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O PROGRAMA DE INCENTIVO À INOVAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA: DESENVOLVENDO A TECNOLOGIA RUMO AO MERCADO Luciana Paula Reis (UFMG) [email protected] Lin Chin Cheng (UFMG) [email protected] OIinto Lopes Neto (UFMG) [email protected] Letícia Paes Franco (UFMG) [email protected] Fernanda Schuchter Gatti (UFMG) [email protected] A Tríplice Hélice, como um meio de integração da universidade, governo e empresa, representa o suporte para o processo de inovação tecnológica no ambiente acadêmico. Desse processo inovativo, os resultados esperados são a geração de Empresaas Nascentes de Base Tecnológica de Origem Acadêmica (ENBT’s de OA) e a transferência de tecnologias da universidade para empresas estabelecidas como formas de contribuição para o desenvolvimento regional. Nesse contexto, surge o Programa de Incentivo à Inovação (PII) que reúne o incentivo do governo e o suporte da universidade para a criação de ENBT’s. Neste artigo será apresentado o PII realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), compreendido entre novembro de 2007 e março de 2009, que ocorreu por intermédio da estratégia metodológica de pesquisa-ação. Como resultado do trabalho, tem-se a geração de uma ENBT, duas transferências finalizadas, além de três patentes depositadas e nove em processo de patenteamento. Além disso, observa-se a contribuição do PII para a inserção da cultura empreendedora no contexto acadêmico, principalmente daqueles pesquisadores que se encontravam envolvidos diretamente com o programa. Palavras-chaves: Inovação, ENBT’s, Programas de Incentivo à Inovação XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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O PROGRAMA DE INCENTIVO À

INOVAÇÃO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DE JUIZ DE FORA:

DESENVOLVENDO A TECNOLOGIA

RUMO AO MERCADO

Luciana Paula Reis (UFMG)

[email protected]

Lin Chin Cheng (UFMG)

[email protected]

OIinto Lopes Neto (UFMG)

[email protected]

Letícia Paes Franco (UFMG)

[email protected]

Fernanda Schuchter Gatti (UFMG)

[email protected]

A Tríplice Hélice, como um meio de integração da universidade,

governo e empresa, representa o suporte para o processo de inovação

tecnológica no ambiente acadêmico. Desse processo inovativo, os

resultados esperados são a geração de Empresaas Nascentes de Base

Tecnológica de Origem Acadêmica (ENBT’s de OA) e a transferência

de tecnologias da universidade para empresas estabelecidas como

formas de contribuição para o desenvolvimento regional. Nesse

contexto, surge o Programa de Incentivo à Inovação (PII) que reúne o

incentivo do governo e o suporte da universidade para a criação de

ENBT’s. Neste artigo será apresentado o PII realizado na

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), compreendido entre

novembro de 2007 e março de 2009, que ocorreu por intermédio da

estratégia metodológica de pesquisa-ação. Como resultado do

trabalho, tem-se a geração de uma ENBT, duas transferências

finalizadas, além de três patentes depositadas e nove em processo de

patenteamento. Além disso, observa-se a contribuição do PII para a

inserção da cultura empreendedora no contexto acadêmico,

principalmente daqueles pesquisadores que se encontravam envolvidos

diretamente com o programa.

Palavras-chaves: Inovação, ENBT’s, Programas de Incentivo à

Inovação

XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.

Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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1. Introdução

O processo de inovação exerce grande influência nos aspectos relacionados ao

desenvolvimento sócio-econômico do país, principalmente por meio da criação de novas

oportunidades de negócio. Para a inovação é importante a Tríplice Hélice, conceito criado por

Etzkowitz e Leydesdorff (1996) que reconhece a interação universidade – empresa – governo

como a base da inovação no mundo contemporâneo, além da importância de métodos que

contribuam para a aproximação entre a nova tecnologia e sua efetiva comercialização.

Como forma de incentivar a inovação tecnológica e, conseqüentemente, o desenvolvimento

social, o governo brasileiro vem procurando alterar substancialmente as políticas industrial-

científica e tecnológica (MATESCO & TAFNER, 1996). Segundo o autor, as políticas

industrial-tecnológicas de 1988 e de 1990 passaram a apoiar a capacitação tecnológica nas

empresas industriais, concedendo um conjunto de incentivos para a atividade de Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D), juntamente com a posterior criação da lei de incentivos fiscais.

Universidades estão criando centros de apoio ao desenvolvimento tecnológico com o objetivo

de promover a interação entre a oferta e a demanda de conhecimentos científicos e

tecnológicos, informação e prestação de serviços especializados para a sociedade em geral,

através da integração entre as universidades, empresas e a sociedade de uma forma geral

(BERMÚDEZ, 2000). Esses centros propiciam o fortalecimento econômico e social da região.

Neste contexto, o Programa de Incentivo à Inovação (PII) surge como uma iniciativa do

governo em promover a inovação no setor produtivo, através do desenvolvimento dos

conhecimentos e das tecnologias advindas das universidades e dos centros de pesquisa, o que

fortalece as incubadoras de empresas, os parques tecnológicos e a sociedade local.

Então, este artigo objetiva apresentar o PII realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora

(UFJF), compreendido entre novembro de 2007 e março de 2009. Para tanto, serão descritos o

processo de intervenção auxiliado pelo Núcleo da Tecnologia da Qualidade e da Inovação

(NTQI, laboratório de pesquisa do Departamento de Engenharia de Produção da Escola de

Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais), as dificuldades encontradas e os

principais resultados alcançados.

