Pedagogia Empresarial - Qualidade, Aprendizagem e o Capital Intelectual das Empresas

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PEDAGOGIA EMPRESARIAL – QUALIDADE, APRENDIZAGEM E O CAPITAL INTELECTUAL DAS EMPRESAS

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Esta obra conduz os leitores à compreensão das diferentes competências profissionais e o mercado de trabalho atual – quais são os princípios da qualidade na educação empresarial, a aprendizagem significante e o capital intelectual das empresas.

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PEDAGOGIA EMPRESARIAL –

QUALIDADE, APRENDIZAGEM E O CAPITAL INTELECTUAL

DAS EMPRESAS

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PEDAGOGIA EMPRESARIAL –

QUALIDADE, APRENDIZAGEM E O CAPITAL INTELECTUAL

DAS EMPRESAS

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5Apresentação

Apresentação Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva a vida em constante movimento: esse parece ser o sonho de todo leitor que enxerga o estudo como fonte inesgotável de conhecimento.

Pensando na imensa necessidade de atender ao desejo desse exigente leitor é que foi criado este produto, voltado para os anseios de quem busca informação e conhecimento com o dinamismo dos dias atuais.

Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning, com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada.

Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente, associada a uma leitura agradável e organizada, visando a facilitar o aprendizado e a memorização de cada disciplina.

A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a interação com o assunto tratado.

Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e Para saber mais, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosi-dades bem bacanas para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustrativos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário para ter acesso à definiçãodapalavra.Paravoltarnomesmopontoemqueparounotexto,oleitordeve clicar na palavra-chave do Glossário, em negrito.

Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance doconhecimentodemaneiraobjetiva,concisa,didáticaeeficaz.

Boa leitura!

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7Prefácio

PrefácioPara dar continuidade ao estudo de Pedagogia empresarial é importante abordar assuntosessenciaiserelevantesaoprofissionalquecompreendemmelhoradis-ciplina.

Nestematerial,serãoapresentadosassuntoscomoascompetênciasprofissionaise o mercado de trabalho; a inovação e a criatividade; a criatividade e suas espécies; as competênciasprofissionais e educaçãoprofissional; as teoriasde aprendiza-gem;atransformaçãonoprocessodeaprendizagem;aaprendizagemsignificanteea organizacional. Serão estudados, também, os princípios de qualidade, as eras da inspeção, do controle estatístico de qualidade, da garantia da qualidade e da qua-lidade total. Além disso, serão explorados: os conceitos de gestão do conhecimento e de capital estrutural; o capital humano a serviço da empresa; o desenvolvimento profissional;e-learning, entre outros.

Fechando o aprendizado de Pedagogia empresarial, desejamos bons estudos!

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9Unidade 1 – Competências profissionais e o mercado de trabalho

COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS E O MERCADO DE TRABALHO

Capítulo 1 Inovação e criatividade, 10

Capítulo 2 Competênciasprofissionais,15

Capítulo 3 Educaçãoprofissional,20

Glossário, 26

UNIDADE 1

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10 Pedagogia empresarial II

1. Inovação e criatividadeAntes de iniciarmos a discussão sobre as competências profissionais, vale apena tratarmos de dois conceitos que, atualmente, aparecem nas diversas dis-cussões e são sempre abordados quando o assunto é sociedade do conheci-mento: inovação e criatividade. Apesar de serem usados com frequência, não háumconsensodefinidosobreosignificadodeles.

Inovação pode ser entendida como fazer algo novo, renovar algo. Trata-se de um termo bastante utilizado para dar ênfase à comercialização de uma nova ideia, que encontra adesão frequente nas organizações.

ATENÇÃO! Devemos entender claramente que invenção e inovação não possuem o mesmo significado: invenção está ligada à criação de novas ideias e novos conceitos,

já inovação envolve a aplicação destes conceitos em algo que possa ter valor comercial.

Já a criatividade tem sido entendida como geração de ideias novas, sem existir uma preocupação com a utilidade delas (WECHSLER, s.d.).

A inovação deve ser vista como um subconjunto da criatividade. Assim, deve existir um equilíbrio, ou seja, uma organização que visa criar um ambiente propício à inovação deve considerar os diversos fatores necessários para que ela ocorra, a saber, a pessoa, o processo e o ambiente.

