poemas

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Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, Porque eu sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura... Nas cidades a vida é mais pequena Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave, Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver. “O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Na idade dos porquês Professor diz-me porquê? Por que voa o papagaio que solto no ar que vejo voar tão alto no vento que o meu pensamento não pode alcançar? Professor diz-me porquê? Por que roda o meu pião? Ele não tem nenhuma roda E roda gira rodopia e cai morto no chão... Tenho nove anos professor e há tanto mistério à minha roda que eu queria desvendar! Por que é que o céu é azul? Por que é que marulha o mar? Porquê? Tanto porquê que eu queria saber! E tu que não me queres Barca bela Pescador da barca bela, Onde vais pescar com ela. Que é tão bela, Oh pescador? Não vês que a última estrela No céu nublado se vela? Colhe a vela, Oh pescador! Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela... Mas cautela, Oh pescador! Não se enrede a rede nela, Que perdido é remo e

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Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...

Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,

Porque eu sou do tamanho do que vejo

E não do tamanho da minha altura...

 

Nas cidades a vida é mais pequena

Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.

Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,

Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,

Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,

E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro.

Na idade dos porquês

Professor diz-me porquê?Por que voa o papagaioque solto no arque vejo voartão alto no ventoque o meu pensamentonão pode alcançar?

Professor diz-me porquê?Por que roda o meu pião?Ele não tem nenhuma rodaE roda gira rodopiae cai morto no chão...

Tenho nove anos professore há tanto mistério à minha rodaque eu queria desvendar!Por que é que o céu é azul?Por que é que marulha o mar?Porquê?Tanto porquê que eu queria saber!E tu que não me queres responder!

Tu falas falas professordaquilo que te interessae que a mim não interessa.Tu obrigas-me a ouvirquando eu quero falar.Obrigas-me a dizerquando eu quero escutar.Se eu vou a descobrir

Barca bela

Pescador da barca bela,Onde vais pescar com ela. Que é tão bela, Oh pescador?

Não vês que a última estrelaNo céu nublado se vela? Colhe a vela, Oh pescador!

Deita o lanço com cautela,Que a sereia canta bela... Mas cautela, Oh pescador!

Não se enrede a rede nela,Que perdido é remo e vela Só de vê-la, Oh pescador.

Pescador da barca bela,Inda é tempo, foge dela Foge dela Oh pescador!

Almeida Garrett, Folhas Caídas

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Fazes-me decorar.

É a luta professora luta em vez de amor.

Eu sou uma criança.Tu és mais altomais fortemais poderoso.E a minha lançaquebra-se de encontro à tua muralha.

Masenquanto a tua voz zangada ralhatu sabes professoreu fecho-me por dentrofaço uma cara resignadae finjofinjo que não penso em nada.

Mas penso.Penso em como era engraçadaaquela rãque esta manhã ouvi coaxar.Que graça que tinhaaquela andorinhaque ontem à tarde vi passar!...

E quando tu depois vens definiro que são conjunçõese preposições...quando me fazes repetirque os coraçõestêm duas aurículas e dois ventrículose tantastanta mais definições...o meu coraçãoo meu coração que não sei como é feitonem quero sabercrescecresce dentro do peitoa querer saltar cá para foraprofessora ver se tu assim compreenderiase me fariasmais belos os dias.

Alice Gomes (1946)

Amigo

Mal nos conhecemosInaugurámos a palavra amigo!

Amigo é um sorrisoDe boca em boca,Um olhar bem limpo,

Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.Um coração pronto a pulsarNa nossa mão!

Amigo (recordam-se, vocês aí,Escrupulosos detritos?)Amigo é o contrário de inimigo!

Amigo é o erro corrigido,Não o erro perseguido, explorado.É a verdade partilhada, praticada.

Amigo é a solidão derrotada!

Amigo é uma grande tarefa,Um trabalho sem fim,Um espaço útil, um tempo fértil,Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca

Sabedoria

Desde que tudo me cansa,Comecei eu a viver.Comecei a viver sem esperança...E venha a morte quandoDeus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,Sempre esperara:Às vezes, tanto, que o meu sonho loucoVoava das estrelas à mais rara;Outras, tão pouco,Que ninguém mais com tal se conformara.

Hoje, é que nada espero.Para quê, esperar?Sei que já nada é meu senão se o não tiver;Se quero, é só enquanto apenas quero;Só de longe, e secreto, é que inda posso amar...E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?Continuam brilhando, altas e belas.

José Régio

Colegial

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Canção de primavera

Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,Pois que Maio chegou,Revesti-o de clâmides de cores!Que eu, dar, flor, já não dou.

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,Acordai desse azul, calado há tanto,As infinitas naves!Que eu, cantar, já não canto.