2. O Processo de Inovação Tecnológica

2.1 A Inovação como fonte de desenvolvimento regional

A inovação segundo Shumpeter (1949) é a introdução de um produto diferente no mercado.

Uma das formas mais promissoras de se promover o desenvolvimento econômico e social a

partir da inovação proveniente de pesquisas acadêmicas é o apoio à consolidação de empresas

nascentes de base tecnológica (ENBTs) (ROGERS et al., 2001; SHANE, 2004).

Assim, as universidades e centros de pesquisa vêm estimulando iniciativas para a

concretização do seu novo papel: a chamada universidade empreendedora, capaz de

capitalizar o conhecimento que possui, propiciando a geração de riqueza e o desenvolvimento

social (ETZKOWITZ, 1998). Vale lembrar que as universidades nasceram segundo a filosofia

do ensino e depois foram associadas a elas as funções de pesquisa e extensão como forma de

contribuição social. As universidades são detentoras de conhecimentos de naturezas distintas,

o que contribui fortemente para as inovações tecnológicas, por meio da pesquisa e

desenvolvimento.

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O conhecimento científico contribui para o desenvolvimento nacional, uma vez que auxilia na

agregação de valor aos produtos brasileiros. As universidades como formadoras de capital

humano especializado em pesquisas acadêmicas possuem um potencial favorável ao processo

de criação de novas tecnologias. Os conhecimentos e tecnologias desenvolvidos nestas, para

que de fato possam gerar riqueza, podem sofrer a chamada transferência de tecnologia da

universidade para empresas ou a própria universidade pode empreender estas tecnologias

desenvolvidas por meio da abertura de novas empresas de base tecnológica.

Dentro dessa rede, as universidades estimulam a criação de novas empresas por meio das

tecnologias desenvolvidas em seus laboratórios, os denominados spinoffs acadêmicos. Shane

(2004) define spinoff acadêmico como uma nova empresa criada para explorar a propriedade

intelectual desenvolvida nas instituições acadêmicas.

Para promover a criação de um ambiente propício para a integração entre universidade e o

setor privado, são necessários mecanismos que propiciem a comunicação entre estes mundos.

Várias iniciativas, até mesmo governamentais, vêm sendo praticadas a exemplos dos

programas de incentivo à inovação para estimular essa integração, dentro do contexto de

universidades-empreendedoras capazes de capitalizar o conhecimento (ETZKOWITZ, 1998).

Para Rogers et al. (2001), o processo de transferência tecnológica envolve a transferência de

uma inovação tecnológica (idéia, processo e produto criado por um centro de P&D, como as

universidades e laboratórios de pesquisa) para uma organização (ex: empresas privadas,

públicas, etc). Essa transferência pode envolver as empresas estabelecidas no mercado ou até

mesmo Empresas Nascentes de Base Tecnológica (ENBT). No caso das ENBT´s o

pesquisador é um dos membros do negócio, ou então o empreendedor é representado por uma

pessoa externa à universidade e que tem o interesse em viabilizar o empreendimento (Roberts

& Malone´s, 1996).

Considerando-se os caminhos que as novas tecnologias e conhecimentos desenvolvidos em

uma universidade podem seguir, a geração de ENBT’s de OA é considerada mais eficaz para

o desenvolvimento regional do que a transferência da tecnologia, o que está mais detalhado no

item 2.2 O processo de Geração de ENBT’s de OA.

2.2 O Processo de Geração de ENBT´s de OA

As Empresas Nascentes de Base Tecnológica de Origem Acadêmica (ENBT’s de OA) ou

spinoffs acadêmicos são empresas criadas para explorar a propriedade intelectual

desenvolvida nas instituições acadêmicas (Shane, 2004; O’SHEA, 2008). No contexto de

geração de ENBT´s, Ndonzuau, Pirnay e Surlemont (2002) dividem o processo de criação de

um spinoff acadêmico em quatro etapas principais: [i] geração de idéias a partir de resultados

de pesquisa; [ii] finalização do projeto do novo negócio (planejamento tecnológico e plano de

negócio); [iii] lançamento do spinoff; e [iv] fortalecimento econômico da nova empresa.

Percorrendo essa cadeia de inovação, conclui-se que os spinoffs estimulam a economia através

do desenvolvimento de produtos, criação de novas indústrias, empregos e riqueza. Um estudo

de geração de spinoffs realizado por Wright (2008), em contexto europeu, apresenta números

relativamente baixos de ENBT’s com vínculos formais com a universidade. Dessa forma, é

fundamental que as universidades promovam as tecnologias geradas pelos pesquisadores para

que elas possam ser comercializadas mais rapidamente, atuando nos mercados nacionais e

internacionais. Entretanto, também existem empresas sem vínculo formal com a universidade,

apresentadas em maior quantidade, com maior atuação regional e menor atuação fora do

estado de origem. Elas auxiliam na geração de empregos locais, principalmente aqueles de

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alta especialização e qualificação. Oportunidades para atualizar o portfolio de patentes dessas

últimas empresas são identificadas ao analisarem-se suas ligações com a universidade. Elas

são importantes formas de geração de valor e de desenvolvimento social e tecnológico.

