ESTUDO DE INTELIGÊNCIA DE MERCADO MÚSICA

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  • ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADO

    MSICA

  • 2015. Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas SebraeTODOS OS DIREITOS RESERVADOSA reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei n. 9.610).

    Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas SebraeUnidade de Acesso a Mercados e Servios FinanceirosSGAS 605 Conjunto A CEP: 70200-904 Braslia/DFTelefone: (61) 3348-7346 www.sebrae.com.br

    Presidente do Conselho Deliberativo NacionalRobson Braga de Andrade

    Diretor-PresidenteGuilherme Afif Domingos

    Diretora TcnicaHeloisa Regina Guimares de Menezes

    Diretor de Administrao e FinanasLuiz Eduardo Pereira Barretto Filho

    Unidade de Atendimento Setorial Servio

    GerenteAndr Spnola

    Unidade de Acesso a Mercados e Servios Financeiros

    GerenteAlexandre Comin

    Coordenao TcnicaJose Weverton Pimenta Leite

    Coordenao da Carteira Economia CriativaDenise Marques Lucena Barros

    Consultora ConteudistaMelissa Alvarenga Galvo

    Reviso OrtogrficaDiscovery Formao Profissional Ltda ME

    Projeto Grfico e DiagramaoDiego Soares / Grupo Informe Comunicao Integrada

  • 3Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICASUMRIO

    I. SOBRE O ESTUDO..................................................51.Introduo ................................................................61.1 Sobre esse estudo ................................................61.2 Objetivos ...............................................................71.3 Pblico-alvo ...........................................................81.4 Metodologia ..........................................................81.5 Inteligncia de mercado aplicada ao setor de Msica .....................................................91.6 Panorama geral .................................................. 101.7 O papel do Sebrae e principais projetos para o segmento da Msica ................................................20

    II. CADEIA PRODUTIVA DA MSICA .......................242. Cadeia produtiva da msica ..................................252.1 Etapa de pr-produo .......................................272.2 Etapa de produo ..............................................282.3 Etapa de distribuio .........................................312.4 Etapa de divulgao ............................................332.5 Etapa de comercializao ...................................34

    III. MECANISMOS DE FINANCIAMENTO E MODELOS DE MONETIZAO ..................................................473. Mecanismos de financiamento ............................483.1 Fonte de recursos diretos - Modelo pblico .......483.2 Fontes de recursos diretos - Modelo misto ........483.3 Outras fontes de financiamento .........................523.4 Fontes de recursos pblicos indiretos ...............573.5 Outros modelos de monetizao ........................62

    IV. INICIATIVAS DE COLABORAO DA MSICA ...654. Iniciativas de colaborao da msica ....................664.1 Coworking ..........................................................664.2 Arranjos Produtivos Locais .................................67

    V. PRINCIPAIS ENTIDADES E ASSOCIAES DO SETOR .................................................................735. Principais entidades eassociaes ....................... 74

  • 4Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICASUMRIO

    VI. LEGISLAO .......................................................806. Legislao .............................................................816.1 Leis de Incentivo Fiscal ......................................816.2 Leis de proteo .................................................816.3 PEC da Msica- 123/2011 ..................................876.4 Lei n 11.769 - Msica como contedo obrigatrio nas escolas .............................................906.5 Projeto de Lei n. 4.923 de 2013 - Maior rigor para liberao de alvars de funcionamento para casas shows e bares ................................................91

    VII. PIRATARIA ..........................................................947. Pirataria .................................................................957.1 Pirataria on-line ..................................................957.2 Pirataria Fsica ..................................................997.3 Principais iniciativas no combate pirataria ...... 100

    VIII. TENDNCIAS ................................................... 1028. Tendncias para o mercado da msica ............... 1038.1 Tecnologia cada vez mais presente ................... 1038.2 O papel das redes sociais ................................. 1058.3 Mudanas no papel do consumidor na cadeia produtiva ................................................ 1098.4 Os formatos fsicos (CDs e Discos de Vinil) vo morrer? .......................................................1108.5 O futuro do mercado da msica ....................... 114

    IX. PRINCIPAIS EVENTOS DO SETOR .....................1179. Principais eventos do setor ................................. 1189.1 Feiras ............................................................... 1199.2 Festivais de msica ......................................... 1279.3 Festivais de msica no mundo ......................... 133

    X. REFERNCIAS EXTERNAS ................................ 13810. Referncias externas Redes sociais, blogs, websites, revistas, formadores de opinio e servios de streaming e download .... 139

    10.1 Principais Redes Sociais ................................. 139

    10.2 Sites e Blogs sobre msica, produo, distribuio e mercado ........................................... 141

    10.3 Sites e blogs sobre msica independente do Music Alliance Pact ............................................ 144

    10.4 Publicaes impressas.................................... 151

    10.5 Formadores de opinio ................................. 153

    10.6 Principais servios de streaming e download mercado da msica ................................................ 159

  • Parte I

    SOBRE O ESTUDO

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    PARTE 1

    Sobre o estudo

    6Sumrio

    1.INTRODUO

    1.1 Sobre esse estudo

    O estudo Inteligncia de Mercado de Msica foi elaborado com o intuito de servir como material de consulta e suporte aos micro e pequenos empresrios que compem a cadeia da msica, nos projetos atendidos pelo Sebrae. Com foco na anlise de tendncias, na convergncia das mdias, na questo multiplataformas e nas novas tecnologias trabalhadas, o estudo evidencia uma maneira diferente de relacionar-se e consumir msica no Brasil.

    A competitividade do mercado exige hoje o acesso imediato a informaes relevantes que auxiliem na tomada de decises dos empresrios. O maior desafio imposto transformar os benefcios da (re)evoluo tecnolgica no mercado mundial e brasileiro dos ltimos anos, tais como os meios digitais de distribuio e a horizontalizao da cadeia produtiva na qual o consumidor participa ativamente de todos os processos - em oportunidades de crescimento, novas formas de remunerao e sobrevivncia das empresas e empreendedores frente a esse mercado.

    Com o estudo, o Sebrae disponibiliza mais uma ferramenta a todos que compem o ecossistema do segmento de msica como forma de promover o acesso dos empreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte a dados e informaes relevantes e estratgicas. Desta forma, reafirma seu papel de indutor do desenvolvimento e do fortalecimento da cadeia produtiva da msica.

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    Sobre o estudo

    7Sumrio

    1.2 Objetivos

    O estudo tem por objetivo principal oferecer informaes importantes e dar um panorama abrangente sobre o ecossistema da msica1 no Brasil, tentando identificar reas onde os players dessa indstria possam sofrer impactos consequentes do avano das tecnologias impulsionados por novos modelos de negcio, novas formas de competitividade e de consumo.

    Este estudo servir como fonte de consultas, contendo informaes teis sobre a cadeia produtiva, linhas de financiamento, iniciativas colaborativas, lista de entidades e associaes, lista de principais eventos (feiras e festivais) nacionais e internacionais, bem como principais mdias nacionais (impressa e eletrnica), quem so os formadores de opinio no segmento, quais principais leis que regem o setor, alm de mostrar quais as principais tendncias comportamentais e tecnolgicas que impactam o negcio.

    1 Considera-se ecossistema da msica o conjunto de trs principais pilares formado pelo show business (msica ao vivo), pela indstria fonogrfica e pelo direito autoral. Estes trs pilares interagem com clientes, concorrentes, fornecedores, outros colaboradores e sofrem influncias externas como questes tecnolgicas, polticas, econmicas, culturais etc.

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    Sobre o estudo

    8Sumrio

    1.3 Pblico-alvo

    Destina- se a todos os profissionais que compem o ecossistema da msica, desde a concepo da ideia, passando pelas etapas de pr-produo, produo, distribuio, comercializao, divulgao e consumo das obras musicais produzidas.

    Destina-se tambm aos gestores estaduais ligados economia criativa/carteira da Msica de todo o Sistema Sebrae, promovendo a convergncia de atuao entre eles.

    1.4 Metodologia

    O estudo tem carter exploratrio descritivo-analtico a partir de dados pblicos e indicadores, baseado da seguinte forma:

    Predominncia de pesquisas documentais (ou seja, via dados secundrios), coletados junto a diversas fontes pblicas, privadas, de carter nacional, regional ou local, sempre obtidas de maneira tica e legal;

    Para complemento, correo e confirmao dos dados obtidos por via secundria, e na medida da disponibilidade para colaborar por parte de profissionais foram realizadas pesquisas qualitativas (por telefone e/ou e-mail).

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    Sobre o estudo

    9Sumrio

    1.5 Inteligncia de mercado aplicada ao setor de Msica

    As empresas modernas esto embasadas na informao e no conhecimento. uma necessidade de adaptar-se aos novos tempos - tempo de ascenso baseado no capital humano, no talento e na criatividade como ativos intangveis no mbito das empresas.

    O termo Inteligncia Competitiva refere-se ao processo de colher, analisar e aplicar essas informaes estratgicas, ao entendimento da lgica do mercadoalvo, da percepo de cenrios e da antecipao de tendncias. Dessa maneira, a Inteligncia Competitiva ganha fora e torna-se fundamental no contexto de constantes mudanas e desafios que regem a indstria da msica.

    A unio entre tecnologia, internet e msica revirou de cabea para baixo a indstria fonogrfica no Brasil e no mundo. A msica digital proporcionou um aumento no volume de receitas e mudou radicalmente os padres de como a msica hoje acessada e consumida. Diante de tantos desafios, necessrio que as empresas consigam se estruturar melhor e planejem suas aes a mdio e longo prazo, sendo mais sustentveis e profissionais, mais competitivas e preparadas para encontrarem formas de rentabilizar seus produtos em meio a grandes obstculos, como a prtica massiva de downloads e pirataria.

    Sendo assim, dentro do conceito de Inteligncia de Mercado, este estudo apresenta o resultado da centralizao estruturada e organizada de dados, sobre os quais cabem anlises e inferncias no que tange atuao do Sistema Sebrae e parceiros no atendimento aos pequenos negcios do mercado de msica.

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    Sobre o estudo

    10Sumrio

    1.6 Panorama geral

    1.6.1 O mercado de msica no Brasil

    Um breve contexto histrico2

    Ao se contextualizar o mercado da msica no Brasil, cabe uma breve anlise do papel desta arte no Pas at o surgimento deste grandioso mercado. De fato, a msica existia aqui muito antes da chegada dos portugueses, pois j era presente na cultura dos povos indgenas. Com a chegada dos portugueses e a posterior vinda dos escravos africanos, a msica brasileira comeou a se consolidar como algo real e com caractersticas prprias. Porm ainda no se falava em mercado, pois no havia nem capitalismo.