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11Unidade 1 – Competências profissionais e o mercado de trabalho

Por outro lado, a criatividade não se restringe à produção de ideias novas, mas se volta, também, para a produção de problemas reais. A inovação ne-cessita da criatividade para acontecer. Não há a possibilidade de gerar algo novo e útil para a sociedade sem que tenha havido um processo criativo (KIRTON, 2006).

O impacto causado no ambiente por uma inovação deve ser levado em conta. O seumotivopodesertantoumconhecimentotecnológicoquantocientífico,por-tanto,oconceitodeinovaçãodeveserflexíveleabrangenteenãoumprodutoderivado somente da ciência e tecnologia. O foco passa das façanhas individuais para as atitudes, os comportamentos e as práticas que evidenciam capacidades dinâmicas de mudanças, trazendo melhorias para a empresa e o local onde ela está localizada.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) diferencia os vários tipos de inovação:

• por produtos;

• de processos;

• organizacional;

• em vendas.

Tipos de inovação

A inovação por produtos é a aplicação de uma ideia que passou por um processo de desenvolvimento.

Por sua vez, a inovação de processos se dá pelo estabelecimento de novos méto-doscomafinalidadedealcançardeterminadaprodução.

Já na inovação organizacional há o desenvolvimento de novos tipos de organi-zação ou novas maneiras de administrá-la.

Porfim,nainovaçãoemvendas,aplicam-senovasformasparaodesenvolvi-mento de produtos, sua embalagem, custeio e veículos promocionais.

A inovação por produto possui um efeito na economia: geração de empregos. A inovação de processo é vista como aquela que traz algum benefício para a em-presa – redução de custo e de tempo, por exemplo –, otimizando a realização de alguma atividade. Observe que a inovação de produto ou de processo é baseada no impacto social que cada um deles pode ter.

ATENÇÃO! Observe que existe sempre um novo elemento, inserido em determinado ambiente, modificando-o, de forma temporária ou não, alterando o custo e a

efetividade das transações dos seus participantes.

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As organizações necessitam estar dispostas para que a inovação ocorra, pois a maioria se concentra apenas na resolução de problemas do dia a dia, não abrin-do espaço para criar o futuro. Dessa maneira, as pessoas permanecem numa zonadeconforto.Nãoháestímuloaosdesafios,novasvisõesou,atémesmo,quebra de paradigmas. Ambientes assim são voltados para atingir a qualidade, excelência e perfeição do que já existe, não criando novas possibilidades.

A criatividade e suas espécies

Ao voltarmos nossa análise para a criatividade, notamos que não há uma de-finiçãosimplesquepossibiliteabarcartodasassuasdimensões.Noentanto,podemos articular as características da criatividade nas diferentes áreas:

• a criatividade artística, que engloba a imaginação e a capacidade de gerar ideias originais, bem como novas maneiras de interpretar o mundo, ex-pressas em texto, som e imagem;

• acriatividadecientífica,queenvolveadisposiçãodefazernovasconexõesao solucionar problemas; e

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• a criatividade econômica, processo dinâmico que leva à inovação em tec-nologia, práticas de negócios, relacionadas às vantagens competitivas na Economia (RELATÓRIO DE ECONOMIA CRIATIVA, 2010).

Podemos dizer que todas as características citadas estão inter-relacionadas, possuindo uma maior ou menor quantidade de criatividade tecnológica.

Ainda de acordo com o Relatório da Economia Criativa (2010), a criatividade pode ser determinada como o processo pelo qual as ideias são geradas, conec-tadas e transformadas em coisas que possam ser valorizadas, portanto, a cria-tividade é a utilização de ideias para produzir novas ideias.

Diante desse contexto, a inovação e a criatividade são cada vez mais valoriza-das. Vale ressaltar um exemplo de novo tipo de indústria que está surgindo: as chamadas indústrias criativas.

P ARA SABER MAIS! Sobre o tema, vale a pena consultar o relatório de 2010 sobre a Economia Criativa disponível no site: <www.abedesign.org.br/Pt/noticias/lista-

noticias/110>. Acesso em: 17 jul. 2015.

Adefiniçãomaisutilizadaporquemestudaasindústriascriativas,segundoLa-toeira (2007), é a do Departamento de Cultura, Mídia e Esporte do Reino Unido:

[...] indústrias que têm sua origem na criatividade, habilidade e em talentos in-dividuais e que apresentam um potencial para a criação de riqueza e empregos por meio da geração e exploração da propriedade intelectual (DCMS, 1998, p.5).