No intuito de promover um auxílio ao desenvolvimento das ENBT’s e o conseqüente

desenvolvimento sócio-econômico da região no entorno das instituições geradoras das

pesquisas, o Processo de Planejamento Tecnológico (PPTec) proposto por Cheng et al.

(2007), se mostra um método importante. Esse discorre sobre a integração do trinômio

Tecnologia, Produto/Produção e Mercado (TPM). Cheng et al. (op. cit.) define o PPTec como

“um conjunto de etapas e pontos de decisão que serve para orientar o processo de

incorporação da tecnologia em produtos e serviços apropriados para o mercado”.

O Processo de Planejamento de Negócio (PPN) é obtido através da integração do trinômio

TPM em paralelo ao desenvolvimento do negócio dessas ENBT’s de OA. O PPN pode ser

visto como a evolução do PPTec (Processo de Planejamento Tecnológico), uma vez que

incorpora informações do negócio. No contexto do PII, o PPTec torna-se um método

importante para auxiliar os pesquisadores a desenvolverem os produtos comerciais a partir da

tecnologia das universidades.

Entretanto, para auxiliar na evolução do projeto de inovação tecnológica ao longo das fases do

PPTec, os métodos da Gestão de Desenvolvimento de Produtos (GDP) podem ser adaptados

para o contexto de ENBT’s, objetivando viabilizar o desenvolvimento de produtos comerciais

a partir das tecnologias desenvolvidas nos laboratórios de pesquisa.

2.3 O PPTec como uma Ferramenta de Suporte ao Processo de Geração de ENBT´s de

OA

O Processo de Planejamento Tecnológico (PPTec) auxilia o desenvolvimento das primeiras

versões de protótipos dos produtos, processos ou serviços de valor agregado, por meio da

integração do TPM (CHENG et al, 2007; REIS et al, 2006; REIS et al, 2007) e na

estruturação do negócio de base tecnológica. Dessa forma, o PPTec surge como um

mecanismo facilitador das atividades de pré-incubação e incubação no contexto de criação de

ENBT´s de OA (GASSE, 2002), auxiliando na superação das dificuldades inerentes ao

processo de implantação, desenvolvimento e consolidação dos novos empreendimentos

assistidos pelas incubadoras universitárias.

Para representar as fases que a tecnologia percorre até se transformar em produto comercial, o

pictograma do PPTec, figura 1, é dividido em duas fases: pesquisa acadêmica, que

compreende as etapas de revisão bibliográfica, tecnologia embrionária e protótipo laboratorial

da tecnologia, e a fase de desenvolvimento do spinoff acadêmico, que se refere às etapas de

protótipo laboratorial do produto, protótipo funcional e protótipo comercial.

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Fonte: Cheng et al (2007).

Figura 1: Pictograma do Processo de Planejamento Tecnológico.

Conceituando os termos utilizados para a construção do pictograma do PPTec, tem-se que a

tecnologia embrionária remete à definição do conceito da tecnologia, enquanto que o

protótipo laboratorial da tecnologia é a concretização do conhecimento tecnológico. Já na fase

de desenvolvimento do spinoff, o protótipo laboratorial do produto representa a incorporação

da tecnologia em um produto, depois de priorizada uma aplicação comercial. Há uma grande

preocupação com o funcionamento, desempenho e eficiência da tecnologia até a etapa do

protótipo funcional, enquanto na etapa do protótipo comercial, esse é validado junto aos

clientes e já é possível obter produção em escala para iniciar a comercialização.

Na fase de pesquisa acadêmica, as incertezas tecnológicas e as relacionadas à aplicação

diminuem à medida que aumenta o conhecimento relacionado ao mercado e ao produto. Já na

fase de desenvolvimento da ENBT, os aspectos financeiros e organizacionais, pertencentes ao

plano de negócio, interagem com o desenvolvimento tecnológico, o que favorece a

transposição de uma firma protótipo (protofirm) para um spinoff.

Nesse sentido, a geração de ENBT’s é o principal resultado esperado pelo PII, mas levando-se

em consideração que nem todas as tecnologias são facilmente exploradas por uma empresa

nascente, surge o processo de transferência tecnológica para empresas estabelecidas como

uma alternativa para comercializar a tecnologia.

3. O Programa de Incentivo à Inovação (PII)

O PII é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de

Minas Gerais (SECTES/MG), em parceria com o SEBRAE Minas. O objetivo desse programa

é fomentar a cultura empreendedora nas Universidades por meio da: i) conscientização e

mobilização da comunidade acadêmica, órgãos de fomento, empresas e parceiros locais; e ii)

investigação e apoio ao desenvolvimento de tecnologias acadêmicas capazes de gerar

inovações tecnológicas de produtos e processos. A implantação do PII é realizada por uma

entidade executora previamente selecionada pela SECTES/MG e SEBRAE Minas e necessita

da realização de parcerias com outras instituições como agências de fomento e instituições

locais, as quais cabem o papel de colaborar com o auxílio necessário para o sucesso do PII.

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O PII é composto por três fases: Promoção do Edital e Organização do Trabalho, Estudo de

Viabilidade Técnica Econômica Comercial e Impacto Ambiental e Social (EVTECIAS) e

PPTec, conforme mostrado pela figura 2 representativa do PII-UFJF.

