Jornal Locomotiva 86

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Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação Locomotiva 29 de setembro de 2012 - sábado - nº 86 - distribuição gratuita Candidatura de Pinduca é cassada Após caso do leite, Justiça Eleitoral impugnou em primeira instância o registro do candidato do PSDB à prefeitura de Franco da Rocha Pág. 7 Págs. 4 e 5 Carros mergulham no rio que corta a avenida Giovani Rinaldi pág. 3 Conheça a trajetória de Ranulpho Carlos Faria, um ícone cultural franco-rochense

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29 de Setembro de 2012

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Page 1: Jornal Locomotiva 86

Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação

Locomotiva29 de setembro de 2012 - sábado - nº 86 - distribuição gratuita

Candidatura de Pinduca é cassadaApós caso do leite, Justiça Eleitoral impugnou em primeira instância o registro do candidato do PSDB à prefeitura de Franco da Rocha

Pág. 7

Págs. 4 e 5

Carros mergulham no rio que corta a avenida Giovani Rinaldi

pág. 3

Conheça a trajetória de Ranulpho Carlos Faria, um ícone cultural franco-rochense

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Locomotiva é uma publicação semanal da Editora Havana Ltda. ME.

Circula em Franco da Rocha, Caieiras, Francisco Morato, Mairiporã e região.

E-mail: [email protected] Endereço: Rua Bazilio Fazzi, 442o andar, sala 8

Impressão: LWC Gráfica e editora

Tiragem: 10 mil exemplares

Redação: Pedro Mikhailov e Thiago Lins

Projeto gráfico: Feberti

Diagramação: Luiz Dimm

Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do jornal.

NOS TRILHOS

EDITORIAL

Prefeitura continua fazendo asfalto durante a noite

Expediente

Como noticiou o Jornal Locomo-tiva, o recapeamento das ruas e avenidas da cidade continua a todo vapor, às vésperas das eleições. Mas o que tem tirado o sono dos moradores é o fato de a pavimentação continuar sendo feita à noite. A foto acima

foi retirada do Facebook, onde a polêmica das obras durante a madrugada em uma cidade--dormitório tem alimentado tó-picos de discussão. A pergunta que os moradores fazem durante a insônia forçada é: até quando o desrespeito vai continuar?

EleiçõesFaltando oito dias para as eleições municipais, os âni-mos estão exaltados. A no-tícia da sentença cassando a candidatura do Pinduca e a reação do candidato, indo a público colocando a sua versão, elevaram de vez a temperatura.

InstrumentosPelo que estamos acom-panhando, terminaremos essas eleições sem um debate com a presença dos dois candidatos. O único que foi feito só contou com a participação do Kiko. Na falta desse espaço de diá-logo, algumas instituições têm feito sabatinas, com um candidato por vez.

Nas ruasO tempo de duração das notícias, que são substituídas por outras, é um fenômeno à parte nessas eleições. A maioria conseguiu durar no máximo dois dias. A que bateu o recorde de duração, e ainda reverbera seus refle-xos, é a do leite.

O leite azedouAliás, a questão do leite é

um daqueles acontecimen-tos do processo eleitoral impossível de se prever. A prática não é nova, já que a Secretaria da Agricultura vive descredenciando entidades que não cumpre as regras. No entanto, a forma profunda como penetrou no imaginá-rio popular, atingindo a pra-ticamente toda a população, é algo a ser estudado.

Ficha LimpaNos municípios vizinhos continua a mesma situação, com dois impugnados em Francisco Morato e um em Caieiras, sem que se tenha chegado a uma sentença fi-nal. Todos correm o risco de terem eleições com todos os nomes na cédula, e a decisão da justiça acontecer depois do pleito.

ConsequênciasNo caso da impugnação de um candidato a vereador, por exemplo, pode levar a alterações na composição da Câmara Municipal, do quociente, ou mesmo do número de vereadores eleitos por cada partido. Vai ficar na indefinição até o julgamento final.

A uma semana das eleições, o cenário político de Franco da Rocha ganha contornos nunca vistos, pelo menos nas redondezas. Um pleito já inusitado, pela existência de apenas dois candidatos, por alguns dias ficou surreal. Pinduca, um dos que concorrem à vaga de prefeito, teve seu registro de candidatura cassado pelo Meritíssimo Juiz Eleitoral.

