Newsletter befmp abril_2013_projetos_parcerias

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1 BIBLIOTECA ESCOLAR FERNÃO MENDES PINTO NEWSLETTER nº 4 abril / 2013 EDITORIAL Em cada ano letivo, as Bibliotecas Escolares têm um programa prioritá- rio a cumprir, definido previamente no Plano de Ação que traça o traba- lho de um quadriénio e, mais espe- cificamente, no Plano Anual de Ati- vidades. A Gestão da Biblioteca Escolar foi nossa prioridade em 2009/2010, procurando-se uma organização de estantes e prateleiras de acordo com regras internacionais de biblio- teconomia que facilitassem o livre acesso dos leitores, pois a promo- ção da leitura é sempre o eixo cen- tral e a razão de ser das próprias bibliotecas - públicas ou privadas, municipais, escolares ou especiali- zadas que sejam. Leitura e literacias foi o domínio predominante em 2010/2011, momento em que na nossa BE quin- tuplicámos o número de requisições de livros por leitor em relação aos dados de dois anos anteriores. No passado ano letivo, o enfoque do trabalho da BE esteve no Apoio Curricular, com a construção de listas bibliográficas, de maletas pedagógicas, de guiões de pesquisa e tarefas afins de suporte às aulas e às aprendizagens na escola em geral. Este ano, são os Projetos e Parce- rias o domínio a desenvolver priori- tariamente. E dizemos prioritariamente, porque nunca nenhum dos quatro eixos que compõem o programa das BE pode ser descurado. Assim, todos os dias se arrumam livros ou se registam periódicos, vertente da gestão que acompanha, por exemplo, o traba- lho de classificação e cotação de vídeos - atualmente desenvolvido pelas docentes Isabel Simões, Con- ceição Oliveira e Sandra Silva e pela própria professora bibliotecária (PB) - de modo a facilitar o acesso do utilizador, assim como a constru- ção de novos porta-títulos de estan- te e de prateleira, a cargo de Ana

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BIBLIOTECA ESCOLAR FERNÃO MENDES PINTO

NEWSLETTER nº 4

abril / 2013

EDITORIAL

Em cada ano letivo, as Bibliotecas

Escolares têm um programa prioritá-

rio a cumprir, definido previamente

no Plano de Ação que traça o traba-

lho de um quadriénio e, mais espe-

cificamente, no Plano Anual de Ati-

vidades.

A Gestão da Biblioteca Escolar foi

nossa prioridade em 2009/2010,

procurando-se uma organização de

estantes e prateleiras de acordo

com regras internacionais de biblio-

teconomia que facilitassem o livre

acesso dos leitores, pois a promo-

ção da leitura é sempre o eixo cen-

tral e a razão de ser das próprias

bibliotecas - públicas ou privadas,

municipais, escolares ou especiali-

zadas que sejam.

Leitura e literacias foi o domínio

predominante em 2010/2011,

momento em que na nossa BE quin-

tuplicámos o número de requisições

de livros por leitor em relação aos

dados de dois anos anteriores.

No passado ano letivo, o enfoque

do trabalho da BE esteve no Apoio

Curricular, com a construção de

listas bibliográficas, de maletas

pedagógicas, de guiões de pesquisa

e tarefas afins de suporte às aulas e

às aprendizagens na escola em

geral.

Este ano, são os Projetos e Parce-

rias o domínio a desenvolver priori-

tariamente.

E dizemos prioritariamente, porque

nunca nenhum dos quatro eixos que

compõem o programa das BE pode

ser descurado. Assim, todos os dias

se arrumam livros ou se registam

periódicos, vertente da gestão que

acompanha, por exemplo, o traba-

lho de classificação e cotação de

vídeos - atualmente desenvolvido

pelas docentes Isabel Simões, Con-

ceição Oliveira e Sandra Silva e

pela própria professora bibliotecária

(PB) - de modo a facilitar o acesso

do utilizador, assim como a constru-

ção de novos porta-títulos de estan-

te e de prateleira, a cargo de Ana

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Cristina Cabeçadas, professora de

Artes e colaboradora da BE.

De igual modo, o destaque de livros

e a sugestão de leituras continuam

a ser tarefas recorrentes, assim

como o apoio aos alunos que na BE

estudam e fazem as suas pesqui-

sas.