Figura 2: Fases do PII-UFJF.

A primeira fase se refere ao planejamento e à estruturação das atividades necessárias para

iniciar o processo de implementação do PII. A organização do trabalho se encontra dividida

em: Chamada Pública dos Projetos, Avaliação e Seleção dos Projetos, Divulgação dos

Projetos Selecionados para Segunda Fase do PII e Contratação dos Analistas.

A segunda fase é a elaboração dos EVTECIAS das tecnologias selecionadas, sendo de

responsabilidade da entidade executora, conduzir e supervisionar esse processo de elaboração.

Após finalizados, os EVTECIAS dos projetos sofrem uma avaliação, o que serve de base para

a seleção dos projetos que devem participar da próxima etapa do programa, que corresponde à

terceira fase. A terceira fase é a elaboração do PPTec e do Plano de Negócio adequado para

ENBT´s de OA´s.

3.1 Metodologia de Pesquisa do PII UFJF

O Programa de Incentivo à Inovação (PII) realizado na UFJF ocorreu no período

compreendido entre novembro de 2007 e março de 2009. Para a realização das atividades,

contou-se com o suporte da equipe do NTQI e com a equipe da universidade. A equipe do

NTQI teve como responsabilidade e interesse primordial a capacitação e o assessoramento à

equipe local para o desenvolvimento das atividades, auxiliando-a como co-orientadores,

juntamente com a liderança local. Além disso, o Núcleo foi o responsável, perante SECTES-

MG / SEBRAE-MG, pelo resultado do trabalho. A equipe local executou atividades que

visando evoluir o projeto dos pesquisadores, ao longo do PPTec, aproximando-os cada vez

mais do mercado. Assim, coletou, tratou e dispôs os dados advindos tanto do próprio grupo de

pesquisa responsável pelo projeto, quanto de fontes externas de informação, utilizando, para

isso, métodos e técnicas advindos da equipe do NTQI e dos coordenadores locais.

O coordenador local, com apoio do NTQI, orientaram o trabalho das equipes locais. Para isso,

realizaram reuniões semanais com a equipe local para acompanhamento dos resultados do

trabalho e orientações metodológicas, e com a equipe do NTQI, mensalmente, para

planejamento das atividades e delineamento de cursos de capacitação. Assim, a organização

das equipes se deu da forma demonstrada pela figura 3:

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Figura 3 – Organização das Equipes.

A figura mostra que os bolsistas da equipe local interagem fortemente com os pesquisadores,

diretamente com os bolsistas do NTQI e com menor intensidade com os sub-coordenadores

desse núcleo. De forma semelhante, os bolsistas do NTQI têm relação direta com seus sub-

coordenadores e uma relação menos intensa com os coordenadores da Equipe Local. No caso

do PII-UFJF, durante os dois primeiros meses e no nono mês de trabalho, foram realizadas

reuniões quinzenais entre o sub-coordenador e os bolsistas do NTQI com o coordenador e

bolsistas locais. Do terceiro ao oitavo mês as reuniões foram mensais. Já o acompanhamento

dos projetos junto aos pesquisadores pelo bolsista local era feito semanalmente. Durante a

segunda etapa, a equipe local contou com a participação de sete alunos divididos entre os 14

projetos selecionados, além do coordenador local. A equipe externa (NTQI), foi composta por

um coordenador geral, uma sub-coordenadora e quatro bolsistas.

Para alimentar o processo foram utilizadas métodos e técnicas da Gestão de Desenvolvimento

de Produtos (GDP), como forma de auxiliar no desenvolvimento das atividades de pré-

incubação dos projetos. Os métodos e técnicas utilizados, dependendo da necessidade de cada

projeto, foram: i) Technology Roadmapping (TRM) em associação com a Strategic Choice

Approach (SCA); ii) Gestão de Plataformas; iii) Gestão de Portfólio de Projetos de

Desenvolvimento de Produtos e o iv) Quality Function Deployment (QFD). Além do

desenvolvimento do produto, foram aprofundados e melhor detalhados os aspectos de

patenteamento e registro de produtos e o aprimoramento da análise financeira.

3.2 Panorama dos Projetos – PII UFJF

A primeira etapa do programa na UFJF contou com 20 projetos, dos quais 14 foram

selecionados para a segunda etapa, por meio de um processo de priorização de critérios

adotado pela banca examinadora do PII, sendo que 13 receberam suporte financeiro e técnico

da equipe do PII e um recebeu apenas o suporte técnico.

No início da segunda etapa do PII, os projetos foram caracterizados de acordo com o estágio

de desenvolvimento (figura 4) e conforme as áreas de aplicação das tecnologias (figura 6),

antes e depois do processo de priorização.

Analisando-se a figura 4 com base nos estágios de desenvolvimento das tecnologias, verifica-

se que a maioria dos projetos antes e depois da priorização enquadra-se nos estágios de prova

de conceito e desenvolvimento do produto. Observa-se, por meio do portfolio de produtos

antes da priorização, que 45% dos projetos encontravam-se no estágio de prova de conceito e

30% no desenvolvimento do produto. Após a priorização, a distribuição mudou para 43% e

36% respectivamente, o que mostra certa tendência em priorizar projetos em estágios mais

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avançados de desenvolvimento. Através da figura também é possível inferir que nenhum

projeto participante do programa estava em fase de transferência de tecnologia.

