ESTUDOS PARA A REESTRUTURAÇÃO DO PROGRAMA...

59
ESTUDOS PARA A REESTRUTURAÇÃO DO PROGRAMA MUNICIPAL DE COLETA SELETIVA DE CANOAS ___________________________________ Consolidação dos estudos desenvolvidos para o Programa Municipal de Coleta Seletiva de Canoas/RS 2014

Transcript of ESTUDOS PARA A REESTRUTURAÇÃO DO PROGRAMA...

ESTUDOS PARA A REESTRUTURAÇÃO DO

PROGRAMA MUNICIPAL DE COLETA

SELETIVA DE CANOAS

___________________________________

Consolidação dos estudos desenvolvidos para o Programa

Municipal de Coleta Seletiva de Canoas/RS

2014

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 2

SUMÁRIO

1. Apresentação ............................................................................................... 5

2. Objetivos ...................................................................................................... 6

3. Breve Contexto sobre o Programa Municipal de Coleta Seletiva Atualmente

Implantado.......................................................................................................... 8

4. Reestruturação e Ampliação do Programa de Coleta Seletiva .................. 10

5. Reestruturação do Programa de Coleta Seletiva Porta a Porta (Bairro a

Bairro) .............................................................................................................. 17

6. Metas de Recuperação de Materiais Recicláveis do Programa de Coleta

Seletiva ............................................................................................................ 24

7. Indicadores de acompanhamento do Programa de Coleta Seletiva .......... 29

8. Definição de Diretrizes para a elaboração de Programa de Comunicação

Social e Educação Ambiental voltado ao Programa de Coleta Seletiva

Municipal .......................................................................................................... 33

9. Estudo para Definição de Diretrizes e Parâmetros para a Participação do

Poder Público Municipal na Logística Reversa ................................................ 52

10. Considerações Finais sobre as Diretrizes para a Reestruturação do

Programa Municipal de Coleta Seletiva de Canoas ......................................... 57

11. Referências ............................................................................................ 59

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 3

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Quadrantes do Município de Canoas e Ecopontos atualmente

implantados ...................................................................................................... 21

Figura 2 Organograma de possíveis atores sociais do Programa de Educação

Ambiental e Comunicação Social ..................................................................... 36

Figura 3 Dimensões da educação ambiental no contexto de um Programa de

Coleta Seletiva ................................................................................................. 38

Figura 4 Frentes de ação para a efetividade de um Programa de Coleta

Seletiva ............................................................................................................ 39

Figura 5 Exemplo de página central de um jornal comunitário. ........................ 46

Figura 6 Exemplos de biomapas com uso de base cartográfica. ..................... 48

Figura 7 Exemplos de biomapas com desenhos e colagens ........................... 48

Figura 8 Representação ilustrativa da disposição dos materiais utilizados na

rede de desafios e das “pontes” que interligarão as realidades a serem

enfrentadas aos caminhos possíveis. .............................................................. 50

ÍNDICE DE QUADRO

Quadro 1 Proposta de participação de diversos atores no Programa .............. 13

Quadro 2 Ações para a estruturação do Programa Bairro-a-Bairro ................. 22

Quadro 3 Metas de recuperação de materiais recicláveis para o Programa de

Coleta Seletiva do Município de Canoas .......................................................... 25

Quadro 4 Indicadores apropriados do SNIS para avaliação e acompanhamento

do Programa de Coleta Seletiva de Canoas .................................................... 30

Quadro 5 Regulamentações para resíduos componentes da logística reversa 54

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 4

ÍNDICE DE TABELA

Tabela 1 Projeção de expansão da população, geração de resíduos e metas de

recuperação de materiais ................................................................................. 27

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 5

ESTUDOS PARA A REESTRUTURAÇÃO DO PROGRAMA DE

COLETA SELETIVA DO MUNICIPIO DE CANOAS

1. APRESENTAÇÃO

A gestão dos resíduos sólidos urbanos representa um dos maiores desafios

para a sociedade contemporânea especialmente sob o ponto de vista

econômico, sanitário e ambiental. Fatores como geração contínua e crescente,

indisponibilidade de locais para novos aterros sanitários e a necessidade de

maior eficiência em tratamentos específicos devem ser analisados de forma

integrada uma vez que os resíduos são potenciais riscos para o ambiente,

comprometem a qualidade de vida da população, e sua coleta, transporte e

disposição final representam altos custos para o Poder Público.

No Brasil, a universalização da coleta e a correta destinação dos materiais

constituíam, historicamente, os objetivos principais do gerenciamento de

resíduos de um município. Atualmente, além desses objetivos, o correto

gerenciamento requer programas que contribuam para diminuir a quantidade

de resíduos destinados aos aterros sanitários, visto que, além de ser uma

atividade onerosa para o município, impede que os materiais reaproveitáveis e

recicláveis retornem ao ciclo produtivo.

Essa discussão tem avançado no Brasil por conta da promulgação de

importantes leis, como a Lei de Saneamento Ambiental (Lei nº 11.445/2007) e

a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010). Dentre seus

instrumentos a Política Nacional traz o incentivo à coleta seletiva e ao

desenvolvimento de cooperativas ou associações de catadores de materiais

recicláveis. Dessa forma os programas de coleta seletiva e o desenvolvimento

desses grupos trazem uma nova visão da importância desses atores, incluindo-

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 6

os na cadeia produtiva e possibilitando uma atuação mais efetiva com direitos

estabelecidos em lei. Conjuntamente tem-se o desvio de parte dos resíduos da

rota tradicional de descarte possibilitando seu reaproveitamento e valorização.

A proposta de reestruturação do Programa de Coleta Seletiva do Município de

Canoas está sendo elaborada com base nas diretrizes do Plano Municipal de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que por sua vez, atendem aos

princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Por meio da discussão

com os setores envolvidos na elaboração do Plano (Poder Público municipal,

sociedade e catadores) através de workshops e da Conferência Municipal de

Saneamento Ambiental, foi possível estabelecer metas, ações e a concepção

do novo programa de coleta seletiva, conforme apresentado nesse documento.

Esta nova concepção também deverá fornecer subsídios para o Plano

Municipal de Coleta Seletiva que está em fase de construção.

O Programa de Coleta Seletiva deve estar inserido em um novo modelo de

gestão de resíduos no Município de Canoas, sendo um dos elementos

fundamentais de uma cadeia que propõe a valorização e o reaproveitamento

de materiais com foco na sustentabilidade e inclusão social.

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

A reestruturação do Programa de Coleta Seletiva do Município de Canoas, RS,

tem como objetivo geral contribuir com a eficiência do sistema de gestão de

resíduos sólidos e com a melhoria e ampliação do atual programa existente no

Município, promovendo efetiva recuperação de materiais, com inclusão social e

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 7

geração de postos de trabalho e renda e, finalmente, reduzir a quantidade de

resíduos destinada à disposição final.

Objetivos Específicos

o Ampliar e qualificar o Programa de Coleta Seletiva, reestruturando-o de

forma regional considerando os diferentes quadrantes do Município –

Programa Bairro-a-Bairro.

o Possibilitar o reaproveitamento de materiais recicláveis reinserindo-os no

ciclo de produção.

o Aumentar a eficiência no tratamento dos resíduos, atendendo à Política

Nacional de Resíduos Sólidos.

o Promover a inclusão social, com geração de renda e melhoria das

condições de trabalho dos catadores, por meio de capacitação e

formação continuada.

o Aumento do potencial econômico da comercialização dos recicláveis, por

meio da triagem e beneficiamento.

o Informar devidamente à população sobre o Programa, bem como

estimular a cidadania e o empoderamento, por meio de processos de

comunicação e educação ambiental, voltados à construção e

incorporação de novos conhecimentos, valores e habilidades que

contribuirão para maior mobilização, participação e para a mudança de

atitudes e práticas cotidianas em relação aos resíduos.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 8

o Reduzir a quantidade de resíduos destinada à disposição final em aterro

privado.

3. BREVE CONTEXTO SOBRE O PROGRAMA MUNICIPAL DE

COLETA SELETIVA ATUALMENTE IMPLANTADO

O Município de Canoas possui um amplo Programa de Coleta Seletiva, com

participação de cooperativas e associações de catadores previstas na Lei nº

5.485 de janeiro de 2010, que universaliza o acesso ao serviço público de

coleta seletiva de resíduos recicláveis. Esta lei torna as cooperativas e

associações populares agentes ambientais da limpeza urbana, e incentiva o

envolvimento dos munícipes com ações que visam à conscientização para a

melhor destinação de seus resíduos.

O Programa de Coleta Seletiva tem como parceria 5 cooperativas de

catadores: a Renascer, a Cooarlas, a Coopermag, a Coopcamate e as Mãos

Dadas, sendo que 4 destas cooperativas possuem contratos com a Prefeitura

Municipal de Canoas para a coleta e transporte dos resíduos até as Unidades

de Triagem.

