Gestão Estratégica de Pessoas[1]

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Gestão Estratégica de Pessoas nas Organizações

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Gestão de Pessoas!

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  • Gesto Estratgica de Pessoas nas Organizaes

  • CrditosUniversidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educao Superior a Distncia

    ReitorAilton Nazareno Soares

    Vice-Reitor Sebastio Salsio Heerdt

    Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Corra Mximo

    Pr-Reitor de Ensino e Pr-Reitor de Pesquisa, Ps-Graduao e InovaoMauri Luiz Heerdt

    Pr-Reitora de Administrao AcadmicaMiriam de Ftima Bora Rosa

    Pr-Reitor de Desenvolvimento e Inovao InstitucionalValter Alves Schmitz Neto

    Diretora do Campus Universitrio de TubaroMilene Pacheco Kindermann

    Diretor do Campus Universitrio da Grande FlorianpolisHrcules Nunes de Arajo

    Secretria-Geral de EnsinoSolange Antunes de Souza

    Diretora do Campus Universitrio UnisulVirtualJucimara Roesler

    Equipe UnisulVirtual

    Diretor AdjuntoMoacir Heerdt

    Secretaria Executiva e CerimonialJackson Schuelter Wiggers (Coord.)Marcelo Fraiberg MachadoTenille Catarina

    Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendona

    Assessoria de Relao com Poder Pblico e Foras ArmadasAdenir Siqueira VianaWalter Flix Cardoso Junior

    Assessoria DAD - Disciplinas a DistnciaPatrcia da Silva Meneghel (Coord.)Carlos Alberto AreiasCludia Berh V. da SilvaConceio Aparecida KindermannLuiz Fernando MeneghelRenata Souza de A. Subtil

    Assessoria de Inovao e Qualidade de EADDenia Falco de Bittencourt (Coord.)Andrea Ouriques BalbinotCarmen Maria Cipriani Pandini

    Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Jnior (Coord.)Felipe FernandesFelipe Jacson de FreitasJefferson Amorin OliveiraPhelipe Luiz Winter da SilvaPriscila da SilvaRodrigo Battistotti PimpoTamara Bruna Ferreira da Silva

    Coordenao Cursos

    Coordenadores de UNADiva Marlia FlemmingMarciel Evangelista CatneoRoberto Iunskovski

    Auxiliares de CoordenaoAna Denise Goularte de SouzaCamile Martinelli SilveiraFabiana Lange PatricioTnia Regina Goularte Waltemann

    Coordenadores GraduaoAlosio Jos RodriguesAna Lusa MlbertAna Paula R.PachecoArtur Beck NetoBernardino Jos da SilvaCharles Odair Cesconetto da SilvaDilsa MondardoDiva Marlia FlemmingHorcio Dutra MelloItamar Pedro BevilaquaJairo Afonso HenkesJanana Baeta NevesJorge Alexandre Nogared CardosoJos Carlos da Silva JuniorJos Gabriel da SilvaJos Humberto Dias de ToledoJoseane Borges de MirandaLuiz G. Buchmann FigueiredoMarciel Evangelista CatneoMaria Cristina Schweitzer VeitMaria da Graa PoyerMauro Faccioni FilhoMoacir FogaaNlio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrcia FontanellaRoberto IunskovskiRose Clr Estivalete Beche

    Vice-Coordenadores GraduaoAdriana Santos RammBernardino Jos da SilvaCatia Melissa Silveira RodriguesHorcio Dutra MelloJardel Mendes VieiraJoel Irineu LohnJos Carlos Noronha de OliveiraJos Gabriel da SilvaJos Humberto Dias de ToledoLuciana ManfroiRogrio Santos da CostaRosa Beatriz Madruga PinheiroSergio SellTatiana Lee MarquesValnei Carlos DenardinSmia Mnica Fortunato (Adjunta)

    Coordenadores Ps-GraduaoAlosio Jos RodriguesAnelise Leal Vieira CubasBernardino Jos da SilvaCarmen Maria Cipriani PandiniDaniela Ernani Monteiro WillGiovani de PaulaKarla Leonora Dayse NunesLetcia Cristina Bizarro BarbosaLuiz Otvio Botelho LentoRoberto IunskovskiRodrigo Nunes LunardelliRogrio Santos da CostaThiago Coelho SoaresVera Rejane Niedersberg Schuhmacher

    Gerncia AdministraoAcadmicaAngelita Maral Flores (Gerente)Fernanda Farias

    Secretaria de Ensino a DistnciaSamara Josten Flores (Secretria de Ensino)Giane dos Passos (Secretria Acadmica)Adenir Soares JniorAlessandro Alves da SilvaAndra Luci MandiraCristina Mara SchauffertDjeime Sammer BortolottiDouglas SilveiraEvilym Melo LivramentoFabiano Silva MichelsFabricio Botelho EspndolaFelipe Wronski HenriqueGisele Terezinha Cardoso FerreiraIndyanara RamosJanaina ConceioJorge Luiz Vilhar MalaquiasJuliana Broering MartinsLuana Borges da SilvaLuana Tarsila HellmannLuza Koing ZumblickMaria Jos Rossetti

    Marilene de Ftima CapeletoPatricia A. Pereira de CarvalhoPaulo Lisboa CordeiroPaulo Mauricio Silveira BubaloRosngela Mara SiegelSimone Torres de OliveiraVanessa Pereira Santos MetzkerVanilda Liordina Heerdt

    Gesto DocumentalLamuni Souza (Coord.)Clair Maria CardosoDaniel Lucas de MedeirosJaliza Thizon de BonaGuilherme Henrique KoerichJosiane LealMarlia Locks Fernandes

    Gerncia Administrativa e FinanceiraRenato Andr Luz (Gerente)Ana Luise WehrleAnderson Zandr PrudncioDaniel Contessa LisboaNaiara Jeremias da RochaRafael Bourdot Back Thais Helena BonettiValmir Vencio Incio

    Gerncia de Ensino, Pesquisa e ExtensoJanana Baeta Neves (Gerente)Aracelli Araldi

    Elaborao de ProjetoCarolina Hoeller da Silva BoingVanderlei BrasilFrancielle Arruda Rampelotte

    Reconhecimento de CursoMaria de Ftima Martins

    ExtensoMaria Cristina Veit (Coord.)

    PesquisaDaniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC)Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)

    Ps-GraduaoAnelise Leal Vieira Cubas (Coord.)

    BibliotecaSalete Ceclia e Souza (Coord.)Paula Sanhudo da SilvaMarlia Ignacio de EspndolaRenan Felipe Cascaes

    Gesto Docente e DiscenteEnzo de Oliveira Moreira (Coord.)

    Capacitao e Assessoria ao DocenteAlessandra de Oliveira (Assessoria)Adriana SilveiraAlexandre Wagner da RochaElaine Cristiane Surian (Capacitao)Elizete De MarcoFabiana PereiraIris de Souza BarrosJuliana Cardoso EsmeraldinoMaria Lina Moratelli PradoSimone Zigunovas

    Tutoria e SuporteAnderson da Silveira (Ncleo Comunicao)Claudia N. Nascimento (Ncleo Norte-Nordeste)Maria Eugnia F. Celeghin (Ncleo Plos)Andreza Talles CascaisDaniela Cassol PeresDbora Cristina SilveiraEdnia Araujo Alberto (Ncleo Sudeste)Francine Cardoso da SilvaJanaina Conceio (Ncleo Sul)Joice de Castro PeresKarla F. Wisniewski DesengriniKelin BussLiana FerreiraLuiz Antnio PiresMaria Aparecida TeixeiraMayara de Oliveira BastosMichael Mattar

    Patrcia de Souza AmorimPoliana SimaoSchenon Souza Preto

    Gerncia de Desenho e Desenvolvimento de Materiais DidticosMrcia Loch (Gerente)

    Desenho EducacionalCristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD)Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Ps/Ext.)Aline Cassol DagaAline PimentelCarmelita SchulzeDaniela Siqueira de MenezesDelma Cristiane MorariEliete de Oliveira CostaElosa Machado SeemannFlavia Lumi MatuzawaGeovania Japiassu MartinsIsabel Zoldan da Veiga RamboJoo Marcos de Souza AlvesLeandro Roman BambergLygia PereiraLis Air FogolariLuiz Henrique Milani QueriquelliMarcelo Tavares de Souza CamposMariana Aparecida dos SantosMarina Melhado Gomes da SilvaMarina Cabeda Egger MoellwaldMirian Elizabet Hahmeyer Collares ElpoPmella Rocha Flores da SilvaRafael da Cunha LaraRoberta de Ftima MartinsRoseli Aparecida Rocha MoterleSabrina BleicherVernica Ribas Crcio

    Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letcia Regiane Da Silva TobalMariella Gloria RodriguesVanesa Montagna

    Avaliao da aprendizagem Claudia Gabriela DreherJaqueline Cardozo PollaNgila Cristina HinckelSabrina Paula Soares ScarantoThayanny Aparecida B. da Conceio

    Gerncia de LogsticaJeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)

    Logsitca de MateriaisCarlos Eduardo D. da Silva (Coord.)Abraao do Nascimento GermanoBruna MacielFernando Sardo da SilvaFylippy Margino dos SantosGuilherme LentzMarlon Eliseu PereiraPablo Varela da SilveiraRubens AmorimYslann David Melo Cordeiro

    Avaliaes PresenciaisGraciele M. Lindenmayr (Coord.)Ana Paula de AndradeAngelica Cristina GolloCristilaine MedeirosDaiana Cristina BortolottiDelano Pinheiro GomesEdson Martins Rosa JuniorFernando SteimbachFernando Oliveira SantosLisdeise Nunes FelipeMarcelo RamosMarcio VenturaOsni Jose Seidler JuniorThais Bortolotti

    Gerncia de MarketingEliza B. Dallanhol Locks (Gerente)

    Relacionamento com o Mercado Alvaro Jos Souto

    Relacionamento com Polos PresenciaisAlex Fabiano Wehrle (Coord.)Jeferson Pandolfo

    Karine Augusta ZanoniMarcia Luz de OliveiraMayara Pereira RosaLuciana Tomado Borguetti

    Assuntos JurdicosBruno Lucion RosoSheila Cristina Martins

    Marketing EstratgicoRafael Bavaresco Bongiolo

    Portal e ComunicaoCatia Melissa Silveira RodriguesAndreia DrewesLuiz Felipe Buchmann FigueiredoRafael Pessi

    Gerncia de ProduoArthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)Francini Ferreira Dias

    Design VisualPedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)Alberto Regis EliasAlex Sandro XavierAnne Cristyne PereiraCristiano Neri Gonalves RibeiroDaiana Ferreira CassanegoDavi PieperDiogo Rafael da SilvaEdison Rodrigo ValimFernanda FernandesFrederico TrilhaJordana Paula SchulkaMarcelo Neri da SilvaNelson RosaNoemia Souza MesquitaOberdan Porto Leal Piantino

    MultimdiaSrgio Giron (Coord.)Dandara Lemos ReynaldoCleber MagriFernando Gustav Soares LimaJosu Lange

    Conferncia (e-OLA)Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)Bruno Augusto Zunino Gabriel Barbosa

    Produo IndustrialMarcelo Bittencourt (Coord.)