Figura 4 - Classificação dos projetos quanto ao Estágio de Desenvolvimento

Analisando-se a figura 5, sobre a segmentação do mercado de aplicação de cada tecnologia,

os projetos foram classificados em cinco áreas de aplicação. Nota-se que antes e após o

processo de priorização, a área de atuação C (INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO)

englobou o maior percentual de projetos, 60% e 57% dos respectivamente. Isso mostra uma

forte tendência dos projetos inscritos no PII a direcionarem suas pesquisas para aplicação

industrial das tecnologias.

Figura 5 - Classificação dos projetos quanto à Segmentação do Mercado

3.3 O Processo de Condução das Atividades

No processo de condução das atividades foram gerados quatro documentos principais,

EVTECIAS (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Comercial de Impacto Ambiental e

Social), RE (Resumo Executivo), Relatório Final e Relatório Geral.

O EVTECIAS foi o primeiro documento gerado, entregue no final da Primeira Etapa do PII

em abril de 2008. Ele foi construído ao longo do desenvolvimento do projeto e teve como

objetivo avaliar o potencial de sucesso deste. Para isso, abrangeu e avaliou cinco dimensões

principais do projeto sendo essas (i) a tecnologia e suas aplicações; (ii) os recursos humanos

envolvidos no projeto (pesquisadores-empreendedores e sua equipe), (iii) o mercado alvo e

potenciais clientes; (iv) o modelo de negócio vislumbrado; e (v) os recursos de pessoal, a

estrutura física e os recursos econômico-financeiros necessários para levar o projeto à etapa

de comercialização. O RE foi um documento gerado a partir do EVTECIAS, como se fosse

um resumo deste. O RE foi apresentado junto ao EVTECIAS à banca que seleciona os

projetos.

Para os projetos selecionados, iniciou-se então a Segunda Etapa do PII. Primeiramente, os

bolsistas locais identificaram junto ao pesquisador onde o projeto se encontrava na figura do

PPTec. Com o auxílio do NTQI foi(ram) definido(s) qual(is) o(s) método(s) de GDP mais

adequado(s) para o projeto e também foram desenvolvidos cronogramas de atividades a serem

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realizadas. Ao longo da Segunda Etapa, os métodos de GDP definidos foram aplicados

gerando novos documentos e as atividades programadas foram realizadas.

Ao final da segunda fase, foi gerado um Relatório Final para cada projeto. Neste constou [i]

um diagnóstico inicial do projeto, qual seu estágio de desenvolvimento no PPTec; [ii] O

resultado esperado da intervenção, com uma representação no PPTec; [iii] a estratégia de

intervenção que seria adotada pelo bolsista e pesquisador; [iv] um plano de ação com as

atividades que deveriam ser desenvolvidas; [v] as atividades que foram desenvolvidas

efetivamente; [vi] os resultados alcançados representados no PPTec; [vi] as dificuldades

encontradas para a realização das atividades programadas e para o desenvolvimento do

projeto no geral; [vii] as atividades que ainda devem ser realizadas após a finalização do PII;

[viii] uma análise financeira do projeto; [ix] anexos com tabelas geradas pelos métodos de

GDP, dentre outras informações relevantes ao projeto.

Além disso, para o encerramento do programa na UFJF, foi elaborado um Relatório Geral ao

final das atividades. O mesmo conteve um panorama dos projetos selecionados para a

segunda etapa do PII, apresentou as atividades realizadas ao longo desta etapa, bem como os

resultados alcançados. Para cada projeto, o relato seguiu a seguinte estrutura: [i]

caracterização da pesquisa contendo um resumo do projeto, diagnóstico inicial, resultado

esperado da intervenção e a estratégia de intervenção; [ii] apresentação das atividades

realizadas, com os respectivos planos de ação e atividades desenvolvidas e [iii] apresentação

dos resultados da intervenção e das dificuldades encontradas pelo projeto, além das atividades

a serem realizadas após o encerramento do programa juntamente com a análise financeira

refinada.

3.4 Os Resultados Alcançados

Com o fim da segunda fase, tinha-se como principal objetivo a comercialização das

tecnologias, seja por meio de licenciamento, seja por abertura de um spinoff. Nesse sentido,

esperava-se a realização do Plano de Negócios para ENBT´s de OA, a partir do EVTECIAS

elaborado, aprofundando na definição das estratégias de mercado, produto e tecnologia a

serem adotadas para o projeto, a partir de análises realizadas por métodos e técnicas

apropriados.

Dos quatorze projetos que foram para a segunda fase, cinco projetos esperavam gerar

ENBT’s, sendo que uma ENBT foi concretizada, cinco esperavam transferir suas tecnologias

para empresas estabelecidas (dessas cinco, duas transferências foram finalizadas) e quatro

ainda encontravam-se em aberto. Além disso, desses projetos, sete chegaram a protótipo

comercial, cinco a protótipo funcional e dois a protótipo laboratorial. Do total de projetos,

três patentes foram depositas (finalizadas) e nove tecnologias estão em processo de

patenteamento. O anexo I apresenta a síntese do acompanhamento dos projetos na segunda

fase do PII-UFJF.