O valor global do contrato em regime de empreitada estabelece o pagamento

de R$ 254.203,88 reais para execução dos serviços das quatro cooperativas

contratadas. Os recursos são utilizados para suprir os custos fixos e variáveis

das cooperativas. Além das despesas com combustível, manutenção e mão de

obra da coleta, ainda está contabilizado o pagamento de advogado e contador

que prestam serviços às cooperativas.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 9

O planejamento e o controle dos serviços municipais de coleta seletiva são da

Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), apoiada pelo Comitê

Executivo de Gestão Integrada de Resíduos Recicláveis.

O Programa de Coleta Seletiva no Município ocorre atualmente de duas

formas:

o Coleta porta-a-porta.

o Entrega voluntária nos PEVs.

A coleta no sistema “porta a porta” corre praticamente em 65% do Município.

As cooperativas não recebem pelo resíduo triado. Os resíduos descartados

pela população apresentam certo grau de contaminação e materiais

considerados nobres como PET, alumínio e papelão são altamente disputados

pelos catadores informais e pela coleta clandestina.

O Programa conta com 235 contêineres (PEVs) instalados na Região Central e

no Bairro Jardim do Lago, destinados à entrega de materiais recicláveis.

Entretanto, está sendo proposta uma avaliação desse sistema com a alteração

dos equipamentos e da sua funcionalidade.

O Programa conta com um pouco mais de 100 cooperados e atinge cerca de

3,5% de recuperação de materiais, sendo que o papel e o plástico são os

materiais mais comercializados.

Considerando as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos que

estabelece a ordem de prioridade na gestão e manejo dos resíduos, é proposta

a reestruturação, ampliação e modernização do Programa de Coleta Seletiva,

com a readequação na infraestrutura das centrais de triagem e reorganização

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 10

das atividades e da logística de coleta. A proposta apresentada assenta-se nos

princípios ambientais de redução e reaproveitamento de materiais e pela Rota

Tecnológica da Reciclagem, buscando a valorização intensa de resíduos, por

meio da coleta seletiva e de outros programas de reaproveitamento.

4. REESTRUTURAÇÃO E AMPLIAÇÃO DO PROGRAMA DE

COLETA SELETIVA

Os estudos que compuseram o Plano Municipal de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos indicaram dentre outros aspectos, a necessidade de

reestruturação, ampliação e modernização do Programa de Coleta Seletiva,

para o atendimento à hierarquia da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

No sentido de seguir as diretrizes traçadas pelo Plano Municipal de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos e atender a legislação federal no que se refere:

i) a diminuição do envio de materiais recicláveis para a disposição final; ii) a

integração dos catadores nas ações que envolvam a responsabilidade

compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; e iii) o incentivo à criação e ao

desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação, é

proposta a reformulação e ampliação do atual Programa de Coleta Seletiva,

organizado regionalmente considerando as diferenças socioeconômicas,

populacionais e presença de equipamentos públicos nos Quadrantes que

compõem o Município.

Avaliando as condições de operação e a eficiência do programa existente,

verifica-se o enorme potencial de ampliação de reaproveitamento de materiais,

conjuntamente com a inclusão de outros catadores atuantes no Município. As

ações para a reformulação do Programa são apresentadas a seguir:

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 11

4.1. Propostas de Ações

Para a reformulação do Programa, as seguintes ações são propostas:

1. Elaboração de Programa de Coleta Seletiva específico para os resíduos

domiciliares recicláveis secos favorecendo a máxima segregação dos

resíduos nas fontes geradoras e sua valorização.

2. Reformulação do sistema de conteinerização objetivando sua ampliação

e melhor distribuição pelo território, facilitando a deposição e o

transporte para o destino final.

3. Ampliação do Programa de Coleta Seletiva de forma a atender todas as

regiões do Município com a modernização das Centrais de Triagem

dimensionadas para a recuperação de materiais recicláveis, de acordo

com as metas estipuladas no Plano de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos, visando à inclusão social e geração de renda.

4. Implantação de rede integrada para recebimento de resíduos, com a

reestruturação dos Pontos de Entrega Voluntária e ampliação da

funcionalidade dos Ecopontos, universalizando a cobertura no território

municipal para entrega de materiais recicláveis, resíduos volumosos e

resíduos da construção civil em pequenas quantidades.

5. Implantação do Programa de Coleta Seletiva estruturado Bairro a Bairro.

6. Apoio Técnico e Operacional das Centrais e ao Programa de Coleta

Seletiva Porta a Porta.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 12

7. Remuneração das Cooperativas pela coleta, transporte, e demais

trabalhos de triagem e educação ambiental.

8. Apoio aos programas de capacitação dos catadores informais não

organizados e em situação de vulnerabilidade social, contribuindo para a

sua inclusão progressiva.

9. Apoio aos programas de capacitação dos cooperados para os cargos

administrativos das cooperativas a fim de desenvolver a capacidade

gerencial e a eficiência desses grupos organizados.

10. Formulação de amplo e consistente Programa de Comunicação Social e

Educação ambiental, buscando maior efetividade da participação da

população.

4.2. Atores Envolvidos

Qualquer programa de coleta seletiva para ser efetivo, deve ter um caráter

socioambiental e de sustentabilidade, abrangendo não somente as questões

ligadas ao meio ambiente e a valorização dos resíduos, mas também a

dimensão social das organizações e da população e suas particularidades

culturais e políticas. Somente dessa forma, pode-se criar um ambiente que

propicie o empoderamento e a responsabilização dos diversos atores, de

acordo com o grau e o tipo de envolvimento esperados, sendo essas premissas

fundamentais para o sucesso do Programa. Ao mesmo tempo, o Programa de

Coleta Seletiva deve abarcar questões econômicas, com o intuito de propiciar

renda aos agentes envolvidos por meio da comercialização dos materiais

recicláveis.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 13

De acordo com os pressupostos acima mencionados foram identificados

diversos atores sociais e respectivos papéis dentro do Programa de Coleta

Seletiva de Canoas, que podem ser observados no Quadro 1 e no texto a

seguir:

Quadro 1 Proposta de participação de diversos atores no Programa

Quadro de atores envolvidos

A Cooperativas de Catadores

B Catadores Avulsos

C Poder Público Municipal

D Concessionária responsável pelo serviço de limpeza urbana

E Grandes Geradores

F Demais parceiros (associações de bairros ou outras organizações)

G População

A. Cooperativas de Catadores

Com o intuito de atender aos artigos da Política Nacional de Resíduos Sólidos

no que tange o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de

outras formas de associação, os catadores organizados dessa forma,

legalmente reconhecidos, tem direito sobre a execução dos serviços de triagem

e beneficiamento dos materiais recicláveis.

Em Canoas, além da triagem, as Cooperativas executam os serviços de coleta

porta-a-porta de materiais recicláveis. Com o objetivo de atingir 100% do

Município, as cooperativas deverão se organizar e se estruturar, considerando

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 14

as novas metas do Programa e a logística de coleta de acordo com as

diretrizes do Programa Bairro a Bairro.

As cooperativas poderão também, buscar arranjos que insiram catadores de

níveis de organização menores, como os núcleos ou mesmos os catadores

avulsos, definindo localmente os roteiros e dando apoio a esses agentes

menos organizados. Espera-se com isso propiciar a inclusão de agentes não

organizados, dando-lhes condição de organização e possibilidade de inserção

no Programa.

B. Catadores Avulsos

Um dos objetivos da reestruturação do Programa de Coleta Seletiva não é

somente melhorar as condições de trabalho dos catadores já inseridos no

Programa, mas incluir catadores avulsos que trabalham informalmente no

Município e que tenham interesse em participar das associações já existentes

ou criar novas formas de organização.

Para isso é necessário o levantamento dos catadores não cooperados que

atuam no Município, buscando maior conhecimento sobre as suas áreas de

atuação e sobre os fluxos de resíduos recolhidos por eles. Deve ser enfocado o

número de catadores avulsos, escolaridade, moradia, trabalho, renda, saúde

dentre outros fatores que auxiliarão o desenvolvimento de ações integradoras.

Dessa forma, espera-se possibilitar a integração, a caracterização e o

desenvolvimento social desses trabalhadores. Após o levantamento, a próxima

etapa será o cadastramento, a capacitação, a incubação e a organização dos

catadores por região, obedecendo à lógica e a concepção do Programa.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 15

Com esse levantamento será possível mapear, ainda, os depósitos informais

de materiais, caracterizando o fluxo e a dinâmica dos materiais

comercializados, preços praticados, quantidade e principais compradores.

C. Poder Público Municipal

O Poder Público Municipal deverá ter funções de regulação e apoio

institucional e técnico, por meio de arranjos intersecretariais relacionadas às

atividades do Programa, como a Secretaria de Meio Ambiente, a de Serviços

Urbanos, a de Desenvolvimento Social, a de Saúde, a de Educação, entre

outras que auxiliarão os projetos e ações desenvolvidas. O apoio técnico

deverá ser conduzido por um Grupo de Apoio Técnico que contará com um

quadro de técnicos na área.

