Antnio P.- Reumatologia Diagnstico e Tratamento. 2edio,

    2001. -

    - NAKACHIMA, Luis Renato Leses por Esforos Repetitivos ou Distrbios Osteomusculares

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    19

    Relacionados ao Trabalho - Site da Web: www.fundacentro.gov.br/CTN/forum_maos_ler_dort.htm. Acessado em 18/08/2005.

    - - PEROSSI, Sandra C.- LER/DORT-Abordagem Psicossomtica na Fisioterapia. In: Revista Fisio

    &Terapia, n27 2001. -

    - SANTOS, Eduardo Ferro; OLIVEIRA, Karine Borges Gerenciamento Ergonmico. In: Revista FisioBrasil, n66 Julho/Agosto, 2004.

    - - VIEIRA, Lucia Marinez Artigo: Preveno das LER/DORT em pessoas que trabalham sentados e

    usurios de computador, 1999. Site da Web: www.pclq.usp.br/jornal/prevencao.htm, acessado em 18/08/2005.

    - - ZILLI, Cynthia M. Manual de Cinesioterapia /Ginstica Laboral, 2002.

    TEXTO DE APOIO N 02

    22 dicas para prevenir as leses do trabalho: LER e DORT Entenda a diferena entre essas duas sndromes

    e tome atitudes simples para evitar problemas futuros

    Quem nunca ouviu falar nas LER leses por esforos repetitivos ou nos DORT distrbios osteomusculares relacionados ao trabalho? LER e DORT so sndromes

    que atacam os nervos, msculos e tendes, especialmente dos membros superiores e do pescoo. So sndromes degenerativas e cumulativas e sempre acompanhadas de dor ou incmodo, provenientes no somente da atividade ocupacional intensiva, mas

    tambm de atividades realizadas sob intenso estresse.

    LER ou DORT? O termo LER utilizado para denominar uma sndrome da atividade ocupacional excessiva, que abrange uma gama de condies caracterizadas por desconforto ou dor persistente nos msculos, tendes etc. Entretanto, sabidamente nem todas as patologias esto relacionadas aos movimentos repetitivos, pois existem outros fatores biomecnicos causais como esforo fsico proveniente de levantamento constante de peso , alm dos fatores psicofsicos e sociolgicos, que atuam sobre o problema. "Infelizmente, o termo LER passou a ser utilizado de forma indistinta como nome de uma doena, porm, este simplesmente uma denominao de um mecanismo de leso e no pode ser utilizado como um diagnstico", explica a engenheira Maria Aparecida Frediani Rocha, especialista em Ergonomia e consultora da Vendrame Consultores Associados. Por tais razes, estudiosos recomendaram que este termo fosse abandonado e se passasse a usar o termo DORT Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, pois numa primeira fase ocorrem os distrbios, com sintomas como fadiga,

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    20

    peso e dor nos membros e somente depois aparecem as leses. Em geral, qualquer trabalhador pode estar sujeito aos DORT. Percebemos que quem sofre muita presso psicolgica no trabalho est predisposto ao desconforto ou dor persistente nos msculos, tendes e outras partes do corpo. Com tratamento adequado, muitas das condies da sndrome so reversveis , comenta. Preveno o melhor remdio A ergonomia a cincia que visa a adaptar as condies de trabalho s caractersticas do trabalhador. As posturas inadequadas, que advm de um posto de trabalho mal dimensionado, ou que no se ajuste s variaes antropomtricas de cada indivduo, e os movimentos repetitivos so alguns dos fatores que mais predispem o aparecimento das LER/DORT. No entanto, no se deve esquecer da organizao do trabalho, que eventualmente pode estar por trs desta patologia. Os ritmos excessivos, a postura rgida, a ausncia de pausas, a pouca liberdade do trabalhador, alm da presso pelos superiores, so contribuies para o surgimento das LER/DORT. A ttulo de exemplo, num posto de trabalho com computador, devem ser observados os seguintes aspectos: A seguir, veja como regular sua estao de trabalho Cadeira: 1 - A altura ideal deve ser de 48 a 58cm 2 - O encosto deve estar a 110 do assento 3 - A cadeira deve ter apoio para a regio lombar e dorsal; 4 - Os ps devem ter contato completo com o cho ou apoiados em suporte especfico 5 - As coxas devem ficar paralelas ao piso 6 - O trabalhador deve estar prximo da superfcie de trabalho 7 - Os braos devem ficar apoiados Monitor: 8 - A altura ideal da 1 linha escrita deve ser de 155cm 9 - A tela deve estar ao nvel do horizonte ou levemente abaixo 10 - O trabalhador deve localizar-se bem em frente ao monitor 11 - A iluminao deve ser adequada 12 - Use filtro no caso de brilho excessivo 13 - A distncia adequada de 60 cm entre a pessoa e a tela do computador Teclado e mouse: 14 - A altura ideal deve ser de 110cm 15 - Eles devem localizar-se prximos e na frente de quem vai us-lo 16 - Os cotovelos devem permanecer em ngulo de 90 17 - Os punhos precisam permanecer retos Dicas preventivas: 18 - Realize pequenas pausas rpidas em qualquer atividade que se exera repetitividade excessiva ou em postura inadequada por tempo prolongado. Intervalos breves e freqentes so mais eficazes para a recuperao do que um perodo de descanso igual, tomado de uma s vez. 19 - Durante essas pausas faa alguns alongamentos para as reas de seu corpo que estiverem executando a tarefa.