Quanto ao fortalecimento da Cultura Inovadora na Universidade, o PII-UFJF serviu de

incentivo à inovação e ao empreendedorismo para alguns pesquisadores que começaram a

perceber a alternativa de geração de ENBT como uma maneira interessante de viabilizar a

comercialização da tecnologia. Além disso, o NIT (Núcleo de Inovação e Transferência) da

UFJF está desenvolvendo uma metodologia para transferência de tecnologia tendo como

suporte a metodologia do PII; e também está empenhando no processo de transferência das

tecnologias, seja para empresas estabelecidas, seja para ENBT na qual o pesquisador faz parte

ou até mesmo para ENBT incubadas pelo CRITT. Para a elaboração das patentes e

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negociações das tecnologias, os documentos gerados pelo PII (EVTECIAS e Plano de

Negócios Estendidos) foram fundamentais.

3.5 Os Fatores Facilitadores e Dificultadores do PII-UFJF

Este item busca descrever os fatores relacionados aos projetos, ao suporte gerencial da equipe

e ao contexto institucional que influenciaram o desenvolvimento da segunda etapa do PII-

UFJF.

Com relação aos projetos, a intervenção da equipe do NTQI e dos bolsistas locais se mostrou

menos proveitosa nos casos daqueles que se localizavam em estágio prematuro de

desenvolvimento ao início da segunda fase do PII, uma vez que nesses o grau de incerteza era

relativamente grande para direcionar a pesquisa rumo a uma aplicação no mercado. Além

desse fator dificultador, verificou-se que os pesquisadores possuem interesse em fornecer as

informações e contribuir para com o trabalho desde que os recursos do PII estejam

disponíveis. O atraso das compras dos produtos solicitados pelos planos de desembolso,

durante a segunda fase do programa pelo setor administrativo/financeiro do PII-UFJF,

acarretou em desinteresse dos pesquisadores, uma vez que eles tiveram que mudar os planos

de desenvolvimento dos protótipos, atrasando a obtenção dos resultados.

Sobre o suporte gerencial da equipe local, este foi um fator facilitador no desenvolvimento do

programa. A participação ativa dos professores coordenadores e dos envolvidos do núcleo de

inovação tecnológica da UFJF, Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia

(CRITT), foi fundamental para o suporte necessário na realização das atividades.

Considerando-se os empenhos das equipes local e externa, demonstra-se que para a

viabilização de um programa como esse é fundamental a participação ativa de todos os

envolvidos no processo, uma vez que cada um possui responsabilidades distintas.

Por fim, no contexto institucional, se destacou o envolvimento da pró-reitoria de pesquisa e o

suporte do CRITT na proteção das tecnologias (patentes), que foram muito importantes,

principalmente para a segunda fase do PII.

3.6 As Propostas de Melhorias para o Programa

Para que o programa tenha maior chance de sucesso é importante avaliar os fatores: i)

técnicos, relacionados ao conteúdo do trabalho (atividades realizadas para auxiliar no

desenvolvimento do plano de negócio para ENBT´s e do nível do protótipo por meio dos

métodos de GDP e gestão de negócios); ii) organizacionais, relacionados à organização do

trabalho, identificando uma forma adequada de alocar as competências e responsabilidades;

iii) metodológico, referente à metodologia de intervenção, à maneira de como as pessoas se

inter-relacionam; e iv) financeiro, responsável pela administração dos recursos. Por isso é

importante a utilização de programas de conversa on-line como skype, messenger e outros.

Com relação ao fator técnico, percebe-se a importância da capacitação inicial da equipe local

(coordenador e bolsistas) uma vez que ela é a maior responsável por implementar, juntos aos

pesquisadores, os métodos de GDP. Saber adequar as particularidades de cada método a real

necessidade de cada projeto é fundamental para auxiliar o pesquisador a evoluir no PPTec.

Assim, os envolvidos devem aprimorar os conhecimentos e competências não só no que tange

a Gestão do Desenvolvimento do Produto como também a Gestão do Desenvolvimento do

Negócio, uma vez que para se tornar viável a tecnologia é importante identificar um modelo

de negócio satisfatório para explorar o produto tecnológico desenvolvido.

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Para se estruturar o fator organizacional, primeiramente deve-se delinear as responsabilidades

de cada um dos envolvidos. Para o bom andamento do programa, os bolsistas locais devem

ser bem acompanhados, tanto nas suas atividades, quanto nos seus tempos de dedicação ao

programa, e os pesquisadores devem ser motivados a se disponibilizarem a fornecerem

informações sobre as tecnologias.

Com o intuito de melhorar a metodologia do PII (fases apresentadas pela figura 3), sugere-se

que, durante o processo de decisão dos projetos que passarão da primeira para a segunda etapa

do PII, sejam preferidos os projetos em estágio de desenvolvimento mais avançado como,

também, aqueles que seus pesquisadores estão dispostos a comercializar as tecnologias (seja

pela transferência para empresas estabelecidas, seja para geração de ENBT´s). Isso facilita o

desenvolvimento da tecnologia rumo ao mercado no período de desenvolvimento do PII. O

fortalecimento da análise financeira dentro da metodologia do PII também seria muito

interessante para o programa, pois auxiliaria o alcance do seu objetivo, uma vez que facilita a

valoração das tecnologias e subsidia de informações mais apuradas do projeto o processo de

transferências pelos núcleos de inovação tecnológica (NIT).