    A msica, como mercado, um fenmeno mundial do capitalismo ps-industrial, surgido na histria do Brasil no perodo da Repblica Velha, que vai da Proclamao da Repblica at a Revoluo de 30.

    Neste sentido, o primeiro estdio de gravao musical no Pas foi aberto em 1900, na cidade do Rio de Janeiro, por iniciativa de Frederico Figner, um imigrante tcheco. Ele trouxe o primeiro fongrafo, aparelho que permitia a gravao e reproduo de som, inventado pelo norte-americano Thomas Edison alguns anos antes. At ento o mercado da msica era baseado em apresentaes ao vivo e na venda de partituras impressas. Este foi o primeiro impacto tecnolgico no mercado da msica, permitindo que a mesma comeasse a ser comercializada em grande escala.

    2 Fonte: Blog (http://www.musicaltda.com.br) e Livro Msica LTDA O Negcio da Msica para Empreendedores SALAZAR, Leonardo - 2010

    http://www.musicaltda.com.br

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    11Sumrio

    Em 1913, Figner instalou a primeira fbrica de discos do Brasil, a Odeon, com maquinrio importado da Alemanha. Os discos nesta poca eram tocados em vitrolas manivela, os famosos gramofones.

    Em 1930, a Transoceanic comprou a Odeon e passou a dominar o mercado (a esta altura mais maduro) juntamente com outras duas multinacionais, a Columbia e a RCA Victor. Em 30 anos, o nmero de fbricas de discos passou de trs para mais de 150.

    O mercado cresceu muito com o investimento de outras gravadoras multinacionais durante o Regime Militar, na dcada de 70.

    As dcadas seguintes trouxeram outras trs revolues no mercado musical:

    o surgimento do CDs na dcada de 80;

    na dcada de 90, o surgimento da internet e do Napster e sua tecnologia P2P (peer to peer), que permitiu o compartilhamento de msica em MP3 o que causou nos anos seguintes um impacto na indstria fonogrfica;

    e na dcada de 2000, o lanamento do iPod e da possibilidade de compra de msica em formato digital, introduzido pela Apple.

    Em paralelo ao desenvolvimento do mercado fonogrfico, o show business tambm evoluiu no Brasil. De apresentaes em teatros, cinemas, circos e cabars, praas e bares, aos grandes festivais e apresentaes on-line, este mercado tornou-se um negcio lucrativo para empresrios e gravadoras.

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    No se pode deixar de citar a evoluo dos meios de comunicao, inicialmente o rdio e a TV, chegando hoje internet e aos smartphones e tablets, que tambm mudaram drasticamente a relao do pblico com o produto do mercado da msica no Brasil e no mundo.

    Com todas estas mudanas, ocasionadas principalmente pelo avano constante da tecnologia e o advento da internet, o cenrio do mercado transformou-se de forma irreversvel. Houve uma quebra drstica de paradigmas e o profissional/empresrio da msica deve saber onde estar pisando e quais caminhos seguir.

    1.6.2 O Mercado da msica tradicional (antes da internet)

    O mercado da msica no Brasil, assim como em praticamente todo o mundo, apresentava uma estrutura de players clara e funcional, com os processos definidos para o desenvolvimento e lanamento de um produto. Cada player sabia seu papel na cadeia e o caminho a trilhar.

    A produo musical tradicional era linear, composta por uma srie de atividades interligadas que adicionavam valor ao produto. Desse modo, as atividades para a produo e comercializao de um produto musical dividiam-se em quatro etapas principais: criao, produo, divulgao e distribuio.3

    3 Fonte: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_wic_075_533_11376.pdf

    http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_wic_075_533_11376.pdf

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    Criao Produo Divulgao Distribuio

    Atividade artstica

    Seleo de artistas

    Gravao

    Publicao

    Masterizao

    Manufatura

    Shows

    Merchandising

    Comerciais

    Kits promocionais

    Veiculao em rdios e TVs

    Logstica

    Percepo de demanda

    Estas etapas eram realizadas por diversos players na cadeia de produo, iniciando com o msico ou banda, ou seja, o gerador da arte musical, e suas variantes (autores, compositores, letristas, arranjadores, etc.); partindo para a gravadora ou selo, que ento formatava a msica para um padro que entendia ser o mais apropriado comercialmente; distribuidoras, empresas que lidavam com o produto final e sua chegada s lojas; tais lojas de disco que faziam a parte da venda ao consumidor final, que o ltimo nvel da cadeia. O processo todo era permeado por outros players complementares e, ao mesmo tempo, essenciais para o sucesso das vendas: a mdia e as empresas de show business. E sobre esta estrutura pairavam os rgos responsveis pelo registro e controle dos direitos autorais e pelo recolhimento dos montantes financeiros relacionados aos mesmos.

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    Sobre o estudo

    14Sumrio

    Direitos autorais:

    rgos de registro de propriedade intelectual;

    rgos de recolhimento dos royalties dos direitos autorais.

    Promoo:

    Mdia: TVs, Rdios, Jornais e Revistas;

    Entretenimento: shows, festivais.

    Estrutura

    do mercado

    tradicional

    de msica

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    15Sumrio

    Nesta estrutura, o mercado se mantinha. Por muito tempo o fluxo girava da seguinte forma:

    O msico entrava em estdio e gravava em mdia 10 a 15 canes (sempre com envolvimento de terceiros, como diretores artsticos e produtores musicais);

    A gravadora compilava as canes em um disco (e futuramente em CD), criando a arte e resolvendo todos os detalhes relacionados ao processo fabril e de divulgao do mesmo;

    O produto ento ia para as distribuidoras que mandavam para as lojas de discos (em muitos casos, principalmente no perodo de concentrao de mercado, as prprias gravadoras controlavam tambm a distribuio);

    Esta, por sua vez, comercializada ao cliente final.

    O montante financeiro gerado por toda essa cadeia sustentava os players do mercado, resultando em artistas multimilionrios, grandes gravadoras e produtores renomados. O mercado estava definido e com o apoio do show business, imprios musicais se criaram. Era a poca em que artistas vendiam milhes de cpias de seus trabalhos pelo mundo.

    Durante o perodo que vai dos anos 50 at o fim dos anos 90, o modelo de negcios das gravadoras mudou muito pouco. Nesta poca, o mercado apresentou um grande crescimento, saindo, por exemplo, de pouco mais de 10 bilhes de dlares em 1980 para 40 bilhes em 1995.4

    4 Fonte: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_wic_075_533_11376.pdf

    http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_wic_075_533_11376.pdf

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    Neste cenrio pr-internet, o mercado musical sempre foi dominado por um grupo seleto de gravadora, as chamadas majors. Em virtude desta concentrao de poder sobre o setor, houve pouca inovao e o surgimento de quase um padro, em termos de estilos musicais, o que perdurou por muito tempo.

    Com o surgimento de novas formas de gravao digital, como a fita DAT e seu produto, o Compact Disc, nos anos 80 e 90, houve uma reduo nos custos de produo. Isto significou o enfraquecimento de uma das principais barreiras de entrada para este mercado, permitindo o surgimento de gravadoras independentes (indies) e a natural pluralizao dos estilos musicais populares.

    Isto condiz com uma ltima barreira derrubada: a distribuio, que at ento era totalmente controlada pelas grandes gravadoras, que faziam suas vendas em lojas de departamento, lojas especializadas e por correio. Ainda antes do advento da internet e todo o rol de possibilidades e mudanas que ela impetrou sobre esta realidade, o surgimento de alternativas para produo e distribuio de produtos musicais, por meio de gravadoras menores, iniciou um processo de pulverizao do mercado e, consequentemente, do pblico. Era ainda um embrio do que estaria por vir.

    1.6.3 O atual mercado da msica

    A chegada e a popularizao da internet como meio de comunicao, interao e compartilhamento foi crucial para a mudana em diversos paradigmas que sustentavam o cenrio do mercado musical. No comeo, esta mudana foi gradual, mas logo acelerou de forma quase exponencial.

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    17Sumrio

    Ao mesmo tempo em que a internet evolua em termos de velocidade e capacidade de armazenamento e transmisso de dados, a embrio da msica digital se desenvolvia. Os primeiros arquivos digitais ainda em formato WAV eram grandes demais para a banda estreita da rede, mas em pouco tempo nasceu o revolucionrio formato MP3, que era dez vezes menor. Em pouco tempo surgiram programas de troca de arquivos P2P, sendo o mais famoso deles o Napster5. Naturalmente o comportamento do consumidor de msica comeou a mudar, tirando vantagens de todas as possibilidades que a rede lhe proporcionava. Foi o incio do comportamento que mais tarde iria se afirmar, no qual se consome uma msica em detrimento de discos inteiros e se consome o digital em detrimento do fsico.

    Segundo a Associao Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), em 2013, as vendas de CDs, DVDs e Blu-Rays com contedo musical em udio e audiovisual registraram uma reduo significativa, na faixa de 15,5% no Brasil.

    Vendas totais CDS + DVDS + Blu-Rays

    Ano Vendas totais (R$)

    2012 281.420.318

    2013 237.752.707

    Variao 2012/2013 (-15,5%)

    5 De acordo com Brian Whitman, doutor em Artes e Cincias da Mdia pelo MIT, o programa (Napster) foi um ponto de virada para o acesso a msica, mas possivelmente foi um passo para trs no que concerne o descobrimento de novas canes. De fato, a capacidade de busca em programas p2p muito limitada e existem poucas opes alm do nome de artistas, faixas, lbuns, ou vascular o HD de outra pessoa. (Fonte: http://notes.variogr.am/post/37675885491/how-music-recommendation-works-and-does-nt-work)

    http://notes.variogr.am/post/37675885491/how-music-recommendation-works-and-doesnt-workhttp://notes.variogr.am/post/37675885491/how-music-recommendation-works-and-doesnt-work

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    18Sumrio

    A indstria fonogrfica se esforou em mostrar a internet como uma grande ameaa para o mercado da msica6. E tomou atitudes para combater esta ameaa, sendo a mais famosa delas o caso em que a Recording Industry Association of America (RIAA), rgo que representava os interesses de um grupo de grandes gravadoras, ganhou um processo contra o Napster, alegando que a empresa facilitava a troca de msicas protegidas por direitos autorais.

    A reviravolta no mercado de msica j estava acontecendo. Nos ltimos 20 anos, a internet se desenvolveu, aumentando sua banda e sua capacidade de transmisso de dados. A banda larga praticamente acabou com qualquer dificuldade para a troca de arquivos e permitiu o surgimento dos servios de streaming, onde no h nem a necessidade de se realizar o download de arquivos. Neste sentido, a internet efetivamente alterou todos os pilares de distribuio dos produtos musicais.