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    21

    20 - Cuide para sempre permanecer com uma boa postura, incluindo a adequao do seu posto de trabalho de acordo com as caractersticas fsicas e com sua atividade 21 - No realizar fora nem presso exageradas, repetitivas ou freqentes em sua atividade 22 - As LER/DORT so curveis, principalmente nos primeiros estgios. Portanto, procure ajuda

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    22

    1. FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA

    1.1 Origem e evoluo da ergonomia 1.2 Conceitos de ergonomia 1.3 As diferentes abordagens em ergonomia 1.4 Os diferentes tipos de ergonomia 1.5 A abordagem sistmica em ergonomia 1.6 Aplicaes da ergonomia 1.7 Disciplinas de base da ergonomia

    1.1 Consideraes preliminares: trabalho e condies de Trabalho

    A primeira definio conhecida de trabalho est escrita nas Sagradas Escrituras em Gnesis 3: 17b , 19 " Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano: maldita a terra por tua causa; em fadiga comers dela todos os dias da tua vida. Do suor do teu rosto comers o teu po, at que tornes terra, porque dela foste tomado; pois s p, e ao p tornars". Podemos deduzir, ento, que o trabalho est relacionado a noo geral de sofrimento e pena (BIBLIA,1995).

    O Dicionrio Larousse de Lngua Portuguesa (1992), d as seguintes definies para trabalho:

    palavra derivada do latim tripaluim que significa instrumento de tortura composto de trs paus; sofrimento; esforo; luta;

    atividade humana aplicada produo, criao ou ao entretenimento;

    produto dessa atividade; obra.

    atividade profissional regular e remunerada.

    exerccio de uma atividade profissional; lugar onde essa atividade exercida.

    DAVIES e SHACKLETON (1977), define o trabalho como uma "atividade instrumental executada por seres humanos, cujo objetivo preservar e manter a vida, e que dirigida para uma alterao planejada de certas caratersticas do meio-ambiente do ser humano". Eles referenciam, tambm, a definio ainda mais ampla dada por O'TOOLE, que diz que "o trabalho uma atividade que produz algo de valor para outras pessoas".

    LEPLAT e CUNY (1977), definem condies de trabalho como "o conjunto de fatores que determinam o comportamento do trabalhador. Estes fatores so, antes de mais

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    23

    nada, constitudos pelas exigncias impostas ao trabalhador: objetivo com critrios de avaliao (fabricar determinado tipo de pea com estas ou aquelas tolerncias), condies de execuo (meios tcnicos utilizveis, ambientes fsicos, regulamentos a observar)".

    Por outro lado, MONTMOLLIN (1990), define condies de trabalho como tudo o que caracteriza uma situao de trabalho e permite ou impede a atividade dos trabalhadores. Deste modo, distinguem-se as condies:

    fsicas: caractersticas dos instrumentos , mquinas, ambiente do posto de trabalho(rudo, calor, poeiras, perigos diversos);

    temporais: em especial os horrios de trabalho;

    organizacionais: procedimentos prescritos, ritmos impostos, de um modo geral, "contedo" do trabalho;

    as condies subjetivas caractersticas do operador: sade, idade, formao;

    e as condies sociais. remunerao, qualificao, vantagens sociais, segurana de emprego, em certos casos condies de alojamento e de transporte, relaes com a hierarquia, etc.

    Segundo SELL (1994b), entende-se por trabalho "tudo o que a pessoa faz para manter-se e desenvolver-se e para manter e desenvolver a sociedade, dentro de limites estabelecidos por esta sociedade. E, o conceito de condies de trabalho inclui tudo que influencia o prprio trabalho, como ambiente, tarefa, posto, meios de produo, organizao do trabalho, as relaes entre produo e salrio, etc".

    A mesma autora explica que boas condies de trabalho significam, em termos prticos:

    meios de produo adequados s pessoas - o que pressupe o projeto ergonmico das mquinas, dos equipamentos, dos veculos, das ferramentas, dos dispositivos auxiliares, usados no sistema de trabalho;

    objetos de trabalho, materiais e insumos incuos s pessoas que com elas entram em contato;

    postos de trabalho ergonomicamente projetados, o que inclui bancadas, assentos, mesas, a disposio e a alocao de comandos, controles, dispositivos de informao e ferramentas fixas em bancadas;

    controle sobre os fatores ambientais adversos, como por exemplo, iluminao, rudos, vibraes, temperaturas altas ou baixas, partculas txicas, poeiras, gases, etc. reduzindo-se o efeito destes sobre as pessoas no sistema de trabalho;

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    24

    postos de trabalho, meios de produo, objetos de trabalho sem perigos mecnicos, fsicos, qumicos ou outros que representem riscos para as pessoas, isto , sem partes mveis expostas, sem ferramentas cortantes acessveis ao trabalhador, sem emisso de gases, vapores, poeiras nocivas, etc.

    organizao do trabalho que garanta a cada pessoa uma tarefa com contedo adequado as suas capacidades fsicas, psquicas, mentais e emocionais, que seja interessante e motivante;

    organizao temporal do trabalho (regime de turnos) que permita ao trabalhador levar uma vida com ritmo sincronizado com seu ritmo circadiano, comprometendo ao mnimo a sua sade, bem como o seu convvio familiar e social;

    quando necessrio, um regime de pausas que possibilitem a recuperao das funes fisiolgicas do trabalhador, para, a longo prazo, no comprometer a sua sade;

    sistema de remunerao de acordo com a solicitao do trabalhador no seu sistema de trabalho, considerando-se tambm sua qualificao profissional;

    clima social sem atritos, bom relacionamento com colegas, superiores e subalternos".

    SELL (1994b), afirma que com vistas " melhoria das condies de trabalho, tanto de forma corretiva - melhorias em sistemas j existentes - quanto de maneira prospectiva - melhorias nos sistemas de trabalho em fase de concepo e projeto - necessrio avaliar o trabalho humano existente, por critrios bem definidos, aceitos e que obedeam a uma hierarquia de nveis de valorao relacionados com o trabalhador". Assim:

    trabalho deve ser realizvel, isto , as cargas provenientes da tarefa e da situao de trabalho no podem ultrapassar os limites individuais do trabalhador, como por exemplo, o alcance dos membros, a velocidade de reao, as capacidades sensoriais, etc;

    trabalho deve ser suportvel ou incuo ao longo do tempo, isto , o trabalhador deve pode executar a tarefa durante o tempo necessrio, diariamente, e se for o caso, durante toda uma vida profissional, sem levar danos por isso;

    o trabalho deve ser pertinente na sociedade em que executado;

    o trabalho deve trazer satisfao para o trabalhador. oportuno chamar a ateno para a possibilidade de uma pseudo-satisfao do trabalhador, simplesmente por ter-se acostumado idia de que seu trabalho (realizvel, suportvel e pertinente) no pode ser modificado. A aceitao de um trabalho por parte do indivduo pode ser influenciada pela estrutura da tarefa, pelo treinamento, pelo ambiente, pelas relaes interpessoais, etc;

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    25

    o trabalho deve promover o desenvolvimento pessoal do indivduo, isto , a pessoa deve adquirir novas qualificaes e no perder suas habilidades, e capacidades na execuo de tarefas montonas e repetitivas.

