Estudo de Caso ADULTO

download Estudo de Caso ADULTO

of 13

Transcript of Estudo de Caso ADULTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAESCOLA DE NUTRIO DEPARTAMENTO DE CINCIA DA NUTRIODISCIPLINA AVALIAO NUTRICIONALDOCENTES: LILIAN RAMOS E PRICILLA MOREIRA

LUCIANA FERREIRAMARIANA CARVALHOREBECA CAMPOS

ESTUDO DE CASO ADULTO

SALVADOR2015ESTUDO DE CASO - ADULTO

1. IDENTIFICAO

B.V., 23 anos, sexo feminino, solteira, branca, natural e procedente da Colmbia, estudante cursando nvel superior no Brasil a 4 meses.

2. HISTRIA CLNICAH.P.P.: Diagnosticada com gastrite h 2 anos. H.P.A.: Sndrome do clon irritvel. H.F.: Hipertenso arterial (av paterna), diabetes (av materna). H.S.: Reside em apartamento alugado com colegas da faculdade em adequadas condies de saneamento. Refere etilismo 1x/ms, na quantidade de 5 copos pequenos de cerveja ou vinho. Nega tabagismo. Renda mensal: R$900,00.3. ANTROPOMETRIA 3.1. DISCUSSO DOS INDICADORES ANTROPOMTRICOS UTILIZADOS:I. ndice de Massa Corporal (IMC): Indicador que avalia a massa corporal total do indivduo em relao a sua altura. Para interpret-lo, foram aplicados os pontos de corte preconizados pela OMS, 1997, a saber: 18,5 < IMC < 24,9.II. rea Muscular do Brao Corrigida (AMBc): Indicador utilizado para estimar a reserva corporal de massa muscular corrigindo a rea ssea. Para calcul-lo, foi utilizada a frmula proposta por Heymsfield et al (1982). J para a interpretao do valor encontrado aplicou-se a tabela de percentis, bem como os pontos de corte apresentados por Lee&Nieman (1993) apud Frisancho (1990), a saber: AMBc > p15. III. PCB, PCT, PCSE E PCSI: Indicador utilizado para estimar a reserva de gordura corporal total. Para interpretar o valor encontrado foi aplicada a tabela de percentual de gordura corporal apresentada por Durnin & Wormersley (1974), bem como os pontos de corte preconizados por Lee&Nieman (1993) apud Frisancho (1990), a saber: p15 < PCB+PCT+PCSE+PCSI < p85IV. Circunferncia da Cintura (CC): Indicador utilizado para avaliar a concentrao de gordura na regio abdominal. Para tanto, foram aplicados os pontos de corte preconizados pela OMS (1998), a saber: CC < 80 cm.3.2. APRESENTAO DAS MEDIDAS, DOS INDICADORES E SUAS RESPECTIVAS INTERPRETAES:MedidaValor

Peso69,5 Kg

Altura1,63 m

Circunferncia do brao28,1 cm

Circunferncia da cintura77 cm

Circunferncia do quadril103 cm

Prega cutnea bicipital5 mm

Prega cutnea tricipital8 mm

Prega cutnea subescapular16 mm

Prega cutnea suprailaca20 mm

IndicadorIMCAMBc PCB, PCT, PCSE E PCSICC

Resultado 26,1 Kg/m45,6 m49 mm77 cm

InterpretaoSobrepeso.tima reserva corporal de massa muscular.

Reserva corporal de tecido adiposo acima da mdia.Sem risco elevado para desenvolvimento de doenas cardiovasculares.

DIAGNSTICO ANTROPOMTRICO Sobrepeso s custas de tecido adiposo acumulado na regio do quadril. tima reserva de massa muscular.4. SEMIOLOGIA CLNICAI. Tecido adiposoReserva adequada: Bceps, trceps, bola gordurosa de Bichart;Leve acmulo em regio abdominal;Sem alteraes no tecido adiposo subcutneoII. Tecido muscularReserva adequada: Tmporas, intersseos, supra e infraclavicular, frcula esternal, deltoide, adutor do polegar, gastrocnmio.