    Gerncia Servio de Ateno Integral ao AcadmicoMaria Isabel Aragon (Gerente)Ana Paula Batista DetniAndr Luiz Portes Carolina Dias DamascenoCleide Incio Goulart SeemanDenise FernandesFrancielle FernandesHoldrin Milet BrandoJenniffer CamargoJessica da Silva BruchadoJonatas Collao de SouzaJuliana Cardoso da SilvaJuliana Elen TizianKamilla RosaMariana SouzaMarilene Ftima CapeletoMaurcio dos Santos AugustoMaycon de Sousa CandidoMonique Napoli RibeiroPriscilla Geovana PaganiSabrina Mari Kawano GonalvesScheila Cristina MartinsTaize MullerTatiane Crestani Trentin

    Avenida dos Lagos, 41 Cidade Universitria Pedra Branca | Palhoa SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: [email protected] | Site: www.unisul.br/unisulvirtual

  • Universidade do Sul de Santa Catarina

    Gesto Estratgica de Pessoas nas Organizaes

    Livro Digital

    PalhoaUnisulVirtual

    2012

  • Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

    658.3B54 Bittencourt, Dnia Falco de

    Gesto estratgica de pessoas nas organizaes : livro digital / Dnia Falco de Bittencourt ; reviso de contedo Ilson Krigger ; design instrucional Carmelita Schulze. 2. ed. rev. Palhoa : UnisulVirtual, 2012.

    140 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografia.ISBN 978-85-7817-496-5

    1. Administrao de pessoal. 2. Recursos humanos. 3. Aprendizagem organizacional. . Krigger, Ilson. II. Schulze, Carmelita. IV. Ttulo.

    Copyright UnisulVirtual 2012

    Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.

    Edio Livro Digital

    Professora ConteudistaDnia Falco de Bittencourt

    Reviso e atualizao de contedoIlson I. M. Krigger

    Design InstrucionalLucsia Pereira (1 edio)Marina Melhado Gomes da Silva (2 edio)Carmelita Schulze (2 edio revista)

    Projeto Grfico e CapaEquipe Design Visual

    DiagramaoDaiana Ferreira Cassanego

    RevisoLetra de Forma

    ISBN978-85-7817-496-5

  • Gesto Estratgica de Pessoas nas Organizaes

    Livro Digital

    Dnia Falco de Bittencourt

    Reviso e atualizao de contedoIlson Krigger

    Designer instrucionalCarmelita Schulze

    2 edio revista

    PalhoaUnisulVirtual

    2012

  • 5 Sumrio

    7 Apresentao

    9 Palavras dos Professores

    11 Plano de estudo

    15 Unidade 1A gesto estratgica de pessoas

    43 Unidade 2Gesto de pessoas por competncias

    69 Unidade 3Aprendizagem organizacional, liderana e organizao do trabalho

    105 Unidade 4Gesto de clima e qualidade de vida no trabalho

    127 Para concluir os estudos

    129 Minicurrculos

    131 Respostas e comentrios das atividades de autoaprendizagem e colaborativas

    135 Referncias

    Sumrio

  • Caro/a estudante,

    O livro digital desta disciplina foi organizado didaticamente, de modo a oferecer a

    voc, em um nico arquivo pdf, elementos essenciais para o desenvolvimento dos

    seus estudos.

    Constituem o livro digital:

    Palavras do professor (texto de abertura);

    Plano de estudo (com ementa, objetivos e contedo programtico da disciplina);

    Objetivos, Introduo, Sntese e Saiba mais de cada unidade;

    Leituras de autoria do professor conteudista;

    Atividades de autoaprendizagem e gabaritos;

    Enunciados das atividades colaborativas;

    Para concluir estudos (texto de encerramento);

    Minicurrculo do professor conteudista; e

    Referncias.

    Lembramos, no entanto, que o livro digital no constitui a totalidade do material

    didtico da disciplina. Dessa forma, integram o conjunto de materiais de estudo:

    webaulas, objetos multimdia, leituras complementares (selecionadas pelo

    professor conteudista) e atividades de avaliao (obrigatrias e complementares),

    que voc acessa pelo Espao UnisulVirtual de Aprendizagem.

    Tais materiais didticos foram construdos especialmente para este curso, levando

    em considerao as necessidades da sua formao e aperfeioamento profissional.

    Atenciosamente,

    Equipe UnisulVirtual

    Apresentao

  • Prezado(a) estudante,

    Seja bem-vindo(a) ao estudo da disciplina Gesto Estratgica de Pessoas

    nas Organizaes!

    Esta disciplina foi elaborada especialmente para voc, estudante de ps-graduao,

    que busca atualizao e oportunidade para ampliar a viso de como realizar uma

    gesto estratgica de pessoas.

    O estudo dedicado levar voc a refletir com profundidade sobre como uma

    organizao deve interagir com seus funcionrios. Aqui, voc vai se deparar

    com diversas questes sobre como as pessoas so tratadas em seu ambiente de

    trabalho: Elas so vistas estrategicamente como recurso organizacional, como

    mo de obra ou mente de obra? Como se encontra sua capacidade para mobilizar,

    estimular, motivar e gerar comprometimento na sua equipe de trabalho?

    As estratgias gerenciais esto mais voltadas para controlar ou envolver as

    pessoas? Cobrar ou negociar horrio? Punir ou premiar? Desmotivar ou motivar?

    As organizaes, em sintonia com a demanda da sociedade nos ltimos anos,

    desenvolvem programas que buscam atingir os padres do modelo de excelncia,

    tendo presente o quanto necessrio ser excelente sem deixar de ser lucrativa.

    Os contedos desta disciplina tm como objetivo discutir, dentro de uma viso

    contempornea, como uma organizao pode melhor gerenciar ou liderar

    seus colaboradores/funcionrios, de modo a obter maior comprometimento e

    competncia, bem como proporcionar melhoria de qualidade de vida no trabalho.

    Gerenciar pessoas um desafio constante e exige muita habilidade e competncia,

    pois as expectativas organizacionais nem sempre so convergentes com as

    expectativas dos profissionais que atuam na organizao e vice-versa.

    Enfim, desejamos que o estudo dos contedos aos quais voc ter acesso nesta

    disciplina possa agregar valor organizao em que voc atua, no sentido de gerar

    Palavras dos Professores

  • Ps-graduao

    novos conhecimentos com aplicabilidade no cotidiano de seu trabalho. E que

    seja possvel voc desenvolver novas competncias e habilidades que possam

    contribuir para seu desenvolvimento profissional.

    Assim, esperamos que esta disciplina venha ao encontro de suas expectativas

    como profissional e como ser humano.

    Bons estudos!

    Professores Dnia Falco de Bittencourt e Ilson Krigger

  • O plano de estudos visa a orient-lo/a no desenvolvimento da disciplina. Possui

    elementos que o/a ajudaro a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o

    seu tempo de estudos.

    O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que

    se articulam e se complementam, portanto a construo de competncias se d sobre a

    articulao de metodologias e por meio das diversas formas de ao/mediao.

    So elementos desse processo:

    o livro digital;

    o Espao UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

    as atividades de avaliao (a distncia, presenciais e de autoaprendizagem);

    o Sistema Tutorial.

    Objetivo geral

    Compreender a importncia da gesto estratgica de pessoas no ambiente

    organizacional.

    Ementa

    Gesto de pessoas na Organizao. Polticas de recursos humanos. O alinhamento

    estratgico dos recursos humanos com objetivos e aspiraes da organizao.

    Gesto por competncias. Aprendizagem organizacional. Clima e cultura

    organizacional. Motivao e comprometimento. Liderana. Comunicao

    organizacional. Trabalho em equipes. Qualidade de vida no trabalho.

    Plano de estudo

  • Ps-graduao

    Contedo programtico/objetivos

    A seguir, as unidades que compem o livro digital desta disciplina e os seus

    respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que voc dever alcanar

    ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o

    conjunto de conhecimentos que voc dever possuir para o desenvolvimento de

    habilidades e competncias necessrias a este nvel de estudo.

    Unidades de estudo: 4

    Unidade 1 A gesto estratgica de pessoas

    A proposta da primeira unidade que voc entenda a importncia da gesto

    de pessoas para uma organizao. O estudo dedicado brindar voc com a

    compreenso do conceito da gesto de pessoas, do contexto atual das relaes

    de trabalho a partir da perspectiva da evoluo da gesto de pessoas e do

    conhecimento sobre em que consiste realizar a gesto estratgica de pessoas

    nas organizaes.

    Unidade 2 Gesto de pessoas por competncias

    O estudo desta unidade visa promover o entendimento do que gesto de

    pessoas por competncias e de qual a importncia de ela ser realizada para a

    atualidade das organizaes. Para tal, voc tem a oportunidade de conhecer e

    compreender como so estruturadas as funes, as polticas e os subsistemas

    da gesto de pessoas, bem como pode conhecer o processo de planejamento

    estratgico de gesto de pessoas e sua interface com o planejamento estratgico

    global da organizao.

    Unidade 3 Aprendizagem organizacional, liderana e organizao do trabalho

    Temas chaves para a atualidade da gesto de pessoas compem a proposta desta

    unidade: aprendizagem organizacional, liderana, trabalho em equipe e motivao.

    O objetivo oportunizar a compreenso da relao entre gesto de pessoas e

    aprendizagem organizacional. No cenrio emergente de aprendizagem, o estudo

    da unidade oportuniza que voc integre o entendimento do papel da liderana

  • Gesto Estratgica de Pessoas nas Organizaes

    no novo cenrio da organizao com o entendimento de sua importncia.

    Ainda, propicia o desenvolvimento de capacidade para identificar os estgios e as

    potencialidades do trabalho em equipe, bem como as estratgias para motivao

    e comprometimento das pessoas.

    Unidade 4 Gesto de clima e qualidade de vida no trabalho

    A ltima unidade da disciplina prope a compreenso que, nas organizaes,

    o ambiente organizacional, as relaes de trabalho e a qualidade e produtividade,

    bem como o bem-estar de seus funcionrios, devem ser colocados como realidade

    principal dos gestores. Para tal, estudando de maneira aplicada, voc pode ampliar

    seu entendimento sobre a relao entre a comunicao e a formao da cultura

    na organizao, bem como quais so os caminhos para desenvolver estratgias

    a fim de melhorar a comunicao na organizao. A unidade tambm oferece a

    oportunidade de ampliar a compreenso do conceito de clima organizacional e da

    importncia de uma organizao realizar a gesto do clima, alm de promover o

    entendimento do significado, do movimento e dos estgios da qualidade de vida

    no trabalho.

    Carga horria: 30 horas

  • A gesto estratgica de pessoas

    Unidade 1

    Objetivos de aprendizagem Entender a importncia da gesto de pessoas para as organizaes.

    Compreender o contexto atual das relaes de trabalho a partir de uma perspectiva que leve em considerao o processo de evoluo e

    mudanas na rea de gesto de pessoas.

    Compreender em que consiste a gesto estratgica de pessoas nas organizaes.