D. Concessionária

No Município de Canoas, após reformulação institucional e implantação de

novo modelo de prestação de serviço, o Programa de Coleta Seletiva deverá

ser parte integrante do sistema de limpeza urbana e manejo de resíduos

sólidos. Deverão ser estabelecidas as responsabilidades da concessionária

perante ao Programa de Coleta Seletiva, como por exemplo, a gestão e

transporte de materiais dos PEVs e Ecopontos para as Centrais; e coleta e

destinação dos rejeitos das Centrais para disposição final.

E. Grandes Geradores

Os Grandes Geradores de resíduos tem um importante papel no Município de

Canoas, pois normalmente geram materiais de melhor qualidade. Na proposta

para o novo Programa, a coleta realizada nos Grandes Geradores deverá ser

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 16

planejada e organizada com o intuito de inserir responsabilidades na cadeia de

resíduos, conforme a nova legislação (logística reversa e responsabilidade

compartilhada pelo ciclo de vida do produto).

Desta forma, os Grandes Geradores deverão ser mapeados e cadastrados em

um sistema informatizado para facilitar a obtenção de dados acerca da

quantidade gerada e características dos materiais. Assim, será possível um

controle mais eficiente garantindo a recuperação e destinação adequada

desses resíduos, com o pagamento das cooperativas pelo serviço realizado de

coleta, transporte, triagem e beneficiamento desses resíduos.

F. Demais parceiros (associações de bairros ou outras organizações)

Atualmente existem associações de bairros ou outras organizações que atuam

de forma indireta no Programa de Coleta Seletiva e que são reconhecidas pela

população, especialmente nos seus bairros de atuação. A proposta é que

essas organizações sejam parceiras e que estejam inseridas no novo

Programa de Coleta Seletiva.

A ampliação dessa rede de parceiros, a partir da sensibilização de outras

instituições comunitárias e de escolas públicas e particulares, para a questão

da responsabilidade e necessidade de coleta seletiva adequada, permitirá

aumentar a adesão da população ao Programa e melhorar a qualidade do

material enviado às cooperativas.

G. População

Para que o programa de coleta seletiva tenha efetividade é imprescindível a

participação ativa da população na segregação dos resíduos na fonte. Essa

segregação e a forma de destinação em cada Quadrante dependerá das

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 17

estruturas instaladas nas suas proximidades, da organização da coleta e dos

grupos atuantes nas diversas regiões do Município. Para isso, é necessário um

programa de educação ambiental adequado, eficiente e permanente, como já

citado.

Salienta-se que a atuação conjunta e colaborativa dos diversos atores, acima

apresentados, com responsabilidades complementares e compartilhadas,

estabelecerá uma complexa rede de interações que trará eficiência e

efetividade ao novo Programa de Coleta Seletiva do Município de Canoas,

executando um modelo baseado na mais recente legislação.

5. REESTRUTURAÇÃO DO PROGRAMA DE COLETA

SELETIVA PORTA A PORTA (BAIRRO A BAIRRO)

A proposta apresentada para o Município de Canoas traz avanços no conceito

da coleta seletiva em relação aos programas comumente aplicados em

municípios brasileiros. Devido às diferenças e particularidades nos Quadrantes

que compõem o seu território, é proposta a implantação de um programa de

coleta seletiva porta-a-porta organizado regionalmente, utilizando-se das

diversas combinações de coleta e estruturas instaladas em cada área,

denominado Programa Bairro-a-Bairro.

Este Programa tem como objetivo a organização da coleta seletiva de forma

regional, que busca estabelecer um modelo de logística específica para cada

região, estruturada com atores locais e considerando as particularidades de

cada contexto. Tal como têm mostrado experiências anteriores, a aproximação

entre a população e os catadores leva a um maior envolvimento e

comprometimento por parte dos cidadãos, que por sua vez se desdobram na

separação de maiores quantidades de materiais para a coleta seletiva, e com

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 18

maior qualidade. Além disso, constitui uma ferramenta importante na gestão do

Programa integrar a coleta porta-a-porta realizada pelas cooperativas com os

equipamentos públicos de apoio.

O foco na conjuntura local, que visa atender ao inciso IX do artigo 6° da Política

Nacional de Resíduos Sólidos que traz como princípio “o respeito às

diversidades locais e regionais”, permite a participação mais efetiva dos atores

sociais locais, como escolas, ONGs, entidades de classe, que tradicionalmente

atuam nas questões ambientais, particularmente àquelas relacionadas à coleta

seletiva com inclusão social, e constituem núcleos de divulgação e

realimentação de idéias (FUZARO, 2005).

Considerando o histórico de atuação desses atores, a reestruturação e

ampliação do Programa de Coleta Seletiva de Canoas não só abre espaço

para que os mesmos integrem as suas atividades, mas permite principalmente,

ampliar essas parcerias com o intuito de efetivar ações locais, tanto na

promoção da educação ambiental da população, quanto na capacitação e

colaboração com as organizações de catadores.

O Programa de Coleta Seletiva Bairro-a-Bairro deverá ser implantado iniciando-

se pelos bairros já atendidos pelo sistema de coleta porta-a-porta, ou ainda

regiões onde a mobilização social local apoie o programa de forma efetiva.

Contudo, espera-se ampliar o programa com essa característica para todas as

regiões, promovendo maior organização e otimização da coleta, facilitando a

logística e gerando maior interação social, com a formação de novas

Cooperativas, Associações e Núcleos de Coleta Seletiva nos próprios bairros.

O Programa Bairro-a-Bairro deverá ser estruturado com base nos seguintes

aspectos:

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 19

o Avaliação sobre a efetiva participação da população da área, tanto em

termos de adesão ao Programa de Coleta Seletiva, quanto na qualidade do

material enviado às cooperativas.

o A partir dessa avaliação, deve ser elaborado um Plano de Ação que

consiste em abordar as dificuldades específicas de cada local.

o Planejamento da coleta porta-a-porta em termos de frequência, com base

na avaliação do potencial de geração de materiais recicláveis e

equipamentos existentes na área.

o Elaboração de logística de coleta integrada com os Ecopontos e Pontos de

Entrega Voluntária.

o Cadastramento de catadores ou organizações, associações e instituições

que já organizam estes programas localmente.

Este modelo permitirá a realização de uma coleta específica e estruturada para

cada Bairro/Quadrante e possibilitará maior capilaridade e sustentabilidade ao

Programa de Coleta Seletiva, buscando alcançar objetivos como: melhorar o

sistema de coleta, promover maior participação e comprometimento da

população envolvida e possibilitar o empoderamento da população nas

questões relacionadas ao manejo de resíduos sólidos.

Os materiais recicláveis oriundos tanto da coleta porta-a-porta quanto dos

Postos de Entrega Voluntária e Ecopontos, deverão ser encaminhados para as

Centrais de Triagem e Beneficiamento. Nesses locais os materiais recicláveis

serão separados e triados por tipo e categoria e encaminhados para processos

de beneficiamento para posterior comercialização.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 20

Alinhado ao Artigo 11 do Decreto nº 7.404/2010, que regulamenta a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, que traz que “o sistema de coleta seletiva de

resíduos sólidos priorizará a participação de cooperativas ou de outras formas

de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis constituídas

por pessoas físicas de baixa renda”, o Programa de Coleta Seletiva de Canoas

deverá ser reestruturado de forma a dar ainda mais capacidade de trabalho às

cooperativas, organizações e associações de catadores. A parceria com esses

agentes traz benefícios para a Prefeitura e ao mesmo tempo gera postos de

trabalho, renda e inclusão social.

A logística proposta para o Município, a partir da concepção do Programa

Bairro-a-Bairro, tem as estruturas e equipamentos como os PEVs, Ecopontos e

Centrais com funções específicas:

Postos de Entrega Voluntária – PEVs (contêineres)

Os PEVs recebem os materiais recicláveis secos separados pela população.

Atualmente, são disponibilizados 235 contêineres para a coleta seletiva,

instalados na Região Central e no Jardim do Lago. Esses PEVs deverão

passar por reestruturação, conforme diretrizes apontadas pelo Plano Municipal

de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

Ecopontos

Ecopontos são postos de recebimento de diferentes materiais. No caso do

Município de Canoas esses equipamentos públicos deverão ter sua função

ampliada para receber, além de resíduos da construção civil e volumosos,

também materiais recicláveis. Dessa forma, há um aumento da amplitude

desse equipamento tornando-o um espaço efetivo de apoio ao Programa de

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 21

Coleta Seletiva. Atualmente, estão implantados 04 Ecopontos localizados em

cada um dos Quadrantes do Município (Figura 1).

Figura 1 Quadrantes do Município de Canoas e Ecopontos atualmente

implantados

Centrais de Triagem e Beneficiamento

As Centrais de Triagem operadas pelas cooperativas deverão receber os

materiais recolhidos em sua zona de abrangência, realizando a triagem,

beneficiamento e comercialização. As Centrais de Triagem atualmente

implantadas deverão passar por processo de modernização melhorando as

condições de trabalho e de eficiência na triagem e recuperação de materiais.

No Quadro 2 são apresentadas ações para a elaboração e implementação do

Programa Bairro-a-Bairro, como parte da reestruturação do Programa de

Coleta Seletiva no Município de Canoas.