Sobre o sistema financeiro, sugere-se melhorar o processo de aquisição de compras dos

materiais e equipamentos exigidos pelos pesquisadores. A universidade, juntamente à

fundação, deve identificar maneiras mais eficientes de gerenciar os recursos para,

principalmente, agilizarem o processo. Tendo o pesquisador acesso aos materiais necessários

mais rapidamente, aumentam-se as chances de a pesquisa gerar resultados mais concisos no

período do PII, lembrando que este é também um objetivo do programa.

Para de fato incentivar a inovação nas universidades é importante a presença adequada dos

parceiros. Esses parceiros precisam conhecer as demandas dos projetos para adequarem as

rubricas às necessidades. Pouco adianta os pesquisadores receberem uma equipe de suporte

gerencial sem possuírem fácil acesso ao recurso. Reforça-se que é objetivo do PII gerar o

plano de negócio (somado ao Plano tecnológico e o protótipo).

Além dos fatores mencionados, vale lembrar a importância do sistema de apoio dos parceiros

como a SECTES, SEBRAE e a Universidade, para a articulação política do programa e

adequação dos recursos disponíveis em relação às necessidades dos projetos. Nesse contexto,

é necessário estabelecer um bom diálogo entre os parceiros para adequar a liberação do

recurso conforme as restrições das verbas daqueles que aportam recursos financeiros (a

exemplo da SECTES, SEBRAE e a Fundação).

Para estimular ainda mais a cultura empreendedora dentro das universidades para a geração de

ENBT de OA como uma opção alternativa à transferência, mais estudos precisam ser

realizados sobre o perfil empreendedor dos pesquisadores. Além disso, para atrair mais

pesquisadores, devem-se realizar palestras, cursos, seminários, mesa redonda e outros para

estimular a geração de valor das tecnologias desenvolvidas.

4. Conclusão

Como fruto da ação do Programa de Incentivo à Inovação (PII), esperava-se criar um banco

de oportunidades tecnológicas, respeitando-se as vocações locais para ser apresentado a

possíveis interessados em realizar o seu potencial de uso e geração de valor econômico.

Através da realização do PII na UFJF pôde-se encaminhar esse objetivo pretendido, bem

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como tornar viável a transferência da tecnologia acadêmica para empresas existentes ou

possibilitar a criação de novas empresas de base tecnológica.

Sobre os resultados mais importantes alcançados pelo PII-UFJF, conclui-se que, os

relacionados à universidade foram: o mapeamento do portfolio de tecnologias desenvolvidas

pela instituição, o aumento das chances de comercialização das tecnologias acadêmicas, a

realização de atividade estruturada de Inovação, a disseminação da cultura empreendedora e a

formação de uma estrutura de apoio e gerenciamento das diversas idéias e oportunidades

tecnológicas, além da obtenção de novos recursos para pesquisa e da possibilidade de

emprego para estudantes. No que diz respeito aos pesquisadores, auxiliou-se aqueles

interessados em empreender os resultados de suas pesquisas acadêmicas, cuja relevância

cresceu, como também a interação dos pesquisadores com o setor produtivo.

O PII-UFJF também resultou na indução de investimento em P&D, favorecendo o surgimento

de novas tecnologias e produtos inovadores, auxiliando a universidade na sua missão principal

de promover o ensino e a pesquisa, através do suporte financeiro, gerando empregos e

oportunidades e promovendo a cooperação entre o setor produtivo e as universidades. Além

disso, também houve a capacitação de multiplicadores locais, como os núcleos de

transferência das universidades e incubadoras e a captação de novas fontes d7e investimento.

Resultados relacionados ao setor produtivo também foram alcançados. São esses:, o acesso a

recursos humanos qualificados, laboratórios e instalações das universidades, a prospecção de

tecnologias em estágio avançado de desenvolvimento em sua área de atuação, a redução de

riscos e custos com pesquisa, a identificação de oportunidades para Arranjos Produtivos

Locais e a interação com a universidade para desenvolvimento de parcerias. Por fim, um

resultado relacionado à sociedade, o reconhecimento de que a universidade, além de formar

talentos, pode fornecer o conhecimento e as técnicas necessárias para fomentar a inovação na

indústria, possibilitando o surgimento de novos produtos e processos, úteis para a população.

5. Agradecimentos

Agradecemos a contribuição dos coordenadores do PII da UFJF, dos bolsistas locais, do

CRITT, dos pesquisadores e o apoio do SEBRAE-MG e SECTES para a realização desse

trabalho.

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ANEXO I

Projeto

Intenção

Transferência/

ENBT

Estratégias de IntervençãoAvanço Rumo à Transferência/ENBT

em Relação ao Início do PIIEvolução no PPTec Estágio da Proteção

Agua no Leite ENBT

_ Elaboração QFD

_ Gestão Plataforma

_ Analisar a aceitação de mercado

_ Elaboração de estratégias de

comercialização e posicionamento

_ Premiação Idea to Product (3° lugar)

_ Desenvolveram o protótipo alterando a

tecnologia incialmente proposta para

aumentar a confiabilidade do

equipamento

- Identificação de outras possíveis

aplicações

Protótipo Laboratorial

do Produto para

Protótipo Funcional

Já foi depositada a

patente

Anfifílicos Em aberto

_ Quantificação da demanda de mercado

(consumo de sulfactante e custo dos

concorrentes)