    A partir dessas consideraes gerais sobre trabalho e suas condies de execuo, pode-se evidenciar a origem e o desenvolvimento de uma disciplina, cujo objeto de estudo o trabalho humano.

    1.2 Origem e evoluo da ergonomia

    Historicamente, o termo ergonomia foi utilizado pela primeira, em 1857, pelo polons W. JASTRZEBOWSKI, que publicou um "ensaio de ergonomia ou cincia do trabalho baseada nas leis objetivas da cincia da natureza".

    Quase cem anos mais tarde, a ergonomia veio a se desenvolver como uma rea de conhecimento humano, quando, durante a II Guerra Mundial, pela primeira vez, houve uma conjugao sistemtica de esforos entre a tecnologia e as cincias humanas e biolgicas. Fisilogos, psiclogos, antroplogos, mdicos e engenheiros, trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operao de equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforo interdisciplinar foram to frutferos, que foram aproveitados pela indstria, no ps-guerra (DUL e WEERDMEESTER, 1995).

    Em 1949, um engenheiro ingls chamado MURREL, criou na Inglaterra, na Universidade de Oxford, a primeira sociedade nacional de ergonomia, a Ergonomics Research Society. Em 1959, foi organizada a Associao Internacional de Ergonomia, em Estocolmo.

    Em 1959, a recomendao n0 112, da OIT - Organizao Internacional do Trabalho, dedica-se aos servios de sade ocupacional, definidos como servios mdicos instalados em um local de trabalho ou suas proximidades, com as seguintes finalidades :

    proteger o trabalhador contra qualquer risco sua sade e que decorra do trabalho ou das condies em que ele cumprido;

    concorrer para o ajustamento fsico e mental do trabalhador a suas atividades na empresa, atravs da adaptao do trabalho ao ser humano e pela colocao deste em setor que atenda s suas aptides;

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    26

    contribuir para o estabelecimento e manuteno do mais alto grau possvel de bem-estar fsico e mental dos trabalhadores ( SAAD, 1993).

    Nessa conceituao de servios de sade ocupacional, verifica-se a presena do conceito de ergonomia : adaptao do trabalho ao ser humano.

    Em 1960, a OIT define ergonomia como sendo a "aplicao das cincias biolgicas conjuntamente com as cincias da engenharia para lograr o timo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficincia e bem-estar" ( MIRANDA,1980).

    Atualmente, vrios pases esto desenvolvendo estudos e pesquisa nesta rea de conhecimento, dentre eles podemos destacar: USA, Inglaterra, Frana, Blgica, Holanda, Alemanha e Pases Escandinavos.

    No caso do Brasil, apesar de relativamente recente, a ergonomia est-se desenvolvendo rapidamente no meio acadmico. De fato, em 31 de agosto de 1983 foi criada no pas a Associao Brasileira de Ergonomia. Em 1989, foi implantado no Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina, o primeiro mestrado na rea do pas.

    importante salientar que no Brasil, o Ministrio do Trabalho e Previdncia Social instituiu a Portaria n. 3.751 em 23/11/90 que baixou a Norma Regulamentadora - NR17, que trata especificamente da ergonomia. "Esta norma visa estabelecer parmetros que permitam a adaptao das condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um mximo de conforto, segurana e desempenho eficiente". Com esta norma comea-se a despertar o interesse pela ergonomia no meio empresarial brasileiro.

    Da mesma forma, nos USA, o uso corrente da ergonomia no meio empresarial s aconteceu, de fato, a partir de 1970, quando a Agncia de Segurana e Sade Ocupacional daquele pas - Occupational Health and Safety Agency (OSHA), criou regulamentos exigindo das empresas um ambiente livre de acidentes, saudvel e seguro.

    A partir de ento, a ergonomia tem evoludo de forma significativa e, atualmente, pode ser considerada como um estudo cientfico interdisciplinar do ser humano e da sua relao com o ambiente de trabalho, estendendo-se aos ambientes informatizados e seu entorno, incluindo usurios e tarefas.

    O desenvolvimento atual da ergonomia pode ser caracterizado, ento, segundo quatro nveis de exigncias:

    as exigncias tecnolgicas: relativas ao aparecimento de novas tcnicas de produo que impem novas formas de organizao do trabalho;

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    27

    as exigncias organizacionais: relativas a uma gesto mais participativa, trabalho em times e produo enxuta em clulas que impem uma maior capacitao e polivalncia profissional;

    as exigncias econmicas: relativas a qualidade e ao custo da produo que impem novas condicionantes s atividades de trabalho, como zero defeito, zero desperdcio, zero estoque, etc;

    as exigncias sociais: relativas a melhoria das condies de trabalho e, tambm, do meio ambiente.

    Segundo SADD (1981), os estudos ergonmicos tiveram um aprofundamento ainda maior com o incio dos programas espaciais e de segurana de veculos automotores, devido a severas solicitaes:

    impostas ao organismo humano dos astronautas em seu ambiente de trabalho, ou seja, nas cpsulas espaciais e em locais extraterrenos;

    impostas aos usurios de veculos, em caso de acidentes, bem como a segurana ativa que estes veculos devem proporcionar para evitar acidentes.