Eu, invernos e outonos recalcadosRegelaram meu ser neste arrepio...Aquece tu, ó sol, jardins e prados!Que eu, é de mim o frio.

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,Vem com tua paixão,Prostrar a terra em cálido desmaio!Que eu, ter Maio, já não.

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;Ter sol, não tenho; e amar...Mas, se não amo,Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,E não por mim assim te chamo?

José Régio, Filho do Homem

Em cima da minha mesa,Da minha mesa de estudo,Mesa da minha tristezaEm que, de noite e de dia,Rasgo as folhas, leio tudoDestes livros em que estudo,E me estudo(Eu já me estudo...)E me estudo,A mim,Também,Em cima da minha mesa,Tenho o teu retrato, Mãe!

À cabeceira do leito,Dentro dum lindo caixilho,Tenho uma Nossa SenhoraQue venero a toda a hora...Ai minha Nossa SenhoraQue se parece contigo,E que tem, ao peito,Um filho(O que ainda é mais estranho)Que se parece comigo,Num retratinho,Que tenho,De menino pequenino...!

No fundo da minha sala,Mesmo lá no fundo, a um canto,Não lhes vá tocar alguém,(Que as lesse, o que entendia?Só ririaDo que nos comove a nós...)Já tenho três maços, Mãe,Das cartas que tu me escrevesDesde que saí de casa...Três maços - e nada leves! -Atados com um retrós...

Se não fora eu ter-te assimA toda a hora,Sempre à beirinha de mim,(Sei agoraQue isto de a gente ser grandeNão é como se nos pinta...)Mãe!, já teria morrido,Ou já teria fugido,Ou já teria bebidoAlgum tinteiro de tinta!

José Régio

A cebola da velha avarenta

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Era uma vez uma velha avarenta. Quando um pobre lhe pedia uma esmola respondia:- O dinheiro que eu tenho é meu. E quando um pobre lhe batia à porta e lhe pedia pão ela res-pondia:- O pão desta casa é meu.Quando chegava o Outono a velha ia para o jardim apanhar maçãs. Eram maçãs muito boni¬tas, muito encarnadas e muito redondas. E os garotos encarrapitavam-se no muro e pediam:- Dá-me uma maçã! Mas a velha respondia:- As maçãs são minhas. Numa noite de Inverno um vagabundo bateu à sua porta e pediu:- Está frio e neva na estrada. Deixa-me dormir na cozinha da tua casa em frente à lareira. Mas a velha respondeu:- A casa é minha, a cozinha é minha, a la¬reira é minha.E mandou-o embora.Um dia a velha, à volta do mercado, encon¬trou outra velha, que lhe pediu esmola. A ava¬renta ia a dizer que não mas quando se virou para a pobre viu que ela era uma velha muito parecida com ela, e, de repente, teve um minuto de piedade, abriu o seu cabaz e deu-lhe uma cebola.Daí a tempos a velha avarenta morreu.Quando chegou à porta do céu S. Pedro disse:- És uma avarenta. Vais para o inferno. E logo um diabo a agarrou e a atirou para um grande buraco que estava ã porta do inferno. E já outro diabo a ia empurrar lá para dentro quando o anjo da guarda da velha gritou:-Não!S. Pedro disse aos demónios que esperassem e depois perguntou ao Anjo:- Porque é que disseste que não?- Por causa disto - respondeu o Anjo. Abriu a mão e S. Pedro viu na palma da mão uma cebola.- Acho pouco - disse S. Pedro.- Para ela c muito. Ela era muito, muito avarenta. Para ela dar uma cebola foi um grande sacrifício - respondeu o Anjo.- Está bem - disse S. Pedro - vê se a podes salvar com a cebola.O Anjo arrancou um dos seus cabelos que eram muito compridos e atou a cebola a uma ponta. Depois debruçou-se no buraco e disse à velha:- Aqui vai a cebola que deste à pobre. Agarra-te pois vou tentar puxar-te para cima. Mas tem cuida-do pois o fio é fino.A cebola foi descendo devagar na ponta do cabelo que o Anjo segurava pela outra ponta.Vendo isto as outras almas que estavam no buraco correram todas para a cebola para se agarrarem também.Mas a velha empurrou-as e gritou:- A cebola é minha, é minha!Mal ela disse a palavra «minha» o fio de cabelo rebentou.E o Anjo não pôde salvar a velha avarenta.

Sophia de Mello Breyner Andresen, in De que são feitos os sonhos

1. Indica os dois grandes espaços onde a ação decorre.

2. Qual era a atitude da velha quando alguém lhe pedia alguma coisa?

3. A velha só uma vez não foi avarenta. Refere essa ocasião.

4. Explica o sentido da repetição do pronome possessivo nesta frase: «- A casa é minha, a cozinha é minha, a lareira é minha.»

