Ocupa Setor 5: projeto de curadoria experimental

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Ocupa Setor 5 projeto de curadoria experimental

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Ocupa Setor 5projeto de curadoria experimental

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organização e curadoria Michelle Sales

imagens Fabricio Cavalcanti

projeto gráfico Juliana Frontin

ISBN 978-85-67509-08-2

Rio de Janeiro, 2015

realização editora

O21E-book Ocupa Setor 5 : projeto de curadoria experimental / organização e curadoria: Michelle Sales ; imagens Fabrício Cavalcanti. – Rio de Janeiro : K2Elles, 2015. 58 p. : il. color. ; 15 cm. Formato PDF. ISBN 978-85-67509-08-2

1. Arte moderna – Séc. XXI – Exposições 2. Desempenho (Arte) – Exposições. 3. Comunicação visual – Exposições. 4. Videoarte – Exposições. 5. Livros eletrônicos. I. Sales, Michelle II. Cavalcanti, Fabrício CDD - 709.05

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Ocupa Setor 5

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OCUPA SETOR 5 é uma proposta de curadoria, experimentação e exibição de arte contemporânea em plataformas multimídia, organizado

pelos curadores independentes Ivair Reinaldim e Michelle Sales.O projeto aconteceu no SETOR 5, espaço do artista visual Fabrício Caval-canti, localizado no 6º andar da antiga fábrica Bhering, no Santo Cristo,

entre os dias 16 e 19 de agosto.

Nessa primeira edição, foram apresentados trabalhos em processos de criação, decorrentes das experiências em sala de aula, com alunos de

artes visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ e do IUPERJ/Universidade Cândido Mendes, contando com a colaboração da artista e professora

Mayana Redin e assistência da VJ Anihaze.

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CuradoriaMichelle SalesIvair Reinaldim

FotosBruna Marcon Weber

FICHA TÉCNICA

PerformancesAlexandre Ephevinos (IUPERJ)Ani Haze (IUPERJ)Antonio Moura (IUPERJ)Felipe Reis (EBA/UFRJ)Jacqueline Ribeiro (IUPERJ)Júlia Waneck (EBA/UFRJ)Juliana Domingos (IUPERJ)Lernie Brandão (IUPERJ)Lívia Simas (IUPERJ)Monique Monsueto (IUPERJ)Morgana Eneile (IUPERJ)Renata Barletta (IUPERJ)

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OCUPA SETOR 5Michelle Sales

Ocupar, habitar, preencher. Ocupar é tomar para si, é também pertencer e

transformar. A 1a edição do Ocupa Setor 5 apresenta trabalhos em processo

realizados por artistas em formação a partir da reflexão e experimentação da

linguagem do vídeo. A dinâmica da exposição coletiva expõe o risco assumi-

do por uma proposta curatorial que invade o espaço do studio/ateliê localiza-

do na Antiga Fábrica da Behring incorporando, para além das projeções em

diferentes displays e com dinâmicas distintas de visionamento, performanc-

es ao vivo, tanto a projeção mapeada “Corpo” da VJ Anihaze, como a dança

[Caza] de Maruan Sipert. A experiência de montagem da exposição, compar-

tilhada pelos curadores com os artistas que aqui expõem torna visível um pro-

cesso de criação que só é possível porque é coletivo, dissolvendo claramente

as noções de autoria e curadoria. O som de um dos trabalhos torna-se música

incidental de toda exposição, subvertendo a lógica de “proteção” entre um

trabalho e outro na dinâmica dos espaços expositivos. O som do trabalho

“Metrô”, interfere de maneira aguda, atrapalhando os sentidos e confundin-

do a preponderância dos sons. Os trabalhos em vídeo de parte do grupo aqui

exposto trabalhou visualmente o tema “transparência”, refletindo acerca dos

materiais e das texturas próprias da linguagem videográfica, explorando o

ruído e a indefinição como elementos centrais. Outro grupo parte para a ex-

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perimentação dos elementos básicos da comunicação visual (ponto, linha,

plano) num processo criativo que nos lembra a maneira com a qual os pin-

tores do início do século XX passaram a olhar para a tela de cinema como uma

tela semelhante à tela da pintura. A performance visual “Corpo” da Vj Anihaze

foi pensada a partir da relação com o trabalho do bailarino Maruan Sipert e

surge como resposta às provocações que a montagem dessa exposição fez

surgir: ocupação, projeção, intervenção. Portanto, [Caza] trabalho incorpora-

do à exposição ao longo da discussão em torno da montagem traz questões

sobre a relação do corpo com o espaço expositivo, imaginando o corpo como

tela. [Caza] cuja inversão verbal traz também à tona a subversão do uso do

corpo, espaço a ser também incessantemente habitado, preenchido e ocupa-

do. O Ocupa Setor 5 é um projeto de exposição permanente cujas ocupações

são sempre coletivas, provocando diálogos entre trabalhos em curso, exper-

imentando para criar um ambiente de exposição ocupado por Artes Visuais

e Performáticas e é realizado em parceria com o LabPd-Arte, Laboratório de

Produção e Direção de Arte da Escola de Belas Artes da UFRJ.