No estudo desenvolvido pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD (2004), as indústrias criativas não se restringem somente às atividades de forte componente artístico, mas envolvem qualquer atividade econômica, produzindo produtos simbólicos com uma forte depen-dência da propriedade intelectual e para mercados tão amplos quanto possível (UNCTAD, 2004).

Para o DCMS (1998), as atividades que compõe as indústrias criativas são: mer-cado de artes e antiguidades, artesanato, design, indústria editorial, música, artes cênicas, televisão, rádio, cinema e vídeo, softwares e sistemas de informá-tica, softwares interativos de entretenimento, publicidade, arquitetura e moda.

Há de se ressaltar que essas atividades econômicas não são recentes, mas adquiriram dimensões econômicas e sociais novas a partir do surgimento da sociedade da informação, passando a conceituar a criatividade como princi-pal fonte.

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Como destaca Bendassolli (2008), o surgimento das indústrias criativas deve-se ao que ele denominou “virada cultural”, ou seja, uma transformação de valores sociais e culturais promovida pela emergência da sociedade da informação e a transição para valores pós-materialistas, ou bens-simbólicos, (BENDASSOLLI; WOOD JR; KIRSCHBAUM; CUNHA, 2008).

ATENÇÃO! O termo “indústrias criativas” possui várias definições, pois está ligado ao contexto, ao país e à estratégia política em que é utilizado.

A importância da criatividade e da inovação na sociedade atual

Vimos que a inovação e a criatividade passam a ser decisivas na sociedade do conhecimento. Contudo, para se construir uma sociedade na qual a inovação constitui parte do processo de desenvolvimento econômico, não basta só des-tinar recursos para o desenvolvimento da ciência e aumentar a capacidade de gerar empregos para os jovens, mas também é necessário disponibilizar e in-vestir em educação de qualidade. De acordo com Weschler, diante dos dilemas econômicos e sociais enfrentados em todos os países, a criatividade e inovação envolvem decisões de grande impacto para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Tais decisões derivam de diferentes áreas do conhecimento, ou seja, iniciam-se na educação, culminando na inovação, marcando mudanças essenciais no curso da história. Portanto, o potencial inovador que existe nos indivíduoseseusgrupospodemodificarocursodevidadesuageraçãoedasposteriores (WECHSLER, 2009).

ATENÇÃO! A inovação teve sua importância reconhecida com a Lei n. 10.973, san-cionada para o incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica. Dis-

ponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm>. Acesso em: 16 jan. 2016.

No cenário da sociedade do conhecimento, a inovação e a criatividade passam a ser recursos importantes nas organizações. Contudo, é necessário que haja uma valorização da qualidade da educação, para que se incentive cada vez mais produções criativas nos diferentes níveis de ensino, valorizando a pesquisa e a vontade de testar novas ideias, passando de meros reprodutores para produto-res de inovação.

2.Competênciasprofissionais A adoção da noção das competências traz um novo discurso sobre a formação profissional,quevisaatenderàsdemandasdomercadodetrabalho,fornecendonovas ideias sobre a formação da classe trabalhadora. Note que este discurso

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15Unidade 1 – Competências profissionais e o mercado de trabalho

se coloca como um novo elemento presente na sociedade capitalista pós-fordista, respondendo às exigências dessa nova realidade e estabelecendo novas práti-cas formativas. Nesse sentido, há um aumento na quantidade de formulações e orientações pedagógicas estruturadas na noção de competência, que, por sua vez,nãopossuiumadefinição totalmente fechada.Valeapena ressaltar,noentanto, algumas considerações sobre esse conceito.

Atualmente,osignificadodapalavracompetênciapassouaevidenciarumanovaforma de tratar as capacidades humanas e os seus processos de desenvolvimento.

ATENÇÃO! A noção de competência não é nova. Tradicionalmente, o termo foi utilizado para demonstrar o poder de uma instância para decidir ou julgar um fato,

bem como o direito das pessoas exercerem uma determinada atividade profissional (MACHADO, 1998).

A primeira menção de competência ocorreu na França da década de 1930. Porém, é a partir dos anos 1980 que a noção de competência surge com mais força no de-batesobreossistemasdeensinoeformaçãoprofissional,ouseja,quandopassaaserreferênciaparaasredefiniçõesdaspolíticaseducacionais,gestãoeformaçãodosrecursoshumanos,questionandoanoçãodequalificaçãoutilizadatantonomundo da produção como nas escolas (ARAUJO, 2001).