Ecoponto

Azul Ecoponto

Laranja

Ecoponto

Vermelho

Ecoponto

Verde

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 22

Quadro 2 Ações para a estruturação do Programa Bairro-a-Bairro

Diretriz Estruturação do Programa Bairro-a-Bairro

Fundamentação

De acordo com a Política Nacional de Resíduos os programas municipais de coleta seletiva devem atentar-se para as características únicas de cada região, adequando as ações e atividades a cada realidade. As diferenças regionais de Canoas demandam um programa organizado regionalmente, utilizando-se as diversas combinações de coleta e equipamentos, considerando as particularidades de cada contexto, combinando a coleta porta-a-porta com o apoio dos PEVs e Ecopontos implantados.

Objetivos Estruturar localmente o Programa de Coleta Seletiva considerando as particularidades de cada região do Município (Quadrantes) e a integração dos equipamentos implantados.

Projetos e Ações para o alcance da diretriz

Ações

Prazos

Responsabilidade Emergenciais

(0 a 1 ano) Curto Prazo (até 4 anos)

Médio Prazo (até 8 anos)

Longo Prazo (de 8 a 20 anos)

Levantamento e cadastramento de residências e geração de resíduos em termos quantitativos e qualitativos para a definição da estratégia de coleta Bairro a Bairro

X X

Secretaria ligada à gestão de resíduos ou ao Programa de

Coleta Seletiva

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 23

Ações

Prazos

Responsabilidade Emergenciais

(0 a 1 ano) Curto Prazo (até 4 anos)

Médio Prazo (até 8 anos)

Longo Prazo (de 8 a 20 anos)

Estudo logístico para implantação dos equipamentos de acordo com o centro de massa de materiais recicláveis, adensamento populacional e atores locais (presença de catadores e organizações de bairro)

X X

Secretaria ligada à gestão de resíduos ou ao Programa de

Coleta Seletiva

Estruturação do Programa Bairro-a-Bairro, considerando as particularidades locais e equipamentos implantados, com elaboração do novo Plano de Coleta Seletiva com rotas, frequências e períodos.

X X

Secretaria ligada à gestão de resíduos ou ao Programa de

Coleta Seletiva

Construção de indicadores de efetividade e participação para avaliação do Programa Bairro-a-Bairro

X

Secretaria ligada à gestão de resíduos ou ao Programa de

Coleta Seletiva

Implementação do Programa de Comunicação Social e Educação Ambiental organizado regionalmente

X X X X

Secretaria ligada à gestão de resíduos ou ao Programa de

Coleta Seletiva

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 24

6. METAS DE RECUPERAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

DO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA

Com o intuito de alcançar os objetivos propostos, este estudo estabeleceu

metas gerais e específicas para o Programa de Coleta Seletiva. O

estabelecimento de metas quantitativas e objetivas facilita o planejamento e a

execução das ações a curto, médio e longo prazo.

O Programa está estruturado a partir de metas periódicas, que permitem

controle, avaliação e revisão. Essa interação dinâmica possibilita a participação

constante da população, com facilidade no acompanhamento e interatividade

na implantação das ações propostas.

Atualmente o Município de Canoas recupera cerca de 3,5% de materiais

recicláveis. Esse índice foi calculado, tendo como referência as informações

fornecidas pelas cooperativas de catadores atuantes no Município.

As metas de recuperação de materiais recicláveis apresentadas no Quadro 3 a

seguir são propostas no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos de Canoas e foram construídas tendo como base o processo

participativo de controle social ocorrido na Conferência Municipal de Canoas.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 25

Quadro 3 Metas de recuperação de materiais recicláveis para o Programa de

Coleta Seletiva do Município de Canoas

METAS DE RECUPERAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DA MASSA DE RECICLÁVEIS NO TOTAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

2015 2016 2017 2018 2019

3,5% 4,5% 5,5% 7,5% 10%

2020 2021 2022 2023 2024

15% 20% 22% 23% 24%

2025 2026 2027 2028 2029

30% 36% 42% 50% 55%

2030 2031 2032 2033 2034

60% 65,5% 70% 75% 80%

Das metas apresentadas, cabe destacar os seguintes aspectos:

o As metas de recuperação foram calculadas com base no estudo elaborado

pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) para o Plano

Nacional de Resíduos Sólidos em acordo com a Lei Federal 12.305/2010.

Este estudo, intitulado “Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos”

(Relatório de Pesquisa do IPEA – Outubro 2012), apresentou a estimativa da

composição gravimétrica dos resíduos sólidos coletados no Brasil,

desenvolvida a partir da média simples de estudos de composição

gravimétrica de 93 municípios brasileiros, realizadas entre os anos de 1995

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 26

e 2008. Portanto, as metas foram construídas sob a massa potencial de

materiais recicláveis (31,9%).

o A proposta de metas para o Programa de Coleta Seletiva considerou a

projeção para 20 anos. Ressalta-se que, de acordo com as Leis nº

11.445/2007 e 12.305/2010, o Plano de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos, composto por projetos, programas e ações, deverá ser revisto a

cada 04 anos. Neste intuito, será possível reavaliar as metas propostas e

propor planos de ação para retomada de rota, caso as metas não estejam

sendo atingidas.

o Para 2015 foi utilizado o mesmo índice de recuperação de materiais

recicláveis identificado para o ano de 2014.

o As metas propostas apresentam um crescimento gradual, considerando a

implantação de novos programas de minimização, a ampliação da coleta

porta-a-porta e da entrega voluntária de materiais nos Ecopontos e Pontos

de Entrega Voluntária.

o O crescimento significativo sugerido entre os Anos de 2015 e 2021 (de 3,5%

para 20%) é suportado pela modernização das centrais de triagem

existentes, que aumentará a capacidade de recuperação de materiais

recicláveis no Município.

Na Tabela 1 a seguir, é possível verificar os dados populacionais, a estimativa

de geração de resíduos e da massa coletada, as metas propostas de

recuperação de materiais para o Programa de Coleta Seletiva nesse período,

assim como a projeção das massas de materiais recicláveis recuperados com

cumprimento das referidas metas.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 27

Tabela 1 Projeção de expansão da população, geração de resíduos e metas de

recuperação de materiais

Ano População

Total (habitantes)

Massa de resíduos

para tratamento

(t/ano)

Massa potencial de

materiais recicláveis (Referência

IPEA: 31,9%)

Meta de recuperação de

materiais recicláveis pelo

Programa de Coleta Seletiva

(%)

Massa de materiais recicláveis

recuperados pelo Programa de Coleta

Seletiva (t/ano)

1 2015 342.006 90.358 28.824 3,5 1.009

2 2016 343.956 91.782 29.278 4,5 1.318

3 2017 345.829 93.204 29.732 5,5 1.635

4 2018 347.617 94.623 30.185 7,5 2.264

5 2019 349.320 96.037 30.636 10,0 3.064

6 2020 350.937 97.447 31.086 15,0 4.663

7 2021 352.462 98.849 31.533 20,0 6.307

8 2022 353.895 100.243 31.978 22,0 7.035

9 2023 355.237 101.630 32.420 23,0 7.457

10 2024 356.487 103.007 32.859 24,0 7.886

11 2025 357.643 104.375 33.296 30,0 9.989

12 2026 358.701 105.730 33.728 36,5 12.311

13 2027 359.661 107.073 34.156 42,0 14.346

14 2028 360.538 108.408 34.582 50,0 17.291

15 2029 361.302 109.724 35.002 55,5 19.426

16 2030 361.960 111.023 35.416 60,0 21.250

17 2031 362.619 112.337 35.836 65,5 23.472

18 2032 363.279 113.667 36.260 70,0 25.382

19 2033 363.940 115.013 36.689 75,0 27.700

20 2034 364.602 116.374 37.123 80,0 29.699

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 28

Obedecendo a proposição apresentada pela Política Nacional de Resíduos

Sólidos, quanto à necessidade de redução da quantidade de resíduos

destinada à disposição final, são apresentadas as metas progressivas para a

recuperação de materiais recicláveis, por meio do Programa de Coleta Seletiva,

em relação à quantidade coletada pelos serviços municipais.

Para o período proposto de 20 anos, observa-se um crescimento de 1.009

t/ano atuais para 29.699 toneladas no ano de 2034, representando

respectivamente, a porcentagem de recuperação de 3,5% e 80% de

recuperação dos materiais recicláveis, sendo observadas as metas almejadas.

Este aumento no tratamento e recuperação obedece ao ritmo de

desenvolvimento das ações propostas para o Programa de Coleta Seletiva de

Canoas. Na medida em que novos Ecopontos e PEV´s são dispostos ao longo

da rede de coleta e novos núcleos de catadores são incorporados, em conjunto

à modernização das centrais de triagem, são atingidos novos patamares de

capacidade, alcançando assim a eficiência esperada.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 29

7. INDICADORES DE ACOMPANHAMENTO DO PROGRAMA DE

COLETA SELETIVA

A proposição de indicadores específicos para verificação do Programa de

Coleta Seletiva no Município de Canoas busca atender a necessidade de

conformação de instrumentos de avaliação que permitam o acompanhamento

dos resultados produzidos a partir da implantação gradual do novo Programa

de Coleta Seletiva.