5. Que razão levou o Anjo a interceder pela velha à entrada do céu?

6. Que fez o Anjo para salvar a velha?

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7. A velha acabou por não se salvar. O que a perdeu?

8. Quais dos vocábulos abaixo indicados são sinónimos de «avarento»?

avaro / forreta / agoirento / esbanjador / somítico / generoso / especulador / intriguista

/ altruísta / cínico / sovina / dissipador / inócuo/ aldrabão

9. Que lição se pode tirar do conto?

20.10.09

A girafa que comia estrelas

- Lá estás tu outra vez com a cabeça nas nuvens! – ralhava a mãe.E era verdade. Aos cinco anos, Filipa já era a mais alta de todas as girafas da savana. Era tão alta que, quando levantava o pescoço e se punha na pontinha dos pés, a cabeça dela desaparecia entre as nuvens. A mãe da Filipa, Dona Mariquita, não gostava daquilo:- As nuvens estão frias, Filipa! Olha que podes apanhar uma gripe.O pior que pode acontecer a uma girafa é ficar constipada. Primeiro, porque, quando espirram, correm o risco de perder a cabeça (a cabeça salta com a força do espirro). Depois, porque é difícil conseguir um cachecol capaz de cobrir pescoços tão compridos. Filipa, porém, gostava de andar com a cabeça nas nuvens – queria ver os anjos. A avó Rosália, mãe de Dona Mariquita, dissera-lhe que os anjos dormem nas nuvens. Também lhe dissera que, quando as pessoas morrem, se transformam em anjos. Dissera-lhe isto pouco antes de morrer. Por isso, Filipa passava o dia com a cabeça nas nuvens.À noite, comia estrelas. Enquanto as outras girafas dormiam, Filipa subia ao morro mais alto da savana, levantava o pescoço e comia estrelas. As estrelas ardiam um pouco na garganta, mas eram doces e macias e sabiam a pêssego. Ao contrário do que seria de supor, a noite não ficava mais vazia por causa disso. À medida que Filipa comia estrelas, outras nasciam, novinhas em folha, brilhando ainda mais do que as antigas. Assim, de certa maneira, ela renovava a noite.

José Eduardo Agualusa

Notas:® Savana – Lugar seco ou pantanoso com vegetação pequena e rasteira;® Morro – Monte pouco elevado;

I

1. Identifica a personagem principal do texto.

2. Caracteriza física e psicologicamente essa personagem.

3. “Era tão alta que, quando levantava o pescoço e se punha em pontinhas dos pés...”3.1. De acordo com o texto, termina a frase do ponto 3:

4. Quem era Dona Mariquita?

5. A mãe da girafa não gostava que a filha andasse com a cabeça nas nuvens. Porquê?

6. Existia algum motivo para a girafa andar com a cabeça entre as nuvens? Se sim, diz qual.

7. O que é que a girafa gostava de fazer de noite, enquanto as outras dormiam?

8. – Elabora perguntas para as seguintes respostas:

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8.1. Ardiam um pouco na garganta, mas eram doces e macias e sabiam a pêssego.8.2. É um lugar seco ou pantanoso com vegetação pequena e rasteira.

9. “... ela renovava a noite.”9.1. Explica, por palavras tuas, o que pretende o narrador dizer com esta expressão.

10. Caracteriza o narrador deste excerto.

II

1. Faz a translineação das seguintes palavras:

a. Contráriob. Pêssegoc. Apanhard. Nuvense. Mariquitaf. Dissera-lhe

2. Classifica as seguintes palavras, quanto à acentuação:a. contráriob. constipadac. porémd. rosáliae. estrelasf. piorg. pêssegoh. erai. estão

3. “Aos cinco anos, Filipa já era a mais alta de todas as girafas da savana.”3.1. Classifica morfologicamente as palavras sublinhadas.3.2. Reescreve a frase, substituindo a palavra «cinco» por um numeral ordinal.

4. Identifica o sujeito de cada frase:4.1. Aos cinco anos, Filipa já era a mais alta.4.2. A girafa gostava de andar com a cabeça nas nuvens.