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Caza Maruan SipertMapping de Corpo Anihaze

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Displays com trabalhos em exibição

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Ocupa Setor 5/2 rua

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Desdobramento da Proposição n. 1 “Ocupa Setor 5” de agosto.

Proposição Ocupa Setor 5 n. 2, situação “Rua”Trabalhos performáticos e efêmeros. Ocupação transitória com trabalhos

politicos e desdobramentos sensoriais. Videoinstalação imersiva. Experimentação musical. Paisagens sonoras. Ocupação verbo-visual.

Aconteceu no âmbito do evento Fábrica Aberta e utilizou como espaço anexo ao Setor 5 o Pombal da Behring.

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CuradoriaMichelle Sales

MontagemFabrício CavalcantiRodrigo Leitão

MonitoriaFelipe Amancio

ProduçãoFabrício Cavalcanti

VJAni Haze

VideoinstalaçãoBruno PinhoDaniel SantisoEduardo TavaresFelippe CesarGabriel BilligGabriel FampaHerbert de PazJoão de AlbuquerqueJonas Paz-BenavidesMariana KhouriMarcos KuzkaPedro MetriRafael AmorimRafael de OliveiraRenata OvalleTamer ArrabalThaíssa CoqueiroValentina Ortega

FICHA TÉCNICA

PerformancesAndré SheikFernanda GomesLuana AguiarMilena TravassosRaphael CoutoVinicius Davi

Participação EspecialFilé de Peixe, com a performance Piratão

ColaboraçãoAnalu Cunha

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OCUPA SETOR 5/ 2 SITUAÇÃO RUAA questão de uma arte pública e desinstitucionalizada

Pensando a curadoria também como um gesto artístico ou como um desejo

de partilha, parafraseando o filósofo Jacques Ranciére, essa edição ou desdo-

bramento de uma proposição experimental iniciado em meados de julho de

2014 no Setor 5/Behring assume agora um caráter ainda mais fluido, mais

livre e ainda mais efêmero também.

Ao imaginar uma exposição ou uma ocupação desprovida completamente

de objetos ou de “coisas” a serem vistas, a sala ou hall central do espaço

nomeado como “Pombal” localizado na Antiga Fábrica da Behring foi ocu-

pado orgânicamente em primeiro lugar pela performance sonora do artista

visual e poeta André Sheik e o convidado Rian Batista. O duo de baixistas

realizou uma sequência de três intervenções, marcadas por certa sobriedade

sonora. Nem tanto performance, nem tanto apresentação musical. Não so-

mente música, mas também informação visual, a performance “não música”

de Sheik foi marcada por esse híbrido entre as linguagens sonora e visual,

próprias de um artista multimidiático.

Em contraposição, a performance “Jam serenata” da artista mineira Fernan-

da Gomes reveste-se de um interesse na participação direta do público para

que a obra aconteça. Ao dispor de um karaoke com falsas letras de músicas

em grande parte largamente conhecidas, Fernanda brinca com a intervenção

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do espectador na obra, que ludicamente vê projetado à sua frente imagens

de grandes vedetes do cinema, reprovando ou celebrando sua performance

musical. Já tendo realizado diferentes trabalhos pensados para o espaço

público, a trajetória da artista também é marcada pelo uso da tecnologia e

pela vontade de refletir sobre a relação homem/máquina em seus trabalhos

performáticos.

Entre uma proposição e outra, surge a ação da artista carioca Luana Aguiar

nomeada “Poema Lixo”. O público recebe pequenas sugestões em papel do

tipo “Fale uma palavra que te cause NOJO”, “Palavra para TESÃO”, gerando

inicialmente certo incômodo, um entreolhar desconfiado e então um burbu-

rinho coletivo cacofônico e incerto, mas profundamente revelador.

O Coletivo Filé de Peixe esteve presente com a performance processual

“Piratão”. Em outras edições, realizada no espaço público e não em um ambi-

ente fechado como o Pombal da Behring, a performance do coletivo parece

esgarçar os limites temporais e experimentar através de uma troca direta com

o público da rua, já que geralmente o Piratão acontece por horas a fio em lo-

cais visivelmente populosos, como centros comerciais de grandes metrópoles

latino-americanas e consiste na venda de dvds pirateados de videotrabalhos.

