O Impacto Osteoarticular de Diferentes Tipos de Treino · 2021. 2. 9. · do treino em indivíduos...
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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Ciências da Saúde
O Impacto Osteoarticular de Diferentes
Tipos de Treino
António Pedro Silva Barbosa
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Medicina (ciclo de estudos integrado)
Orientador: Prof. Doutor Jorge Pon Co-orientador: Prof. Ricardo Madeira
Covilhã, março de 2020
ii
iii
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar aos meus pais por tornarem possível toda a minha formação
académica. Gostaria de agradecer também aos meus irmãos por estarem sempre presentes.
Deixo um agradecimento especial à minha namorada por toda a ajuda na realização desta tese.
Agradeço ao Professor Doutor Jorge Pon e ao Professor Ricardo Madeira pelo suporte estrutural
na realização deste projeto.
Por fim, agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente fizeram parte deste percurso
e me ajudaram a concretizar este objetivo.
iv
v
Resumo
As doenças do sistema musculoesquelético são internacionalmente a causa mais frequente de
morbilidade. A osteoartrose e a osteoporose surgem como as duas principais patologias
osteoarticulares, quer pelo impacto negativo na qualidade de vida das populações, quer pelo
peso socioeconómico a elas associado.
O exercício físico tem vindo a ser estudado no âmbito tanto da prevenção como do tratamento
destas patologias. Dois grandes grupos de exercícios, como o treino aeróbio e o treino de força,
estão na base da maioria dos estudos realizados. Embora na prática clínica, atualmente, seja
mais comum o reconhecimento do treino aeróbio como terapêutica para estes doentes, a
evidência científica reforça a preponderância do treino de força na recuperação funcional e
capacitação nas atividades de vida diárias dos mesmos.
Pretende-se assim esclarecer a existência de benefícios associados ao treino em patologias
osteoarticulares como a osteoartrose e a osteoporose, bem como clarificar quanto à segurança
do treino em indivíduos com estas patologias, assim como se existe superioridade do treino
aeróbio sobre o treino de força.
Palavras-chave
Osteoartrose; Osteoporose; Treino aeróbio; Treino de Força
vi
vii
Abstract
Diseases of the musculoskeletal system are the most common cause of morbidity
internationally. Osteoarthritis and osteoporosis appear as the two main osteoarticular
pathologies due to the negative impact on the population's life quality and the associated
socioeconomic burden.
Physical exercise has been studied in the prevention and treatment of these diseases. Two large
groups of exercises, such as aerobic training and strength training, underlie most studies.
Although in clinical practice, it is more common to recognize aerobic training as therapeutic
for these patients, the scientific evidence reinforces the preponderance of strength training in
functional recovery and capacity in their daily life activities.
It is intended to clarify the existence of benefits associated with training in osteoarticular
pathologies such as osteoarthritis and osteoporosis, as well as the safety of training in
individuals with these conditions and whether there is superiority of aerobic training over
strength training.
Keywords
Osteoarthritis; Osteoporosis; Aerobic training; Strength training
viii
ix
Índice
Agradecimentos iii
Resumo v
Abstract vii
Lista de Figuras xi
Lista de Tabelas xiii
Lista de Acrónimos e Siglas xv
1. Introdução 1
1.1 Enquadramento geral 1
1.2 Objetivos 2
1.3 Materiais e Métodos 2
2. Patologia osteoarticular 3
2.1 Enquadramento médico-social 3
2.2 Osteoartrose 4
2.2.1 Definição 4
2.2.2 Epidemiologia 4
2.2.3 Fisiopatologia 5
2.3 Osteoporose 6
2.3.1 Definição 6
2.3.2 Epidemiologia 7
2.3.3 Fisiopatologia 8
3. Tipos de treino 11
3.1 Recomendações da DGS e ACSM 11
3.1.1 DGS 11
3.1.2 ACSM 11
3.2 Treino de força 12
3.2.1 Definição 12
3.2.2 Impacto osteoarticular 13
3.3 Treino aeróbio 16
3.3.1 Definição 16
3.3.2 Impacto osteoarticular 17
4. Os benefícios osteoarticulares de um treino completo 21
5. Propostas de abordagem do treino em doentes com patologia osteoarticular 23
6. Conclusão 25
Referências Bibliográficas 27
Anexos 31
x
xi
Lista de Figuras
Figura 1 - Comparação de um joelho saudável com um joelho com OA (17) ...................... 6
Figura 2 - Matriz óssea normal vs matriz osteoporótica (18) ......................................... 7
Figura 3 - Remodelação óssea (19) ....................................................................... 9
Figura 4 - A) Contração concêntrica; B) Contração excêntrica; C) Contração isométrica (22) . 13
xii
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Pontos chave na prescrição de treino de força para as duas patologias
(15,16,38,23,25,27,29–31,34,36) ........................................................................ 16
Tabela 2 - Pontos chave na prescrição de treino aeróbio para as duas patologias
(15,16,38,23,25,27,29–31,34,36) ........................................................................ 19
Tabela 3 - Constituintes de uma sessão de treino (11) .............................................. 23
Tabela 4 - Exemplos de treino de força e de adaptações possíveis ................................ 24
Tabela 5 - Exemplos de treino aeróbio e de adaptações possíveis ................................. 24
xiv
xv
Lista de Acrónimos e Siglas
ACSM American College of Sports Medicine
DALY Disability-Adjusted Life Years
DGS Direção-geral da Saúde
DMO Densidade mineral óssea
EULAR European League Against Rheumatism
GH Hormona do crescimento
IGF-I Fator de crescimento semelhante à insulina tipo I
IL Interleucina
IMC Índice de massa corporal
INE Instituto Nacional de Estatística
IOF International Ospeoporosis Foundation
OA Osteoartrose
OMS Organização Mundial da Saúde
PNCDR Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas
PNPAF Programa nacional de promoção da atividade física
PTH Hormona paratiróideia
PTHrP Peptídeo de libertação da hormona paratiróideia
RM Repetição máxima
TGF-β Fator de crescimento transformador-β
TNF-α Fator de necrose tumoral
xvi
Capítulo 1 – Introdução
1
Capítulo 1
1. Introdução
1.1 Enquadramento geral
As doenças do sistema musculoesquelético são internacionalmente a causa mais frequente de
morbilidade. Estas englobam entidades clínicas desde alterações funcionais do sistema
musculoesquelético a doenças metabólicas. Estão muito frequentemente associadas a dor e
incapacidade, com repercussão negativa na saúde e na qualidade de vida dos doentes (1–8).
Algumas das doenças reumáticas mais frequentes, como a osteoartrose e a osteoporose, estão
associadas a fatores de risco modificáveis. A atividade física poderá ter um papel importante
no decurso dessas doenças e no seu impacto nas atividades de vida diárias, podendo melhorar
desde a capacidade funcional dos indivíduos até ao seu índice de massa corporal (IMC) (2–9).
Atualmente, com a crescente promoção do exercício físico quer pela comunicação social quer
pela comunidade médica é fulcral que exista alguma coerência na informação transmitida à
população. A quantidade de tipos de exercício físico e a sua acessibilidade, podem ser tanto
benéficas quanto prejudiciais (10–13).
O impacto osteoarticular tem sido estudado em diferentes tipos de treino. A divisão entre
exercícios aeróbios, como a corrida e natação, e exercício anaeróbios, como o treino de força,
permitiu avaliar diversos efeitos que podem ser alcançados através destes estilos de treino (1–
4,10,14).