    Como nada absoluto, a internet no foi a nica culpada pelas mudanas ocorridas neste mercado. Algumas tendncias da produo musical contriburam, por exemplo:7

    o surgimento de circuitos em que o show tem mais importncia que o disco (tendncia presente em diversos segmentos nacionais recentes);

    a ligao do consumo de msica e outras mdias, tornando a msica menos valorizada pelas suas qualidades que pela associao com outros fenmenos;

    6 Fonte: When Creators, Corporations and Consumers Collide: Napster and the Development of On-line Music Distribution - McCourt & Burkart (2003): http://www.uk.sage-pub.com/chaston/Chaston%20Web%20readings%20chapters%201-12/Chapter%2010%20-%2025%20McCourt%20and%20Burkart.pdf

    7 LEYSHON, Andrew; WEBB, Peter; FRENCH, Shaun; THRIFT, Nigel; CREWE, Louise. On the reproduction of the musical economy after the internet. In Media, Culture & Society, v. 27, n. 2 (March, 2005), pp. 177-209. London; Thousand Oaks; New Delhi: Sage Publications.

    http://www.uk.sagepub.com/chaston/Chaston%20Web%20readings%20chapters%201-12/Chapter%2010%20-%2025%2http://www.uk.sagepub.com/chaston/Chaston%20Web%20readings%20chapters%201-12/Chapter%2010%20-%2025%2

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    Sobre o estudo

    19Sumrio

    a diviso da ateno e do dinheiro destinado ao lazer com outras tecnologias como videogames, celulares e a prpria internet;

    a pirataria, que cresceu de modo a tornar-se outro grande problema;

    os altos preos dos discos oficiais (justificativa para a pirataria);

    falta de interesse das grandes gravadoras em relanar seus catlogos, fazendo com que discos ficassem esgotados por muito tempo.

    Todas estas inovaes nos meios de distribuio de msica no eliminaram o canal de distribuio linear existente nas dcadas anteriores. As etapas de criao, produo, distribuio e vendas em lojas ainda existem e funcionam, mas em um volume bem menor que outrora. O canal tradicional representado pelas vendas de produtos fsicos, como os CDs e vinis, enquanto o mercado digital considera a venda de msicas unitrias ou lbuns completos, ou mesmo a assinatura de canais de streaming.

    Veja o Digital Music Report 2015 divulgado pelo IFPI: http://www.ifpi.org/downloads/Digital-Music-Report-2015.pdf

    DE OLHONA DICA

    http://www.ifpi.org/downloads/Digital-Music-Report-2015.pdf

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    20Sumrio

    1.7 O papel do Sebrae e principais projetos para o segmento da Msica

    A cadeia produtiva da msica excessivamente pulverizada, composta de uma grande quantidade de empresas de pequeno porte.

    Segundo dados de 20128, existem no Brasil cerca de 8.185.104 pequenos negcios, sendo 29.343 em atividades relacionadas ao segmento de Economia Criativa - Msica, representando 0,35% % do universo. Estas atividades podem estar relacionadas s atividades de sonorizao e de iluminao, produo musical, gravao de som, edio de msica, discotecas, danceterias, entre outras.

    Deste universo de 29 mil pequenos negcios ligados msica, o Sebrae atendeu 5.189 empresas, o que equivale a 17,68% do segmento, sendo 4.096 microempreendedores individuais (MEIs), 948 so microempresas (MEs) e 145 so empresas de pequenos porte (EPPs).

    De acordo com a Lei Complementar n 123/2006, para serem considerados MEIs, a empresa deve faturar, no mximo, R$ 60.000,00 por ano. J para se enquadrar na categoria microempresa, o faturamento dever ser no limite de at R$ 360.000,00 por ano. Acima desse valor e no limite de R$ 3.600.000,00 por ano, ser considerada uma EPP.

    nesse contexto que o Sebrae desempenha seu papel de indutor e promotor do desenvolvimento dos pequenos negcios da msica, auxiliando os empresrios e potenciais empreendedores a gerirem seus negcios de modo constante, autnomo e autossustentvel a longo prazo.

    8 Fonte: Unidade de Gesto Estratgica- Sebrae- base de dados da RAIS/TEM 2012.

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    21Sumrio

    Desde 2006, o Sebrae vem contribuindo para o fortalecimento, sustentabilidade e competitividade dos negcios criativos, por meio de apoio produo cultural, da msica, da dana, do teatro e do audiovisual, tendo como princpios norteadores a incluso produtiva com base em uma economia cooperativa e solidria, a inovao como vetor de desenvolvimento da cultura e das expresses de vanguarda, a diversidade cultural e a sustentabilidade como fator de desenvolvimento local e regional.9

    O ltimo censo realizado aponta a existncia de 71.521 mil pequenos negcios ligados msica, estando assim segmentado:

    Porte Empresarial Quantidade Percentual

    MEI Micro Empreendedor Individual 44.356 62%

    ME - Micro Empresa 22.951 32%

    EPP Empresa de Pequeno Porte 4.214 6%

    9 Cartilha Termo de Referncia de Atuao do Sistema Sebrae na Economia Criativa- Julho de 2012.

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    PARTE 1

    Sobre o estudo

    22Sumrio

    Projeto Estrombo

    Como uma das principais aes j desenvolvidas para o segmento da msica, o Sebrae no Rio de Janeiro, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Fundao Getlio Vargas (FGV), iniciou em 2010 o projeto Estrombo, cujo objetivo desenvolver a indstria da msica no estado por meio do uso das novas tecnologias para impulsionar e criar negcios. As aes previstas incluem capacitao presencial e on-line sobre novos modelos de negcio no ambiente digital, direitos autorais nas novas mdias, empreendedorismo e formalizao no mercado da msica.

    Saiba mais em: www.estrombo.com.br

    O livro Msica Ltda: o negcio da msica para empreendedores10, lanado pelo Sebrae PE, uma edio revista, ampliada e atualizada do trabalho de concluso de curso de especializao em Gesto de Negcios que Leonardo Salazar concluiu na Faculdade de Cincias da Administrao de Pernambuco.

    Acesse o link e baixe o livro gratuitamente: http://www.musicaltda.com.br/livro/

    10 Fonte: Estudo de mercado no setor de Msica para a Carteira de Economia Criativa- SEBRAE. Ano 2011

    DE OLHONA DICA

    file:http://www.estrombo.com.brhttp://www.musicaltda.com.br/livro/

  • ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICA

    PARTE 1

    Sobre o estudo

    23Sumrio

    Projeto Economia Criativa - Srie Primeiros Passos - Capacitao de Empreendedores Criativos

    O projeto Economia Criativa Srie Primeiros Passos Capacitao de Empreendedores Criativos resultado de convnio de cooperao tcnica e financeira firmado, em setembro de 2012, entre o Instituto Alvorada Brasil e o Sebrae. O objetivo desse projeto fornecer conhecimentos para que os pequenos negcios que atuam na indstria criativa (incluindo o ecossistema da msica) assimilem as vrias dimenses dos projetos culturais incentivados e se habilitem para a disputa das fontes de financiamento previstas nas leis de incentivo cultura e lastreadas pelos mecanismos de renncia fiscal.

    Uma das entregas do projeto Srie Primeiros Passos a cartilha intitulada: Projetos Culturais: como elaborar, executar e prestar contas. Destinada aos produtores criativos de diversos segmentos, incluindo o mercado de Msica, esse guia rene as tcnicas e procedimentos necessrios para disputar as fontes de financiamento disponveis nos setores pblicos e privados. Nesse sentido, deve-se dispor de um projeto bem elaborado, para que sua aprovao pelas instituies de fomento e patrocnio torne-se mais fcil. Uma vez aprovado e devidamente executado, o projeto cultural passar por mais uma avaliao, desta vez, a final, que a anlise e aprovao (ou rejeio) de sua prestao de contas.

    Aps a leitura completa da cartilha, o produtor se sentir apto a elaborar e executar o seu prprio projeto cultural, alm de se apropriar das orientaes bsicas para realizar a prestao de contas dentro dos moldes exigidos pelos financiadores.11

    Clique no link abaixo e acesse gratuitamente a cartilha Projetos Culturais: como elaborar, executar e prestar contas

    http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/Projetos-culturais:-como-elaborar,-executar-e-prestar-contas

    11 Fonte: Economia Criativa Srie Primeiros Passos Capacitao de Empreendedores Criativos. Braslia: Instituto Alvorada do Brasil: Sebrae Nacional, 2014

    http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/Projetos-culturais:-como-elaborar,-executar-e-prestar-contas

  • Parte II

    CADEIA PRODUTIVA DA MSICA

  • Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICA

    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    25Sumrio

    2. CADEIA PRODUTIVA DA MSICA

    Entende-se por cadeia produtiva o conjunto de atividades que se articulam progressivamente desde os insumos bsicos at o produto final, constituindo-se em segmentos (elos) de uma corrente. Para o segmento da Msica, a cadeia produtiva basicamente composta por SEIS macro elos: Pr-produo, Produo, Distribuio, Divulgao, Comercializao e Consumo.12

    12 Fonte: A PARTE II foi extrada e adaptada com base no Estudo de Mercado Sebrae/ESPM- Msica Independente. Ano 2008.

  • Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICA

    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    26Sumrio

  • Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICA

    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    27Sumrio

    2.1 Etapa de pr-produo

    A fase de pr-produo no faz parte da cadeia da msica em si, uma vez que no determina caractersticas, formatos ou remunerao desta cadeia. Ela um fator condicionante, uma vez que fornece os insumos (principalmente capital humano) para o funcionamento da indstria. Outras variveis e setores que condicionam o negcio da msica so a educao (de forma geral), a indstria de equipamentos para som, a edio e a gravao, a indstria de instrumentos musicais, a educao musical e os fornecedores de insumos para a produo dos suportes.

    Durante a etapa de pr-produo tambm necessrio estabelecer as formas de captao de recursos financeiros.

    As entidades governamentais tm, como principal papel, a criao de polticas fiscais, incentivos e polticas pblicas para a cultura e para a indstria cultural. A Lei Rouanet a mais conhecida. Ela concede abatimento do imposto de renda a pessoas fsicas ou jurdicas que patrocinem eventos culturais. Outro organismo governamental que fomenta a indstria da cultura o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

    Na parte III desse estudo, encontra-se um maior detalhamento sobre fontes e mecanismos de financiamento.

  • Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICA

    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    28Sumrio

    2.2 Etapa de produo

    Essa etapa consiste em tirar do papel tudo que foi planejado, detalhado, orado e contratado na etapa de pr-produo e dar incio s gravaes. Ao final dessa etapa obtm-se o fonograma, que a msica gravada em algum suporte fsico ou digital.

    Um dos principais atores da etapa de produo da cadeia da indstria fonogrfica em formato fsico (CD e DVD) so as gravadoras que, independentemente do tamanho, so caracterizadas por suas funes de coordenar o processo de produo. A gravadora explora comercialmente o fonograma por meio da venda ou do licenciamento. As responsabilidades da gravadora so financiar a gravao e promover o produto. A gravadora detm o direito patrimonial sobre o fonograma e tambm o direito de autorizar a veiculao e uso.

    Em alguns casos a gravadora fornece suporte financeiro ou logstico para turns dos artistas contratados. So consideradas grandes gravadoras (majors) Universal, Warner, Sony/BMG e EMI.

    2.2.1 Formatos de produto

    Os principais formatos de produtos musicais so catlogo, projeto especial, lanamento e selo.

  • Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICA

    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    29Sumrio

    2.2.1.1 Catlogo

    caracterizado pelo relanamento no mercado de um projeto ou lbum de determinado artista, no sendo necessrias as demais etapas essenciais aos outros formatos, porque o produto j existe.

    2.2.1.2 Projetos Especiais

    Em geral, so relanamentos de obras de artistas que j morreram, resgate de obras raras relacionadas a esses artistas ou ainda trabalham aspectos adicionais msica, como imagens, filmes etc.

    2.2.1.3 Lanamento

    Implica na colocao de um novo lbum no mercado.

    2.2.1.4 Selo

    O formato de selo aquele em que existe uma unidade de tema, gnero ou filosofia que une trabalhos de diferentes artistas, indicando valores e ideias similares que permeiam aquelas msicas.

    2.2.2 Gravao

    De maneira geral, quando se cria um projeto novo para a gravao de um lbum necessrio, primeiro, que haja o processo de criao e composio, em que sero feitas letras e arranjos para o lbum. Neste processo, alm dos

  • Sumrio

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    Cadeia produtiva da msica

    30Sumrio

    artistas, se faz presente a figura do produtor musical e artstico, responsvel por dar unidade ao trabalho, escolher o repertrio e conduzi-lo at que se tenha o master da gravao.

    No caso de um intrprete (cantor ou cantora), tambm necessrio uma equipe artstica, como msicos e instrumentistas contratados especificamente para este trabalho. Neste ponto, entram em pauta questes legais, especificamente no que refere-se aos contratos firmados entre as diversas partes envolvidas. Devem ser explicitados e formalizados aspectos como responsabilidades, remunerao, participao e direitos autorais e de execuo de cada uma das partes.

    necessrio escolher um estdio, engenheiros de som e tcnicos, de acordo com a necessidade e o capital disponvel. Estes profissionais sero responsveis pelas condies de gravao, pela mixagem e pela masterizao, gerando, ao final, a matriz, ou seja, o formato final do produto pronto.

    Em paralelo s etapas de gravao, mixagem e masterizao, necessrio requisitar as licenas junto aos autores e editores das msicas a serem gravadas, para que estes tornem-se cientes e possam solicitar a remunerao devida pelos direitos autorais dessas msicas.

    Outro trabalho realizado de forma paralela a produo grfica, em que se definem as diretrizes para a criao e a produo de capa, encarte e textos. Ao fim desta fase da cadeia, tem-se uma master com o lbum finalizado e a arte da capa (necessria caso a distribuio seja em suporte fsico); estes materiais seguem, respectivamente, para o local em que ser feita a prensagem dos CDs e para o local de produo fsica das capas, nos dois casos, j com a definio das quantidades a serem produzidas, em funo da demanda prevista e/ou das condies contratuais.

  • Sumrio

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    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    31Sumrio

    2.3 Etapa de distribuio

    A distribuio da msica depende da definio da rea de marketing da empresa sobre a forma pela qual a msica ser disponibilizada ao mercado: suporte fsico (CD/DVD) e/ou on-line. Esta deciso depende do pblico-alvo, do gnero musical e da estratgia e do posicionamento da empresa no mercado fonogrfico. No caso do suporte fsico (CD/DVD), a distribuio fsica adequada condio fundamental para a lucratividade da empresa, pois necessrio planejar o transporte e os nveis de estocagem para que no tornem o preo do CD economicamente invivel para o potencial comprador, sobretudo em um pas de propores continentais e populao de baixa renda e alta atividade de pirataria.

    Tambm crucial desenhar uma estratgia adequada de distribuio para venda on-line (via internet), onde existem inmeras possibilidades. O contedo musical do produto (total ou parcial) pode ser colocado em sites para download gratuito em sites especializados na comercializao de msicas, nos sites das grandes lojas de departamento virtuais ou a empresa pode montar uma loja virtual da sua prpria gravadora/selo para vender seus contedos musicais.

    2.3.1 Distribuidora de discos

    a atividade de comrcio atacadista de discos, CDs e DVDs (no formato fsico ou digital). A distribuidora tem como principais atribuies colocar o produto na praa (lojistas, supermercados, magazines). A distribuidora fica com uma porcentagem que varia de 40 a 60% do preo passado ao lojista. Paga impostos estaduais e mantm ampla rede de divulgadores espalhados pelas cidades em que atuam. Dependendo do contrato de distribuio, pode fabricar o disco e/ou apenas enviar para o varejo.13

    13 Fonte: Estudo de mercado no setor de Msica para a Carteira de Economia Criativa/ SEBRAE,2013.

  • Sumrio

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    Cadeia produtiva da msica

    32Sumrio

    Confira na tabela ao lado, os sites de algumas das principais gravadoras e selos no Brasil.

    DE OLHONA DICA

    Gravadoras Majors

    EMI MUSIC www.emimusic.com

    INDIE RECORDS www.indie.com.br

    SONY BMG MUSIC www.sonymusic.com.br

    UNIVERSAL MUSIC www.universalmusic.com.br

    WARNER MUSIC www.warnermusic.com.br

    SOM LIVRE http://www.somlivre.com

    Gravadoras/Selos Independentes

    Acari Records http://www.acari.com.br/

    Bolacha Discos http://www.bolachadiscos.com.br/portal/

    Monstro Discos http://www.lojamonstro.com.br/

    Dissenso Records http://dissensorecords.com/br/

    Midsummer Madness http://mmrecords.com.br

    Pisces http://pisces.art.br

    Mansarda Records https://mansardarecords.wordpress.com

    Rockit! http://www.rockit.com.br/index1.php

    Submarine Records http://www.submarinerecords.net/sub/

    Senhor F Discos http://portal.senhorf.com.br/institucional.php?I=4

    Trama Virtual http://trama.uol.com.br/homepage.jsp

    http://www.emimusic.comhttp://www.indie.com.brhttp://www.sonymusic.com.brhttp://www.universalmusic.com.brhttp://www.warnermusic.com.brhttp://www.somlivre.comhttp://www.acari.com.br/http://www.bolachadiscos.com.br/portal/http://www.lojamonstro.com.br/http://dissensorecords.com/br/http://mmrecords.com.brhttp://pisces.art.brhttps://mansardarecords.wordpress.comhttp://www.rockit.com.br/index1.phphttp://www.submarinerecords.net/sub/http://portal.senhorf.com.br/institucional.php?I=4http://trama.uol.com.br/homepage.jsp

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    33Sumrio

    2.4 Etapa de divulgao

    Nessa etapa, necessrio preparar todas as aes de divulgao, criar e produzir as peas publicitrias, monitorar as listas de execuo das principais estaes de televiso e rdio do pas e, sobretudo, criar um excelente esquema de suporte promocional ao lanamento, por meio de shows, entrevistas, turns etc. O objetivo da divulgao gerar conhecimento junto ao pblico-alvo, utilizando tanto mdias tradicionais rdios (AM e FM), televiso (aberta e fechada), shows e espetculos, mdia impressa (jornais, revistas, colunas e assessoria de imprensa) e circuito de festivais e feiras do setor.14

    Os festivais de msica tambm tm se mostrado ser um canal de divulgao interessante na cadeia produtiva da msica. O Brasil conta com um diversificado circuito de festivais de msica, composto por um conjunto de eventos de variados portes econmicos, histricos, perfis, temas e singularidades. Esse canal promove a performance dos artistas e bandas para um pblico consumidor final da sua msica.

    Outro canal de exibio de um projeto musical por meio das apresentaes tipo showcases. So apresentaes curtas, de normalmente 30 ou 40 minutos, para um pblico de profissionais da indstria da msica, ou seja, os showcases tm um apelo de promoo comercial e no de consumo pelos fs da banda ou artista, porm ambas as formas fazem parte da estratgia de divulgao.

    Independente dos canais escolhidos, fundamental que haja alinhamento e sinergia entre as diversas ferramentas e mdias selecionadas, de forma a gerar divulgao e notcias espontneas de maneira a tornar o lbum/produto/banda conhecidos pelo pblico ao qual se destinam.

    14 Ver na parte IX desse estudo quais os principais eventos do mercado de Msica no Brasil e no exterior.

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    34Sumrio

    Pode-se considerar que um benefcio trazido pela pirataria a divulgao massiva de artistas e bandas, o que facilita e atrai pblico para os shows ao vivo, o que tem sido ultimamente uma das maiores fontes de renda para o mercado de msica.

    2.5 Etapa de comercializao

    Junto com a divulgao do produto/lbum, devem ser planejados os locais de comercializao, o que significa selecionar geograficamente as praas (cidades) e tambm o tipo de estabelecimento (pontos de venda) em que o produto ser vendido. Para a comercializao do suporte fsico (CD, DVD ou Blu-Ray) destacam-se hoje, no mercado legalizado, livrarias, lojas especializadas, grandes redes varejistas, supermercados e bancas de jornal. As msicas tambm podem ser negociadas para tornarem-se ringtones (msicas destinadas a substituir o toque convencional de um celular), entre outras opes.

    2.5.1 Novas formas de comercializao mercado de msica on-line

    A internet revolucionou o modo de consumir msica no mundo e a comercializao de msica on-line tem crescido tanto que se torna necessrio fazer um detalhamento maior deste canal de comercializao.

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    35Sumrio

    2.5.1.2 Panorama geral sobre o Mercado de msica on-line

    Como j mencionado neste estudo, o mercado de msica on-line e seus desdobramentos so frutos da evoluo tecnolgica e da internet, que modificaram processos de produo e comercializao, mudando a estrutura de um mercado at ento bem definido. Atualmente, os processos de distribuio, divulgao e comercializao de um contedo musical podem ser administrados diretamente pelos artistas ou por selos e gravadoras menores, com menos intermedirios e custos, e mais facilidade e liberdade.