Na Behring, o Piratão foi montado como um espécie de mini-mercadinho,

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uma quitanda da videoarte, no qual o público interagia com os performers,

com os dvds e com imagens de videoarte projetadas num ordinário aparelho

de televisor. Performance verbo-visual, no qual o corpo dos artistas interpela

o corpo do transeunte, “1 é 2, 3 é 5”, aprofunda a discussão em torno do ex-

cesso da produção de imagens na vida contemporânea. Não há limites para

o Piratão. 1000 videoartes disponíveis. 5000 videoartes disponíveis. Quanto

há de videoarte disponível?

A Performance “Estudo para Retrato”, do artista visual Raphael Couto suge-

re, como o próprio nome indica uma preparação do corpo do artista para

suposto retrato. Em alguns minutos, o artista aplica no próprio rosto elásticos

verdes, alterando suas feições, testando novos formatos, experimentando

talvez um outro “eu” para si mesmo. O público interage mediante o descon-

forto do artista perante a autotransformação facial, `a espera de um retrato. A

ação adquire caráter cênico e conta com certa previbilidade de duração, que

sugere rigor prévio. O retrato é feito sempre ao final da performance, por fo-

tógrafo convidado por Raphael Couto.

“Ouroboro”, da artista Milena Travassos, sugere imagem do eterno retorno,

transmutação da palavra ancestral “oroboro”, serpente que engole o próprio

rabo: carta do Tarô que sugere autoconhecimento e autoanálise. De caráter

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cênico, a preparação da performance antecipa a introspecção do artista e

do público mediante o ato. Os objetos escolhidos: tecido vermelho, vidros,

lentes de aumento sugerem a criação de um mundo imaginário em sus-

pensão. A artista, corporificando este mundo, também transmuta-se, as

lentes de aumento e as posições assumidas pela artista na performance

animalizam-na as feições, aproximando-a de um estado mais humano, mas

mais animal também, talvez mais primitivo, mais instintivo, certamente

mais sensível.

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A sombra projetada no fundo de uma das paredes do Pombal (poderia ser

também de um caverna), consequência do rigor cênico da performance, torna

aparente algo de insólito, de obscuro, de transcendental. A luz projetada de

baixo para cima faz lembrar muito de uma estética expressionista dos filmes

alemães do início do século XX, todos revestidos de um mesmo trânsito

sobrenatural, debruçados sobre questões acerca da natureza e da alma hu-

manas, como “Ouroboro”.

Na antesala do Pombal, corredor central do quinta andar da Fábrica Behring

ocupamos com a videoinstalação coletiva, desenvolvido em parceria com a

artista Analu Cunha. Todos os trabalhos forma orientados de forma a desen-

volver em video o tema “RUA”. A montagem do trabalho aconteceu ao vivo e

foi desenvolvido pela Vj Anihaze em duas telas, estabelecendo um diálogo

entre os trabalhos e apropriando-se da arquitetura própria da fábrica.

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Imagem do processo de montagem com (de esquerda para direita): Anihaze,

Michelle Sales, Rafael Amorim, Thaíssa Coqueiro, Eduardo Tavares e Rafael S’tum

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Recebemos videotrabalhos de artistas em formação do Parque Lage e da

Escola de Belas Artes da UFRJ e a seleção final contou com trabalhos de:

Bruno Pinho

Daniel Santiso

Eduardo Tavares

Felippe Cesar

Gabriel Billig

Gabriel Fampa

Herbert da Paz

João de Albuquerque

Jonas Paz-Benavides

Mariana Khouri

Marcos Kuzka

Pedro Metri

Rafael Amorim

Rafael de Oliveira

Renata Ovalle

Tamer Arrabal

Thaíssa Coqueiro

Valentina Ortega

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Desejamos criar um ambiente múltiplo preenchido por diferentes ações

espaço-temporais interrelacionadas em um único campo visual, cuja inten-

sidade e fragmentação expõem a fragilidade de um projeto aberto que dese-

ja experimentar a percepção sensorial de traseuntes e artistas performáticos.

O interesse maior desse proposta experimental de curadoria é pensar um es-

paço desinstitucionalizado de arte no Rio de Janeiro em que obras, em geral,

não acabadas ou em processo são apresentadas de modo mais orgânico e

livre, sem expectativa de estabelecer trocas comerciais com o público, além

de um ambiente desprovido de intermediários e de mediadores entre o pú-

blico e os trabalhos.