    Introduo

    Para iniciar o estudo desta disciplina, Gesto Estratgica de Pessoas nas

    Organizaes, comece questionando-se e respondendo com sinceridade s

    seguintes perguntas: Como est sua disponibilidade para refletir sobre sua instituio e sobre a forma como ela organiza o trabalho? O que ela poderia fazer

    para desenvolver qualidade e buscar excelncia no que tange rea de gesto de

    pessoas? Alguma vez voc parou para pensar e comparou organizaes de classe

    mundial (Toyota, Xerox, G&E, IBM, etc.) com a sua organizao?

    Ao se pesquisarem as empresas de classe mundial e seus modelos de excelncia,

    verifica-se que elas assumem, no modelo de gesto estratgica, caractersticas como:

    descentralizao da autoridade;

    reduo da hierarquia;

    prtica do privilgio qualidade;

    aproximao com seus clientes.

    No entanto, constata-se que a grande maioria das organizaes, de modo geral,

    continuavam (e ainda continuam) a agir sem inovao at bem pouco tempo.

    Pode-se, ao contrrio do que encontrado nas empresas includas na classe

    mundial, notar nestas outras certa persistncia em permanecer no modelo

    burocrtico weberiano e em mtodos gestoriais tayloristas.

  • 16

    Ps-graduao

    Esses modelos de gesto podem ser facilmente estudados em livros que

    apresentam a histria do pensamento administrativo. E aqui, nesta unidade,

    o modelo weberiano referenciado.

    Mas, algumas perspectivas contemporneas em relao temtica desta

    disciplina tambm so abordadas j nesta unidade.

    O ritmo intenso das inovaes tecnolgicas ocorre concomitantemente escassez

    de recursos naturais. O contexto mundial sofreu abalos econmicos e polticos e

    novos contextos sociais esto sendo impostos, atendendo s mudanas de valores

    que esses processos geraram. Em decorrncia dessas mudanas, considerada, por

    exemplo, a definio de competncia (FLEURY, 2001; DUTRA, 2001; entre outros)

    que permeia a nova viso da gesto de pessoas e que passou a ser aceita e muito

    utilizada na prtica das organizaes na gesto de seus funcionrios. Segundo essa

    definio de competncia, a gesto de pessoas consiste na capacidade de mobilizar

    os colaboradores para o alcance dos objetivos organizacionais.

    Esta unidade, ento, tambm trata das interpretaes contemporneas para a

    atividade de gesto estratgica de pessoas.

  • A gesto estratgica de pessoas

    17

    Evoluo histrica da atividade de gesto estratgica de pessoas

    Autora: Dnia Falco de Bittencourt Professor revisor: Ilson Krigger

    Apesar da conotao negativa que acompanha a palavra burocracia, possvel

    lembrar que, em outra poca, ela j teve um sentido positivo e foi um bom

    modelo para atender s demandas organizacionais. Como modelo de gesto,

    a burocracia foi descrita por Max Weber na dcada de 30 do sculo XIX e,

    a partir da, difundiu-se nas organizaes. Como modelo de gesto (OSBORNE;

    GAEBLER, 1994), oferecia um mtodo de organizao racional e eficiente, que

    estabelecia uma autoridade hierrquica e especializao funcional, o que permitiu

    organizao burocrtica tornar possvel a realizao eficiente de tarefas amplas

    e complexas.

    Por anos, o modelo burocrtico atendeu a problemas essenciais, tais como

    (FERREIRA, 1999): estruturar processos em atendimento de servios e

    tomadas de decises; dar segurana contra o desemprego na velhice; inspirar

    um sentimento bsico de equidade e justia; criar empregos; e fornecer

    servios elementares, entre outros. Desse modo, voc pode pensar que no

    d para considerar o trabalho de Weber como gerador de todos os males

    da Administrao Pblica. Sim, esse modelo de gesto teve seus mritos,

    especialmente na fase de estruturao dos governos. No entanto, no d mais

    para negar: os tempos so outros.

    O modelo burocrtico foi eficiente em condies diferentes das de hoje, numa

    sociedade com um ritmo mais lento, quando as mudanas ocorriam com menor

    rapidez. Assim, na sua poca, os governos burocrticos foram capazes de grandes

    realizaes, mas, ao longo do tempo, afastaram-se de sua misso, tornando-se

    inchados e ineficientes, funcionando com desperdcio.

    Pinchot (1993) refora esse pensamento quando expe que a burocracia

    funcionou para a produo em massa de produtos bsicos, mas gera organizaes

    lentas e inflexveis demais para lidar com o atual ritmo de mudana. Acompanhe,

    no Quadro 1, uma comparao entre os motivos que determinaram o triunfo e a

    queda do modelo burocrtico.

  • 18

    Ps-graduao

    Quadro 1 - Burocracia: triunfo e queda

    O que burocracia? Por que triunfou? Por que no funciona mais?

    Cadeia de comando hierrquica

    Trouxe uma ordem simples e em grande escala. Os chefes trouxeram a ordem pelo domnio de seus subordinados.

    incapaz de lidar com a complexidade. O domnio no a melhor forma de obter a inteligncia organizacional.

    Especializao / organizao por funo

    Produzia eficincia atravs da diviso de trabalho.

    Focalizava a inteligncia.

    No proporciona comunicao interfuncional intensiva e coordenao contnua entre colegas.

    Regras uniformesCriava uma sensao de justia. Estabelecia claramente o poder dos chefes.

    Continua precisando de regras, mas de regras diferentes.

    Fonte: PINCHOT, G.; PINCHOT, E. O poder das pessoas. So Paulo: Campus, 1993. p. 41-42.

    Nos ltimos anos, fortes mudanas foram presenciadas em nossa sociedade.

    O ritmo intenso das inovaes tecnolgicas ocorre concomitantemente escassez

    de recursos naturais. O contexto mundial sofreu abalos econmicos e polticos e

    novos contextos sociais esto sendo impostos atendendo s mudanas de valores

    que esses processos geraram. As organizaes, como todos empreendimentos,

    segundo Silva (2005, p.120), tm novas necessidades para sobreviver resultado

    das profundas mudanas acontecidas em diferentes aspectos da vida humana

    individual e associada. H novos valores em jogo e mesmo

    os valores antigos tm hoje uma nova interpretao.

    A maneira como as pessoas e as organizaes se estruturam

    e respondem s demandas foi se modificando ao longo do

    sculo passado, numa velocidade vertiginosa na virada de

    sculo e milnio.(FINGER 2004, In: SILVA, 2005). E essas

    mudanas esto provocando a renovao do modelo de

    gesto das organizaes.

    O que gesto de pessoas?

    Ao se pesquisar as obras de diversos autores que escreveram sobre gesto de

    pessoas, possvel perceber que cada um deles apresenta sua definio sobre

    o tema. E bem provavelmente, ao final da pesquisa, talvez cada leitor queira

    construir sua prpria definio.

    Antes de construir a sua, acompanhe, abaixo, algumas das definies pesquisadas.

    Amplie sua viso sobre esse assunto, pesquisando em sites de busca na web. Experimente palavras-chave como: modelo de gesto, classe mundial e gesto de pessoas. Um bom filtro para obter qualidade nessa pesquisa dar preferncia a dissertaes e teses realizadas em universidades, bem como a revistas cientficas online.

  • A gesto estratgica de pessoas

    19

    Importante

    Gil (2001) afirma que gesto de pessoas um ramo especializado da

    Cincia da Administrao que contempla todas as aes empreendidas

    por uma organizao com o objetivo de integrar o funcionrio no

    contexto da organizao e aumentar sua produtividade.

    Observe que quando tal autor se refere integrao, no est se referindo

    somente ao momento em que o funcionrio ingressa na organizao, mas sim a

    todo o perodo em que ele atua na mesma.

    E, ainda, sobre o termo produtividade, ele indica que a contratao de novos

    profissionais se deve necessidade de a empresa gerar maior produtividade e,

    consequentemente, maiores resultados.

    Importante

    Milioni (2002) definiu gesto de pessoas enfocando outros aspectos.

    Para ele, esta significa um conjunto de estratgias, tcnicas e

    procedimentos focados na mobilizao de talentos, potenciais,

    experincias e competncias do quadro de funcionrios de uma

    organizao, bem como a gesto e a operacionalizao das normas

    internas e legais incidentes.

    Observe, nessa ltima definio apresentada, a diferena de foco em relao a

    Gil. Voc pode notar que em Milioni a nfase dada aos esforos da organizao

    no sentido de aproveitar e explorar o potencial das pessoas e o conjunto de

    conhecimentos, habilidades e atitudes que cada profissional possui. Ou seja,

    a nfase no dada produtividade em si.

    Note, tambm, que quando este autor se refere operacionalizao das

    normas internas e legais, est se referindo parte burocrtica da rea da

    gesto de pessoas: registro na Carteira de Trabalho (CTPS), folha de pagamento,

    recolhimentos de encargos trabalhistas, ou seja, o cumprimento de todos

    os procedimentos previstos na Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) e na

    legislao complementar.

    Outro conceito, tambm contemporneo, e relacionado com a definio de

    competncia (FLEURY, 2001; DUTRA, 2001; entre outros), que permeia a nova

    viso da gesto de pessoas e que passou a ser aceito e muito utilizado na prtica

    das organizaes ao gerenciar seus funcionrios, diz que gesto de pessoas

  • 20

    Ps-graduao

    consiste na capacidade de mobilizar os colaboradores para o alcance dos

    objetivos organizacionais.

    O termo mobilizar representa todas as estratgias que visam gerar:

    comprometimento;

    motivao;

    entusiasmo.

    Afinal, no ambiente organizacional, nada acontece sem as pessoas, isto , no

    existe organizao sem pessoas.

    Silva (2005) afirma que a rea de gesto de pessoas passa por uma profunda

    transformao em seus conceitos, pressupostos e premissas. Isso em funo

    das constantes mudanas ocorridas nas organizaes e no ambiente cultural da

    sociedade ocidental moderna. Nesse novo cenrio, as pessoas so transformadas

    em agentes dotados de competncias e cumprem importante papel na

    sustentabilidade da organizao e da sociedade em geral.

    Adaptando Silva (2005), para compreender o cenrio das organizaes, pode-se

    dizer que a gesto de pessoas passa a se destacar pela maneira diferente de

    perceber e pensar a organizao; ela vista centrada no conhecimento existente

    e potencial desenvolvido pelas pessoas que compem a organizao. Ao ser

    gerenciado, esse conhecimento pode levar a organizao sua sustentabilidade e

    melhoria contnua de desempenho e dos objetivos a que se destina.

    Para aprofundar ainda mais sua reflexo, lembre que os diversos conceitos e

    terminologias aplicados atualmente em relao forma como as organizaes

    veem seus funcionrios e se relacionam com eles foram influenciados pelo

    processo de evoluo da rea de gesto de pessoas. A prpria expresso gesto de pessoas foi adotada nos ltimos anos por algumas organizaes para substituir

    termos como administrao de pessoal e administrao de recursos humanos.

    Em seus estudos, voc j deve ter observado que diversas e novas terminologias

    esto presentes atualmente para representar a maneira pela qual as organizaes

    gerenciam suas relaes de trabalho. Dentre essas terminologias, possvel

    destacar: gesto de competncias, gesto do capital humano, gesto de talentos,

    empregabilidade, gesto do capital intelectual, empowerment e gesto dos ativos humanos.