    Reforando essas caractersticas, com o surgimento destes novos e inovadores meios de produo musical, a possibilidade de autopublicao (self-publishing) e a distribuio sob a tica da cauda longa,15 o mercado ps-internet trouxe a possibilidade de desintermediao, de maior participao do consumidor e o surgimento novos papis na cadeia de valor.

    Outras caractersticas do papel da tecnologia na mudana deste mercado:

    ampliou as possibilidades de divulgao de um produto, derrubando as limitaes geogrficas e mercadolgicas (controle de distribuio e fora econmica sobre os canais de divulgao por parte das grandes gravadoras);

    15 O termo cauda longa em estatstica se refere a uma distribuio de probabilidade com acentuada assimetria para longe da mdia. A utilizao no contexto da Economia Digital se refere ao uso popularizado por Chris Andersen para descrever o modelo de negcios on-line como o do site Amazon.com. Este modelo de negcios se beneficia da reduo de custos de estoques centralizados e distribuio digital e de uma ferramenta informatizada de busca e promoo que garante uma ampla visibilidade, e lhe permite obter lucros a partir da venda de pequenas quantidades de itens pouco populares a uma quantidade grande de clientes. Este modelo contrasta com o modelo tradicional de varejo que se baseia na venda de blockbusters a uma quantidade limitada de clientes. Cf. Anderson, Chris. The Long Tail. Wired, Out/2004. Disponvel em http://www.wired.com/wired/archive/12.10/tail.html. Acesso em 14/04/2013.

    http://www.wired.com/wired/archive/12.10/tail.htmlhttp://www.wired.com/wired/archive/12.10/tail.html

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    36Sumrio

    permitiu que o pblico por si s escolhesse os seus dolos;

    criou dispositivos que permitiram levar a msica para qualquer lugar aqui entra a grande evoluo ocorrida em gadgets, como MP3 players, smartphones, tablets e sua conectividade com rdios automotivos, etc.

    At 2012, a indstria fonogrfica vinha em queda, apesar dos novos formatos digitais estarem cada vez mais ganhando espao. Neste ano em questo, aps 12 anos de queda, o mercado registrou um aumento de 0,3% no seu faturamento global, atingindo o patamar de US$ 16,5 bilhes.16 Foi o comeo de uma retomada de crescimento, agora por caminhos inovadores acompanhados de perto por mudanas de comportamento do consumidor.

    importante destacar que a decadncia vivida pela indstria fonogrfica com o advento da msica digital no significou decadncia do mercado da msica, que encontrou neste novo formato um flego novo e renovado. A msica acompanhou a evoluo tecnolgica revelia do padro de mercado existente anteriormente.

    16 Fonte: IFPI (International Federation of the Phonographic Industry - EUA): http://www.ifpi.org/facts-and-stats.php

    http://www.ifpi.org/facts-and-stats.php

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    37Sumrio

    Alguns dados sobre o mercado brasileiro de msica comprovam esta nova realidade:

    Vendas todos os formatos:17

    Tipo de venda Vendas BRL 2012 % Vendas BRL 2013 % Var BRL Var %

    Venda de CDs 172.411.503,65 43,9% 157.786.565,15 42,2% 14.624.938,50 -8,5%

    Venda de DVDs musicais 109.008.814,76 27,7% 79.966.142,41 21,4% 29.042.672,35 -26,6%

    Venda de msica digital (downloads e streaming) 111.435.842,00 28,4% 136.389.014,00 36,5% 24.953.172,00 22,4%

    Total mercado brasileiro 392.856.160,41 100% 374.141.721,56 100% 18.714.438,85 -4,8%

    2.5.1.3 A venda de msica digital no Brasil A era do download

    Como j citado neste estudo, o advento do formato MP3 revolucionou a relao do com o produto musical. A troca de arquivos de forma indiscriminada comeou a formar um padro comportamental no consumidor, que de forma rpida assimilou o funcionamento deste novo padro e desta nova forma de usufruir da msica. A curta vida dos programas de compartilhamento de arquivo P2P, em especial do Napster (1999-2001), fez com que a indstria da msica finalmente comeasse a entender a lgica de funcionamento da distribuio digital e direcionasse suas estratgias para tornar o

    17 Fonte: ABPD Associao Brasileira de Produtores de Discos, 2013

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    Cadeia produtiva da msica

    38Sumrio

    ambiente digital economicamente vivel para todos os envolvidos. Esta mudana de viso de mercado resultou nas lojas virtuais de msica, tendo a mais importante delas representada pelo iTunes Music Store, servio pioneiro lanado pela Apple em 2003.

    De fato, a Apple foi a empresa que melhor conseguiu explorar as inovaes do mercado. O iTunes oferecia um servio barato, rpido e moderno, que estava de acordo com os paradigmas daquele momento. Na loja virtual, as msicas eram vendidas por um dlar e todo tipo de autor estava presente, grande astros da msica tinham seu repertrio colocado lado a lado com gravaes caseiras, era uma alternativa barata e inteligente diante da pirataria, uma forma genuna de contribuir com seu artista preferido sem ter que gastar tanto dinheiro.18

    Na primeira dcada deste sculo surgiram mais de quatrocentos servios legalizados de msica digital baseado em download, sendo 28 no Brasil, segundo dados do IFPI19. Ainda segundo dados do IFPI, este mercado cresceu mais de 1000% entre 2004 e 2010, se tornando oficialmente um novo modelo de negcios e um novo canal de distribuio para o setor de msica global. Neste novo cenrio, o consumidor faz download de suas canes favoritas ou discos completos para poder escut-las em seus devices, como laptops, MP3 players, smartphones etc.

    No Brasil, o iTunes comeou a operar somente em 2012, aps um longo perodo de trmites burocrticos junto a instituies de direitos autorais, gravadoras e governo.20 Nos primeiros 15 dias, o iTunes apresentou um resultado de vendas excepcional: o dobro do previsto.21

    18 Fonte: http://www.tudocelular.com/android/noticias/n56459/Musica-Streaming-Futuro-Spotify-Tidal-Apple-Music.html

    19 IFPI, 2010 (International Federation of the Phonographic Industry) - EUA

    20 No artigo: http://oglobo.globo.com/cultura/os-bastidores-o-sucesso-do-itunes-no-brasil-3539749 - o entrevistado afirma que o maior empecilho para a entrada do iTunes no Brasil foi a sua adaptao realidade brasileira de pagamento de direitos autorais

    21 Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/os-bastidores-o-sucesso-do-itunes-no-brasil-3539749

    http://www.tudocelular.com/android/noticias/n56459/Musica-Streaming-Futuro-Spotify-Tidal-Apple-Musichttp://oglobo.globo.com/cultura/os-bastidores-o-sucesso-do-itunes-no-brasil-3539749 http://oglobo.globo.com/cultura/os-bastidores-o-sucesso-do-itunes-no-brasil-3539749

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    39Sumrio

    Vendas de msica formato digital:22

    Tipo de venda digital Vendas BRL 2012 % Vendas BRL 2013 % Var BRL Var %

    Downloads na internet 23.747.219,68 21,3% 44.442.346,79 32,6% 20.695.127,11 87,1%

    Venda por telefonia mvel 28.952.106,81 26,0% 32.294.800,17 23,7% 3.342.693,36 11,5%

    Streaming de udio e vdeo 58.736.515,18 52,7% 59.651.867,51 43,7% 915.352,33 1,6%

    Total mercado digital brasileiro 111.435.841,67 100% 136.389.014,47 100% 24.953.172,80 22,4%

    2.5.1.4 A tecnologia streaming, o Cloud Music e o mercado da msica digital

    O Cloud Storage uma das utilizaes possveis da tecnologia que permite acesso remoto a programas (softwares), dados e execuo de diferentes tipos de tarefas na internet, ou seja, sem depender de dados e programas locais. A sua utilizao para arquivos musicais chamada de Cloud Music. Foi por meio desta ferramenta que a etapa atual do mercado da msica evoluiu ao ponto de ser vivel e convidativo ao consumidor. A internet e a tecnologia de armazenamento de dados na nuvem permitiram o surgimento dos servios baseados em streaming, ou seja, transmisso de dados em tempo real sem a necessidade de realizao de download. A interao com estes servidores na nuvem depende exclusivamente da conexo com a internet, o que no exige altos investimentos em equipamento e softwares.

    22 Fonte: ABPD Associao Brasileira de Produtores de Discos, 2013

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    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    40Sumrio

    A no necessidade de armazenamento de arquivos locais criou um novo canal de distribuio para produto musical sem precedentes no mercado at ento. Agora o usurio pode acessar suas msicas por meio de uma ampla variedade de dispositivos, como computadores, MP3 players, celulares, Smart TVs e consoles de videogame, por exemplo. E isto em qualquer lugar do mundo, desde que tenha acesso internet.

    Alm disso, a evoluo de dispositivos mveis mais inteligentes e funcionais, tais como smartphones e tablets, e o crescente acesso internet mvel de alta velocidade (3G e 4G) criaram o solo frtil para consumo de msica digital transmitida via internet. A msica, por meio desses canais tecnolgicos, comeou a integrar-se ao cotidiano das pessoas de forma conveniente e mvel. E, com isso, os consumidores j experimentam na msica uma tendncia de convergncia tecnolgica, onde impera a continuidade. a experincia de consumo seamless,23 ou seja, onde no h pontos de quebra: o usurio comea a consumir uma msica em seu smartphone enquanto est em seu veculo, segue para sua casa e continua em seu tablet, exatamente de onde parou.

    Nmeros do mercado da msica digital em 2014:

    No mercado mundial:

    Faturamento: US$ 6,85 bilhes crescimento de 6,9%;

    Participao no mercado: msica digital 46%; Formato fsico 54%.

    23 Seamless, do ingls, sem costuras, refere-se experincia de consumo de mdia entre diversas plataformas e dispositivos sem que se perceba a fronteira entre eles, uma experincia contnua com transio suave, em que a tecnologia (e os desafios da portabilidade) permanece invisvel ao usurio, nos bastidores.

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    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    41Sumrio

    No mercado brasileiro:

    Participao no mercado: msica digital 37,5%; Formato fsico 62,5%.

    Servios de streaming crescimento percentual:

    Mercado global: 39%;

    Mercado brasileiro: 53,6%.

    O mercado to convidativo que marcas como Youtube e Apple esto lanando seus prprios canais para streaming de msica e vdeos musicais.