Desta forma, são apresentados a seguir os indicadores adequados a essa

finalidade, que auxiliarão no acompanhamento do Programa e no seu

desenvolvimento no tempo.

Alguns dos indicadores apresentados são apropriados do Sistema Nacional de

Informações sobre Saneamento – SNIS (Ministério das Cidades), possibilitando

ao Município de Canoas a comparação com a série histórica correspondente, e

o acompanhamento da evolução da situação do Programa com outros

municípios enquadrados na mesma faixa populacional. Os indicadores do SNIS

propostos para aplicação no Município de Canoas são apresentados no

Quadro 4, tendo o número de referência do indicador apresentado (Indicador

SNIS):

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 30

Quadro 4 Indicadores apropriados do SNIS para avaliação e acompanhamento

do Programa de Coleta Seletiva de Canoas

Indicador Nº de referência

no SNIS

Indicadores de acompanhamento da Coleta Seletiva Indicador SNIS

Massa recuperada per capita de materiais recicláveis secos (exceto matéria orgânica e rejeitos) em relação à população urbana

SNIS I032

Taxa de material recolhido pela coleta seletiva de secos (exceto matéria orgânica) em relação à quantidade total coletada de resíduos sólidos domésticos

SNIS I053

Para o cálculo dos indicadores do SNIS são utilizadas as seguintes fórmulas:

Massa recuperada per capita de materiais recicláveis secos (exceto

matéria orgânica e rejeitos) em relação à população urbana (Indicador SNIS

I032)

Cálculo:

Quantidade total de materiais recicláveis recuperados

(Exceto matéria orgânica e rejeitos)

=

%

População urbana

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 31

Taxa de material recolhido pela coleta seletiva de secos (exceto matéria

orgânica) em relação à quantidade total coletada de resíduos sólidos

domésticos (Indicador SNIS I053)

Cálculo:

Quantidade total de materiais recicláveis recuperados

(Exceto matéria orgânica e rejeitos)

=

%

Quantidade total de resíduos sólidos coletados

Além dos indicadores de referência do SNIS, é proposto ainda, o

acompanhamento da adesão da população ao Programa.

Taxa de adesão da população à Coleta Seletiva

Cálculo:

Número de domicílios participantes da coleta seletiva

=

% Número total de domicílios

Para o controle social efetivo em relação ao Programa de Coleta Seletiva, é

proposto um indicador específico para determinar a quantidade de reclamações

da população considerando a quantidade total de reclamações sobre o sistema

de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 32

Quantidade de reclamações registradas pela população, em relação ao

Programa de Coleta Seletiva

Cálculo:

Número de reclamações recebidas em relação ao Programa de Coleta Seletiva = X

Número total de reclamações recebidas por mês

7.1. Aplicação dos Indicadores

Os indicadores deverão ser aplicados pelos técnicos da Prefeitura,

responsáveis pelo controle do manejo e gestão de resíduos sólidos, com o

apoio das cooperativas de catadores, que fornecerão os dados e informações

acerca da recuperação de materiais.

Os resultados obtidos com a aplicação dos indicadores deverão ser

consolidados em relatórios e controlados por um órgão específico para este fim

(Grupo Técnico, por exemplo). Os resultados poderão ser publicados

anualmente, nos meios de imprensa disponíveis no Município para o controle e

acompanhamento da população.

Estes relatórios deverão ser empregados na ocasião da revisão do Plano

Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, contribuindo para o

acompanhamento dos avanços no atendimento às diretrizes propostas,

possibilitando a verificação e consolidação dos resultados planejados, em

concordância com as diretrizes e metas estabelecidas para o Município.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 33

8. DEFINIÇÃO DE DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DE

PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO

AMBIENTAL VOLTADO AO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA

MUNICIPAL

8.1. Apresentação

A educação ambiental é definida na Política Nacional de Educação Ambiental

(PNEA) como “processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade

constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”

(Brasil, 1999).

É reconhecido que a Educação Ambiental é componente importante para o

sucesso da implementação de qualquer programa e deve articular-se com as

diversas políticas federal, estadual e municipal, devendo ser ampla, crítica e

inovadora em níveis formais e não formais e voltada à transformação social.

A Educação Ambiental deve ainda trazer uma perspectiva global de ação,

relacionando a sociedade e a natureza, remetendo-se para o exercício da

cidadania. Essa temática é determinante para a consolidação de sujeitos

cidadãos que entendam não somente a importância do ambiente e dos

cuidados necessários, mas também do fortalecimento da cidadania coletiva e a

corresponsabilidade das ações executadas.

Para tanto, deve-se buscar a ampliação do envolvimento público por meio de

iniciativas que possibilitem um maior nível de consciência ambiental da

população, garantindo a informação e a consolidação institucional dos canais já

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 34

criados para a participação, numa perspectiva pluralista. Cabe ao Poder

Público repensar os meios de diálogo já existentes e criar outros canais

institucionais para que aumente a cooperação social, a participação em

decisões, e viabilize o controle social sobre propostas, estratégias e ações.

A participação efetiva da população é um dos grandes desafios a ser superado

em qualquer programa de coleta seletiva, pois cabe a ela a responsabilidade

das primeiras atividades como: separação, lavagem, acondicionamento,

armazenamento temporário e disponibilização dos materiais nos locais e

horários predeterminados. Cabe ressaltar que essa participação deve ocorrer

também nos processos de planejamento, implementação e avaliação de

serviços públicos de saneamento, dentre eles os relacionados aos programas

de coleta seletiva. Além disso, essa garantia de participação é dada pela

Política Nacional de Saneamento Básico (Lei Federal 11.445/2007), por meio

do controle social - um instrumento legal de participação, pelo qual os

indivíduos e grupos sociais poderão atuar na gestão dos serviços públicos e

condução das políticas públicas e programas de saneamento.

Nesses processos de educação, o envolvimento direto da população fornece

resultados mais eficazes, já que são estes os principais interessados na

transformação da realidade na qual estão inseridos. Nas questões relativas ao

saneamento ambiental e, especialmente, no enfrentamento da problemática em

torno dos resíduos sólidos, não é diferente. Ao identificar e analisar a situação

vivenciada, como problemas decorrentes da disposição inadequada de

resíduos sólidos ou ineficiência/ausência de serviços adequados, a população

pode superar a condição de simples beneficiária (passiva) das ações

planejadas e executadas por instituições externas, passando a adotar um papel

ativo e consciente quanto aos benefícios diretos e indiretos advindos, por

exemplo, de um programa de coleta seletiva, buscando, portanto, respectivas

soluções para os problemas identificados.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 35

É oportuno lembrar que um dos pré-requisitos para a efetivação do controle

social e da participação é a mobilização social, considerada por Toro e

Werneck (2007) como um instrumento para “convocar vontades” e aglutinar

cidadãos para atuarem na realidade onde vivem. Isso ocorre quando um grupo

de pessoas, comunidade ou sociedade decide e age a partir de objetivos

comuns, assumindo o desenvolvimento de “projetos mobilizadores”

participativos, cujos resultados são decididos e compartilhados por todos.

Por este caminho, portanto, de “decisões e ações conjuntas”, os benefícios de

um programa de coleta seletiva serão, de forma mais legítima,

“compartilhados”. Assim, faz-se necessário oferecer subsídios e criar condições

para a mobilização social e a participação, sendo um dos primeiros passos

para tal elevar a autoestima dos atores sociais, ou seja, estimular e

desenvolver noções de cidadania e a confiança na sua própria capacidade de

transformação da realidade, a partir do fortalecimento do poder desses

indivíduos como sujeitos sociais (empoderamento). Isso porque, a partir do

momento que as pessoas superam a busca de soluções individuais para seus

problemas - recorrendo a alternativas coletivas - a mobilização social ganha

força.

Deste modo, é imprescindível que, conjuntamente ao Programa de Coleta

Seletiva, seja elaborado e implementado um Programa de Educação Ambiental

voltado à informação, elevação da autoestima e mobilização da população,

tornando-os protagonistas desse processo, a partir da reflexão e abordagem de

temas como participação pública, cidadania e qualidade ambiental, buscando

promover mudança de valores, práticas e atitudes, tanto individuais como

coletivas (FUZARO E RIBEIRO, 2005).

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 36

8.2. Atores sociais e espaços educacionais

A fim de superar ações isoladas, fragmentadas e pontuais recomenda-se que

este Programa seja construído e desenvolvido com forte atuação das

cooperativas de catadores do Município de Canoas – atores sociais

organizados, considerados fundamentais para o sucesso da reestruturação e

ampliação do Programa de Coleta Seletiva -, contando ainda com o

envolvimento direto de outras lideranças comunitárias e de bairros, e

profissionais das áreas da educação, saúde e meio ambiente. Recomenda-se

também a participação de gestores públicos, pesquisadores de universidades e

escolas técnicas, agentes comunitários de saúde, técnicos do setor,

organizações não-governamentais e iniciativa privada. Todos estes atores

deverão atuar direta ou indiretamente como multiplicadores do processo

educativo junto à população (Figura 2).