  • A gesto estratgica de pessoas

    21

    A evoluo da gesto de pessoas nas organizaes

    Como os demais modelos organizacionais, os fundamentos que caracterizam o

    processo de evoluo na gesto de pessoas nas organizaes surgiram no final do

    sculo XIX.

    Na figura a seguir, possvel observar sinteticamente o cenrio da evoluo dos

    modelos de gesto at a atualidade.

    Figura 1 - Os cenrios da evoluo de modelos de gesto

    Empresa virtual (1995)Gesto do conhecimentoModelos biolgicos / qunticos / Teoria do Caos / complexidade

    Os cenrios da evoluo dos modelos de gesto

    ERAS EMPRESARIAIS (AMBIENTE ORGANIZACIONAL)

    Revoluo da InformaoRevoluo

    IndustrialRevoluo Agrcola

    At 1750 DC 1970

    Produo em massa

    1920

    Eficincia1950

    Qualidade1950

    Competitividade1990

    Era...2000

    Modelos tradicionais de gesto Novos modelos de gesto Modelos emergentes

    Cientfica das relaes humanas

    Burocrtica

    Japonesa (1960)Participativa (1970)Empreendedora (1980)Holstica (1990)

    Outros modelostradicionais

    Administrao: Administrao:

    Fonte: Adaptado de Pereira (2002).

    Desde seu incio at a atualidade (na chamada era do conhecimento), os modelos

    de gesto de pessoas passaram por distintas caractersticas que acompanharam

    a evoluo da sociedade e, consequentemente, das organizaes e relaes de

    trabalho e capital. Veja a sntese dessas transformaes no quadro a seguir:

    Quadro 2 - Comparao da evoluo dos modelos de gesto

    ERA INDUSTRIAL ERA DO CONHECIMENTO

    MsculoTangveis

    MassaHierarquiaComando

    PadronizaoSistemas fechados

    Capital

    CrebroIntangveisDiversidade

    RedesPersuaso

    CustomizaoSistemas abertos

    Conhecimento

    Fonte: Elaborado pela autora.

  • 22

    Ps-graduao

    Por meio do conhecimento de alguns dados histricos, voc pode entender

    melhor os processos de gesto de pessoas na atualidade. Vamos a eles!

    A evoluo da gesto de pessoas no contexto brasileiro

    A evoluo histrica da gesto de pessoas no Brasil pode ser classificada em cinco

    fases. Observe, na figura a seguir, a sntese dessa evoluo.

    Figura 2 - Linha do tempo indicando a evoluo da gesto de pessoas no Brasil

    1930 a 1950 1950 a 1965 1965 a 1985 1985 at hoje

    CONTBIL Foco: Mo-de-obra comprada - enfoque contbil.

    LEGAL Foco: Leis trabalhistas.

    TECNICISTA Foco: Treinamento, recrutamento e seleo, cargos e salrios, higiene e segurana no trabalho, benefcios.

    ADMINISTRATIVA Foco: Indivduos e suas relaes (sindicatos, sociedade).

    ESTRATGICA Foco: Aumentar o envolvimento dos funcionrios e integrar sistemas de suporte.

    Fonte: Elaborado pela autora.

    Ao se refletir e aprofundar a pesquisa sobre cada um desses perodos da gesto

    de pessoas no Brasil, possvel verificar aspectos relacionados s condies

    scioeconmicas e s configuraes organizacionais vigentes.

    Sobre essas fases da evoluo da gesto de pessoas, pesquisadores como

    Gil (2002), Marras (2000), Aquino (1980) e Tonelli (2002) descrevem algumas

    caractersticas de cada fase:

    Fase contbil At 1930: o que ocorreu?

    Nesse momento, as atividades de gesto de pessoas restringiam-se aos clculos da

    retribuio a que os trabalhadores faziam jus em decorrncia do trabalho prestado.

    Essa fase pioneira da gesto de pessoal, tambm chamada de fase pr-histrica

    por alguns autores. Caracterizava-se pela preocupao existente com os custos

    da organizao. Os trabalhadores eram vistos exclusivamente sob o enfoque

    contbil: comprava-se mo de obra e, portanto, as entradas e sadas provenientes

    dessa conta deveriam ser registradas contabilmente.

  • A gesto estratgica de pessoas

    23

    importante considerar que o contexto nesse perodo era o seguinte:

    No incio do sculo XX, cerca de 80% da populao brasileira habitava o campo.

    Apesar da reduzida industrializao, esse perodo conheceu momentos de notvel efervescncia trabalhista, o que ocorreu tambm devido

    presena significativa de trabalhadores europeus, dotados de maior

    conscientizao poltica, que se instalaram, sobretudo, em So Paulo e

    em cidades do sul do pas.

    Costuma-se lembrar o significativo nmero de jornais operrios que circularam em So Paulo e no Rio de Janeiro nas primeiras trs dcadas

    do sculo XX, bem como a ecloso de movimentos grevistas, que exigiam

    medidas de proteo ao trabalhador.

    Fase legal Entre 1930 e 1950: o que ocorreu?

    A partir de 1930, ocorreram alteraes significativas nas relaes de trabalho no

    pas. O governo Getlio Vargas, que se instalou por meio de uma revoluo,

    promoveu amplas intervenes nas questes trabalhistas, trazendo mudanas

    tanto no que diz respeito proteo social ao trabalhador quanto ao processo de

    organizao das associaes operrias.

    Um dos primeiros atos de seu governo foi a criao do Ministrio do Trabalho,

    da Indstria e do Comrcio, com a finalidade de ele se ocupar de problemas

    trabalhistas. J no ano seguinte, foi criado o Departamento Nacional do Trabalho,

    com o objetivo de promover medidas de previdncia social e melhoria das

    condies de trabalho.

    Datas importantes da fase legal:

    1937 aps a instalao do Estado Novo, a nova Constituio atrelou os sindicatos ao Estado e proibiu as greves.

    1940 foi criado o imposto sindical.

    1943 surgiu a CLT.

    A fase legal caracterizou-se, ainda, por importantes acontecimentos. Foi nesse

    perodo que a CLT introduziu a Carteira Profissional, regulamentou o horrio de

    trabalho, definiu o direito de frias e instituiu as comisses mistas de conciliao,

    entre outros direitos e normas.

  • 24

    Ps-graduao

    A administrao de pessoal surgida nesse perodo era de natureza legal,

    disciplinadora, punitiva e paternalista.

    Mas, o que isso quer dizer?

    Quer dizer que o chefe de pessoal era um profissional que cuidava basicamente

    de atividades burocrticas e disciplinares, minimizando os aspectos de

    integrao, produtividade e bem-estar dos trabalhadores, isto , administrava

    papis e no pessoas.

    Fase tecnicista Entre 1950 a 1964: o que ocorreu?

    A dcada de 1950 caracterizou-se por mudanas significativas no campo das

    relaes de trabalho. Nesse perodo, ocorreu a expanso do parque industrial

    brasileiro, com a instalao da indstria siderrgica, petrolfera, qumica,

    farmacutica e automobilstica. Os setores modernos da indstria passaram

    a suplantar, tanto em termos de produo como em nmero de empregados,

    os setores tradicionais. Com o crescimento das organizaes, surgiram

    novas oportunidades de emprego. Porm, elevou-se o nvel de qualificao

    e, consequentemente, de aspirao e conscientizao dos trabalhadores.

    Essas mudanas passaram a requerer a presena de um novo profissional para

    gerenciar os problemas de pessoal. Porm, o momento histrico no permitiu o

    surgimento desse novo profissional.

    Lio aprendida: a necessidade de um novo profissional prescindia de pessoas

    dispostas a mudar, efetivos programas educacionais e polticas destinadas a

    sustentar e incentivar o processo de mudana organizacional. As organizaes e as

    pessoas necessitavam aprender a aprender. E, em muitas organizaes nessa fase

    do tecnicismo, a nica mudana observada foi a nomenclatura do rgo de pessoal.

    ConceitoO tecnicismo foi uma doutrina surgida na primeira metade do sculo XX.

    Objetivava a eficincia a qualquer custo, planejando para ter domnio

    e controle eis o lema do tecnicismo. A razo instrumental deveria

    ditar o rumo certo do presente, planejando o futuro com segurana.

    O tecnicismo era autoritrio e antidemocrtico; o que valia era a

    deciso tcnica dos que sabem, isto , dos tecnocratas. Por isso, inibia

    qualquer participao nas decises.

  • A gesto estratgica de pessoas

    25

    A fase tecnicista representou, para as organizaes e para os trabalhadores, um

    grande avano na qualidade das relaes entre capital e trabalho. Foi nessa fase

    que a rea de recursos humanos passou a operacionalizar servios como os de

    benefcios, treinamento, recrutamento e seleo, cargos e salrios, higiene e

    segurana, etc.

    Fase administrativa ou sindicalista De 1964 a 1985: o que ocorreu?

    Em 1964, os militares assumiram o poder e dissolveram os organismos unificadores

    do movimento operrio. Por meio de novos mecanismos institucionais, passaram a

    ter o controle econmico e poltico da classe trabalhadora, e os sindicatos, mais do

    que em qualquer outro perodo, passaram a ser tutelados pelo Ministrio do Trabalho.

    Com isso, as lideranas sindicais foram abafadas e o clima tornou-se bastante

    adverso para as reivindicaes dos trabalhadores. Por essa razo, as organizaes

    no tiveram maiores dificuldades para negociar com seus empregados (relao

    ganha-perde).

    No perodo entre os anos de 1968 e 1973, o pas

    passou por um notvel surto de crescimento

    econmico o Milagre Econmico. As organizaes cresceram e modernizaram-se e, como consequncia,

    um valor cada vez maior passou a ser atribudo

    planificao, tecnologia e aos profissionais especializados.

    Assim, comeou a ser valorizado como profissional de

    recursos humanos, o administrador de empresas, que

    teve sua profisso regulamentada pela Lei n 4.760/65.

    Historicamente, esse foi o perodo de maior crescimento

    econmico do Brasil.

    A partir de 1973, a situao econmica do pas j no possibilitava muito otimismo

    por parte das organizaes. Vieram os choques do petrleo, os nveis de inflao

    voltaram a se elevar, a mo de obra tornou-se mais escassa nos grandes centros

    industriais e os movimentos operrios, abafados por toda uma dcada, voltaram

    a se manifestar. Esse cenrio passou a requerer aes mais concretas das

    organizaes em relao administrao de seus recursos, tanto materiais e

    financeiros quanto humanos. Muitas organizaes passaram, assim, a dar maior

    ateno a certas reas de recursos humanos pouco consideradas at ento, como

    treinamento e desenvolvimento de pessoal, cargos, salrios e benefcios.

    Milagre Econmico: O estouro de crescimento econmico ocorrido entre 1968 e 1973 ficou conhecido como Milagre Econmico. Mas, ao lado da euforia da classe mdia, que teve seu poder aquisitivo ampliado naquele momento, existia um outro pas, que no era abrangido por esse milagre. Para saber mais, consulte: .

  • 26

    Ps-graduao

    Por volta dessa poca, a rea de gesto de pessoas foi alterada de gerente/

    departamento de relaes industriais para gerente de recursos humanos.