A alegação do Ministério Publico, que moveu a ação, é a de que Pinduca teria usado uma reunião de distribuição de leite do programa “Viva Leite” para pedir votos. O candidato, que também é o atual vice-prefeito, se defendeu dizendo que

não sabia se tratar de ação de programa publico de benefícios e que houve uma “armação” para ele.

Duas perguntas se fazem necessárias: pode um agente público, no exercício das suas funções, alegar desconhecimento de algo que o próprio poder público executa? Se houve “armação”, de quem seria? Do outro cidadão que lá estava, sendo que este é (ou era) candidato a vereador na coligação do próprio Pinduca? Seria então um caso de “fogo amigo”?

Algo não bate nisso. O tempo e a jus-tiça dirão.

Na esquina das ruas Trípoli e Maria Lira, no Parque Vitória, uma boca de lobo com mais de um metro de abertura e 3,8m de profundidade é risco de acidentes e até de vida para a população. Os moradores, indignados, colocam para fora seu medo e revolta.

“Já cansei de pedir para a pre-feitura colocar uma grade aqui”, diz o comerciante Edio Antônio, de 59

Boca de lobo mau

Na avenida Giovani Rinaldi, na Vila Ramos, a falta de sinalização tem causado muitos acidentes de trânsito. Mas a falta de um muro de contenção ou guardrail na avenida, que é cortada por um rio, tem efei-to muito pior: faz com que muitos motoristas mergulhem com seus carros na água.

“Quer ver um acidente? Coloca uma cadeirinha ai e espera uns minu-tos que dali a pouco sai um”, brinca o vendedor de carros Rodrigo Ferreira,

“Dá um medo danado, quando vejo crianças pas-sando correndo sobe até um frio na barriga. Se uma criança cai lá dentro, já era”

Lucélia Maria, 22 anos

“Já vi um monte de gente quase cair lá dentro. Não precisava ser assim tão grande. É muito perigoso, cabe uma pessoa dentro. Fora que o pessoal fica sentado em cima”

Igor Araújo, 18 anos

“Se um filho meu cair lá, eu não morro sem por os responsáveis na cadeia. É mais que falta de respeito, é um crime uma boca de lobo desse jeito”

Cleide dos Santos, 40 anos

22 anos, que fica indignado com a falta de segurança para os motoristas na avenida. “Onde não precisa de um muro para segurar os carros, tem. Acho que só vai mudar se fizermos um abaixo assinado pela Vila Ramos inteira. Em dois anos, caíram uns 15 veículos no rio”, completa.

A loja em que Rodrigo trabalha fica bem em frente ao local onde os carros caem com maior frequência, permitindo visão privilegiada dos acidentes. “A falta de sinalização

causa muitas batidas. Uma vez, um carro veio muito rápido, se chocou com outro e o empurrou para dentro do rio. É coisa de segundos”, lembra o vendedor.

“A guia é muito baixa para uma avenida que tem um rio no meio”, diz o aposentado Francisco Luis Perei-ra, de 62 anos. “É difícil passar um mês sem cair ao menos um carro ai dentro. Às vezes o pessoal só vai dar uma ré e pumba, cai na água. Esse final de semana mesmo caiu mais

anos. Segundo ele, quando chove, a enxurrada é muito forte e a boca de lobo, mal localizada, escoa apenas uma pequena parte da água, que acaba dentro do seu bar. “Perdi meu cachorro lá dentro, levado junto com a correnteza. Ficou mais de dois anos sem tampa nenhuma. Já reclamei um monte, mas não tem jeito”, completa Antônio.

um carro lá dentro”, conta Pereira.Outro morador antigo do bair-

ro, que não quis se identificar, acredita que “a maioria dos carros que caem ai dentro são da marca Gol. Chegaram a cair quase dez seguidos. Brincamos aqui no bairro que ai dentro tem um imã de car-ro, porque para cair tanto assim e ninguém fazer nada deve ser uma força sobrenatural”.

Procurada pela reportagem, a pre-feitura não quis comentar o assunto.