III. Aparelho gastrointestinalNega disfagia e odinofagia;Refere pirose;Apetite diminudo;Ritmo intestinal: todos os dias, 2x/dia. Nega dor, esforo, tenesmo e presena de sangue. Nmero 2 segundo a escala de Bistrol.

IV. Ritmo Urinrio4-5 vezes ao dia;Cor clara n 2, segundo a escala de Armstrong.

V. Micronutrientesa) Vitamina A Olhos: Ausncia de manchas de Bitot ou xeroftalmia; Pele: Ausncia de xerose ou hiperqueratose folicular.

b) Riboflavina Olhos: Sem sinais de irritabilidade e secura; Lbios: Ausncia de queilose ou queilite angular; Lngua: Sem colorao magenta.

c) Niacina Pele: Ausncia de dermatite pelagrosa.

d) Vitaminas B12 e B9 Face: Sem palidez; Regio palmo-plantar: Hipocorada (++/IV); Unhas: No-coilonquias, quebradias ou rugosas. Sintomas: Astenia, anorexia.

e) Vitamina C Cavidade oral: Ausncia de sangramento nas gengivas; Unhas: Ausncia de hemorragia ao redor dos folculos pilosos das unhas; Pele: Ausncia de petquias.

f) Vitamina D Face: Ausncia de bossa frontoparietal; Ossos: Ausncia de alargamento epifisrio; MMII: Ausncia de perna em X.

g) Zinco Cabelos: Colorao e aspecto adequados, nega alopcia; Unhas: Presena de manchas brancas; Sintoma: Anorexia.

h) Ferro Face: Ausncia de palidez; Mucosas suboculares: Hipocoradas (++/IV); Mucosa sublingual: Hipoocorada (+/IV) Regio palmo-plantar: Hipocorada (++/IV); Unhas: No-coilonquias, quebradias ou rugosas; Sintomas: Astenia, anorexia.

VI. Dentio e mastigaoDentio natural, bem preservada Mastigao sem alteraes

VII. HidrataoTurgor e elasticidade cutneas preservadosPele sem alteraesUmidade em regio sublingualCor da urina clara, n 2, segundo a escala de Armstrong

VIII. Geral:Abdmen sem alteraes palpao e percusso.Sem edema em MMII.

DIAGNSTICO SEMIOLGICO Hidratada Suspeita de carncia de Ferro Reserva de tecido adiposo e muscular adequados Ritmo urinrio normal Ritmo intestinal lento

5. INDICADORES BIOQUMICOSPor no apresentar exames bioqumicos e devido aos achados na semiologia, antropometria e inqurito alimentar, o exame bioqumico necessrio para este caso seria: Hemograma: Em virtude dos sinais observados pela equipe e sintomas referidos pela paciente, tais como: mucosas suboculares e sublingual hipocoradas, regio palmo-plantar tambm hipocorada, astenia e anorexia. Perfil lipdico: Devido a paciente apresentar reserva de gordura acima da mdia e, embora sua ingesto habitual de alimentos do grupo dos leos e gorduras esteja de acordo com a recomendao, tais alimentos so ricos em gordura saturada (biscoitos, ovo frito).

6. ANLISE E DISCUSSO DO INQURITO ALIMENTARO mtodo utilizado foi o recordatrio habitual, devido a paciente possuir discernimento e habilidade de fornecer as informaes necessrias. Ademais, o mtodo escolhido permite uma melhor anlise do consumo alimentar do indivduo, contribuindo para avaliar de forma mais precisa sua ingesto alimentar.Nesse caso, o mtodo selecionado apresentou como vantagens: baixo custo, no alterou a ingesto alimentar da paciente e aplicabilidade sem muitas dificuldades. Como desvantagens: Dificuldade em estimar o tamanho das pores em medidas caseiras por parte da paciente.