    O modelo onde o usurio assina pelo acesso s msicas parece ter ganhado espao entre os consumidores do produto musical. O comportamento de consumo tem se adaptado a este novo cenrio: o consumidor aceita pagar um preo pela comodidade e pelo acesso a um grande acervo. evidente a tendncia em que a maioria deste pblico est migrando de canais piratas de consumo para os servios pagos de msica licenciada. O nmero de assinantes cresceu vertiginosamente, saindo de oito milhes em 2010 para 41 milhes em 2014.24

    24 Fonte: IFPI (International Federation of the Phonographic Industry): http://www.ifpi.org/facts-and-stats.php

    http://www.ifpi.org/facts-and-stats.php

  • Sumrio

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    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    42Sumrio

    Os servios que o mercado da msica oferece baseados em Cloud Music so basicamente compostos dois formatos. Em um deles, h certa semelhana com o rdio, onde o usurio cria um perfil e escuta msicas de uma programao de acordo com seus gostos pessoais j definidos. possvel criar estaes personalizadas baseadas em artista ou estilo, porm o usurio ir escutar uma miscelnea definida pela rdio. um formato que permite ao consumidor conhecer msicas novas de acordo com seus gostos.

    O outro formato permite o controle total sobre sua biblioteca e suas playlists. Servios como o Spotify permitem que se busquem artistas, discos e msicas especficos e, a partir do resultado, montar listas de reproduo prprias. Alm disso, o consumidor pode seguir outras listas j criadas, o que permite um total compartilhamento e maior interao/influncia entre os consumidores. Neste cenrio, o consumidor controla sua experincia com o produto musical. Em alguns casos, h a possibilidade do usurio ouvir suas msicas off-line, ou seja, sem conexo com internet, mas, em geral, este padro exige uma assinatura com pagamento mensal.

    Existe ainda a possibilidade de o usurio hospedar seus prprios arquivos na nuvem. Neste caso, h a necessidade de realizar um upload de seus arquivos. Alguns servios como o Amazon Cloud Player, o Itunes e o Google Music executam ento suas msicas de forma remota. Com o advento do streaming, este formato est ficando obsoleto. Alm do mais, em alguns casos, h limites para armazenagem.

  • Sumrio

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    Cadeia produtiva da msica

    43Sumrio

    Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/tec/2015/04/1619107-dados-mostram-troca-do-modelo-de-download-pelo-de-assinaturas-musicais.shtml

    DE OLHONA DICA

    Veja uma compilao de dados sobre a indstria fonogrfica no Brasil e no mundo no estudo Mercado Fonogrfico Mundial e Brasileiro em 2014, publicado pela Associao Brasileira de Msica Independente (ABMI) em abril de 2015: http://www.abmi.com.br/website/arquivos/legislacao/mercado-fonogra-fico-brasileiro-e-mundial-2014-abr2015-versaofinal.pdf >

    O documentrio MSICA.BR mostra a relao da msica na internet no Brasil, por meio da viso das pessoas que produzem, negociam ou simplesmente consomem msica no pas, tendo a participao da banda Vivendo Do cio, do cantor e compositor Carlinhos Brown, o produtor Alexandre Lins, o compositor Tenisson Del Rey, o jornalista Bruno Nogueira, entre outros.

    Clique no link e assista: http://portacurtas.org.br/filme/?name=musicabr

    http://www.abmi.com.br/website/arquivos/legislacao/mercado-fonogra-fico-brasileiro-e-mundial-2014-abr2015-versaofinal.pdfhttp://www.abmi.com.br/website/arquivos/legislacao/mercado-fonogra-fico-brasileiro-e-mundial-2014-abr2015-versaofinal.pdfhttp://portacurtas.org.br/filme/?name=musicabr

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    PARTE 2

    Cadeia produtiva da msica

    44Sumrio

    2.5.1.5 Perfil do pblico consumidor do mercado de msica digital25

    Uma das caractersticas principais de msica digital hoje o alto nvel de sensibilizao e conhecimento dos consumidores e seu envolvimento em servios digitais. Neste sentido, as distribuidoras on-line esto conseguindo suprir este pblico com uma gama diversificada de servios, atendendo assim suas preferncias, aponta uma pesquisa realizada pela Ipsos em 13 principais mercados do mundo.

    Dados da pesquisa com usurios da internet:

    25 Fonte: Fonte: IFPI (International Federation of the Phonographic Industry) - http://www.ifpi.org/consumer-research.php

    http://www.ifpi.org/consumer-research.php

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    Cadeia produtiva da msica

    45Sumrio

    No Brasil, um estudo publicado em 2014 na Revista Brasileira de Gesto de Negcio26 identificou alguns pontos relevantes sobre o comportamento do consumidor em relao msica digital. Alguns destaques:

    por meio de uma inferncia sobre a populao de usurios de internet no Brasil em relao de usurios de msica digital (88,5%), podemos chegar ao nmero de 68 milhes de pessoas que consomem a msica digital;

    sobre os no-consumidores de msica digital, eles alegam no saber como funciona, refletindo claramente falta de conhecimento sobre as formas de obter msica; encontram-se na faixa etria a partir dos 44 anos;

    grande parte dos usurios de internet (64%), sejam eles consumidores ou no de msica digital, esto dispostos a pagar por ela. Seguindo a mesma inferncia feita no primeiro item, pode-se afirmar que cerca de 45 milhes de pessoas esto dispostas a pagar para consumir msica digital no Brasil;

    perfil das pessoas dispostas a pagar por msica digital:

    possuem mais experincia com a internet e computadores;

    faixa de idade intermediria (entre 18 e 35 anos);

    com renda mensal superior a R$ 2.500,00;

    gostam e se sentem vontade para comprar pela internet;

    26 Fonte: O mercado de Msica Digital: um estudo sobre o comportamento do consumidor brasileiro - Joo Paulo Capelli Martins & Luiz Antonio Slongo http://rbgn.fecap.br/RBGN/article/download/1487/pdf_92

    http://rbgn.fecap.br/RBGN/article/download/1487/pdf_92http://rbgn.fecap.br/RBGN/article/download/1487/pdf_92

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    Cadeia produtiva da msica

    46Sumrio

    geralmente acessam a internet de casa ou da escola/universidade;

    reconhecem a internet como importante para entretenimento e relacionamento;

    quanto maior a relao destes usurios com redes sociais, maior a chance de que eles sejam consumidores de msica digital;

    abandonaram a compra de CDs h pelo menos 12 meses;

    consomem msica de qualidade, com muita frequncia e de diversas formas, principalmente sem a necessidade de download (rdios on-line);

    tendem a ter uma conexo internet com velocidade alta;

    utilizam smartphones com frequncia para acesso rede;

    tm a percepo do que a pirataria;

    quer remunerar um servio para facilitar a obteno de msica digital, sem a necessidade de grandes conhecimentos tcnicos sobre internet ou informtica.

    a mdia ponderada do valor que o consumidor est disposto a pagar, segundo a pesquisa, de R$ 1,09. Neste sentido, considerando-se o consumo mdio mensal de cinco msicas por pessoa, o mercado passa a ter um potencial estimado de R$ 3,5 bilhes por ano.

  • Parte III

    MECANISMOS DE FINANCIAMENTO E MODELOS DE MONETIZAO

  • Sumrio

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    PARTE 3

    Mecanismos de financiamento

    48Sumrio

    3. MECANISMOS DE FINANCIAMENTO

    3.1 Fonte de recursos diretos- Modelo pblico

    Os fundos pblicos de apoio cultura so importantes instrumentos de fomento s atividades ligadas ao setor da Msica a fundo perdido. Nessa modalidade de financiamento, os projetos so selecionados por editais pblicos lanados pelo Ministrio da Cultura e pelas secretarias e fundaes estaduais e municipais da cultura.

    Para conhecer os editais federais em vigor, acesse o site do Ministrio da Cultura (http://www.cultura.gov.br/editais). Para editais estaduais ou municipais, pesquise os sites das secretarias de cultura e prefeituras.

    3.2 Fontes de recursos diretos - Modelo misto

    As polticas de apoio cultura e os editais de patrocnio de empresas pblicas e privadas, em geral, esto articuladas com as leis de incentivo cultura nos nveis federal, estaduais e municipais.

    Aps aprovarem os projetos nesses editais, as empresas pblicas e privadas solicitam que o proponente inscreva e aprove seu projeto na Lei Rouanet e nas demais leis de incentivo cultura.

    http://www.cultura.gov.br/editais

  • Sumrio

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    PARTE 3

    Mecanismos de financiamento

    49Sumrio

    Segue abaixo lista de algumas empresas privadas que trabalham com editais de seleo de projetos na rea de msica.

    Empresa Setor rea Cultural Link Legislao

    AMBEV Indstria Festivais de Msica e Entretenimento www.ambev.com.br/fale-conosco Lei Rouanet

    Ita Cultural Servio

    Qualquer expresso artstica e cultural apresentadas ou desenvolvidas em qualquer tipo de suporte, formato, rea artstica ou mdia

    http://www.itaucultural.org.br/participe/editais-programas-rumos Lei Rouanet e Patrocnio Direto

    Natura Comrcio Msica instrumental e popularhttp://www.natura.com.br/www/a-natura/sociedade/apoios-e-patrocinios

    Lei Rouanet e Leis Estaduais de Incentivo Cultura

    Nextel Servio Msica popular www.nextel.com.br Lei Rouanet

    O Boticrio Comrcio Msica [email protected] Lei Rouanet

    DE OLHONA DICA

    http://www.ambev.com.br/fale-conoscomailto:[email protected]

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    Mecanismos de financiamento

    50Sumrio

    Empresa Setor rea Cultural Link Legislao

    Oi Servio Msica www.oifuturo.org.br Lei Rouanet

    Red Bull Indstria Msica popular www.redbull.com.br Lei Rouanet

    Santander Servio Msica erudita e instrumental www.santander.com.br

    Souza Cruz Indstria Msica erudita e instrumental www.souzacruz.com.br/group/sitesLei Rouanet e Leis Estaduais de Incentivo Cultura

    TAM Servio Msica e festivais regionaishttp://www.tam.com.br/b2c/vgn/v/index.jsp?vgnextoid=53ed09f1157f2210VgnVCM1000000b61990aRCRD Lei Rouanet

    TIM Servio Msica www.tim.com.br Lei Estadual de Incentivo Cultura

    Vale Indstria Msica www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/patrocinios/Paginas/default.aspxLei Rouanet e Leis Estaduais de Incentivo Cultura

    Yakult Indstria Msica instrumental www.yackult.com.br Lei Rouanet

    Consulte tambm os sites das empresas Vivo, Volkswagen, Volvo, Usiminas, Unimed e Unibanco.27