Guia baixa transforma rio em um “imã de carros”

Segundo moradores, é difícil passar um mês inteiro sem pelo menos um acidente

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Juiz considerou ilegal a atividade de campanha durante distribuição de leite Cassação é destaque na mídia

Cassado

O caso Viva Leite O veredictoA condenação de Pinduca e Toninho

Natal tem como base o artigo 73, inciso 4º, da Lei 9.504/97. Em seu despacho, o juiz informa que “ao fazerem propa-ganda em local de distribuição gratuita de bens, qual seja o leite do programa governamental Viva Leite, de caráter so-cial, custeado ou subvencionado pelo Poder Público, requerendo a aplicação de multa e a cassação dos registros, nos termos do artigo 22, inciso 15º da Lei Complementar 64/90”. A decisão ainda destaca que “ambos pediram votos ex-pressamente. A gravação feita por uma das pessoas presentes, confirmadas pelos demais elementos dos autos, demonstra claramente a ilegalidade”.

O candidato do PSDB à prefeitura de Franco da Rocha e atual vice-prefeito, José Antonio Pariz Junior, o Pinduca, teve sua candidatura cassada pela Justiça Eleitoral, juntamente com a de Toninho Natal, candidato a vereador pelo PTB. O juiz considerou procedente a acusação de que os dois vincularam sua campanha política a uma distribuição do programa Viva Leite,

A decisão judicial que culminou na cassação da candidatura e perda dos direitos políticos de Pinduca e Toninho Natal tem como base uma gravação feita no dia 14/8, enviada ao Ministério Público. Durante uma distribuição a pessoas cadastradas no programa estadual Viva Leite, no Jardim Cedro do Líbano, mulheres e crianças que aguardavam a entrega foram informadas pelo candidato a vereador Toninho Natal que o leite só seria distribuído com a presença de Pinduca. Algumas pessoas foram impedidas de sair do local.

Ao chegar lá, o candidato a prefeito discursou. Pediu desculpas pelo atraso, fez menção à atual administração tucana e ainda pediu voto com o argumento de que o trabalho precisa continuar, para que a prefeitura não caia nas mãos de “assaltantes de banco”, em referência ao seu adversário na disputa eleitoral, Kiko Celeguim, do PT. Kiko, inclusive, entrou com ação na justiça por causa das declarações.

Em seguida, Toninho Natal, entre agradecimentos e promessas de obras, pediu votos para ele e para Pinduca. O discurso dos dois está registrado, gravado por um dos moradores que, indignado, aguardava o benefício.

Candidatura de Pinduca é cassada pela Justiça Eleitoral

do governo estadual. A decisão judicial foi publicada no Diário Oficial na última terça-feira, 25/9.

Os candidatos foram condenados a pagar multas de R$ 10 mil cada e perderam seus direitos políticos por oito anos, período durante o qual não poderão disputar ou ocupar cargos públicos. A condenação foi em primeira instância e ainda cabe recurso.

Esta é a segunda vez que Pin-duca, que se recusou a conceder entrevista ao Jornal Locomotiva, é cassado pela Justiça. Em 2008, época em que era vereador, ele foi cassado por infidelidade partidária e perdeu o mandato.

A notícia da condenação de Pinduca no caso do leite foi amplamente divulgada pela grande mídia. Ganhou matérias em jornais, programas de rádios, telejornais e páginas da internet.

O Jornal do SBT – que noticiou com exclusividade a de-núncia do Ministério Público, com comentários duros sobre as consequências ao eleitor que vende seu voto por leite – abriu o segundo bloco da edição noturna do dia 24/9 com uma nota sobre o caso. Nela, a apresentadora enfatizou a punição de oito anos fora da vida política. Você pode assistir ao video Youtube (http://bit.ly/SnNYgE).

Já matéria divulgada pelo G1, portal de notícias da Rede Globo na internet, traz fala do juiz responsável pela decisão. Arthus Fucci Wady diz que “a conduta dos representados, além de ter sido extremamente constrangedora aos presen-tes, é vedada por lei e, além da aplicação de multa, autoriza a cassação dos seus registros”. O texto pode ser lido na íntegra no site (http://glo.bo/S347nP).

O jornal Estado de São Paulo, impresso com maior circulação na capital paulista, também deu destaque à cassação da candi-datura do vice-prefeito. O texto diz que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social descredenciou a entidade que fazia a distribuição do leite, como também

noticiou o Jornal Locomotiva em edições anteriores. A matéria está disponível no site do Estadão (http://bit.ly/SnOT0w).