Na globalidade, o exercício físico parece estar associado a melhorias significativas nas
patologias osteoarticulares. Segundo a evidência científica, o treino melhora a densidade
mineral óssea (DMO), tendo um efeito osteogénico considerável contribuindo assim para
redução da degradação do tecido ósseo e do risco de fraturas inerente. O treino revelou ainda
benefícios a nível do reforço muscular, flexibilidade e equilíbrio, o que para além do impacto
positivo na capacidade funcional tem também utilidade na redução da dor (1–4,10,14–16).
As características do tipo de treino, como o grau de impacto, a carga utilizada, a duração do
estímulo e o tempo de recuperação entre esses estímulos, terão uma relação direta com os
resultados obtidos através do exercício. Os estudos que vão sendo realizados, referem ainda
assim alguns pontos chave em comum, como a importância da integração de uma grande
variedade de exercícios. Planos de treino completos com treino aeróbio, treino de força,
flexibilidade e equilíbrio, são o pilar das recomendações finais da Direção Geral de Saúde (DGS)
e da American College of Sports Medicine (ACSM) (5,8,9,12,13).
Capítulo 1 – Introdução
2
Ainda a Organização Mundial de Saúde (OMS) e European League Against Rheumatism (EULAR)
defendem a importância do exercício físico, quer na prevenção, quer no tratamento de
enumeras patologias reumáticas (8,12,13).
1.2 Objetivos
O objetivo principal da presente monografia, baseada em ciência básica e estudos clínicos, é
esclarecer a existência de benefícios associados ao treino em patologias osteoarticulares como
a OA e a osteoporose. Também procura clarificar quanto à segurança do treino em indivíduos
com estas patologias, assim como se existe superioridade do treino aeróbio sobre o treino de
força ou vice-versa.
1.3 Materiais e Métodos
Na realização desta revisão foram utilizados artigos científicos retirados da base de dados da
“PubMed” (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed). Outras referências bibliográficas foram
obtidas consultando livros da especialidade de Ortopedia e de Medicina Interna, bem como
documentos da Direção-Geral da Saúde (DGS), American College of Sports Medicine (ACSM),
European League Against Rheumatism (EULAR) e International Ospeoporosis Foundation (IOF),
entre outros.
A pesquisa dos artigos foi efetuada fazendo recurso às palavras-chave “strength training and
osteoarthritis”, “aerobic trainings and osteoarthritis”, “strength training and osteoporosis” e
“aerobic trainings and osteoporosis”. Foram selecionados artigos com a restrição de estar
disponível para leitura o seu texto completo sem custos adicionais, sendo analisados apenas
artigos escritos em português e inglês.
Um total de 452 artigos foram identificados através de pesquisa nas bases de dados. Após uma
breve análise do resumo destes artigos, selecionaram-se 43 artigos para leitura integral. Após
a leitura dos mesmos, 15 foram excluídos, utilizando-se para a realização da tese 28 artigos nos
quais os temas abordados ajudavam a esclarecer os objetivos pretendidos de forma concisa e
pertinente.
Capítulo 2 – Patologia osteoarticular
3
Capítulo 2
2. Patologia osteoarticular
2.1 Enquadramento médico-social
A patologia osteoarticular, segundo o Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas
(PNCDR), engloba mais de uma centena de entidades clínicas, compreendendo as doenças e
alterações funcionais do sistema musculoesquelético de causa não traumática e incluindo
doenças inflamatórias (do sistema musculoesquelético, do tecido conjuntivo e dos vasos),
doenças degenerativas (das articulações periféricas e da coluna), doenças metabólicas (ósseas
e articulares), alterações de tecidos moles periarticulares e doenças de outros órgãos e/ou
sistemas relacionadas com as anteriores. A sua associação com a dor e a incapacidade funcional,
com consequentes disfunções orgânicas, limitações na atividade e restrições na participação
social são as características comuns à grande maioria das patologias osteoarticulares (5–7,9).
As doenças do sistema musculoesquelético são internacionalmente a causa mais frequente de
morbilidade. A sua grande frequência e a incapacidade que a elas frequentemente se associa
resultam num enorme impacto na saúde e na qualidade de vida das populações, para alem do
fardo socioeconómico que acarretam. Em 2005, na Europa, estimou-se uma prevalência
pontual de dor de causa musculoesquelética na população adulta entre 20 e 30%. O peso da
patologia musculoesquelética resulta da combinação entre elevada incidência, baixa letalidade
e baixa probabilidade de cura (5–9).
As doenças musculoesqueléticas, como outras doenças cronicas, estão associadas a diversos
fatores de risco que afetam a sua incidência assim como o seu prognostico. Desta forma, além
do envelhecimento, a obesidade, o défice nutricional, a atividade física inadequada e o
consumo de tabaco são nucleares no seu desenvolvimento (8,9).
A incidência das doenças reumáticas mais frequentes, tais como a osteoartrose e a osteoporose,
aumenta com a idade. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), o peso
relativo da população com 65 ou mais anos de idade aumentará de 17,4% em 2008 para 32,3%
em 2060 (8,9).
Atualmente, em Portugal assiste-se ao aumento da taxa de sedentarismo, principalmente no
sexo feminino, tanto considerando a atividade física total como a de lazer. Inerentemente, a
prevalência da obesidade (índice de massa corporal igual ou superior a 30 kg/m2) tem vindo a
aumentar e o efeito fisiopatológico do excesso de peso deve ser considerado nas componentes
metabólica e mecânica (9).
Capítulo 2 – Patologia osteoarticular
4
A ingestão adequada de micronutrientes em particular o cálcio e a vitamina D, fundamentais
na saúde musculoesquelética, em Portugal, evidencia a necessidade de uma boa gestão de
recursos para a prevenção primaria destas doenças (8,9).
Estudos recentes, demonstraram uma diminuição ao longo da última década, do consumo de
tabaco no sexo masculino e um crescimento no sexo feminino (9).
Desta forma e tendo me conta o impacto de cada um dos fatores acima citados, é seguro admitir
que a incidência da patologia osteoarticular tem tendência a aumentar, caso não sejam
adotadas políticas no sentido de atuar o mais cedo possível na sua prevenção (6,7,9).
2.2 Osteoartrose
2.2.1 Definição
A osteoartrose (OA) é uma doença cronica caracterizada pela deterioração da cartilagem
articular, da qual resulta o aumento da rigidez, dor e debilidade articular. É uma patologia que
consiste na perda de cartilagem articular hialina, acompanhada por um aumento na espessura
e esclerose da placa óssea subcondral, por um crescimento excessivo de osteófitos nas margens
articulares, distensão da cápsula articular, sinovite discreta em algumas articulações afetadas
e fraqueza dos músculos que cruzam a articulação (4,7).
2.2.2 Epidemiologia
Sendo o tipo mais comum de artrose e doença musculoesquelética, a osteoartrose (OA) é ainda
a principal causa de incapacidade nos idosos. Comumente afeta articulações como a do joelho,
coluna cervical e lombossacral, anca e primeira articulação metacarpofalângica. Também a
mão, nomeadamente articulações interfalângicas proximais e distais, assim como a base do
polegar, são frequentemente afetadas (4,7).
