Lina Bo Bardi - Casa de Vidro
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lina bo bardi
Camila MatosFrancesca Scapoli
Guilherme Graciano
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indice
1 ............. Lina Bo Bardi
2 ............. A casa de vidro
34 ............. Considerações 3nais
35 ............. Apêndice
36 ............. Fotos da maquete
73 ............. Oredem cronologica das prinicipais realizacoes e projetos
74 ............. Bibliogra3a
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Em 1946, Lina Bo Bardi, juntamente com seu marido Pietro Maria Bardi, partem da Europa pós-guerra e vão para o Brasil, onde encontram “um novo lugar para as utopias”. Eles viam nessa mudança as possibilidades de poder fa-zer algo novo, tinham a esperança de construir algo moderno, esperança esta que acreditavam não haver no continente europeu daquela época, assolado pela guerra.
Lina Bo Bardi nasceu em Roma, em 1914, e se formou arquiteta em Milão. Na Itália, trabalhou no escritório do arquiteto italiano Gio Ponti1, que na época era editor da revista Domus. Lina foi diretora da revista Quaderni di Domus2 e exerceu uma intensa atividade editorial. A arquiteta também possuiu escri-tório próprio na Itália, porém, no período da II Guerra Mundial havia pouco trabalho e seu escritório chegou a ser bombardeado. É devido a estes traumas de guerra, ao clima de destruição e à falta de esperança que via no período pós-guerra que Lina Bo Bardi parte para o Brasil, em 1946, em busca de um lugar onde pudesse concretizar suas idéias.
A arquitetura moderna brasileira desenvolve-se entre o “espírito da época” e o “espírito do lugar”, ou seja, entre a vontade de integração ao movimento internacional e o desejo de pertencer a um ambiente e a uma cultura especí3-cos. Lina Bo Bardi encontra, quando chega ao Brasil, um ambiente favorável à arquitetura moderna e às vanguardas artísticas. A produção dos arquite-tos brasileiros da época e obras como o Ministério da Educação e Saúde3, projetado por uma equipe de arquitetos liderada por Lúcio Costa4, e com a colaboração de Le Corbusier4, a estimulam a 3car no Brasil.
“Nada sabíamos a respeito do Brasil quando estávamos na Europa, o que nos empolgou, a nós da geração da resistência, foi a grande arrancada da arqui-tetura brasileira, Lucio Costa, Oscar Niemeyer, os Roberto e todos os outros. O Ministério da Educação e Saúde guardava o Brasil como um sentinela, com seus jardins, suas caixas d’água azuis, uma saudação fraternal para quem chegava de navio ”
Lina Bo Bardi
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lina bo bardi
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As intenções de Lina Bo Bardi se enquadram neste contexto brasileiro, onde sua obra é um exemplo da dicotomia entre os ideais modernos e as especi3cidades culturais de cada lugar do Brasil em que projetou.
Lina sempre teve uma forte participação política, tanto no Brasil quanto na Itália, onde participou do Partido Comunista clandestino nos tempos de guerra. Essa responsabilidade política e social aparece em seus escritos e em seus projetos e é justi3cada, em parte, pelo contexto econômico e so-cial conturbado, tanto em Itália como no Brasil, e também por sua consci-ência social empenhada e seu interesse em diferentes áreas culturais.
No Brasil, Lina Bo Bardi, vê várias possibilidades a partir do povo e da arte popular. Ela defende a “instauração de uma cultura nacional”, divul-gando “manifestações que exprimam a genialidade do país”5 para além do erudito, que é “o3cial e sacralizado”, promovendo a valorização dos jovens e evidenciando manifestações de arte popular e indígena, reivindicando assim, a diversidade cultural que encontra.
5. Todas as imagens desta pagiana referem-se à exposição Nordeste, que inaugura o Museu de Arte Popular da Bahia
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Os projetos desenvolvidos por Lina Bo Bardi apresentam uma forte ligação com o lugar onde se encontram. A arquiteta assume uma postura de diálogo entre a arquitetura moderna e as tradições características de cada lugar, valorizando a arte popular e as condições de cada sítio. Seus projetos de maior relevância, apenas para citar alguns, foram: o Museu de Arte de São Paulo (MASP)6, o SESC Pompéia8, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAMB)7, a Igreja do Divino Espírito Santo do Cerrado10 e a casa que construiu para si mesma, a Casa de Vidro9.