Para além destas e de muitas

outras rotinas, priorizamos este ano

as parcerias e os trabalhos de proje-

to, de que damos conta nesta

Newsletter.

Enfatizamos o Projeto Ler+Jovem,

lançado pela Rede de Bibliotecas

Escolares e a que nos candidatá-

mos a nível nacional. Não fomos

selecionados de modo a merecer-

mos o patrocínio e o apoio pedagó-

gico da universidade que supervi-

sionaria o projeto. Porém, o que nos

movia e move continua a ser a von-

tade de construir mais e melhores

leitores. Por isso, as atividades

prosseguem, em três linhas de ação

– nas aulas dos professores do

ensino secundário que decidiram

integrar tempos privilegiados de lei-

tura nas suas aulas; na ação direta

com a turma de 10º ano do Curso

Profissional de Turismo e na Comu-

nidade de Leitores com a Universi-

dade Sénior de Almada.

Destacaremos também a não

menos significativa experiência de

parceria com a empresa CONSU-

LAI, cujos trabalhos foram desen-

volvidos pelos professores de Edu-

cação para a Cidadania com as

turmas de 9º ano, em articulação

com a Biblioteca Escolar.

Maria Carla Crespo

Professora bibliotecária

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COMUNIDADE DE LEITORES

No âmbito do Projeto Ler+ Jovem,

que a Biblioteca Escolar Fernão

Mendes Pinto está a desenvolver

com várias turmas com o objetivo

de incentivar a leitura nos jovens do

ensino secundário, em janeiro

dinamizámos duas sessões: uma

com a presença de um grupo de

seniores da Universidade Sénior de

Almada (USALMA) e outra com a

turma do Curso Profissional de

Turismo.

A sessão com adultos, em que

estiveram presentes 19 seniores, 3

professores e 18 alunos, começou

com a apresentação de O Papa-

açorda, obra sobre o árduo trabalho

no Alentejo de que o próprio autor

falou, pontuando a sua comunica-

ção com algum humor tipicamente

alentejano.

De seguida, alunos, adultos da

USALMA e professores da ESFMP

comunicaram ao grupo as suas lei-

turas e reflexões sobre as mesmas,

o que foi ainda marcado pela recita-

ção de alguns poemas.

No final, todos os presentes aderi-

ram à atividade “Convence-me a

ler um livro”. Cada um inscrevia,

na tira de papel apensa à sua cadei-

ra, o título do livro que gostaria de

sugerir aos outros e, numa breve

frase, indicava o motivo da sua

escolha.

CONVENCE-ME

A LER UM LIVRO

Porque tem uma

história um tanto

tocante.

Porque alia a beleza da

escrita à exemplaridade

da sua mensagem.

Porque relata os

problemas de muitos

jovens de hoje em

dia, em factos bas-

tante reais e apro-

fundados.

Porque trata da

II Guerra Mundial e

dos seus efeitos no

mundo.

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Porque retrata a vida

de uma adolescente

que engravidou e que

foi acolhida com o

filho num lar. O tema

é a gravidez na ado-

lescência.

Porque é um livro

inesquecível que nos

dá uma visão mais

profunda sobre como

era a vida de uma

família na Alemanha

nazi.

Porque é um

livro que nos

mostra de uma

forma diferente

a vivência de

uma grande

personagem de

Fernando Pes-

soa.

Porque nos encoraja

a lutar pelo que que-

remos. Mostra-nos o

interesse do jovem

pelo velho e a neces-

sidade de não viver-

mos na solidão.

Porque é divertido

e histórico.

Porque tem uma

história de amor

fantástica e

impossível.

Porque a escrita nos

dá a sensação de que

estamos a ver o que

ele escreve.

Porque mostra a

vontade férrea de

vencer o tubarão.

Porque nos relata

muito do que foi

(é) a vivência na

China, com os

seus usos e cos-

tumes.

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Porque é uma

história de vida

fantástica.

Porque narra histó-

rias de vida em que

vence o amor.

Porque é um

romance proibi-

do, que retrata o

México rural.

Toda a trama

narrativa roda em

torno da cozinha,

o que faz com

que seja original.

Porque é um olhar

do séc. XX sobre

a realidade portu-

guesa de outros

tempos.

Porque sendo um

sociólogo há sem-

pre algo que se

aprende.