Cerca de 27% dos adultos, mais de 80% dos que têm idade superior a 65 anos, evidenciam (OA)
na mão e 37% dos que têm idade superior a 60 anos, apresentam patologia no joelho. A
prevalência de osteoartrose (OA) sintomática é mais baixa, com 7% dos adultos a apresentarem
patologia sintomática na mão e 17% da população, com mais de 45 anos, a apresentar
envolvimento sintomático do joelho (6).
Ainda que esteja muito associada ao envelhecimento, a osteoartrose tem uma relação forte
com diversos fatores modificáveis e não modificáveis, como a obesidade, a falta de exercício
físico, predisposição genética, densidade mineral óssea, lesões ocupacionais, trauma e género.
Capítulo 2 – Patologia osteoarticular
5
A osteoartrose da mão e do joelho é mais comum entre as mulheres, especialmente acima dos
50 anos (4,6,7).
Em 2010 estimou-se que os distúrbios músculo-esqueléticos eram responsáveis por 6,8% dos
DALY, a nível mundial. Estando a osteoartrose associada a alta morbilidade e sendo a principal
causa de incapacidade a longo prazo, leva a um grande impacto financeiro, com gastos quer
para o estado quer para os doentes. A sua incidência tem tendência a aumentar devido ao
envelhecimento da população (4,6).
2.2.3 Fisiopatologia
Ainda que a fisiopatologia da osteoartrose não seja bem conhecida, na sua base reside uma
perda progressiva da cartilagem articular com uma remodelação do osso subcondral associada.
O desequilíbrio do balanço normal de remodelação da cartilagem, com constante formação e
degradação da matriz extracelular, pende a favor da degradação. Esse excesso de degradação
terá como principais desencadeantes o aumento de fatores catabólicos como a citocinas pró-
inflamatórias e espécies reativas de oxigénio (figura 1) (6).
A osteoartrose é uma patologia que afeta a globalidade da articulação, incluindo para alem da
cartilagem articular, o osso subcondral, ligamentos, cápsula articular, membrana sinovial e
músculos periarticulares. A instabilidade articular pode surgir devido a fraqueza muscular,
ligamentos laxos, lesão de nervos, sensibilização ou hipersensibilidade neuronal. A idade, o
sexo e a raça surgem como fatores de risco proeminentes (6,7).
Os fatores biomecânicos incluem lesões traumáticas quer isoladas quer repetitivas,
relacionadas com atividades físicas ou ocupacionais que envolvem colocar as articulações sobre
stress repetidamente. Alterações congénitas e adquiridas da forma da articulação podem
também estar na causa da patologia. A obesidade para além do impacto biomecânico pode
ainda estas associada a um impacto sistémico devido ao baixo grau de inflação sistémica
característica de síndromes metabólicos (6,7).
O envolvimento da anca e do joelho tem uma forte relação com a presença de uma densidade
mineral óssea elevada e deficiência de estrogénios. Os pacientes geralmente têm história
familiar de osteoartrose ou cirurgias articulares devido a fatores genéticos relacionados com a
patologia. As patologias inflamatórias articulares como a artrite reumatoide podem estar por
trás de uma osteoartrose secundaria (6,7).
Inicialmente podem ser identificadas irregularidades na cartilagem superficial da articulação.
Com o tempo a degradação da cartilagem acentua-se, estendendo-se ao osso subcondral. A
cartilagem pode ser completamente degradada deixando assim apenas osso exposto (6).
Capítulo 2 – Patologia osteoarticular
6
A matriz da cartilagem, na fase inicial, apresenta uma abundância de água e proteoglicanos
reduzidos, ao contrário da desidratação da cartilagem típica do envelhecimento. A linha de
separação entre a cartilagem calcificada e a zona radial é invadida por capilares. Os osteófitos
são cobertos por cartilagem hialina e fibrocartilagem recém-formadas mostrando grande
irregularidade na sua estrutura. Nesta primeira fase, os condrócitos aumentam da taxa de
síntese e de secreção de enzimas degradadoras de matriz. Na fase final isto resulta na fissura
da cartilagem até ao osso subcondral e na libertação de cartilagem para o espaço articular
(2,6,7).
O desequilíbrio, já referido, entre a inibição e a produção de mataloproteinases é
preponderante, assim como a remodelação e o aumento da densidade do osso subcondral.
Foram-se cavidades ósseas com tecido fibroso, cartilagíneo ou misto. Na margem articular, são
formados os osteófitos que contribuem para uma diminuição da mobilidade articular. Apesar
de se pensar que esta formação se deve a uma compensação óssea pelo facto da degradação
da cartilagem, a causa desta produção continua a ser investigada (2,6,7).
Os cristais de pirofosfato de cálcio di-hidratado e hidroxiapatite, são os que mais comummente
se encontram no líquido sinovial e outros tecidos da articulação afetada. O seu papel na
fisiopatologia da osteoartrose não é claro. Ainda que tenham caracter pró-inflamatório, muitas
das vezes são encontrados valores aumentados em indivíduos assintomáticos e nem sempre se
relacionam com a severidade ou extensão da lesão (6,7).
Em suma, são diversos os fatores de risco modificáveis e não modificáveis da osteoartrose. Com
o progredir da patologia, a degradação articular ao se perpetuar torna-se irreversível (6).
Figura 1 - Comparação de um joelho saudável com um joelho com OA (17)
2.3 Osteoporose
2.3.1 Definição
A osteoporose é definida como uma redução da resistência óssea, devido a deterioração da
microarquitetura esquelética, resultando num aumento do risco de fraturas (figura 2). A
definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) baseia-se numa diminuição da densidade
Capítulo 2 – Patologia osteoarticular
7
mineral óssea 2,5 desvios-padrão abaixo da media para adultos jovens do mesmo sexo, ou seja,
um T-score de -2,5. Cerca de 50 % das fraturas ósseas entre mulheres na pós-menopausa, ocorre
no grupo de mulher que são definidas como tendo densidade mineral óssea baixa e um risco
aumentado de desenvolver osteoporose, com um T-score inferior a -1,0. As fraturas ósseas são
importantes para identificar a população que pode pertencer a este grupo com risco aumentado
de osteoporose, pois podem beneficiar de intervenção farmacológica diminuindo assim esse
risco (6,7).
Figura 2 - Matriz óssea normal vs matriz osteoporótica (18)
2.3.2 Epidemiologia
A osteoporose é considerada um problema de saúde publica, dado a sua elevada prevalência.
Atualmente estima-se que afete cerca de 200 milhões de pessoas. Na Europa e nos Estados
Unidos cerca de 30% das mulheres da pós-menopausa é afetada por esta patologia, das quais
40% têm uma grande probabilidade de sofrer uma ou mais fraturas devido à fragilidade óssea
que caracteriza a doença. Nos homens esse número é mais variável podendo estar entre os 15-
30%. Com o envelhecimento da população mundial a relevância desta patologia é cada vez
maior, nomeadamente no caso das mulheres na pós-menopausa (5–7).
A epidemiologia das fraturas acompanha a tendência da diminuição da densidade mineral óssea,
com o aumento da incidência das fraturas tanto do quadril como das vertebras com o
envelhecimento. Está provado que uma fratura inicial é um fator de risco major para novas
fraturas, correspondendo a um aumento de 86% do risco (5).
Na Europa, a prevalência documentada radiologicamente, da fratura vertebral, aumenta com
a idade e chega a ser tão alta nos homens como nas mulheres, rondando os 12%. Este facto
poderá ser justificado pelas fraturas relacionadas com a atividade ocupacional nos homens.