De acordo com Isambert-Jamati (1997), o termo competência tem sido empre-gado de diferentes maneiras, ora para designar os conteúdos particulares de cadaqualificaçãonumaorganizaçãodetrabalhoespecifica,oracomsignificadogenérico. Portanto, evidenciamos nesse fato uma incerteza conceitual e a falta de consenso sobre a utilização do termo.

ATENÇÃO! Ao mesmo tempo em que pode representar uma imprecisão, a falta de consenso sobre a noção de competência pode ser uma das chaves para explicar a

força que essa noção tem tomado atualmente.

Para Araujo (2001), pode-se apontar os seguintes aspectos para a noção de competênciaseconsiderarmossuaconfiguraçãonodebatecontemporâneonasociologia do trabalho: a ideia de uma capacidade efetiva em oposição à ideia decapacidadepotencial,oentendimentodascapacidadesprofissionaisemmo-vimento, e não mais restritas a um posto de trabalho, além do enfoque no indi-víduo e na associação a capacidades humanas, que antes eram desvalorizadas nos ambientes produtivos.

No primeiro aspecto, a noção de competência está vinculada ao seu entendimento como capacidade humana de realização nas situações cotidianas e singulares, identificadacomaideiadesaber/fazer,ouseja,estárelacionadaàcapacidadede um indivíduo desempenhar uma tarefa de fato. Já no segundo aspecto, as

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capacidadesprofissionaissãocompreendidasemmovimento,assim,aeduca-çãoprofissionalbuscamétodosquedesenvolvamcapacidadesque favoreçama automobilização dos indivíduos nas atividades de trabalho, por meio da cir-culação de saberes, habilidades e qualidades pessoais (ARAUJO,2001). O que antes era um trabalho marcado pela rotina e repetição, hoje é marcado pelo movimento e também desenvolvimento de outras capacidades dos trabalhado-res, aumentando o uso de sua força de trabalho e colocando-os em condições de responder às necessidades constantes que surgem com as alterações tanto nas formas de organização do trabalho como nas tecnologias.

Outro fator importante a ser destacado é o fato das competências promoverem aindividualizaçãodaeducaçãoprofissional,responsabilizandoosprópriosindi-víduos pelo desenvolvimento de suas capacidades, pelo ingresso e pela perma-nência no mercado de trabalho.

A noção de competência, em alguns momentos, tem sido vista como uma alter-nativaaoconceitodequalificação,havendoanecessidade,portanto,dediferen-ciar os dois conceitos. Este último está ligado às capacidades esperadas, que, no entanto, não são colocadas em prática, e tem o seu suporte principalmente na formação inicial, constituindo-se como a base de uma escala de salários, possibilitando oportunidades de crescimento. Já a competência é vista frequen-temente como propriedade individual, não totalmente vinculada à subjetividade dos trabalhadores.

Observeoquadrocomasdiferençasentrequalificaçãoecompetências:

Quadro 1 – Competência Qualificação

Competência QualificaçãoMobilização de amplas qualidades subjeti-vas dos trabalhadores

Conhecimentos teóricos formalizados

Qualidades não ligadas diretamente aos saberesprofissionais

Valorização de um saber acadêmico

Caráter individual Caráter coletivo

Saber/ser Saber/fazer

Fonte: Elaborado pela própria autora a partir das considerações de ARAUJO, 2001.

A partir da noção de competência, observamos o desenvolvimento do enfoque naeducaçãoprofissional,queanteriormenteerafundadasobreoconceitodequalificação,comafinalidadedeformartrabalhadoresadaptadosaosprocessosde trabalho fortemente marcados por funções parcelares e atividades fragmen-tadasquepoucosemodificavamcomotempo(ARAUJO,2001).Atualmente,háa exigência de uma formação voltada para o ambiente, contexto e compreensão do processo de modo integral.

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ATENÇÃO! Anteriormente, o mais importante era saber como fazer e não o porquê de fazer.

Essasituaçãoacabavarefletindonoambienteprofissional,ouseja,aformaçãoteórica dos trabalhadores não tinha relevância, já que a divisão do trabalho, de certa maneira, favorecia a facilidade das tarefas, que eram passadas de forma rigorosa e sem questionamentos. Portanto, o treinamento era fundamentado na repetição e na memorização de procedimentos, que atendiam perfeitamente às demandas da empresa.