Figura 2 Organograma de possíveis atores sociais do Programa de Educação

Ambiental e Comunicação Social

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 37

As atividades do Programa poderão ser desenvolvidas, de forma

contextualizada e continuada, em escolas, parques públicos e outros espaços

comunitários.

8.3. Fundamentação teórico-prática

O Programa de Educação Ambiental deverá enfatizar não apenas a construção

de novos conhecimentos, mas também a ressignificação de valores e o

desenvolvimento de habilidades. Quanto aos conhecimentos, espera-se que os

participantes desse processo incorporem novos entendimentos sobre os

impactos ambientais e à saúde humana da disposição inadequada dos

resíduos; sobre a importância de se evitar o consumo excessivo e o

desperdício e, consequentemente, de reduzir a geração de resíduos e/ou de

reutilizá-los; dentre outros temas. Quanto aos valores espera-se estimular a

autoestima, a criatividade, o cooperativismo, a solidariedade e o protagonismo.

Quanto às habilidades, é fundamental que as pessoas sejam capacitadas para

a separação, lavagem, acondicionamento e armazenamento temporário destes

resíduos, de forma adequada e segura. Vale lembrar que estas três dimensões

(de conhecimentos, valores e habilidades) tem igual relevância em um

processo educativo e devem ser desenvolvidas conjuntamente, conforme

Figura 3, para que a almejada mudança de comportamento seja algo natural e

duradouro.

POPULAÇÃO EM GERAL

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 38

Figura 3 Dimensões da educação ambiental no contexto de um Programa de

Coleta Seletiva

Quanto ao seu desenvolvimento, o Programa de Educação Ambiental deverá

intercalar a teoria e a prática, por meio da realização de ciclos de palestras e

debates, atividades em grupo – lúdicas e vivenciais, utilizando-se estratégias

dialógicas e reflexivas, como diagnóstico participativo, oficina do futuro,

mapeamento socioambiental, fóruns, entre outras, além de oficinas de

capacitação, visando também a instrumentalização e ampliação da

possibilidade de multiplicação de ações práticas e sustentáveis.

Complementarmente ao Programa de Educação Ambiental, deve ser elaborado

um Programa de Comunicação Social, por meio do qual a população deverá

ser devidamente informada sobre detalhes da concepção e andamento do

Programa de Coleta Seletiva, bem como sobre suas responsabilidades e

procedimentos para a separação dos materiais recicláveis, armazenamento

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 39

temporário e disponibilização destes materiais nos locais e horários

predeterminados. Para tal, poderão ser utilizados diversos meios de

comunicação disponíveis, como rádio, televisão, jornais impressos, folhetos,

faixas, outdoors, entre outros, além da atuação dos catadores que estarão,

muitas vezes, em contato direto com a população, compartilhando sua

experiência e conhecimento sobre os procedimentos mais adequados.

Tanto o Programa de Educação Ambiental como o de Comunicação Social

devem ser iniciados antes da reestruturação do Programa de Coleta Seletiva,

informando e preparando a população para as novas atividades do Programa.

Assim, conforme a Figura 4, essas duas frentes de ação (educação e

comunicação) são de vital importância para o sucesso e efetividade da coleta

seletiva, com a participação ativa da população e responsabilidade

compartilhada dos demais atores.

Figura 4 Frentes de ação para a efetividade de um Programa de Coleta

Seletiva

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 40

O envolvimento e comprometimento da população não são obtidos de imediato,

o que envolve necessariamente ações continuadas e de reforço positivo, no

sentido de mantê-la constantemente motivada. Além disso, uma população

empoderada e consciente da importância das questões socioambientais e de

suas relações com a saúde humana, bem como de seu papel como cidadão, é

capaz de cobrar continuidade de seus governantes e assim evitar que

mudanças de posicionamento político possam prejudicar o andamento de

programas, tornando-os mais sustentáveis.

8.4. Objetivos do Programa de Comunicação Social e Educação

Ambiental

O Programa de Comunicação Social e de Educação Ambiental tem como

objetivos gerais:

o Sensibilizar a população do Município para que esta compreenda as

dinâmicas ambientais, e favoreça a análise crítica das ações sobre o

ambiente, incluindo o seu papel na redução da geração de resíduos e na

responsabilidade do seu destino adequado.

o Oferecer subsídios e criar condições para a mobilização social e a

participação, estimulando e desenvolvendo noções de cidadania e o

empoderamento.

o Promover a construção de conhecimentos, habilidades e valores, de forma

interdisciplinar e intersetorial, que resultem em ações de conservação do

meio ambiente e da saúde humana, bem como de respeito ao próximo.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 41

o Informar a população sobre detalhes da concepção, procedimentos e

andamento do Programa de Coleta Seletiva e do Programa Bairro-a-Bairro,

bem como das responsabilidades de cada munícipe para o seu

funcionamento adequado.

o Tornar viável o desenvolvimento de comportamento, individual ou coletivo,

na busca pela resolução de problemas ambientais e de melhor qualidade

de vida.

o Incentivar uma visão crítica e integral sobre os problemas ambientais,

assim como fomentar a participação e a interação da população na

resolução de questões relacionadas ao meio ambiente e aos resíduos

sólidos.

o Promover participação cidadã nos programas de limpeza da cidade e de

minimização e tratamento de resíduos.

o Incentivar a não geração, a redução de resíduos, a reutilização, a produção

e o consumo sustentáveis, a coleta seletiva e a reciclagem com vistas a

reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final

ambientalmente adequada.

o Capacitar membros de cooperativas de catadores e catadores avulsos,

outras lideranças comunitárias e representantes de movimentos sociais,

professores, agentes comunitários de saúde, técnicos do setor,

profissionais do setor público, privado e terceiro setor, bem como demais

interessados em tornarem-se multiplicadores do processo de educação

ambiental em escolas, parques e outros espaços públicos.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 42

o Estimular os programas de coleta seletiva e de compostagem caseira, em

parceria com associações de bairros, escolas, condomínios, ONGs,

organizações de catadores, etc.

As diversas atividades inseridas no Programa de Comunicação Social e

Educação Ambiental devem ter como foco atingir todos os munícipes de

Canoas, sendo guiadas, principalmente, com base na Política Nacional de

Resíduos Sólidos, Política Nacional do Meio Ambiente, Política Nacional de

Educação Ambiental e na Agenda 21.

8.5. Diretrizes para o Programa de Comunicação Social e Educação

Ambiental

O Programa de Comunicação Social e Educação Ambiental deve ser pensado

e planejado de forma a transformar-se em um instrumento de controle social e,

ao mesmo tempo, estimular e favorecer maior participação nas ações voltadas

ao manejo adequado de resíduos sólidos e, portanto, nos programas propostos

para o Município de Canoas.

As diretrizes para este Programa são apresentadas a seguir:

o Divulgar e promover o cumprimento das metas do Plano Municipal de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e do Plano Municipal de Coleta

Seletiva.

o Disponibilizar dados relativos aos programas executados no Município.

o Ampliar os serviços de ouvidoria e canais de comunicação.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 43

o Criar mecanismos que promovam o debate e a participação da sociedade

com o Poder Público.

o Incentivar e promover parcerias com universidades que proporcionem à

população eventos como exposições, palestras, apresentações teatrais,

etc. em locais públicos, de maneira descentralizada, que tenham como

tema a cidadania e o meio ambiente.

o Promover a divulgação na grande mídia, mídia alternativa e rádios

comunitárias, de informações quanto a direitos e deveres dos cidadãos

quanto ao manejo adequado de resíduos.

o Ampliar e fortalecer o Calendário Ambiental do Município, com eventos que

ocorram de maneira descentralizada, buscando atingir a população em sua

totalidade.

o Manter página na internet, atualizada, com informações quanto ao manejo

dos resíduos sólidos, as formas de participação do cidadão nos programas,

as instruções quanto à coleta seletiva, assim como indicação geográfica

dos Ecopontos, Pontos de Entrega Voluntária e Centrais de Triagem.

o Incentivar empresas a promoverem campanhas informativas e educativas

quanto a ações ambientais.

o Incentivar a criação de espaços virtuais que promovam a educação voltada

ao meio ambiente e à cidadania, estimulando iniciativas relacionadas à

transparência e ao controle social.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 44

8.6. Planejamento e realização de intervenções comunicativas e

educacionais

As intervenções comunicativas e educativas devem se iniciar com um

adequado planejamento das atividades, realizado a partir do desenvolvimento

de diagnósticos participativos regionais, de forma a reconhecer necessidades e

prioridades específicas de cada localidade, por exemplo, de um bairro, de uma

escola, etc.

O caminho a seguir e as formas de atuação na busca pela resolução dos

problemas e questões identificadas com os diagnósticos, certamente, são

várias. Devem se adequar aos diferentes contextos socioambientais e culturais

e contemplar ações de mobilização social, comunicação, formação de agentes

multiplicadores e implementação de práticas e tecnologias socioambientais

(Brasil, 2009).