Novas fraturas são mais prováveis nas vertebras adjacentes e ocorrem mais frequentemente
nas vertebras torácicas e lombares (5–7).
Capítulo 2 – Patologia osteoarticular
8
A fratura da anca está associada a uma grande incapacidade e mortalidade. Nas mulheres a
fratura da anca aumenta a mortalidade em 10-20%, comparando com mulheres da mesma idade.
Mundialmente a incidência anual destas fraturas é de sensivelmente 1.7 milhões (5–7).
2.3.3 Fisiopatologia
A osteoporose resulta de uma perda de massa óssea devido a modificação na remodelação do
osso relacionadas com o envelhecimento e outros fatores extrínsecos e intrínsecos. O aumento
da produção de hormonas sexuais é preponderante para a maturação óssea, que atinge a sua
massa e densidade máxima na idade adulta. A densidade mineral óssea durante a puberdade
permanece semelhante nos dois géneros (6,7).
Embora a dieta e o estilo de vida sejam fatores importantes, a densidade e massa óssea máxima
são principalmente influenciadas por fatores genéticos. Estima-se que a hereditariedade tenha
uma preponderância entre 50-80% na densidade e no tamanho ósseo, embora ainda seja uma
área em estudo (7).
Nos adultos a remodelação óssea corresponde a um processo equilibrado de formação de
degradação da matriz, mantendo a integridade da estrutura. Este processo desempenha duas
funções primarias, sendo estas a reparação de microlesões, resultantes tanto de stress oxidativo
como mecânico, mantendo a resistência e vigor do esqueleto, e fornecer cálcio para a
manutenção dos seus níveis séricos. Estas funções são reguladas por inúmeros fatores, entre
eles hormonas como estrogénios, androgénios, vitamina D e PTH, e fatores de crescimento
produzidos localmente como IGF-I, GH, TGF-β, PTHrP, interleucinas, prostaglandinas e
membros da família do TNF-α. Através da relação entre estes fatores, o processo de
remodelação é regulado, iniciando-se pela reabsorção óssea pelos osteoclastos, seguida por um
período de reparação durante o qual o novo tecido ósseo é sintetizado pelos osteoblastos.
Influencias adicionais incluem a alimentação, particularmente os níveis de ingestão de cálcio,
e o nível de atividade física (figura 3) (6,7).
Em adultos jovens, o osso reabsorvido é substituído por tecido ósseo novo, na mesma
quantidade, mantendo a massa óssea. Entretanto, começa e instaurar-se um desequilíbrio neste
processo resultando numa maior reabsorção do que formação, provavelmente devido a um
aumento da atividade osteoclástica e uma diminuição da atividade osteoblástica. A idade média
em que se inicia este desequilíbrio, varia entre os 30-45 anos, sendo exagerado nas mulheres
na pós-menopausa (7).
Quanto maior o número de locais onde ocorre remodelação óssea, maior será a probabilidade
de perda permanente de tecido ósseo e desorganização da sua arquitetura base. Se os
osteoclastos penetrarem nas trabéculas, no osso trabecular, o molde para a formação óssea
Capítulo 2 – Patologia osteoarticular
9
ficará deformado e consequentemente haverá uma perda rápida de massa óssea. O efeito deste
aumento da porosidade do osso cortical poderá ser modesto, se o diâmetro do osso não for
alterado. No entanto, caso se verifique uma menor reposição de tecido ósseo na superfície do
periósteo acoplada a uma reabsorção óssea endocortical aumentada, a resistência biomecânica
dos ossos longos será reduzida. Mecanismo pelo qual, o risco de fraturas óssea esta
impreterivelmente aumentado na osteoporose, sendo esta a principal doença de
desorganização da arquitetura esquelética (6,7).
Figura 3 - Remodelação óssea (19)
Capítulo 2 – Patologia osteoarticular
10
Capítulo 3 – Tipos de treino
11
Capítulo 3
3. Tipos de treino
3.1 Recomendações da DGS e ACSM
3.1.1 DGS
A DGS criou o programa nacional de promoção da atividade física (PNPAF), a ser implementado
no período entre 2016-2019 em conciliação como o Plano Nacional de Saúde 2016-2020. Este
pretende dar resposta as orientações da Estratégia Nacional para a Promoção da Atividade
Física, Saúde e Bem-Estar (12).
Neste programa recomendam, aos adultos saudáveis, acumular, pelo menos, 150 minutos por
semana de atividade física aeróbia de intensidade moderada (ex. marcha rápida) ou vigorosa
(ex. corrida). Dão exemplos de diferentes formas de os atingir: 3 sessões de 50 minutos OU 5
sessões de 30 minutos OU sessões de 20-25 minutos todos os dias. É também aceitável que um
individuo divida o seu treino diário em sessões de 10 minutos, desde que acumule um mínimo
de 30 minutos diários (12,13).
Para alem do exercício aeróbio, acrescentam a recomendação de exercícios de fortalecimento
muscular, pelo menos, 2 vezes por semana. Ainda referem a importância de exercícios que
estimulem a agilidade, a coordenação e o equilíbrio, sem especificar a quantidade. Por fim,
exercícios de flexibilidade (alongamentos) no final de todas as sessões de exercício,
aconselhando o aumento gradualmente da duração e da intensidade da atividade física (12,13).
3.1.2 ACSM
A American College of Sports Medicine (ACSM) defende que os adultos deveriam seguir um
programa de treino que incluísse exercício aeróbio, força muscular, flexibilidade e exercícios
neuromotores (11).
As guidelines da ACSM aconselham a realização de exercício aeróbio 30-60 minutos, com
moderada intensidade, pelo menos 5 vezes por semana (150 minutos total semanal) e 20-60
minutos, de alta intensidade, pelo menos 3 vezes por semana (75 minutos total semanal).
Podendo realizar estes objetivos em sessões continuas ou em intervalos de 10 minutos durante
o dia (10,11).
Para a ACSM o treino de força é importante em todas as idades, com especial atenção para as
idades avançadas onde apresenta uma preponderância ainda maior (11).
Capítulo 3 – Tipos de treino
12
A ACSM recomenda o treino de força de cada grande grupo muscular 2 a 3 vezes por semana
com pelo menos 48h de intervalo entre sessões do mesmo grupo, para todos os adultos. Para
cada grupo muscular devem ser feitos 2 a 4 series de 8 a 12 repetições por serie, com um
descanso de 2 a 3 minutos entre series, para melhorar a performance muscular. Os idosos ou
indivíduos com pouca condição física, devem realizar 1 serie de 10 a 15 repetições com uma
carga moderada. À medida que os músculos se vão adaptando ás cargas utilizadas, número de
repetições e series deve-se aumentar gradualmente as mesmas, para que a força e a massa
muscular continuem a progredir, contribuindo assim para melhoria da capacidade física do
individuo (11).
Os exercícios de flexibilidade, são também recomendados pela ACSM, com o intuito de
aumentar a amplitude de movimento dos diversos grupos musculares e articulações. Estes
exercícios, segundo estas recomendações, devem ser realizados após o treino, dado a sua maior
efetividade quando os músculos estão quentes. Contribuem agudamente para uma redução da
força muscular, o que faz com que a sua realização antes de práticas desportivas que impliquem
força e explosividade, não esteja recomendado (11).