    Com essa mudana, pretendia-se transferir a nfase em procedimentos

    burocrticos e puramente operacionais para as responsabilidades de ordem mais

    humansticas, voltadas para os indivduos e suas relaes com os sindicatos e a

    sociedade, entre outros.

    Fase estratgica Ps 1985: quais so os principais fatos?

    Esse perodo foi caracterizado por intensas mudanas: globalizao, informatizao,

    escassez dos recursos naturais, instabilidade na economia, forte competitividade...

    O profissional gestor de pessoas passou a ser mais desafiado, requerendo-se

    dele novas habilidades, como a de negociador, alm de maiores conhecimentos

    referentes s teorias e tcnicas gerenciais.

    Importante

    A fase estratgica foi marcada operacionalmente pela introduo dos

    primeiros programas de planejamento estratgico de RH atrelados

    ao planejamento central das organizaes. Foi quando se registraram

    as primeiras preocupaes de longo prazo, por parte da direo das

    organizaes, com os seus trabalhadores.

    O perodo ps 1985 deu incio a uma nova alavancagem organizacional da rea de

    gesto de pessoas. De posio meramente gerencial, ela passou a ser reconhecida

    como do nvel da diretoria, em nvel estratgico nas organizaes.

    A atuao estratgica pressupe a vinculao das prticas de gesto de pessoas

    (recrutamento e seleo, capacitao, remunerao e avaliao de desempenho,

    entre outras) s estratgias e misso da organizao.

    E, assim, seguiram-se as mudanas at os dias atuais, com suporte da sociedade em

    rede e das tecnologias da informao e comunicao. Ainda hoje a rea est passando

    por profundas mudanas quanto maneira de fazer as coisas; so exemplos dessa

    mudana: promotores de excelncia e prticas de planejamento

    estratgico de gesto de pessoas alinhados com o planejamento

    estratgico da organizao; gesto de pessoas baseada em

    sistemas de competncias; a ao integrada dos subsistemas de

    GP; incentivos ao empowerment, ao desenvolvimento de coach e mentoring e ao desenvolvimento e manuteno de equipes de alto desempenho.

    A prtica de coach e mentoring refere-se adoo desses agentes como tendncias da gesto estratgica de pessoas. Os gestores de pessoas buscam desempenhar o papel de lder ou guru, que mobiliza, ensina e prepara os funcionrios para atingirem os objetivos da organizao. (XAVIER, 2006).

  • A gesto estratgica de pessoas

    27

    Referncias

    ALBUQUERQUE, L. G. A Gesto Estratgica de Pessoas. In: FLEURY, M. T. (org.). So Paulo:

    Gente, 2002.

    DUTRA, J. S. Competncias: Conceitos e Instrumentos para a Gesto de Pessoas na

    Empresa Moderna. So Paulo: Atlas, 2004.

    FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Estratgias Empresariais e Formao de Competncias: um Quebra-Cabea Caleidoscpico da Indstria Brasileira. Rio de Janeiro: Atlas, 2001.

    FLEURY, M. T. L. (Coord.) As Pessoas na Organizao. So Paulo: Gente, 2002.

    GIL, A. C. Administrao de Recursos Humanos. Um Enfoque Profissional. So Paulo:

    Atlas, 1994.

    MARRAS, J. P. Administrao de Recursos Humanos: do Operacional ao Estratgico. So Paulo: Futura, 2000.

    MILIONI, B. Glossrio de Termos e Expresses de Gesto de Recursos Humanos. Manual

    de Gesto de Pessoas e Equipes. Gustavo Boog (org.). So Paulo: Gente, 2002.

    PINCHOT, G.; PINCHOT, E. O Poder das Pessoas. So Paulo: Campus, 1993. p. 41-42.

    XAVIER, R. Gesto de Pessoas na Prtica: os Desafios e as Solues. So Paulo: Gente, 2006.

  • 28

    Ps-graduao

    O porqu da gesto estratgica de pessoasAutora: Dnia Falco de Bittencourt

    Revisor de contedo: Ilson Krigger

    A expresso gesto estratgica de pessoas, ou gesto estratgica de recursos humanos, surgiu na literatura internacional na dcada de 1980, sob diferentes argumentaes:

    a partir das crticas ao papel funcional, burocrtico e operacional da rea e das fraquezas percebidas nela;

    por presses ambientais que demonstravam a natureza estratgica dos recursos humanos;

    pelo processo de planejamento estratgico que passou a contemplar a atuao da rea para fins de alcance dos objetivos organizacionais.

    No novo cenrio, neste incio do sculo XXI, as organizaes comeam a passar

    por grandes transformaes em funo das presses que recebem tanto do

    contexto organizacional externo como do contexto interno. E, de maneira global,

    as mudanas pelas quais as organizaes esto passando no esto limitadas a

    suas estruturas organizacionais formais, seus produtos ou servios e seus clientes.

    Essas mudanas afetam, principalmente, seus padres comportamentais ou

    culturais e polticos, bem como suas relaes internas e externas de poder.

    Quanto ao contexto externo, os seguintes aspectos podem ser destacados como

    presses que impactam as organizaes:

    a globalizao;

    a turbulncia do ambiente (aumento da demanda de servios pelo aumento da complexidade urbana);

    a era da complexidade e a exigncia por produtos e servios de alto valor agregado;

    as novas arquiteturas organizacionais e de servios (negcios).

    Essas presses externas exigem respostas das organizaes, tais como:

    flexibilidade;

    agilidade;

    gerenciamento eficaz da cadeia de valor;

    comprometimento de seus funcionrios.

  • A gesto estratgica de pessoas

    29

    Importante

    As organizaes passam a depender cada vez mais do grau de

    envolvimento e comprometimento de seus funcionrios com os

    objetivos estratgicos e de servios.

    O envolvimento e o comprometimento das pessoas so importantes para:

    aumentar o nvel de produtividade e qualidade de seus servios e produtos;

    atingir agilidade na aquisio e internalizao de novas tecnologias;

    gerar rpida aquisio de capacidades e competncias organizacionais;

    garantir maior flexibilidade nos processos de mudana organizacional face s variveis internas e externas;

    alcanar maior agilidade para atender s demandas internas e externas.

    O alcance do envolvimento e comprometimento no se d apenas por um

    discurso bonito e bem preparado sobre os objetivos ou sobre a importncia da

    organizao, nem ocorre com a cooptao das pessoas com

    salrios, benefcios ou facilidades, mas pelo atendimento

    concreto das expectativas e necessidades dos objetivos

    individuais de seus funcionrios.

    Assim, caso o funcionrio no verifique vantagens concretas no presente e no

    futuro e na relao de trabalho que mantm com a organizao, ele dificilmente

    se compromete com esta.

    Por sua vez, a necessidade de contar com o comprometimento dos funcionrios

    nos conduz a considerar as presses internas com maior ateno.

    E, assim, o fato de as organizaes serem obrigadas a observar o conjunto

    de expectativas e necessidades das pessoas com maior preciso fez com que

    empreendessem esforos para identificar quais so as presses do contexto

    interno, ou seja, de dentro da prpria organizao.

    No contexto interno das organizaes, as presses esto voltadas a aspectos como:

    maior autonomia e liberdade para os funcionrios desenvolverem suas atividades;

    maior grau de desenvolvimento das pessoas, atravs de processos permanentes de aprendizagem e desenvolvimento profissional,

    sustentados nas novas capacidades e competncias que a organizao

    necessita para alcanar seus objetivos.

    Cooptao: Ato de cooperar; agregao; admisso extraordinria numa cooperao com dispensa das formalidades ordinariamente exigidas.

  • 30

    Ps-graduao

    Ao aprofundar o estudo sobre essas questes, possvel entender que a

    organizao necessita contar com uma gesto estratgica de pessoas para fazer

    frente a elas.

    Mas, afinal, quais so caractersticas da gesto estratgica de pessoas?

    Como principais caractersticas, destacam-se:

    a vinculao das prticas de gesto de pessoas s estratgias da organizao;

    a traduo de estratgias empresarias em capacidades organizacionais e destas em prticas de gesto de pessoas;

    a capacidade de gerar maior competitividade para a organizao por meio de pessoas;

    a competncia para prover a organizao com as pessoas necessrias para viabilizar seus objetivos estratgicos;

    a habilidade para desenvolver as competncias crticas de que a organizao necessita para criar vantagens competitivas sustentveis a

    longo prazo;

    o envolvimento de todas as pessoas que atuam na organizao e no apenas o segmento executivo ou tcnico;

    a preocupao com o negcio da organizao e o foco voltado para ele, em mdio e longo prazo;

    o reconhecimento dos impactos ambientais externos na atuao da rea de forma explcita;

    a percepo de que a atuao da rea deve perpassar as fronteiras internas da organizao, atingindo a cadeia de valor;

    a atuao descentralizada com nfase na prestao de consultoria interna;

    a preocupao com a gesto das competncias organizacionais e individuais.

    Segundo as caractersticas da gesto estratgica de pessoas apresentadas,

    possvel sintetizar que a atuao dessa rea voltada para a mudana do modelo

    tradicional de atuao, fundamentado em estratgias de controle das pessoas,

    para um modelo voltado gerao de estratgias de comprometimento.

    As estratgias de controle partem da premissa de que os funcionrios so percebidos como nmeros, custos e fator de produo (mo de obra),

  • A gesto estratgica de pessoas

    31

    que precisam ser mandados e controlados para desempenharem bem suas

    funes. J as estratgias de comprometimento enfatizam os funcionrios como

    parceiros do negcio da organizao (relao ganha-ganha). Assim, a organizao

    deve investir em seus funcionrios para conseguir a melhoria de seus resultados.

    Importante

    A estratgia de comprometimento baseia-se no pressuposto de que

    o comprometimento dos funcionrios est diretamente relacionado

    com o aumento de seu desempenho.

    Para ficar clara a diferena entre estratgias de controle e estratgias de comprometimento, observe bem o quadro a seguir. Veja como Albuquerque (2002)

    apresenta algumas caractersticas organizacionais, que identificam como as

    organizaes atuam frente a situaes extremas.

    Quadro 1 - Estratgias de controle x estratgias de comprometimento

    Caracterstica organizacional Estratgias de controle Estratgias de comprometimento

    Estrutura organizacional

    Altamente hierarquizada; separao quem pensa e quem faz.

    Reduo dos nveis hierrquicos e de chefias intermedirias; juno do fazer e do pensar empowerment.

    Organizao do trabalho

    Trabalho muito especializado, gerando monotonia, fadiga e frustraes.

    Trabalho enriquecido, gerando desafios.

    Realizao do trabalho

    nfase no individual. nfase no grupo.

    Relaes com sindicatos

    Confronto baseado na divergncia de interesses.

    Dilogo; busca da convergncia de interesses.

    Participao dos funcionrios nas decises

    Baixa; decises tomadas de cima para baixo.

    Alta; decises tomadas pela equipe.

    Poltica de contratao

    Contrata para um cargo. Contrata para a organizao pblica.

    Poltica de treinamento

    Visa melhoria do desempenho no cargo atual.

    Visa preparar o funcionrio para novas funes, em uma concepo sistmica, proporcionando viso do negcio da organizao.

    Poltica de remunerao

    Foco no cargo, com prticas de remunerao voltadas ao funcionrio.