A seguir são sugeridas e detalhadas algumas estratégias comunicativas e

educativas que podem ser aplicadas neste Programa de Comunicação Social e

Educação Ambiental.

8.6.1. Jornal comunitário

O jornal comunitário é um meio de comunicação alternativo, sem fins

lucrativos, utilizado não apenas para comunicar e informar, mas também como

um instrumento de participação e mobilização social. Deve ser produzido por

um grupo de pessoas com interesses comuns visando contribuir para o

desenvolvimento social de uma dada localidade, convocando a comunidade

para reflexões sobre os temas abordados e instrumentalizando-a para ações

adequadas. Por apresentar tais características, o jornal comunitário fortalece

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 45

ainda a dimensão cooperativa da aprendizagem e oferece subsídios para que

as pessoas compreendam e promovam a sua própria comunicação, exercendo

um papel mediador nas discussões e na busca de soluções para os problemas

que afetam a todos.

Desenvolvimento

A construção do jornal comunitário poderá ocorrer neste Programa por meio de

uma oficina desenvolvida em três momentos: no primeiro, são apresentadas e

discutidas técnicas para sua produção e seu papel comunicativo e como

instrumento político de mobilização e transformação socioambiental; no

segundo, os participantes são subdivididos para o processo de escolha do

nome do jornal, linha editorial, decisão dos temas a serem abordados e

definição de tarefas para cada membro dos grupos (editor, pauteiro,

diagramador, repórter), sempre de forma democrática; no terceiro, dá-se início

a confecção do jornal, disponibilizando-se os materiais necessários.

A principal característica é seu formato artesanal, pautado principalmente na

criatividade dos participantes, assemelhando-se a um fanzine, em termos de

independência, livre expressão e diagramação. Recomenda-se sua confecção

em quatro folhas de papel em tamanho A3, dobradas ao meio, totalizando 16

páginas. A diagramação deve ser desenvolvida por meio de colagens, com a

utilização de recortes de revistas, textos manuscritos e desenhos feitos pelos

participantes (Figura 5). De posse dos originais são providenciadas cópias de

acordo com a tiragem desejada.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 46

Figura 5 Exemplo de página central de um jornal comunitário.

Recomenda-se para este Programa, especialmente no sentido de se alcançar

os objetivos de Comunicação Social, a elaboração periódica de novas edições

do jornal comunitário, confeccionado por diferentes grupos, como cooperativas

de catadores, alunos e professores, agentes comunitários de saúde e demais

atores envolvidos, de forma a viabilizar o correto funcionamento do Programa

de Coleta Seletiva e disseminar as ações em realização.

8.6.2. Mapeamento socioambiental

O Mapeamento Socioambiental ou biomapa é uma metodologia participativa de

diagnóstico, planejamento e gestão. Trata-se de uma representação gráfica

das condições socioambientais de determinada localidade construída a partir

da “leitura” que os participantes têm do local onde vivem, combinando,

portanto, saberes tradicionais e conhecimentos e informações técnicas.

Possibilita a identificação de problemas, demandas e anseios, além de orientar

a busca de soluções e alternativas a partir da construção de nexos causais e

compartilhamento de responsabilidades.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 47

Desenvolvimento

No presente Programa sugere-se sua realização junto às escolas do Município,

por meio da construção de dois tipos de biomapas: i) o primeiro representando

o caminho percorrido pelos alunos e professores entre a escola e seus

domicílios, bem como demais áreas de abrangência; ii) o segundo

representando a escola e o entorno desta, objetivando dessa forma

diagnosticar e identificar problemas socioambientais e a percepção dos

participantes sobre a realidade local, especialmente no contexto de questões

relacionadas ao tema dos resíduos sólidos e do Programa de Coleta Seletiva.

i) De casa para escola, da escola pra casa

A atividade se inicia com a apresentação de um mapa/planta da área de

interesse a ser “mapeada” pelo grupo. Após cuidadosa observação e devidos

esclarecimentos sobre os objetivos dessa atividade, o grupo é orientado a

identificar no mapa os diferentes trajetos por eles percorridos entre a escola e

seus domicílios. Em seguida, de forma coletiva, busca-se identificar vias de

acesso; serviços públicos disponíveis, principalmente relacionados ao

Programa de Coleta Seletiva; espaços de lazer; recursos hídricos; áreas de

risco e de degradação socioambiental; entre outros aspectos de interesse,

seguindo-se a uma reflexão crítica sobre aquela realidade, sempre com vistas

a sua transformação. Ressalta-se que muitos destes aspectos não estarão

presentes no mapa/planta original, devendo estes ser desenhados ou

representados com uso de fotos a serem tiradas pelos participantes (Figura 6).

Esclarece-se ainda que este biomapa não será concluído ao término das

oficinas previstas para esta atividade, isto porque trata-se de um material

dinâmico, que poderá sofrer alterações no decorrer do Programa, já que os

participantes podem ter ao longo desse processo novas “leituras” daquela

realidade.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 48

Figura 6 Exemplos de biomapas com uso de base cartográfica.

Fonte:http://www.metodista.br/ev/seminario-integrado/documentos/biomapa_santoandre.pdf

ii) A escola e seu entorno

Para representar a escola e o entorno desta, por meio da construção de

biomapas, inicialmente deverão ser formados pequenos grupos de até 5

integrantes. Cada subgrupo será então orientado a desenhar em uma cartolina

a escola e seu entorno, mapeando e indicando aspectos socioambientais, tanto

positivos, como negativos (Figura 7).

Figura 7 Exemplos de biomapas com desenhos e colagens

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 49

Ao término dos desenhos estes deverão ser apresentados para os demais

participantes por um representante de cada subgrupo, e uma discussão deverá

então ser estimulada pelo mediador, para o reconhecimento de demandas,

anseios e priorização de problemas a serem enfrentados. Lembra-se

novamente da importância, no caso deste Programa, do mediador da atividade

procurar ressaltar aspectos relacionados à problemática dos resíduos e ao

Programa de Coleta Seletiva.

8.6.3. Rede de desafios

Esta atividade tem por objetivos auxiliar grupos envolvidos em um processo

educativo quanto ao estabelecimento de nexos causais, proposição de

soluções viáveis, de acordo com recursos disponíveis e pela responsabilização

e esforços compartilhados, definição de metas e etapas para alcançá-las. A

identificação e a priorização de desafios é de grande relevância para o

desenvolvimento das intervenções. Com a realização desta etapa é possível

melhor compreensão do conjunto dos problemas e da interligação entre eles, já

que fazem parte de uma rede de múltiplas relações de causas e efeitos.

Desenvolvimento

Esta atividade pode ser desenvolvida junto aos diversos grupos de atores

sociais envolvidos neste Programa de Comunicação Social e Educação

Ambiental. Inicialmente devem ser formados pequenos grupos para elencar,

com base nos biomapas produzidos em oficinas anteriores junto às escolas e

resultados de outros instrumentos de diagnóstico realizados, os principais

desafios a serem enfrentados e possíveis caminhos para a solução destes. Os

resultados dos grupos serão apresentados e discutidos, colocando-se a lista de

desafios em um extremo do quadro ou parede e a lista de possíveis caminhos

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 50

em outro. O mediador da atividade colocará no centro a palavra “esforço”

propondo aos participantes uma reflexão sobre seu significado. Para promover

a participação de todos na discussão sobre os esforços que deverão ser feitos

para se construir uma “ponte” entre os desafios detectados e os caminhos

possíveis, sugere-se uma nova divisão, agora em dois grupos, sendo que um

deles se responsabilizará pela identificação dos recursos necessários e o outro

pelos passos a serem seguidos. Esses dois grupos utilizarão tiras de papel

onde serão registrados cada recurso e cada passo. As estratégias delineadas

para a solução ou minimização de um problema devem considerar os efeitos

que serão produzidos nos demais problemas inter-relacionados. Por isso, é

importante ter clareza da rede de relações entre eles, representando-a de

forma coerente para propor estratégias mais assertivas. Ao final, inicia-se o

esforço de ligação dos desafios às metas e aos possíveis caminhos para a

solução destes.

Figura 8 Representação ilustrativa da disposição dos materiais utilizados na

rede de desafios e das “pontes” que interligarão as realidades a serem

enfrentadas aos caminhos possíveis.

ESFORÇO

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

DESAFIOS:

Realidades a

serem

enfrentadas

POSSÍVEIS

CAMINHOS:

Agenda positiva

RECURSO

ETAPA

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 51

8.6.4. Ciclo de palestras e debates

Sugere-se ainda, como parte deste Programa de Comunicação Social e

Educação Ambiental, a realização de ciclos de palestras e debates sobre

temas diversos, reconhecidos ao longo do processo, pelos instrumentos de

diagnóstico e intervenção aplicados, como sendo do interesse do público-alvo

envolvido e relevantes para a construção e incorporação de novos

conhecimentos. Assim, por meio de intervenções educativas dirigidas, espera-

se fomentar a reflexão, o diálogo e a ação. Inicialmente, pode-se elencar a

abordagem de alguns temas que podem contribuir para tal finalidade: Impactos

ambientais e à saúde humana da disposição inadequada de resíduos;

Consumo excessivo e desperdício na sociedade contemporânea; Não geração,

redução e reutilização de resíduos: repensando nossas práticas, entre outros

assuntos específicos, conforme demandas locais e regionais diagnosticadas.