Ainda exercícios da função neuromotora, são referidos nas recomendações da ACSM. Treino de
estabilidade, agilidade, coordenação e reação são aconselhados 2 a 3 vezes por semana, com
especial importância para os idosos e para os mais jovens. Estimam que rotinas com exercícios
deste tipo de 20 a 30 minutos num total de 60 minutos semanais sejam efetivos (ver anexo I)
(10,11).
3.2 Treino de força
3.2.1 Definição
O treino de força é muitas vezes negligenciado. Embora ainda seja atribuída alguma conotação
negativa a este tipo de treino, sendo muitas vezes associado exclusivamente aos praticantes de
culturismo e halterofilismo, cada vez mais têm sido provados os seus benefícios para toda a
população (20).
Este tipo de treino contribui notoriamente para o aumento da força e endurance muscular. A
flexibilidade apresenta também melhorias com a sua prática, fundamentais para a mobilidade
e equilíbrio sendo de extrema importância para as atividades de vida diárias (20,21).
O princípio base deste treino é realizar contração muscular contra algum tipo de resistência.
Pode dividir-se em dois grandes grupos:
Capítulo 3 – Tipos de treino
13
Exercício isométrico – neste grupo estão inseridos exercícios nos quias não há movimento da
articulação, mas sim uma contração muscular na qual o grupo muscular se mantem imóvel
(exemplo: prancha) (20)
Exercício isotónico – exercícios em que há movimento de algum grupo muscular contra alguma
resistência (exemplos: flexões) (20)
É importante no exercício isotónico, referir as diferenças entre treino de força concêntrico ou
força dinâmica positiva, no qual há um encurtamento das fibras musculares em contração, e
treino de força excêntrico ou força dinâmica negativa, onde apesar da força exercida contra
uma carga ou resistência as fibras musculares vão alongando mantendo uma contração na
tentativa de contrariar o movimento (figura 4) (20,21).
Figura 4 - A) Contração concêntrica; B) Contração excêntrica; C) Contração isométrica (22)
Todos os grupos musculares beneficiam deste trabalho. Ambas as formas de treino podem ser
usadas em isolado ou combinadas, com mais ou menos carga, consoante o individuo (20).
Existem vários equipamentos que podem ser utilizados como halteres, máquinas com cargas e
elásticos. Uma alternativa económica e de fácil acesso é o peso corporal, em exercícios como
flexões e agachamentos (20,21).
3.2.2 Impacto osteoarticular
Os efeitos do treino de força na DMO foram testados em diversos estudos. Um deles comparou
42 mulheres na pós-menopausa, divididas em 3 grupos um com um plano de treino de força,
outro com exercícios de alto impacto e um grupo de controlo que não praticava qualquer
exercício. O grupo com o plano de exercício de alto impacto obteve os melhores resultados, no
aumento da DMO na coluna lombar e na cabeça do fémur. O marcador de formação óssea
osteocalcina (OC) aumentou nas análises realizadas e os marcadores de reabsorção diminuíram
(23,24).
Capítulo 3 – Tipos de treino
14
O desenvolvimento da massa muscular, muito diretamente relacionado com o treino de força,
parece ter uma relação com o aumento da DMO. Além disso, as características de cada individuo
serão importantes para os resultados do treino, assim como o anterior nível de atividade física,
sendo que em indivíduos previamente sedentários a margem de progressão será maior (23,25).
A IL-15 produzida pelo musculo está associada a um aumento da DMO. O seu papel ao inibir a
miostatina, estimula o aumento da massa muscular e óssea. Desta forma, alguns estudos
mostraram que o treino de força proporciona uma diminuição da miostatina promovendo assim
a formação óssea. Também a realização de uma contração muscular excêntrica, permitiu obter
melhores resultados (25,26).
Alguns estudos mostraram que os exercícios que impliquem forças gravitacionais maiores ou
carga muscular mais elevada, tendem a ter melhores resultados no aumento da DMO e redução
do risco de fraturas. Ainda assim, nos idosos, cuja frequência de outras comorbilidades
limitantes como OA, hérnias discais e fraturas, o treino de força com menor impacto garante
melhorias na massa óssea com menores riscos associados. Estes exercícios forças de impacto
menores, quando associados a maior intensidade, obtêm melhores resultados no aumento da
DMO na cabeça do fémur. Com estes estudos, comprovou-se que o aumento da DMO da coluna
vertebral era maior com a combinação de exercício de força, aeróbios e de diferentes impactos
osteoarticulares (23,27–29).
Durante o treino de força, as tensões exercidas por parte dos tendões, assim como a sua
compressão e torsão, promovem sinais químicos e elétricos que estimulam uma resposta
osteogénica nestes locais (28,29).
Uma revisão sistemática que abordou os efeitos do treino de força em adultos com osteoporose
e osteopenia, demonstrou que com este tipo de treino era possível obter benefícios na função
motora e nas atividades de vida diárias, para além dos efeitos benéficos na massa e
metabolismo ósseo. As principais características do exercício que esta revisão salientou como
osteogénicas foram o dinamismo, a alta intensidade e a curta duração do estímulo (23,30–33).
O fortalecimento dos músculos extensores das costas, alvo de diversos estudos, provou reduzir
consideravelmente o risco de fratura vertebral em mulheres na pós-menopausa e em doentes
que foram submetidos a cirurgia vertebral, assim como o risco de quedas e o desequilíbrio
(23,34,35).
Para uma maior efetividade no treino de força, em relação ao aumento da DMO, alguns estudos
defendem que o melhor resultado se obtém com maiores intensidades de treino, utilizando
cargas altas (entre 70-90% do RM). Em geral, a evidencia científica defende uma maior
preponderância da magnitude do estímulo em relação à duração do mesmo (25,31).
Capítulo 3 – Tipos de treino
15
As alterações na composição óssea obtidas durante dois anos de treino de força, têm uma
longevidade de médio a longo prazo, melhorando com a manutenção da atividade (25,31).
Em indivíduos osteoporóticos ou com risco de fraturas ósseas elevado, é importante frisar a
necessidade de um bom acompanhamento durante o exercício para garantir uma boa forma e
técnica na realização dos treinos (25,31).
Diversos estudos e revisões sistemáticas que abordaram o efeito do treino de força na OA,
demonstraram os seus benefícios. A força muscular desempenha um papel fundamental na
sustentabilidade das articulações, melhorando a sua mobilidade e funcionalidade. Ainda que
modesto, o treino de força demonstrou um impacto positivo na qualidade de vida dos indivíduos
com OA, mas também na restante população, ajudando na realização das atividades de vida
diárias. A redução da dor foi também um dado avaliado e que obteve bons resultados através
deste tipo de treino (15,36,37).
A evidencia científica, sustenta a importância que o treino de força, como fonte de
desenvolvimento muscular na população em geral, mas o impacto na funcionalidade da
articulação é mais significativo nos indivíduos idosos, particularmente com OA. Uma das razões
para esta diferença, será a fraqueza muscular presente em doentes com OA que contribui
primariamente para a dor e limitação funcional da articulação (15,36,37).
Sendo a OA uma patologia associada a dor e rigidez na mobilização da articulação, o exercício
e particularmente o treino de força pode trazer algumas dificuldades para a adesão por parte
dos doentes. O bom acompanhamento e o aumento progressivo das cargas utilizadas
demonstraram um efeito significativamente positivo para o sucesso desta atividade (15,36,37).