Os conceitos de ensino e aprendizagem passam a ser repensados a partir da ideia de desenvolvimento de competências, visto que há o rompimento do tipo de formação voltada para o trabalho baseado nos moldes tayloristas, que tinha como um dos fundamentos a separação entre as atividades intelectuais e ins-trumentais.

ATENÇÃO! Note que há uma relação entre educação e trabalho, medida pelas formas do fazer (ARAUJO, 2001).

Sendo assim, vemos surgir um novo referencial, denominado Pedagogia das Competências, com a finalidade de estreitar o vínculo entre sistema edu-cacional e sistema ocupacional. Tal vínculo, na verdade, nunca deixou de existir,jáqueaeducaçãoprofissionalsempreesteveassociadaàhistóriadodesenvolvimento econômico e às formas de organização e gestão do trabalho. Portanto, não se pode ensinar nem aprender como antes, visto que a noção de competência exige uma formação voltada para a capacidade de estar em condições de responder aquilo que não está determinado, propensão não só para a resolução, mas também para a antecipação de problemas, demandan-do a mobilização de amplas dimensões da subjetividade dos trabalhadores (ARAUJO, 2001).

O principal representante da Pedagogia das Competências é Philippe Perre-noud. Segundo ele, a competência surge na escola, como resposta ao problema da transmissão de conhecimentos, já que, para o autor, a escola não realiza uma ligação dos conhecimentos transmitidos com a vida do educando. Ainda de acordo com Perrenoud, a competência se constitui como a faculdade de mobili-zar um conjunto de recursos cognitivos, dentre os quais saberes, capacidades e informações, para solucionar uma série de situações.

A Pedagogia das Competências pode ser compreendida como conjunto de formulações que orientam a prática educativa com o objetivo de desenvolver capacidadeshumanasamplas,vistascomonecessáriasaoexercícioprofis-sional no cenário atual de flexibilização domundo do trabalho. Assim, o

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processo formativo se dá definidonos termos das competências terminaisqueserãoadquiridasnofinaldocurso,eaavaliaçãoseosobjetivosforamalcançadosounãoocorrepormeiodaverificaçãodedesempenhoqueresulteem produtos e serviços.

A formação na Pedagogia das Competências é realizada a partir dos elementos decompetênciasidentificadosenormalizados.Odesenhodosprogramasfor-mativos deve ser preparado para se ajustar às necessidades do contexto produ-tivo, assim como o conhecimento deve estar relacionado com o objetivo de uma empresa ou de um setor de atividade econômica. Nesse sentido, observamos cada vez mais um processo de racionalização dos processos formativos, que se voltam muito mais para as demandas das empresas, culminando em conteú-dos vinculados à experiência e aos interesses dos alunos, que têm seu conhe-cimentocolocadoconstantementeàprovaporsituaçõesetarefasespecificas(ARAUJO, 2001).

Esta pedagogia aborda muito mais os saberes relacionados ao trabalho e aos modosespecíficosdesecolocardiantedele,promovendoainteraçãodosele-mentos do saber/fazer e do saber/ser. Os conteúdos deixam de ser focados nas disciplinas,passandoaenfatizaratitudes,comportamentosepostura,enfim,todos os elementos com a possibilidade de compor uma capacidade de trabalho. Portanto, note que há uma transformação na forma de pensar os conhecimen-tos, estabelecendo uma relação com a capacidade efetiva de desempenho. As-sim, os conteúdos de ensino são tratados de uma forma utilitarista, já que estão sempre vinculados ao atendimento das demandas dos processos produtivos, e é com base neles que as competências são pensadas e construídas.

Otratamentoutilitaristaacabarefletindonaformadeorganizaçãodosconteú-dos,que,alémdeserdefinidospordemandasespecíficas,sãorepassadosemmódulos e de forma parcelada, não priorizando uma lógica sequencial e coe-rente, que muitas vezes facilita o entendimento da disciplina. Assim, a estru-turaçãopormeiodemódulossetornamaiseficiente,poiscadaumdeles,deforma independente, representaria uma ou mais funções a serem desempenha-das pelo trabalhador no seu contexto, e, ainda, facilitaria o desenvolvimento individualizado de competências.

É importante ressaltar que os currículos são direcionados para o desenvolvi-mento da capacidade de resolução de problemas, comportando, além dos co-nhecimentos gerais, os profissionais e a experiência de trabalho, vista comoessencialparaalcançarofimpretendido.Temosumcenárioemqueaaprendi-zagem é individualizada, já que a competência tem o enfoque no sujeito e não nos postos de trabalho.