    Foco no desempenho, com prticas de remunerao voltadas ao indivduo, ao grupo e performance global da organizao.

    Fonte: Adaptado de Albuquerque (2002).

  • 32

    Ps-graduao

    Cabe destacar que as caractersticas apresentadas demonstram situaes

    extremas, em termos de estratgias de controle e de comprometimento.

    Cada organizao est situada entre esses limites extremos: ou mais prxima

    do controle ou mais voltada ao comprometimento. O processo de migrao

    gradativo e demanda tempo, avaliao constante e melhoria contnua.

    Importante

    A capacidade de uma organizao implementar suas estratgias

    mais importante que o processo de formulao dessas estratgias

    e de sua qualidade.

    Perceba tambm que o perfil dos gestores transforma-se de maneira radical, j

    que passa a deixar o modelo obediente e disciplinado para um perfil autnomo

    e empreendedor, que visa migrao da estratgia de controle dos funcionrios

    para estratgias que levam ao comprometimento, a partir da participao e do

    reconhecimento. Sobre essa questo, adaptando de Silva (2005), pode-se dizer

    que j no existe lugar para profissionais que se acham imunes a tudo, com uma

    postura autoritria ou passiva, ou que fiquem preocupados somente em cumprir

    as funes de seu cargo.

    As organizaes que buscam excelncia necessitam contar com profissionais que

    atuem na gesto de pessoas de maneira mais ativa, que saibam tomar decises,

    que sejam responsveis, empreendedores e que saibam agir de forma abrangente

    dentro do processo onde estejam inseridos.

    As atuaes bem sucedidas voltam para uma atuao sistmica, integradora e

    voltada ao atendimento das seguintes premissas:

    a busca por ser tornar organizao de aprendizagem;

    uma nova viso integrada do funcionrio, do trabalho e da organizao;

    uma estrutura organizacional plana, enxuta, de poucos nveis hierrquicos;

    o atendimento do usurio interno e externo, se possvel, encantando-o;

    a sintonia com o ritmo e a natureza das mudanas ambientais;

    uma viso voltada para o futuro e para o destino da organizao e das pessoas;

    a criao e a agregao de valor s pessoas, organizao e ao cliente;

    a busca de uma administrao participativa e baseada em equipes;

    a busca de agilidade, flexibilidade, dinamismo e proatividade;

  • A gesto estratgica de pessoas

    33

    o compromisso com a qualidade e a excelncia dos servios;

    a busca da inovao e da criatividade.

    A gesto estratgica de pessoas e suas questes vm, dia a dia, ganhando maior

    importncia. O entendimento disso e a prtica profissional da rea passam a ser

    decisivos para as organizaes conquistarem resultados mais positivos.

    Segundo Ulrich (1998), a gesto de pessoas, atravs de seus profissionais, precisa

    desenvolver e aplicar trs novas capacidades:

    criar clareza estratgica;

    fazer com que as mudanas aconteam;

    criar capital intelectual.

    Essas capacidades representam os resultados a serem produzidos em mdio e

    longo prazo. Veja, em detalhes, como estas se configuram:

    a) Criar clareza estratgica Trata-se do processo de disseminao dos objetivos, das estratgias e das metas fixadas pela organizao para mdio e longo prazo,

    em todos os nveis da organizao. Objetiva esclarecer a todos os funcionrios

    a misso e a viso da organizao, ou seja, dar cincia sobre o processo de

    planejamento estratgico adotado.

    Ter clareza estratgica, visando criar sinergia, faz com que todos olhem na

    mesma direo, demonstrando foco e convergncia de aes para o alcance do

    que foi planejado.

    Importante

    Uma organizao revela capacidade de clareza estratgica quando

    sua estratgia enfatiza objetivos tanto em curto quanto em

    longo prazo, cria significado para os que esto dentro e fora da

    organizao, traduz prticas organizacionais com eficincia, estimula

    o comportamento do funcionrio e diferencia a organizao para

    clientes e investidores.

    Pode-se testar a clareza estratgica pedindo ao grupo de funcionrios que

    identifiquem como a organizao deseja ser conhecida perante os clientes

    externos. Quando as respostas a essa pergunta so semelhantes, a organizao

    possui clareza estratgica.

  • 34

    Ps-graduao

    b) Fazer com que as mudanas aconteam - Ser um agente de mudana Para muitas organizaes, o ambiente imprevisvel e incontrolvel. Em vez de gastar

    enormes verbas para criar estratgias que podem funcionar ou no nessas

    esferas instveis, as organizaes alcanam bons resultados com a capacidade de

    mudar rapidamente. Organizaes com essa capacidade demonstram velocidade,

    agilidade, flexibilidade e reduo do tempo de ciclo.

    c) Criar capital intelectual - Ser um defensor dos funcionrios Todo dirigente reconhece que o capital intelectual importante. O desafio est em descobrir o

    que ele e como aument-lo. Um trabalho recente examina o conceito de maneira

    simples, mensurvel e til. Trata-se da seguinte frmula:

    Capital intelectual = competncia X comprometimento

    Entende-se por competncia o conjunto de conhecimentos,

    habilidades e atitudes do funcionrio aplicado ao ambiente de trabalho,

    aliado sua experincia.

    Comprometimento demonstra o grau de envolvimento, de participao com a empresa, ou seja, representa vestir a camisa, ter motivao.

    Essa equao sugere que, em determinada unidade, a competncia geral do

    funcionrio pode aumentar, mas por si s no assegura o capital intelectual.

    Por exemplo, organizaes com alta competncia, porm baixo

    comprometimento, podem possuir funcionrios talentosos, mas que no

    conseguem realizar atividades simples. Organizaes com alto comprometimento,

    mas baixa competncia, podem ter funcionrios no muito talentosos que

    executam suas atividades rapidamente, com dedicao e entusiasmo.

    Dessa forma, o capital intelectual requer tanto competncia como comprometimento.

    Os profissionais de gesto de pessoas que aumentam a competncia e o

    comprometimento formam capital intelectual. E, ao faz-lo, tornam-se defensores

    dos funcionrios, por estarem preocupados com a maneira como a organizao

    pode satisfazer suas necessidades.

  • A gesto estratgica de pessoas

    35

    A efetivao da gesto estratgica de pessoas nas organizaes

    Numa organizao, a misso corresponde, em termos gerais, s atividades a que

    ela deve desenvolver. A misso no se esgota na definio formal dos objetivos

    que a organizao deve cumprir ela deve ser compreendida na qualidade de uma

    esfera tica e poltica de reflexo/ao, dentro da qual so projetados grandes

    objetivos ligados a valores organizacionais e sociais. O mbito da misso engloba

    uma viso de futuro, as estratgias para realizar a viso, a tica organizacional,

    as metas de qualidade, os esforos de responsabilizao, etc.

    A gesto de pessoas aparece, assim, como um processo que, ao regular os

    componentes do sistema de pessoas (plano de carreira, desempenho, qualificao

    e outros), procura dirigi-los para que sejam no s compatveis com a misso, mas

    tambm facilitadores de seu cumprimento a mdio e longo prazo.

    A gesto de pessoas no compete a um grupo exclusivo de profissionais, mas,

    sim, algo compartilhado com todos os escales de direo, a comear pelo

    principal dirigente. Relacionar estratgias organizacionais com necessidades

    de pessoas, definir mecanismos de contratao, promover aes educativas,

    participar ativamente da seleo, avaliar desempenho, atuar na melhoria das

    relaes de trabalho, etc., todas essas tarefas passam a ser realizadas de forma

    descentralizada por toda a organizao, ao mesmo tempo em que so elevadas

    ao topo da linha de mando.

    Cabe ainda ao departamento e aos profissionais da rea da gesto de pessoas

    a realizao de tarefas especficas, mas sua principal funo passa a ser a de

    dar suporte ao processo que se desenvolve transversalmente na organizao.

    Os tradicionais especialistas de RH deixam de ser vistos como os nicos

    encarregados dessa funo complexa e se tornam nada mais que assessores dos

    dirigentes na sua implementao.

    Portanto, a gesto de pessoas potencializada na medida em que se difunde

    amplamente no mbito organizacional e na medida em que os altos dirigentes

    assumem a parte estratgica dessa funo por completo. A sua parte estratgica

    pode ser definida deste modo: fazer com que as iniciativas de regulao do

    sistema de gesto de pessoas tenham uma direta correspondncia com os

    componentes da misso.

    Assim, realizar a gesto estratgica de pessoas de organizaes envolve o

    atendimento das necessidades e expectativas dos clientes, sejam eles internos

    ou externos, pois praticamente impossvel, atender s expectativas dos clientes

    externos sem tambm satisfazer as necessidades dos clientes internos. Segundo

  • 36

    Ps-graduao

    Barante e Castro (1995, p. 20), ao ouvir a voz do cliente interno, ou seja, dos

    funcionrios, a organizao est o tratando como um aliado, e no s como um

    mero cumpridor de ordens; est vendo que dele dependem seus bons resultados.

    Importante

    Muito mais do que depender dos sistemas, das ferramentas e dos

    mtodos de trabalho, a qualidade do servio prestado depende, antes

    de tudo, da atitude das pessoas. Por sua vez, a pessoa que se sente

    estimulada e protegida em seu lugar de trabalho produz mais e melhor.

    Vamos refletir

    Antes de prosseguir com sua leitura, reflita: No contexto apresentado, que estratgias voc recomendaria para

    gerar comprometimento no ambiente de trabalho em que voc atua?

    Face s frequentes transformaes nas organizaes de trabalho, torna-se

    necessrio que os gestores de pessoas passem por programas de desenvolvimento

    humano e profissional para aprenderem a assumir seus novos papis.

    O grande desafio que os contextos atual e futuro impem s organizaes

    criar condies para que os funcionrios tenham atendidas suas expectativas

    de desenvolvimento, realizao e reconhecimento. Quanto mais conscientes de

    si mesmos esto, mais exigem transparncia por parte da organizao, e esses

    aspectos tornam-se fatores crticos para a sustentao e a melhoria contnua.

    Observe, no quadro a seguir, como ocorre a transformao dos novos tipos de

    papis face s mudanas organizacionais da rea de gesto de pessoas.

    Quadro 2 - A transformao dos papis da rea de gesto de pessoas

    De Para

    Operacional e burocrtico Estratgico

    Policiamento e controle Parceria e compromisso

    Curto prazo e imediatismo Longo prazo

    Administrativo Consultivo

    Foco na funo Foco no negcio

    Foco interno e introvertido Foco externo e no cliente

    Reativo e solucionador de problemas Proativo e preventivo

    Foco na atividade e nos meios Foco nos resultados e nos fins

    Fonte: Elaborado pela autora.

  • A gesto estratgica de pessoas

    37

    Silva (2005) sustenta que a gesto de pessoas nas organizaes necessita contar,

    agora, com um novo profissional, que conhea sua rea de atuao e o contexto

    em que atua e que seja capaz de aplicar seus conhecimentos com eficincia;

    assinala que as organizaes necessitam no somente de tcnicos, mas de

    pessoas que realizam efetivamente, que agregam valor e que geram resultados;

    em suma, necessita contar com profissionais dotados de competncias para

    desempenho de seus processos organizacionais.