Um estudo que comparou treino de força de alta intensidade com o de baixa intensidade, em
doentes com OA, comprovou que quando usadas cargas superiores os iguais a 80% da RM, 7 em
cada 10 indivíduos evidenciava incapacidade de realizar os movimentos devido à dor. Desta
forma, no grupo que realizou o plano de treino de alta intensidade utilizaram-se cargas de 60%
do seu RM e de 10% no grupo de baixa intensidade. Nos resultados, ambos obtiveram melhorias
significativas, sendo que os resultados foram similares para os dois grupos (37).
Um plano de treino de força que providencie um aumento da carga progressivo, para que se
mantenha o nível de intensidade durante o todo o programa irá trazer mais benefícios na
população com OA (15,36,37).
Capítulo 3 – Tipos de treino
16
Tabela 1 - Pontos chave na prescrição de treino de força para as duas patologias (15,16,38,23,25,27,29–
31,34,36)
Treino de Força
Osteoporose OA
- Exercícios de alto impacto - Exercícios de baixo impacto
- Exercícios de baixo impacto, mas alta
intensidade (70-90% RM)
- Intensidade alta a baixa (até 60% do RM,
devido às limitações causadas pela dor
articular)
- Aumento da massa muscular (importante
trabalhar músculos extensores das costas)
- Ajustar sempre, cargas e exercícios, à limitação funcional e adaptar à evolução da
capacidade física
3.3 Treino aeróbio
3.3.1 Definição
Como o próprio nome indica, esta classe de treino implica uma performance física baseada
numa respiração aeróbia, utilizando o oxigénio para a obtenção de energia (10,14).
Este tipo de treino é também conhecido como exercício cardiovascular, primariamente pelos
seus benefícios a nível do miocárdio. A hipertrofia excêntrica da musculatura cardíaca assim
como o aumento da elasticidade vascular são alguns dos benefícios desta prática (10,14).
Durante esta prática os grandes grupos musculares vão contraindo ritmicamente por longos
períodos de tempo. Servem de exemplos a corrida, a natação e o ciclismo (10,14).
A atividade física aeróbia tem três componentes. São eles a intensidade, ou o quão difícil é
para determinado individuo realizar essa atividade. Em termos práticos considera-se
intensidade moderada como o equivalente a um caminhar acelerado e a intensidade
alta/vigorosa como o equivalente a uma corrida ou jogging. A frequência como que o individuo
realiza essa atividade física e por fim a duração da mesma, a cada sessão (10,14).
Ainda que sejam estes os componentes básicos deste tipo de atividade física, várias pesquisas
apontam para que a quantidade de atividade física, como por exemplo os minutos semanais
acumulados de exercício físico de moderada intensidade, sejam mais preponderantes no
alcance dos benefícios para a saúde do que qualquer um desses componentes isolados. Assim
sendo, todo o tempo que um individuo passa em atividade física de moderada ou vigorosa
intensidade contribuem para que sejam alcançados os objetivos das guidelines (10,14).
Capítulo 3 – Tipos de treino
17
É uma prática de fácil acesso e bastante económica requerendo poucos recursos (10).
3.3.2 Impacto osteoarticular
Vários estudos observaram que praticantes de desportos aeróbios de baixo impacto ou sem peso
externo, como ciclismo e natação, normalmente apresentam uma DMO mais baixa quando
comparados com praticantes de desportos de maior impacto. Este facto poderá ajudar a
suportar a importância da carga gravitacional, ou impacto, sobre a estimulação da formação
óssea (23,25).
As caminhadas, sendo um exercício de fácil acesso, requerendo pouca técnica e capacidade
física, assim como gastos financeiros, é um exercício comummente aconselhado pela
comunidade medica. A duração, a frequência, a velocidade/intensidade e o percurso efetuado
são importantes e poderão ajudar a limitar a redução da DMO (25,31).
O impacto osteogénico das caminhadas, foi revisto por um estudo que verificou efetivamente
uma ligeira melhoria da DMO femoral em mulheres na pós-menopausa, não apresentando
quaisquer efeitos na DMO da coluna vertebral. Outro estudo, em mulheres peri e pós-
menopáusicas comprovou que caminhar, enquanto terapia e como exercício isolado, não
apresenta efeitos positivos na DMO, exceto a nível da cabeça do fémur, quando de uma duração
superior a 6 meses (23,39,40).
Ao que parece o impacto de uma caminhada ligeira não é suficiente para estimular a DMO da
coluna vertebral em mulheres na pós-menopausa. Comparando, num novo estudo, 44 mulheres
(com mais de 65 anos) umas sedentárias e outras praticantes de corrida, concluiu-se que o
grupo praticante de corrida detinha valores da DMO total mais elevados. Outros autores
obtiveram resultados semelhantes num estudo comparativo entre mulheres sedentárias e
mulheres ativas pós-menopáusicas (caminhar na passadeira 30 min + step 10 min): o grupo das
mulheres ativas melhorou em 2.0% e 6.8% a DMO a nível da coluna lombar e cabeça do fémur,
respetivamente, enquanto que o grupo de controlo teve uma perda de 2.3% e 1.5% nessas
mesmas localizações (23,41,42).
Desportos aeróbios de baixo impacto (por exemplo ciclismo e natação) normalmente estão
associados a uma DMO, mais baixa quando comparados com os de maior impacto (por exemplo
basquetebol e andebol). Um estudo longitudinal de sete anos, que acompanhou as alterações
da massa óssea em ciclistas adultos do sexo masculinos demonstrou que uma grande parte teria
uma reduzida DMO e um alto risco de fratura óssea. Ainda que a evidencia aponte para uma
maior eficácia dos exercícios de alto impacto osteoarticular no aumento da DMO global, as
recomendações frisam a importância de ciclos de treino completos, com exercícios de força e
aeróbios, de baixo a alto impacto (15,23,25,39,43).
Capítulo 3 – Tipos de treino
18
O exercício aeróbio quando efetuado em intervalos, alternando entre fases de exercício e fases
de descanso, obtém melhores resultados osteogénicos que o treino aeróbio continuo (26).
Os primeiros minutos de exercícios de maior impacto aumentam a formação óssea, através da
estimulação dos osteócitos que são particularmente sensíveis ao impacto. Sendo o osso um
tecido vivo, é necessário ter em conta a fadiga a que esta sujeito. Não havendo estudos em
humanos, estudos realizados em animais provaram que 5-10min de corrida tem o mesmo efeito
a nível ósseo que 1h de corrida. O treino em intervalos, em qualquer tipo de exercícios, melhora
efeito positivo na remodelação óssea. Nestes estudos, comprovou-se que 10 semanas de treino
em intervalos (incluindo 7 períodos de 1 minuto de recuperação, por sessão) tem benefícios
superiores a uma programação de treino continuo, com a mesma intensidade, 4 semanas mais
longo. Os pontos chave destes estudos, incidem na efetividade da corrida como exercício
osteogénico quando efetuada intermitentemente e a necessidade dos períodos de recuperação
durante as sessões, limitando a fadiga óssea (23,26,31).
Tanto as caminhadas como as corridas, têm a sua função osteogénica aumentada com a variação
de paramentos como a inclinação do piso. Em ambos os sexos, os melhores índices osteogénicos
foram encontrados para uma inclinação de -9º, pela melhor relação com o impacto em relação
ao solo e contração muscular excêntrica. Essa contração é particularmente efetiva no aumento
da massa óssea, promovendo a libertação de interleucina-15 (IL-15) associada a um aumento
da DMO (26).