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André Sheik e Rian Batistanão-música

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Filé de PeixePiratão

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Fernanda GomesJam Serenata

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Fernanda GomesJam Serenata

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Milena Travassos

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Raphael Couto

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A ação consistiu num movimento de pesquisa, diálogo, aproximação e criação com os artistas André Sheik, Gustavo Torres e Thomas Jefer-

son, além da contribuição artística da Vj Anihaze, que apresentará o Mapping “Precarius” desenvolvido a propósito da exposição e do

cenógrafo Rodrigo Leitão, cuja sensibilidade foi imprescindível para a natureza deste evento.

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/FICHA TÉCNICA

CuradoriaMichelle Sales

MontagemRodrigo LeitãoGabriel Barros

ProduçãoFabrício CavalcantiNay Araujo

ArtistasAndré SheikGustavo TorresThomas Jeferson

MappingVJ Anihaze

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Curadoria Michelle Sales

Trabalho experimental de curadoria desenvolvido para o Setor 5 no âmbito

do evento Fábrica Aberta/2014 com duração de 2 dias e ações performáti-

cas que acontecem apenas na noite de sábado, 13 de setembro. A ação con-

sistiu num movimento de pesquisa, diálogo, aproximação e criação com os

artistas André Sheik, Gustavo Torres e Thomas Jeferson, além da contribuição

artística da Vj Anihaze, que apresentará o Mapping “Precarius” desenvolvido

a propósito da exposição e do cenógrafo Rodrigo Leitão, cuja sensibilidade foi

imprescindível para a natureza deste evento.

A ideia para essa exposição partiu do visionamento e reflexão em torno

de imagens feitas por câmeras de celular e de videovigilância. Apesar des-

tas modalidades não terem se tornado elemento central da exposição que

agora vemos, a relação de estranhamento e cegueira causado por imagens

que menos revelam do que provocam impôs como questão a precariedade

contemporânea como fração incontornável da vida cotidiana.

Causar uma relação com o espaço habitado da exposição, provocar um

diálogo com a arquitetura e a dinâmica própria do Setor5 é exercício presente

e constante que a prática de uma curadoria que tem o festo artístico como

proposição quis sempre preservar. Intervir, criar proposições, modificar a es-

trutura do espaço e da relação das obras entre si. Pensar um exercício experi-

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mental de curadoria mais interessado em ações transitórias, performances,

obras colaborativas desenvolvidas para o espaço, e proposições sociocul-

turais. Distantes de um espaço tradicional de exposição, a geografia própria

do território agora preenchido pelas obras aqui nos impõe como tema ações

que vislumbram vestígios, fragmentos e ruínas de um espaço em permanen-

te construção e desconstrução. Nesse sentido, somos precarius, ou de pouca

duração, intermitentes e de certa fragilidade espaço-temporal.

O trabalho “Inflexão Catódica”, do artista Thomas Jeferson, explora frontal-

mente o elemento precário da imagem televisiva e não só. O objeto televisão

é exposto. Com as vísceras à mostra, ruminando para o lado de fora um es-

forço para produzir algo que se torna em vão. Não há imagem. Não há som.

Ausência completa de audiovisual. No lugar, um grafismo minimalista que

dialoga com a pintura geométrico-abstrata: linhas, pontos e cores primárias.

Este trabalho compõe o espaço com as obras em vídeo do artista André

Sheik. Numa constelação de tv, numa tela de televisão, um enredo de im-

agens que se perseguem, como um espelho. Como na “Inflexão Catódica”,

ponto em que ma curva toca sua tangente, ou em que uma imagem toca a

essência da outra.

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O trabalho “Imagem” do artista Gustavo Torres foi também elaborado à

propósito dessa exposição, levando em conta a arquitetura do espaço e a

poética que o artista vem desenvolvendo através do uso de projeções e a

criação de paisagens sonoras. Consiste em três projeções de imagens produz-

idas no próprio local cujo resultado é a projeção do objeto exposto no espaço

em que se encontrava quando foi fotografado. Cria uma série de tensões com

o lugar, duplicando-o e expondo sobras, duplos, simulacros e fantasmas.

Fantasmas transitórios que, por ora, nos habitam.

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montagem do mapping Precarius VJ Anihaze

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Imagem do trabalho Imagem de Gustavo Torres

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Imagem de Gustavo Torres

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Acima trabalho em vídeo, de André Sheik e Inflexão Catódica de Thomas Jeferson

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Diários da Fábrica

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“Diários da Fábrica”, dia 8 de novembro, 2014.

