Ôxe! - Junho de 2013

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No mês em que comemoramos a Semana Mundial do Meio Ambiente, trouxemos o tema para esta edição do Ôxe!. Confira também texto de Danilo Góes sobre o triste fim de uma marionete de nossa cidade, a sinistra visita no texto de Frank Neres, as terríveis e prováveis previsões no texto do Messias Silva, Betto Souza e as manifestações sobre o aumento da passagem, pílulas naturais de sabedoria, mais cinco dicas quentíssimas Na Faixa, Registro e nosso habitual otimismo!

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Page 1: Ôxe! - Junho de 2013

Realização:

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gráfico foramutilizados

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a licençaGNU/GPL.

ANO IV − Numero 495.000 Exemplares

Francisco Morato - São Paulo

Brasil CCoommppoorrttaammeennttooSSoocciieeddaaddee

CCuull ttuurraaee eessppeerraannççaa!!

JJuunnhhoo// 220011 33 VVeennddaa PPrrooiibbiiddaa DDiissttrriibbuuiiççããoo GGrraattuuii ttaa ggrraaççaass aaoo aappooiioo ddoo ccoomméérrcciioo llooccaall

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Junho / 20131

ProgramasUbuntu 10.10 (ubuntu.com)BrOffice.org 3.2.1 (broffice.org)Gimp 2.6.10 (gimp.org)Scribus 1.3.3.13 (scribus.net)InkScape 0.48 (inkscape.org)Mozilla Firefox 3.6.13 (br.mozdev.org)Banshee 1.8.0 (banshee-project.org)

::. O que a gente usou nessa edição

::. Colaboraram nesta edição:

Betto Souza(subjetividadeematividade.blogspot.com.br)

Danilo Góes([email protected])

Frank Neres([email protected])Messias Silva([email protected])

O informativo Ôxe! é uma iniciativa daÔxe! Produtora Comunitária que visapropiciar à população de Francisco Mo-rato e região, um veículo de jornalismocidadão e produção, difusão e divulga-ção de ideias e informações na área cul-tural. Todas as informações, ilustraçõese imagens são de responsabilidade deseus respectivos autores e obedecem alicença Creative Commons 3.0 BrasilAtribuição-Uso Não-Comercial-Com-partilhamento pela mesma Licença(acesse o blog para maiores detalhes),salvo indicações do(a) autor(a) em con-trário. Para ver uma cópia desta licença,visite http://creativecommons.org/li-censes/by-nc-sa/3.0/br/ ou envie umacarta para Creative Commons, 171 Se-cond Street, Suite 300, San Francisco,California 94105, USA.

A Equipe Ôxe! é: Fabia Pierangeli,Gilberto Araújo, Mari Moura eRoger Neves ([email protected])

::. Diga, Ôxe! Gaia, o planeta TerraÔxe!: Pra quem não conhece, quem é Gaia?Gaia: Acho que é difícil não me conhece-

rem, afinal de contas, todos existem por mi-nha causa né?! (risos) Mas vamos lá: apesarde ser bem jovem ainda (tenho um poucomais de 4,5 bilhões de anos) e pequena(comparado ao resto do universo), já soubem rodada e vi muita coisa por aqui. Morodesde que nasci no Sistema Solar e, comomeus outros vizinhos, ando em volta do Solque é apenas uma dentre 200 bilhões de es-trelas existentes na galáxia, a Via Láctea. Soupopularmente conhecida como Mundo edependem de mim milhões de espécies deseres vivos. As pessoas me conhecem maispelo que sou por dentro, ou seja, pela atmos-fera, que nada mais é do que o ar que vocêsrespiram; e hidrosfera, que é toda a água, in-cluindo os oceanos, rios e lagos que corremem mim. Isto pois graças a elas que toda avida é possível e protegida aqui, em mim.