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19Unidade 1 – Competências profissionais e o mercado de trabalho

A Pedagogia das Competências está voltada para o ajuste dos indivíduos ao ambiente de trabalho, e o conhecimento adquirido passa a ser considerado por sua utilidade. Além disso, os conteúdos são tratados para possibilitar ao traba-lhador ferramentas para a resolver os problemas, assim, o que lhes útil é muito mais valorizado e pode ser utilizado no ambiente corporativo.

A Pedagogia das Competências prioriza o método por problema e a formação por alternância. No método por resolução de problema, há a possibilidade de articu-lação entre conhecimento, habilidade e atitudes em situações muito parecidas com a realidade, permitindo o desenvolvimento da experiência. Esse método temquatrocomponentesbásicos:identificaçãocorretadeobstáculoserestri-ções; identificaçãodasalternativas viáveisparaa superaçãodos obstáculos;seleção das alternativas e escolha da melhor opção de acordo com as possibili-dades que podem ser utilizadas na superação de obstáculos (ARAUJO, 2001).

A formação por alternância caracteriza-se por mesclar períodos de formação na empresaeoutrosrealizadoseminstituiçõesespecíficasdeeducação.Observamosque há uma complementaridade entre as capacidades alcançadas pela experiên-cia profissional e a reflexãopossibilitadapelo ambiente acadêmico.Assim, osprojetoselaboradoscombasenessemétodosãofeitosparaidentificarassitua-ções-problema que necessitam da mobilização do conhecimento, atitudes e habi-lidades para serem resolvidas. Essas situações, por sua vez, são transformadas em didáticas, permitindo a quem as realiza atuar de forma prática, favorecendo a autonomiaprofissionaleodesenvolvimentoindividual.

ParafinalizaraabordagemsobreaPedagogiadasCompetências,valecitarcomosedáoprocessodeavaliação,quenaformaçãoprofissionaltemgranderele-vância. Acompanhando as tendências observadas anteriormente, a avaliação é tida como um instrumento necessário para validar os saberes e as capacidades desenvolvidas. Assim, são propostos meios que possibilitam constatar os resul-tados práticos alcançados pelos alunos nas situações apresentadas. Portanto, o foco está no desempenho, nas capacidades efetivas que propiciaram o desen-volvimento de trabalho.

ATENÇÃO! O enfoque é avaliar a aptidão para aplicar o conhecimento, e não a sua apreensão.

Oquevaleéverificarorendimentorealdoindivíduo,oseusaber/fazer.

Provas operacionais são realizadas em situações reais, ou então programadas, com o objetivo de medir os saberes operacionais aplicados em determinadas situações, e o desempenho dos estudantes é avaliado por meio de indicadores de domínio pré-estabelecidos, que permitem examinar a sua atuação. Nesse contexto, se o trabalhador não atinge o resultado esperado na competência que

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avaliada, é considerado não competente pelas instituições responsáveis pela avaliação.

Nesse cenário, o enfoque é muito maior na aprendizagem do que no ensino, já que os alunos devem saber utilizar o conhecimento de forma imediata para a resolução de problemas presentes no cotidiano.

A Pedagogia das Competências é marcada por algumas características que favo-recem a divulgação do seu ideário, entre as quais: a crise do modelo de acumu-lação do capital de produção em massa para o consumo de massa, a resistência dos operários ao trabalho fragmentado e repetitivo, o progresso das tecnologias, a globalização, o processo de reestruturação produtiva, entre outros fatores. Assim, esta pedagogia faz parte de um novo contexto social, inserindo-se como um elemento das relações entre capital e trabalho (ARAUJO, 2001).

ATENÇÃO! A Pedagogia das Competências busca realizar a aproximação entre educação e trabalho.

Comessepanorama,nãopodemosdeixardenotarqueaformaçãoprofissionalbaseada na noção de competências constitui uma ideia que está se dissemi-nando internacionalmente, sendo muitas as propostas e ações de educação, apresentando características diferenciadas conforme a realidade dos países ou das regiões em que estão inseridas. Apesar disso, há também críticas voltadas paraessanovapedagogia,e,nessesentido,valeapenarefletirsobreatemática.