6.1. Alimentos da dieta do paciente que compem os grupos alimentares da pirmide alimentar, pores consumidas e pores recomendadas:Grupo alimentarAlimentos da dieta do pacientePores ingeridasPores Recomendadas (Ministrio da Sade, 2013)Concluso

Pes, Cereais, Razes e Tubrculos Arroz; Biscoito do tipo cream cracker;66Ingesto adequada

Verduras e legumes Cenoura; Beterraba; Tomate;

73Ingesto acima do recomendado

Frutas

Ma;

33Ingesto adequada

Leite, queijos e iogurtesQueijo mussarela;

23Ingesto abaixo do recomendado

Carnes e ovos Ovo; Frango.4 e 1/21Ingesto acima do recomendado

Feijes--01Ingesto abaixo do recomendado

leos e gorduras

leo de soja;11Ingesto adequada

Acares e doces

2 e 1/21Ingesto acima do recomendado

6.2. Recomendaes de macronutrientes com as consumidas pelo paciente:VALORES ENCONTRADOS NA DIETA

MacronutrientesRecomendaes (DRIs, 2002)Consumo

PTN0,8 a 1,0 g/Kg/diag/Kg/dia

LIP20 a 35% do VET%

CHO45 a 65% do VET%

CONCLUSO: A dieta habitual da paciente hiper... ao seu peso atual.

6.3. Analisar o VET com as necessidades energticas:VET ENCONTRADO ATRAVS DO INQURITO:

VET RECOMENDADO: kcal (DRI, 2005) Clculos vide anexo.Para a escolha do VET recomendado considerou-se que a paciente encontra-se com sobrepeso. Portanto, dentre os VETs encontrados por meio de vrias referncias, optou-se por um valor menor que seu VET habitual, embora prximo a ele para que a paciente no sinta grandes dificuldades em seguir a dieta proposta.

CONCLUSO: O VET da paciente encontra-se hipercalrico ao peso atual de acordo com o VET recomendado pela DRI (2005).

6.4. Analisar a ingesto de lquidos totais consumida pela recomendada:a) Alimentos lquidos: Caf: 525 mL Suco de maracuj: 250 mL Suco de uva: 500 mL

b) Clculo da gua metablica: PTN 50,9g x 0,42 = 21,58 mL LIP 39,37 x 1,07 = 42,21 mL CHO 271,69 x 0,6 = 177 mL

c) gua pura: 1000 mL

INGESTO DE LQUIDOS TOTAL

Ingesto da Paciente Ingesto recomendada (DRI, 2006)

mL2700 mL

DIAGNSTICO CONSUMO ALIMENTAR Dieta hipocalrica, hiperglicdica, hiperprotica e hipolipdica ao peso atual Baixo fracionamento das refeies (3 refeies/dia) Baixo consumo dos grupos: frutas, verduras e legumes, carnes e ovos, leite e derivados, leguminosas. Elevado consumo de acares, leos e gorduras. Consumo adequado dos demais grupos.

DIAGNSTICO NUTRICIONAL: Sobrepeso s custas de tecido adiposo acumulado na regio do quadril; tima reserva de massa muscular; Suspeita de carncia de ferro; Hidratada; Ritmo urinrio normal; Ritmo intestinal normal; Baixo consumo de alimentos dos grupos: leite e derivados; feijes. Alto consumo de alimentos dos grupos: legumes e verduras; carnes e ovos; acares e doces. Adequado consumo de alimentos dos grupos: cereais, razes e tubrculos; frutas; leos e gorduras.7. FATORES QUE EXPLICAM O DIAGNSTICO NUTRICIONALO consumo de clcio tem relao inversa com a gordura corporal, e a deficincia desse nutriente colabora para o desenvolvimento de sobrepeso ou obesidade (LEO, 2014). Dessa forma, a baixa ingesto de laticnios por parte da paciente e, consequentemente, uma possvel deficincia de clcio, pode explicar a classificao do estado nutricional da paciente como Sobrepeso e a concluso de que ela apresenta reserva de gordura acima da mdia. Alm disso, a ingesto habitual de alimentos ricos em gordura saturada (como ovos fritos e biscoitos, presentes na dieta da paciente) tambm se relaciona com excesso de peso e de gordura corporal. J a suspeita de deficincia de Ferro pode ser explicada pela ausncia do consumo de leguminosas, juntamente com a observao de sinais e sintomas tpicos da anemia (astenia, anorexia, mucosas suboculares e sublingual hipocoradas, assim como a regio palmo-plantar).O ritmo urinrio normal provavelmente deve-se a uma adequada ingesto de lquidos. A normalidade do ritmo intestinal tambm se relaciona com o apropriado consumo de lquidos, assim como a adequada ingesto de fibras, visto que a dieta da paciente apresenta elevada quantidade de hortalias e quantidade de frutas equivalente recomendao (e tais grupos alimentcios so ricos em fibras).A ausncia de leguminosas na dieta explicada pelo mal estar referido pela paciente ao ingerir alimentos desse grupo. J a baixa ingesto de laticnios pode estar relacionada baixa condio scio-econmica da paciente, que refere comprar o estritamente necessrio de acordo com uma lista de prioridades na qual leites, queijos e iogurtes no esto includos. O alto consumo de hortalias e carnes, bem como a adequada ingesto de alimentos do grupo dos cereais, razes e tubrculos, pode ser esclarecido pelo fato de que a paciente realiza suas principais refeies no Restaurante Universitrio da UFBA, onde ofertada uma grande quantidade de alimentos desses grupos, e oferecendo quase sempre uma fruta como sobremesa, o que pode explicar o consumo desses alimentos conforme o recomendado.A adequada ingesto de leos e gorduras, assim como o alto consumo de acares e doces provavelmente se deve tambm baixa condio scio-econmica, uma vez que esses produtos alimentcios so comercializados a preos bastante acessveis, o que favorece seu consumo.