Ôxe!: E como é seu dia-a-dia? Muitotrabalho?Gaia: Ah, eu trabalho demais todos os di-

as! Sou muito produtiva e eficiente, apesar deter muitíssimas funções. Mas devo ressaltarque devo muito disso ao meu patrão, o Sol;ele que libera a luz e o calor para todo ouniverso, inclusive pra mim. Com essa ener-

gia toda, posso criar muitas reações, ciclos esistemas. São elas que conduzem a circulaçãoda atmosfera e dos oceanos e cria alimentopara as plantas, que por sua vez são o ali-mento das pessoas e animais e isso tudo dáum trabalho danado. E você pensa quevalorizam isso? Humpf! De todos os meusconhecidos, só eu tenho água, que é algo es-sencial para todas as formas de vida, maspoucas pessoas levam isso em consideração.

Ôxe!: E o coração como anda?Gaia: Ah, eu sempre tive, vamos dizer as-

sim, um lance cósmico com a Lua. Temosuma energia especial, um sincronismo entreas nosssas rotações que sempre mexeu muitocomigo, desde sempre. Mas nunca pudemosoficializar nada, apesar de vivermos juntas amuito tempo. Mas agora as coisas estãomudando, né, e acho que a gente vai podercasar "de verdade" agora (risos).

Ôxe!: De véu e grinalda?Gaia: De véu, grinalda, bolo e tudo mais

que tivermos direito! Quer dizer, se euaguentar até lá...

Ôxe!: Muita gente tem mesmo demonstra-do preocupação com a sua saúde. Comoanda esse lado?Gaia: Ah, ultimamente tenho sentido

muitos incômodos e perturbações com asmudanças que os seres humanos tem causa-

do à minha vida. Já passei por coisa, viu!Mas realmente ando bem ruim... Acho

que é o estresse também.

Ôxe!: E como é a relação com seusfilhos, em especial os seres huma-nos?Gaia: É bem complicada! De

todos, eles sempre foram os queme deram mais trabalho. Nemos dinossauros deram tantotrabalho. Pra você ver, a camadade ozônio, que é o que me protegecontra alguns efeitos físicos que eupossa sentir, tem diminuído muito

desde a década de 80 graças as po-luições causadas por esses pestes.

Acredita? Já tem até um buraco! E ele tácrescendo a cada dia. Essa poluição é geradapor veículos automotivos, indústrias que não

possuem filtros nas tubulações, produtosquímicos, isso tudo diminui pouco a

pouco a minha (nossa) capacidadede existência. Antigamente, eu megabava por poder suportar a vidadurante, pelo menos, outros 500milhões de anos. Agora, nemsei mais se isso será possível!

Ôxe!: Qual o seu maior medo?Gaia: Vixi! Sou “macaca ve-

lha”, vocês sabem. Já tirei de letra muita ca-tástrofe por aí, mas eu ando muito assustada.Tenho medo de que a coisa por aqui ferva devez. É, tenho medo que toda essa liberaçãode gases que são produzidos pelas queimadas,pela poluição, um dia esquente demais meucorpo e eleve tanto a minha temperatura, queeu exploda?! Aí você vão ver... Briguei tantoa vida toda, pros meus próprios filhosacabarem comigo. Já pensou?

Ôxe!: E o que podemos fazer para ajudá-la?Gaia: Olha, eu acredito que vocês já sa-

bem como ajudar. O que falta é tomaremvergonha na cara! Uns baita rapagão dessesdestruindo a camada de ozônio, causandodesequilíbrio no clima, resultando no efeitoestufa, acabando com outras espécies! Vocêsdeviam ter mais vergonha na cara! Depoisque descongelar as geleiras polares e inundaros territórios que vocês habitam, não vaiadiantar reclamar não! Sem a camada deOzônio, já pensou o quanto de câncer de pelevocês vão ter, graças aos raios ultravioletas?Vocês tem que reduzir a emissão de gasesque são emitidos em fábricas e carros, meusfilhos. Tem que evitar as queimadas flores-tais, tem que evitar os aterros sanitários. Tudoisso emite gases que destroem minha camadade ozônio. Vocês não percebem que estão memachucando? E cada um deve começar acontribuir da sua maneira. Por exemplo, todomundo concorda que o uso de carros contri-bue para o aquecimento global, todos sabem,mas ninguém está disposto a andar menos deautomóvel, porque estão pensando só nosseus problemas pessoais! Por isso que, en-quanto cada um pensar apenas no seu nariz,esse buraco vai crescer cada vez mais atéacabar destruindo tudo o que há de melhorem vocês e em mim também.