O exercício aeróbio é recomendado pela American College of Rheumatology tanto no plano de
tratamento da OA como na sua prevenção. A dor e a rigidez associadas à patologia constituem
uma barreira para todos os doentes que procuram cumprir esta recomendação. As caminhadas
entram também neste grupo, apresentando uma melhoria da dor presente na patologia
(15,16,36,38,44,45).
Embora o ciclismo seja um exercício aeróbio comumente prescrito pela comunidade medica em
doentes com OA, a natação parece ser o exercício aeróbio ideal nesses doentes. Devido ao
suporte que a água fornece às articulações afetadas, diminuindo a carga articular, os exercícios
em meio aquático são amplamente recomendados no tratamento da OA (16,36,38,45).
Um estudo comparou dois tipos de exercício aeróbio de baixo impacto osteoarticular o ciclismo
com a natação, um em meio terrestre e outro em meio aquático, para avaliar o seu resultado
na rigidez, dor e limitação física da articulação, assim como na qualidade de vida de doentes
com OA (36,38,45).
Apos 12 semanas de exercício, em ambos, observou-se uma diminuição da massa corporal,
adiposidade visceral e perímetro abdominal. Também a rigidez, a dor e a limitação funcional
da articulação diminuíram, sendo a dor articular o parâmetro onde mais doentes notaram
Capítulo 3 – Tipos de treino
19
melhoria (aproximadamente 40%). As forças, quer de preensão, quer de flexão e extensão do
joelho aumentaram. Tanto no caso da natação como do ciclismo, os doentes demonstraram
melhorias, de 8% e 6% respetivamente, no teste de marcha de 6 minutos (36,38,45).
Embora ambos os exercícios tenham revelado um impacto positivo na OA, os doentes com esta
patologia referem uma maior facilidade na realização de exercício em meio aquático, devido à
menor carga articular e ao alívio proporcionados pela água. Desta forma, a natação proporciona
aos doentes uma possibilidade de melhorar a sua performance física, a capacidade
cardiovascular e funcional, tendo um impacto muito positivo nas suas atividades de vida diárias
(15,16,36,38,44,45).
Tabela 2 - Pontos chave na prescrição de treino aeróbio para as duas patologias (15,16,38,23,25,27,29–
31,34,36)
Treino Aeróbio
Osteoporose OA
- Exercícios de alto impacto (exercício como
ciclismo e natação têm pouco efeito)
- Exercícios de baixo impacto
- Intervalos de treino apresentam resultados
superiores a treino aeróbio continuo
- Exercícios em meio aquático obtêm
melhores resultados
- Nas caminhadas e corridas, planos com
inclinação negativa (-9º) obtêm melhores
resultados
- Ajustar sempre, cargas e exercícios, à limitação funcional e adaptar à evolução da
capacidade física
Capítulo 3 – Tipos de treino
20
Capítulo 4 – Os benefícios osteoarticulares de um treino completo
21
Capítulo 4
4. Os benefícios osteoarticulares de um treino completo
A DMO parece ser influenciada pelo exercício físico, praticantes de modalidades com maior
sobrecarga osteoarticular detém graus de adaptação óssea superiores a indivíduos sem
atividade física. Esse grau de adaptação parece ser também maior nos locais mais diretamente
afetados pelo tipo de exercício, por exemplo a corrida contribui mais na melhoria da DMO da
cabeça do fémur (23,25,26,31).
Na OA o exercício físico aeróbio é uma ferramenta importante, para combater a dor e rigidez
articular. As diversas modalidades têm resultados bastante similares e devem ser prescritas
consoante as capacidades e limitações dos doentes para obterem os melhores resultados na
capacidade funcional dos mesmos, assim como uma maior adesão (15,16,36,38).
Ainda que o ciclismo seja o exercício aeróbio mais frequentemente prescrito em doentes com
OA, a natação parece ter um efeito similar sobre patologia e devido à menor carga articular e
ao alívio proporcionados pela água acaba por ser mais tolerado nestes doentes. Como exercício
regular, a natação ajuda na redução da dor e rigidez articular associadas à OA para alem de
melhorar a sua força muscular e capacidade funcional (15,16,36,38).
Exercício aeróbio de baixo impacto como caminhadas pode melhorar ligeiramente a DMO em
mulheres na pós-menopausa, mas não apresenta nenhum efeito sobre a DMO da coluna
vertebral. Um programa de treino baseado na combinação de diferentes modalidades, com
componentes de força, exercício aeróbio e maior impacto osteoarticular é recomendado para
obter melhoria da DMO total, incluindo na coluna vertebral (23,25,31).
A vibração mecânica provou ser uma alternativa segura e fiável, na estimulação do metabolismo
ósseo, em mulheres na pós-menopausa (23,25,31).
Outras variáveis do treino, como a força muscular, o tipo de contração muscular, a duração e
a intensidade, para além do impacto osteoarticular, são preponderantes para o metabolismo
ósseo (23,25,31).
Em qualquer faixa etária, especialmente nos idosos, é fulcral recomendar exercícios de
desenvolvimento da força muscular, equilíbrio e propriocepção com o intuito de prevenir
quedas e fraturas (23,25,31).
Capítulo 4 – Os benefícios osteoarticulares de um treino completo
22
O treino em intervalos apresenta um grande valor osteogénico, pela necessidade do osso,
enquanto tecido vivo, ter períodos de recuperação durante as sessões de treino. Da mesma
forma é importante aumentar as forças de impacto e a contração muscular excêntrica (25,26).
Relativamente ao treino de força, quando este envolve maiores forças de impacto tende a ter
um benefício superior no metabolismo ósseo assim como na redução do risco de fraturas. Ainda
assim, no caso da DMO da cabeça do colo do fémur o treino de força de menor impacto, quando
associado a uma alta intensidade, obteve os melhores resultados em alguns estudos (23,27).
A DMO da coluna vertebral beneficia mais de uma combinação de exercícios de força, aeróbios
e de impacto. Na osteoporose e osteopenia o treino de força ajuda da recuperação, não só da
DMO, mas também da capacidade funcional e nas atividades de vida diárias (23,29,30,34).
O fortalecimento dos músculos extensores das costas, particularmente em mulheres na pós-
menopausa e doentes a recuperar de cirurgia vertebral, contribui significativamente para a
redução do risco de fraturas vertebrais, assim como desequilíbrios e quedas (23,35).
Os exercícios de força demonstraram ser bastante eficazes na melhoria da DMO, principalmente
quando de alta intensidade e associados a um aumento progressivo da carga. Mais uma vez a
evidencia científica alerta para a necessidade de programas de treino com diferentes
componentes (23,31).
Na globalidade, os estudos realizados suportam a possibilidade de o treino de força aumentar
a DMO assim como reduzir o risco de fraturas (23,31).