    27 Fonte: Mecenato Cultural no Brasil: Setembro/2008 a Setembro/2013.Braslia: Instituto Alvorada do Brasil: Sebrae Nacional, 2014.

    http://www.oifuturo.org.br/http://www.santander.com.br/http://www.souzacruz.com.br/group/siteshttp://www.tim.com.br/http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/patrocinios/Paginas/default.aspxhttp://www.yackult.com.br

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    51Sumrio

    Segue abaixo lista de algumas empresas pblicas que trabalham com editais de seleo de projetos na rea de msica.28

    Empresa Setor rea Cultural Link Legislao

    BNDES Servio Msica http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/

    Lei Rouanet e Leis Estaduais de Incentivo Cultura

    Caixa Econmica Federal

    Servio Msica instrumental e popular www.programasculturaiscaixa.com.br Lei Rouanet

    Correios Servio Msica erudita, instrumental e popular

    http://www2.correios.com.br/institucional/conheca_correios/acoes_culturais/esp_cult_rj/patrocinio/conteudo/default.cfm

    Lei Rouanet

    Eletrobrs Servio Msica www.eletrobras.comLei Rouanet e Leis Estaduais de Incentivo Cultura

    Furnas Servio Msica www.furnas.com.br/frmContatos.aspx Lei Rouanet

    Petrobrs Servio Msica Ppc.petrobras.com.br Lei Rouanet

    28 Fonte: Mecenato Cultural no Brasil: Setembro/2008 a Setembro/2013.Braslia: Instituto Alvorada do Brasil: Sebrae Nacional, 2014.

    http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/file:///C:\Backup\UAMSF\www.programasculturaiscaixa.com.brhttp://www2.correios.com.br/institucional/conheca_correios/acoes_culturais/esp_cult_rj/patrocinio/conteudo/default.cfmhttp://www2.correios.com.br/institucional/conheca_correios/acoes_culturais/esp_cult_rj/patrocinio/conteudo/default.cfmhttp://www2.correios.com.br/institucional/conheca_correios/acoes_culturais/esp_cult_rj/patrocinio/conteudo/default.cfmfile:///C:\Backup\UAMSF\www.eletrobras.comfile:///C:\Backup\UAMSF\www.furnas.com.br\frmContatos.aspxhttp://ppc.petrobras.com.br/

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    3.3- Outras fontes de financiamento

    3.3.1 Patrocnio

    O patrocnio uma ao de marketing e comunicao que coloca a empresa, rgo ou instituio como a viabilizadora da concretizao de algo, seja uma ao, um produto ou servio, um evento ou um festival. Quem patrocina, assume o papel de benfeitor, ao ponto que investe para que algo do interesse desse pblico acontea, exista ou fique acessvel.

    O patrocinador, sob a tica do pblico:

    Aumenta sua credibilidade;

    Aumenta seu valor de marca;

    Demonstra poder econmico;

    Ganha empatia, por demonstrar interesse no que de interesse do pblico.

    Neste sentido, os patrocnios diretos assumem diferentes formas em funo do interesse de posicionamento de marcas e das estratgias de empresas com desembolso de recursos prprios, sem qualquer vnculo com incentivos fiscais.

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    53Sumrio

    3.3.2 Crowdfunding

    O crowdfunding um formato viabilizado pela internet e impulsionado pela mudana do papel do consumidor frente ao mercado, que passa de passivo para ativo na realizao de projetos musicais. Os novos formatos de produo da msica (fora das grandes gravadoras), surgidos em virtude da reduo de custos e da evoluo tecnolgica, passaram a gerar uma diversidade de nichos de mercado. Estes nichos se formam por uma identificao muito forte entre o pblico e o msico ou a banda, ou o projeto cultural. A partir deste cenrio surgem ento plataformas que permitem o financiamento pulverizado destes projetos, geralmente por meio de recompensas escalonadas de acordo com a contribuio dada.

    Esta soluo traz um sentimento ao pblico de efetivamente estar participando do processo criativo e produtivo do seu artista preferido. Existe uma relao ntima e sem intermedirios entre as partes.

    Atualmente, o crowdfunding tem obtido sucessos crescentes no apoio a iniciativas inovadoras e criativas, no s no setor da msica, mas em diversas reas da economia. Este formato acabou sendo uma alternativa a produtores e msicos independentes frente inadequao das instituies financeiras tradicionais em lidar com projetos marcados pela inovao ou, no caso da msica, em produtos musicais fora dos padres das majors.

    O site Kickstarter.com, pioneiro e mais popular dos concentradores de crowdfunding na internet, j financiou 87 mil projetos, com recursos na ordem de US$ 1,8 bilho doados por 8,9 milhes de pessoas.29 E este apenas um exemplo.

    29 Fonte: https://www.kickstarter.com/hello?ref=footer

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    54Sumrio

    Atualmente h diversas plataformas (este estudo apresenta mais frente uma lista com as principais). Frente ao sucesso do modelo e volume de recursos, esta alternativa deve ser considerada como mecanismo de financiamento para projetos musicais.

    Os potenciais do crowdfunding como mecanismo de financiamento para a msica so muito significativos e vrias iniciativas esto surgindo, diversificando os instrumentos e modelos. Tem se tornado cada vez mais comum o crowdfunding de espetculos e apresentao ao vivo e de artistas na produo de singles ou lbuns, e gradualmente surgem tambm especialistas para apoiar artistas e gravadoras na captao destes.

    As projees indicam que este mercado vai chegar a pelo menos 90 bilhes de dlares at 2025 e o Brasil tem potencial para atingir uma fatia de pelo menos 10% desta soma. Em um pas com tanta criatividade, atletas, ONGs, designers, artistas, empreendedores e cineastas e com acesso a capital limitado, o crowdfunding uma soluo democrtica e de grande potencial, o que refletido no crescimento dirio da nossa plataforma. Tahiana D'Egmont, diretora executiva da plataforma de financiamento coletivo da Kickante.30

    30 Fonte: http://convergecom.com.br/tiinside/webinside/13/01/2015/plataforma-de-financiamento-coletivo-kickante-anuncia-novo-ceo/

    http://convergecom.com.br/tiinside/webinside/13/01/2015/plataforma-de-financiamento-coletivo-kickant

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    55Sumrio

    Conhea alguns dos principais sites de Iniciativas de Financiamento Coletivo no Brasil, especficos para rea de msica e tambm que trabalham com outros projetos culturais.31

    Plataforma Endereo eletrnico Tipo de campanha Comisso

    Ativa a www.ativaai.com.br

    Benfeitoria www.benfeitoria.comSite custeado com doaes ou com prestao de servios. 0%

    Catarse www.catarse.me Tudo ou nada 13% do montante arrecadado

    Comea Aki www.comecaki.com.br

    Eu Patrocino www.eupatrocino.com.br

    Embolacha www.embolacha.com.br Tudo ou nada 15%

    Its Noon www.itsnoon.net

    Kickante www.kickante.com.br Tudo ou nada ou parcial 17,5% para campanhas parciais, se alcanar a meta a taxa de 12%

    31 Fonte: Pesquisas secundrias na internet e site www.crowdsourcing.org/

    DE OLHONA DICA

    file:http://www.ativaai.com.brfile:http://www.benfeitoria.comfile:///C:\Backup\UAMSF\www.catarse.mehttp://comecaki.com.br/file:///C:\Backup\UAMSF\www.eupatrocino.com.brhttp://itsnoon.net/file:///C:\Backup\UAMSF\www.kickante.com.brhttp://www.crowdsourcing.org

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    56Sumrio

    Plataforma Endereo eletrnico Tipo de campanha Comisso

    Movere www.movere.me

    Partio www.partio.com.br Tudo ou nada

    Playbook www.playbook.com.br Tudo ou nada

    Queremos www.queremos.com.br

    Quero Incentivar www.queroincentivar.com.br

    Startando www.startando.com.br Tudo ou nada 12,5%

    Somos Msica www.somosmusica.com.br

    Blog que apresenta de forma atualizada plataformas de crowdfunding para diversos setores:

    http://mapadocrowdfunding.tumblr.com

    file:///C:\Backup\UAMSF\www.movere.mefile:///C:\Backup\UAMSF\www.partio.com.brfile:///C:\Backup\UAMSF\www.playbook.com.brfile:///C:\Backup\UAMSF\www.queremos.com.brfile:///C:\Backup\UAMSF\www.queroincentivar.com.brfile:///C:\Backup\UAMSF\www.startando.com.brhttp://www.somosmusica.com.brhttp://mapadocrowdfunding.tumblr.com

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    57Sumrio

    3.4 Fontes de recursos pblicos indiretos

    3.4.1 Lei Rouanet ou Lei Federal de Incentivo Cultura (Lei n 8.313, de 1991)

    A lei n 8.313, conhecida como Lei Rouanet, permite que pessoas jurdicas e pessoas fsicas descontem do imposto de renda devido parte dos valores destinados a doaes ou patrocnios em projetos culturais. O limite anual de abatimento para pessoas jurdicas de 4% do total do imposto devido e de 6% no caso de pessoas fsicas.

    Os projetos culturais podem ser apresentados tanto por pessoas fsicas quanto por pessoas jurdicas pblicas e privadas, de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos. As propostas aprovadas pelo Ministrio da Cultura so enquadradas no artigo 18, que garante 100% de deduo do valor investido, ou no artigo 26, que garante s pessoas jurdicas deduo de 30% para patrocnio e 40% para doao. No caso de pessoas fsicas, os limites de reduo aumentam para 60% e 80%, respectivamente.

    Para conhecer mais detalhes sobre a Lei Rouanet, acesse o link:

    http://www.cultura.gov.br/leis/DE OLHONA DICA

    http://www.cultura.gov.br/leis/

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    58Sumrio

    3.4.2 Leis Estaduais de Incentivo Cultura - ICMS

    Em alguns estados, existem as Leis Estaduais de Incentivo Cultura, baseada no ICMS. Entre os estados que possuem esta lei de incentivo, esto Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro, So Paulo e Rio Grande do Sul.

    Entre os incentivos cultura via ICMS, o estudo destaca o Programa de Ao Cultural (ProAC) em So Paulo e no Rio de Janeiro-RJ.

    3.4.2.1 ProAC ICMS

    O Programa de Ao Cultural (ProAC), institudo pela Lei Estadual n 12.268, de 20/02/2006, oferece empresa contribuinte do ICMS a oportunidade de patrocinar a produo artstica e cultural de So Paulo, apoiando financeiramente projeto credenciado pela Secretaria de Estado da Cultura. Quem participar do programa poder aproveitar-se de benefcio fiscal, creditando-se do valor destinado ao patrocnio.