    Segundo THIBODEAU (1995), "a ergonomia contribui no projeto e modificao os ambientes de trabalho maximizando a produo, enquanto aponta as melhores condies de sade e bem estar para os que atuam nesses ambientes". Essa abordagem deve ainda segundo o autor ser "holstica e interdisciplinar", exigindo conhecimento do trabalho/tarefa, do trabalhador/usurio, do ambiente e da organizao.

    Dix e outros (1993), afirmam que "esse fim de sculo foi caracterizado pelo surgimento de profissionais trabalhando na combinao de ferramentas e mquinas para indivduos, suas tarefas e suas aspiraes sociais. A engenharia industrial, fatores humanos (human factors), ergonomia e os sistemas ser humano-mquina so denominaes de especialidades profissionais que atuam nessa rea. Mais recentemente, a especialidade denominada interao ser humano-computador emergiu como outra especialidade, refletindo as transformaes em verses de computadores digitais interativos e a disseminao e popularizao de computadores pessoais".

    Esses enfoques que mostram a natureza dinmica e os limites tnues entre estas reas multidisciplinares afins, no podem ser considerados definitivos e fechados. A evoluo da ergonomia e reas relacionadas afins, que tem motivado estudos por parte dos diversos grupos de pesquisa, repercute-se nas abordagens tericas, nas tcnicas, na terminologia e nas discusses na literatura, enfatizando a importncia dessas reas emergentes. Alm disso, a ergonomia direcionada a atividades especficas e caracterizadas por constantes modificaes e inovaes, como o caso das tecnologias relacionadas gesto de sistemas de informao e de

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    28

    conhecimento.

    1.3 Conceitos de Ergonomia

    O termo ergonomia derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras). De fato, na Grcia antiga o trabalho tinha um duplo sentido: ponos que designava o trabalho escravo de sofrimento e sem nenhuma criatividade e, ergon que designava o trabalho arte de criao, satisfao e motivao. Tal o objetivo da ergonomia, transformar o trabalho ponos em trabalho ergon.

    Numa publicao da Organizao Mundial da Sade - OMS, W.T. SINGLETON (1972), definiu ergonomia como "uma tecnologia da concepo do trabalho baseada nas cincias da biologia humana".

    Para A. WISNER (1987), a "ergonomia constitui o conjunto de conhecimentos cientficos relativos ao ser humano e necessrios para a concepo de ferramentas, mquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o mximo de conforto, segurana e eficcia".

    A ergonomia definida por A. LAVILLE (1977) como "o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do ser humano em atividade, afim de aplic-los concepo de tarefas, dos instrumentos, das mquinas e dos sistemas de produo".Distingue-se, habitualmente, segundo este autor, dois tipos de ergonomia: ergonomia de correo e ergonomia de concepo. A primeira procura melhorar as condies de trabalho existentes e , freqentemente, parcial e de eficcia limitada. A Segunda, ao contrrio, tende a introduzir os conhecimentos sobre o ser humano desde o projeto do posto, do instrumento, da mquina ou dos sistemas de produo.

    De acordo com HENDRICK (1994), a ergonomia, em termos de sua tecnologia singular, pode ser definida como "o desenvolvimento e aplicao da tecnologia de interface do sistema ser humano-mquina. Ao nvel micro, isso inclui a tecnologia de interface ser humano-mquina, ou ergonomia de hardware; tecnologia de interface ser humano-ambiente, ou ergonomia ambiental, e tecnologia de interface usurio-sistema, ou ergonomia de software (tambm relatada como ergonomia cognitiva porque trata como as pessoas conceitualizam e processam a informao). Num nvel macro temos a tecnologia de interface organizaco-mquina, ou macroergonomia, que tem sido definida como uma abordagem top-dow do sistema scio-tcnico".

    IIDA (1993) define a ergonomia como "o estudo da adaptao do trabalho ao ser

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    29

    humano". Neste contexto, o autor alerta para a importncia de se considerar alm das mquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, tambm toda a situao em que ocorre o relacionamento entre o ser humano e o seu trabalho, ou seja, no apenas o ambiente fsico, mas tambm os aspectos organizacionais de como esse trabalho programado e controlado para produzir os resultados desejados.

    A Ergonomics Research Society do Reino Unido, define ergonomia como "o estudo do relacionamento entre o ser humano o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente, a aplicao dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia, na soluo de problemas surgidos neste relacionamento".

    A International Ergonomics Association (IEA), define ergonomia como "o estudo cientfico da relao entre o homem e seus meios, mtodos e espaos de trabalho. Seu objetivo elaborar, mediante a contribuio de diversas disciplinas cientficas que a compem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicao, deve resultar em uma melhor adaptao ao homem dos meios tecnolgicos e dos ambientes de trabalho e de vida".

    E, finalmente, a Associao Brasileira de Ergonomia (ABERGO), define ergonomia como o estudo da adaptao do trabalho s caractersticas fisiolgicas e psicolgicas do ser humano".

    Para WISNER (1987), a ergonomia se baseia, essencialmente, em conhecimentos no campo das cincias do ser humano (antropometria, fisiologia, psicologia, uma pequena parte da sociologia), mas constitui uma parte da arte do engenheiro, medida que seu resultado se traduz no dispositivo tcnico. O mesmo autor coloca que, embora os contornos da prtica ergonmica variem entre pases e at entre grupos de pesquisa, quatro aspectos so constantes, quais sejam:

    a utilizao de dados cientficos sobre o ser humano;

    a origem multidisciplinar desses dados;

    a aplicao sobre o dispositivo tcnico e, de modo complementar, sobre a organizao do trabalho e a formao;

    a perspectiva do uso destes dispositivos tcnicos pela populao normal dos trabalhadores disponveis, por suas capacidades e limites, sem implicar a nfase numa rigorosa seleo.