Ôxe!: Quanto ao futuro? Quais são seuplanos?Gaia: Futuro? Sinceramente, ando meio

descrente no futuro. Tenho visto cada coisanos ultimos séculos que fiquei meio pessi-mista. Confesso que eu gostaria muito quetodos vocês se conscientizassem que são res-ponsáveis por mim também, que lutassempor menos poluição e percebessem que atecnologia e a riqueza não irão salvar suas vi-das. Gostaria que todos percebessem que sempoluição o ar, a terra, os mares e a vida recu-perariam sua pureza original. Minha saúdevoltaria ao normal e a vida de todas asespécies, inclusive a de vocês, seria melhor.Gostaria muito de voltar a trabalhar comoantes, com tudo o que é necessário para sermelhor e poder ver com alegria toda a belezaque existe no universo! Já tive muitos planos,hoje, só penso em melhorar! .::

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2Junho / 2013

::. Circuito SESC de Artes em Franco e MoratoO Serviço Social do Comércio em parceria com as

prefeituras municipais realizará um dia de intervenções comatividades culturais em 102 cidades paulistas. O CircuitoSESC de Artes passará pela cidade de Franco da Rocha nodia 21 de junho a partir das 17h, na Praça Caieiras(Calçadão em frente à estação da CPTM), com términoprevisto às 21h. E no dia 23 em Francisco Morato das16h30 às 20h30, na Praça Pompilho Bessa (em Frente aoCIC) no centro.

Confira a programação do circuito em sua passagempelas bandas de cá: CIRCO: Manic Freak - Nacho Rey(ARG), DANÇA: Posso Dançar para Você? - CiaDomínio Público (Campinas / SP); MÚSICA: Céu (SP);TEATRO: A Folia no Terreiro de Seu Mané Pacaru -Mamulengo da Folia (PE /SP); INTERVENÇÃO: Poesiasao Vento - Cia Atos (SP) e Mire Veja: Você Dança ParaMim? - Tatiana Devos Gentile (RJ)

Mais informações: circuito.sescsp.org.br

::. Temporada Pandora no CEU PerusCom o espetáculo “Relicário de Concreto”, o

Grupo Pandora de Teatro encena asmemórias sobre a história da Fábrica Portlandde Perus, e continua em cartaz todos osdomingos no CEU – Perus até o dia 30 dejunho, sempre às 18h30, com ENTRADAFRANCA.

O CEU Perus fica na Rua Bernardo José de

Lorena, S/N – Perus – São Paulo/SP (Ao lado da estaçãoPerus – CPTM)

Duração: 60 minutosLotação: 40 lugaresMais informações: grupopandora.blogspot.com.br

::. Programação Cultural no Espaço Eco'sO Espaço Eco's além de possuir o ambiente do

bar, vem movimentando a cidade de FranciscoMorato com uma intensa programação cultural, nessefinalzinho de mês você ainda pode conferir o showsacústicos com o músico Tequila (20 de junho apartir das 20h e, 21 de junho com couvert a R$3,00também a partir das 20h), Nego D'água (22 dejunho a partir das 20h), Teatro com o ator ClaudioAlbuquerque no espetáculo Casa Poiesis (26 dejunho, venda antecipada: R$10,00 e no dia R$15,00- 20h), Plastic Life (29 de junho, com couvert aR$3,00, a partir das 20h) e muito chorinho com

Arnaldo e Fabiano (dia30 de junho, a partir das19h).

Pra quem se interessou equer conferir tudo de perto é sóir até a rua João Mendes Junior,542 no centro de FranciscoMorato.