5. “As nuvens estão frias, Filipa! Olha que podes apanhar uma gripe.”5.1. Identifica na frase as palavras que correspondem à classificação apresentada.Nome comum →Determinante artigo definido →Verbo da 1ª conjugação →Adjectivo →Verbo da 2ª conjugação →Nome próprio →

6. As estrelas eram doces e macias.6.1. Identifica os adjectivos da frase anterior.6.2. Reescreve a frase anterior, substituindo-os por antónimos.7. Retira do texto:a. três monossílabosb. dois dissílabos agudosc. um polissílabo graved. dois polissílabos esdrúxulos

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8. Coloca os acentos gráficos apenas nas palavras que deles necessitam:- amavel - macarrão - urgência - machado -- maritimo - fugida - paciencia - Estevao - maça -

9. Escreve o infinitivo das seguintes formas verbais:a. Estásb. Erac. Queriad. Renovava

10. Retira do texto uma frase do tipo imperativo e na forma afirmativa.

11. Reescreve, no futuro, o seguinte excerto do texto:“À noite, comia estrelas. Enquanto as outras girafas dormiam, Filipa subia ao mor-ro mais alto da savana, levantava o pescoço e comia estrelas.”

III

Um dia, Filipa descobriu que uma galinha fizera o seu ninho no meio das nuvens. Chamava-se Dona Margarida. Com o passar do tempo, as duas tornaram-se grandes amigas.Imagina uma conversa entre as duas.

O padre parou de repente e ficou a olhar muito sério para o tio Gonçalo.- Valha-me São Marcai! - exclamou, segundos depois, juntando as mãos. -Olhe que a his-tória desta mulher é muito parecida com essa que o senhor me contou!O tio Gonçalo arrebitou as orelhas, e o padre continuou:- Pois ao que dizem, esta senhora também apareceu caída junto da porta, mas esta não devia ser lá muito boa rês, com perdão da palavra, porque segundo se conta trazia dois pistolões à cintura que até metiam medo ao susto, meu São Marcai!O padre riu, limpou o suor da testa, e lá foi continuando a história, diante de um tio Gonçalo sem fala.- Para que queria ela as armas isso eu não sei, mas para coisa boa não seria, não lhe pare-ce? Uma senhora não sai assim de casa com uns bichos desses à cintura! Bom, depois lá casou com o homem, mas olhe, gastou-lhe a fortuna toda, o pobre teve de vender a casa, teve de vender as terras, e acabaram por abalar para a corte, e nunca mais ninguém ouviu falar deles. Ainda por cima a mulher parece que trabalhava para os espanhóis... E o padre suspirou e voltou a limpar o suor:- Era o que eu dizia ao senhor: aquilo devia ser má rês. Com perdão da palavra.O tio Gonçalo não se conteve:- Trabalhava como?O padre fez-lhe sinal com a mão, abriu novo calhamaço, mais uma nuvem de poeira, mais um ataque de tosse:- Olhe aqui... Esta é escrita antiga, mas o senhor é pessoa instruída, deve perceber. Está aqui referido um pagamento feito à senhora do Avelar... Diz aqui mesmo, está a ver?... Senhora Benedita do Avelar... por esta ter manda¬do para a corte o rol dos nomes de todos que nesta terra se tinham negado a pagar o real de água... está a ver?... Diz aqui... o real de água... O real de água era um imposto dos muitos que os espanhóis tinham lançado... Mas o senhor é pessoa instruída, deve saber estas coisas!- Informadora... Ainda por cima, informadora... - murmurava o tio Gonçalo. (...)- Ora diga lá se não é uma história parecida com a que o senhor me contou! Só que esta mete espanhóis e a sua mete franceses. Mas não é verdade que estamos todos agora naquela coisa da União Europeia? Espanhóis ou franceses, que diferença faz?- Faz alguma, faz alguma... - disse o tio Gonçalo, ainda não refeito do choque, e sem saber como explicar à família - e, sobretudo, à imensa legião de Beneditas - que tinha havido uma confusão tremenda de história e datas, e que afinal a antepassada, da qual elas todas orgulhosamente tinham herdado o nome, não passara de uma espia desavergonhada, informadora a soldo de Filipe II.

Alice Vieira, Trisavô de Pistola à Cinta, Ed. Caminho

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Notas:ser ma rés: ter mau caráctercalhamaço: livro grande, antigo e sem valorrol: relação; listalegião: multidãosoldo: salário; paga.

1. Presta atenção aos três primeiros parágrafos.

1.1. Explica as reacções das duas personagens.

1.2. Escreve uma frase que traduza o sentido da expressão "arrebitou as orelhas".

2. Presta atenção à terceira fala em discurso directo.

2.1. Os "pistolões" são designados por "armas" e ainda por outra palavra. Indica-a.

2.2. Escolhe, de entre as apresentadas, a palavra ou expressão que melhor traduz o sentido de "acabaram por abalar".

Partiram

foram esconder-se

refugiaram-se

imigraram

2.3. A palavra "corte" é homógrafa de uma outra da família de cortar. Escreve uma frase que realce essa relação.

3. O texto que se segue é o reconto do anterior Completa-o para verificares o teu nível de leitura e compreensão dos textos.

4. Escreve um desfecho possível para a história apresentada.