    Observe, na Figura 1, a representao do perfil desejado para os gestores de pessoas.

    Figura 1 - O perfil desejado aos gestores de pessoas

    PERFIL PROFISSIONAL

    Viso integrada dos processos

    Empreendedorismo

    Provedor de solues

    Inovao e criatividade

    Chegar essncia das coisasFazer

    acontecerComunicao

    Saber ouvir

    EmpatiaDe se expressar

    De escrever

    Negociao

    Relacionamento

    Autogesto

    Empowerment

    Pensamento estratgico

    Fonte: Silva (2005) adaptado de Amana-Key.

    Para abranger todas essas competncias, o profissional passa, fundamentalmente,

    a ter que aprender a aprender, romper com antigos paradigmas e saber tomar

    decises que atendam s metas e misso de sua organizao.

    E, assim, no que compete rea de gesto de pessoas, o planejamento

    estratgico da rea de gesto de pessoas (FISCHER, 1998) refere-se constituio

    de um conjunto de polticas e prticas definidas para promover e organizar

    comportamentos, interaes e comunicaes humanas dentro do ambiente de

    trabalho em prol da sustentabilidade e do desenvolvimento da organizao; em

    prol da gesto estratgica de pessoas.

  • 38

    Ps-graduao

    Referncias

    ALBUQUERQUE, L. G. A Gesto Estratgica de Pessoas. In: FLEURY, M. T. (Org.). So Paulo:

    Gente, 2002.

    BARANTE, L. C.; CASTRO, G. C. de. Ouvindo a Voz do Cliente Interno. Rio de Janeiro:

    Qualitymark, 1995.

    FISCHER, R. A Construo do Modelo Competitivo de Gesto de Pessoas no Brasil: um Estudo sobre as Empresas Consideradas Exemplares. 1998. Tese. Faculdade de Economia,

    Administrao e Contabilidade, Universidade de So Paulo, So Paulo, 1998.

    GIL, A. C. Gesto de Pessoas: Enfoque nos Papis Profissionais. So Paulo: Atlas, 2001.

    SILVA, M. de O. Gesto de Pessoas atravs de Sistema de Competncias: Estratgias,

    Processos, Desempenho e Remunerao: Fundamentos e Aplicao. Rio de Janeiro,

    Qualitymark, 2005.

    ULRICH, D. Os Campees de Recursos Humanos: Inovando para Obter os Melhores

    Resultados. Trad. por Bazn Tecnologia e Lingustica. So Paulo: Futura, 1998.

  • A gesto estratgica de pessoas

    39

    Atividade de autoaprendizagem

    1) Com base no contedo desta unidade, analise as afirmaes abaixo e indique

    F para as falsas e V para as verdadeiras.

    a. ( ) A evoluo da gesto de pessoas, no Brasil, ocorreu somente aps a

    publicao da Constituio Federal de 1988, pois ela trouxe as garantias

    relativas previdncia social aos trabalhadores.

    b. ( ) Realizar a gesto estratgica de pessoas de organizaes envolve

    o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes, sejam

    eles internos ou externos, pois praticamente impossvel atender s

    expectativas dos clientes externos sem tambm satisfazer as necessidades

    dos clientes internos.

    c. ( ) O modelo burocrtico de gesto de pessoas chegou a ser eficiente em

    condies diferentes das de hoje, numa sociedade com um ritmo mais

    lento, quando as mudanas ocorriam com menor rapidez.

    Atividades colaborativas

    Aps a leitura criteriosa desta unidade, responda s seguintes questes:

    1) Uma vez que voc acompanhou as definies de gesto de pessoas, reflita por

    instantes sobre os conceitos estudados e, ento, elabore seu prprio conceito.

    Procure adapt-lo sua organizao de trabalho. Aps registrar seu conceito,

    apresente-o na ferramenta Exposio e, durante o desenrolar da disciplina, visite e

    comente os conceitos expostos por seus colegas.

    2) O professor e escritor americano Dave Ulrich afirma que a rea de gesto de

    pessoas e, consequentemente, seus profissionais, devem exercer trs papis

    essenciais. Estes so:

    criar clareza estratgica: ser um parceiro estratgico;

    fazer com que as mudanas aconteam: ser um agente de mudana;

    criar capital intelectual: ser um defensor dos funcionrios.

    A partir desses conceitos, escreva o que voc entende por:

    a. criar clareza estratgica;

    b. ser uma agente de mudana;

    c. criar capital intelectual: ser um defensor dos funcionrios.

    Publique o que escreveu atravs da ferramenta Exposio.

  • 40

    Ps-graduao

    3) Analise a realidade de sua organizao e responda:

    a. A atuao da rea de gesto de pessoas (RH) (era) estratgica?

    b. Relacione procedimentos que demonstrem estratgias de controle e

    procedimentos que identificam estratgias de comprometimento.

    Publique suas respostas atravs da ferramenta Exposio.

    4) Conforme o contexto atual e esta unidade estudada, liste trs estratgias

    que voc recomendaria para gerar comprometimento no ambiente de trabalho

    nas organizaes.

    Procure focar em sua organizao. Depois de criar suas estratgias, apresente

    sua resposta por meio da ferramenta Frum. Procure compar-la com alguma j inserida por algum colega, comentando semelhanas e diferenas entre elas.

    Sntese

    Nesta unidade, voc estudou os fundamentos da gesto estratgica de pessoas

    nas organizaes.

    Voc viu que a expresso gesto de pessoas foi adotada nos ltimos anos por

    algumas organizaes para substituir termos como administrao de pessoal e administrao de recursos humanos. Viu, tambm, que cada autor apresenta sua definio sobre o que gesto de pessoas. Para Gil (2001), gesto de pessoas

    um ramo especializado da Cincia da Administrao que contempla todas as aes

    empreendidas por uma organizao, com o objetivo de integrar o funcionrio no

    contexto da organizao e aumentar sua produtividade. Milioni (2002) definiu

    gesto de pessoas como o conjunto de estratgias, tcnicas e procedimentos

    focados na mobilizao de talentos, potenciais, experincias e competncias

    do quadro de funcionrios de uma organizao, bem como a gesto e a

    operacionalizao das normas internas e legais incidentes.

    Voc pde compreender que rea de gesto de pessoas passa por uma profunda

    transformao em seus conceitos, pressupostos e premissas. Nesse novo cenrio,

    as pessoas so transformadas em agentes dotados de competncias, que

    cumprem importante papel na sustentabilidade da organizao e da sociedade

    em geral.

    Voc viu, ainda, que as mudanas por que esto passando as organizaes

    no esto limitadas a suas estruturas organizacionais formais, seus produtos e

    servios e seus clientes. Essas mudanas afetam, principalmente, seus padres

  • A gesto estratgica de pessoas

    41

    comportamentais ou culturais e polticos, bem como suas relaes internas e

    externas de poder.

    Alm disso, voc estudou que, por meio de seus profissionais, a gesto de

    pessoas precisa desenvolver e aplicar trs novas capacidades: criar clareza

    estratgica, fazer com que as mudanas aconteam e criar capital intelectual

    (= comprometimento + competncia).

    Voc tambm viu que algumas prticas podem ser determinantes para

    implementar motivao e senso de equipe. Realizar gesto estratgica de pessoas

    em organizaes envolve o atendimento das necessidades e expectativas dos

    clientes, sejam eles internos ou externos, pois praticamente impossvel atender

    s expectativas dos clientes externos sem tambm satisfazer as necessidades dos

    clientes internos.

    No entanto, como voc estudou, as organizaes, de forma geral, tm grande

    dificuldade para definir com clareza o que esperam das pessoas e dificuldades

    ainda maiores para definirem os horizontes profissionais que podem oferecer.

    Por fim, voc pde compreender que face s frequentes e grandes

    transformaes nas organizaes de trabalho, torna-se necessrio que os

    gestores de pessoas passem por programas de desenvolvimento humano e

    profissional para aprenderem a assumir novos papis.

    Na prxima unidade, o foco de estudo gesto por competncias e aprendizagem

    organizacional. Nela, voc pode compreender por que a necessidade da rea de

    gesto de pessoas estar cada vez mais voltada para o alcance de objetivos e

    estratgias da organizao.

    Saiba mais

    Para voc que deseja conhecer mais sobre os contedos desta unidade, seguem

    sugestes de leitura:

    ALBUQUERQUE, L. G. A Gesto Estratgica de Pessoas. In: FLEURY, M. T. (Org.).

    As Pessoas na Organizao. So Paulo: Gente, 2002.

    FISCHER, A. L. Um Resgate Conceitual e Histrico dos Modelos de Gesto de

    Pessoas. In: FLEURY, M.T.L. (org.). As Pessoas na Organizao. So Paulo: Gente,

    2002. p. 11-3.

  • 42

    Ps-graduao

    ________.Um Resgate Conceitual e Histrico dos Modelos de Gesto de Pessoas.Histria da Administrao. Disponvel em: . Acesso em 16 Ago. 2012.

    FLEURY, M. T. L. (Coord.). As Pessoas na Organizao. So Paulo: Gente, 2002.

    GIL, A. C. Gesto De Pessoas: Enfoque nos Papis Profissionais. So Paulo: Atlas, 2001. (Leia os captulos 1 e 3.)

    TONELLI, M. J.; LACOMBE, B. M. B; CALDAS, M. P. Desenvolvimento Histrico do RH no Brasil e no Mundo. Manual de Gesto de Pessoas e Equipes. Gustavo

    Boog (Org.). So Paulo: Gente, 2002.

    Experimente acompanhar na internet artigos e trabalhos sobre a modernizao

    da gesto de pessoas nas organizaes e suas diversas representaes. Veja que

    possvel constatar aes com o propsito de transformao dos processos

    burocrticos das organizaes, alm de maior preocupao com o cidado.

  • Gesto de pessoas por competncias

    Unidade 2

    Objetivos de aprendizagem Entender a importncia de realizar a gesto estratgica de pessoas por competncias.

    Entender como so estruturados, quais as funes e as polticas dos subsistemas da gesto de pessoas .

    Compreender como na atualidade a gesto de pessoas tem sido influenciada pela gesto de competncias.

    Conhecer o processo de planejamento estratgico de gesto de pessoas e sua interface com o planejamento estratgico global da organizao.

    Entender como realizar a gesto por competncias.

    IntroduoVoc j deve ter observado que temas como gesto por competncias e

    competncias gerenciais tem ganhado cada vez mais destaque em livros e revistas

    e como temas de eventos que visam ao desenvolvimento organizacional ou

    profissional. Ao acompanhar textos e pesquisas sobre o assunto, fica perceptvel

    que os tempos atuais promoveram o surgimento de um novo conceito de gesto

    de pessoas. Esta agora est aliada gesto das competncias e passou a ter uma

    perspectiva mais dinmica, que se concretiza em seu prprio desempenho, isto ,

    os subsistemas e funes da gesto de pessoas assumiram valor estratgico para os

    resultados da organizao. Essa tendncia, aliada ao estmulo dado pela cultura da

    aprendizagem organizacional, tambm questo atual nas organizaes brasileiras.

    Aps o estudo desta unidade, voc ter interagido com uma questo que

    o mago do novo cenrio da gesto de pessoas a gesto de competncias.