Mais informações: 4881-6057

::. Festa dos Povos em Francisco MoratoDe 5 a 9 de julho acontecerá, na Praça Pompilho Bessa,

em frente ao CIC Francisco Morato, a 1ª edição da Festados Povos. O evento reunirá diversos tipos de atrações:

Nos dias 5 (a partir das 19h) e 6 (a partir das 17h)acontecerá o Festival Internacional de Dança, reunindogrupos de dança da nossa região e grupos internacionais

que apresentarão danças típicas daRússia, Paraguai, China e África.Dia 7, a partir das 9h, acontece o14º CONFAFRAMO, com aparticipação de Fanfarras de 31cidades. E nos dias 8 e 9, a partirdas 20h, shows musicais devariados estilos. Tudo, NAFAIXA!!!

A Festa dos Povos é umarealização da prefeitura municipalde Francisco Morato, através da suasecretaria de cultura.

Mais informações: 4488-2145

::. Oxandolá [In] Festa 2013A programação do nosso festival de artes segue até o dia

30 de junho, com muita música, teatro, bate-papo sobreprodução cultural e muito mais. Todas as atividades sãogratuitas, confira a programação na íntegra, na nossacontra-capa. .::

"A naturezanão faz nadabruscamente".

Jean-BaptisteLamarck

::. Na Faixa Por: Meire Ramos

Tequila, da banda AmareloMarinho, tocará no Espaço Eco's

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em:MariMoura

Espetáculo que narra a "greve guerra" dePerus fica em cartaz no CEUdo bairro

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em:Divulgação

Page 4: Ôxe! - Junho de 2013

Junho / 20133

"Na natureza não

existem prêmios,

nem sequer

punições. Existem

consequências!"

James McNeilWhistler

Imagina a situação: o moleque no meio da casa diz “Ômãe, o vô tá ficando doido! Ele jura que existia um bichoque vivia no mar e era maior que a nossa casa!”. Acrediteou não, não estamos muito longe disso. Muito se falou econtinua se falando sobre ecologia, meio ambiente e con-servação nos últimos 20 anos; e não é pra menos, a situa-ção é muito grave, aliás mais grave do que falam por aí. Noúltimo dia 05 de junho, celebramos o Dia Mundial do MeioAmbiente que, sejamos francos, é mesmo uma desculpapara pensarmos no assunto e criarmos um pouco de vergo-nha ecológica na cara. Digo “celebrar” e “desculpa”, poisnão temos nada para comemorar no que se refere ao res-peito à natureza e responsabilidade ambiental. O ser huma-no é a primeira espécie animal (é, também somos animais)em toda a história de nosso planeta que conseguiu fazertanta burrada que ameaça e pode acabar com toda a vidado planeta. Também somos pioneiros em fazer mal em lar-ga escala à nossa própria espécie, na possibilidade de causarnossa própria extinção e em alterar o meio ambiente. Nemos dinossauros conseguiram isso! Parabéns pra humanidadeque é idiota o suficiente para acumular essas e outras “con-quistas”.

Pra entendermos o quanto isso é sério, primeiro talvezseja necessário entendermos o quanto a vida e um planetaonde ela possa surgir é raro. Praticamente desde sempre ohomem se pergunta e procura por sinais de vida fora denosso planeta. E quanto mais ele procura, mais vê como is-so é difícil. Primeiro o planeta tem estar em orbita de umtipo específico de estrela (como o nosso sol), depois temque estar há uma certa distância específica (nemmuito perto, nem muito longe), depois tem queter carbono, água, uma atmosfera que protejacontra as irradiações espaciais e deve ter so-brevivido até a fase de um “planeta adulto”(planetas em formação são muito “violentos”e o espaço sideral não é dife-rente). Ainda assim, isso não égarantia de que a vida vá sur-gir nesse pedaço da galáxia.