Porque é uma

história fantásti-

ca.

Porque vai

certamente

mudar a tua

opinião

sobre a

sociedade

americana

dos anos 60.

Porque é um

livro que o vai

certamente mar-

car para a vida.

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Porque é uma

obra simples que

ao mesmo tempo

nos ensina muito

sobre a morte e

quem nos deixou.

Porque é uma

história de

amor em que

os desejos se

tornam reali-

dade e tudo o

que é triste se

torna feliz.

Porque retrata a

história de um

homem que

cresce enquanto

pessoa com a

ajuda de uma

prostituta.

Pela forma como

mostra a vivência

naquele século

(XIX).

Porque tem

estilo muito

original, história

forte e crua e é

um escritor da

nova geração.

Porque tem

poder imagi-

nativo, facili-

dade de criar

beleza e sim-

plicidade em

escrever.

Porque é muito

emotivo, drástico

e perturbante,

sendo uma obra

bastante interes-

sante.

Porque é um crime

com um autêntico

pânico no mundo

real.

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Porque revela

como a ternura

pode ajudar a

ultrapassar a

degradação do

ser humano e a

perda das suas

capacidades. E como o amor ver-

dadeiro vence todos os obstáculos.

Porque esta é

uma das gran-

des aventuras

de Holmes,

considerado o

melhor detetive

de sempre.

ARROZ DO CÉU

A sessão de leitura com a turma

10º9 aconteceu no dia seguinte. O

ambiente tentou criar alguma sur-

presa e expectativa.

A Helena havido referido na véspera

que só gostava de ver filmes

baseados em obras depois de as ter

lido. E a Joana referira a sua atra-

ção por temas históricos, nomea-

damente relacionados com a II

Guerra Mundial.

Aproveitando os testemunhos das

alunas presentes na 1ª sessão de

leitura, a professora bibliotecária

compilou conjuntos de livros e DVD

para a sessão com os jovens. As

áreas foram diversificadas procu-

rando abranger os gostos de todos

os alunos da turma, através da con-

sulta das suas fichas de leitor da

BE. Houve tempo para discutir con-

teúdos e géneros literários ou cate-

gorias cinematográficas ao gosto de

cada um, não faltando os policiais, a

pedido do Ricardo Damas.

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Na 2ª parte da sessão, a surpresa:

a narração do conto que serviu de

mote para a decoração da sala –

“Arroz do Céu”, de José Rodrigues

Miguéis. Uma história de um imi-

grante de leste na cidade de Nova

Iorque cuja pobreza e ingenuidade o

levam a viver do arroz que chove

dos respiradouros do metropolitano

e a acreditar que se trata de um

maná divino, que o alimenta a si e à

sua numerosa família. O seu cora-

ção agradecido reza cada noite:

“Arroz do céu…”, enquanto a dura

realidade do “céu do limpa-vias é a

rua que os outros pisam”. Uma

reflexão sobre a sociedade de con-

sumo e possíveis posturas face aos

bens materiais e à sua ausência.

Por outras palavras, a dimensão

humana da literatura, que nos

oferece tantos bocadinhos de

céu...

SUSSURRAR POESIA…

Em março, as escolas aderem ao

desafio lançado pelo Plano Nacional

de Leitura, que propõe um tema

para mergulharmos mais profunda-

mente nos livros.

Na 7ª edição do PNL, o mar foi o

tema aglutinador de projetos e leitu-

ras, literárias e não literárias.

Entre nós, os livros tinham a inspi-

ração de símbolos, de músicas e de

vozes de diferentes gerações. A

USALMA, Universidade Sénior de

Almada, aderiu em força a mais

uma sessão da nossa Comunidade

de Leitores com alunos e professo-

res.

Os jovens acolheram os mais

velhos com sussurradores de

poesia – tubos decorados pelos

próprios e que serviam de caixa de

ressonância para dizer poesia ao

ouvido de quem chegava.

Depois, cada um se acomodou e,

apesar da chuva que nem por isso

deixou de atrair todas as gerações,

a onda de leitura prosseguiu. De

onda em onda, de texto em texto

celebrámos a poesia e o texto nar-

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rativo, sem interrupções, num

daqueles momentos de pausa e de

lazer reconfortantes que nos preen-

chem a alma, porque genuínos e de

dádiva.