    Segundo SANTOS e ZAMBERLAN (1992), a "ergonomia tem como finalidade conceber e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a integridade da sade dos operadores e atingir objetivos econmicos. Os ergonomistas so profissionais que tm conhecimento sobre o funcionamento humano e esto prontos a atuar nos processos projetuais de situaes de trabalho, interagindo na definio da

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    30

    organizao do trabalho, nas modalidades de seleo e treinamento, na definio do mobilirio e ambiente fsico de trabalho".

    Conforme MINICUCCI (1992), a "ergonomia rene conhecimentos relativos ao ser humano e necessrios concepo de instrumentos, mquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o mximo de conforto, segurana e eficincia ao trabalhador. A mesma trabalha essencialmente com duas cincias : a Psicologia e a Fisiologia, buscando tambm auxlio na Antropologia e na Sociologia".

    A ergonomia, entre outros assuntos, procura estudar:

    as caractersticas materiais do trabalho, como o peso dos instrumentos, a resistncia dos comandos, a dimenso do posto de trabalho;

    o meio ambiente fsico (o rudo, iluminao, vibraes, ambiente trmico);

    a durao da tarefa, os horrios, as pausas no trabalho;

    o modelo de treinamento e aprendizagem.

    as lideranas e ordens dadas.

    Alm disso, a ergonomia procura realizar diversos tipos de anlises:

    anlises das atividades fsicas e cognitivas de trabalho;

    anlise das informaes;

    anlise do processo de tratamento das informaes.

    Ela foge da linguagem simples das aptides que define apenas as qualidades exigidas do operador para a execuo do trabalho, procurando informaes mais amplas a respeito das condies materiais necessrias para execut-lo. Leva em conta termos como: esforo, julgamento, ateno, concentrao, percepo, motivao que o psiclogo, s vezes, no leva em considerao, orientando-se apenas no sentido da seleo.

    Uma ampla definio dada por VIDAL et al. (1993), segundo a qual a "ergonomia tem como objeto terico a atividade de trabalho, como disciplinas fundamentais a fisiologia do trabalho, a antropologia cognitiva e a psicologia dinmica, como fundamento metodolgico a anlise do trabalho, como programa tecnolgico a concepo dos componentes materiais, lgicos e organizacionais de situaes de trabalho adequadas s pessoas e aos coletivos de trabalho. Tem ainda como meta de base a discusso e interpretao sobre as interaes entre ergonomistas e os demais atores sociais envolvidos na produo e no processo de concepo, buscando entender o lugar do ergonomista nestas aes, assim como formar seus

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    31

    princpios deontolgicos".

    Para o Instituto de Ergonomia da General Motors - Espanha, a ergonomia definida "como uma metodologia multidisplinar que tem como objetivo a adaptao da tcnica e as tarefas ao ser humano. Desta adaptao, ha de derivar-se em um menor risco no trabalho, maior conforto no posto de trabalho, assim como um enriquecimento dos contedos dos mesmos. Todos estos aspetos so compatveis com uma melhor produtividade, atravs , entre outros, da otimizao dos esforos e movimento no desenvolvimento das tarefas, de uma diminuio da probabilidade de errores, da melhora das condies de trabalho".

    Pode-se constatar, em todos os conceitos formulados, que a ergonomia est preocupada com os aspectos humanos do trabalho, em qualquer situao onde este realizado e, desta maneira, ela busca no apenas evitar aos trabalhadores postos de trabalhos fatigantes e/ou perigosos, mas procura coloc-los nas melhores condies de trabalho possveis, de forma a aumentar a eficcia do sistema de produo.

    A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta antropocentricidade pode resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de forma a se alcanar no apenas o aumento da produtividade, mas sobretudo uma melhor qualidade de vida no trabalho.

    1.4 As diferentes abordagens em ergonomia

    MARCELIN e FERREIRA (1982), comentam que a maioria dos conhecimentos utilizados pela ergonomia no so prprios dela, mas "emprestados" de outras disciplinas, particularmente da fisiologia e da psicologia do trabalho. A organizao e a utilizao desses conhecimentos. em uma determinada situao de trabalho, ou seja, a metodologia empregada, esta sim, prpria da ergonomia. A. WISNER (op. cit.), considera mesmo, ser a metodologia o domnio preferencial das pesquisas em ergonomia.

    Uma das metodologias mais utilizadas na atualidade, em especial nas escolas de linha francesa, a de Anlise Ergonmica do Trabalho - AET, que procura estudar o trabalho no s na sua dimenso explcita (tarefa), conforme definido pela engenharia de mtodos, mas, sobretudo, na sua dimenso implcita (atividades), caracterstica do conhecimento tcito do pessoal de nvel operacional.

    A prtica da ergonomia, segundo SANTOS e FIALHO (1995), "consiste em emitir

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    32

    juzos de valor sobre o desempenho global de determinados sistemas ser humano(s)-tarefa(s). Como tais sistemas normalmente so complexos, envolvendo expectativas relativamente numerosas, procura-se facilitar a avaliao sobre o desempenho global apoiando-se no princpio da anlise/sntese".

    Atualmente, dentro da ergonomia estuda-se tambm a macroergonomia, que surgiu a partir dos estudos de HENDRICK (1994). Segundo este autor, a ergonomia est na sua terceira gerao:

    A primeira gerao concentrou-se no projeto de trabalhos especficos, interfaces ser humano-mquinas, incluindo controles, painis, arranjo do espao e ambientes de trabalho. A maioria das pesquisas referia-se antropometria e a outras caractersticas fsicas do ser humano. Esta aplicao continua a ser um aspecto extremamente importante para a prtica da ergonomia em termos de contribuies para a segurana industrial e para a melhoria geral da qualidade de vida.

    A segunda gerao da ergonomia se inicia com nfase na natureza cognitiva do trabalho. Tal ocorreu em funo das inovaes tecnolgicas e, em particular, do desenvolvimento de sistemas informatizados (ergonomia de software).