8. CONSEQUNCIAS DOS ACHADOS NUTRICIONAIS Segundo Veggi et al (2004), indivduos com sobrepeso podem apresentar transtornos psicolgicos devido presso social e estigmatizao que sofrem ao serem comparados com os corpos esguios venerados pela mdia e sociedade em geral. Ainda de acordo com os autores, tais sujeitos so alvos comuns do preconceito e discriminao nos locais de trabalho e relacionamentos sociais. Conforme o estudo de Pazetto (2010), o excesso de peso eleva o risco de desenvolvimento de uma srie de enfermidades, como doenas cardacas, diabetes, hipertenso arterial sistmica, cnceres e desordens msculo-esqueltico. A autora ainda observa que algumas manifestaes clnicas que podem ser observadas em pessoas com sobrepeso e obesidade so a doena de blount, valgismo de joelho, artroses, diminuio da amplitude da caixa torcica e dores na coluna lombar. O baixo consumo de laticnios pode levar a deficincia de Clcio, uma vez que estes alimentos so as fontes de maior biodisponibilidade desse micronutriente. Tal deficincia colabora para o aparecimento de vrias doenas crnicas no transmissveis, tais como osteoporose, hipertenso arterial, alguns tipos de cncer, e at mesmo sobrepeso e obesidade (LEO, 2014). J a ausncia de leguminosas na dieta pode levar a anemia por deficincia de Ferro, uma vez que esse grupo alimentcio rico no micronutriente referido.O consumo elevado de carnes e ovos pode levar ao desenvolvimento de cncer, aumentando tambm o risco de morte. O excesso de acares e doces se relaciona obesidade e comorbidades associadas. Monteiro (2009) ressalta ainda que o alto consumo de alimentos ricos em acar predispe a diabetes, doenas cardiovasculares e mesmo de certos tipos de cncer.

REFERNCIASVEGGI, A. B. et al. ndice de massa corporal, percepo do peso corporal e transtornos mentais comuns entre funcionrios de uma universidade no Rio de Janeiro. Rev. Bras. Psiquiatr., vol.26,n.4,So Paulo,dez.2004.PAZETTO, J. S. Proposta de tratamento para indivduos com sobrepeso e obesidade que apresentam dores lombares atravs do mtodo pilates. Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC, dez. 2010.LEO, L.S.; CARDOSO, F. S. Efeitos do consumo de clcio na composio corporal e perda de peso em adultos. Revista Brasileira de Cincias da Sade, v. 12, n. 40, abr/jun. 2014.MONTEIRO, C. A.; CASTRO, I. R. R. Porque necessrio regulamentar a publicidade de alimentos. Cincia e Cultura,vol.61,n.4, So Paulo,2009.

ANEXOS