A notícia também apareceu nas páginas do MSN Brasil e na rádio CBN, além de diversos sites replicadores de conteúdo pela internet.

Condenado, candidato muda teor da campanha eleitoral

Depois da decisão judicial que culminou na perda de seus direitos políticos, Pinduca se reuniu com a coordenação de sua campanha e optou por continuar a propaganda eleitoral. Em vez de tocar apenas o jingle utilizado até então – versão da música Poeira, de Ivete San-galo –, os carros de som do PSDB passaram a trazer uma gravação com a voz do candidato impugnado. Nela, Pinduca enfatiza que con-tinua na disputa e diz que “confia na justiça, principalmente na de Deus”. Em outro trecho da gravação, ataca o candidato petista. “Meu adversário tenta denegrir a minha imagem com mentiras, calúnias e difamações. Sou candidato, sim, a prefeito”.

Mesmo se sair da disputa, nome de Pinduca pode aparecer na urna

Desde a aprovação da Ficha Limpa, im-pugnações de candidaturas têm ocorrido com mais frequência e maior rigidez por parte da Justiça Eleitoral. Mas já aconte-ciam mesmo antes da Lei. Em Cajamar, em 2008, Messias Cândido Silva, candidato à reeleição pelo PSDB, renunciou dois dias antes das votações. Ele teve seu registro indeferido por ter substituído um prefeito cassado em 2002 – ou seja, sua candidatura configurava um terceiro mandato. Com a renúncia, o partido escolheu um novo candidato: Daniel Ferreira da Fonseca. Porém, com a substituição feita às pressas, a Justiça Eleitoral de Cajamar não teve tempo de trocar a foto nem o nome de Messias na urna eletrônica.

A mesma situação pode acontecer em Franco da Rocha: caso Pinduca renuncie e outra pessoa seja escolhida para pleitear o cargo de prefeito, provavel-mente não haverá tempo hábil para alterar seu nome e foto nas urnas. Assim, os votos serão computados para o novo candidato – um dos possíveis nomes seria Toninho Lopes –, porém as urnas exibirão o nome e a foto do atual vice-prefeito.

Duas outras situações ainda são possíveis. Se Pin-duca não renunciar, mas for condenado em última instância, todos os votos direcionados a ele serão anulados, e a eleição será uma disputa de apenas um candidato – visto que neste ano a corrida eleitoral está polarizada entre ele e Kiko. A terceira possibilidade é que o candidato do PSDB consiga reverter a ação e torne seus votos válidos. Atualmente, sua candidatura está sub judice até o desfecho do processo judicial.

Para ler a sentença completa, basta entrar no site do TSE (www.tse.jus.br) e consultar a edição do dia 25/9 do Diário de Justiça eletrônico. A sentença começa na página 192.

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Ministros de Dilma e governador do estado colocam Franco da Rocha em evidência

Nesta época de campanhas para as eleições municipais, Franco da Ro-cha tem revelado seu papel de destaque na região. Nunca tantas figuras do alto escalão da política nacional haviam visitado a cidade. Apenas na semana passada, dois ministros do governo federal e o governador de São Paulo, além de deputados federais e estaduais, vieram apoiar seus candidatos.

Na sexta-feira, 21/9, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, subiu ao palanque para demonstrar apoio a Kiko Celeguim, do PT, em comício no bairro da Paradinha. Mercadan-te discursou em apoio aos projetos do candidato, como a instalação da Universidade Federal do Juquery, e enfatizou a necessidade de mu-dança na gestão da cidade. Também

Marcos Lanfranchi une trabalho e paixão pelas biciletas

Esta sEção do Locomotiva é dEdicada ao comércio dE Franco da rocha, o mais FortE da rEgião. Em cada Edição, vamos mostrar um produto ou sErviço quE é prEstado aqui, do Lado dE casa.AQUI TEM

Bicicletaria My Bikerua Juvenal Gomes do Monte, 15, próximo ao posto Zebrinhatelefone para contato: 4444-7295funcionamento: segunda a sábado, das 9h às 18hpagamento: compras parceladas em até 5X sem juros no cartão de crédito

Bicicletaria My BikeFuncionando há um ano e qua-

tro meses na rua Juvenal Gomes do Monte, no centro de Franco da Rocha, a bicicletaria My Bike é uma retomada do comerciante João Marcos Lanfranchi, o Marcão, no ramo que sempre foi a sua paixão. “Desde criança sou apaixonado por bicicletas, e quando eu comecei a trabalhar com isso, em 1993, com minha primeira bicicletaria, foi uma oportunidade de ter meu comércio e deixar de trabalhar para outros.” Em 2002, Marcão, que já foi mecânico de aviões, fechou o negócio para atuar como corretor de imóveis. “Mas não aguentei tanto tempo longe. No ano passado, resolvi montar a loja novamente, aqui eu trabalho com muito mais gosto.”