    A terceira gerao da ergonomia resulta do aumento progressivo da automao de sistemas em fbricas e escritrios, do surgimento da robtica. Esta gerao da ergonomia privilegia a macroergonomia ou seja a organizao global em termos de mquina/sistema, e se concentra no desenvolvimento para auxiliar os controladores de processo a decidir sobre a adoo de cursos de ao que atendam aos mltiplos objetivos do mesmo.

    Segundo MESHKATI (1993), a macroergonomia consiste na "anlise das interfaces tecnologia-organizao-ser humano e das interaes cultura-gerenciamento-tecnologia", ou "o estudo dos fatores humanos num nvel macro ou num sistema pessoas-tecnologia mais abrangente, que est relacionado com as interaes entre (sub-) sistemas tecnolgicos e (sub-) sistemas organizacionais, gerenciais, pessoais e culturais".

    Para BROWN JR (1990), "a macroergonomia entende as organizaes como sistemas scio-tcnicos e incorpora conceitos e procedimentos da teoria dos sistemas scio-tcnicos ao campo da ergonomia".

    A macroergonomia, portanto, entendendo as organizaes como sistemas abertos, em permanente interao com o ambiente e, evidentemente, passando por processos de adaptao e, ao mesmo tempo, passveis de apresentar disfunes organizacionais, que se refletem nas suas performances e muito particularmente, no subsistema social, atravs da metodologia prpria da ergonomia - a anlise ergonmica do trabalho - desenvolve a anlise do trabalho, e promove o tratamento da interface MQUINA - SER HUMANO - ORGANIZAO.

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    33

    Da mesma forma, WISNER (1982), prope uma abordagem mais ampla da ergonomia, designada antropotecnologia, quando do processo de transferncia de tecnologia, de um pas para outro, de uma regio para outra de um mesmo pas, ou tambm, de um laboratrio de pesquisa para o setor empresarial. Segundo este autor, alm das consideraes ergonmicas tradicionais, necessrio, tambm, levar em considerao os aspectos de natureza contingencial: cultura, geografia, aspectos scio-econmicos, clima, etc.

    Em sua evoluo conceitual, verifica-se que a ergonomia, hoje, se constitui numa ferramenta de gesto empresarial. De nada adianta a certificao de qualidade de processos e produtos, se no se consegue certificar sentimentos, crenas, hbitos, costumes, isto , certificar o ser humano. Uma das formas de compatibilizar os sistemas tcnico e social, evidentemente, o que preceitua a ergonomia : a viso antropocntrica.

    O centro das atenes no ser humano, isto , a antropocentricidade da ergonomia, favorece no s mudanas organizacionais, como tambm alavanca mudanas no conceito de produtividade, este sendo visto partir da qualidade de vida no trabalho, observando, dentre outros parmetros : a participao do trabalhador, a liberdade para a criao e a valorizao do saber fazer, isto , do conhecimento tcito.

    Neste sentido, ento, pode-se classificar a ergonomia de trs maneiras:

    Quanto a abrangncia:

    Ergonomia de Posto de Trabalho: abordagem microergonmica;

    Ergonomia de Sistemas de Produo: abordagem macroergonmica.

    Quanto a contribuio:

    Ergonomia de Concepo: a aplicao de normas e especificaes ergonmicas em projeto de ferramentas e postos de trabalho, antes de sua implantao;

    Ergonomia de Correo: a modificaes de situaes de trabalho j existentes. Portanto, o estudo ergonmico s feito aps a implantao do posto de trabalho;

    Ergonomia de Arranjo Fsico: a melhoria de sequncias e fluxos de produo, atravs da mudana de leiaute das plantas industriais (por exemplo: mudana de um leiaute por processo para um leiaute por produto);

    Ergonomia de Conscientizao: a capacitao das pessoas nos mtodos e tcnicas de anlise ergonmica do trabalho.

    Quanto a interdisciplinaridade:

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    34

    Engenharia: o projeto e a produo ergonomicamente corretos, garantindo a segurana, a sade e a eficcia do ser humano no trabalho;

    Design: a aplicao das normas e especificaes ergonmicas no projeto e design de produtos;

    Psicologia: recrutamento, treinamento e motivao do pessoal;

    Medicina e Enfermagem do Trabalho: a preveno de acidentes e de doenas do trabalho;

    Administrao: gesto de recursos humanos, projetos e mudanas organizacionais.

    1.5 Os diferentes tipos de ergonomia

    Na aplicao prtica, vrias tm sido as designaes dadas a ergonomia. Sem procurar estabelecer uma tipologia ergonmica, apresentaremos a seguir uma categorizao definida a partir das diferentes designaes encontradas na literatura:

    Ergonomia de projeto: a incorporao de recomendaes ergonmicas no estgio inicial do projeto de postos de trabalho;

    Ergonomia industrial: a correo ergonmica de situaes de trabalho industrial j implantadas;

    Ergonomia do produto: a concepo de um determinado objeto, a partir das normas e especificaes ergonmicas, definidas preliminarmente.

    Ergonomia da produo: a ergonomia de cho de fbrica, baseada na anlise ergonmica dos diversos postos de trabalho.

    Ergonomia de laboratrio: a pesquisa em ergonomia, realizada em condies controladas de laboratrio. Alguns autores, como MONTMOLLIN, afirmam que no se trata verdadeiramente de uma pesquisa ergonmica, pois ela no realizada em situao real de trabalho.

    Ergonomia de campo: a pesquisa em ergonomia, realizada em situao real, utilizando-se como metodologia a anlise ergonmica do trabalho.

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    35

    1.6 A abordagem sistmica em ergonomia

    1.6.1 Teoria de sistemas

    A teoria de sistemas foi elaborada pelo bilogo alemo LUDWIG VON BERTALANFFY, no final da dcada de 40. Ela partia de trs premissas bsicas:

    os sistemas existem dentro de outros sistemas; os sistemas so abertos; as funes de um sistema dependem de sua estrutura.