Exposição coletiva que consiste na exibição dos desenhos de Paula Dager e da performance visual do Coletivo Gráfico. Curadoria Michelle

Sales.

“Quem habita essa cidade?”

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/FICHA TÉCNICA

Coletivo GráficoColetivo de artistas egressos da Escola de Belas Artes da UFRJ e que atua majoritariamente com intervenção urbana através de impressões gráficas e colagem de lambe lambe. Nessa exposição, farão uma performance visual coletiva utilizando a natureza da arquitetura do Setor 5, alterando visualmente a forma e o conteúdo desse espaço. A proposta é criar um fundo infinito preenchido por desenhos da(s) fábrica(as) na(s) cidade(s), em diálogo direto com “as” Fábricas: da Paula, e a mais antiga, de chocolate.

Paula DagerArtista visual e seu trabalho envolve a criação através do desenho de uma metropolis tanto virtual quanto imaginária que tem o pixel como unidade mínima e ponto de partida para toda a série Quadriculadas. Compondo trípticos e polípticos, a forma modular que a sequência dos desenhos vai impondo cria certo ritmo visual cujo uso da cor também é determinante. Essa cidade de Paula Dager habitada entre o lúdico e o labor, entre robôs e tartarugas, cria uma espécie de mundo em suspensão ( ou seria naufrá-gio?), e dá forma à certas geografias imaginárias da Terra.

Michelle SalesProfessora da Escola de Belas Artes da UFRJ e curadora independente.

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Diários da Fábrica: Paula Dager e Coletivo Gráfico

Curadoria Michelle Sales

Seres camuflados, maquínicos, imaginários. Seres transmutados, transgêni-

cos, digitalizados. Organismos vivos em cidades esvaziadas. Espécie de

mundo futuro (ou já seria presente?) em convulsão. Cidades inabitadas e

binárias, cidades pixel, cidades devir.

No ponto de partida um quebra-cabeças, uma cidade-jogo cuja resposta

visual já concluída cumpre a função de satisfazer a angústia de fazer-se con-

hecer para o turista que ali nunca esteve. Tem início nossa viagem.

Como Marco Polo, os desenhos de Paula Dager querem cumprir a missão

de descrever cidades por onde passa. Representando-as através de uma car-

tografia improvável, desprovida de lógica assim como as cidades de Marco

Polo que padeciam de exatidão, providas de memória e afeto.

De uma cidade aproveitamos apenas “a resposta que dá a nossas pergun-

tas”. Kubai Klan, o imperador, exigia de Marco Polo rigor nos detalhes, movido

por uma compulsão de querer saber sempre mais. Assim dá-se também nos

desenhos de Paula, traços marcados pelo desejo lúdico da descrição, de dar

forma a uma paisagem, servindo de olhos `aquele que não pode ver.

O papel, a caneta, o traço, tudo marca esse percurso, essa busca. Refaz um

caderno de viagem, um diário revestido de afetividade. Diário de fábricas e

diário de cidades. Diário de fábricas quando nos revela as vísceras da cidade:

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engenhosidades maquínicas e orgânicas, seres híbridos presos num mundo

da produção encerrado em si mesmo. Diário de viagem quando perfaz pais-

agens, descreve cidades por onde nunca esteve ou talvez já tenha habitado.

Um olhar, enfim, desejoso e premonitório que tenta elucidar a paisagem de

muitas cidades invisíveis e imaginárias. Os desenhos de Paula aqui expostos

foram realizados entre 2013 e 2014.

Diálogo constante se dá com o trabalho do Coletivo Gráfico. O Coletivo

formado em 2010 é composto por artistas que atuam em diversas `areas:

moda, design, publicidade. Trabalha com impressão de cartazes e colagem

de lambe lambe e atua preferencialmente em espaço públicos. Saindo assim,

do habitat natural – a rua – e ocupando as nossas paredes, a intenção é dar

forma a essa cidade devir que já nos habita a mente e o coração. Cidade em

construção coletiva.

O Coletivo Gráfico realiza performance visual coletiva e aberta, ocupando

com desenhos 45 m2 ao longo da abertura dessa exposição no dia 8 de no-

vembro de 2014. A obra finalizada pode ser visitada também, no dia 9 de

novembro, ultimo dia dessa ocupação/exposição.

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Desenhos de Paula Dager 2013-2014

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Performance Coletivo Gráfico 8 de novembro de 2014

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Performance Coletivo Gráfico 8 de novembro de 2014

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Performance Coletivo Gráfico 8 de novembro de 2014

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Entrada do Setor 5Artistas do Coletivo Gráfico

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