    Procure compreender por que agora as organizaes precisam, decididamente,

    adotar polticas de gesto de pessoas alinhadas com o planejamento estratgico

    da organizao, para fornecerem servios de qualidade e pertencerem

    sociedade do conhecimento.

    Siga seu estudo com disciplina e com a curiosidade de aprendiz.

    Bons estudos!

  • 44

    Ps-graduao

    A tendncia atual so os sistemas por competncias

    Autora: Dnia Falco de Bittencourt Revisor de contedo: Ilson Krigger

    A evoluo da rea da gesto de pessoas tem sido intensa. E, para alguns

    pesquisadores, desde os anos 1990, estamos em plena Era da Competncia.

    Para outros, estamos na Era do Conhecimento. Todavia, ambos expressam

    uma certeza: tanto a competncia como o conhecimento so os ativos mais

    importantes da organizao. O valor est em ambos; ao serem adquiridos por

    uma pessoa, conforme so aplicados, fazem a diferena e determinam o sucesso

    ou o fracasso de uma organizao.

    Competncia de uma pessoa, para Dutra (2004), a capacidade de entrega

    do indivduo.

    ConceitoUma pessoa competente quando, graas s suas capacidades e ao

    que entrega, agrega valor organizao em que atua, a ele prprio e

    ao meio em que vive.

    Do ponto de vista da organizao, Dutra (2004) afirma que a competncia a

    capacidade de uma pessoa gerar resultados dentro dos objetivos organizacionais.

    Exemplifica Dutra, (2004, p.28),

    ao escolhermos uma pessoa para trabalhar conosco, alm de verificarmos

    sua formao e experincia, observamos tambm seu modo de atuar,

    sua maneira de realizar o trabalho solicitado, suas realizaes, enfim,

    queremos nos assegurar de que a pessoa a ser escolhida ter condies

    de obter os resultados que a organizao espera e necessita.

    Partindo desse entendimento, as organizaes passam por uma nova evoluo

    na rea de gesto de pessoas: a tendncia desenvolver, de modo integrado

    e em rede, os subsistemas da gesto de pessoas voltados para a competncia,

    isto , voltados para a capacidade de mobilizar as pessoas para atingirem seus

    objetivos organizacionais.

    Sob essa perspectiva, voc j consegue entender o motivo por que, mais e

    mais, as organizaes esto utilizando a noo de competncia no ambiente

    organizacional brasileiro?

  • Gesto de pessoas por competncias

    45

    Para Ruas, Antonello e Boff (2005, p.36),

    a noo de competncia, seja sob a perspectiva estratgica (competncias

    organizacionais, competncias essenciais), seja sob uma perspectiva

    mais especfica de prticas associadas gesto de pessoas (seleo,

    desenvolvimento, avaliao e remunerao por competncias), o que

    certo que a noo de competncia tem aparecido como importante

    referncia dentre os princpios e prticas de gesto no Brasil.

    Sobre a Escala Salarial, Dutra avalia (2004, p.32) que:

    Ao partirmos da premissa de que h uma alta correlao entre o nvel de

    complexidade das atribuies e responsabilidades e o nvel de agregao de

    valor para a empresa ou negcio, somos capazes de afirmar que a pessoa

    ao assumir maior nvel de complexidade de atribuies e responsabilidades,

    est valendo mais. Portanto, poderemos construir uma escala salarial vinculada escala de

    complexidade, associando o desenvolvimento remunerao e utilizando

    esta ltima para estimular o desenvolvimento.

    De fato, aps os anos 1990, motivadas pelos frequentes cenrios de instabilidade,

    mudanas e inovaes, as organizaes foram induzidas a reestruturar seu

    modo de valorizar e gerir as pessoas. Elas passaram a focar suas aes para o

    mapeamento e desenvolvimento de capacidades que possam ser mobilizadas e

    transformadas em competncias.

    Quadro 1 - O contexto e as caractersticas principais da noo de competncia

    Cenrio da era da competncia:

    baixa previsibilidade de negcios e atividades;

    intensificao e ampliao da abrangncia da concorrncia;

    lgica predominante: servios (eventos);

    relaes de trabalho informais e crise de sindicatos;

    organizao do trabalho com base em metas, responsabilidades e multifuncionalidade;

    foco nos resultados;

    alta aprendizagem.

    Fonte: Baseado em Ruas (2005, p. 37).

  • 46

    Ps-graduao

    Na atualidade, o setor de servios a atividade predominante no contexto dos

    negcios. Segundo Ruas (2005), dentro desse setor, o foco est cada vez mais

    dirigido para os resultados e para a responsabilidade do que para a tarefa em si.

    O novo desenho do trabalho exige que as pessoas, alm de saberem fazer,

    apresentem, em muitos casos, a capacidade de identificar e selecionar como fazer

    para se adaptar situao especfica (evento) com que se deparam.

    Na atualidade, a capacidade para lidar com situaes especficas (eventos) para

    o contexto econmico (RUAS, 2005) percebida como um lugar privilegiado.

    Cabe destacar que evento refere-se, segundo Zarifian (2001, apud RUAS, 2005),

    aos novos problemas colocados pelo ambiente e que mobilizam a atividade de

    inovao. Isto , eles no partem dos imprevistos que ocorrem no interior da

    produo, e sim dos que surgem movidos pelo ambiente, como, por exemplo, dos

    novos usos em potencial dos produtos, das novas expectativas da clientela, etc.

    Nessa realidade da valorizao da capacidade para aprender a lidar com eventos,

    tem-se como consequncia o entendimento de que a competncia profissional

    no pode mais ser enclausurada em definies prvias de tarefas a serem

    executadas em um posto de trabalho.

    Importante

    Hoje, a noo de competncia est mais aceita sob a perspectiva

    da capacidade de combinar e mobilizar adequadamente recursos

    j desenvolvidos do que de reunir um estoque de conhecimento e

    habilidades (saber fazer).

    Note que a expresso adequadamente implica pensar que ela est relacionada condio de se conseguir atender de forma mais adequada a uma situao

    especfica (o novo evento) e que, consequentemente, ao atender a esse novo

    evento, o simples aprendizado da soluo (a nova combinao) arranjada

    representa a aquisio de uma nova competncia.

    Desse modo, surge a concepo do trabalhador em contnuo desenvolvimento,

    seja nos aspectos pessoais ou profissionais.

    Importante

    Agora, passa a ser necessrio gerar condies para que as pessoas

    realizem seus potenciais nas organizaes. E a responsabilidade

    disso (desenvolver condies) passa a ser de todos os gestores da

    organizao. Esse o principal desafio da rea de gesto de pessoas.

  • Gesto de pessoas por competncias

    47

    A gesto de pessoas por competncias

    Com os desafios dos novos modelos de gesto, a tendncia o alinhamento

    definitivo das polticas de gesto de pessoas s estratgias organizacionais,

    incorporando prtica institucional o conceito de competncia, como base do

    modelo para se gerenciar pessoas. (FLEURY; FLEURY, 2000a, p. 64).

    O ponto central da mudana do modelo de gesto de pessoas tradicional para

    gesto estratgica de pessoas muda a importncia (FLEURY; FLEURY, 2001) dada

    s pessoas para o xito das estratgias do negcio (finalidade, servio prestado

    pela organizao pblica). No novo modelo, a organizao passa a considerar a

    participao do responsvel pela gesto de pessoas fundamental na definio

    das estratgias e na tomada de deciso, alm de ter suas polticas de gesto de

    pessoas claramente definidas e constantemente revisadas.

    Acompanhe, na figura a seguir, o processo que resume como se aplica a gesto de

    pessoas por competncias.

    Figura 1 - Processo da gesto de pessoas atravs do sistema de competncias

    SUBSISTEMAS BASEADOS EM COMPETNCIAS

    ORGANIZAO E ESTRUTURA DA GP

    COMPETNCIAS

    RESU

    LTA

    DO

    S

    FUNES GP

    Planejamento estratgico da

    organizao

    Guia central para gesto dos

    Subsistemas GP

    Gesto estratgica de capital intelectual

    Anlise e descrio de

    cargos

    Proviso de pessoas

    Remunerao e competncias

    Gesto de clima e cultura

    Treinamento e desenvolvimento

    Gesto de carreira e sucesso

    Gesto de competncias e

    desempenho

    Estratgias e polticas de

    gesto de pessoas

    Planejamento estratgico

    de GP

    Proviso

    Manuteno

    Aplicao

    Fonte: Baseado em Gomes (2004), Leme (2006) e Sercontel (2002).

    Esse novo modelo de gesto tem sido aplicado como uma forte tendncia em

    muitas organizaes aqui no Brasil. Contudo, muitos programas encontram-se

    em pleno processo de implantao, j que ela foi iniciada nas ltimas dcadas.

    O momento tem demandado que as organizaes aprendam a transformar

    o conhecimento em diferencial de resultado organizacional. O resultado

    organizacional viabilizado quando se identificam as competncias-chave e se

    mantm o foco na sustentao da estratgia da organizao e no alinhamento

    dos diversos subsistemas e processos de gesto de pessoas com o objetivo de

    potencializar o desenvolvimento dessas competncias na organizao.

  • 48

    Ps-graduao

    O texto a seguir busca levar voc a entender com clareza o que so competncias

    para esse modelo de gesto.

    A gesto de competncias

    Durand (apud BRANDO; GUIMARES, 1999) construiu um conceito de

    competncia baseado em trs dimenses: knowledge, knowhow e attitudes, ou seja, conhecimento (informao, saber o qu, saber por qu), habilidade

    (tcnica, capacidade, saber como) e atitude (querer fazer, identidade,

    determinao). Essas dimenses so interdependentes e necessrias a qualquer

    competncia. Tal conceito, segundo o mesmo autor, foi estruturado baseado

    em Henri Pestalozzi (apud BRANDO; GUIMARES, 1999), pedagogo suo que

    idealizou a educao como desenvolvimento natural, espontneo e harmnico

    das capacidades humanas que se revelam na trplice atividade da cabea, das

    mos e do corao (head, hand and heart), ou seja, na viso intelectual, tcnica e moral da pessoa.

    Atualmente, o significado de competncias tem ganhado fora a partir dos

    trabalhos de Hamel e Prahalad (1995), em especial no livro Competindo pelo

    Futuro, que passam a propagar o conceito das core competencies, que, segundo os autores, so as portas para as oportunidades futuras (p. 228).

    Para Leboyer (1997), competncias so repertrios de comportamentos que

    algumas pessoas e/ou organizaes dominam, o que as faz se destacarem de

    outras em contextos especficos, isto , so as capacidades, os conhecimentos e

    as caractersticas pessoais que distinguem os profissionais de alto desempenho

    daqueles de desempenho regular em determinada funo.

    E quanto gesto por competncia?

    A gesto por competncias um sistema gerencial que busca impulsionar os

    colaboradores na competncia profissional, acrescentando capacidades e

    aumentando as j existentes.

    Na linha de anlise de resultados, Fleury e Fleury (2000b, p. 2) afirmam que as

    competncias devem agregar valor econmico para a organizao e valor social

    para o indivduo.

    As competncias esto em diferentes nveis organizacionais:

    estratgico - dimenso dos coordenadores e da cpula do governo;

  • Gesto de pessoas por competncia