    A partir destas premissas, foram estabelecidos os pressupostos bsicos desta teoria: existe uma ntida tendncia para a integrao nas vrias cincias naturais e sociais; essa integrao parece orientar-se no sentido de uma teoria de sistemas; essa teoria de sistemas pode ser uma abordagem mais abrangente de estudar os campos no-fsicos do conhecimento cientfico; essa teoria de sistemas aproxima-nos do objetivo da unidade cientfica;

    Os pressupostos anteriores podem promover a necessria integrao na educao cientfica.

    1.6.2 Alguns conceitos fundamentais da teoria de sistema

    1) Ciberntica:

    Ciberntica a cincia da comunicao e do controle, seja dos seres vivos naturais (homem), seja dos seres artificiais (mquina). A comunicao configura a interao existente entre o emissor e o receptor, enquanto que o controle configura a regulao existente, isto , a retroao. Segundo BERTALANFFY (1975), "ciberntica uma teoria dos sistemas de controle baseada na comunicao (transferncia de informao) entre o sistema e o meio ambiente, e dentro do prprio sistema, e do controle (retroao) da funo dos sistemas com respeito ao ambiente". O campo de estudo da ciberntica so os sistemas.

    2) Conceito de Sistema:

    BERTALANFFY (ibidem) define "sistema como um conjunto de unidades

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    36

    reciprocamente relacionadas". Desta definio decorrem dois conceitos:

    Objetivo do sistema: as unidades, bem como os relacionamentos, definem um arranjo que visa sempre um objetivo.

    Globalidade do sistema: o sistema sempre reagir globalmente a qualquer estmulo produzido em quaisquer das suas unidades. Isto , h uma relao de causa-efeito entre as diferentes partes de um sistema.

    A definio de um sistema depende da focalizao ele dada, pelo sujeito que pretenda analis-lo. Uma determinada situao de trabalho pode ser:

    um sistema; um sub-sistema;

    um super-sistema.

    Pode-se definir, ento, sistema como um conjunto de componentes (partes ou rgos do sistema), dinamicamente interrelacionados entre si em uma rede de comunicaes (em decorrncia da interao dos diversos componentes), formando uma atividade (comportamento ou processamento do sistema), para atingir um determinado objetivo (finalidade do sistema), agindo sobre sinais, energias e materiais (insumos ou entradas a serem processadas pelo sistema), para fornecer informaes, energias ou produtos (sadas do sistema).

    3) Conceito de Entrada (input):

    Entrada o que o sistema importa do meio ambiente para ser processado. Podem ser:

    dados: permitem planejar e programar o comportamento do sistema; energias de entrada: permitem movimentar e dinamizar o sistema; materiais: so os recursos a serem utilizados pelo sistema para produzir a sada.

    4) Conceito de Sada (output):

    Sada o resultado final do processamento de um sistema. Podem ser:

    informaes: so os dados tratados pelo sistema; energias de sada: a energia processada pelo sistema; produtos: so os objetivos do sistema (bens, servios, lucros, resduos,...)

    5) Conceito de caixa-preta (black box):

    Um sistema cujo interior no pode ser desvendado denominado de caixa preta.

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    37

    Esses sistemas podem ser:

    hipercomplexos; impenetrveis.

    6) Conceito de Retroao (feedback):

    A retroao um mecanismo de comunicao entre a sada e a entrada do sistema. As principais funes da retroao so:

    controlar a sada do sistema; manter o equilbrio do sistema; manter a sobrevivncia do sistema.

    7) Conceito de Homeostasia:

    A homeostasia, ou homeostase, a capacidade que tm os sistemas de manterem um equilbrio dinmico, entre suas diversas componentes ou partes, por intermdio do mecanismo de retroao (auto-controle ou auto-regulao). Os sistemas homeostticos tendem ao progresso, ao desenvolvimento.

    8) Conceito de Redundncia:

    A redundncia a quantidade de informao excedente, correspondente aos sinais, cuja ocorrncia pode ser prevista a partir de outros sinais.

    9) Conceito de Entropia:

    O conceito de entropia vem da segunda lei da termodinmica, segundo a qual "um sistema termodinmico que no troca energias com o meio ambiente externo tende a entropia, isto , tende degradao, desintegrao e, enfim, ao desaparecimento".

    10) Conceito de Informtica:

    A informtica a parte da ciberntica que permite o tratamento racional e sistemtico da informao por meios totalmente automticos.

    11) Conceito de Sistema Total:

    O sistema total aquele representado por todas as unidades e relaes necessrias e suficientes para alcanar um determinado objetivo pr-fixado. O objetivo de um sistema total define a realidade para a qual foram ordenadas todas as unidades e relaes do sistema, enquanto as suas restries so as limitaes introduzidas em sua operao, definindo assim as fronteiras do sistema e as condies dentro das

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    38

    quais o mesmo ir operar. Os sistemas podem operar, simultaneamente, em srie ou em paralelo. Os sistemas existem em um meio ambiente e so por ele condicionados.

    12) Conceito de Meio Ambiente:

    Meio ambiente o conjunto de todos os objetivos que, dentro de um limite especfico, possam ter alguma influncia sobre a operao do sistema. As fronteiras de um sistema so as condies ambientais dentro das quais o sistema deve operar.

    1.6.3 Teoria da Informao:

    A teoria da informao (segundo C. SHANNON & W. WEAVER, 1949) uma teoria estatstica que permite medir a quantidade de informao emitida (ou recebida) por uma fonte.

    A unidade de quantificao da informao o BIT, que corresponde a quantidade de informao transmitida por uma fonte, cuja probabilidade de emisso 1/2.

    Por conveno, os clculos so efetuados no sistema logartmico de base 2.

    Quando todos os sinais emitidos por uma fonte so independentes, uns dos outros, a entropia desse sistema (o valor mdio da informao emitida) dada pela relao:

    H = - p log 2 p

    Onde: p a probabilidade de ocorrncia dos sinais emitidos pela fonte.

    Se todos os sinais so equiprovveis, a entropia mxima e igual a log2 n

    Onde: n o nmero de sinais.