Desde que o telescópio Kepler foi lançado (2009), foramencontrados alguns candidatos (veja bem que é “alguns”dentre o zilhão de estrelas e planetas que existem), masaquele lugar igual à Terra ainda não foi descoberto. E talvezainda demore um pouco. Mas ainda assim ele estaria longedemais para que a gente possa fugir para lá, coisa de milha-res de anos-luz.

Não é exagero nenhum considerarmos que tem gente poraí pensando e procurando um outro planeta para poder daro fora daqui quando a situação se tornar insustentável. Oser humano tem mexido demais com a natureza e afetado ofuncionamento do planeta como um todo a ponto de mu-dar completamente as condições climáticas de algumas re-giões tornando a vida insustentável nesses lugares. Inclusivepara nós mesmos. Duvida? Então vejamos dois casosexemplares (no mal sentido). O primeiro é o praticamentedesaparecimento do Mar de Aral.

O Mar de Aral era um lago de água salgada,localizado na Ásia Central, entre o que conhe-cemos hoje como os países Cazaquistão e Ca-racalpaquistão (não é sacanagem, tem mesmoum país com esse nome). Esse lago já foi oquarto maior do mundo com 68 000 km² de su-perfície e 1100 km³ de volume de água, mas em2007 já havia se reduzido a apenas 10% de seutamanho original, e em 2010 estava dividido emtrês porções menores, em avançado processo de

desertificação. Isso porque o governo soviético teve a bri-lhante ideia de desviar parte das águas dos rios que ali-mentavam o Mar de Aral desde 1918 para irrigarplantações de algodão, arroz, cereais e melões. Qualquersemelhança com projetos brasileiros como a transposiçãodo Rio São Francisco e a construção da usina de BeloMonte não é mera coincidência. O resultado da intervençãodo governo soviético no fluxo das águas foi a quebra daindústria pesqueira da região do Aral, onde hoje tem barcosabandonados no meio do nada e em 2010 o Mar de Aralpraticamente sumiu, deixando um deserto com solo ento-xicado e inutilizado pela alta presença de sal e vários polu-entes que adoeceram a população da região. Ah, agora temtempestades de areia lá também. Como diz a música: o marvirou sertão.

PPoorr:: RRooggeerr NNeevveess

Acima: Mar de Aral antes e depois, como era na década de 60 e como ficou em2010. Ao fundo: embarcação abandonada no meio do que foi o Mar de Aral

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em:FabiaPierangeli

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Page 5: Ôxe! - Junho de 2013

4Junho / 2013

"Trate bem aTerra. Ela não foidoada a você porseus pais. Ela foiemprestada a vocêpor seus filhos."

Provérbio africano

Um outro mal exemplo é o grande nevoeiro de 1952ocorrido em Londres. Esse foi um período de severa po-luição atmosférica, que encobriu a cidade de Londres, sen-do causado pelo crescimento descontrolado da queima decombustíveis fósseis (óleo e carvão) na indústria e nostransportes. Acontece que na Inglaterra faz muito frio(bem mais que aqui no Brasil) e para manter as casasaquecidas, eles utilizavam basicamente carvão. A chegadade uma frente fria intensa fez com que as pessoas queimas-sem mais carvão do que o habitual e o aumento na polui-ção do ar foi agravado por uma inversão térmica, causadapela densa massa de ar frio. O acúmulo de poluentes foicrescendo, especialmente de fumaça e partículas do carvãoque era queimado. O nevoeiro resultante, uma mistura denévoa natural com muita fumaça negra, tornou-se muitodenso, chegando a impossibilitar o trânsito de automóveisnas ruas. E lugar algum estava salvo disso, já que a polui-ção do ar invadiu facilmente mesmo os ambientes fecha-dos. O detalhe macabro é que graças a Segunda GuerraMundial, a Inglaterra passava por problemas econômicos,o que fez com que exportassem o carvão de melhor quali-dade, deixando para os ingleses apenas o carvão de baixaqualidade, rico em enxofre. Adivinha onde isso foi parar.Isso mesmo, no ar e depois nos pulmões das pessoas. Re-sultado: acredita-se que o nevoeiro tenha causado a mortede 12.000 londrinos, e deixado outros 100.000 doentes.Qualquer semelhança com a qualidade do ar em São Paulono inverno, não é mera coincidência.