8.7. Considerações Finais sobre o Programa de Comunicação Social e

Educação Ambiental voltado ao Programa de Coleta Seletiva Municipal

O Programa de Comunicação Social e Educação Ambiental proposto para o

Município de Canoas deverá estar integrado a todo sistema de limpeza urbana

e manejo de resíduos sólidos e, além da construção de novos conhecimentos,

deve buscar o desenvolvimento de habilidades e valores da população para

uma construção coletiva e maior controle social sobre a gestão e manejo de

resíduos sólidos.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 52

9. ESTUDO PARA DEFINIÇÃO DE DIRETRIZES E

PARÂMETROS PARA A PARTICIPAÇÃO DO PODER PÚBLICO

MUNICIPAL NA LOGÍSTICA REVERSA

A Logística Reversa é definida na Lei Federal nº 12.305/2010 como um

“instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um

conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a

restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento,

em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final

ambientalmente adequada”.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos trata em seus artigos 31 e 33 a

obrigação de implantação do sistema de logística reversa para o seguinte

conjunto de resíduos:

I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens.

II - pilhas e baterias.

III - pneus.

IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens.

V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista.

VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Embora a Logística Reversa seja destacada como um dos avanços da Política

Nacional de Resíduos Sólidos, a forma como será implantada nos diversos

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 53

segmentos ainda está em fase de regulamentação. Isso se dará,

provavelmente, por meio dos acordos setoriais que estão em discussão entre o

Governo, os setores empresariais e os demais atores. O acordo setorial é

definido como um ato de natureza contratual firmado entre o Poder Público e

fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, com o objetivo de

implantar a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos por sua vez,

trata-se de um “conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos

fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e

dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos

resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos

gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à

qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos” (BRASIL,

2010).

O Decreto nº 7.404/2010, que regulamentou a Política Nacional de Resíduos

Sólidos, criou o Comitê Orientador para a Implantação de Sistemas de

Logística Reversa, o CORI. Este Comitê é formado por técnicos do Ministério

do Meio Ambiente, do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio

Exterior, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Ministério

da Fazenda e do Ministério da Saúde (MMA, 2014).

O CORI, apoiado pelo Grupo Técnico de Assessoramento (GTA), tem como

objetivo conduzir as ações de governo para a implantação de sistemas de

logística reversa, por meio da elaboração dos acordos setoriais discutidos em

Grupos de Trabalho. Foram criados, até o momento, 5 Grupos de Trabalho

Temáticos:

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 54

1) Produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

2) Embalagens plásticas de óleos lubrificantes.

3) Lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista.

4) Embalagens em geral.

5) Medicamentos.

As embalagens de agrotóxicos, as pilhas e baterias, e pneus já possuem

iniciativas anteriores à Política Nacional de Resíduos Sólidos, conforme

apresentado no Quadro 5.

Quadro 5 Regulamentações para resíduos componentes da logística reversa

Tipos de Resíduos

Leis Resoluções

Conteúdo

Embalagens de Agrotóxicos

Lei nº 9974/2000

Altera a Lei 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

Óleo Lubrificante

Usado ou Contaminado

Resolução Conama nº 362/2005

Dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 55

Tipos de Resíduos

Leis Resoluções

Conteúdo

Pilhas e Baterias

Resolução Conama nº 401/2008

Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras providências.

Pneus

Resolução Conama nº 416/2009

Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, e dá outras providências.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2014)

Como esses acordos e regulamentações da logística reversa dependem de

arranjos a serem construídos em outras esferas – como estadual e federal –

cabe ao Município de Canoas se instrumentalizar para acompanhar essas

discussões e se adequar aos acordos assumidos.

Portanto, no âmbito municipal, são apresentadas as seguintes diretrizes para o

Município de Canoas quanto à participação do Poder Público na logística

reversa:

o Promover e acompanhar as discussões e acordos a serem

estabelecidos na competência federal, se posicionando para o

cumprimento das diretrizes de implantação da logística reversa e da

responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos pós

consumo.

o Acompanhamento dos acordos setoriais estabelecidos nos âmbitos

nacional e/ou estadual, por meio de criação de comitê técnico

intersecretarias.

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 56

o Definir responsabilidades no ciclo de vida dos produtos, buscando

integrar as cadeias produtivas e demais atores (fabricantes,

comerciantes, cooperativas de catadores, sociedade e Poder Público), a

partir dos acordos setoriais estabelecidos.

o Promover acordos setoriais municipais considerando os acordos

nacionais e/ou estaduais quanto à logística reversa, buscando sempre

que possível, soluções regionalizadas.

o Discussão entre os diversos segmentos da sociedade buscando

aumentar o controle social e a participação dos grupos, nos acordos

setoriais a serem cumpridos.

o Fortalecimento das ações e controle para o cumprimento dos acordos

setoriais por meio de implantação de sistema informatizado para integrar

os diversos agentes envolvidos (indústrias, comércio, cooperativas e

Poder Público).

Ressalta-se que a Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do

Sul – SEMA – tem discutido a importância da atuação conjunta dos municípios

na resolução de problemas comuns na gestão dos resíduos sólidos. Dentre as

prioridades elencadas pelos representantes das administrações municipais

destacam-se a necessidade de ampla divulgação dos pontos de coleta de

materiais recicláveis e de resíduos específicos como, por exemplo, remédios

vencidos, além de capacitação para a gestão e formalização das associações e

cooperativas de catadores e programas permanentes de educação ambiental.

Embora a questão da logística reversa não esteja apontada diretamente

nessas prioridades, cabe destacar que essas ações poderão estar integradas

também em acordos setoriais regionais, caso haja interesse dos municípios

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 57

estabelecerem consórcios específicos para a logística reversa de materiais,

fortalecendo a atuação do Poder Público na participação na logística reversa.

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE AS DIRETRIZES PARA A

REESTRUTURAÇÃO DO PROGRAMA MUNICIPAL DE COLETA

SELETIVA DE CANOAS

O Brasil vem avançado na qualificação dos serviços e programas ligados à

limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Em atendimento às políticas

federais do setor, especialmente à Política Nacional de Resíduos Sólidos, os

Municípios estão se instrumentalizando para diminuir a quantidade de resíduos

destinados aos aterros sanitários, visto que, além de ser uma atividade

onerosa, impede que os materiais reaproveitáveis e recicláveis retornem ao

ciclo produtivo.

O adequado manejo dos resíduos requer programas que contribuam para o

atendimento desses princípios. Neste sentido o Município de Canoas propõe

um novo modelo de gestão de resíduos com foco na valorização e no

reaproveitamento de materiais, com sustentabilidade e inclusão social. A

proposta de reestruturação do Programa de Coleta Seletiva surge para dar

vazão a este modelo, e foi elaborada com base nas diretrizes do Plano

Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que por sua vez atendem

aos princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos e as diretrizes

discutidas e aprovadas na Conferência Municipal de Saneamento Ambiental.

A reestruturação do Programa de Coleta Seletiva do Município de Canoas tem

como objetivo geral contribuir com a eficiência do sistema de gestão de

resíduos sólidos e com a melhoria e ampliação do atual programa existente no

Município, promovendo efetiva recuperação de materiais, com inclusão social e

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 58

geração de postos de trabalho e renda e, finalmente, reduzir a quantidade de

resíduos destinada à disposição final.

Para isso foram apresentados um conjunto de projetos e ações visando o

atendimento das metas de recuperação de materiais, por meio da ampliação,

reestruturação e qualificação do programa de Coleta Seletiva, com inclusão

social, geração de renda e melhoria das condições de trabalho dos catadores,

por meio de capacitação e formação continuada

Estudos para a reestruturação do programa de coleta seletiva de Canoas 59

11. Referências

BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

Fuzaro, João Antonio. Coleta Seletiva para prefeituras; Lucilene Teixeira

Ribeiro. 4a ed. - São Paulo: SMA/CPLEA.

Toro, JB; Werneck, N. Mobilização social: um modo de construir a democracia

e a participação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

Brasil. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei Federal Brasileira 9705

de 27 de abril de 1999. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm

Brasil. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental.

Programa de Educação Ambiental e Mobilização Social em Saneamento.

Caderno metodológico para ações de educação ambiental e mobilização

social em saneamento. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2009. Disponível

em:

http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/Arquivos_PDF/Cadern

oMetodologico.pdf

Fuzaro, J.A; Ribeiro, L.T. Coleta Seletiva para prefeituras. 4a ed. São Paulo:

SMA/CPLEA, 2005. Disponível em:

http://www.resol.com.br/Cartilha6/ColetaSeletivaparaPrefeituras.pdf

Toro, JB; Werneck, N. Mobilização social: um modo de construir a

democracia e a participação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.