    Para SHANON (ibidem), a informao emitida por uma fonte sob a forma de mensagens que, para serem transmitidas, so codificadas por um emissor, que transforma essas mensagens em sinais. A transmisso assegurada pela via de comunicao (canal) at o receptor que decodifica os sinais a fim de torn-los utilizveis pelo destino. Toda a degradao da informao durante a comunicao devida aos efeitos de rudo ou interferncia.

    1.6.4 Classificao dos Sistemas:

    Os sistemas podem ser classificados segundo a sua contribuio e segundo a sua natureza.

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    39

    Quanto a sua constituio os sistemas podem ser:

    fsicos ou concretos: quando compostos de hardwares; abstratos: quando compostos de softwares.

    Os sistemas fsicos (mquina) precisam de um sistema abstrato (programao) para poderem funcionar e desempenhar suas funes.

    Quanto sua natureza os sistemas podem ser:

    fechados: so sistemas cujo comportamento totalmente determinstico e programvel e que operam com pouco intercmbio com o meio ambiente;abertos: so sistemas cujo comportamento probabilstico (ou mesmo estocstico), no programvel e que mantm uma forte interao com o meio ambiente.

    Quanto a complexidade os sistemas podem ser:

    Sistemas simples: dinmicos; Sistemas complexos: altamente elaborados e bem inter-relacionados; Sistemas hipercomplexos: complicados e no descritivos.

    Quanto a ocorrncia:

    sistemas determinsticos: totalmente previsveis; sistemas probabilsticos: previsvel dentro de uma certa probabilidade; sistemas estocsticos: no previsveis.

    1.6.5 Propriedades dos Sistemas:

    Os sistemas cibernticos apresentam trs propriedades:

    so sistemas complexos: focalizados como caixa preta; so sistemas probabilsticos: tratados estatisticamente; so sistemas auto-regulados: homeostticos.

    1.6.6 Hierarquia dos Sistemas:

    Pode-se estabelecer uma classificao hierrquica dos sistemas, de forma que na base tm-se os sistemas mais elementares e na medida em que se sob na hierarquia, sobe-se tambm a complexidade dos sistemas:

    sistemas simblicos; sistemas scio-culturais;

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    40

    homem; animais; organismos inferiores; sistemas abertos; sistemas cibernticos simples; sistemas dinmicos simples; sistemas estticos.

    1.6.7 Sistemas abertos:

    Os sistemas abertos podem ser entendidos como conjuntos de partes em constante interao (caracterstica de interdependncia das partes), constituindo um todo sinrgico (o todo maior do que a soma das partes), orientados para determinados fins (comportamento teleolgico) e em permanente relao de interdependncia com o ambiente externo (influencia e influenciado pelo meio ambiente externo);

    Segundo a viso sistmica, TAYLOR, FAYOL e WEBER abordaram as organizaes segundo uma perspectiva de sistema fechado:

    os sistemas fechados so sistemas isolados das influncias das variveis externas, sendo ento, determinsticos; um sistema determinstico aquele em que uma mudana especfica em uma de suas variveis produzir um resultado particular com certeza; um sistema fechado requer que todas as variveis sejam conhecidas e controlveis; os sistemas abertos esto em constante interao dual com o meio ambiente, atuando, a um s tempo, como varivel independente e como varivel dependente do ambiente; os sistemas abertos tem capacidade de crescimento, mudana, adaptao ao meio e at auto-reproduo, sob certas condies ambientais;

    contingncia dos sistemas abertos competirem com outros sistemas, o que no ocorre com o sistema fechado.

    1.6.8 Caractersticas das organizaes como um sistema aberto:

    As organizaes apresentam as seguintes caractersticas, como um sistema aberto:

    comportamento probabilstico (s vezes estocstico) e no-determinstico;as organizaes so partes de um sistema maior e constituda de partes

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    41

    menores; interdependncia das partes; homeostase e "estado estvel"; fronteiras ou limites; morfognese.

    1.6.9 Modelos de organizao:

    Modelo a representao de alguma coisa. Os modelos fsicos ou matemticos so importantes para facilitar a compreenso do funcionamento dos sistemas. Segundo M. de MONTMOLLIN (1978), "modelo um sistema de representao intencionalmente empobrecido e simplificado da realidade". Este sistema limita a representao da realidade um nmero restrito de categorias, as quais comportam um nmero limitado de graus ou de variveis.

    Os diferentes modelos esto relacionados modelos mais amplos ou mais gerais, de entendimento da realidade, isto , daquilo que os socilogos chamam de ideologia.

    A importncia da utilizao de modelos em ergonomia est relacionada, fundamentalmente, a trs fatores:

    manipulao da representao e no da realidade; incerteza organizacional; facilidade de elaborao de modelos.

    Existem dois tipos de modelos:

    isomorfos: possuem formas semelhantes; homomorfos: formas proporcionais.

    1.6.10 Sistemas Ser Humano (s) - Mquina (s)

    Um sistema SHM um conjunto de postos de trabalho, articulados entre si.

    Pode-se estabelecer, de forma arbitrria, trs estgios da evoluo dos sistemas homens - mquinas:

    Estgio da ferramenta: neste estgio a percepo das informaes e as respostas dadas pelo ser humano so diretas. o estgio do desenvolvimento tecnolgico da ferramenta. As atividades de trabalho do ser humano consistem basicamente na manipulao de ferramentas,

  • Escola Estadual de Educao Profissional [EEEP]

    Ensino Mdio Integrado Educao Profissional

    Tcnico em Segurana do Trabalho

    ERGONOMIA

    42

    concebidas para ampliar suas capacidades ou reduzir suas limitaes.

    Estgio da mecanizao: neste estgio a percepo e as respostas so indiretas. o estgio do desenvolvimento tecnolgico industrial da mecanizao, baseadas nas tecnologias mecnicas, a partir da mquina vapor de WATT. As atividades de trabalho do ser humano, consistem basicamente no comando e no controle de mquinas e sistemas industriais de produo, atravs de um dispositivo de c