Capítulo 5 – Propostas de abordagem do treino em doentes com patologia osteoarticular
23
Capítulo 5
5. Propostas de abordagem do treino em doentes
com patologia osteoarticular
Na realização dos planos de treino deve-se procurar que as sessões estejam organizadas da
seguinte forma:
Tabela 3 - Constituintes de uma sessão de treino (11)
- Aquecimento: 5-10 minutos de atividades cardiovasculares e resistência muscular com
intensidade leve a moderada
- Condição física: 20-60 min de treino aeróbio, força, e/ou prática de desportos
- Recuperação: 5-10 minutos de atividades cardiovasculares e resistência muscular com
intensidade leve a moderada
- Flexibilidade: 10 minutos no final de cada sessão
Para cada treino é fulcral a sua adaptação à condição física do indivíduo, assim como às suas
limitações funcionais e necessidades. Nessa medida, pode-se utilizar as adaptações que sejam
necessárias para facilitar a realização dos exercícios mantendo os benefícios osteoarticulares
dos mesmos. De uma maneira geral e aplicável em qualquer um dos exemplos dados nas tabelas
4 e 5, consoante o individuo em questão, poderá optar-se por:
- Adicionar cargas, através de halteres ou elásticos;
- Ajustar o número de repetições/rondas;
- Ajustar a duração do estímulo;
- Adaptar o exercício selecionado, modificando a amplitude do movimento ou quantidade de
músculos recrutados;
- Ajustar os períodos de descanso;
- Alterar o meio em que se realiza o exercício;
No caso concreto da osteoporose, deve-se procurar adaptar os exercícios função de um maior
grau de impacto osteoarticular, de uma maior intensidade e de um aumento da massa muscular.
De frisar ainda a importância dos períodos de descanso entre exercícios.
Para a OA, o reforço muscular e a sustentabilidade da articulação, serão o foco principal. Sendo
o principal fator limitante a dor articular, uma boa adaptação nestes casos passará por limitar
a amplitude do movimento, alterar o exercício optando por um que recrute menos articulações,
Capítulo 5 – Propostas de abordagem do treino em doentes com patologia osteoarticular
24
introduzir mecanismos para auxiliar/suportar o movimento, ou ainda, realizar os exercícios em
meio aquático.
Tabela 4 - Exemplos de treino de força e de adaptações possíveis
Exemplos de Treino de Força
5 Rondas (2 minutos de descanso entre rondas): - 8 Flexões - 15 Agachamentos - 30 Extensões dorsais
Exemplos de adaptação na Osteoporose: - Acrescentar aos agachamentos um salto no final de cada repetição; - Substituir os agachamentos por step ups ou saltos para um step/caixa de pliometria;
Exemplos de adaptação na OA: - Substituir as flexões por exercícios monoarticulares, como extensão de tríceps; - Substituir os agachamentos por box stand ups, podendo até utilizar auxílio dos braços no movimento;
8 Rondas (1 ronda a cada 90 segundos): - 8 a 12 Afundos frontais
Exemplos de adaptação na Osteoporose: - Utilizar peso externo;
Exemplos de adaptação na OA: - Realizar o treino em meio aquático;
Tabela 5 - Exemplos de treino aeróbio e de adaptações possíveis
Exemplos de Treino de Aeróbio
10 Rondas: - 90 segundos de corrida - 30 segundos de recuperação (caminhar)
Exemplos de adaptação na Osteoporose: - Correr/caminhar num local com inclinação negativa; - Dividir os 90 segundos em porções de maior e menor intensidade (exemplo: 40s ritmo moderado, 15s sprint, 35s ritmo moderado);
Exemplos de adaptação na OA: - Correr/caminhar numa passadeira de treino (com apoio para os braços); - Correr/caminhar em meio aquático; -Fazer a recuperação numa bicicleta estática;
20 Minutos (realizar o máximo de rondas possível): - 30 saltos à corda; - 20 abdominais;
Exemplos de adaptação na Osteoporose: - Adicionar um período de descanso entre rondas;
Exemplos de adaptação na OA: - Substituir os saltos à corda por steps ups, 1 minuto de passadeira de treino/bicicleta estática;
A evolução gradual da capacidade física ao longo de um plano de treino deve ser avaliada,
ajustando o mesmo, mantendo o grau de dificuldade para a sua realização. Só assim será
possível manter a melhoria clínica
Capítulo 6 - Conclusão
25
Capítulo 6
6. Conclusão
O treino aeróbio, ainda que seja uma peça fundamental num plano de treino completo e
equilibrado, apresenta apenas melhorias ligeiras no que diz respeito à DMO. Devemos salientar
que esse efeito osteogénico poderá ser clinicamente significativo e potenciável através de um
aumento da intensidade, impacto osteoarticular e realização de treino em intervalos
(23,25,26,31).
No que diz respeito a limitações funcionais na prática do exercício físico em doentes com
patologia osteoarticular, a corrida, ainda que esteja associada a um maior efeito osteogénico,
pode apresentar mais dificuldades na adesão. A natação, embora associada a um efeito
osteogénico muito baixo, surge como uma mais valia na redução da dor e rigidez articular
associadas à OA para além de melhorar a sua força muscular e capacidade funcional
(15,16,36,38).
Diversos estudos e revisões sistemáticas que abordaram o efeito do treino de força na OA,
demonstraram os seus benefícios. Este tipo de treino, reforçando a força muscular que sustenta
a articulação contribui para uma redução da dor e limitação funcional associada aos doentes
com esta patologia (15,36,37).
Os médicos devem encorajar a inserção do treino de força nos programas de treino dos doentes
com OA. Não há evidencias de que este tipo de treino aumente o risco de eventos adversos em
doentes com esta patologia. É muito importante assegurar os doentes de que a realização deste
tipo de treino, quando feito segundo uma metodologia e técnica apropriada, é pouco provável
que agrave a sua dor, contribuindo até para a redução da mesma (15,36,37).
Num balanço global da literatura revista, embora ainda sejam necessários mais estudos, o
treino de força de maior intensidade parece ser o mais efetivo para o estímulo da remodelação
óssea. De qualquer forma, mais informação é necessária para avaliar concretamente a
efetividade de diferentes metodologias de treino de força. Também é necessário estudar mais
concretamente o impacto a nível da OA da anca e dos membros superiores, uma vez que a
maioria da evidência científica advém de estudos que tem por base a OA do joelho
(15,25,36,37).
Importante também frisar as melhorias que os doentes referiram a nível da saúde mental, com
realização de exercício físico (44).
Capítulo 6 - Conclusão
26
Referências Bibliográficas
27
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Referências Bibliográficas
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Anexos
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Anexos
A I – Tabela de comparação entre DGS e ACSM (13,14)
DGS (Programa Nacional de Promoção da Atividade Física)
ACSM
- 150 minuto semanais de atividade física aeróbia moderada a intensa
- 150 minutos semanais de atividade física de moderada intensidade - 75 minutos semanais de atividade física de alta intensidade
- Treino de fortalecimento muscular, 2/3 vezes por semana
- Treino de fortalecimento muscular, 2/3 vezes por semana, para cada grupo muscular - Intervalo de 48h entre sessões para o mesmo grupo - 2 a 4 séries de 8-12 repetições, com descanso de 2-3 minutos entre séries - 1 série de 10-15 repetições, para idosos ou indivíduos com pouca preparação física - Todos devem aumentar as cargas utilizadas, à medida que vão ganhando capacidade física
- Agilidade, coordenação e equilíbrio - 2/3 vezes por semana, treino de agilidade, estabilidade, coordenação e reação - Total de 60 minutos semanais (20-30 por sessão) - Maior preponderância em idosos e jovens
- Flexibilidade (alongamento) no final de cada sessão
- Flexibilidade (alongamento) no final de cada sessão - Alongamentos dinâmicos, promovendo uma maior mobilidade das articulações
- Ambas referem a possibilidade de partir as sessões diárias em intervalos de 10 minutos realizados ao longo do dia, cumprindo um mínimo diário de 30 minutos
Anexos
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