Se você acha que esses são problemas superados e coisado passado, pense bem. A União Internacional para a Con-servação da Natureza estima que a expansão humana levoua destruição de 60 mil km² de florestas por ano desde2006 (o que equivale a cerca de 5,5 milhões de campos defutebol). Com isso, colocamos em risco de extinção maisde 30% das cerca de 1,75 milhão de espécies de plantas,insetos e micro-organismos conhecidos (fora as que nós se

quer chegamos a conhecer). Ou seja,graças ao nosso desleixo com a

natureza, 31% de todas as espécies de anfíbios, 33% de to-dos os recifes, 25% de todos os mamíferos, 20% de todasas plantas e 13% de todas as aves correm o risco de sumi-rem para sempre. O pior é que 795 espécies variadas já de-sapareceram graças às nossas burradas. Tem ideia do que éisso? Quase 800 bichos e plantas nunca mais serão vistos esumiram completamente do mundo por nossa culpa. Vocêjá viu um pica-pau original (Campephilus principais), comoo do desenho? E um sapo dourado (Bufo periglenes)? En-tão, nem vai ver. Sabe por quê? Porque a gente sumiu comeles.

Mas o lado mais ridículo da nossa degradação da nature-za é o desperdício de alimentos. Além de um “tiro no pé”economicamente falando, desperdiçar alimentos é tambémum ato de extremo egoísmo... e burrice, claro. Pensa quepara produzir o alimento que você compra no supermerca-do, tratores, caminhões e carros cuspiram poluentes na at-mosfera, fora isso a mata teve que dar espaço para aplantação, mais o uso de água, agrotóxicos, fertilizantes, etc,etc. Desse modo, cada alimento que compramos no merca-do, além do custo financeiro, tem também um custo ambi-ental, este pago por todas as formas de vida no planeta.Então quando alguém joga comida fora, não está jogandoapenas seu dinheiro fora, mas também a possibilidade derecuperarmos a natureza e os recursos que deveriam serusados por todas as formas de vida.

Mas o mais absurdo é que há gente ainda hoje que passafome e esse alimento que é jogado fora poderia alimentaressas pessoas. Segundo as ultimas estimativas cerca de 13milhões de pessoas ainda passam fome no Brasil e, por ou-tro lado, são desperdiçados 26,3 milhões de toneladas dealimentos ao ano. Não consigo nem imaginar a montanhade alimentos que isso representa, mas o caso é que essamontanha poderia alimentar 35 milhões de pessoas; ou se-ja, ninguém passaria fome e ainda sobraria alimento. Aindanão tá impressionado(a)? Então pensa que todo esse des-perdício representa um prejuízo para o Brasil de R$ 12 Bi-

lhões, o que equivale a mais de 340 Mega-Senas

acumuladas!! Mas isso não se dá de uma vez, ninguémchega no lixão e derruba uma montanha de alimento e saifora. Esse desperdício se dá aos poucos, de grão em grão.Se a gente dividir o prejuízo do desperdício de alimentospelos 196,7 milhões de brasileiros, a gente vai ver que cadaum de nós desperdiça R$ 61 em alimentos por ano ou R$ 5por mês. Parece pouco, né? Mas não é e antes que vocêtente colocar a culpa em alguém, saiba que os dois lugaresonde mais se desperdiça comida é na colheita e na cozinha.