    O contribuinte interessado no ProAC conta com o apoio de sistema especialmente desenvolvido pela Secretaria da Fazenda do Estado para facilitar a participao e imprimir transparncia e mxima segurana a todo o processo.

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    59Sumrio

    O acesso ao Sistema ProAC est disponvel aos contribuintes a partir do Posto Fiscal Eletrnico (PFE):

    www.pfe.fazenda.sp.gov.br.

    Para mais informaes, acesse:

    www.cultura.sp.gov.br/portal/site/PAC

    DE OLHONA DICA

    3.4.2.2 Rio de Janeiro

    Geralmente so publicados at dois editais por ano, aos quais os produtores pessoas fsica ou jurdica devem submeter seus projetos a um processo de avaliao.

    Com a aprovao, os projetos ficam habilitados a buscar recursos junto aos patrocinadores previamente credenciados junto Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

    Os patrocinadores tm a oportunidade de investir em projetos culturais credenciados pelo Governo do Estado, e recebem como contrapartida o benefcio fiscal sob a forma de deduo fiscal no ICMS a ser recolhido segundo faixas de percentuais de benefcios e contrapartidas.

    http://www.pfe.fazenda.sp.gov.br/http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site/PAC

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    60Sumrio

    Para saber mais sobre os incentivos fiscais por ICMS, consulte as Secretarias de Cultura de seu estado ou municpio e na rea especfica do site do Ministrio da Cultura (MinC).

    Para mais informaes, acesse:

    [email protected]

    3.4.3 Leis Municipais de Incentivo Cultura - ISS e IPTU32

    3.4.3.1 So Paulo

    A Lei Municipal de Incentivo Cultura Lei n 10.923/90 prev a associao de recursos privados com os do municpio de So Paulo, por meio de incentivos fiscais, com a finalidade de patrocinar iniciativas culturais de todos os gneros.

    Para se valer dos benefcios fiscais, os projetos devem ser encaminhados para aprovao de uma comisso, formada por membros indicados pela Secretaria Municipal da Cultura e por entidades culturais, responsveis tambm pelo acompanhamento do desenvolvimento desses projetos.

    32 Fonte: www.incentiva.com.br

    DE OLHONA DICA

    file:http://www.leideincentivorj%40cultura.rj.gov.brhttp:// www.incentiva.com.br

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    61Sumrio

    Periodicamente, so abertos prazos de inscrio para a apresentao de projetos.

    A Lei Mendona oferece como benefcio fiscal pessoa fsica ou jurdica a deduo de 70% do valor investido no projeto, at o limite de 20% do total devido de Imposto Sobre Servio (ISS) e Imposto Predial e Territorial Urbano de imveis prprios (IPTU). O incentivador recebe um certificado para cada cota de patrocnio depositada, com validade de 24 meses. Este passa a ter um saldo de 70% do valor do certificado, para abatimento de at 20% de seus impostos a pagar. O valor restante, os 30%, so considerados recursos prprios.

    3.4.3.2 Rio de Janeiro

    A Lei Municipal de Incentivo Cultura Lei n 1940/1992 permite que as empresas contribuintes do ISS no municpio do Rio de Janeiro destinem recursos a projetos culturais previamente aprovados pela Secretaria Municipal de Cultura e abatam do imposto devido parte do investimento.

    Para saber mais sobre os incentivos fiscais municipais, consulte as Secretarias de Cultura de seu estado ou municpio e na rea especfica do site do Ministrio da Cultura (MinC).

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    62Sumrio

    3.5 Outros modelos de monetizao33

    Alm das formas de monetizao mais tradicionais j citadas (financiamento pblico, privado, patrocnio), as novas tecnologias como os servios de download, streaming, lojas digitais trouxeram novos conceitos de rentabilizao para os players da cadeia da msica.

    Um exemplo o site Vevo, que d acesso a vdeos premium e shows ao vivo. O site faz parcerias com gravadoras independentes e no apenas com grandes gravadoras e tambm investe em artistas independentes mesmo que no estejam ligados a nenhuma gravadora. O site Vevo a plataforma lder mundial em entretenimento e vdeos de msica, com mais de cinco bilhes de views mensais globalmente. No catlogo da Vevo h 75 mil vdeos de msica em HD e programao original exclusiva.(www.vevo.com).

    As plataformas destreamingde msicas, como Deezer (presente em mais de 180 pases com 30 milhes de msica em seu catlogo), de modo geral repassam 70% do que ganham para os artistas.

    O YouTube tem duas formas principais de gerar receita para os msicos ou artistas em geral. A primeira forma pela monetizao em que o artista, necessariamente, tem que ser detentor dos direitos autorais da obra. A monetizao no depende da quantidade de views, pois o YouTube coloca publicidade antes da exibio do vdeo. Mas, logicamente, quanto maior a quantidade de views, maior a receita. O reparte entre o parceiro e o Youtube a mesma porcentagem e, dependendo da categoria, o anunciante pode pagar mais.

    33 Fonte: www.culturaemercado.com.br/mercado/musica-e-novos-modelos-de-monetizacao/+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

    file:http://www.vevo.comfile:http://www.culturaemercado.com.br/mercado/musica-e-novos-modelos-de-monetizacao/%2B%26cd%3D1%26hl%3Dpt-BR%26ct%3Dclnk%26gl%3D

  • Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICA

    PARTE 3

    Mecanismos de financiamento

    63Sumrio

    H tambm outra forma de receber receita atravs da plataforma de vdeos. Alm de cada artista poder criar seu prprio canal no YouTube, h a receita gerada pelacontent id 34, que chamada de distribuio multimarca. O YouTube tem um rob que escaneia todos os vdeos e detecta quando a msica ou imagem foi utilizada por outros usurios. Quando ele encontra esse material, aplica o que o detentor dos direitos autorais determinou, o contedo retirado do ar ou acontece a monetizao para o detentor dos direitos autorais.

    Conhea todos os critrios e orientaes para monetizao de vdeos no You Tube acessando o link:

    https://support.google.com/youtube/answer/97527?hl=pt-BR

    Mapa de financiamento de projetos

    O projeto Economia Criativa Srie Primeiros Passos Capacitao de Empreendedores Criativos resultado de convnio de cooperao tcnica e financeira firmado, em setembro de 2012, entre o Instituto Alvorada Brasil e o Sebrae.

    34 Content id- os vdeos que contenham materiais protegidos por direitos autorais, existe a possibilidade de receber uma reivindicao de Content ID. Essas reivindicaes so feitas por empresas proprietrias de msicas, filmes, programas de TV, videogames ou outros tipos de material protegidos por direitos autorais.

    DE OLHONA DICA

    https://support.google.com/youtube/answer/97527?hl=pt-BR

  • Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICA

    PARTE 3

    Mecanismos de financiamento

    64Sumrio

    Um dos produtos do projeto foi o desenvolvimento do site Mapa de Financiamento, que rene, em uma nica plataforma, dados que se encontravam dispersos no Ministrio da Cultura (MinC), nas secretarias estaduais e municipais de cultura e em outras instituies pblicas de polticas de apoio e fomento cultura. Alm de acessar dados individuais sobre cada projeto, os usurios podem fazer cruzamentos de vrias informaes, como nome e objeto do projeto, proponentes, empresas incentivadoras, segmentos culturais, locais de execuo, entre outras. Ao concluir a pesquisa, a ferramenta de busca do site gera relatrios gerenciais no formato de arquivos Excel, que podem ser exportados para qualquer plataforma.

    Acesse o site e conhea: www.mapafinanciamentocultural.org.br

    file:http://www.mapafinanciamentocultural.org.br

  • Parte IV

    INICIATIVAS DE COLABORAO

    DA MSICA

  • Sumrio

    ESTUDO DE INTELIGNCIA DE MERCADOMSICA

    PARTE 4

    Iniciativas de colaborao da msica

    66Sumrio

    4. INICIATIVAS DE COLABORAO DA MSICA

    As iniciativas colaborativas do setor de Msica surgem como forma de fortalecer os atores da pulverizada cadeia desse segmento. Desde a gravao da obra, passando pela comercializao, exibio e formas de obter financiamento, todos os esforos so feitos para criar melhores condies os projetos musicais nos diferentes e diversos mercados.

    As iniciativas de formao de clusters, polos, arranjos produtivos locais, se constroem no intuito de organizar aes colaborativas entre as empresas, em busca de um melhor resultado comercial, capaz de fortalecer e profissionalizar os agentes do setor. Isso envolve inovao, tecnologia, capacitao de mo de obra, melhoria de fluxos de produo, de maneira a perceber o ambiente e suas possibilidades, fazendo convergir interesses comuns e maximizar resultados para todos os envolvidos, fortalecendo suas reais chances de sobrevivncia e crescimento no mercado.

    4.1 Coworking

    Coworking um modelo de trabalho que baseia-se no compartilhamento de espao e recursos de escritrio, reunindo pessoas que trabalham no necessariamente para a mesma empresa ou na mesma rea de atuao, podendo inclusive reunir, entre os seus usurios os profissionais liberais e usurios independentes.

    Pessoas e empresas usurias de Coworking tambm utilizam este modelo de trabalho para estabelecer relacionamentos de negcios onde oferecem e/ou contratam servios mutuamente. Alguns destes relacionamentos tambm visam

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    PARTE 4

    Iniciativas de colaborao da msica

    67Sumrio

    favorecer o surgimento e amadurecimento de ideias e projetos em grupo. As prticas de conduta do Coworking fazem com que este modelo se aproxime mais ao modelo das cooperativas, em que o foco no est apenas no lucro, mas tambm na sociedade.

    Nos Estados Unidos j existe um modelo especfico para a produo musical. Um espao focado em msicos independentes que muitas vezes no tm condies ou interesse de investir na construo de um estdio prprio ou na compra de equipamentos carssimos que sero utilizados apenas em momentos pontuais.

    Conhea o case do Cohere Coworking:

    http://coherecommunity.com/

    4.2 Arranjos Produtivos Locais

    Outra iniciativa de colaborao so os APLs. Um Arranjo Produtivo Local (APL) um conjunto de fatores econmicos, polticos, culturais e sociais, localizados em determinado territrio, que desenvolve atividades econmicas semelhantes e que tambm apresentam vnculos de produo, interao, cooperao e aprendizagem.

    DE OLHONA DICA

    http://coherecommunity.com

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    PARTE 4

    Iniciativas de colaborao da msica

    68Sumrio

    Os APLs podem surgir entre empresas que trabalham com tecnologia e inovao, produtoras de bens e servios, assim como fornecedoras de equipamentos, empresas comercializadoras, clientes, cooperativas, associaes empresariais e de classe e representaes comercia