Para alguns, a Pedagogia das Competências está inserida na lógica da sociedade capitalista, reproduzindo as relações sociais alienadas e mascarando a verda-deira realidade dos trabalhadores que devem se submeter aos empregos para garantir sua sobrevivência. Isso fortalece ainda mais a alienação deles, repro-duzindo a lógica da sociedade capitalista no sistema educacional. Assim, vale a penarefletirsobreessasquestões,diantedessepanoramaqueconstantementesofre transformações.

3.EducaçãoprofissionalAeducaçãoprofissionalrelaciona-secomanoçãodecompetência.Nela,asde-terminaçõesdosetorprodutivopassamadefinirosconhecimentoseasnecessi-dades de aprendizagem. Assim, temos a passagem de um ensino fundamentado em conhecimentos organizados por disciplinas para um currículo estruturado nas competências demandadas pelo mercado de trabalho.

As iniciativas da educação para o trabalho no Brasil datam do período colonial. Com o passar do tempo, esse conceito foi revisto e, a partir da Constituição de 1988, refor-mulado, voltando-se para a ótica dos direitos à educação e ao trabalho.

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21Unidade 1 – Competências profissionais e o mercado de trabalho

Em outubro de 1998 foi criada uma comissão especial, instituída pela Câmara deEducaçãoBásica,doConselhoNacionaldeEducação,paradefinirasdire-trizescurricularesnacionaisparaeducaçãoprofissionaldeníveltécnico.Essacomissãofezreuniõescomespecialistasdaáreadeeducaçãoprofissionalede-mais pesquisadores, possibilitando a coleta de subsídios e fomentando debates comdiferentesórgãos,afimdeestruturarosrumosdaeducaçãoprofissionalno país.

ATENÇÃO! Dentre os eventos realizados, vale ressaltar as consultas públicas feitas em nível regional e nacional, em que os interessados encaminharam

críticas, sugestões e recomendações. Ao final, além de analisadas e consideradas, as ponderações apresentadas por meio dos questionamentos fizeram parte na redação do parecer.

Assim, observamos a participação de especialistas de várias áreas, universidades, escolas técnicas e mercado de trabalho, caracterizando um grande debate em torno do tema. Houve amplo caráter participativo e democrático na elaboração das diretrizes, resultando no parecer e na resolução que instituem as Diretrizes CurricularesNacionaisparaEducaçãoProfissionaldeNívelTécnico.

Essas diretrizes caracterizam-se por um conjunto articulado de princípios, cri-térios,definiçõesdecompetênciasprofissionaisgeraiseprocedimentosaseremobservados pelos sistemas de ensino e escolas, na organização e no planejamento daeducaçãoprofissionaldeníveltécnico.Aeducaçãoprofissionaldeníveltécni-co é regida por um conjunto de princípios: a articulação com o Ensino Médio, o desenvolvimentodecompetênciasparaomercadodetrabalho,aflexibilidade,ainterdisciplinaridade, a contextualização na organização curricular, a identidade dosperfisprofissionaisdeconclusão,atualizaçãopermanentedoscursoseseuscurrículose,finalmente,aautonomiadaescolaemseuprojetopedagógico.

O desenvolvimento de competências para o trabalho se dá através da vinculação de educação e trabalho, bem como da utilização dos conteúdos aprendidos na prática,desenvolvendocapacidadesderesoluçãodosproblemas.Aflexibilidade,interdisciplinaridade e contextualização dos conhecimentos estão inter-relacio-nadas,complementando-seeinfluenciandoumasàsoutras,alémdeintegraremos estudos de diferentes de campos. A identidade será garantida pela demanda de competências diretamente necessárias pelas qualificações ou habilitaçõesprofissionais.

No mundo marcado por mudanças, a atualização dos currículos constitui um de-safio.Paraqueissoocorradeformaefetiva,énecessárioestabelecerumprocessopermanente com a participação de educadores, empregadores e trabalhadores, auxiliandoasescolasnaelaboraçãodosperfisprofissionaisenoplanejamento

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91Unidade 4 – O capital intelectual das empresas

Esta obra conduz os leitores à compreensão das diferentes com-petênciasprofissionaiseomercadodetrabalhoatual–quaissãoos princípios da qualidade na educação empresarial, a aprendi-zagemsignificanteeocapitalintelectualdasempresas.

PEDAGOGIA EMPRESARIAL

– QUALIDADE, APRENDIZAGEM E O

CAPITAL INTELECTUAL DAS EMPRESAS