A loja funciona de segunda a sábado, oferecendo diversos servi-ços para sua clientela apaixonada pelas magrelas: de manutenção de todo tipo de bicicleta, passando por acessórios e pintura, até venda de

bicicletas novas e usadas. “Aqui a demanda que nós mais atendemos é a de manutenção mesmo. E, se o cliente comprar algum tipo de acessório na loja, nós mesmos ins-talamos a peça sem cobrar um real a mais”, explica Marcão.

O comerciante agora pretende pedalar rumo a novos desafios. “Muito em breve eu quero organizar um passeio ciclístico na cidade, para levar um pouco de diversão para todo mundo que adora andar de bicicleta”, planeja Marcão.

Aloizio Mercadante, José Eduardo Cardozo e Geraldo Alckmin visitaram a cidade na última semana

para apoiar a campanha de Kiko, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esteve em Franco da Rocha no sábado, 22/9, participando de uma caminhada lilás com centenas de mulheres pelo Centro da cidade até a igreja velha. Ele se comprometeu a estudar a questão do semiaberto.

Também no sábado, o governa-dor de São Paulo, Geraldo Alckmin,

veio à cidade para apoiar Pinduca, do PSDB. Alckmin fez uma breve caminhada pela Rua Dr. Hamilton Prado até o principio do calçadão, na rua Amália Sestini. Entretanto, o governador não subiu no caminhão de som do candidato para discur-sar. Apenas o deputado estadual Celino, também do PSDB, falou aos presentes.

Alguns sorrisos escapam no ar quando, durante o bebericar do fim da tarde entre livros e cervejas, um senhor bem trajado, de chapéu e barba branca, pega o violão e toca uma de suas composições: ‘Milênio’. Os pés da menina começam a dançar timidamente. O homem que bebia sozinho no balcão troca olhar o vazio pela atenção ao dedilhado do violão. Até o dono do bar e o grupo mais falante viram espectadores.

O músico chama-se Ranulpho Carlos Faria. Ele fala com calma, e as ideias correm soltas. Aos desavi-sados, pode até parecer que troca de assunto rápido demais. Ao deixar o bar, no cair da noite, passeia pelo Centro de Franco da Rocha. “Essa praça era um coreto. Sentava aqui pra namorar e tocar violão. É uma pena que isso não exista mais hoje, e que o interesse pela cultura que tínhamos não seja incentivado”.

Se tem algo de que Ranulpho se orgulha é de ter convivido com os ídolos de sua época. Nascido em 1949, viveu a explosão da tropicália e a ressaca da bossa nova, o movi-mento hippie e o surgimento do punk rock trouxe. Sem deixar de mergulhar nas raízes brasileiras, da moda de viola à poesia, do samba ao circo. Seu avô, imigrante portu-guês, fez parte da lendária banda de musica do Juquery, nas primeiras décadas do século passado.

Suas composições e seu violão levaram Ranulpho para a TV Globo, no final da década de 1970, a convite de Rolando Boldrim. A participação

O candidato a vice-prefeito Nivaldo, o deputado federal Vicente Cândido, Kiko e o ministro José Eduardo Cardozo Pinduca, Geraldo Alckmin e o prefeito Márcio Cecchettini

As histórias de um menestrel

abriu espaço para que ele passasse pela Bandeirantes, SBT, Gazeta e TV Cultura. Também participou dos discos de Boldrim, “Empório Brasileiro” e “Histórias faladas e cantadas”. Hoje, ainda se apresenta na Cultura, no programa Sr. Brasil.