Cada um desses projetos citados apresenta características diferentes e relacionam-se com o lugar onde estão situados. O edifício do MASP encontra-se elevado sobre quatro pilares devido às restrições legislativas que impediam a construção a partir do rés-do-chão naquele terreno. O SESC Pompéia é um centro cultural que aproveita a estrutura de uma antiga fábrica, onde as intervenções de Lina são pontuais e não agridem a estrutura preexistente, o que acontece também na transformação de um antigo casarão de origem colonial no Museu de Arte Moderna da Bahia. A Igreja Espírito Santo do Cerrado, que é construída com materiais baratos e regionais pelos moradores locais e, a Casa de Vidro, uma arquitetura de caráter moderno, introduzida no meio da mata e relacionando-se com a natureza. Todos esses projetos têm uma forte relação com o lugar e com o contexto social e cultural em que se inserem.
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A Casa de Vidro12 foi construída em 1951, ano em que Lina Bo Bardi natu-ralizou-se brasileira. A casa foi projetada para ser a residência da arquiteta e de seu marido, Pietro Maria Bardi. Foi uma das primeiras casas a ser con-struída no bairro paulistano do Morumbi, que naquela época ainda mantinha uma parte remanescente da Mata Atlântica. A casa é considerada “a primeira casa ‘moderna’ na mata”11.
É a obra com maior repercussão internacional de Lina Bo Bardi, pois faz referência aos elementos mais característicos da arquitetura moderna, adaptando-os às condições locais. Encontra-se no projeto a estética corbu-
próxima das produções de Mies Van Der Rohe.
vedados por cristal, são um exemplo único, pois foi feita de acordo com o
com base em normas européias, tornando impossível, atualmente, que esse tipo de estrutura fosse construída. Essa estrutura leve15, que toca o terreno
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mo o local de implantação da casa, e a relação que a arquiteta buscou entre
11. Todas as imagens desta página são croquis de Lina Bo Bardi feitos para a sua habitação
casa de vidro, 3283
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Lina Bo Bardi dizia que a casa serve como refugio e proteção, mas ao mesmo tempo, não deixa de participar do ambiente onde se encontra13,14. A vegetação participa da arquitetura e a mata assume um papel interativo com a habi-tação, onde a paisagem esta presente no interior da casa.
Além desse pensamento poético, a proximidade das árvores é fundamental para o conforto térmico da construção, já que estas mantém em sombra as superfícies envidraçadas e mantém o ambiente úmido e em temperaturas agradáveis, compensando assim, a utilização de materiais com pouca resi-stência térmica em climas tropicas, como o vidro.
A Casa de Vidro16 é uma obra que expõe o paradigma do compromisso da importação de uma vanguarda arquitetônica surgida na Europa e a adaptação de seus modelos às circunstâncias culturais, paisagísticas e sociais do local. Esta atitude acompanha toda a obra de Lina Bo Bardi, que dirige seu partido arquitetônico reconhecendo a cultura tectônica do lugar.
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Lina demonstrou ao longo de seus trabalhos, que a arquitetura tem que ter uma atitude modesta, tem que se preocupar com os modos de vida do povo e procurar resolver, por meios técnicos, as di3culdades sociais e cotidianas.
A obra de Lina Bo Bardi defende uma visão crítica da arquitetura e das po-tencialidades naturais do lugar e do “ambiente humano”. Para Lina, o arqui-teto deve ter a humildade e consciência de privilegiar a adequação do projeto ao lugar e às necessidades sociais e culturais, do que impor uma vontade formal ou estilística, quase sempre arti3cial e deslocada.
O grande legado de Lina Bo Bardi para a arquitetura é sem dúvida, seu “olho antropológico” que permitiu a valorização da expressão popular e das técni-cas construtivas locais, baseada na pesquisa antropológica e social.
Eu acho que se pudesse tentar entender qual foi a grande contribuição da Lina para a arquitetura, eu arriscaria dizer que, a grande contribuição é a intro-dução do olho antropológico no fazer arquitetônico. Esse olho que vai e vê lá no fundo como é que as pessoas vivem; como elas se organizam; como elas se comportam. Essa capacidade única de entender as pessoas na maneira de viver, na maneira de ser, aliado a uma poesia enorme, uma poética enorme, a uma vontade de sonhar tão grande e de construir um mundo novo, fez com que a Lina tivesse feito uma obra tão forte como essa, uma obra que não é grande em volume, mas é de uma força descomunal.
Marcelo Ferraz
considerações
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1947
1950
1951
1955-1957
1957
1957- 1968
1958
1959
ordem cronológicaprincipais realizações e projetos
1960
1961
1962
1963
1965
1968
1969
1971
1975
1976-19821977
1978
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........... FERRAZ, Marcelo Carvalho (coordenador editorial), Lina Bo Bardi. 3ª edição: 2008 São Paulo: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, Imprensa O3cial do Estado de São Paulo, 2006
in : ARQ/A: revista de arquitectura e arte. Ano 4. N° 23 . Lisboa. (jan-fev 2004) p. 14-15.
........... SIMÃO, Catarina Braga; BARRANHA, Helena Silva, Lina Bo Bardi e a Arquitetura no Brasil.