_ Elaboração do TRM para explicitar

informações do projeto

_ Identificação das características da

tecnologia que possibilitam desenvolver

produtos para algumas alicações de

mercados potenciais

_ Levantamento das necessidades do

projeto

Tecnologia Embrionária

para Protótipo

Laboratorial da

Tecnologia

Em processo de

patenteamento

CanaENBT via

parceria

_ Analise de formas de transferência da

EMBRAPA para ENBT

_ Precificação do produto

_ Contato com interessados na parceria

da tecnologia para viabilizar a criação da

ENBT

_ Definição dos custos de processo

_ Definição da planta baixa

Protótipo Laboratorial

da Tecnologia para

Protótipo Comercial

Tecnologia da Embrapa

Caprinos Transferência

_ Acompanhamento o fechamento do

contrato com a DiskLab

_ Documentação decisões e lições

_ Transferência da tecnologia para

DiskLab

Protótipo Comercial

para Protótipo

Comercial (Tec.

Transferida)

Tecnologia da Embrapa

Ejeção Transferência_ Elaboração QFD para software

_ Gestão Plataforma

_ Maiores informações do mercado

(mapeamento das características dos

softwares concorrentes)

Tecnologia Embrionária

para Protótipo

Laboratorial da

Tecnologia

Em processo de

patenteamento

Fluxometro Em aberto

_ Busca por parcerias de empresa na

área médica para comercialização

_ Elaboração QFD

_ Revisão da parceria com Menno

_ Definição das características de

qualidade e qualidade exigida

_ Aproximação da empresa Menno na

transferência da tecnologia

_ Refinamento da pesquisa de mercado

Tecnologia Embrionária

para Protótipo

Comercial

Já foi depositada a

patente

Handrip ENBT

_ Elaboração QFD

_ Identificação do órgão regulatório do

produto (ANVISA, INMETRO)

_Gestão da Plataforma

_ Abertura da empresa com o Plano de

Negócios Refinado

_ Desenvolvimento das características do

produto e protótipo virtual

_ Definição de outras possíveis

aplicações

Protótipo Laboratorial

do Produto para

Protótipo Comercial

Em processo de

patenteamento

Kit Estéril Transferência_ Documentação das decisões e lições do

processo de transferência

_ Transferência em estágio avançado de

negociação

Valor luva: R$ 350.000

Royalties: 2,7¨%

_ Vencedor do prêmio Idea to Product -

Latin America - FGV

Protótipo Funcional

Protótipo Comercial

(em via de

comercialização)

Já foi depositada a

patente

Modem Transferência

_ Elaboração da estratégia de

comercialização - relação empresa

CEMIG

_ Elaboração QFD - desenvolvimento do

produto

_ Busca de informações sobre empresa

indicada para TT

_ Contato com cliente potencial - CEMIG

_ Processo de negociação com

interessado na transferência

Protótipo Laboratorial

do Produto para

Protótipo Funcional

Em processo de

patenteamento

Pavimentos

ENBT -

Prestação de

serviços

_ Aproximação de potenciais clientes

(elaboração de estratégias de divulgação)

_ Definição de preços do serviço

_ Verificação de participação em Editais e

no processo CRIATEC

_ Finalização do Plano de Negócio

_ Finalistas do prêmio Idea to Product -

Latin America (FGV-SP) e da GV Intel

Tecnologia Embrionária

para Protótipo

Funcional

Em processo de

patenteamento

Perimetria ENBT_ Refinamento QFD

_ Desenvolvimento software

_ Definição das características de

qualidade e qualidade exigida

_ Realização de pesquisa de opinião para

compreender a voz do mercado

Protótipo Laboratorial

da Tecnologia para

Protótipo Comercial

Em processo de

patenteamento

Reator Em aberto

_ Elaboração da estratégia de

comercialização

_ Deenvolvimento do protótipo

_ Identificação da forma de proteção da

tecnologia

_ Lista de materiais para desenvolvimento

do protótipo

_ Desenvolvimento do protótipo funcional

Protótipo Laboratorial

da Tecnologia para

Protótipo Funcional

Em processo de

patenteamento

Tacômetro

Transferência

p/ empresa

incubada do

CRITT

_ Elaboração da estratégia de

comercialização

_ Pesquisa de mercado: Quantificação do

concorrentes, definição de frequência de

compras

_ Análise de preços do serviço da

PREDITEC - Antes e depois

_ Início de negociações com a

PREDITEC que receberá a transferência

da tecnologia

_ Análise SWOT

Protótipo Comercial

para Protótipo

Comercial

Em processo de

patenteamento

Vidro Em aberto

_ TRM

_ Alinhamento de interesses dos

pesquisadores ao potencial de geração

de valor do projeto

_ Mapeamento das possibilidades de

aplicação da tecnologia no mercado,

segmentando-o

_ Entrevistas com os clientes/parceiros

potenciais

Protótipo Laboratorial

da Tecnologia para

Protótipo Funcional

Em processo de

patenteamento

OBS.: A tecnologia pode ser comercializada de duas maneira: uma é a transferência para uma empresa no mercado ou a transferência para uma ENBT na qual o

pesquisador participa do novo negócio.

Fonte: Relatório Geral do PII-UFJF, Abril 2009.

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Tabela 1 - Síntese do acompanhamento dos projetos na segunda fase do PII-UFJF