É assim mesmo, com pequenas mudanças de atitudes,que faremos diferença quando se trata de preservação danatureza e de ajudarmos o planeta a melhorar. Seria bom,mas não é necessário grandes sacrifícios para fazermos di-ferença nesse sentido. Lembra de como foi logo depois dosapagões que tivemos no Brasil? Foi tão difícil economizarenergia elétrica, trocar as lampadas da casa e desligar osaparelhos que não eram usados? Então, do mesmo modonão é tão difícil economizar comida, manter uma parte deseu quintal com área verde, preferir produtos, alimentos ecombustíveis que agridam menos a natureza e pensar bemantes de comprar novas coisas. Você realmente precisa deum novo celular? Precisa mesmo trocar de carro? Aliás,precisa mesmo de um carro? Você tem mesmo que trocar aTV ou isso é um modismo? A felicidade está em você ounas coisas que você compra? Infelizmente é impossível pa-ra o ser humano, hoje, existir sem consumir, mas certa-mente não é necessário consumirmos tanto. Cada coisa queadquirimos, representa um monte de recursos que foramtirados da natureza e um tanto de lixo que uma hora ououtra vai voltar para lá. Ao comprar um produto, você setorna responsável por toda agressão à natureza que suaprodução causou ou venha causar. É desse modo que oconsumo responsável começa, ao avaliarmos os impactosque nossas escolhas e nosso modo de vida tem sobre a na-tureza, sobre a exploração do planeta e em relação aos ou-tros seres humanos. Faça sua parte e exija que os governose empresas façam sua parte também! Assim, em 100 anosquem sabe, talvez, a gente consiga reverter todos os malesque a raça humana (eu, você, nossos parentes e ancestrais)causaram ao planeta Terra. Nossa mãe, nossa casa e com a

qual somos tão ingratos. Por enquanto. .::

Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

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Ao fundo: o lixo éoutro produto da atividadehumana que impacta fortemente a natureza

Page 6: Ôxe! - Junho de 2013

Junho / 20135

Se continuarmos a desperdiçar. . .

no futuro nossos descendentes,

privações poderão passar. . .

pela falta da água corrente;

Ao andar pelas ruas

donas de casa vejo lavar,

numa vontade crua. . .

as mangueiras águas a jorrar;

As civilizações ao aderir,

os meios da reciclagem

pelo planeta irão contribuir,

a uma natureza sustentável;

As derrubadas de árvores

para o papel à madeira,

o verde a respirarmos

a reciclagem é a maneira;

Os esgotos desaguando

detritos aos mares

os nossos peixes matando,

e outros animais seculares;

As baleias, os delfins intoxicados

os cardumes, tubarões, as estrelas,

vítimas do óleo industrial despejado

nossos netos, bisnetos poderiam nãoconhecê-los;

A selva de pedra nas cidades

deu lugar a poluição,

é irrespirável, contém toxicidade,

os males contra o coração e o pulmão;

Ainda há tempo e juízo,

para o homem redimir

progresso e não prejuízo!

e em prol de natureza agir.

PPoorr:: MMeessssiiaass SSiillvvaaVVAATTIICCÍÍNNIIOO

Ainda criança, acordei subitamente nomeio da noite e havia um velho anciãosentado na beirada de minha cama.

Meio sonolento despertei assustado,faltou-me voz para gritar minha mãe.Porém seria em vão, ele já estava ali algumtempo se quisesse fazer mal, já o teria feito .

Seu semblante era triste, carregado deamargura e frustração, sua figura medespertava mais pena do que medo.Começou a falar de forma branda,melancólica palavras que soavam comoconselhos .

- Um dia eles virão e arrancarão de vocêaquilo que mais ama, aquilo que lhe move.

- O que? - O que o senhor esta falando,quem são eles ?

- O mundo!, todo mundo - Eles teforçarão a crescer e abandonar seus sonhos.Dirão-te no que vai acreditar e a não prestaratenção nas mínimas coisas, te darão ídolose valores que você terá que buscar inces-santemente, para atingir a felicidade. Masela será uma miragem que se move paramais longe, cada vez que se aproxima.Jamais saberá que ela é um holograma. Eno fim da vida, só no fim descobrirá quetudo não é nada.

Dirão que as nuvens não são de algodãoe que estrelas são apenas bolas de gasesexplodindo a milhões de quilômetros .

Tudo perderá a graça

- E o que faço ?

- Revista seu coração em pedra, trancafiesuas memórias doces e ingênuas, pois elasserão o único tesouro que realmente valelembrar. Ou tudo escorrerá por entre osdedos no tempo .