A D. Maria, da comunidade sénior,

leu um texto de sua própria autoria,

composto na Costa da Caparica,

quando por lá passeia e medita.

Outros dois amigos octogenários,

de invejável memória, declamaram,

em coro, um texto de autor setuba-

lense que há anos interpretam no

grupo de teatro amador de que

fazem parte.

Sucederam-se diferentes leituras –

dos treze aos mais de noventa

anos, presentes na sala. E mais que

a diversidade de textos escolhidos

por cada um, fica a experiência úni-

ca e enriquecedora do encontro

intergeracional.

INGREDIENTES DO

CONTO POPULAR

A turma 10º9, do Curso Profissional

de Turismo, continua a desempe-

nhar um papel ativo no Projeto

Ler+Jovem.

Desta vez, foram os contos dos

Irmãos Grimm que espoletaram as

atividades de leitura e escrita.

A partir de contos previamente sele-

cionados construíram-se cartas com

expressões de tempo e lugar indefi-

nidos, com referências a persona-

gens, objetos e elementos simbóli-

cos ou excertos de diálogos.

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Baralhadas as cartas, que o mesmo

é dizer os excertos dos vários con-

tos, aos alunos compete agora

recriar uma história obedecendo à

estrutura dos contos tradicionais.

Com criatividade e rigor na expres-

são escrita e na tipologia textual, os

contos produzidos pelos alunos

serão sujeitos a concurso.

O premiado será lido e interpretado

pelo próprio grupo a alunos do 1º

ciclo da Escola Básica do Pragal, no

dia 28 de maio.

A representação e o

mento da turma nas aulas de Portu-

guês está a cargo da professora

Carla Coelho; a exposição sobre os

Irmãos Grimm, cedida pelo Goethe

Institut, é da responsabilidade da

Diretora do Curso, professora Lur-

des Cruz; a construção dos mate-

riais pedagógicos e a dinamização

do projeto compete à PB.

Assim se estabelecem parcerias e

se desenvolvem projetos cuja cen-

tralidade consiste na leitura e na

produção escrita.

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INICIATIVA CRESCER

INICIATIVA CRESCER é outro pro-

jeto desenvolvido este ano pela

biblioteca e que resulta de uma par-

ceria com a empresa CONSULAI,

do setor agro-alimentar.

A Fernão Mendes Pinto foi pioneira

nesta ligação da empresa às esco-

las. Aos alunos de 9º ano, nas aulas

de Educação para a Cidadania,

competia a tarefa de imaginar um

produto original a partir da pera

rocha do oeste e conceber um

negócio.

As fases da literacia da informa-

ção estavam obrigatoriamente pre-

sentes, pois era indispensável pes-

quisar e fundamentar opções a par-

tir dos instrumentos de apoio cria-

dos pela CONSULAI e pela BE e

organizados numa Maleta Pedagó-

gica.

O projeto teve êxito: a turma pre-

miada – 9º2 – participou numa des-

locação a um pomar e à Central de

Fruta Luís Vicente S.A., em Freixo-

feira, Torres Vedras, visita de estu-

do patrocinada e organizada pela

CONSULAI, graças ao grupo dos

alunos Alípio Gomes, Catarina

Lima, Diogo Faria e Maria Santos,

que conceberam um chá de pera

rocha quente e frio e fundamenta-

ram devidamente as suas estraté-

gias de negócio.

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Este projeto, inserido nos módulos

de Consumo Sustentável e

Empreendedorismo da disciplina

oferta de escola, foi orientado pelos

respetivos professores, em articula-

ção com a Biblioteca Escolar. Uma

oportunidade para aprender conteú-

dos, aprender a expor ideias e a

argumentar e usufruir de uma agra-

dável visita de estudo, de que

seguem algumas fotos.

Projeto pioneiro já com poten-

ciais sucessores

Ao tomarem conhecimento da inicia-

tiva, em reunião de professores

bibliotecários de Almada, outros PB

se sentiram motivados a solicitar

parceria da CONSULAI com as res-

petivas escolas.

E tudo nasceu de uma semente lan-

çada há anos: Bruno Caldeira, hoje

engenheiro florestal e consultor na

CONSULAI, foi em tempos aluno da

Fernão Mendes Pinto e quis voltar,

desta vez como parceiro neste pro-

jeto de responsabilidade social.