O menestrel tem uma vida ativa na cultura de Franco da Rocha. É convidado permanente do pro-grama Opção Musical, da Rádio Estação, atua como produtor cul-tural e é membro da Cooperativa Cultural Brasileira, que desenvolve projetos através de leis de incentivo fiscais para municípios e empre-sas. “Existe aqui necessidade de se fazer uma cultura local. O cara precisa ler uma poesia sobre o trem que ele pega todo dia, uma letra de música sobre a rua em que ele anda. Como faz o hip hop hoje, importante para a criação da iden-tidade cultural das comunidades, de maneira muito mais visceral. Como o Chico Buarque fazia”.

Ranulpho toma seu café sem pressa, olhando a loja Pernam-bucanas do Centro, lembrando do tempo em que era um cinema com mais de 1.200 lugares. Do tempo em que assistia aos filmes de Charlie Chaplin no cinema do Pouso Alegre. Acende um cigarro, amaldiçoa o vício e deixa duas frases com as quais gostaria que finalizassem um texto sobre sua trajetória: “Franco da Rocha: ainda te amo” e “Soy loco por ti, Juquery”. Se despede e segue a caminhando pela noite fria.

Millenium

Se o sol deste milênio no céu revirare uma revolução este mundo abalare num movimento do ventoo tempo parar e a vida renascere celebrar a glória de viver

Se a toda maldade o amor resistirdessa transformação ninguém puder fugirNa humanidade ninguém mais chorar pelo amor que perdeue se eternamente a paz na terra residirSe nada envelhecer, ninguém disser “adeus”

Amor e harmonia, sonhar todo diaeterna alegria seria viverE se todo o universo mudarNuma prece a Deus vou dizer:

Que na luz do amor mais profundovocê ficasse no mundocomo todo mundo vê... e Deus não mudasse nada em você!

Por todos os milêniosassim, nem mais, nem menosexatamente assim, quero você!

Na paz, nos desenganos,por um bilhão de anosque seja assim, somente assim: você!

Por todos os milênios,assim, sem mais, nem menos,eternamente assim para mim: você!

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Educando as próximas geraçõesNOSSA GENTE

SOCIAISnEsta sEção, trarEmos sEmprE as pEssoas, LugarEs E EvEntos quE briLham na vida sociaL dE nossa cidadE E rEgião

Aniversariantes

Carlos Aberto de Souza

29 de setembro

Marli Bueno

29 de setembroPaulo Carvalho

28 de setembro

Renata Celeguim

30 de setembro

nEsta sEção vamos rEgistrar as histórias, os “causos”, a vida dos homEns E muLhErEs quE FizEram E FazEm, a cada dia, a nossa cidadE

Edmea Cássia Santos Cruz nasceu na véspera do Natal de 1959. Franco da Rocha ainda tinha ares interioranos, a maioria dos moradores se conhecia e quase não havia violência urbana na cidade. Edmea cresceu na Vila Ramos, em uma época que o coreto característico do bairro não existia. “Passava as tardes brincando no campo da aviação, tenho saudades dessa infância.”

Seu primeiro emprego foi no então coração da cidade, o Hospital Juquery. Ao redor dele, girava a vida da maior parte da população de Franco da Rocha. Edmea trabalhava para pagar a faculdade de letras, cursada em São Paulo, em um período de muita correria. A cidade mudou muito de lá para cá, e o Juquery está quase desativado. “Hoje, per-demos as pessoas que conhecemos no meio da multidão”, diverte-se.

Assim que se formou, Edmea começou a lecionar no Befama – até então não era ne-cessário concluir o magistério para dar aulas. Como professora de português, trabalhou nas

escolas Padre Egídio, no Parque Vitória, e em outras instituições, até prestar um concurso público para assumir a direção da escola Elvira Parada Manga, na Vila Josefina, onde mora atualmente. “É um bairro que gosto muito. Apesar de carente de infraestrutura social, tem uma comunidade forte e unida.”

Da trajetória como professora, Edmea carrega consigo boas memórias. “Conquistei muitos amigos. Tem alunos que lembram de mim até hoje, fico orgulhosa”. Mas lamenta o descaso com a educação da cidade. “Gostaria que a qualidade do ensino fosse prioridade dos governos. Os profissionais da educação devem ser valorizados, com salários con-dizentes à importante função de educar as próximas gerações.”

Edmea também é colabora do jornal Juca Post, desde 1992, com a coluna social da cidade, junto ao amigo e diretor do jornal, Dito Coutinho. Em breve, ela retornará suas atenções para o programa Opção Musical, na Rádio Estação.

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