O monstro no armário não te fará mal. Eo horizonte será lindo e nostálgico abrigan-do coisas lindas enquanto você quiser .

Ame as pessoas, mas não se entregue.

Lembre-se, ser sensível não é fraqueza.

E a loucura, é um privilegio divino.

Proteja suas ilusões, seus sonhos e ima-ginação

- Mas quem é você?

- Eu sou você.

E como um sonho confuso, não lembrocomo ele se foi, apenas adormeci e quandoacordei, ele já não estava lá. .::

Em 201 3 estamos novamente oferecendo o que háde melhor para você que deseja adquirir sua

habilitação. Venha conhecer nossas instalações econferir nossos preços!

O VisitantePor: Frank Neres

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Page 7: Ôxe! - Junho de 2013

6Junho / 2013

::.B

etto

Sou

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Por: Danilo Góes

Cemitério dasMarionetes

A notícia chegou através da minha mãe, enquanto ela falava - as fotos e posts no Facebookme chamavam mais atenção - alguém havia morrido. Fiquei pensando “o que eu tenho a vercom isso”. Indiferente, voltei a olhar um novo link compartilhado.

Conhecia o falecido pelo vulgo Pingão, poucos sabiam seu nome. Via ele e sua esposa narua ou pelos bares. Em cinco anos cumprimentei umas 10 vezes no máximo, já com osmeninos do casal falava com mais frequência, eles viviam dando multa em uma moeda.

Francisco Morato é meio que depósito da Metrópole, morar aqui é uma escolha de umaalternativa só. Por N motivos pessoas vieram morar aqui, a exclusão social é um motivo combastante adesão. Esquece o passado e recomeça uma nova história, lema para muitosmoradores.

Fui insensível perante o fato, frio como uma máquina. Não sei quais foram os motivos quelevou Pingão a ser um pinguço de “mão cheia”, nem os motivos que o levou a óbito. Me vireproduzindo argumentos pífios: “Mãe e pai bêbados na madrugada e seu filho deitado nacalçada esperando voltarem pra casa, isso não é atitude de pais”; “Estão nessa situação porquequerem”; “Como vai mudar de vida, só sabem beber”; “Coloca os moleques para pedirdinheiro e cigarro na rua, é Deus castigando”.

Paro em um momento de reflexão pensando no senhor morto e minha indiferença: O quesomos nesse mundo? Animais humanizados? Resultado do processo de coisificação?Máquinas? Marionetes controladas por Deus?

Deus? Penso nele ao saber que Pingão será enterrado como indigente, pois o único parentepróximo não quer arcar com as despesas funerárias. Será Deus brincando de marionetes?Não. Em nossa sociedade Deus foi privatizado e seu poder está dividido em grupo deinvestidores. Capitalistas brincando de marionetes.

Cada marionete é controlada para alguns fins - trabalhando, alienado pela tv, bebendo,máquinas humanas - sempre visando lucro. Controlados por algo que vai além das nossasforças, olho para mazelas sociais e penso onde esta a vontade do sujeito. O sistema brincacom nossas vidas e descarta - como brinquedos deixados de lado pelas crianças quando viramadultos

Pingão estava sozinho já uns meses, a esposa estava internada por suspeita de tuberculose,logo após a internação, os filhos foram morar com parentes em outra região.

Em uma madrugada fria paulista, Pingão amanheceu morto, sozinho, em sua casa com ja-nela e porta sem vidros, dormindo no chão seco, garrafas de corotinho espalhadas pela casa,há dias sem comer. Cortaram as cordas que o mantinha em pé, mais um excluído morreu,mais um indigente para o Cemitério da Moratense, mais um para o Cemitério das Marionetes.

Em uma ação egoísta, camuflada de caridade, comento com minha mãe: “Que desleixodeixar enterrá-lo como indigente. Por que não fizeram uma vaquinha? Eu ajudaria.”. .::

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Page 8: Ôxe! - Junho de 2013